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CÓDIGOS DO REINO

Copyright 2020 Autor da Fé Editora


Categoria: Vida cristã

Primeira edição — 2020


Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução total ou
parcial sem a permissão
escrita dos editores.

Autor: Eduardo Reis

Projeto gráfico e editorial: Autor da Fé Editora

Coordenação editorial: Filipe Mouzinho


DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO

A CERTEZA DA SALVAÇÃO..................................................................................................9
A SALVAÇÃO É ETERNA: OS ARGUMENTOS CONTRÁRIOS........................................31
O EVANGELHO DO REINO................................................................................................67
DIFERENÇAS ENTRE A SALVAÇÃO E O REINO..............................................................73
QUALIFICAÇÕES PARA ENTRAR NO REINO................................................................ 107
A RECOMPENSA É O REINO.......................................................................................... 121
A DISCIPLINA.................................................................................................................... 127
A DISCIPLINA NO REINO............................................................................................... 135
A PUNIÇÃO DISPENSACIONAL..................................................................................... 149
A PUNIÇÃO NO REINO MILENAR................................................................................. 167
CÓDIGO 1
A CERTEZA DA SALVAÇÃO

A
salvação de Deus é dada ao homem para a eternidade, por-
tanto, não há possibilidade de um cristão perecer, uma vez
que é salvo. Veja bem, não estou dizendo que um cristão
não possa ser castigado, nem estou dizendo que não haverá julgamento
ou perda de recompensa se um crente não for fiel depois de salvo. Se um
crente pecou e não se arrependeu, sofrerá punição no tribunal de Cristo.
Por outro lado, um cristão que é salvo não pode mais perder a salvação.
Uma vez que somos salvos diante de Deus, somos salvos eternamente.
Vamos enumerar dez provas de que a salvação é eterna.

1. A GRAÇA E O AMOR DE DEUS


Todos nós sabemos que a salvação é pela graça, é um dom ou
presente de Deus. Nossos méritos e nossas obras não têm absolutamente
nenhum papel nisso.
Se é graça, então nunca podemos ser devedores diante de Deus.
Se demonstro graça aos outros, não posso esperar qualquer pagamento.
Se tive, por algum momento, o pensamento de ser recompensado, isso
seria um empréstimo, e não graça.

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CÓDIGOS O REINO

Se Deus nos dá a salvação com a esperança de que mais tarde


lhe devolvamos boas obras, isso não é graça. O que é dado de graça
não pode ser retribuído com pagamento. A Bíblia diz claramente que a
salvação é um dom ou presente de Deus.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a


vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Romanos 6:23)

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”
(Efésios 2:8-9)

O dom de Deus é a vida eterna, portanto não é possível perder a


vida eterna que recebemos. Deus não nos dá algo para depois pedir de
volta. Um empréstimo pode ser cobrado, mas algo que é dado de graça
não pode ser reclamado. Lembre-se de que Deus nunca pede empresta-
do nem empresta. Ele apenas dá.
Deus nos salvou por causa do Seu amor. Isso está claro em João (3:16).

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”

Se quando nós éramos pecadores Deus nos amou a ponto de nos


dar a vida de Seu Filho, seria possível que Deus rejeitasse alguém que,
depois de convertido, se tornou fraco ou inconstante? O amor de Deus
não muda e a Sua graça também não.

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EDUARDO REIS

“Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua
hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que esta-
vam no mundo, amou-os até ao fim.”
(João 13:1)

Não há mudança no amor com o qual Deus ama os homens. Se


existisse a possibilidade de o crente perder a salvação, então haveria
possibilidade de Deus mudar. E, como vimos, isso não é uma opção.
Outro ponto importante é saber que o Salvador é mais importante
do que a vida eterna que Ele dá.

“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?”
(Romanos 8:32)

Se Deus quis dar Seu Filho por nossos pecados gratuitamente,


pensaria Ele em tomar a vida eterna após algumas considerações a
nosso respeito? Aquele que não me negou algo de incomensurável
valor negaria agora algo de que necessito? Uma vez que Deus nos
deu Seu Filho Unigênito, como pode Ele pedir a salvação de volta? A
salvação não é nada se comparada ao valor do Filho de Deus. Assim,
de acordo com a graça de Deus, é impossível perder a salvação.

2. DEUS PLANEJOU SALVAR-NOS


A salvação de Deus não foi um acidente, mas um ato proposital e
planejado há muito tempo.

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CÓDIGOS O REINO

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou


para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justifi-
cou, a esses também glorificou.”
(Romanos 8:29-30)

O texto de Romanos é uma corrente onde o primeiro elo é o conhe-


cimento prévio de Deus. O segundo, a nossa predestinação. O terceiro elo
é o chamado. A justificação é o quarto elo. O quinto elo, a glorificação.
Nós pensamos que conhecemos a Deus quando fomos jus-
tificados, mas Deus já nos conhecia anteriormente. E aqueles que
Deus conheceu, Ele marcou. Ele nos marcou para sermos idênticos
a Jesus. Deus deseja que sejamos Seus filhos, à semelhança de Seu
Primogênito.
A nossa história com Deus não começa no dia da conversão,
quando fomos justificados, mas começa na presciência de Deus. Se
perdêssemos a nossa salvação, seria o caso de questionar a onisciência
de Deus. Ele não pode mudar a nossa justificação sem afetar a Sua pres-
ciência, Sua predestinação e Seu chamado.
Deus é o princípio e o fim, o alfa e ômega (Ap 22:13). A obra que
Deus começou não pode parar na metade do caminho. A salvação é
obra de Deus, não é obra nossa. Foi Deus quem nos salvou.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há
de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
(Filipenses 1:6)

Se a salvação pudesse parar no meio do caminho, significaria que


Deus não terminou o que começou. Mas isso é impossível. Ele começou

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EDUARDO REIS

na presciência e nos levará até a glorificação. A nossa salvação está eter-


namente segura. A obra é iniciada por Ele, cumprida por Ele e também
preservada por Ele.

3. FOMOS FEITOS FILHOS DE DEUS


Que tipo de salvação recebemos? A salvação é uma obra de rege-
neração, ou seja, recebemos a vida de Deus.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos


filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.”
(João 1:12)

Somos nascidos de Deus. Recebemos o poder de sermos feitos


Seus filhos. Nascemos de novo pelo Espírito Santo de Deus.

“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”
(I João 5:1)

Quando um pecador crê no Senhor Jesus, ele é salvo e Deus lhe dá


uma nova vida. Sabemos, então, que Deus nos gerou como Seus filhos.
Como esse relacionamento pode ser desfeito? Se você tem um filho mau,
rebelde e indisciplinado, pode renegá-lo no tribunal, mas ele continua
sendo seu filho. Um mau filho também é nascido de seu pai, vocês com-
partilham de uma mesma vida, e o mesmo acontece entre nós e Deus.
Recebemos o poder de sermos feitos filhos. Mesmo se nos tornarmos de-
sobedientes e indisciplinados, ainda somos filhos de Deus, é uma questão
de natureza e relacionamento. Não há mais como mudar isso.

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CÓDIGOS O REINO

A única alternativa para acabar com o relacionamento de pai


e filho é a morte de um dos dois. Sabemos que Deus não morre e,
agora que recebemos a vida eterna, a morte também não tem mais
poder sobre nós.
Depois que Adão pecou, Deus colocou querubins com a espada
flamejante diante da árvore da vida. Deus fez isso para que Adão não
comesse do fruto da árvore da vida e, assim, vivesse eternamente.

“Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de


nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome
também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.”
(Gênesis 3:22)

Nós somos os redimidos. Hoje, comemos do fruto verdadeiro


da Árvore da Vida, que é Jesus, e por isso recebemos a vida eterna e
viveremos eternamente. Isso é um fato que não pode ser mudado.

4. SOMOS MEMBROS DE CRISTO


Quando fomos salvos, não fomos apenas regenerados, mas nos
tornamos um espírito com o Senhor (I Cor 6:17). Além disso, nos tor-
namos membros do Seu corpo.

“Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.”


(I Coríntios 6:17)

“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.”


(I Coríntios 12:27)

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EDUARDO REIS

“Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porven-
tura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz?
Absolutamente, não.”
(I Coríntios 6:15)

Quando um pecador se converte, não apenas recebe a regeneração


e a vida eterna, mas se torna unido ao corpo de Cristo para se tornar um
membro de Cristo. Se fosse possível agora perecermos, significaria que
o corpo de Cristo seria mutilado. Esse corpo teria um dedo a menos, a
metade de um nariz, apenas uma perna etc.
O corpo de Cristo não é apenas uma ilustração, é uma realidade
espiritual, algo concreto.

“De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um


deles é honrado, com ele todos se regozijam.”
(I Coríntios 12:26)

Em I Coríntios (12:26), lemos que, se um membro do corpo


sofre, todos os outros sofrem com ele. Se um membro tiver de ir
para o inferno, então todos os outros membros sofreriam. Esta é a
unidade do corpo de Cristo.

“Maridos amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si


mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado
por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo
igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém
santa e sem defeito.”
(Efésios 5:25-27)

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CÓDIGOS O REINO

A Igreja é o corpo de Cristo. O Senhor está purificando esse corpo


pela água da Palavra até poder apresentá-lo como igreja gloriosa sem
defeito algum. Mas se um membro puder se perder, então teremos um
corpo mutilado, e não um corpo perfeito.
Assim, um membro do corpo não pode se perder jamais. Uma vez
salvo, salvo para sempre.

5. SOMOS CASA ESPIRITUAL DE DEUS


Quando os cristãos individuais se reúnem, tornam-se um templo.
Todo cristão é como uma pedra nesse edifício, e o Senhor Jesus é o
alicerce. Ele é fundamento, uma grande pedra, e nós somos pequenas
pedras edificadas sobre Ele.

“Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.”
(1 Pedro 2:5)

Se houvesse possibilidade de um crente perecer, então a casa de


Deus teria uma aparência mais desagradável do que uma casa velha.
Pois, em um instante, uma pedra seria retirada do Templo de Deus e,
no momento seguinte, esse crente arrependido seria recolocado em seu
lugar. Assim, as paredes estariam cheias de buracos.
Deus é um planejador e arquiteto e Ele já separou o material para
a edificação de Sua casa. Nem uma pedra escolhida será perdida.

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EDUARDO REIS

“Edificava-se a casa com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira


que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se
ouviu na casa quando a edificavam.”
(1 Reis 6:7)

Temos como ilustração a edificação do templo. As pedras eram


cortadas e lapidadas na montanha, assim, na edificação, não havia som
de instrumentos de ferro. As pedras eram apenas encaixadas. Será que
os peritos de Salomão eram mais hábeis na edificação que o próprio
Deus? Deus cometeria equívoco quando assentasse uma pedra? Deus
não saberia calcular? No Velho Testamento, Ele usou homens para edi-
ficar, mas, no Novo Testamento, Ele próprio edifica. Se somos parte do
Templo de Deus, nunca podemos ser retirados de onde Ele nos colocou.

6. O ESPÍRITO SANTO É O NOSSO SELO E O PENHOR


No momento em que um cristão é salvo, ele recebe o selo do
Espírito Santo.

“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o


evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com
o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
(Efésios 1:13-14)

O selo do Espírito não é somente para alguns cristãos especiais


nem para aqueles especialmente santificados. O verso nos diz que todo
o que recebeu o Evangelho e creu recebeu também o selo.

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CÓDIGOS O REINO

Que significa receber o selo? Quando fomos salvos, Deus colocou


o Espírito Santo em nós como um selo para nos marcar, indicando que
pertencemos a Ele.
Suponha que um irmão carimbe seu nome na Bíblia. Quando faz
isso, sua Bíblia traz a imagem do carimbo. Esse carimbo indica que a
Bíblia pertence a ele. O selo significa propriedade. Quando cremos
no Senhor Jesus, o Espírito de Deus nos selou. Deus agora é nosso
proprietário e pertencemos a Ele.
Uma vez que o selo tenha sido colocado em você, não pode ser
removido, independentemente do que você faça. O selo é a garantia de
autenticidade. Quem não possui o Espírito Santo, esse tal não é de Cristo
(Rm 8:9).

“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito
de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal
não é dele.”
(Romanos 8:9)

A presença do Espírito no crente é a prova, o selo, de que ele é um


filho autêntico de Deus. Tal prova não é tanto para os outros, mas, acima
de tudo, para nós mesmos, a fim de que tenhamos a certeza da salvação
e da herança. O Espírito comprova que somos filhos de Deus:

“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
(Romanos 8:16)

O selo vai durar até o dia da redenção, portanto ele é uma garantia
de que a obra será finalizada.

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EDUARDO REIS

“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia


da redenção.”
(Efésios 4:30)

O dia da redenção é o dia em que o Senhor vai voltar, é o dia em


que seremos glorificados.

“E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do


Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de
filhos, a redenção do nosso corpo.”
(Romanos 8:23)

Quando o Senhor voltar, não por ocasião do primeiro arreba-


tamento, Ele vai enviar Seus anjos, os quais irão recolher aqueles que
foram selados pelo Espírito.
Não há como removermos o selo de Deus. Uma vez que fomos
selados, não há como retroceder; uma vez que o Espírito entra em nós,
nunca mais nos deixará.

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja
para sempre convosco.”
(João 14:16)

No Velho Testamento, Davi orou para Deus não retirar dele o Seu
Espírito, mas, no Novo Testamento, ninguém pode orar assim. Ainda
que o Espírito se entristeça em nós, Ele nunca nos deixará.
Hoje, somos propriedade de Deus. Se Ele pagou um preço tão
alto para nos comprar, então não medirá esforços para nos guardar. Se
comprarmos uma joia por um milhão de reais, não mediremos esforços
para guardá-la. Fomos comprados por Deus pelo preço mais alto, o

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CÓDIGOS O REINO

sangue de Jesus. Para Ele, nós somos o tesouro mais precioso, e Ele não
nos perderá jamais. Não sou eu mesmo quem me guardo, mas Deus. Por
isso, jamais posso me perder.
Mas o Espírito Santo não é somente o selo, Ele é o penhor.

“Que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.”
(2 Coríntios 1:22)

A Bíblia diz que o Senhor é nossa herança, por isso Ele nos deu
o penhor do Espírito Santo. Herdaremos tudo o que Deus é, bem
como tudo o que Ele tem. O Espírito Santo é o penhor, a garantia
para tal herança.
Penhor, sinal e garantia, todas essas palavras têm mais ou me-
nos o mesmo significado: referem-se a um pagamento que garante a
quitação. Quando nos convertemos, recebemos a promessa de Deus
de que vamos herdar o céu. Como sabemos que Deus não mudará de
ideia e não desistirá de nós? Por causa da garantia ou do penhor que
Ele nos deu: o Seu Espírito.
O Espírito é o penhor da promessa, o cheque-caução, a garantia
de que receberemos tudo o que nos foi prometido. Não podemos perder
a salvação, porque o Espírito Santo nos foi dado como garantia.

7. NÓS SOMOS UM PRESENTE DADO POR DEUS A JESUS


O Pai deu como presente ao Senhor Jesus as pessoas salvas. Nós
somos um presente de Deus a Seu Filho.

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EDUARDO REIS

“Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus,
tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.”
(João 17:6)

Se fosse possível perder a salvação, Deus nos dar a Jesus se torna-


ria uma mera brincadeira. Deus é eterno e tudo o que Ele faz é eterno.
Se Deus nos dá como uma dádiva, é porque Ele não nos considera algo
sem valor. Se viéssemos a nos perder, poderia significar que o presente
dado era efêmero e sem valor algum.
Mas considere ainda outra situação. Se, depois de termos sido
dados como presente, viéssemos a nos perder, isso poderia significar
que o Senhor Jesus não foi cuidadoso com aquilo que recebeu.

“Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e


protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que
se cumprisse a Escritura.”
(João 17:12)

O Senhor diz claramente que Ele guardou a todos que Ele


recebeu do Pai. Todos os que foram dados a Jesus serão eternamente
guardados por Ele.

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora.”
(João 6:37)

Não somos um presente barato, tampouco o Senhor Jesus pode


nos descartar logo após nos ter recebido.

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“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.”
(João 10:29)

Não fomos salvos por fazer isso ou aquilo, e também não deixare-
mos de ser salvos por fazer isso ou aquilo. Se estivéssemos lutando e nos
esforçando para nos salvar, bastaria uma pequena negligência ou um
pequeno descuido, e estaríamos perdidos. Mas não foi assim que fomos
salvos, foi pela exclusiva graça de Deus.
Não pense que a salvação vem do Senhor, mas preservar depende
de você. Você nunca poderia se preservar por um único dia. A obra de
salvação é toda do Senhor.

8. O SENHOR JESUS É O NOSSO SUMO SACERDOTE


O Senhor não é apenas a nossa oferta, mas é também o nosso
Sumo Sacerdote. Sem o Senhor como salvador, estaríamos perdidos e
sem esperança, mas sem o Senhor como intercessor, nunca poderíamos
perseverar. Nossa salvação somente pode ser mantida porque o Senhor
Jesus é o Sumo Sacerdote diante de Deus. Podemos continuar salvos
somente porque Ele está orando por nós.

“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”
(Hebreus 7:25)

Se você tem um amigo incrédulo e ora por ele, Deus pode salvá-lo.
Muito mais poder tem a oração de Jesus que está continuamente diante
do Pai. Ele pode manter-nos salvos eternamente.

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EDUARDO REIS

O Senhor não está intercedendo pelo mundo (Jo 17:9), mas Ele
intercede por nós. Qual o propósito de Sua oração em nosso favor? Ele
ora para Deus conservar-nos e proteger-nos, a fim de sermos como
Ele, separados do mundo e sermos um com Ele. Jesus disse que o Pai
sempre O ouve. Assim, Deus o está ouvindo hoje, portanto podemos
ter certeza de que somos guardados. Não é a nossa oração que nos
mantêm salvos, é a oração do Senhor Jesus. E uma vez que Ele interce-
de continuamente, podemos ter segurança de que jamais pereceremos.

9. É DEUS QUEM NOS GUARDA


Nossa salvação não depende meramente do nosso crer, ela
depende também do poder protetor de Deus. É pela graça que rece-
bemos a salvação de Deus e é também pela graça que recebemos o
guardar de Deus.

“Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora,


vos aperfeiçoando na carne?”
(Gálatas 3:3)

Somos nós que nos seguramos em Deus ou é Deus quem nos se-
gura? Ser guardado pelo poder de Deus significa que, caso eu me perca,
a culpa não será minha, mas de Deus. É irreverência pensar algo assim,
por isso jamais podemos perder a salvação.

“Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação
preparada para revelar-se no último tempo.”
(1 Pedro 1:5)

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CÓDIGOS O REINO

A salvação pode ser dividida em três estágios. A salvação men-


cionada aqui se refere ao último estágio, o dia da glorificação. Assim, o
Senhor nos guarda até o fim. A salvação é algo inteiramente relacionado
a Deus.
Se a preservação de nossa salvação dependesse de nós, não seríamos
capazes de conservá-la nem mesmo por duas horas, quanto mais por um
dia. Mas se é o Senhor Jesus que a preserva, então somos guardados.

“E, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho,
porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para
guardar o meu depósito até aquele Dia.”
(2 Timóteo 1:12)

Tudo o que Paulo depositou será guardado até a volta de Jesus,


portanto, estamos salvos o tempo todo até aquele dia. Se eu fosse para
o inferno não seria uma grande perda, todavia, para a glória de Deus,
a perda significaria muito. Sua glória seria danificada, pois significaria
que Deus não me guardou bem. Por causa de Sua glória, posso dizer que
não há como perder a salvação de Deus.

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos
apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único
Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória,
majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por
todos os séculos. Amém!”
(Judas 1:24-25)

O Senhor é poderoso para nos guardar de tropeços. A grande


questão não é se somos ou não capazes de guardar a nossa salvação,

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EDUARDO REIS

mas se o Senhor Jesus é capaz de conservar a nossa salvação. Como


Deus nos guarda? Ele nos guarda, ocultando a nossa vida juntamente
com a de Cristo.

“Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo,


em Deus.”
(Colossenses 3:3)

A vida de Deus para nós somente pode ser perdida se o próprio


Deus se perder. Graças a Deus, Ele nunca se perderá. Como resulta-
do, a vida que Ele colocou dentro de nós também nunca poderá se
perder.

10. AS PROMESSAS DE DEUS


Uma vez que uma pessoa é salva pela graça, ninguém mais pode
lançá-la fora e, para que pudéssemos ter segurança disso, o Senhor nos
fez promessas de que nunca nos perderemos.

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida.”
(João 5:24)

Essas são palavras totalmente absolutas. Deus é eterno e tudo o


que Ele faz, faz definitivamente. Deus não o salvará hoje e o jogará no
inferno amanhã. Ele não nos salvará novamente no dia seguinte e nos
jogará no inferno novamente. Se fosse assim, o Livro da Vida seria cheio
de rasuras.

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CÓDIGOS O REINO

“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará


da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da
mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.”
(João 10:28-30)

O Senhor disse: “Ninguém as arrebatará da minha mão”. “Nin-


guém”, no texto original, significa “nenhuma coisa criada”. Nós estamos
nas mãos de Deus e somente alguém maior do que Deus poderia nos
tirar de lá. Graças a Deus, porque Ele é maior do que todas as coisas.
Alguns dizem: “Na verdade, os outros não podem me arrebatar,
mas eu mesmo posso sair”. Quem diz isso não conhece a Palavra de
Deus. Após uma pessoa ser salva, se ela perecer, seria por causa de sua
vontade ou por causa das tentações do mundo e do diabo? Ninguém
quer ir para o inferno, nem mesmo o homem lá fora sem Deus.
Um cristão perecer significa que as tentações do mundo e as sedu-
ções do diabo podem arrebatá-lo da mão de Deus. Se os demônios e o
mundo podem fazer isso, significaria que eles são maiores que o Pai da
criação. Nem mesmo você pode sair das mãos de Deus, porque você está
incluso no “nada os arrebatará das mãos de Deus”. É o Pai quem guarda
a salvação para mim, portanto eu sei que estou seguro.
Você já viu como as macacas levam seus filhotes? Eles têm que
se agarrar a elas enquanto saltam de uma árvore para outra. Eventual-
mente, os bebês caem e se perdem. Mas já viu como uma gata leva os
seus filhotes? Ela os segura com a boca. Com qual deles você acha que
o Senhor se parece?
Não somos nós que nos seguramos nEle, antes, é Ele quem nos
segura, por isso jamais poderemos nos perder. Nós somos guardados
pelo poder de Deus.

“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será
contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos

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EDUARDO REIS

nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas
as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus
quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou,
antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede
por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou
angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo,
fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas
coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos
amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem
os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir,
nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.”
(Romanos 8:31-39)

Não é por amarmos ao Senhor, mas é porque Ele nos amou. Uma
vez que Ele nos deu a salvação, ela é nossa eternamente. Ninguém pode
destruir esse fato. Estamos seguros eternamente.

TAREFAS:

1) Conecte em uma frase os conceitos de salvação, graça e amor


de Deus.

2) Como o cristão é salvo? E por que não podemos perder a nossa


salvação? Liste 7 citações bíblicas que você usaria para argumentar
que a salvação não se perde.

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2 _______________________________________________________
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3 _______________________________________________________
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4 _______________________________________________________
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5 _______________________________________________________
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6 _______________________________________________________
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7 _______________________________________________________
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3) Qual é o papel do Espírito Santo uma vez que somos alcançados


por Cristo e temos vida nova com Ele?

4) Imagine que um não cristão se aproxime de você e comece a per-


guntar sobre o cristianismo. Eventualmente, ele questiona: “Os cristãos
fazem as boas obras para conseguirem ir para o céu, não é?” Como você
responderia a essa afirmação, levando em consideração o que lemos?

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EDUARDO REIS

5) Neste primeiro capítulo, foram enumerados dez aspectos da


salvação eterna de Deus. Anote a porcentagem do seu nível de clareza e
entendimento acerca de cada um deles:

A graça e o amor de Deus


Deus planejou salvar-nos
Fomos feitos filhos de Deus
Somos membros de Cristo
Somos casa espiritual de Deus
O Espírito Santo é o nosso selo e o penhor
Nós somos um presente dado por Deus a Jesus
O Senhor Jesus é o nosso Sumo Sacerdote
É Deus quem nos guarda
As promessas de Deus

29
CÓDIGO 2
A SALVAÇÃO É ETERNA: OS ARGUMENTOS
CONTRÁRIOS

T
oda obra que Deus fez e toda a graça que Ele nos deu não
podem ser anuladas. Podemos dizer ousadamente que, uma
vez salvos, somos salvos eternamente. Muitos, porém, não
conseguem entender como a graça de Deus é tão grande.
No mundo, nada sabemos sobre graça e dom, tudo o que sabemos
é barganhar. O dia todo, nossa mente está ocupada com o quanto deve-
mos trabalhar e quanto receberemos por nosso trabalho. Achamos que,
para ganhar algo, temos de trabalhar. Durante anos, temos barganhado
nossa vida, nosso tempo e nossa energia.
Nossa vida é uma vida de barganha. Por isso, pensamos que a
graça de Deus e a vida eterna seguem o mesmo princípio. Quando
ouvimos o Evangelho, vemos a luz e, nesse momento, percebemos
que a graça é um pesente, não uma questão de barganha.
Muitas pessoas ainda não foram libertas do conceito errado de
que a graça de Deus é um empréstimo para nós. Elas pensam que, se
não agirem bem, Deus irá pedir de volta a graça que Ele deu.
Todos os que conhecem a Palavra de Deus nunca devem duvidar
do que sabem por causa daquilo que não sabem. Não podemos anular
os fatos que conhecemos. Todavia, ainda há pontos que desconhecemos.

31
CÓDIGOS O REINO

Vamos analisar alguns desses pontos. Tomaremos alguns dos argumen-


tos supostamente contraditórios — especialmente os mais convincentes
— e os consideraremos um por um.

1. A CERTEZA DE SALVAÇÃO NÃO LEVA AO PECADO


VOLUNTÁRIO
Alguns pensam que, se uma pessoa é “uma vez salva, salva para
sempre”, ela certamente pecará mais livremente. Esse pode ser conside-
rado o mais comum e mais forte ponto de objeção. Se um homem sabe
que é eternamente salvo, não se tornará desleixado, passando a cometer
toda sorte de pecados? Se for assim, não seria muito perigoso esse tipo
de ensinamento?
Eu tenho um filho. Suponha que eu diga para meu filho que, uma
vez que é meu filho, ele o será eternamente. Ao escutar isso, será que meu
filho ficaria tão alegre que quebraria a janela com uma pedra, jogaria os
pratos no chão, puxaria a toalha da mesa, derrubando as vasilhas, e faria
todo tipo de coisas mal-educadas diante de mim? Pode existir tal tipo de
pessoa? É verdade que, quando uma pessoa se torna filho, é filho eterna-
mente. Mas ele não irá agir de modo desordenado somente porque é filho.
Se ele agir desordenadamente, duvido que, de fato, seja filho.
Para determinar se um ensinamento está certo, devemos julgá-lo
apenas pela verdade na Bíblia, não pela conduta do homem. Não pode-
mos condenar a verdade da Bíblia por causa do que as pessoas têm feito.
O ponto de partida de um cristão é a Palavra de Deus, não a
conduta do homem. Podemos apenas julgar as atitudes do homem pela
Palavra de Deus, nunca a Palavra de Deus pelas atitudes do homem.
É ela quem diz que, uma vez que o homem é salvo, ele é salvo eter-
namente. Não há nada de errado nisso. Embora seja errado o homem
agir irresponsavelmente por causa disso, ainda devemos julgar tudo pela
Palavra de Deus.

32
EDUARDO REIS

2. OPOSIÇÃO À SALVAÇÃO ETERNA DEVIDO AO


DESCONHECIMENTO A RESPEITO DELA
Somente os que não entendem a salvação de Deus podem dizer
que um homem será irresponsável e displicente porque sabe que é eter-
namente salvo. Tais pessoas ignoram pelo menos três coisas.
Primeiro, desconhecem o caminho da salvação de Deus. Eles
não sabem como Deus os salvou. A maneira da salvação de Deus não
é nos deixar em suspense ou nos amedrontar para que O busquemos.
Ele nunca nos coagiu à santidade, justiça e santificação. Porém, hoje,
invertemos as coisas. Achamos que o homem precisa ser amedrontado
até se tornar bom. Por favor, lembre-se de que um homem pode até
desmaiar de medo, mas jamais pode se tornar bom pelo medo.
Segundo, essas pessoas desconhecem o conteúdo dessa sal-
vação. Que é salvação? A salvação não somente faz com que nossos
pecados sejam perdoados, como também nos dá vida eterna. A salvação
de Deus justifica-nos e também nos dá o Filho de Deus, colocando-O
dentro de nós; ela não somente nos livra da condenação de Deus, mas
coloca o Espírito Santo dentro de nós, transmitindo-nos a Sua natureza.
Esse é o conteúdo da salvação. Como resultado disso, o homem irá
espontaneamente ter um novo desejo, uma nova inclinação e um novo
anelo. A salvação de Deus acrescenta-nos algo novo.
Não estou dizendo que um cristão jamais pecará, mas que, se pe-
car, isso é um sofrimento para ele, não uma alegria. Se um homem pensa
que recebeu uma licença e um certificado para pecar porque agora sabe
que é eternamente salvo, e se tal pessoa não sente nada quando peca,
tampouco sofre, duvido que seja um verdadeiro filho de Deus.
Um homem é eternamente filho de Deus somente depois de ter
nascido de novo. Sem isso, ninguém pode ser filho de Deus eternamente.

33
CÓDIGOS O REINO

Terceiro, uma pessoa como a mencionada acima não conhece


o resultado da salvação de Deus. Para os que foram salvos por Deus,
existe um desejo de santidade, amor de Deus e um coração para agradar
a Cristo. Esse é o resultado da salvação.

“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por
todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que
vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles
morreu e ressuscitou.”
(2 Coríntios 5:14-15)

Um crente não será irresponsável e negligente porque Deus o


salvou eternamente. Pelo contrário, por causa da morte e ressurreição
de Cristo, ele irá “viver por aquele que por ele morreu e ressuscitou”. O
amor de Cristo vai constrangê-lo a viver não para si mesmo, mas para o
Senhor que morreu e ressuscitou por ele.
Portanto, a razão de uma pessoa dizer que pode ser negligente
por saber que é eternamente salva deve-se a três coisas. Primeiro, ela
desconhece o processo da salvação; segundo, ela desconhece o conteúdo
da salvação; e terceiro, ela não conhece o resultado da salvação. Ela não
sabe o que a salvação pode fazer pelo homem.
A salvação eterna irá não somente guardá-lo de viver desregrada-
mente, como também irá torná-lo piedoso.

“Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova


terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados, esperando
estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem
mácula e irrepreensíveis.”
(2 Pedro 3:13)

34
EDUARDO REIS

Por sabermos que estaremos com Ele, não podemos ser negligen-
tes ou agir de qualquer maneira.

TRÊS FATOS A SEREM ENTENDIDOS NA PALAVRA DE DEUS


Vamos ver algumas porções das Escrituras que aparentemente
falam de perdição após a salvação. Antes disso, precisamos conhecer
alguns fatos.
Primeiro, a Palavra de Deus jamais entra em conflito consigo
mesma. Deus nunca diz em um lugar que Suas ovelhas jamais perderão
a vida eterna e em outro lugar que o homem irá perecer.
Segundo, a Palavra de Deus mostra a realidade tanto dos ge-
nuinamente salvos como dos falsos “salvos”. O Senhor Jesus teve um
falso discípulo, Judas. Quando Pedro estava batizando as pessoas, havia
alguém chamado Simão que pode não ter sido salvo. Paulo também
encontrou muitos falsos irmãos. João disse que muitos haviam saído do
meio deles e provado não serem deles. Portanto, na Bíblia há os que são
genuinamente salvos e os que são nominalmente salvos.
Se pudermos diferenciar claramente esses tipos de pessoas, os
problemas serão resolvidos. Mas se você os misturar, será como mistu-
rar o joio com o trigo. O resultado será muita confusão.
Terceiro, muitos trechos da Bíblia falam da disciplina dos
cristãos nesta era e não da perdição eterna. Não é pelo fato de sermos
eternamente salvos que não há a disciplina. Certamente, há disciplina.
Existe uma diferença entre disciplina e perdição eterna. Não
podemos confundir esses dois conceitos. Muitos versículos que pare-
cem falar sobre cristãos perderem a salvação, falam, na verdade, sobre
cristãos serem disciplinados.
Muitas vezes aplicamos à eternidade palavras que se referem ao
reino, e aplicamos palavras relativas à recompensa à questão da vida

35
CÓDIGOS O REINO

eterna. Há diferença entre o reino e a salvação, e há diferença entre vida


eterna e recompensa.
O modo como Deus irá nos tratar no milênio é diferente de como
Ele nos tratará na eternidade. O milênio está relacionado com a justiça,
com nossas obras e com nosso andar depois que nos tornamos cristãos.
O reino milenar tem o propósito de julgar nosso andar, mas na eternida-
de, no novo céu e na nova terra, tudo é graça gratuita (Ap 22:17).
Portanto, na Bíblia, eternidade e reino são duas coisas inteiramen-
te diferentes. Ninguém pode pôr as duas coisas juntas. No reino milenar
vindouro, Deus recompensará o homem de maneira específica. Deus
recompensará o homem com Sua coroa de justiça e glória, com base
nas suas obras. Mas tão logo o reino tiver acabado e o novo céu e a
nova terra começarem, tudo estará relacionado com a graça. Todos os
que confiam na graça do Senhor Jesus irão entrar, porque lá não haverá
absolutamente nada relacionado com as obras.
O andar de um crente está relacionado com a recompensa, en-
quanto salvação e justificação para o pecador estão relacionadas com a
obra do Senhor Jesus. Temos de discernir claramente essas duas coisas.
Caso contrário, quando a Bíblia fala da perda do reino, você pode estar
pensando em perda na eternidade, e quando Deus fala de recompensa,
você pode estar pensando a respeito de salvação.
É verdade que a salvação do homem é eterna, mas antes que essa
salvação seja manifestada, Deus primeiro manifestará a recompensa no
reino milenar. Não se pode misturar essas duas coisas.
Portanto, na Bíblia, há pelo menos três coisas que têm de ser
diferenciadas umas das outras: a disciplina que um cristão recebe
nesta era, a perda do galardão no reino, e a punição para alguns.
A Bíblia é bem clara a respeito desta verdade: quando uma pes-
soa crê no Senhor e é salva, é verdade que a questão da salvação está
resolvida. Mas se alguém continua a pecar e não se arrepende, não
somente estará sob o governo e a disciplina de Deus hoje, perdendo

36
EDUARDO REIS

a recompensa no reino, como também sofrerá alguma punição no


período do reino.
A questão da salvação eterna não deve ser misturada com a
questão de cristãos nominais, também não deve ser misturada com a
disciplina nesta era ou com a questão de perder a recompensa no reino,
muito menos com a questão da punição no reino. Não se pode pegar
esses quatro assuntos distintos e misturá-los.

3. DECODIFICANDO EZEQUIEL 18
Começaremos pelo Antigo Testamento. Consideremos Ezequiel
18 (v. 24 e 26), que diz:

“Mas, desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade,


fazendo segundo todas as abominações que faz o perverso, acaso,
viverá? De todos os atos de justiça que tiver praticado não se fará
memória; na sua transgressão com que transgrediu e no seu pecado
que cometeu, neles morrerá. Desviando-se o justo da sua justiça e
cometendo iniquidade, morrerá por causa dela; na iniquidade que
cometeu, morrerá.”

Esses dois versículos são os principais no Antigo Testamento sobre


esse assunto. Nenhum versículo no Antigo Testamento é tão importante
como esses, que são os mais frequentemente citados.
Ezequiel 18 jamais fala de salvação. Ele fala do governo de Deus.
O que precede essa passagem são aspectos relacionados ao governo de
Deus, que se refere a como Deus trabalha, administra e arranja as coisas
de acordo com Seu plano e vontade.
Se um homem não entende a diferença entre a salvação e o go-
verno de Deus, ele está misturando o tribunal de Deus com a família
de Deus, o pai com o juiz; está confundindo a palavra que o pai fala aos

37
CÓDIGOS O REINO

servos com a palavra falada aos filhos; a atitude que um homem tem em
relação a seus empregados com a atitude que ele tem em relação a sua
esposa e filhos. Governo não é o mesmo que salvação.
Ezequiel 18 mostra como os israelitas devem viver na terra, não
fala sobre vida eterna. Ele fala sobre o problema com o corpo, não trata
da perdição da alma. Em vez disso, mostra-nos que, se um homem não
guardar o mandamento de Deus, morrerá fisicamente mais cedo. É uma
questão de existência física, a aplicação de pena da lei, não salvação
espiritual. Isso é o que o final do versículo 2 nos diz. Se um homem
pecar, seus dias na terra serão encurtados por Deus. Esse capítulo nos
conta repetidamente quem pode viver na terra por meio da bênção de
Jeová, esse é o contexto das palavras que precedem o versículo 24. Se um
homem era justo e agora se tornou injusto, morrerá. Toda sua justiça
anterior não será lembrada.
Esse é um assunto do governo de Deus e diz por que Deus não
deixaria um homem viver na terra, explicando por que muitas pessoas
morrem prematuramente. É uma palavra para os judeus sobre o julga-
mento do pecado, ou seja, não é direcionada a nós.

4. DECODIFICANDO MATEUS 24:13

“Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.”


(Mateus 24:13)

Muitos pensam que esse versículo é certamente sobre salvação.


Alguns diriam que, como perdi minha paciência ontem e não perseverei,
agora não sou mais salvo. Eles diriam que é verdade que uma pessoa tem
de crer no Senhor Jesus para ser salva, mas que a pessoa precisa perseve-
rar. Isso é, na verdade, uma distorção da Palavra de Deus. Você colocou a
Palavra de Deus de ponta-cabeça e tirou uma sentença do contexto.

38
EDUARDO REIS

Se quiser entender o significado da perseverança nesse versículo,


terá de conhecer o que foi dito antes e depois do versículo 13. O versí-
culo 13 não está falando sobre os cristãos, está falando sobre os judeus.
Que evidência temos disso? Primeiro, na passagem seguinte temos o
Santo Lugar, o templo e o sábado. Tudo isso é assunto dos judeus. O que
esses versículos dizem é que os judeus devem fugir para o campo e orar
para que sua fuga não ocorra no inverno ou no sábado.
Quando eles virem o abominável da desolação, ou seja, a imagem
da besta no Santo Lugar, eles terão de fugir, não devem permanecer em
Jerusalém. Se essa palavra fosse para nós, como poderíamos saber essas
coisas, já que estamos no Brasil e a imagem da besta aparecerá no tem-
plo? Embora hoje haja comunicação sem fio, o que Mateus está falando
aqui é sobre um conhecimento que vem depois de termos visto algo ao
vivo. Somente quem está perto, como os que se encontram em Jerusa-
lém, pode ver. Portanto, essa passagem se refere somente aos judeus.
Segundo, o tempo nesse versículo não se refere ao tempo dos
apóstolos nem ao tempo da igreja. Esse tempo é a grande tribulação dos
últimos três anos e meio do final desta era. No começo da tribulação, o
anticristo colocará sua imagem no templo. Essa passagem das Escrituras
nada tem a ver com a igreja, refere-se ao futuro e não ao presente. Não
há possibilidade de acontecer isso hoje, porque o anticristo ainda não
veio, sua imagem ainda não foi colocada no templo, e a grande tribula-
ção ainda não começou.
Mateus 24 trata da grande tribulação. A salvação mencionada
aqui não se refere à salvação da alma, mas à salvação da grande tri-
bulação. Esse é o período em que o anticristo colocará sua imagem
no templo, forçando os homens a adorá-la e colocando sua marca na
fronte das pessoas. Quando todos os judeus que adoram e servem a
Deus virem o começo da tribulação, não deverão adorar a imagem
nem receber a marca. Por causa disso, sofrerão muito, muitas per-
seguições virão sobre eles. É por isso que o Senhor Jesus falou para

39
CÓDIGOS O REINO

os judeus fugirem quando virem a imagem do anticristo no templo.


Se alguém tem bens em casa, não deve se preocupar em levá-los,
deve esconder-se rapidamente em lugar seguro. Além do mais, o
Senhor disse-lhes que orassem para que a fuga não ocorresse num
sábado (v. 20), porque eles guardam o sábado. Seria melhor que as
mulheres não estivessem grávidas naquela ocasião, pois lhes seria
difícil escapar. Ai das que estiverem amamentando. Melhor seria se
isso não ocorresse no inverno. Eles devem fugir para as montanhas
ou para o campo com a esperança de que não encontrem sofrimento,
perseguição e aflição. Naquele tempo, todas as forças do anticristo
virão sobre eles como uma rede, sofrerão muita tribulação.
Por estarmos tão preocupados com a questão da salvação, toda
vez que a palavra “salvo” aparece, aplicamo-la a nós mesmos. Mas, aqui,
essa palavra não se pode aplicar a nós.
No versículo 22, o Senhor Jesus disse outra palavra: “Não tivessem
aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo”. Quando o anticristo
estiver na terra, ninguém será capaz de escapar. Graças ao Senhor que
o dia do anticristo não será tão longo. Por causa disso, alguns ainda
conseguirão fugir. Quem perseverar será salvo. A natureza da salvação
mencionada aqui tem relação com cair ou não nas mãos do anticristo.

5. DECODIFICANDO GÁLATAS 5:4

“De Cristo vos desligastes vós que procurais justificar-vos na lei; da graça
decaístes.”
(Gálatas 5:4)

Muitos que leem esse versículo pensam que se pode estar separado
de Cristo e que se pode cair da graça. Esse conceito está errado. Temos
de perceber os acontecimentos que levaram Paulo a escrever a Epístola
aos Gálatas.

40
EDUARDO REIS

Quando Paulo pregou o Evangelho aos gálatas, ele ensinou que


o homem é salvo somente por confiar em Cristo e recebê-lo. Contu-
do, depois vieram os judaizantes e ensinaram que, após de receber o
Senhor Jesus, o crente deveria praticar a lei e circuncidar-se. Paulo
escreveu aos gálatas para rebater os judaizantes. Depois de entender
esse pano de fundo do livro de Gálatas, você saberá sobre o que Paulo
está falando aqui.
Paulo diz que se um homem guardar a circuncisão, Cristo não
será de nenhum benefício para ele. Se o sistema da lei é conservado,
Cristo terá de ser negado. Não se pode guardar um pouquinho a lei e,
então, pedir que Cristo faça o resto. Portanto, Paulo disse: “De novo,
testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a
guardar toda a lei” (5:3).
O versículo 4 diz: “De Cristo vos desligastes vós que procurais
justificar-vos na lei; da graça decaístes”. Desligar-se de Cristo significa o
mesmo que “Cristo de nada vos aproveitará” do final do versículo 2. É
como se Cristo não fosse expresso neles. Se você segue a lei, Cristo será
reduzido a nada em você.
Não é uma questão de receber salvação, mas da condição de
alguém salvo. Suponha que um irmão venha a mim e diga: “Pastor,
eu devo guardar o sábado. Se não guardar o sábado, minha salvação
não será completa”. Eu sei que esse irmão é realmente salvo, não há
dúvida disso, mas agora que recebeu tal ensinamento errado, tenho
de dizer-lhe: “Se guardar o sábado, a obra de Cristo não produzirá
nenhum efeito em você. É pela fé que estamos em Cristo. Você agora
voltou para a lei. Você decaiu da graça”. Se o homem guardar a lei,
não haverá graça.
O livro de Gálatas não está focalizando o pecado, mas fala sobre
boas obras, sobre guardar a lei de Deus. Gálatas é sobre guardar a lei
e circuncisão. Paulo não falou que eles pecaram, disse que caíram da
graça. Há uma grande diferença entre os dois. Decair da graça é sair do

41
CÓDIGOS O REINO

princípio da graça e seguir novamente o princípio das obras. Hoje há


muitos salvos que decaíram da graça, porém não perderam a salvação.
Paulo, em Gálatas (5), referiu-se aos que lutaram para vencer, mas
caíram da graça por confiarem em suas obras. Eles queriam ter boas
obras, mas quando as fizeram, caíram. Que é estar na graça? Graça sig-
nifica que dependemos de Deus, nada podemos fazer por nós mesmos.
Não é uma questão de pecado ou de má conduta. Se um homem confia
na própria obra, está obstruindo a graça de Cristo. Paulo censurou os
gálatas por seguirem a lei depois de serem salvos, os repreendeu por
não terem recebido graça e misericórdia suficientes da parte de Deus.
Receber misericórdia e graça de Deus é permitir que Deus trabalhe. Isso
prova que a carne nada pode fazer. Podemos trabalhar em nossa carne,
mas os que estão na carne não agradam a Deus.
O pensamento do homem é totalmente diferente do pensamento
de Deus. Pensamos que podemos agradar a Deus fazendo um pouco,
mas Deus fica feliz quando permanecemos em Sua graça. Ele diz repeti-
damente que deseja misericórdia e não sacrifício (Mt 9:13). Misericórdia
é Deus dar algo a você, sacrifício é você dar algo para Deus.
O que é abordado em Gálatas (5:4) não é a questão da salvação,
mas a questão do desfrute. Diante de Deus, não necessitamos nos mover
nem guardar a lei, não temos de fazer nada, devemos apenas permitir
que Deus nos dê graça. Uma vez que temos obras, decaímos da graça.
Portanto, dizer que alguém decaiu da graça não se refere à questão da
salvação e perdição, decair da graça é uma questão de desfrutar ou não
dos benefícios de Cristo para nós.
Ser separado de Cristo e ser afastado da eficácia de Cristo são duas
coisas diferentes. Se alguém deixou Cristo e está separado dEle, então
tudo está terminado. Entretanto, não é isso o que Paulo está falando
aqui. Paulo disse que, se eles guardassem a lei, decairiam da graça. Se
quisessem apegar-se à lei, teriam de abrir mão da graça, se seguissem a
lei, perderiam a eficácia de Cristo.

42
EDUARDO REIS

Suponha que eu deva muito dinheiro a alguém, não posso pagá-lo


mesmo que eu venda tudo o que tenho. Ora, tenho um ótimo amigo e
ele me diz que, como estou tão endividado, fará um cheque para que eu
quite meus débitos. Contudo, sou preguiçoso demais para descontar o
cheque. Agora tenho dinheiro em casa? Sim, mas também tenho uma
dívida. Tenho o cheque, mas ele não é eficaz para mim. Hoje, Deus já
nos deu o cheque. Nós, porém, não “descontamos esse cheque” para
obter sua eficácia. Portanto, “estar separado de Cristo” e “Cristo de nada
nos aproveitar” são duas coisas diferentes. Ser separado de Cristo é não
ser salvo. Mas nós, cristãos, nunca podemos ser separados de Cristo.
Romanos (8) nos diz que não há como sermos separados de Cristo e que
ninguém pode nos separar do amor dEle.

6. DECODIFICANDO 1 CORÍNTIOS 8:11

“E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo
morreu.”
(1 Coríntios 8:11)

A pessoa citada aqui é claramente salva, posto que é chamada


de irmão. É verdade que se trata de um irmão fraco, contudo, é um
irmão, uma pessoa que pertence ao Senhor. No entanto, diz que ele
pode perecer.
A palavra perecer (apollumi − gr.) inclui dois significados. Pode
ser traduzida como “perecer” ou “destruir”. Entretanto, essa palavra é
a mesma palavra usada em João (3:16), que diz que todo o que nEle
crê não apollumi, mas tem a vida eterna. Se podemos usar a palavra
“destruir” em 1 Coríntios (8:11), então também poderíamos traduzir
João (3:16) para destruir. Eis aqui, portanto, um problema.
Ao lermos a Bíblia, não a podemos ler de maneira superficial. A
fim de compreendê-la claramente, deve-se ler o contexto. O assunto de

43
CÓDIGOS O REINO

1 Coríntios (8) é a proibição aos cristãos de comerem comida oferecida


a ídolos no templo do ídolo. Os cristãos coríntios supunham que não
havia nenhum problema se comessem comida oferecida a ídolos no
templo pagão. Sua explicação era que havia somente um Deus nos céus
e na terra, os ídolos nada são. Se alguém oferece comida aos ídolos e os
ídolos são reais, então as ofertas são reais; se os ídolos não são reais, en-
tão as ofertas não são ofertas, mas somente comida. Se não são ofertas,
que mal há em comer? Se os ídolos não são reais, então os templos são
apenas não templos e nada significaria comer das ofertas nos templos
dos ídolos.
Paulo, no entanto, disse que as ofertas não deveriam ser comidas.
Sua explicação não era que os ídolos eram reais ou que os templos o fos-
sem. No início do capítulo oito, Paulo disse: “No que se refere às coisas
sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do sa-
ber”. A palavra “todos” refere-se aos cristãos coríntios. Porque todos têm
conhecimento, todos podem comer. Entretanto, “o saber ensoberbece,
mas o amor edifica”. É verdade que o Pai é Deus, que Jesus é o Senhor e
que os ídolos nada são. Havia, entretanto, muitos irmãos fracos na igreja
em Corinto. Eles não tinham o conhecimento, a mente deles não era tão
perspicaz como a dos demais. Mesmo que você tentasse explicar, esses
irmãos fracos não entenderiam. Eles ainda pensavam que era contra o
mandamento do Senhor fazer algo assim. Alguém precisava lembrar aos
“senhores do saber” quem eram esses fracos e quais os seus antecedentes.
Hoje você pode achar que os ídolos nada são, mas aqueles que
anteriormente haviam ofertado aos ídolos achavam que estavam
ofertando a Deus, por pensar que os ídolos eram deuses. Quando
você come, não sente nada. Mas, se eles comem, é como se estivessem
revendo seus pecados passados. Você tem o conhecimento, portanto
pode comer e ir embora, mas eles sentiriam estar fazendo o mesmo
que tinham feito antes e pecando como antes. Na mente deles, ainda
consideravam isso como pecado. Portanto, por causa dos outros

44
EDUARDO REIS

cristãos e por amor a eles, embora você possa ter o conhecimento, é


preferível não comer. Diante de Deus, eles se sentem condenados em
sua consciência, sentem que cometeram um grande pecado e que es-
tão caindo novamente, portanto, por causa deles, nós não comemos.
Esse é o significado geral dessa passagem.
Os versículos 4 a 7 dizem:

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo de si


mesmo nada é no mundo e que não há senão um só Deus. Porque, ainda
que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a
terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há
um só Deus, o Pai, de quem são todas as cousas e para quem existimos;
e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também
por ele. Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque alguns,
por efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas
coisas como a ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a
contaminar-se.”

Por favor, note a palavra “familiaridade”. Esse era o antigo hábito deles.
O versículo 12 diz:

“E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência


fraca, é contra Cristo que pecais.”

Essa passagem ensina as pessoas a se absterem de comida sacri-


ficada a ídolos por causa do amor pelos irmãos. Você não pode agir
livremente e colocar seu irmão em dificuldades simplesmente porque
você tem conhecimento.
Do versículo 7 até o fim do capítulo, o problema era da cons-
ciência. Não se tratava de um problema do espírito. Paulo não estava

45
CÓDIGOS O REINO

falando acerca da salvação eterna ou da perdição eterna, mas nos estava


dizendo o que fazer em relação a um irmão com uma consciência fraca.
Se um homem faz algo que sabe que pode fazer, sua consciência não
o condenará. Se, contudo, faz algo que sabe que não deveria fazer, sua
consciência irá condená-lo e reprová-lo continuamente. Por exemplo,
sabemos que não precisamos guardar o domingo nem o sábado, não há
problemas em fazer compras e trabalhar no domingo. Nossa consciência
nunca nos condena. Isso é uma graça do Novo Testamento. O Senhor
não colocou sobre nós o fardo do sábado. Alguns, no entanto, não têm
esse conhecimento. Quando fazem compras no domingo, pensam ter
cometido um grande pecado. Após terem feito isso, sua consciência
não ficará em paz. Às vezes, a questão do pecado é simplesmente uma
questão de consciência.
Paulo estava se referindo a um irmão fraco. Outrora esse irmão
adorava ídolos, e agora vê outros comendo e deseja juntar-se a eles. Para
você, não há problema em comer, porque tem discernimento e sabe que
os ídolos nada significam. Portanto, pode comer livremente. Ele come,
não porque tem discernimento, mas porque vê você comendo. O tempo
todo em que está comendo, ele não tem paz. Você come com alegria,
ele come com temor. Após essa refeição, ele não consegue mais orar. A
consciência dele diz que ele pecou e abandonou Deus para adorar ído-
los, exatamente como costumava fazer. A consciência do irmão começa
a perecer diante de Deus. Ele se sente culpado perante Deus e acha que
está acabado, que voltou aos seus antigos pecados.
Além de João (3:16), a palavra original para “perecer” também
aparece em Lucas (13, 15 e 21). Contudo, nessas três passagens, essa
palavra foi utilizada de forma muito diferente. No capítulo 13, Pilatos
havia matado diversas pessoas e misturado o sangue delas com os sacri-
fícios que elas mesmas realizavam. O Senhor Jesus disse às pessoas que
não considerassem esses galileus mais pecaminosos do que elas mes-
mas. A menos que se arrependessem, todos eles igualmente pereceriam.

46
EDUARDO REIS

“Perecer”, aqui, refere-se ao corpo ser morto, nada tem a ver com a alma
do homem. O Senhor disse que houve dezoito mortos quando a torre
de Siloé desabou. A não ser que se arrependessem, eles pereceriam da
mesma forma. Isso se refere à morte do corpo exterior.
Na Parábola do Filho Pródigo, no capítulo 15, o pródigo disse:
“Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui pereço
de fome!” Aqui, também, morrer não se refere à alma perecer. Portanto,
tal palavra não remete apenas à morte eterna, mas também à morte do
corpo e à inanição.
No capítulo 21 do evangelho de Lucas, o Senhor diz que o cabelo
de nossa cabeça de modo algum perecerá (lit.). Até nosso cabelo pode
perecer. Ora, não há possibilidade de que isso signifique morte eterna.
A partir dessas três passagens, pode-se imediatamente ter uma ideia do
que Paulo quis dizer aqui. Ele remetia a algo que pudesse fazer perecer
a consciência de um irmão fraco. Na reunião, tal irmão poderia não ser
mais capaz de orar, poderia pensar que estava acabado, que havia ado-
rado ídolos novamente e que havia comido a comida oferecida a ídolos
no templo pagão. Ele poderia achar que havia abandonado o Deus vivo
e a consciência dele seria destruída por sua causa.
Se lermos cuidadosamente esta porção da Escritura (1 Co 8), do
versículo 7 em diante, veremos por que Paulo disse aquilo.

“Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque alguns, por


efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas
coisas como a ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a
contaminar-se.”

Por favor, note que isso se refere àquele cuja consciência, sendo
fraca, é contaminada.

47
CÓDIGOS O REINO

“Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se


não comermos, e nada ganharemos se comermos.”

Este é categoricamente nosso padrão: se comermos, não existe


mérito, se não comermos, não há perda. Mas os que não têm o conheci-
mento possuem um problema quanto a isso.

“Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser
tropeço para os fracos.”

A fraqueza aqui não se refere à fraqueza moral ou doutrinária.


Pelo contrário, remete à fraqueza na consciência. Se ela significasse a
fraqueza na condição moral ou doutrinária de alguém, o versículo per-
deria seu significado.

“Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo


de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de
comidas sacrificadas a ídolos?”

Os que têm consciência fraca pensam que, uma vez que os outros
podem comer, eles também podem. Contudo, se vêm a comer, a sua
consciência fica contaminada.

“E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual
Cristo morreu.”

Portanto, “perecer”, aqui, não se refere à perdição eterna de um ir-


mão salvo. Trata-se do tropeço espiritual de um irmão devido à fraqueza.
Se o que 1 Coríntios (8) diz é que o conhecimento de um irmão
pode levar o outro a perecer eternamente, então posso dizer que, para

48
EDUARDO REIS

ser salva ou para perecer, uma pessoa depende do conhecimento de


outra. Se esse fosse o caso, eu poderia mandar cada um de vocês
para o inferno por meio de meu conhecimento. Se esse fosse o caso,
o perecimento de um homem não seria determinado por ele mesmo,
mas pelos outros. Sabemos que não pode haver coisa semelhante. A
Bíblia diz que todo aquele que crê no Senhor Jesus terá vida eterna.
Se um homem perecerá diante de Deus ou não depende de ele crer
no Senhor Jesus. Como poderiam os homens levarem uns aos outros
para o inferno? Isso é absolutamente não bíblico. Com relação ao
uso da palavra “perecer”, podemos dizer que se refere ao dano da
consciência e a fazer uma pessoa tropeçar.
O versículo 12 diz:

“E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência


fraca, é contra Cristo que pecais.”

Pecar contra os irmãos, aqui, trata de levar um irmão fraco a


perecer por meio do conhecimento. “Pecar”, no versículo 12, refere-
-se ao “perece”, no versículo 11. O versículo 12 diz que, quando você
faz seu irmão perecer por causa do seu saber, você está golpeando a
consciência fraca dele. Portanto, “perecer”, mencionado no versículo
anterior, refere-se ao golpear a consciência, não à vida eterna ou a
morte e perdição eternas.
O versículo 13 prossegue dizendo o que é golpear a consciência:

“E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais
comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.”

Se você puser esses três versículos juntos, verá o que significa


“perecer” aqui. “Perecer” é golpear a consciência fraca do irmão, levar

49
CÓDIGOS O REINO

meu irmão a tropeçar. Portanto, os versículos 11, 12 e 13 são três elos.


Se você insistir em explicar dessa forma, dizendo que uma pessoa salva
perecerá, achará difícil sustentar esse argumento.

7. DECODIFICANDO TIAGO 5:20

“Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o


converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho
errado salvará da morte a alma dele, e cobrirá multidão de pecados.”
(Tiago 5:19-20)

A partir destes versículos, alguns também inferem que uma


pessoa salva pode perecer. Para eles, no versículo 19, temos um irmão
e, no versículo 20, o pecador. O versículo 19 diria para converter um
irmão e o versículo 20 diria que ao converter o irmão, a alma dele é salva
da morte. Isso significaria que alguns irmãos precisam se converter e
outros precisam ter a alma salva da morte. Isso não seria simplesmente
dizer que um irmão pode perder a salvação?
Para entender esses dois versículos, há algumas poucas coisas às
quais devemos nos atentar. Primeiro, Tiago (5:19-20) é como uma mon-
tanha solitária: são versículos que não estão conectados aos anteriores
e nada os sucede. Todas as outras epístolas na Bíblia têm saudações e
bênçãos, Tiago é o único livro que termina dessa maneira. Os versículos
17 e 18 falam de oração. De repente, essas poucas palavras parecem
surgir do nada. Isso é algo muito peculiar.
Segundo, do primeiro capítulo até o fim, o livro de Tiago trata do
amor prático entre os irmãos e irmãs. Por causa do amor há misericór-
dia, cuidado e preocupação com os irmãos. De Tiago 1:1 a 5:18 há uma
linha contínua, um alvo definido e um assunto. Os versículos 19 e 20,
entretanto, parecem surgir do nada.

50
EDUARDO REIS

Terceiro, a princípio, uma vez que Tiago (1 a 5) fala do amor


expresso na conduta de alguém, os versículos 19 e 20 não deveriam se
desviar desse ponto. Eles também deveriam dizer o que devemos fazer
ou não quando amamos os irmãos. Se um pecador continua no caminho
errado e você o salva em amor, você está salvando uma alma da morte.
Além do mais, também cobrirá uma multidão de pecados.
Todos os leitores da Bíblia sabem que o que cobre uma multidão
de pecados é o amor (I Pe 4:8). Os muitos pecados citados aqui não
se referem a pecados perante Deus, eles tratam de pecados diante do
homem. Se você converter um pecador do caminho errado, Deus não
mais se lembrará dos pecados dele e os lançará nas profundezas do mar;
todos os pecados dele estarão debaixo do sangue.
E quanto a nós? Suponha que eu conheça a vida de pecados de um
irmão que foi muito mau antes de se tornar cristão. Eu poderia expô-lo,
mas, se expuser seus pecados do passado, estarei agindo contra a von-
tade de Deus. Deus atirou os pecados dele no mar. Após sermos salvos,
Deus não mais menciona nossos pecados de outrora. Ao ver um irmão,
devo encobrir seu passado.
O versículo 20 trata de princípio e o versículo 19 trata de exemplo.
Em outras palavras, o versículo 20 é a fórmula, a lei e o princípio da ação,
enquanto o versículo 19 é o caso em estudo e a ocorrência individual. O
versículo 20 diz que, se alguém converte uma pessoa, esta não perecerá
e seus pecados serão cobertos perante Deus e perante os homens. O
versículo 19 mostra-nos o que ocorre quando um irmão entre nós é
desviado da verdade ou tem errado em seu caminho — devemos trazê-
-lo de volta. A exortação no versículo 19 está baseada no princípio do
versículo 20. Se vir um irmão na igreja se desviar da verdade, você deve
recuperá-lo. Quando um pecador é resgatado, sua alma não é destruída
e seus muitos pecados são cobertos. Sendo esse o caso, quanto não
devemos fazer o mesmo em benefício de um irmão? O que Tiago estava
dizendo aqui é que devemos fazer pelos irmãos o mesmo que fazemos

51
CÓDIGOS O REINO

pelos pecadores. Tiago está nos dizendo que um cristão deve tratar seus
irmãos e irmãs com amor e restaurá-los. Esse trecho não está falando de
um irmão perecer.

8. DECODIFICANDO HEBREUS 6:6


Vamos agora considerar Hebreus (6:1–8). Essa passagem apre-
senta um significativo ponto de discussão sobre o tema. Quase todos
os que duvidam que a salvação seja eterna tomam Hebreus 6 como
cidade de refúgio. Todos eles obtêm daqui o seu material de apoio. Eles
argumentam que se um homem foi salvo e agora caiu, é impossível que
ele seja renovado para o arrependimento. Isso não significaria dizer que
esta pessoa está acabada e condenada a perecer? Por muitos não terem
clareza, tomam essa passagem para explicar que o homem perece.
Contudo, devemos perceber que o assunto de Hebreus 6 não é
a salvação. Se alguém deseja entender essa passagem, deve começar
no final do capítulo 5. É dito ali que muitos dos que deveriam estar
comendo alimento sólido ainda estão tomando leite. De acordo com
sua idade, os cristãos desse grupo já deveriam ser mestres. Entretan-
to, eles eram como bebês e não estavam progredindo, estavam esta-
cionados. Assim, o capítulo 6 começa dizendo: “Por isso, pondo de
parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos
levar para o que é perfeito”. O assunto de Hebreus (6:1) é, portanto, o
progresso, e não a salvação. Se você introduzir a questão da salvação
nele, certamente encontrará dificuldades. O propósito deste capítulo
é dizer como progredir, e não como sermos salvos. A primeira coisa
de que devemos tomar nota é que o tópico aqui é o progresso à ma-
turidade, não o regresso à perdição.
Os versículos 1 a 8 podem ser divididos em três seções, e
podemos usar três palavras para representá-las. A primeira seção é
sobre não ter necessidade; a segunda é sobre não ter possibilidade;
e a terceira é sobre não ter direito. Esse trecho, a partir desses três

52
EDUARDO REIS

pontos de vista, fala aos cristãos hebreus que eles têm de progredir.
Primeiro, eles devem deixar os princípios elementares da doutrina
de Cristo, que são como a pedra angular em uma construção, e não
devem lançar de novo um fundamento. Ao construir um muro,
uma pessoa não necessita de duas bases. O apóstolo disse que essas
pessoas falavam sobre coisas básicas. Contudo, a base já havia sido
lançada, não havia necessidade de fazê-lo novamente. Os princípios
elementares da doutrina de Cristo são ensinamentos tais como o
arrependimento de obras mortas, a fé em Deus, batismos, imposição
de mãos, ressurreição dos mortos e julgamento eterno. O apóstolo
disse que isso precisava ser feito somente uma vez. Ele os estava
admoestando a prosseguir para a perfeição.
Antes de lermos o versículo 4, deixe-me primeiro fazer essa
introdução. Antes que o apóstolo o escrevesse, ele previu que aquelas
pessoas perguntariam: “Se você diz que não devemos lançar a base
novamente, o que então devemos fazer se pecarmos outra vez? Se
uma pessoa falha, retrocede e peca, não deve lançar novamente a
base?” Aqui, o apóstolo disse algo, antecipando-se ao questiona-
mento deles: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram
iluminados e provaram o dom celestial...”
Se você tiver um Novo Testamento grego nas mãos, verá que a
palavra, uma vez de acordo com a gramática da língua original, não se
refere somente ao primeiro item da lista, mas a todos os itens nessa lista.
Poderia ser lido: “Aqueles que uma vez foram iluminados e que uma
vez provaram o dom celestial, e uma vez se tornaram participantes do
Espírito Santo, e uma vez provaram a boa palavra de Deus e os poderes
do mundo vindouro”. Isso está muito claro no texto original. Eis aqui
um homem que foi iluminado, que provou o dom celestial, que se tor-
nou participante do Espírito Santo, e que provou a boa palavra de Deus
e os poderes da era vindoura. A era vindoura é o milênio. Essa pessoa
provou os poderes do milênio. Em outras palavras, ele viu e provou

53
CÓDIGOS O REINO

milagres, maravilhas, curas e expulsão de demônios. Se tal pessoa cai, é


impossível outra vez renová-la para o arrependimento.
“E caíram”. Um irmão inglês que estudou grego e se especializou
no livro de Hebreus ao longo de toda a sua vida disse que o verbo “cair”
aqui utilizado significa levar um escorregão. Quando se diz que é im-
possível renová-los outra vez para arrependimento, muitos pensam que
isso significa perdição. Essa explicação, no entanto, não é válida.
Se houvesse alguém que uma vez foi iluminado, que uma vez
provou o dom celestial, que uma vez se tornou participante do Es-
pírito Santo, que uma vez provou a boa Palavra de Deus e que uma
vez provou os poderes da era vindoura, seria possível que tal pessoa
não pudesse mais se arrepender por ter escorregado? Há casos de
cristãos caídos que tenham levantado novamente?
A Palavra de Deus e a história da igreja, sem dúvida, não deixam
dúvida de que existiram muitos que não permaneceram caídos. Diversos
cristãos que, certa vez, escorregaram, por fim, tornaram-se os melhores
corredores na corrida celestial do reino, começando com Pedro.
Se não houvesse possibilidade de se levantarem novamente, então
Pedro teria sido o primeiro a não poder ter se levantado. Ele escorregou
terrivelmente, e podemos dizer que ele “quebrou a cara”. Pedro não foi
o único. Nesses dois mil anos de história da igreja, inúmeros cristãos
falharam, mas se levantaram e deram testemunho disso.
Nessa passagem, há uma palavra no texto original, palin, que sig-
nifica “novamente”. Há também outra palavra, anakainizo, logo depois
dessa palavra, que significa “renovar”. Portanto, de acordo com o texto
original, essa parte deveria ser traduzida para: “Uma vez tendo escorre-
gado, é impossível novamente renovar para arrependimento”.
O apóstolo dizia aos cristãos hebreus que o arrependimento
das obras mortas, a fé em Deus, o ensino de batismos e imposição
de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno são todos
princípios elementares da doutrina de Cristo. Se uma vez foram ilu-

54
EDUARDO REIS

minados, uma vez provaram do dom celestial, uma vez participaram


do Espírito Santo, uma vez provaram da boa palavra de Deus e uma
vez provaram dos poderes da era vindoura e então escorregaram,
eles não podem lançar novamente a base e não podem outra vez ser
renovados para arrependimento.
Por favor, lembre-se de que o arrependimento aqui é a base
mencionada na primeira seção. Não é o arrependimento genérico,
pois nos versículos anteriores há seis itens dos princípios elementa-
res da doutrina de Cristo. O primeiro é o arrependimento de obras
mortas, portanto, não podemos tomar o arrependimento que temos
em nosso conceito e igualá-lo ao arrependimento aqui apresentado.
Devemos considerar o contexto da Escritura e explicá-la segundo o
pensamento do apóstolo.
O arrependimento referido pelo apóstolo é o mesmo arrependi-
mento das obras mortas no versículo 1. Após alguém ter crido em Deus
e ter sido batizado, depois de ter entendido o julgamento vindouro e a
verdade da ressurreição, ter se arrependido das obras mortas, não pode
se arrepender novamente de algo do qual já se arrependeu. Desde que
tenha sido batizado, não pode se batizar novamente. Uma vez que tenha
crido no ensino do juízo, não pode tentar crer novamente. Uma vez que
tenha crido no ensino da ressurreição, não pode tentar crer novamente.
A palavra arrependimento, aqui, inclui todos os seis itens mencionados
acima. O apóstolo não repetiu as palavras “renovar outra vez” tantas
vezes como eu fiz, ele precisou usar apenas uma vez a palavra “renovar”.
O apóstolo temia que não entendêssemos o significado de
renovar, anakainizo. Portanto, ele acrescentou uma palavra mais:
“outra vez”. Portanto, o arrependimento a que se refere o versículo
6 deve ser o arrependimento do versículo 1. Se o arrependimento
no versículo 1 fosse mencionado como segundo item, poderíamos
não ter muita clareza. Mas, graças ao Senhor, ele é colocado como o
primeiro item. Uma vez que é o primeiro item, sabemos que todos os
outros itens são como esse.

55
CÓDIGOS O REINO

Para alguém ser cristão, primeiro há necessidade do arrepen-


dimento das obras mortas, a fim de julgar seus pecados. A seguir, ele
deve ter fé em Deus, ser batizado, ter a imposição das mãos e crer na
ressurreição dos mortos e no juízo eterno. Uma vez que a base tenha
sido lançada, não há necessidade de fazê-lo outra vez. Enquanto alguém
está edificando sobre essa base, mesmo que seu pé escorregue, não é
preciso lançá-la novamente. Uma breve ilustração:
O irmão Wu acaba de entrar no salão de reuniões pela entrada
principal da travessa Wen-teh. Depois que entrou pela travessa, no
momento em que estava virando a esquina para entrar no salão, ele
escorregou. Que deve fazer, então? Seu objetivo é vir à reunião, porém
ele escorregou. Ele não precisa recomeçar todo o caminho a partir da
travessa Wen-teh. Ele pode se levantar de onde escorregou.
O apóstolo estava dizendo que, uma vez que uma pessoa tenha
sido iluminada e tenha provado do dom celestial, se escorregar, ela não
pode se arrepender das obras mortas novamente, crer em Deus nova-
mente, ser batizada novamente, ter a imposição de mãos novamente e
crer na ressurreição e no juízo eterno novamente. Em outras palavras,
o apóstolo não teve a intenção de dizer que um homem pode perecer
outra vez. Ele quis dizer que após um cristão ser regenerado, não pode
ser regenerado novamente. Podemos ser regenerados no máximo uma
vez. O apóstolo não estava dizendo que não é permitido alguém se
arrepender novamente.
A parte seguinte do versículo 6 diz:

“Visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e


expondo-o à ignomínia.”

Alguns dizem que cair é crucificar o filho de Deus outra vez.


Quem pode crucificar o Senhor outra vez? A obra do Senhor Jesus
foi completada de uma vez por todas. Ele não era como o touro e o

56
EDUARDO REIS

bode, que devem ser imolados quando necessário. Da sua parte, você
não pode renovar seu arrependimento. Da parte do Senhor, Ele não
precisa renovar a crucificação. Se você tiver de renovar seu primeiro
arrependimento, isso significa que o Senhor Jesus terá de renovar sua
crucificação. Se esse fosse o caso, então você estaria expondo o Senhor à
vergonha, estaria dizendo que a crucificação única do Senhor Jesus não
foi suficiente, que deveria haver mais crucificações. Portanto, aqui não é
uma questão de salvação e perdição.
Nos capítulos anteriores, vimos que a salvação eterna é um fato
que não pode ser contestado. Se entre nós houver um cristão caído e
desviado que uma vez foi realmente salvo e teve clareza acerca da sal-
vação de Deus, a fim de que ele se levante novamente, não é necessário
um novo início. Desde que ele se levante hoje, isso é suficiente. Não
existe a possibilidade de crucificar o Senhor Jesus novamente e expô-lo
à ignomínia.
Na última seção, nos versículos 7 e 8, o apóstolo não apenas estava
dizendo que não há necessidade nem possibilidade, mas ele prosseguiu
dizendo, de uma maneira mais séria, que não há o direito. Por que não
temos o direito? Porque, lançando novamente a base, crucificaríamos
o Senhor Jesus outra vez. Se alguém fizesse isso, haveria um sério risco
para ele, sofreria grave punição.

“Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela,
e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe
bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada,
e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.”
(Hebreus 6:7-8)

Deixaremos a discussão mais minuciosa dessa passagem para mais


tarde. Após ler Hebreus (6), pode-se ver que esse capítulo fala sobre a

57
CÓDIGOS O REINO

questão do progresso, não sobre a salvação ou perdição. Hebreus (6)


nunca nos diz que uma pessoa salva pode perecer.

QUATRO PONTOS A SEREM DIFERENCIADOS


Aqui temos de considerar novamente quatro aspectos mencio-
nados na Bíblia. São conceitos que mencionamos anteriormente e
que devem ser distinguidas umas das outras se alguém quiser enten-
der a salvação.
Primeiro, fazer distinção entre o cristão genuíno e o falso cristão.
Segundo, distinguir a disciplina dos cristãos da salvação eterna.
Salvação eterna é uma coisa e a disciplina de Deus é outra. Uma coisa é
um cristão ser castigado nesta era, outra coisa é um incrédulo perecer
na eternidade. Um cristão não perecerá eternamente, porém ele pode
ser punido. Há muitos versículos que falam da punição de um cristão.
Não se pode aplicar esses versículos à salvação.
Terceiro, há uma grande diferença entre o reino e a vida eterna.
Em outras palavras, há uma grande diferença entre recompensa e dom.
Ser salvo é um assunto, outro é você reinar, governar e compartilhar da
glória com o Senhor Jesus no milênio.
Há muitos trechos na Bíblia que falam sobre uma pessoa ser re-
movida do reino. Por não estarem esclarecidos acerca da diferença entre
o reino e a vida eterna, entre o galardão e a salvação, muitos aplicam os
versículos sobre o reino à salvação, acham que ser removido do reino
significa perecer. Essas coisas, entretanto, são totalmente diferentes. Um
cristão pode perder sua posição no reino, porém não pode perder sua
posição na salvação.
Quarto, a Bíblia não somente diz que um cristão sofrerá disci-
plina hoje e que alguns cristãos podem perder o reino, mas também
diz que no reino há punições definidas para um cristão. A Bíblia
diz que muitos cristãos sofrerão disciplina nesta era eles perderão a

58
EDUARDO REIS

recompensa na era vindoura e também sofrerão punição. Um cristão


pode perder sua recompensa no futuro, ele também pode ser punido
com punições definidas. Contudo, não se pode misturar a punição no
milênio com a perdição eterna.
Quando um cristão é punido, isso não significa que ele perecerá
eternamente. A salvação é eterna, punição é apenas uma disciplina
em família. Se alguns filhos não podem ser bem disciplinados nesta
era, eles o serão na era vindoura. Portanto, há quatro coisas aqui
que precisam ser distinguidas umas das outras − os falsos cristãos, a
punição nesta era, a perda do reino e a punição no milênio da vida
eterna e da morte eterna.
Consideremos agora o primeiro grupo — os falsos cristãos. Em 2
Pedro (2:1), diz-se:

“Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também


haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente,
heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que
os resgatou, trazendo sobre si mesmos, repentina destruição.”

Alguns perguntariam se esse versículo indica que um cristão


pode perecer. Os que são citados aqui são os que foram comprados pelo
Senhor. Alguns dirão que esse versículo obviamente diz que um cristão
pode perecer, porque diz que eles seguiram as heresias e negaram o
Soberano Senhor que os resgatou, e seu fim é a repentina destruição.
Por favor, lembre-se do que vimos até aqui. Aqui é mencionado
que o Soberano Senhor os resgatou. A palavra “resgatou” é usada de
maneira específica. Acaso essa palavra transmite o sentido de que os
que foram resgatados são os salvos? Se esses que foram resgatados são
os salvos, então temos de admitir que uma pessoa salva pode perecer.
Se, no entanto, essa palavra tiver um significado diferente, então nin-

59
CÓDIGOS O REINO

guém mais poderá dizer isso. É verdade que a Bíblia nos diz que fomos
resgatados pelo Senhor por um preço, mas devemos ver a extensão do
que o Senhor Jesus resgatou na cruz. Ele resgatou somente os que creem
ou resgatou todo o mundo? Pela Bíblia, podemos ver que o Senhor não
resgatou apenas os cristãos, mas resgatou também todo o mundo.
Mateus (13:44) diz:

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, que um


homem, achou e escondeu. E, na sua alegria, vai, vende tudo o que tem,
e compra aquele campo.”

Isso nos mostra que o Senhor Jesus vendeu tudo o que tinha para
comprar o tesouro. Mas Ele não comprou somente o tesouro, comprou
o campo também. O tesouro é uma pequena parte, no entanto, o campo
é a grande parte, e o tesouro está no campo. Para obter o tesouro, o Se-
nhor comprou todo o campo. O propósito de comprar o campo não foi
pelo campo, mas pelo tesouro. Portanto, não podemos dizer que todo o
que foi resgatado pelo Senhor é salvo. A extensão do resgate é maior que
a da salvação. A obra de resgate e redenção na cruz é diferente da obra
de substituição. A substituição do Senhor é para todos os que creem. Ele
morreu por todo o mundo, ainda assim, isso não significa que todo o
mundo seja salvo.
Se Pedro mudasse uma palavra aqui, se ele dissesse: “Até ao ponto
de renegarem o Soberano Senhor que os salvou”, então isso seria muito
sério, mas Pedro usou uma palavra bastante extensa. Ele disse: “Até
ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou”. Portanto,
podemos ver que esse grupo de pessoas não foi salvo. Essa palavra
“resgatar” é muito ampla. Por ela sozinha, não se pode dizer que eles
são salvos.

60
EDUARDO REIS

Segundo, a palavra “Soberano Senhor” (despotes, gr.) tampouco


é uma palavra comum. Ela não deveria ser traduzida como senhor,
mas como mestre. Não é o Senhor, como em Senhor Jesus, mas o
Mestre, como alguém que tem o controle temporário de uma pessoa.
Refere-se a um mestre terreno, não há relação de vida aqui. De acor-
do com uma interpretação precisa da Bíblia, isso não é uma relação
entre eles e o Senhor, mas uma relação entre eles e seu mestre. Por-
tanto, esse grupo de pessoas de nenhum modo foi salvo. Ninguém
pode dizer: “Senhor Jesus” senão no Espírito Santo, pois todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo. Esses são como Judas,
nunca confessaram Jesus como Senhor.
Terceiro, Pedro diz a nós que esse grupo de pessoas é composto de
falsos mestres e falsos cristãos. Pedro também nos disse que havia falsos
profetas no meio do povo. Esses falsos profetas se referem aos falsos
profetas no Antigo Testamento. Todos os leitores da Bíblia sabem que
nenhum falso profeta no Antigo Testamento era salvo. Podemos dizer
ousadamente que esse grupo de pessoas de nenhum modo era salvo. Eles
seguiram suas habilidades e ideias, secretamente introduzindo heresias
destruidoras, até negando o Mestre que os comprou, trazendo sobre si
repentina destruição. Portanto, 2 Pedro (2) não se refere à perdição dos
que são salvos.
Há mais palavras na Bíblia semelhantes a essas. Todas elas se
referem a cristãos nominais, não à perdição dos salvos. Alguns argu-
mentaram acerca das poucas palavras no final do segundo capítulo. O
versículo 20 diz:
“Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo
mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam
enredar de novo e são vencidos, tomou-se o seu último estado pior que o
primeiro.”

61
CÓDIGOS O REINO

“Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao
seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”
(v. 22)

Baseados nas palavras do versículo 20, alguns pensam que esses se


referem a salvos, pois diz claramente que eles escaparam das contami-
nações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus
Cristo. Mas, por favor, note que Pedro foi muito cuidadoso na maneira
de falar. O versículo 20 diz que eles têm o conhecimento de nosso Se-
nhor e Salvador Jesus Cristo e que escaparam das contaminações do
mundo. Porém, o versículo 22 nos diz quem essas pessoas realmente
são. Se existisse somente o versículo 20, poderíamos pensar que eram
salvos. Mas, se lermos o versículo 22, saberemos quem eles são.

“Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao
seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”

Embora eles tenham escapado das contaminações do mundo e ex-


teriormente tenham o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo,
foram mais tarde enredados novamente, e seu último estado tornou-se
pior. Essas pessoas são simplesmente cães e porcas.
O Senhor nunca disse que Ele dá a vida eterna aos cães. Tampou-
co disse que os cães jamais perecerão. O Senhor disse que Ele dá a vida
eterna às ovelhas, Ele nunca mistura as ovelhas com os cães. O Senhor
não pode dizer que dá vida eterna às porcas e aos cães, muito menos
que as ovelhas foram enredadas pelas corrupções do mundo. Essas
duas espécies de pessoas nunca podem ser colocadas juntas. Muitos
dos que ouviram o Evangelho diriam que Jesus é Senhor e Salvador.
Eles podem rapidamente lhe falar acerca de doutrinas relativas ao
Senhor. Exteriormente, não têm nenhuma corrupção, contudo, jamais
foram regenerados, nunca receberam o Senhor e nunca experimenta-

62
EDUARDO REIS

ram o Senhor vivendo neles, apenas o confessaram temporariamente.


Eles removeram um pouco da corrupção exterior, mas quando os
sentimentos mudam, retornam aos velhos caminhos. O último estado
desse tipo de pessoa é pior que o primeiro. Eles não são, de modo
algum, ovelhas. Eles são os cães e as porcas. Por serem cães, voltam
ao próprio vômito; por serem porcas, revolvem-se na lama após terem
sido limpos exteriormente.
Nada disso significa que os cristãos não pecarão, e não significa
que não tocarão na lama ou não se revolverão no lamaçal. Um cristão
pode vir a fazer tudo isso. Contudo, revolver-se no lamaçal é algo des-
confortável para um cristão. Se ele se sente confortável nessa situação,
então deve ser uma porca. Um cristão talvez possa voltar ao próprio
vômito, mas sentirá que é repulsivo e desconfortável. Essa é a diferença
entre a porca, o cão e a ovelha. Deve-se identificar claramente a natureza
do cão e da porca.
Na Bíblia, porcas e cães referem-se a não salvos, não aos salvos. Se
uma pessoa é ovelha, ela jamais perecerá.

TAREFAS:

1. Explique, com fundamentos, qual é:

a) o caminho da salvação de Deus __________________________


______________________________________________________________
______________________________________________________________
b) o conteúdo da salvação de Deus __________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

63
CÓDIGOS O REINO

c) o resultado da salvação de Deus __________________________


______________________________________________________________
______________________________________________________________

2. Anote no quadro abaixo pelo menos 15 características que


diferenciam as pessoas que são genuinamente salvas das que são nomi-
nalmente salvas.

Genuinamente salvas Nominalmente salvas

3. Com base no que você aprendeu, elenque as desconformi-


dades entre:

a) disciplina X perdição eterna ___________________________


________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
b) era milenar X eternidade ____________________________
________________________________________________________
_______________________________________________________
________________________________________________________
_______________________________________________________

64
EDUARDO REIS

c) graça X reino _______________________________________


________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

65
CÓDIGO 3
O EVANGELHO DO REINO

E
stamos vivendo os últimos dias. Depois desta era da Igreja,
haverá a era do reino. O chamado de Deus para a Igreja é por
causa do reino. A vontade de Deus é que haja em cada um
dos Seus servos uma verdadeira ânsia para que venha o reino.

“Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.”
(Mateus 6:10)

Precisamos cooperar para apressar a vinda do reino e, nesse


sentido, é fundamental que preguemos o evangelho do reino a todas
as nações.

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemu-
nho a todas as nações. Então, virá o fim.”
(Mateus 24:14)

Aqui podemos ver a relação entre a pregação do evangelho do


reino e a vinda do fim. O fim a que se refere o texto certamente aponta
para o fim desta era que será concluída no tempo da “grande tribulação”,

67
CÓDIGOS O REINO

a qual culminará na vinda do Senhor nas nuvens. Esse será o fim, o fim
desta era.
Vemos claramente que a Igreja é responsável por trabalhar com
Deus para que o reino se estabeleça na terra. Uma vez que o reino só
virá com o fim desta era, precisamos pregar o evangelho do reino para
apressarmos o fim.
O que é o evangelho do reino? Entendemos que o reino será o
tempo quando Cristo e os crentes vencedores irão reinar, mas precisa-
mos ir além disso. Alguns insistem em distinguir o evangelho da graça
do evangelho do reino. Creio que essa distinção é desnecessária, mas,
para efeito de compreensão, podemos dizer que o evangelho da graça
diz respeito à bênção de Deus sobre o homem e o evangelho do reino é
dirigido contra a opressão demoníaca de Satanás.

“Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é


chegado o reino de Deus sobre vós.”
(Mateus 12:28)

O reino significa muitas coisas, mas o que o Senhor menciona


aqui deve ser colocado acima de tudo. O reino é a oposição direta
ao governo do diabo. O Senhor declara que o reino é a expulsão de
demônios, é a manifestação da autoridade do céu. A Igreja foi escolhida
por Deus para resistir a Satanás e para introduzir o reino de Deus na
terra. É por isso que na primeira menção da Igreja na Bíblia ela vem
acompanhada da palavra Hades (traduzida como “inferno”).

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a


minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
(Mateus 16:18)

68
EDUARDO REIS

A manifestação da realidade do reino será durante o milênio. Nes-


se tempo, Satanás será preso por mil anos, também será o tempo em que
julgaremos os próprios anjos. O futuro da Igreja inclui o julgamento dos
anjos caídos, o qual acontecerá quando Satanás for preso pelos mil anos.

“Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as


coisas desta vida!”
(1 Coríntios 6:3)

O reino será o tempo em que Satanás e seus principados serão


julgados e lançados no abismo. Os poderes do hades serão destruídos
na era do reino. Será o tempo em que a cruz encontrará sua completa
vitória e os filhos de Deus serão completamente manifestos. Na era do
reino não haverá influência de demônio algum.
Dessa forma, pregar o evangelho do reino é declarar que Deus
reina nos céus hoje, amanhã reinará sobre a terra, destruindo comple-
tamente as obras de Satanás. O evangelho do reino é para confrontar o
inferno e os poderes das trevas.

“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do


diabo.”
(1 João 3:8)

Parece claro que o evangelho do reino inclui expulsar demônios e


curar enfermos, pois as próprias enfermidades são uma obra do maligno.

“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder,
o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os opri-
midos do diabo, porque Deus era com ele.”
(Atos 10:38)

69
CÓDIGOS O REINO

Não há como pregarmos o evangelho do reino sem batalha espi-


ritual. Para que a soberania do Rei se manifeste, Satanás e seus poderes
devem ser expulsos.
A era em que vivemos é chamada era da Igreja e era da graça. Mas
a Bíblia também chama essa era de geração má e adúltera (Mt 12:39), ge-
ração incrédula e perversa (Mt 17:17), e geração corrompida e perversa
(Fp 2:15). Assim, é a vontade de Deus que essa era chegue ao fim e que
o reino seja introduzido.
Precisamos cooperar com Deus para apressarmos o fim. Fazemos
isso orando para que venha o reino e pregando o evangelho do reino,
que inclui a expulsão de demônios e a cura de enfermos.

“Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes


na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar
no reino de Deus.”
(Atos 14:22)

“Havendo-lhe eles marcado um dia, vieram em grande número ao


encontro de Paulo na sua própria residência. Então, desde a manhã
até à tarde, lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus,
procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés
como pelos profetas.”
(Atos 28:23)

Precisamos pregar o mesmo evangelho que os apóstolos prega-


ram. Hoje só um evangelho é relevante para o nosso tempo, o evangelho
do reino. Nós nos tornaremos obreiros mais efetivos nas mãos de Deus
se sempre tivermos em vista o reino de Cristo.
Deus deseja que o fim chegue, mas se os Seus filhos falharem
em trabalhar com Ele em oposição a esta era e contra o desejo de que
Seu reino venha, Ele adiará a chegada do reino. Contudo, quando

70
EDUARDO REIS

nós repudiarmos realmente a presente era e ansiarmos pela vinda do


reino, o Senhor se levantará e agirá. Nunca assumamos que o fim vem
automaticamente. Se não desejamos a vontade de Deus, a Sua vontade
será retardada.
Pregue o Evangelho enquanto é tempo. Deus o abençoe.

TAREFAS:

1. Defina o conceito, quem prega e por quanto tempo serão anun-


ciados o evangelho da graça e o evangelho do reino.

Evangelho da graça:

Evangelho do reino:

2. Sabemos que o reino significa muitas coisas, mas há um signifi-


cado em específico que o Senhor coloca acima de tudo o mais. O que é?
___________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

71
CÓDIGOS O REINO

3. Escreva abaixo 5 ações que você precisa executar para ser reves-
tido de autoridade e viver a realidade do reino hoje:

1 __________________________________________________
_________________________________________________________

2 __________________________________________________
_________________________________________________________

3 __________________________________________________
_________________________________________________________

4 __________________________________________________
_________________________________________________________

5 __________________________________________________
_________________________________________________________

72
CÓDIGO 4
DIFERENÇAS ENTRE A SALVAÇÃO
E O REINO

A
questão do reino ou a recompensa dos crentes é um assun-
to pouco falado nas igrejas. Existe uma postura atual de
negligenciar as coisas do céu e supervalorizar as bênçãos
aqui na terra. Temos duas intenções com relação a esse assunto: con-
fortar você acerca da salvação e trazer temor para com a vinda de Jesus.

1. O QUE É O REINO DOS CÉUS


De acordo com Mateus, há três aspectos do reino dos céus: a
aparência, a realidade e a manifestação.

a) A aparência
A aparência do reino dos céus é tudo aquilo que está relaciona-
do com Cristo, mas o cristianismo nem sempre é real e verdadeiro.
Tem muita coisa que tem apenas a aparência, mas nenhuma realidade
interior.

b) A realidade
A realidade do reino dos céus está na Igreja, é fruto do novo
nascimento e tudo aquilo que foi revelado pelo Senhor Jesus no sermão

73
CÓDIGOS O REINO

do monte. Hoje, a realidade do reino dos céus é interior, no espírito. O


reino dos céus veio no dia de Pentecoste, quando o Espírito veio.

c) A manifestação
A manifestação do reino dos céus será quando o Senhor Jesus
voltar para reinar sobre a terra por mil anos. Naquele dia, o reino será
visível, mas nós podemos experimentar hoje os poderes desta era vin-
doura, curando enfermos e manifestando o reino de Deus.
O reino dos céus, portanto, é composto de duas seções: a Igreja e o
Milênio. Todos os cristãos genuínos estão hoje na Igreja, mas apenas os
cristãos vencedores estarão na manifestação do reino durante o milênio.

2. REINO DE DEUS E REINO DOS CÉUS, QUAL A DIFERENÇA?


Precisamos fazer distinção entre o reino de Deus e o reino dos
céus. O reino de Deus é o governo soberano de Deus sobre todas as
coisas em todas as épocas, e fazem parte do governo de Deus desde a
eternidade passada até a eternidade futura.
Dentro do reino de Deus, existe uma parte chamada reino dos
céus. Em alguns lugares, o reino dos céus é também chamado reino de
Deus, porque o reino de Deus abrange o reino dos céus. Veja um exem-
plo: São Paulo está dentro do Brasil. Algumas vezes podemos chamar
São Paulo de Brasil, mas não o contrário. O reino de Deus é o Brasil e o
reino dos céus seria São Paulo.
A primeira diferença é quanto à posição. Para compreender-
mos apropriadamente a visão dos vencedores, precisamos verificar
alguns conceitos fundamentais, e um deles é que há diferença entre
salvação e galardão.
O galardão é a recompensa dos crentes. A salvação relaciona-se à
vida eterna, contudo, o galardão virá no tempo em que o Senhor distri-

74
EDUARDO REIS

buir a recompensa para os servos que foram fiéis, como já comentamos


anteriormente.
Suponhamos que eu seja um homem muito rico, dono de uma
escola, e você seja uma pessoa ignorante e pobre, mas que deseja estudar
e aprender. Então, proponho-me a pagar seus estudos e de outros tantos
que queiram estudar. A matrícula é de graça, bem como o restante que
você necessita para estudar. Isso é a salvação. Jesus era muito rico e pa-
gou sua mensalidade. Você não necessita desembolsar mais nada, pois
Jesus já pagou o preço. A matrícula é a salvação.
Apesar disso, seu diploma não é de graça. É preciso estudar. Quem
pagou a escola pode estudar no seu lugar? Não. É necessário trabalhar
muito. Se você for aprovado no exame final, estará apto a receber o
diploma. Sendo a salvação a matrícula, por meio dela, todos entramos
na escola de Deus, mas o diploma é o reino. Alguns querem apenas
ficar na escola porque gostam da comunhão com os alunos, do recreio,
das aulas, mas tudo isso deve ser consumado com boas notas. Muitos
entram na escola, mas nem todos recebem o diploma. Muitos foram
salvos, mas nem todos receberão a recompensa do reino. Muitos são
chamados, mas poucos escolhidos (Mateus 22:14).
Quando morei fora do Brasil, tive um amigo que fazia faculdade
havia dez anos. O visto dele era de estudante, por isso precisava estar
matriculado para continuar no país. O alvo dele era só estudar, ele não
queria se formar. Há muitas igrejas que agem da mesma forma: estudam
anos e anos, mas não querem o diploma, apenas ficar estudando.
A salvação é a escola que já foi paga, mas você deve trabalhar ar-
duamente. Esse trabalho árduo é a qualificação para receber o diploma.
Ao final, haverá uma avaliação e, se você não for aprovado, não receberá
o diploma de servo bom e fiel.
Ninguém é expulso da escola por ir mal na avaliação. Do mesmo
modo, ninguém perderá a salvação se for reprovado. O que acontece
com o aluno que não se sai bem na avaliação? Repete o ano ou fica para

75
CÓDIGOS O REINO

recuperação. O que será o Milênio, então? A repetência. O problema é


que são mil anos. Eu quero ser aprovado aqui.
A salvação se dá por meio de Cristo. Apenas pelo sangue do
Cordeiro você pode ser lavado, perdoado e justificado. Sendo pe-
cadores, nosso alvo deve ser a salvação, porém, uma vez salvos, o
alvo passa a ser a recompensa. Preocupemo-nos hoje em receber o
diploma ao final.
Se não houver clareza a respeito da diferença entre salvação e re-
compensa, surgirá uma grande dificuldade para compreendermos certas
partes da Bíblia. Há versículos que falam a respeito da recompensa, e mui-
tas pessoas os aplicam à salvação. Fazendo isso, incorrem em extremos. É
por isso que alguns colocam a salvação como algo tão difícil e inatingível
quando ela é, na verdade, algo muito simples: basta crer com o coração e
confessar com a boca que Jesus ressuscitou e é Senhor (Romanos 10:9–10).
Obter a recompensa, por outro lado, não é tão simples.

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou.”
(Romanos 8:37)

Se a recompensa é para os vencedores, então poderíamos con-


cluir que todo crente será recompensado, porque todos são vence-
dores. De fato, é verdade. Mas precisamos compreender a diferença
entre posição legal e posição experiencial. Posição legal é aquilo
que é nosso por direito. Em Cristo Jesus, somos vencedores, porque
Ele já pagou o preço, morreu e ressuscitou, subjugou principados
e potestades. Ele venceu e, porque estamos nEle, também somos
vencedores. A posição dEle é a nossa.
Posição experiencial, porém, é viver aquilo que já é verdade legal-
mente. É possível ser herdeiro legal de uma grande fortuna e, na prática,

76
EDUARDO REIS

viver na miséria absoluta. Alguns são filhos do Rei, mas vivem como se
fossem escravos.
Charles Spurgeon conta que, certa vez, foi convidado para orar
na casa de uma irmã idosa muito humilde que já estava para partir e
se encontrar com o Senhor. Quando ele entrou na casa, ficou muito
sensibilizado com a simplicidade do lugar, mas o que mais lhe chamou a
atenção foi um quadro parecido com um diploma emoldurado na pare-
de. Depois de orar pela irmã, gentilmente lhe perguntou o que era aquele
quadro. Ela respondeu que havia trabalhado por muitos anos para uma
senhora muito rica e, depois de sua morte, havia deixado aquilo para ela
como lembrança. Spurgeon pediu para olhar e levou aquele quadro a um
advogado. Qual não foi a sua surpresa: aquele quadro era, na verdade,
um documento de herança. Aquela pobre senhora era muito rica. Por
ser analfabeta, não sabia o valor do documento e guardava-o como uma
simples lembrança.
É doloroso pensar que podemos ser donos de uma grande for-
tuna e viver na completa miséria. Essa é a história de muitos crentes,
são legalmente ricos, mas experiencialmente pobres, vivem como
derrotados.
A parte de Deus é dar, mas a nossa parte é nos apropriar. Se não
há apropriação, não há desfrute da herança. Vencedores são aqueles
que já entraram na experiência e se apropriaram daquilo que é de todo
crente por direito. Um crente derrotado é salvo? A nossa salvação é uma
questão de legalidade e não de experiência. Uma coisa é ser salvo, outra
é ser vencedor. A salvação é o dom de Deus para todo que nEle crê, mas
apenas o vencedor receberá a recompensa. A salvação é pela fé, contudo,
a recompensa é pelas obras que praticarmos diante de Deus.

“Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada


difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo.”
(Gálatas 4:1)

77
CÓDIGOS O REINO

Há muitos crentes que, embora sejam filhos, em nada diferem do


escravo. São donos de tudo, mas vivem como se não tivessem nada. Ser
um vencedor é uma questão de maturidade. Vencedores são maduros,
derrotados vivem como crianças. Vencedores são espirituais, enquanto
derrotados são carnais. A salvação é uma questão de estar em Cristo,
mas o reino depende de Cristo estar em nós, vivendo a Sua vida e nos
transmitindo o Seu caráter. Todos nós já temos a vitória legalmente
sobre o diabo, a carne e o mundo, contudo nem todos a possuem de
forma experiencial.

A SALVAÇÃO É DE GRAÇA
A segunda diferença, como já mencionamos anteriormente, é
a forma como o reino de Deus e o reino dos céus são adquiridos. A
salvação é pela graça mediante a fé, enquanto o reino é adquirido por
obras de justiça praticadas por nós.
Devemos ser radicais com o fato de a salvação ser de graça. Não é
salvação somada à quebra de maldição, não é salvação somada a deixar
de fumar, não é salvação somada a usar uma roupa mais apropriada, não
é salvação somada a alguma coisa: é salvação pela graça mediante a fé. É
graça, unicamente graça.

“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não
tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite.”
(Isaías 55:1)

“O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele
que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.”
(Apocalipse 22:17)

78
EDUARDO REIS

“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua mise-
ricórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo.”
(Tito 3:5)

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a


vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Romanos 6:23)

Às vezes, colocamos exigências tão grandes para uma pessoa ser


salva ou batizada que é mais fácil fazer penitências, como ir a pé a Trin-
dade e voltar. Seja firme contra o legalismo que não é de Deus, porque
anula o evangelho da graça.

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”
(Efésios 2:8-9)

O verdadeiro convite do Senhor é: “Venha do jeito que você esti-


ver, mas venha!” Ele não diz para primeiro lavarmos a nós mesmos ou
primeiro mudarmos de vida. É o Senhor quem vai mudar a sua vida, e
esse é o evangelho da graça. A graça é para salvação.

“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração,
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque
com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito
da salvação.”
(Romanos 10:9-10)

79
CÓDIGOS O REINO

A salvação acontece em um instante. O nosso espírito é regene-


rado na hora em que recebemos a vida eterna dentro de nós. Muitos
estão preocupados só com o inferno. Uma vez que você é salvo,
esqueça a questão do inferno. Não cremos em perda de salvação,
porque o Senhor disse:

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos


filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.”
(João 1:12)

Uma vez que tenho um filho, por mais que faça algo ruim, ele não
vai deixar de ser meu filho. O Senhor também diz que aquele que vai a
Ele nunca ninguém o arrebatará de Suas mãos.

“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará


da minha mão.”
(João 10:28)

Há duas linhas básicas da Teologia a esse respeito. O arminianis-


mo e o calvinismo.

O termo “Arminianismo” provém de Jacó ou Jacob Armínio, que


foi um teólogo neerlandês da época da reforma protestante. Trabalhou
em 1603 como professor de teologia na Universidade de Leiden, e escre-
veu muitos livros e tratados sobre teologia; sua visão tornou-se a base do
arminianismo e do movimento neerlandês remonstrante.
O arminianismo ensina que a salvação depende de nós e que, se
nós formos fiéis até o final, seremos salvos.
O arminianismo aceita a soberania de Deus e o fato de que nin-
guém consegue se salvar por esforço próprio. Deus nos oferece a salva-

80
EDUARDO REIS

ção de graça, mas também dá uma escolha a cada pessoa (Apocalipse


3:20). Ninguém é obrigado a crer e ser salvo.

O termo “Calvinismo” é o conjunto das ideias e doutrinas de João


Calvino (1509-1564), teólogo e reformador cristão, um dos grandes
nomes da Reforma protestante.
O calvinista diz que a salvação não depende de nós, é um presente
de Deus. Se eu recebi um presente, estou salvo e Deus não pega o pre-
sente de volta.
O Calvinismo ensina que Deus é soberano sobre todas as coi-
sas. Por isso, Ele escolhe quem quer salvar (Efésios 1:4-6). Ninguém
consegue se salvar pela própria vontade, porque todos estamos presos
no pecado. Mas Deus dá fé a alguns para que sejam salvos. Ninguém
a quem Deus escolheu consegue resistir à salvação; será obrigatoria-
mente salvo.
Nossa ênfase é no equilíbrio entre a visão da graça e a visão das
obras. Porque, por um lado, você foi salvo pela graça, mas, por outro
lado, você foi salvo pelas obras. Não seremos mais julgados com respeito
à salvação, mas com relação à recompensa, se somos ou não vencedores
diante de Deus.
Por um lado, o calvinismo é bom porque ensina uma verdade:
a salvação pela graça é um presente e não se perde. Por outro lado, o
arminianismo é bom, pois ensina comprometimento, seriedade com
Deus, buscar a Deus, vigiar, orar, assim como está na Bíblia. Os dois são
dois lados da mesma moeda, precisamos equilibrá-los.

O REINO DO CÉU É POR MÉRITO


Há pregadores que dizem que, se você vier a Jesus, vai ganhar uma
coroa no céu. Isso definitivamente está em desacordo com a Palavra de

81
CÓDIGOS O REINO

Deus. Ninguém vai receber uma coroa simplesmente porque é salvo. É


preciso ter obras. Apocalipse 2:23 diz:

“... Eu sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um,
segundo as vossas obras.”

Se a salvação é adquirida inteiramente pela graça mediante a fé,


então como é que o reino é adquirido? O reino é adquirido cumprindo
condições de Deus ligadas à fidelidade, santidade e perseverança. Veja
como exemplo o que Jesus disse no sermão do monte:

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.”


(Mateus 5:3)

Para entrar nos céus tem de ser humilde? Não, vimos que a sal-
vação é de graça. Se você creu com o coração e confessou com a boca,
você é salvo. Ou você acha que tem algum pecador humilde? Não há
pecadores humildes. Todo pecador é miserável, arrogante e soberbo.
Contudo, para herdar o reino e reinar com o Senhor Jesus, você precisa
ser humilde e negar a si mesmo.

“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o


reino dos céus.”
(Mateus 5:10)

Para ser salvo tem de ser perseguido? Não, mas a recompensa (a


posição de glória, de proeminência e de honra no reino), a fim de reinar
com o Senhor, é para quem é perseguido por causa da justiça.

82
EDUARDO REIS

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”
(Mateus 5:20)

Exceder em muito a justiça dos fariseus. Se você acha que para


ser salvo tem de ser mais santo do que um fariseu, você está arruinado.
Provavelmente nenhum de nós entraria no céu. Um fariseu era correto
pelas leis humanas nas mínimas coisas, só não o era por dentro, entre-
tanto a justiça do fariseu era correta.

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
(Mateus 7:21)

“Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por
esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.”
(Mateus 11:12)

Não é necessário se esforçar para ser salvo, pois a salvação é de


graça, contudo o reino é pelas obras, e quem não tem obras não vai
reinar com o Senhor.
É possível que alguém diga não querer reinar. Quem pensa assim
não pertence aos céus, pois alguém cheio do espírito, comprado e con-
quistado por Deus, não tem essa atitude. Um crente verdadeiro nunca
escolhe ser um derrotado.

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo as suas obras.”
(Apocalipse 22:12)

83
CÓDIGOS O REINO

“Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galar-
dão, segundo o seu próprio trabalho.”
(1 Coríntios 3:8)

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e


não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da
herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo.”
(Colossenses 3:23-24)

“Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim


como dívida.”
(Romanos 4:4)

A terceira diferença entre o reino dos céus e o reino de Deus refe-


re-se à duração. A salvação é eterna, enquanto o Reino durará mil anos.

“E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando
houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque
convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.”
(I Coríntios 15:24-25)

“Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus,


bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram
a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na
fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.”
(Apocalipse 20:4)

A salvação não será mais longa para uns ou para outros, ela
é igualmente eterna para todos. O reino dos céus durará o tempo do
milênio e, nele, alguns reinarão, enquanto outros serão disciplinados.

84
EDUARDO REIS

A quarta diferença está relacionada ao sofrimento. A salvação não


depende de sofrimento ou penitência alguma, mas o reino implica, por
vezes, sofrimento e privação.

“E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”
(Mateus 19:24)

Ser pobre não é condição para salvação. Para ser salvo não é pre-
ciso vender tudo, inclusive, há cristãos ricos na igreja. Há diferença no
reino: uma vez que eu sou salvo, mas avarento e mesquinho com meu
dinheiro, não vou receber recompensa da parte de Deus, não serei um
vencedor. É dificílimo um rico ser vencedor, pois ama muito o dinheiro.

“Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram


tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino
dos céus. Quem é apto para o admitir admita.”
(Mateus 19:12)

Não é preciso ser solteiro nem fazer voto de castidade para ser
salvo. Para herdar uma recompensa, no entanto, às vezes é necessário.
Por exemplo, se você não se casar, terá de morrer virgem, pois não há
sexo fora do casamento.
Apocalipse 20 mostra-nos os mártires recebendo o reino,
embora não diga serem os únicos (v. 4). A Bíblia, entretanto, nunca
mostra que o homem deva ser martirizado a fim de receber a vida
eterna. Entretanto, o reino é diferente, pois requer esforço, até mes-
mo o martírio.
A quinta diferença se refere à forma do tratamento de Deus.

85
CÓDIGOS O REINO

“Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu


reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua
esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber
o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos. Então, lhes
disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha
esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está
preparado por meu Pai.”
(Mateus 20.21-23)

Por que o Senhor não atendeu o pedido daquela mãe? Porque o


reino não é algo que se dá, mas se merece.

“E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus


lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”
(Lucas 23.42-43)

O pedido do ladrão envolvia o reino, mas a resposta de Jesus


direcionava à salvação. Ele não podia fazer nada sobre o reino. O ladrão
mau não tinha obras, estava sendo convertido na hora da morte.
Há um engano muito grande na vida da Igreja. Refiro-me a alguns
pensarem ter a morte algum poder de nos aperfeiçoar. Se morremos
ignorantes, chegaremos lá ignorantes; se morremos sem obras, sem
obras chegaremos lá.
Bem-aventurado é o que tem a oportunidade de servir o Senhor
em vida, pois suas obras vão acompanhá-lo. Quem não tem obras vai
chegar de mãos abanando diante de Deus.

86
EDUARDO REIS

“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim,


diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os
acompanham.”
(Apocalipse 14:13)

Que obras são essas? A grande obra é a transformação da nossa


alma: a santificação. O Senhor Jesus disse: aquele que em vós começou
a boa obra há de completá-la até o dia de Cristo. Aquele que foi salvo
hoje e morreu amanhã não teve a boa obra do Senhor completada em si.
A morte não tem o poder de acrescentar nada a ninguém. Quem
morre criança na fé chega ao céu criança na fé. Não adquirirá conhe-
cimento em um piscar de olhos. Se não teve a oportunidade de fazer
algo nesta terra, não terá repentinamente obras diante do Senhor apenas
porque morreu. No Milênio, o Senhor completará a obra na vida de
muitos crentes, alguns dos quais morreram antes ver a promessa do
Senhor realizada, mas ela será cumprida.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há
de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
(Filipenses 1:6)

O Senhor procura frutos, como podemos ver na passagem da


videira em João (15). Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira e vocês
são os ramos. O meu Pai está procurando frutos, e o ramo que não dá
fruto, Ele corta e joga no fogo.” Aquele que não der fruto passará pelo
fogo da disciplina de Deus no milênio. Todos estarão diante de Deus,
em pecado ou não. Se não se arrependerem, serão disciplinados aqui,
ou serão disciplinados lá.

87
CÓDIGOS O REINO

“Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com
ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, e o juiz te
entregue ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.”
(Mateus 5:25)

“A caminho” significa “enquanto estiverem vivos”. Se você


morrer com algo pendente, no dia do julgamento, o Senhor lhe
pedirá conta.
A sexta diferença entre o reino dos céus e o reino de Deus é a
graduação. A vida eterna é igual para todos, mas haverá diferença de
graduação entre os crentes no reino. Alguns receberão dez cidades, ou-
tros receberão cinco (Lc 19:17–19). Alguns receberão meramente uma
recompensa, outros, um galardão. Uns ganharão uma rica entrada no
reino (2 Pe 1:11), outros entrarão no reino silenciosamente.

“Respondeu-lhe o senhor: Muito bem, servo bom; porque foste fiel no


pouco, terás autoridade sobre dez cidades. Veio o segundo, dizendo:
Senhor, a tua mina rendeu cinco. A este disse: Terás autoridade sobre
cinco cidades.”
(Lucas 19:17–19)

“Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no


reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”
(2 Pedro 1:11)

Nunca haverá graduação relacionada à vida eterna. Ninguém


receberá dez anos a mais que o outro.
Mesmo quem se converteu mais tarde, já com mais idade, poderá ter
uma recompensa igual aos que se converteram mais jovens e tiveram mais
tempo para acumular tesouros no céu. Deus olha a intenção do coração.

88
EDUARDO REIS

Podemos ver esse princípio na parábola dos trabalhadores da


vinha em Mateus (20):

“Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama


os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo
até aos primeiros. Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles
um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam
mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas,
tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes
últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que
suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo,
disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo
um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto
quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu?
Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão
primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados,
mas poucos escolhidos.”
(Mateus 20:8–16)

A sétima diferença entre os reinos se refere à revogabilidade (Ap


3:11). A vida eterna já está definida, por isso podemos ter certeza de
salvação. Todavia, ser um vencedor está em aberto; podemos sê-lo hoje
e deixar de sê-lo amanhã.
Salomão é um exemplo de alguém que começou a corrida
vitorioso, mas terminou derrotado. Jacó, por outro lado, começou a
corrida muito mal, mas terminou vitorioso. A recompensa, portanto,
permanece em aberto. Alguém que tem uma coroa hoje pode não
tê-la amanhã.

89
CÓDIGOS O REINO

“Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a
tua coroa.”
(Apocalipse 3:11)

A oitava diferença está ligada ao julgamento (2 Tm 4:7–8). Os


crentes do Novo Testamento serão julgados pelo tribunal de Cristo, en-
quanto os ímpios serão julgados por Deus no julgamento do grande trono
branco. O julgamento dos crentes será antes do Milênio, por ocasião da
vinda de Cristo, não para perdição e sim para recompensa. Por outro lado,
o julgamento do trono branco, após o Milênio, será para condenação.

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de


Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo.”
(2 Coríntios 5:10)

“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois
todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Assim, pois, cada um
de nós dará contas de si mesmo a Deus.”
(Romanos 14:10,12)

“Porque de nada me argui a consciência; contudo, nem por isso me dou


por justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis
antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena
luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos
corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.”
(1 Coríntios 4:4–5)

“Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará,


porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o
próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o

90
EDUARDO REIS

fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se


queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que
através do fogo.”
(1 Coríntios 3:13–15)

“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus


anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.”
(Mateus 16:27)

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo as suas obras.”
(Apocalipse 22:12)

“Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu


retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é
cair nas mãos do Deus vivo.”
(Hebreus 10:30–31)

Embora salvos para sempre e perdoados por Deus, os crentes


estão sujeitos ao julgamento do Senhor, não para perdição, mas para
disciplina, caso desrespeitem a lei do reino. Entretanto, ao pecarmos
contra a lei do reino e confessarmos o nosso pecado, somos perdoados
e limpos pelo sangue do Cordeiro (1 Jo 1:7,9).
O julgamento, porém, não é apenas para recompensa. Sabemos
que alguns receberão recompensa enquanto outros, o oposto. Mas o que
é o oposto de recompensa? Se não é punição, o que é?

“Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se


aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos
açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez
coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem

91
CÓDIGOS O REINO

muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia,
muito mais lhe pedirão.”
(Lucas 12:47–48)

O texto de Lucas mostra não somente a perda da recompensa,


mas a possibilidade do açoite.

“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo.”
(1 Coríntios 3:15)

Como pode alguém sofrer danos pelo fogo sem ter nenhum tipo
de sofrimento?

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do


ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.”
(João 15:6)

Ser lançado fora ou no fogo são experiências de disciplina e


punição diante de Deus. Se um crente cair em pecado e falhar em se
arrepender, poderá ser disciplinado por Deus.
O julgamento dos ímpios, por outro lado, será do grande trono
branco após o Milênio.

“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presen-
ça fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os
mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então,
se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os
mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava
escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o

92
EDUARDO REIS

além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por


um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados
para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se
alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para
dentro do lago de fogo.”
(Apocalipse 20:11–15)

Lucas trata do tempo do julgamento dos crentes.

“Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. (...)


Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se
aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos
açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez
coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem
muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia,
muito mais lhe pedirão.”
(Lucas 12:35; 47–48)

Há uma veste para as bodas, a festa do noivo, e esta é a roupa da


recompensa. Em primeiro lugar, vemos a importância de cingir o cor-
po. Gálatas (3:27) mostra que estamos vestidos de Cristo para salvação
pelo batismo. Apocalipse (19:7–8), por outro lado, demonstra que nós
mesmos tecemos a nossa veste espiritual com nossos atos de justiça. Em
segundo lugar, vemos a necessidade de manter nossas candeias acesas,
mas o que isso significa? Analisemos a parábola a seguir com cuidado.

3. A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS


Analisaremos a parábola contada por Jesus em Mateus (25:1–13).
Tenha em mente que a parábola fala da volta de Jesus, portanto, a ênfase
está no reino e não na salvação.

93
CÓDIGOS O REINO

“Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando
as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre
elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas
lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além
das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. E, tardando o noivo, foram
todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se
um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas
aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às
prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se
apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte
a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. E, saindo
elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entra-
ram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram
as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas
ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço. Vigiai, pois,
porque não sabeis o dia nem a hora.”

QUEM SÃO AS VIRGENS


As virgens representam aqueles que foram recriados em Cristo.
A Bíblia jamais usa a expressão “virgem” para se referir ao ímpio pe-
caminoso. O texto, porém, fala de duas classes de virgem: as néscias e
as prudentes. Muitos comentaristas tomam as virgens néscias como
os não salvos, mas eu creio que elas eram crentes pelos seguintes
motivos:

• As cinco eram virgens. Esta questão nunca é colocada em


dúvida;
• Há luz nas suas lâmpadas, assim como nas lâmpadas das vir-
gens prudentes. Independentemente do que consideramos ser
a luz no texto, devemos aplicá-lo também às virgens néscias;

94
EDUARDO REIS

• Todas foram encontrar-se com o noivo. O incrédulo nunca


irá ao encontro do Noivo, como um bandido nunca vai ao
encontro da polícia;
• “Mas à meia-noite ouviu-se um grito”. Esse grito aponta
para a voz do arcanjo na última trombeta. O grito é para
todas as virgens;
• Há óleo nas lâmpadas, ainda que não tenha sobrado nas vasi-
lhas. O óleo aponta para o Espírito Santo;
• Todas as dez estavam dormindo. Dormir, aqui, deve significar
estar morto. Se assim for, as dez ressuscitaram. O ímpio só
ressuscitará ao fim dos mil anos;
• As cinco prudentes vão com o noivo, depois as néscias tam-
bém vão (v. 11). Todas são levadas, mas só as cinco prudentes
entram para a festa;
• A diferença entre as virgens recai sobre a conduta, não sobre a
natureza. A única diferença é se são néscias ou prudentes, não
se são falsas ou verdadeiras;
• Se o noivo não tivesse demorado, não faltaria azeite e todas
entrariam;
• As virgens néscias são virgens do começo até o fim;
• No verso 9, é dito que o azeite é comprado. Se fosse salvação,
deveria ser de graça. Ou seja, remete ao reino, que só pode ser
conquistado por aqueles que já são salvos;
• Se as cinco néscias são descrentes, as prudentes pecaram não
querendo ajudá-las;
• O Senhor mandou vigiar, indicando que a parábola se dirige
a crentes.

95
CÓDIGOS O REINO

As Lâmpadas
Todas as dez virgens tinham lâmpadas. Na Bíblia, “lâmpada” pode
significar pelo menos quatro coisas: a Palavra de Deus (Sl 119:105); a
palavra da profecia (2 Pe 1:19); o testemunho do crente (Mt 5:14-16); o
espírito humano (Pv 20:27).
Pela simples lógica, podemos concluir que as lâmpadas tinham
a função de ter luz e conter o azeite. Devem, portanto, apontar para o
testemunho do crente e para o espírito humano. Ter a lâmpada acesa é
ser salvo, assim como ter um testemunho cheio de boas obras.

As Diferenças entre as Virgens


A primeira diferença entre as virgens é que cinco delas eram
néscias. A palavra “néscio” significa “tolo” ou “imprudente”. É a mesma
usada por Jesus em Mateus (7:24–26) para descrever aquele que edifica
a sua casa sobre a areia. Ser néscio é andar segundo as próprias ideias
(Pv 9:10).
A segunda diferença entre as virgens é que as cinco prudentes
tinham azeite na vasilha, as néscias, não.

O Azeite nas Vasilhas


O óleo nas lâmpadas fala do Espírito Santo no interior do crente.
• “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 
Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel
36:26–27)
• “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da ver-
dade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da promessa.” (Efésios 1:13)

96
EDUARDO REIS

• “O espírito do homem é a lâmpada do SENHOR, a qual esqua-


drinha todo o mais íntimo do corpo.” (Provérbios 20:27)
• “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o
Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito
de Cristo, esse tal não é dele.” (Romanos 8:9)
• “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-
-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em
vós? Se não é que já estais reprovados.” (2 Coríntios 13:5)
• “E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em
Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em
nós, pelo Espírito que nos deu. (...) Nisto conhecemos que per-
manecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.”
(I João 3:24 e 4:13)

Ter o azeite nas lâmpadas aponta, então, para a nossa salvação. Se


somos salvos, temos o Espírito Santo em nós, portanto temos azeite nas
lâmpadas. Por outro lado, o óleo nas vasilhas é adicional, é ser trans-
bordante — certamente significa ser cheio do Espírito. Ser cheio é uma
questão de busca constante após receber o Espírito na regeneração. 
O Senhor está interessado se temos óleo extra, ou seja, se somos
cheios do Espírito.

As Virgens Adormeceram
A demora do Senhor foi o grande teste para as virgens. Como
Ele demorou, elas dormiram. Na Palavra de Deus, dormir tem dois
significados: apostasia (Rm 13:1–14 e I Ts 5:6) e morte física (I Ts 4:13
e Jo 11:11–14.). 
Dormir não é algo negativo na parábola, porque todas as virgens
dormiram, inclusive as prudentes. Por isso, podemos afirmar que o
sono, aqui, aponta para a morte física.

97
CÓDIGOS O REINO

“À meia-noite ouviu-se um grito”. Essa é a voz do arcanjo ou o


soar da última trombeta (I Ts 4:16 e I Cor 15:52). Todas as virgens se
levantaram, e todos os salvos ressuscitarão na vinda do Senhor, quando
o anjo tocar a última trombeta.

A Compra do Azeite
Nos versos 8 e 9, vemos que o azeite deveria ser comprado. O
dom do Espírito pode ser dado pela imposição de mãos (At 8:17, 19:6,
1 Tm 4:14 e 2 Tm 1:6), mas o ser cheio do Espírito não é transferível.
A salvação é de graça, mas há coisas na Palavra de Deus que precisam
ser compradas, como o poder para ministrar com vida (2 Cor 4:8–11);
colírio, vestiduras espirituais e ouro da glória de Deus (Ap 3:18); a sabe-
doria e o conhecimento (Pv 23:23).

A Festa das Bodas


Apocalipse (19:7–9) fala das condições para participar da festa.
Nesse caso, vemos que ser cheios do Espírito é uma condição funda-
mental. Não basta ser íntegro, é preciso ser cheio do Espírito.

Não Vos Conheço


Sabemos que Deus é onisciente, mas, no texto, Ele diz que não
conhece as virgens noivas. No original, há duas palavras igualmente
traduzidas como “conhecer”: oida e gnosko.
Gnosko é o conhecimento objetivo, enquanto oida é traduzida em
muitos lugares como “aprovar”, “aplaudir” ou “recomendar” (Jo 1:26
e 31, Jo 8:19 e 1 Sm 3:7). Em 1 Coríntios (8:3), é dito que o Senhor
conhece aqueles que O amam. As virgens prudentes amavam o Senhor,
por isso tinham azeite sobrando nas vasilhas.
Lembre-se: aquele que tem mais luz tem maior responsabilidade.

98
EDUARDO REIS

4. A PARÁBOLA DOS TALENTOS


Há outra parábola contada por Jesus em Mateus (25:14–30) que
mostra perfeitamente como lidar com o que nos foi dado pelo Espírito
Santo, a fim de cultivar na terra o que foi dado a nós: os talentos.

“Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os


seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a
outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacida-
de; e, então, partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente
a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que
recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo, abriu
uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo,
voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Então, apro-
ximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizen-
do: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos
que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel
no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E,
aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor,
dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. Disse-lhe
o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o
muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Chegando, por fim, o
que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo,
que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso,
escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondeu-lhe,
porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não
semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses
o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o
que é meu. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. Porque a
todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem,
até o que tem lhe será tirado. E o servo inútil, lançai-o para fora, nas
trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.”

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CÓDIGOS O REINO

O Homem se Ausenta do País


O homem aponta para Jesus. Ele se ausentou por um tempo, mas
está para voltar.

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o


Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”
(Filipenses 3:20)

Ausentar-se do país fala de Sua ascensão aos céus.

“O qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe


subordinados anjos, e potestades, e poderes.”
(1 Pedro 3:22)

Ele chamou os Seus servos. Nem os judeus nem os incrédulos


são servos do Senhor; são aqueles que foram comprados por um preço.

Os Talentos
Ao se ausentar do país, tal homem distribuiu os seus bens. Quais
são os bens do Senhor? Os talentos. Ele deu talentos a cada um segundo
a sua capacidade.
Pela parábola, podemos identificar o seguinte:

• Só o crente tem talentos, pois o senhor deixou os seus bens


para servos;
• Os servos do senhor são os crentes regenerados;
• Os talentos não são dados indiscriminadamente, mas segundo
a capacidade de cada um;

100
EDUARDO REIS

• Os talentos podem ser multiplicados e podem ser tomados


de volta.

Diante disso, vemos que talento não se refere a posição, dinheiro,


bens ou dom natural. Na Palavra, há apenas uma coisa que se enquadra
nessas características: os dons espirituais. Podemos afirmar que os
talentos são os dons do Espírito pelas seguintes razões: são exclusiva-
mente do Senhor (At 2:38); podem ser distribuídos (At 19:6); podem ser
desenvolvidos (I Co 14:12–13); são dados de acordo com a capacidade.
Existe uma relação entre os nossos dons naturais e os dons do Es-
pírito. Quando Jesus chamou Pedro, ele estava pescando, e o ministério
do apóstolo remete a essa origem: Pedro se tornou pescador de homens.
Quando João foi chamado, estava consertando redes, e também seu
ministério teve esta característica: trazer a igreja de volta ao rumo certo.
Quando Paulo foi chamado, ele era fazedor de tendas, e o mesmo acon-
teceu no seu ministério: ele foi o edificador das bases da Igreja como
edifício de Deus.

Como os Servos Lidam com o Talento


O ato de negociar não é fácil, envolve risco, dificuldades, ansiedade
e trabalho duro. A ênfase da parábola está naquele que recebeu apenas
um talento. A tendência do que tem apenas um talento é achar que esse
único talento é insignificante ou envergonhar-se pelo pouco que tem.
“Terra” aponta para esse mundo e a rejeição da intimidade do Senhor,
ou seja, o servo enterrou o talento, deixando-se levar pelo mundanismo.
Ele o fez porque não conhecia o Senhor, como vemos no verso 24. A
ênfase não está na quantidade de talento, mas na fidelidade. 
A parábola das virgens fala sobre ser cheio. A parábola dos talentos,
sobre os dons do Espírito. A primeira fala do arrebatamento, a segunda,

101
CÓDIGOS O REINO

do tribunal de Cristo. O Senhor não os mandou negociarem os talentos,


mas os servos perceberam a intenção do Senhor, pois o conheciam.

O Julgamento dos Dois Primeiros Servos


O Senhor vem para ajustar contas com os servos, com a Igreja.

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de


Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo.”
(2 Coríntios 5:10)

“Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.”


(Romanos 14:12)

Não seremos julgados apenas pelo que fizemos, mas também pelo
que não fizemos. O problema do servo que enterrou o talento não foi o
que ele fez, mas o que deixou de fazer. A recompensa não é pela quanti-
dade de trabalho, mas pela fidelidade que produz fruto. O que fazemos
hoje é ser fiel no pouco; estamos nesta vida apenas sendo treinados para
obras maiores.

O Julgamento do Terceiro Servo


O servo infiel é aquele que enterrou o talento. Muitos pensam que
esse servo era um crente falso ou não era crente de forma alguma, mas
eu creio que ele era crente pelos seguintes motivos: se esse homem não é
crente, isso significa que todos os crentes serão recompensados, pois os
outros dois servos receberam a recompensa.
Ele era um servo e, como vimos, o servo é aquele que foi compra-
do pelo sangue. O Senhor não dá os Seus bens, ou seja, os talentos, para
os incrédulos. Ele é um servo infiel, mas não um servo falso.

102
EDUARDO REIS

Uma laranja com defeito é diferente de uma laranja de plástico. A


laranja de plástico é falsa, a com defeito é apenas desqualificada.
O servo foi julgado por obras, não por fé. Se fosse um incrédulo,
poderíamos supor que a salvação é por obras, mas ele é julgado junto
com os salvos. Sabemos que o julgamento dos incrédulos será separa-
do. Como o Senhor pode cobrar de um incrédulo não usar um dom
espiritual? O servo infiel ainda continuava com o talento e nem mesmo
achava que tinha feito algo errado.
Esta parábola é paralela à parábola das minas de Lucas (19:11–27)
e, em Lucas, o servo infiel não é executado junto com os inimigos.

A Punição do Servo Infiel


Ser lançado fora nas trevas significa ser lançado fora da presença
do Senhor. Tenha em mente o lugar de onde o Senhor fala. O inferno
nunca é chamado de trevas exteriores. De fato, o inferno tem um ele-
mento de fogo, portanto, não é escuro. Choro e ranger de dentes falam
de arrependimento e da lamentação de ter tido a oportunidade de fazer
o correto e não tê-lo feito.
Diante disso, precisamos entender que tudo em nossas vidas
deve ser tratado hoje. O tratamento do Senhor envolve três momentos:
primeiro, somos tratados pelo sangue. Se nós nos arrependemos e dei-
xamos o sangue nos lavar, não há condenação.
Depois, temos o princípio da cruz para remover tudo o que
resta da velha criação em nós. Ao seguir o Senhor, já estamos rece-
bendo nosso tratamento equivalente e não precisaremos nos tratar
com Deus naquele dia.  Mas, se falhamos em colocar tudo à luz de
Deus para sermos lavados pelo sangue e não seguirmos o Senhor,
tomando a nossa cruz, então arcaremos com as consequências no
tribunal de Cristo.

103
CÓDIGOS O REINO

TAREFAS:

1. A respeito do reino dos céus, cite três aspectos em cada uma


dessas áreas que já são vivenciados na sua rotina:

Aparência
1 ___________________________________
2 ___________________________________
3 ___________________________________

Realidade
1 ___________________________________
2 ___________________________________
3 ___________________________________

Manifestação
1 ___________________________________
2 ___________________________________
3 ___________________________________

Caso tenha tido dificuldade em responder, faça abaixo um con-


traponto das três coisas que você precisa tirar do papel e em que precisa
trazer a realidade do reino para a sua vida:
________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

104
EDUARDO REIS

2. Diferencie detalhadamente o que é salvação e o que é recom-


pensa. Não esqueça de citar os versículos bíblicos.
________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

3. Depois da exposição da parábola das dez virgens, faça uma autoa-


nálise e escreva quais traços prudentes e néscios há na sua vida hoje.
________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

4. Você tem clareza do seu chamado? Detalhe abaixo quais são os


seus dons naturais e os dons do Espírito (talentos).
________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

105
CÓDIGO 5
QUALIFICAÇÕES PARA ENTRAR
NO REINO

D
eixamos claro que o reino é o tempo em que Deus recom-
pensará os cristãos conforme as suas obras. No reino, os
crentes fiéis serão recompensados e os infiéis, punidos.
Muitas pessoas pensam que, se um cristão for infiel, mesmo que tenha
de ocupar uma posição inferior devido às suas ações, ele o fará dentro
do reino.
Muitos que não compreendem a Palavra e a obra de Deus pen-
sam que lhes está garantida a entrada no reino dos céus. Eles pensam
que, quando o Senhor Jesus vier para reinar, haverá simplesmente uma
distinção entre as mais altas e as mais baixas posições no reino, e que
ninguém perderá totalmente o reino dos céus. Entretanto, no reino dos
céus, haverá não somente distinção entre as posições mais altas e mais
baixas, como também distinção entre entrar e ser deixado de fora.
A Bíblia nos mostra que há uma nítida diferença entre dez
cidades e cinco cidades, entre uma coroa grande e uma pequena,
entre uma glória maior e uma menor. Como uma estrela difere de
outra, assim também são diferentes as posições no reino. Vejamos as
qualificações.

107
CÓDIGOS O REINO

1. FAZER A VONTADE DO PAI


A Bíblia revela uma verdade muito séria. Apesar de uma pessoa
ter a vida eterna, ela ainda pode ser rejeitada no reino dos céus. Um
versículo que fala disso é Mateus (7:21):

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.”

Nesse versículo, todas as pessoas se referem ao Senhor como


“Senhor”. Ele fará uma distinção entre os discípulos que podem
entrar no reino dos céus e os que não podem. O Senhor, aqui, mos-
tra-nos claramente que a condição para entrar no reino dos céus é
fazer a vontade dEle.
Embora alguns tenham sido salvos, sem fazer a vontade de Deus,
não podem entrar no reino dos céus. Se alguém não for fiel enquanto
viver na terra, embora não vá perder a vida eterna, perderá o reino dos
céus. Quando chegar o tempo de os céus reinarem, isto é, quando o
Senhor Jesus vier pela segunda vez, alguns não estarão aptos para entrar
no reino, perdendo-o.
O Senhor mencionou esse assunto no versículo 21. A seguir, nos
versículos 22 e 23, Ele explicou a questão em forma de profecia. Haverá
muitos, não somente um ou dois, que não farão a vontade de Deus.

“Muitos, naquele dia hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura,


não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então Ihes direi
explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais
a iniquidade.”

108
EDUARDO REIS

Aqui, o Senhor Jesus nos diz o que ocorrerá diante do trono de


julgamento. Ele diz: “Naquele dia”. Portanto, isso não se refere a hoje,
mas ao futuro. Há muitos que labutam, mas não veem a luz de Deus
em suas vidas. Quando o tempo do trono do julgamento vier e quando
Cristo começar a julgar a partir da casa de Deus, esses cristãos verão luz
pela primeira vez. Eles verão que estão errados na sua posição e no seu
viver. Naquele dia, muitos dirão perante o Senhor:

“Não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?”

Dentro de uma só frase, a expressão “em teu nome” é mencionada


três vezes. Isso prova que estas pessoas são do Senhor. O fato de dizerem:
“Senhor, Senhor” prova que a posição delas é a de um cristão. Elas não
somente dizem que profetizam, expelem demônios e fazem milagres,
elas fazem isso no nome do Senhor. A tripla menção de “em teu nome”
mostra-nos o relacionamento delas com o Senhor.
Surpreendentemente, o Senhor lhes diz: “Então lhes direi explici-
tamente: Nunca vos conheci”. Muitos acham que tais pessoas certamente
não são salvas. Mas, se elas não fossem salvas, a palavra do Senhor aqui
não teria significado. Mateus (7) é a conclusão do sermão no monte,
dando sequência à palavra acerca das bem-aventuranças. Essas palavras
no monte foram ditas pelo Senhor Jesus aos discípulos. Após ter subido
a montanha, Seus discípulos o seguiram, e, do capítulo 5 até o capítulo
7, Ele os ensina.
O Senhor Jesus disse que eles não deveriam chamá-lo de Senhor
apenas com a boca. Se eles O chamavam de Senhor, deveriam fazer a
vontade do Pai. Mesmo que tivessem as obras exteriores de profetizar,
expelir demônios e fazer milagres, elas não deveriam substituir a von-
tade do Pai.

109
CÓDIGOS O REINO

Fazer a vontade do Pai é uma coisa enquanto profetizar, expelir


demônios e fazer milagres são outra, totalmente diferente. Algumas
vezes, pode-se profetizar, expelir demônios e fazer milagres sem fazer
a vontade do Pai. Devemos lembrar-nos não somente de chamá-Lo
de Senhor com nossa boca, mas também de fazer a vontade do Pai em
nosso andar.
Se o Senhor estivesse falando acerca de pessoas não salvas, essa
palavra perderia totalmente o significado, pois não faria sentido dizê-la
aos discípulos. O Senhor Jesus, aqui, deve estar advertindo os salvos ao
falar sobre salvos. Ele não pode estar advertindo os salvos ao falar sobre
não salvos.
Suponha que uma pessoa tenha uma criada e duas filhas, e que
dissesse para a filha mais jovem: “Você está vendo essa criada? Ela não
nasceu de mim. Está sendo despedida. Você deve ser obediente hoje.
Se não for obediente, farei com você assim como estou fazendo com
ela”. Essa palavra é coerente? Uma criada não nasceu na família e, se
for desobediente, pode ser demitida, mas a filha da família não é uma
criada. Não se pode aplicar a uma filha a maneira de tratar uma criada.
A mãe deveria dizer: “Na noite anterior, castiguei sua irmã, pois ela foi
desobediente. Agora, cuide-se. Se você não for obediente, vou castigá-la
da mesma forma”. A mãe deve tomar a irmã como exemplo. Uma criada
não pode ser usada para comparação.
Não existe motivo para o Senhor usar os não salvos como exemplo
para mostrar aos discípulos que eles precisam fazer a vontade de Deus.
Se fizesse isso, os discípulos poderiam se levantar e dizer: “Eles são os
não salvos, mas nós somos os salvos”. O que responder a isso?
O que o Senhor Jesus está dizendo é isto: “Muitos são filhos
de Deus. São salvos e são como você. Eles me chamam de ‘Senhor’
e têm realizado muitas obras. Mas, apesar disso, estão excluídos do
reino, por isso você deve ser cuidadoso. Você deve fazer a vontade
de Deus”. Somente dessa maneira os discípulos saberão que, embora

110
EDUARDO REIS

realizem muitas obras, se não fizerem a vontade de Deus, receberão


a mesma punição.
O Senhor estava nos advertindo de que somente os que fazem a
vontade de Deus podem entrar no reino. Se alguém confiar na própria
obra para se achegar diante de Deus, o Senhor Jesus lhe dirá: “Não
conheço você”.
Permita que eu lhe dê outro exemplo. Suponha que o filho de um
juiz dirija descuidadamente e bata em outro carro. Ele é levado pela
polícia até a corte para uma audiência. O juiz pergunta: “Jovem, qual é o
seu nome? Quantos anos tem? Onde você mora?” Abatido no tribunal,
o filho pode pensar: “Você deve saber todas essas coisas melhor do que
eu”. Ele pode responder às poucas perguntas iniciais, mas, depois de
algum tempo, gritar ao pai: “Pai, você não me conhece?” Então, que
deveria o juiz fazer? Ele poderia bater seu martelo e dizer: “Eu não o
conheço. Em minha casa, eu o conheço. Mas, na corte, nunca o conheci”.
Se alguém observar a questão do reino, perceberá que, no reino,
o ponto não é se uma pessoa é salva ou não, se é filha de Deus ou não, o
que realmente conta é a sua obra depois de se tornar crente.
Por que o Senhor disse: “Nunca vos conheci”? A próxima sentença
explica: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Por favor,
lembre-se de que o Senhor não lhe disse para se apartar da vida eterna.
No original grego, “os que praticais a iniquidade” se refere a pessoas que
não seguem regras, não guardam a lei ou não aceitam regulamentos.
Aos olhos de Deus, fazer o mal não significa apenas fazer coisas más.
Não importa quantas obras uma pessoa tenha, uma vez que ela não
prestou atenção à exigência de Deus, ao Seu julgamento e ao Seu arranjo
soberano, isso é maligno aos olhos dEle.
O problema aqui não é fazer o mal, mas não ter princípios. Que
são os princípios? Os princípios são a palavra de Deus. E o que é a pala-
vra de Deus? A palavra de Deus é a vontade de Deus. Se você não estiver
fazendo a vontade dEle, não importa o que faça, o Senhor Jesus dirá que

111
CÓDIGOS O REINO

você é iníquo. Os que fazem as coisas segundo o próprio ego não terão
parte no reino dos céus.
Meu propósito ao dizer essas coisas é mostrar-lhes a importância
das obras de um cristão. A Bíblia mostra-nos claramente que uma pes-
soa, após crer no Senhor, embora nunca vá perder a vida eterna, pode
perder seu lugar e glória no reino. Se não fizermos a vontade de Deus,
mas obras segundo nossa própria vontade, seremos excluídos do reino.
Nada pode substituir a vontade de Deus. Aqueles que não sabem
como parar sua própria obra certamente nada sabem sobre a vontade
de Deus. Somente aqueles que conhecem a vontade de Deus conseguem
parar de trabalhar. Deus quer que, primeiro, obedeçamos à Sua vontade
para, depois, trabalharmos. Existe uma grande diferença entre trabalhar
e fazer a vontade de Deus.

2. ESMURRAR O CORPO PARA AGRADAR AO SENHOR


Outra passagem que alguns interpretam mal, como se se referisse
à perdição, de fato se refere à perda do reino e à perda da recompensa.
A Primeira Epístola aos Coríntios (9:23-27) diz:

“Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador


com ele. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa cor-
ruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem
meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu
corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não
venha eu mesmo a ser desqualificado.”

112
EDUARDO REIS

Paulo temia que, tendo pregado a outros, ele mesmo fosse


reprovado, ou seja, também corria esse risco. Qual é o significado
de ser reprovado? E em que se está sendo reprovado?
No versículo 24, Paulo se compara a alguém que está participando
de uma corrida na qual somente um levará o prêmio. Portanto, o pro-
blema aqui não é uma questão de salvação, mas de receber o prêmio.
Paulo está falando sobre como uma pessoa salva pode receber o prêmio,
não como alguém não salvo pode ser salvo. Somente os filhos de Deus
podem participar da corrida e perseguir o prêmio que Ele deseja que
ganhemos. Se alguém não é filho de Deus, não está sequer qualificado
para entrar na corrida.
A Bíblia nunca diz que a salvação é conquistada por corrermos a
carreira. Ela nunca diz que, se alguém for capaz de correr, será salvo. Se
assim fosse, poucos seriam salvos e a salvação dependeria de obras. A
Bíblia diz que o prêmio vem pelo correr.
Qual é o prêmio? O versículo 25 diz: “Todo atleta em tudo se domi-
na; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorrup-
tível”. Aqui é dito que o prêmio é uma coroa. Já mencionamos antes que
a coroa representa a glória e o reino. Portanto, a palavra “desqualificado”
não se refere à perda da salvação. A palavra “desqualificado”, no versícu-
lo 27, significa fracassar em receber a coroa e o prêmio. Se Paulo podia
ser desqualificado, então todos nós temos possibilidade de também o
sermos. Se Paulo podia perder seu prêmio e sua coroa, então cada um
de nós também pode.
O versículo 26 indica o motivo para ser desqualificado:

“Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo
golpes no ar.”

Paulo tinha um propósito e uma direção. Ele não desferia golpes


no ar. O seu alvo e sua direção eram aquilo que ele disse em 2 Corín-

113
CÓDIGOS O REINO

tios (5): que ele anelava ser agradável ao Senhor (v. 9). Quer vivesse
quer morresse nesta terra, o seu desejo era agradar ao Senhor. Como
ele correu a carreira? Ele não correu desleixadamente. Ele tinha uma
direção certa e um alvo definido. Não desferia golpes no ar nem fazia
simplesmente o que outros diziam, tampouco fazia algo apenas porque
a necessidade estava presente.
Se quisermos receber o prêmio, que devemos fazer? “Mas esmurro
o meu corpo, e o reduzo à escravidão” (v. 27). Muitos estimam seu próprio
corpo acima do prêmio, entretanto, Paulo disse que o dominava. Ele
podia controlar a concupiscência, as exigências excessivas e os desejos
de seu corpo. Não permitia que o corpo prevalecesse, mas o esmurrava
e fazia dele seu escravo. Se um cristão pode ou não agradar ao Senhor
depende da sua capacidade de controlar o próprio corpo. Devemos ver
que todos os que não podem controlá-lo perderão seu prêmio e sua
coroa. Embora possam pregar o Evangelho a outros, eles mesmos serão
desqualificados.
Nós, cristãos, somos salvos de uma vez por todas e jamais perde-
remos nossa salvação. Mas, quando o Senhor Jesus voltar na Sua glória
para governar a terra, Ele não dará coroas para todos. Alguns não esta-
rão aptos para entrar no reino e não estarão aptos a receber uma coroa.
A palavra do Senhor é muito clara acerca da salvação e da vida
eterna: ambas são totalmente provenientes da graça. Se alguém pode ou
não entrar no reino dos céus depende de suas obras. Acabamos de ver
que temos de fazer a vontade de Deus. Aqui vemos que é necessário es-
murrar o próprio corpo. Podemos realizar muitas obras exteriormente,
mas, enquanto não restringirmos nosso corpo, não nos será permitido
entrar no reino.
Na Bíblia parece haver um número fixo de coroas. Apocalipse
(3:11) diz:

114
EDUARDO REIS

“Venho logo. Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a
tua coroa.” (BJ)

Alguns que não compreendem a Bíblia não sabem qual a diferença


entre uma recompensa e um dom, tampouco a diferença entre a coroa e
a salvação de Deus. Eles acham que a salvação pode ser tirada deles. A
palavra “tome”, aqui, não se refere à salvação, mas à coroa. Alguém pode
estar salvo e, ainda assim, perder a coroa. Se você for frouxo e não segurar
com firmeza, perderá sua coroa. Outra pessoa poderá tirá-la de você.
Apocalipse (2:10) tem uma palavra semelhante a essa:

“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

Aqui não diz dar a vida, mas dar a coroa da vida. A vida é obtida
pela fé, não pela fidelidade. Se uma pessoa não tiver fé, não poderá ter
vida. Mas, se uma pessoa for infiel depois de receber vida, ela perderá
a coroa. Portanto, se um cristão não tiver boas obras após ser salvo,
embora não perca a vida, perderá a coroa.

3. COMBATER O COMBATE E GUARDAR A FÉ


Essa questão do prêmio implica ter uma meta, implica participar
de uma corrida, correr de acordo com as normas.

“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a


coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam
a sua vinda.”
(2 Timóteo 4:7–8)

115
CÓDIGOS O REINO

Ser um vencedor é uma questão de combate. Não há vitória sem


guerra. Existe a guerra contra a carne, contra o ego, contra o mundo,
contra o diabo, contra as circunstâncias.
Paulo também diz: “Completei a carreira”. Isso se refere à ilustra-
ção de 1 Coríntios (9). A carreira é a corrida, e só vai receber o prêmio
quem terminar a carreira, que é a transformação da nossa alma. No
passado, o nosso espírito foi regenerado, mas, agora, a obra de Deus em
nós é transformar a nossa alma pela santificação. Completar a carreira é
completar essa obra em sua alma.
Paulo ainda diz “guardei a fé”. A única batalha para a qual somos
chamados é a batalha da fé. Ganhar a coroa da justiça não é coroa da
vida nem da graça. Por fim, Paulo diz que vencedor é aquele que ama a
vinda do Senhor.

4. EDIFICAR COM OURO, PRATA E PEDRAS PRECIOSAS


A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é 1 Corín-
tios (3:14–15):

“Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse


receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas
esse mesmo será salvo.”

Isso nos mostra claramente o que um cristão não pode perder e o


que ele pode perder. Uma vez que uma pessoa é salva, certamente está
salva para sempre. Contudo, se tal pessoa receberá ou não um galardão,
não pode ser decidido hoje.
A salvação eterna de um cristão já está determinada, mas a re-
compensa futura é uma questão pendente, decidida pela maneira como
alguém edifica sobre o fundamento do Senhor Jesus.

116
EDUARDO REIS

A nossa salvação independe de como edificamos, depende apenas


de como o Senhor edifica. Se a Sua obra é perfeita, certamente estamos
salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa ou se sofre-
remos perda depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém
edifica com ouro, prata e pedras preciosas — coisas com valor eterno
— sobre o fundamento do Senhor Jesus, certamente receberá um ga-
lardão. Contudo, se ele edifica com madeira, feno e palha, não receberá
um galardão diante de Deus. Ele pode ter muito diante dos homens,
mas não terá muito diante de Deus. Isso nos mostra que é possível um
homem perder seu galardão e ter sua obra queimada.
Permitam-me repetir isto: graças a Deus, a questão da nossa
salvação eterna foi decidida há mais de dois mil anos. A verdade
do Evangelho é muito equilibrada. A salvação depende totalmente
do Senhor Jesus, assim como a sua concessão. Entretanto, se al-
guém pode obter recompensa ou não, depende da própria obra de
edificação daquela pessoa. O homem deve crer e também trabalhar.
Esse trabalho não é propriamente dele, mas aquilo que o Espírito
Santo tem trabalhado nele. Aqui, vemos que é possível perder nosso
galardão, e igualmente possível sermos reprovados para o reino e
privados da nossa coroa.

PARTICIPANDO DA GLÓRIA DE CRISTO


Gostaria de saber se você alguma vez pensou no tipo de glória com
que Deus recompensará Cristo no milênio por aquilo que Ele sofreu há
dois mil anos. Uma recompensa deve se equiparar ao sofrimento.
Se um homem for rebaixado à mais inferior posição, sua recom-
pensa deverá ser a maior. Suponha que sua casa pegue fogo ou que você
se encontre em sério perigo, e um empregado seu se arrisque e quase
perca a vida tentando salvá-lo. Como você o recompensaria? Você diria:
“Eu o recompenso com vinte centavos”? Ninguém faria isso. A recom-
pensa tem de se equiparar ao sofrimento. Cristo glorificou a Deus de tal

117
CÓDIGOS O REINO

maneira e sofreu a morte na cruz. Como Deus recompensará Cristo no


futuro? Como Ele glorificará Cristo?
O reino será o tempo no qual Cristo e os cristãos receberão a
glória juntos. O reino é o tempo no qual Deus recompensará Cristo. Na-
quele tempo, nós também teremos uma porção. Se vamos ser achados
dignos de receber a glória do Senhor dependerá totalmente do resultado
do nosso andar e trabalho pessoais. Não existe a questão de mérito
no novo céu e na nova terra. Mas, no reino, somente os que tiverem
mérito receberão a glória. O Senhor sofreu perseguição, dificuldades e
humilhação. Se, hoje, sofrermos o que Ele sofreu, da mesma forma, nós
partilharemos uma porção com Ele no reino vindouro.

TAREFAS:

1. O que significa participar da glória de Cristo?

2. Pense no cenário atual. Há muitos pecados ligados à nossa cul-


tura, e nós estamos expostos a todos eles. Quais são os pecados culturais
que você está mais suscetível a cometer e como seria possível “esmurrar
sua carne”, a fim de evitar esses pecados?

3. No atual momento de sua vida, quais são as obras que está fazendo
e que sente em seu coração que não estão alinhadas à vontade de Deus?
____________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
________________________________________________________

118
EDUARDO REIS

4. Ainda sobre a questão acima, depois de pontuar cada uma, o


que pretende fazer?
____________________________________________________
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_________________________________________________________
_________________________________________________________
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________________________________________________________

5. De 0 a 10, que nota você dá para as coisas que tem desempenha-


do e que estão de acordo com a vontade de Deus?

_____ Clareza de identidade


_____ Consolidação de propósito
_____ Prática de princípios
_____ Intimidade com Deus
_____ Leitura e aprofundamento bíblico
_____ Rotina de oração
_____ Frutos / resultados
_____ Execução dos dons espirituais
_____ Vida em santidade
_____ Governo sobre si e sobre as coisas
_____ Outros: ________________

119
CÓDIGO 6
A RECOMPENSA É O REINO

A
Bíblia nos mostra claramente que a recompensa é a co-
roa, o trono e o reino dos céus, e apresenta três aspectos
do reino dos céus.
No primeiro aspecto, o reino dos céus é a manifestação da au-
toridade de Deus hoje, da soberania de Deus. O segundo aspecto é a
autoridade dos céus controlando e limitando o homem. E há o terceiro
aspecto do reino dos céus, que se refere à recompensa.
O sermão do monte, em Mateus (5 a 7), fala do reino dos céus. Esses
ensinamentos do Senhor dizem-nos como o homem pode entrar no reino
dos céus. O trecho repetidamente fala sobre a questão da recompensa:

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus;


bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; bem-aventu-
rados os mansos, porque herdarão a terra; bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque serão fartos; bem-aventurados os limpos
de coração, porque verão a Deus; e também, bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.”

121
CÓDIGOS O REINO

O reino dos céus é mencionado duas vezes nessas poucas bem-a-


venturanças. No final o Senhor diz:

“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos


perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e
exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus (...)”
(Mateus 5:11,12)

Essas sentenças mostram-nos que o reino dos céus é a recompensa


de Deus. Não há diferença entre os dois.
No sermão do monte, o Senhor mencionou a questão da recom-
pensa muitas vezes, pois essa porção diz respeito ao reino. Mateus (5:46)
diz: “Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?”
Mateus (6:1–2) diz:

“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim


de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso
Pai Celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante
de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa.”

O versículo 5 diz: “E, quando orardes, não sereis como os hipó-


critas (...) eles já receberam a recompensa”. O versículo 16: “Quando
jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas (...) eles já
receberam a recompensa”. O versículo 4: “Para que a tua esmola fique
em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará”. O versículo
6 diz: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a
porta orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto,
te recompensará”.

122
EDUARDO REIS

Alguns pensam que a recompensa por orar é a resposta de Deus


à nossa oração. Entretanto, isso não é tudo. O Senhor Jesus disse que
devemos orar ao Pai, que está em secreto, e nosso Pai, que vê em secreto,
nos recompensará. E possível interpretar isso como o Pai respondendo
a nossa oração. Contudo, tanto na primeira parte, quando o Senhor
menciona dar esmolas, quanto na segunda parte, quando Ele menciona
o jejum, lemos: “E teu Pai que vê em secreto te recompensará”. Essa
recompensa deve remeter a algo no futuro.
Mateus (16:27-28) diz: “Porque o Filho do homem há de vir na gló-
ria de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme
as suas obras”.
Há dois fatos aqui. Primeiro, o homem será recompensado de
acordo com suas obras. Segundo, a recompensa será distribuída quando
Cristo vier na glória de Seu Pai com Seus anjos. Aquele será o tempo
em que Ele estabelecerá Seu reino na terra. Portanto, somente quando o
reino chegar é que a recompensa será dada.
Apocalipse (11:15) diz:

“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo:


O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele
reinará pelos séculos dos séculos.”

O versículo 18 diz:

“Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o


tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galar-
dão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome,
assim aos pequenos como aos grandes (...)”

123
CÓDIGOS O REINO

Quando o Senhor se tornar o Rei e o reino do mundo tornar-se


o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo, aquele será o tempo para dar
a recompensa aos santos, aos pequenos e aos grandes. Em outras pala-
vras, o tempo do reino é o tempo da recompensa. Quando o reino vier,
a recompensa virá também.
Quando alguém perde a coroa, perde aquilo que a coroa repre-
senta. A coroa é o símbolo do reino. Que é o trono? O trono também
é um símbolo do reino. Ele representa uma posição, autoridade e
glória no reino.

1. O ARREBATAMENTO
Nem todos os crentes serão arrebatados, somente os vencedores.
Sabemos que há uma diferença entre o arrebatamento e a volta de
Jesus propriamente dita. Jesus virá e todo olho o verá, mas também virá
como um ladrão.

“Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te.


Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo
algum em que hora virei contra ti.”
(Apocalipse 3:3)

“Vir como ladrão” mostra que ninguém saberá o dia nem a hora e
aponta para o arrebatamento. Não há sinal algum na Palavra de Deus do
dia do arrebatamento; pode ser hoje ou amanhã. Ele vem como ladrão
para roubar as joias, as primícias. Por outro lado, a volta de Jesus será
vista por todo olho e será antecedida de muitos sinais.

“Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não


dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos
céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem;

124
EDUARDO REIS

todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo


sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.”
(Mateus 24:29–30)

Todos o verão e haverá muitos sinais, pois será ao final dos três
anos e meio da grande tribulação.
O arrebatamento será somente para aqueles que estão vigiando
e mantendo alvas as suas vestes diante do Senhor. Essas condições nos
fazem vencedores e qualificados.

“Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso
coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embria-
guez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha
sobre vós repentinamente, como um laço.”
(Lucas 21:34)

125
CÓDIGO 7
A DISCIPLINA

T
emos de distinguir duas coisas na Bíblia: a disciplina
de Deus para os crentes nesta era e a salvação deles na
eternidade.

1. POR QUE DEUS DISCIPLINA?

“E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco:


Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem des-
maies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama
e açoita a todo filho a quem recebe.”
(Hebreus 12:5–6)

a) Por amor
O motivo da disciplina é o amor de Deus. Deus só disciplina Seus
filhos. Se alguém não é filho de Deus, Ele não o disciplinará.

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”


(Apocalipse 3:19)

127
CÓDIGOS O REINO

Aqueles que não são disciplinados não são filhos. Nós não disci-
plinamos os filhos do vizinho, mas apenas os nossos. Deus faz a mesma
coisa. A disciplina é a prova de que somos filhos de Deus.

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que
filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos
se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.”
(Hebreus 12:7–8)

b) Para sermos participantes da santidade de Deus


O segundo motivo da disciplina é a intenção de tornar-nos par-
ticipantes da santidade de Deus. O Senhor não nos disciplina porque
quer nos ver sofrer ou porque gosta de disciplinar, Ele o faz para que
sejamos participantes de Sua santidade.

“Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam,
e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão
ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco
tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para
aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.”
(Hebreus 12:9–10)

Se um cristão vive de forma relaxada, sem manifestar a santidade


de Deus, a mão do Senhor virá sobre ele. A Sua disciplina somente
cessará quando vivermos em santidade.
Disciplina é diferente de punição. A disciplina é para os filhos e
vem por causa do amor, mas a punição é para os malfeitores e é apenas
para pagar pelo erro.
Nunca devemos pensar que, por sermos salvos eternamente,
podemos viver de forma desleixada. É um fato que, se um cristão

128
EDUARDO REIS

dá vazão ao pecado e não vive em santidade, ele experimentará


a disciplina de Deus. O alvo de Deus não é puni-lo, mas torná-lo
participante de Sua santidade pela disciplina. Ninguém deve pensar
que, se um cristão não fizer o bem, Deus o negará como Seu filho e
o expulsará como um cão. Pensar assim é desconhecer o alcance da
obra de Cristo.

c) Para não sermos condenados com o mundo


Em 1 Coríntios (11:32), Paulo diz que o objetivo da disciplina
de Deus é impedir que sejamos condenados com o mundo. Em outras
palavras, a disciplina prova que somos salvos.

“Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não


sermos condenados com o mundo.”
(1 Coríntios 11:32)

Nós achamos que, se dissermos às pessoas que elas são salvas, se


tornarão relaxadas, mas Deus faz exatamente o oposto. Ele proclama
que, se crermos, somos salvos eternamente e jamais pereceremos.
Contudo, Deus tem Sua maneira de guardar-nos do relaxamento e da
libertinagem. Ele nos disciplina.

2. A DISCIPLINA DO PECADO PARA MORTE


João nos diz que há pecados para morte. Isso significa que a disci-
plina de Deus pode resultar até mesmo em morte. As pessoas podem
se confundir, pensando que o pecado para a morte é o mesmo que
perdição, mas isso é um erro. A verdade é que alguns crentes podem
pecar a ponto de terem de ser removidos deste mundo. A disciplina
está totalmente relacionada ao corpo, portanto, muitos trechos da

129
CÓDIGOS O REINO

Bíblia que parecem dizer que os crentes perecem, na verdade, estão


falando sobre disciplina.

“Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e
Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para
morte, e por esse não digo que rogue.”
(I João 5:16)

O pecado para morte é diferente da blasfêmia contra o Espírito


Santo. Pecados para morte normalmente estão associados àquilo que é
sagrado, mas foi tomado de maneira profana.

a) Ananias e Safira (Atos 5:1–10)


Ananias e Safira são um exemplo de crentes que foram disci-
plinados severamente por Deus. Não devemos pensar que Ananias
e Safira não eram salvos. Eles estavam com os apóstolos no dia de
Pentecoste e também fizeram a oferta. O pecado deles foi buscar
vanglória. Aquele pecado não foi tão grave como alguns pensam.
Eles não se embriagaram nem adulteraram. O fato de terem sido
removidos prova que eram irmãos − se fossem descrentes, ainda
viveriam por muito tempo.
O pecado cometido por Ananias e Safira foi mentir ao Espírito
Santo. Dispuseram-se a dar tudo, não o fizeram e ainda mentiram. Esse
pecado pode encontrar muitas formas dentro da Igreja:

• Uma pessoa diz que está se entregando completamente a


Cristo, mas não se rende de fato.
• Uma pessoa se compromete a andar com os irmãos, finge
dar tudo de si, mas não está disposta a pagar o preço do
discipulado.

130
EDUARDO REIS

• Uma pessoa coloca um valor no envelope de dízimo para


parecer ser um dizimista como os demais, mas não está dando
exatos dez por cento de sua renda.

b) Os crentes divisivos e Corinto (1 Coríntios 3:17)


É pecado para morte destruir o santuário de Deus, que é a Igreja.

c) Tomar a ceia de forma irreverente (1 Coríntios 11:29–30)


Tomar a ceia de forma irreverente, sem discernir o corpo, é pecado
para morte.
A mão disciplinadora de Deus torna as pessoas doentes e fracas, e
não poucas são as que dormem, ou seja, morreram. Deus tratou-as as-
sim porque elas trataram o corpo de Cristo de maneira leviana. Depois
de pecarem, Deus as disciplinou.

d) A imoralidade (1 Coríntios 5:1-5)


O pecado de imoralidade, depois de certo nível, torna-se pecado
para morte.
Mesmo que um crente regenerado cometa um pecado muito gra-
ve, ainda é salvo. Em I Coríntios, temos o caso do crente que adulterou
com a madrasta, coisa terrível até entre os ímpios. Paulo entregou essa
pessoa a Satanás para ser disciplinada, mas o surpreendente é que
Paulo fez isso para que o espírito dela pudesse ser salvo no dia do
Senhor. O ensinamento de Paulo é que o cristão pode ser disciplinado
nesta era, mas não pode ser punido com a perdição eterna.

e) O fogo estranho (Levítico 10:1–2)


É pecado para morte oferecer fogo estranho diante do Senhor.

131
CÓDIGOS O REINO

f) A rebeldia obstinada (Números 16)


É pecado para morte a rebeldia obstinada.
O pecado para morte existe dentro da Igreja e também fora dela,
no meio dos ímpios. Todavia, cometer o pecado para morte não significa
perder a salvação.

TAREFAS:

1. Você já cometeu algum desses pecados que leva à morte? Quais


foram e como foi/é seu processo de cura e santificação para tratar tais
pecados?

2. Você se recorda de alguma vez em que Deus o tenha disciplina-


do? Tome um tempo para refletir e peça ao Espírito Santo para lembrá-lo
de vezes em que Deus o repreendeu pelo seu pecado.

3. Traga à memória um testemunho da disciplina e do amor de


Deus pela sua vida. Ao final, analise o seu coração e perceba a gratidão
fluindo de você.
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132
EDUARDO REIS

1. Escolha um livro para aprofundar seus conhecimentos acerca


da disciplina de Deus e Suas formas de ação.

2. Pegue todo o conhecimento que adquiriu e produza um post


nas redes sociais para estimular e edificar a vida das pessoas. Não se
esqueça de marcar três pessoas e o Pr. Eduardo Reis.

133
CÓDIGO 8
A DISCIPLINA NO REINO

O
Senhor nos disciplina porque nos ama (Hb 12:6). O ho-
mem, quando ama, é tolerante; mas Deus, quando ama,
disciplina. Quando o homem ama, ele é negligente, já Deus
é sério. Não há contradição entre a disciplina de Deus e Sua graça. Pelo
contrário, a disciplina manifesta a graça.
Apesar de uma pessoa não poder perecer após ser salva, ela será
disciplinada. A questão é se a disciplina de Deus se restringe a esta era,
ou se ela se estende à era vindoura. Essa é uma questão que muitos
jamais consideraram.
A Bíblia nos mostra que a disciplina de Deus não se restringe
somente a esta era, mas também pode ser vista na próxima. Muitos
parecem não ser disciplinados hoje. Embora sejam filhos de Deus, não
têm um viver consagrado, aparentam viver tranquilamente e, em paz,
partir deste mundo. Entretanto, além de perderem a recompensa, essas
pessoas serão disciplinadas no reino. Se um cristão viver na terra, hoje,
sem controlar suas paixões, amando o mundo e andando nos seus pró-
prios caminhos, será disciplinado na era vindoura.

135
CÓDIGOS O REINO

1. O OBJETIVO DA DISCIPLINA DE DEUS É PURIFICAÇÃO


Há duas formas de purificação: o sangue de Jesus e a disciplina de
Deus. A disciplina de Deus é para purificação. A primeira purificação,
porém, é a do sangue do Senhor Jesus.

“Com efeito, quase todas as cousas, segundo a lei, se purificam com


sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.”
(Hebreus 9:22)

“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, susten-


tando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a
purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas.”
(Hebreus 1:3)

A purificação de nossos pecados é feita pelo sangue do Senhor


Jesus. Esse é o primeiro tipo de purificação na Bíblia. Entretanto, apesar
de terem recebido a purificação pelo sangue alguns ainda são cheios de
pensamentos imundos, ainda estão corrompidos pelo mundo e prati-
cam os mais diversos pecados carnais. Assim, Deus utiliza a disciplina
para purificá-los.

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que
dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda.”
(João 15:2)

O limpar, aqui, é uma purificação. Deus poda os elementos desne-


cessários, para que os ramos produzam mais fruto. Isso é a disciplina de
Deus. Portanto, o propósito da disciplina de Deus não é nos destruir, mas
nos aperfeiçoar para expressarmos a Sua glória. Na Palavra de Deus, há dois
tipos de purificação: pelo sangue do Senhor Jesus e pela disciplina.

136
EDUARDO REIS

2. A DISCIPLINA NA ERA VINDOURA


É verdade que o sangue do Senhor Jesus nos limpou e o registro de
nossos pecados foi apagado. Mas, falando de modo subjetivo, temos Cristo
vivendo em nós de maneira prática? Temos permitido ao Cristo ressurreto
se exteriorizar em nós? Hoje, estamos muito aquém da santidade, justiça e
glória de Deus. Muitos cristãos ainda estão cheios de pecados e imundície.
Sabemos que a morte jamais muda alguém, de acordo com a Bíblia.
Sendo assim, aqui temos um problema. Se as coisas são tão imperfeitas
hoje, mas serão tão perfeitas no futuro, quando ocorrerá a mudança?
Deve haver uma mudança em algum lugar. O conceito humano é que
mudaremos após a morte, mas a Bíblia nunca afirma que a morte física
fará uma pessoa ser santa. Se ela pudesse mudar um cristão, também
poderia mudar uma pessoa não salva, contudo, jamais muda alguém.
O servo indolente ainda será indolente ao ser ressuscitado. A Bíblia
nos mostra claramente que, na era vindoura, haverá disciplina, e essa
disciplina nos podará e purificará.

3. ALGUNS CRISTÃOS SERÃO DISCIPLINADOS

“Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em


vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a
embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera
e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os
infiéis. Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor
e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com
muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor
e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a
quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão.”
(Lucas 12:45–48)

137
CÓDIGOS O REINO

Nesses versículos, a primeira coisa que precisamos decidir é se o


servo, aqui, pertence ou não ao Senhor. Ele é cristão? Ele é salvo? Sem
dúvidas, o servo é salvo.
Primeiro, no Novo Testamento, Deus nunca considera =Seus
servos os que não Lhe pertencem. No Velho Testamento, há servos não
salvos, mas, no Novo Testamento, se um homem não é filho de Deus,
não está qualificado para ser Seu servo. No Novo Testamento, todos os
servos de Deus são filhos. Portanto, o servo aqui referido certamente é
alguém salvo.
Além disso, temos os versículos anteriores. Os versículos 42–44 dizem:

“Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor


confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aven-
turado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens.”

Há somente um servo aqui. O servo nos versículos 43 e 44 é o


mesmo servo do versículo 45. É possível um crente vir a ser um servo
mau e, isso ocorrer, qual será o seu fim? O versículo 46 diz:

“Virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera, e em hora que
não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis.”

Esse castigo ocorrerá nesta era ou na era vindoura? Aqui, qual


é a hora e o dia? Devem referir-se ao tempo da volta do Senhor. Isso
é algo no futuro. O Senhor diz que um servo pode ser fiel ou infiel, e
um servo infiel não somente perderá a recompensa, como também será
condenado e receberá uma punição.
Aquele que não conheceu a vontade do Senhor receberá poucos
açoites, mas, ainda assim, os receberá. Deus não deixa que passem

138
EDUARDO REIS

despercebidos os que não conhecem a Sua vontade. E, de todo aquele a


quem muito foi dado, muito será exigido. Lucas (12:47–48) estabelece
para nós a questão da punição futura dos cristãos diante de Deus. Leia-
mos Colossenses (3:23–25):

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o


Senhor, e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo;
pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e
nisto não há acepção de pessoas.”

Esses versículos se referem aos cristãos, não aos incrédulos. Paulo


diz que, se um cristão comete injustiça, receberá o que fez, pois não há
acepção de pessoas no trono de julgamento de Cristo. Se agir justamente,
receberá recompensa segundo a sua justiça, mas, se agir injustamente,
receberá punição.

4. CADA UM RECEBERÁ DE ACORDO COM AS OBRAS

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de


Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo.”
(2 Coríntios 5:10)

Esse texto se refere ao julgamento dos crentes. Se um homem


não é salvo, ainda não está qualificado para ser julgado, pois aquele
será o julgamento de Deus dentro da Sua própria família.
No futuro trono de julgamento de Cristo, seremos recompensados
pelas coisas feitas por meio do corpo, sejam elas boas ou más. Se fizer o

139
CÓDIGOS O REINO

bem por meio do corpo, você receberá uma boa recompensa; se fizer o
mal por meio do corpo, receberá uma má recompensa.
Por existir um julgamento, o apóstolo Paulo orou por misericórdia
no futuro. A segunda epístola a Timóteo (1:18) diz:

“O Senhor lhe conceda, naquele dia, achar misericórdia da parte do Senhor.


E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.”

Aqui, Paulo expressa o desejo de que Onesíforo encontre mi-


sericórdia da parte do Senhor naquele dia. Se, no futuro, quando
estiver diante do trono do julgamento, um cristão perder apenas sua
recompensa e não for punido ou disciplinado, então essa palavra não
tem significado. Paulo esperava que o Senhor fosse misericordioso com
Onesíforo no seu julgamento, pois ele havia ajudado muito a Paulo e
tinha propagado o Evangelho juntamente com ele. Se existissem quais-
quer falhas que Onesíforo houvesse cometido, Paulo esperava que o
Senhor fosse misericordioso.
Portanto, vemos que os cristãos não só precisam do perdão, mas
também da misericórdia de Deus na época do julgamento, no início do
milênio, ou cairão sob a punição de Deus.

“Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor; antes, todos me
abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta.”
(2 Timóteo 4:16)

Quando Paulo estava na Ásia, todos ali o abandonaram. Apesar


disso, Paulo orou para que tal pecado não fosse levado em conta contra
eles. Portanto, vemos que, no futuro, Deus ainda julgará nossos pecados.
Se uma pessoa salva não for disciplinada pela sua conduta
desleixada nesta era ou não se arrepender após a disciplina, ela não

140
EDUARDO REIS

apenas perderá sua recompensa, como também será punida de um


modo específico.
Em Mateus (12:32), o Senhor Jesus menciona especificamente a
blasfêmia contra o Espírito Santo. Todos os pecados podem ser per-
doados, todas as palavras faladas contra o Filho do homem podem ser
perdoadas. Contudo, o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo não
pode ser perdoado. Para esse pecado, não haverá perdão nesta era nem
na vindoura (v. 32).

“Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á


isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será
isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.”
(Mateus 12:32)

Ao ler Mateus (12), você percebe que o perdão de pecados está


dividido em dois períodos: alguns pecados são perdoados nesta era,
outros serão perdoados na era vindoura. Alguns cristãos que pecam,
cujos problemas não forem solucionados diante de Deus hoje, receberão
punição no futuro.

5. O TEMPO DA PUNIÇÃO
Exatamente quando ocorrerá a punição futura? Está claro que ha-
verá punição após o Senhor voltar, mas em que momento isso ocorrerá?
Consideremos três eras na Bíblia:
• A era presente pode ser chamada de era da graça e pode tam-
bém ser chamada de era do Evangelho ou era da Igreja.
• A era vindoura pode ser chamada de era do reino ou era do
milênio, pois durará somente mil anos (Ap 20:6).

141
CÓDIGOS O REINO

• Após o milênio, virá a era eterna. É a era do novo céu e da


nova terra.

A Bíblia apresenta-nos essas três eras. A era da igreja é a era da


graça. Nesta era, Deus salva os homens e os leva a receber a graça do
Senhor Jesus. Tudo nesta era é proveniente da graça, mas a era vindoura
será a era de justiça. A era eterna também será uma era de graça, contu-
do, o reino é todo de justiça.
Se você não tiver clareza dessas eras, sua teologia e sua compreen-
são bíblica estarão incorretas. Tanto a era da igreja quanto a era do novo
céu e da nova terra são eras da graça, mas a era do milênio é uma era
parentética, especialmente preparada por Deus para recompensar os
fiéis e punir os pecaminosos.
No Milênio, Deus trata o homem em justiça (Sl 72:2; 85:10–13;
96:13; 97:2; Is 11:5; 26:9; 33:5; 62:1; Jr 33:15; Dn 7:27). Podemos citar
pelo menos duzentos versículos acerca do julgamento justo no reino.
Qual é a diferença entre o reino e o novo céu e nova terra? A
Bíblia faz uma nítida distinção entre ambos. Consideremos Apoca-
lipse (19:6–8):

“Então ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas


águas, e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia, pois reina o Senhor
nosso Deus, o Todo-poderoso.”

Por favor, note que aqui é o início do reino.

“Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe a glória, porque são chegadas


as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi
dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho
finíssimo são os atos de justiça dos santos.”

142
EDUARDO REIS

O linho finíssimo é a justiça nos atos dos que creem. A justiça


mencionada aqui se refere à justiça nas ações, portanto, refere-se aos
nossos próprios atos justos. Agora leiamos Apocalipse (20:4–6):

“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada
autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa
do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus,
tantos quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem,
e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram
com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram
até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os
mil anos.”

O reino não é para todos, mas apenas para os que são qualifica-
dos, nesse caso, os mártires. Isso nos prova que o reino milenar não
é dado como um dom gratuito, mas obtido por meio de boas obras
diante de Deus. Deve haver justiça específica antes que possa haver
participação nas bodas do Cordeiro.

6. NOVO CÉU E NOVA TERRA

Consideremos agora Apocalipse (21:1–7):

“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva

143
CÓDIGOS O REINO

adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono,
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará
com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles. E
lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já
não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas
passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço
novas todas as causas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras
são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa
e o Ômega, o princípio e o fim. Eu, a quem tem sede darei de graça da
fonte da água da vida. O vencedor herdará estas cousas, e eu lhe serei
Deus e ele me será filho.”

Ao descrever o reino, a Bíblia fala acerca daquilo que o homem


fez. Entretanto, ao descrever o novo céu e a nova terra, não há mais
menção da obra humana. A partir do capítulo 21, a Bíblia simples-
mente fala acerca daquilo que Deus faz. Deus disse que faz novas
todas as coisas. A obra do homem não tem parte aqui. Se você deseja
saber como obter tal maravilhoso novo céu e nova terra, apenas ouça
esta palavra:

“Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princí-


pio e o fim.”
(v. 6a)

Em outras palavras, tudo é feito por Deus.

“Eu, a quem tem sede darei de graça da fonte da água da vida.”


(v. 6b)

Após todas essas coisas terem sido ditas, tudo é resumido em


uma sentença:

144
EDUARDO REIS

“Eu, a quem tem sede darei de graça da fonte da água da vida.”

O próximo versículo diz: “O vencedor herdará estas cousas”. Quem


são os vencedores a quem João se refere? Os vencedores, aqui, diferem
daqueles nas cartas às sete igrejas no início de Apocalipse. Neste caso,
por meio do uso do termo “vencedores”, uma distinção é feita entre as
pessoas do mundo e os cristãos. A distinção não é entre um e outro tipo
de cristão.
Nos três primeiros capítulos de Apocalipse, “vencer” está relacio-
nado a cristãos em meio a outros cristãos. Mas, no capítulo 21, vencer
relaciona-se a cristãos entre as pessoas do mundo.
Quando chegamos ao final de Apocalipse, a igreja, o reino e a tri-
bulação não são mais mencionados. Em vez disso, descobrimos apenas
que todos os que estão sedentos podem vir e tomar de graça da água da
vida. Isso significa que você é convidado para o novo céu e a nova terra.
Tudo é gratuito, e ser gratuito significa que provém da graça, portanto o
novo céu e a nova terra são totalmente distintos do reino.
Segundo o ensinamento de Apocalipse, podemos dizer que, no
novo céu e nova terra, Deus trata o homem com graça. No reino, entre-
tanto, Ele trata os cristãos com justiça. Portanto, devemos admitir que
é no reino que Deus nos disciplina. No novo céu e nova terra, tudo é
recebido gratuitamente.
Se, hoje, amarmos o mundo, andarmos segundo a carne e tivermos
um viver desleixado, na era por vir, seremos disciplinados por Deus.
Mas, se amarmos o Senhor hoje e abandonarmos tudo por causa dEle,
receberemos a graça de Deus e o Seu galardão. Esse é o ensinamento
bíblico acerca dessas três eras.
É verdade que o homem pode desfrutar da vida eterna hoje,
mas o reino é o tempo no qual Deus lidará com Seus filhos. Se você
tiver um viver desleixado hoje, será disciplinado no futuro. Portanto,
temos uma segurança eterna, mas também um perigo temporário.

145
CÓDIGOS O REINO

Temos a garantia do novo céu e da nova terra, mas temos o perigo


do reino.
Que possamos valorizar a graça que temos recebido, receber a
advertência de Deus e perseguir a recompensa do reino.

TAREFAS:

1. O que significa governar com Deus? E por quanto tempo os


cristãos com boas obras reinarão com Ele?

2. Imagine que um não cristão diga a você que vai para o céu
porque fez boas obras, foi justo, paciente, gentil, doou aos pobres
etc. Como você responderia a essa fala com base no que lemos?
Esse não cristão está confundindo dois princípios abordados no
capítulo? Se sim, quais?

3. Cite 10 coisas que você ama neste mundo, que o fazem andar pelos
seus próprios caminhos e que dificultam sua proximidade com Deus:

1___________________________________________________
2___________________________________________________
3___________________________________________________
4___________________________________________________
5___________________________________________________
6___________________________________________________
7___________________________________________________
8___________________________________________________

146
EDUARDO REIS

9___________________________________________________
10__________________________________________________

4. Com a resposta da questão anterior em mãos, reflita com sin-


ceridade sobre a sua vida. Dedique um tempo a isso, leia e releia o que
escreveu. Ao final, coloque-se diante de Deus com a alma exposta e faça
uma oração genuína, reconhecendo suas paixões, e clame pela mudança
da sua mente. Essa é uma tarefa que você não pode deixar de fazer!

5. Conecte-se a uma pessoa que está na turma dos Códigos do


Reino, troque informações, estudos e conversem sobre as coisas de
Deus. Persiga a recompensa do reino!

147
CÓDIGO 9
A PUNIÇÃO DISPENSACIONAL

H
á muitas passagens na Bíblia mencionando a punição de
Deus para os cristãos derrotados no reino milenar. Vamos
examinar essas passagens e chegar a uma conclusão sobre elas.

1. A GEENA DE FOGO NO REINO

“Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando:


Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma
criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se
não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum
entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta
criança, esse é o maior no reino dos céus.”
(Mateus 18:1-4)

Os discípulos fizeram uma pergunta acerca da posição no reino.


Não dizia respeito a salvação e perdição, mas a ser grande ou pequeno
no reino.
O Senhor Jesus mostra que, a menos que nos convertamos e nos
tornemos como crianças, não poderemos entrar no reino dos céus. No

149
CÓDIGOS O REINO

versículo 4, Ele diz que aquele que se humilhar como a criança “será o
maior no reino dos céus”.
A condição para entrar no reino é se converter e se tornar como
criança, mas, para ser grande, é preciso se humilhar como a criança. Ou
seja, a direção que tomamos para entrar no reino deve ser a mesma para
continuar nele. No verso 5, o Senhor diz: “E quem receber uma criança,
tal como esta, em meu nome, a mim me recebe”.
Quem receber uma criança por causa do nome de Cristo e con-
tinuar a ser humilde como tal se torna como uma criança, recebendo a
Cristo.

“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem


em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande
pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.”

Essa palavra (v. 6) indica que fazer alguém tropeçar é um proble-


ma maior do que sofrer e ser morto. Os versículos 7-10 dizem:

“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que


venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo.
Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o
fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo
duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus
olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares
na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no
inferno de fogo. Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos;
porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente
a face de meu Pai celeste.”

150
EDUARDO REIS

O Senhor Jesus estende o assunto para enfatizar não apenas que é


errado fazer os outros tropeçarem, mas que até fazer a si mesmo tropeçar
é uma questão grave. Todo esse texto foi dirigido ao que os discípulos
perguntaram no versículo 1. Após o Senhor Jesus lhes responder, disse a
eles para vigiarem e não serem tropeço para os outros.
As palavras do Senhor no verso 8 são dirigidas às mesmas pessoas.
Se sua mão ou seu pé fazem com que você tropece, é melhor cortá-los e
lançá-los fora. É claro que isso não deve ser tomado literalmente. O que
o Senhor diz é para tratarmos radicalmente o pecado, pois “melhor é en-
trares na vida manco ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés,
seres lançado no fogo eterno”. A intenção do Senhor não é que cortemos
a mão ou o pé, pois, mesmo que o fizéssemos, ainda não poderíamos
remover nossa lascívia. Portanto, essa palavra não deve se referir ao
corpo exterior, mas à concupiscência interior. Devemos arrancar aquilo
que nos força a pecar.
Os discípulos são cristãos, portanto essa palavra é para os crentes.
O Senhor nos mostra que, se os cristãos cometerem pecados e os tolera-
rem, sofrerão: ou serão lançados no fogo eterno com as duas mãos e os
dois pés, ou entrarão na vida com apenas uma mão ou um pé.
Há também os que não controlarão suas concupiscências e serão
lançados no fogo eterno. Não é dito na passagem se permanecerão no
fogo eterno para sempre. O que o Senhor Jesus não disse é tão signifi-
cativo quanto o que Ele disse. Todo o contexto aqui se refere ao reino e
não à salvação eterna.
Se uma pessoa se tornou cristã, mas suas mãos ou pés pecam o
tempo todo, ela sofrerá a punição do fogo eterno na época do reino
dos céus, contudo, não sofrerá essa punição eternamente, apenas na era
do reino. Essa pessoa é cristã, pois somente um cristão já tem todo o
corpo limpo, podendo entrar na vida após tratar da lascívia de um único
membro do seu corpo.

151
CÓDIGOS O REINO

Para os incrédulos, não seria suficiente cortar uma mão ou um pé,


pois, mesmo que cortassem ambas as mãos e ambos os pés, ainda iriam
para o inferno. A fim de entrar no reino dos céus, é melhor um cristão
ter o corpo incompleto do que ir para o fogo eterno por causa de um
tratamento incompleto.
Se uma pessoa salva não trata sua lascívia, não será capaz de entrar
na vida, mas irá para o fogo eterno. O fogo eterno é a “geena” de fogo, e
a Bíblia nos mostra que um cristão tem a possibilidade de sofrer nesse
fogo. Evidentemente, não sofrerá para sempre, mas somente durante a
era do reino.

2. O QUE INSULTA O IRMÃO

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar
estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que
sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e
quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do
tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo
[geena, no grego].”
(IBB - Rev.) (Mateus 5:21–22)

No início do capítulo 5, lemos que o Senhor Jesus viu a multidão,


contudo, Ele não ensinou a multidão, mas os discípulos (v. 1). O Sermão
no Monte é para os discípulos. Portanto, aquele que insulta o outro, no
versículo 22, é um irmão. Ele chama outro irmão de raca, que quer dizer
“bom-para-nada” ou tolo. Quando chama seu irmão dessa forma, fica
sujeito à geena de fogo. A mensagem não é direcionada a uma pessoa
não salva, pois um não salvo irá para inferno mesmo que não chame
ninguém de tolo. Toda vez que a Bíblia fala sobre obras, refere-se a
alguém que pertence a Deus. Se uma pessoa não pertence a Deus, não
há necessidade de mencionar tais coisas.

152
EDUARDO REIS

O versículo 23 diz:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti.”

Muitas vezes, pessoas guardam coisas contra nós sem motivo,


mas, se alguém se queixar por causa do nosso insulto, devemos ser
cuidadosos ao trazer a oferta ao altar.

“Deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu
irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.”
(v. 24)

O importante é reconciliar-se com seu irmão. O versículo 25 diz:

“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com
ele a caminho.”

“Estar a caminho” significa que ambos estão vivos. Seu irmão é


quem se queixa, e você é o réu. Se ele partir sem resolverem a questão,
levará você ao tribunal.

“Para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de


justiça, e sejas recolhido à prisão.”
(v. 25)

Tal fato ocorrerá no reino por ocasião do tribunal de Cristo. O


reino será muito rigoroso.

153
CÓDIGOS O REINO

Enquanto estiver a caminho com seu irmão, você deve se recon-


ciliar com ele, ou seja, enquanto você e ele estiverem vivos, e antes que
o Senhor Jesus volte.
“Para que o adversário não te entregue ao juiz”: o juiz é o
Senhor Jesus. “O juiz ao oficial de justiça”: o oficial de justiça é o
anjo. “E sejas recolhido à prisão”: isso nos mostra claramente que
um irmão que tenha ofendido outro irmão e não tenha resolvido o
conflito sofrerá uma punição muito severa.
A prisão, no versículo 22, é a geena de fogo, porque o versículo
23 começa com “pois”. As palavras do versículo 23 em diante são uma
explicação das palavras do versículo 22. O versículo 22 diz que qualquer
um que chame seu irmão de tolo estará sujeito à geena de fogo. Os versí-
culos 23 a 25 seguem dizendo que aqueles que não se reconciliarem com
seus irmãos serão recolhidos à prisão. Portanto a prisão, no versículo 25,
é evidentemente a geena de fogo do versículo 22.
Está claro que não existe possibilidade de um cristão perecer
eternamente, porém, se tiver qualquer pecado do qual não se tenha
arrependido e que não tenha confessado — e que, portanto, não foi
perdoado ­—, estará sujeito à geena de fogo.

“Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último
centavo.”
(v. 26)

Na era vindoura, ainda há a possibilidade de perdão, mas a pessoa


não poderá sair até que pague o último centavo e ponha tudo em ordem
com seu irmão.

154
EDUARDO REIS

3. A LASCÍVIA

“Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção
impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz
tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos
teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua
mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se
perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.”
(Mateus 5:28–30)

O mandamento no Velho Testamento diz que não devemos come-


ter adultério, mas o Novo Testamento diz que não podemos sequer ter
pensamentos adúlteros.
O significado da palavra “olhar”, na língua original, não implica
um olhar casual, mas intencional. Olhar pode ser simplesmente olhar de
relance, de modo acidental, para algo na rua. “Observar” é uma palavra
melhor, pois é um olhar intencional.
Podemos traduzir assim: “Qualquer que observar uma mulher
com intenção impura”. O que o Senhor condena não são os pensamen-
tos repentinos que entram na sua mente, mas o observar adicional com
intenção impura depois que o pensamento repentino entra.
Os pensamentos repentinos vêm de Satanás, mas observar é de-
sejo interior. Os pensamentos repentinos são tentações, mas observar
é aceitação das tentações. Devemos saber distinguir essas duas coisas.
O Senhor diz mais uma vez que devemos ser radicais com o pe-
cado: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti. Pois
te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo
lançado no inferno [geena, no grego]”. Se a lascívia não for removida, se
o pecado não for tratado, a pessoa será “lançada na geena”. O Senhor
falou aos discípulos, àqueles que lhe pertenciam, cuja justiça deveria

155
CÓDIGOS O REINO

exceder a dos fariseus e escribas (v. 20), que eles tinham de tratar seus
pecados. Se permitissem que o pecado se desenvolvesse neles, embora
não fossem perecer eternamente, poderiam ir para a geena.

4. A QUEM TEMER?

“Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de uns aos


outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo, aos seus discí-
pulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada
há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser
conhecido. Porque tudo o que dissestes às escuras será ouvido em plena
luz; e o que dissestes aos ouvidos no interior da casa será proclamado dos
eirados. Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo
e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem
deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar
no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.”
(Lucas 12:1–5)

O Senhor disse aos discípulos para não temerem aqueles que ma-
tam o corpo, já que, depois disso, nada mais podem fazer. No entanto,
deveriam temer aquele que pode lançá-los na geena.
Os versículos seguintes também provam que Senhor está se
referindo aos discípulos, isto é, aos crentes. Apenas os cristãos são
pardais. Os não salvos não são pardais, mas corvos. Em Mateus, os
lírios do campo e os pardais se referem aos cristãos (Mt 6:26), não
aos incrédulos. Aqui, diz-se claramente ser possível os “pardais” de
Deus serem “lançados na geena”. Os que pertencem ao Senhor não
precisam temer o que pode ser feito ao corpo; o único que eles devem
temer é Deus, pois Ele tem autoridade para lançá-los “na geena”.
Os dois versículos seguintes, 8 e 9, são muito preciosos:

156
EDUARDO REIS

“Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens,


também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas o
que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.”

Os cristãos podem ser divididos em duas classes: os que confes-


sam e os que não confessam o nome de Deus. Alguns estão preparados
para serem perseguidos, outros não estão. Alguns — os que desejam a
glória do homem — só serão cristãos secretamente, enquanto outros
confessam o Senhor abertamente e estão prontos para serem mártires.
Não devemos temer qualquer sofrimento que venha ao confessar
Seu nome. Se não O confessamos, nosso pecado é mais sério que todos
os outros pecados. Consequentemente, Ele não confessará nosso nome
diante dos anjos de Deus.
Quando consideramos os versículos 1 a 9 como um todo, veremos
que o “lançar na geena”, no versículo 5, é equivalente ao Senhor não
confessar o nome deles diante dos anjos no versículo 9. A não ser que o
Senhor confesse nossos nomes, seremos punidos.
Apocalipse 3:5 diz:

“O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo


nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei
o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.”

No início do reino, antes do trono de julgamento, os anjos de


Deus levarão os cristãos até o Senhor. O Livro da Vida, que registra
todos os nomes dos cristãos, estará ali. Haverá muitos anjos e mui-
tos cristãos, e o Senhor Jesus também estará ali. Um ou mais anjos,
então, lerão em voz alta os nomes do Livro da Vida, e o Senhor Jesus
confessará alguns dos nomes. Aqueles cujos nomes Ele confessar, por
conseguinte, entrarão no reino. Os nomes dos derrotados estarão

157
CÓDIGOS O REINO

marcados no Livro da Vida, mas os dos cristãos estarão sem marca.


Quanto aos não salvos, seus nomes sequer aparecem.
Apocalipse 20:15 diz:

“E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado
para dentro do lago do fogo.”

Aqueles cujos nomes não estiverem registrados no Livro da Vida


estarão eternamente no lago do fogo. Esse evento ocorrerá no início do
novo céu e da nova terra.
Não podemos dizer que os que são citados em Apocalipse (3) não
têm seus nomes escritos no Livro da Vida, podemos dizer apenas que seus
nomes não foram confessados pelo Senhor. Eles não serão lançados ao
lago do fogo. A salvação eterna é muito segura, e jamais pode ser abalada.
Por outro lado, porém, há um perigo. Se formos tolerantes com
o pecado, se não perdoarmos aos outros, se cometermos adultério, se
insultarmos os irmãos, se temermos sofrer, ser envergonhados, perse-
guidos e se temermos confessar o Senhor, temos de ser cuidadosos, pois
Deus nos lançará na geena para sermos punidos temporariamente.

5. O DANO DA SEGUNDA MORTE


Apocalipse (2:11) diz que aqueles que vencerem não sofrerão o
dano da segunda morte. Apocalipse (20:6) mostra que um grupo de
pessoas não morrerá novamente, e a segunda morte não terá autoridade
sobre elas.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de


nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.”

158
EDUARDO REIS

O dano da segunda morte mencionado no verso 11 se refere ao


prejuízo que alguns crentes terão por ocasião do tribunal de Cristo.
Embora a segunda morte não tenha poder sobre nós, podemos vir a
sofrer algum dano semelhante.
A segunda morte é o lago de fogo citado em Apocalipse 20. Isso
significa que os derrotados sofrerão o dano da segunda morte. Uma vez
que uma pessoa é salva, não sofrerá a segunda morte, porém poderá
sofrer o dano da segunda morte.
A palavra “dano”, na língua original, significa “machucar alguém e
prejudicá-lo”. A segunda morte causará sofrimento para alguns. A partir
do grande trono branco, haverá a própria segunda morte: o sofrimento
eterno no lago do fogo e enxofre. No milênio, porém, haverá somente
o dano da segunda morte. Se alguns cristãos não lidarem com seus
pecados, ainda sofrerão esse dano e essa dor.

6. O FIM É SER QUEIMADO

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram
o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram
a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é
impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo,
estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.
Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e
produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção
da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está
da maldição; e o seu fim é ser queimada.”
(Hebreus 6:4–8)

Esses versículos descrevem uma pessoa cheia de qualificações, e é


impossível que ela seja uma pessoa não salva. Ela viu a luz e viu o Deus

159
CÓDIGOS O REINO

revelado, o Unigênito do Pai, conheceu o amor de Deus e provou o dom


celestial, o único dom, Jesus Cristo.
“Dons”, como substantivo plural, alude aos dons do Espírito Santo.
“Dom”, como substantivo singular, refere-se ao único dom, o Unigênito
Filho de Deus, como está em João (3:16).
A pessoa de Hebreus não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas
se tornou uma participante do Espírito Santo. Além disso, provou da
boa palavra de Deus e dos poderes da era vindoura, os quais são os
poderes do reino milenar.
Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu
quando creu, escorregando e caindo, não há arrependimento. Ela não
pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem
uma longa história com o Senhor. Recebeu muita chuva, porém caiu.
Não mais produz coisas boas para Deus, mas cardos e abrolhos. Tal
pessoa é como “a terra que absorve a chuva que frequentemente cai
sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada,
recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é
rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (v. 7-8).
Perceba três coisas acerca dessa pessoa e seu fim. Primeira coisa,
ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” é a mesma usada em 1 Coríntios
(9:27), quando Paulo diz temer que ele mesmo seja desqualificado e não
mais usado por Deus nesta era e no reino.
Segunda coisa, essa pessoa “perto está da maldição”. O versículo
não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é seme-
lhante a uma maldição; não perecerá eternamente, entretanto, sofrerá o
dano da segunda morte e padecerá na geena de fogo no reino.
Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. “Queimar”, aqui, alude a
algo temporário e também ao que o Senhor disse a respeito de ramos
infrutíferos da videira (Jo 15:6).

160
EDUARDO REIS

Aqui é falado em queimar, enquanto Mateus (5) diz que alguns


estarão sujeitos à geena de fogo. Se um cristão recebe todas essas coisas
maravilhosas e não produz bom fruto para Deus, mas cardos e abrolhos,
ele será queimado. Entretanto, será apenas por breve tempo. Até mesmo
um aluno do primário sabe que, se você atear fogo a um terreno, ele se
extinguirá após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará
no máximo mil anos.
Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas
coisas não foram lavadas pelo sangue do Senhor, não foram confessadas,
tratadas nem resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e
abrolhos a que o Senhor se refere. Toda dívida terá de ser paga. Quando
tudo for queimado, toda a dívida terá sido paga.
Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento
indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um
terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que so-
mente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido
queimados? Isso é impossível! O que é queimado são os cardos e abrolhos,
e o terreno em si não pode ser consumido pelas chamas;nenhuma parte
dele será tirada. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram
amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que
serão queimadas. Elas serão o material queimado na geena de fogo.
Não há problema algum com a nossa salvação, mas, sim, com o
que crescer sobre ela, com o que for proveniente da carne. Se tais coisas
não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algo.

7. O QUE VIVE DELIBERADAMENTE NO PECADO

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos


recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício

161
CÓDIGOS O REINO

pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo


vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre
pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei
de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado
digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue
da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu
retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é
cair nas mãos do Deus vivo.”
(Hebreus 10:26–31)

Esses versículos falam de um crente que vive deliberadamente no


pecado. Ele conhece a Cristo, mas despreza a obra da cruz ao continuar
no pecado. Além disso, considerou o sangue de Jesus algo comum, pecan-
do deliberadamente e dizendo que bastaria confessar depois. Ele faz do
sangue não uma provisão para o caso de queda, mas uma oportunidade
de pecar. Por fim, diz-se que esta pessoa ultrajou o Espírito da graça.
Talvez seja o mesmo raciocínio dos crentes romanos que disseram: “Se
onde abundou o pecado, superabundou a graça, então vamos permanecer
no pecado para que venha mais graça ainda” (Rm 5:20; 6:1). Enquanto
o Espírito Santo está lhe dando graça, o homem o está insultando ao
permanecer no pecado.
Esses versículos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria
com segurança que tal pessoa seja salva, somente diria poder ser salva
ou não. Se for o caso, depois de julgada, cairá nas mãos do Deus vivo, o
que o texto afirma ser algo horrível.
O apóstolo tampouco diz se tal pessoa é salva ou não, apenas que,
se uma pessoa veio a Cristo e voltou ao judaísmo, sofrerá pior punição;
seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador.
Juntamente com todas essas passagens, temos também as palavras
do Senhor em João (15:2):

162
EDUARDO REIS

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que
dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.”

Esses não são ramos que nada têm a ver com Ele, mas os que estão
nEle. O que é mostrado aqui pode não se referir à punição temporária,
mas à disciplina nesta era. Observe o versículo 6:

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do


ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.”

Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns cres-


ceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tivessem
vida interior, não produziram fruto exterior. O Senhor Jesus disse que
serão lançados fora, secarão, e queimarão. Vemos claramente que os
cristãos podem ter de passar pelo fogo.
Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um
cristão não tratar adequadamente seus pecados, haverá punição. A
Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma
punição comum, mas a punição da “geena de fogo”. Contudo, será o
fogo no reino, não o fogo na eternidade.
A questão agora é esta: que tipo de pecado nos levará a essa condição?
Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela trate seus pecados.
Nenhum dos pecados dos quais ela tenha se arrependido, que tenha con-
fessado, tratado e que tenham sido remidos pelo sangue do Senhor Jesus
voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados haverão passado, até
mesmo o maior deles. Mas há muitos pecados que não serão omitidos, e
são aqueles que alguém contempla em seu coração. O Salmo (66:18) diz: “Se
eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”.
Quais são os pecados que o coração contempla? No coração, resi-
dem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção.
Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas

163
CÓDIGOS O REINO

confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão
ao pecado, tampouco condenação dele. Tal pessoa, o Senhor não ouvirá.
Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido,
se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procede-
mos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratá-las de modo
específico. Ao mesmo tempo, precisamos colocá-las debaixo do sangue
do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas e estaremos livres do
julgamento vindouro.

TAREFAS:

1. Revisite em seu coração as pessoas que você feriu no passado


e em quem propositalmente (ou não) acabou deixando marcas. Ligue
para elas e peça perdão. Se sentir vontade, fale sobre a mudança e a
transformação que sua vida está experimentando. Depois, registre aqui
o saldo dessa experiência.
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2. No tópico 6 foi feito um link entre cardos e abrolhos e os com-


portamentos indevidos que herdamos da natureza adâmica. Cite abaixo
quais são seus cardos e abrolhos que precisam ser tratados pelo sangue
de Jesus. Essa é uma tarefa de cura!
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EDUARDO REIS

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3. Faça uma auto-observação e identifique em quais áreas da sua


vida há traços de vaidade que têm impedido o mover de Deus, e em
qual nível (dê uma nota de 0 a 5, sendo 0 muito baixo e 5 muito alto):

Desenvolvimento intelectual

Emoções

Propósito e realização

Finanças

Vida social

Família

Vida afetiva

Hobbies e lazer

Espiritualidade

165
CÓDIGOS O REINO

166
CÓDIGO 10
A PUNIÇÃO NO REINO MILENAR

M
ateus (18:23–35) narra a história de um servo que tem
as dívidas perdoadas pelo seu senhor. Embora esse ser-
vo tenha recebido clemência, ele se recusa a estender o
mesmo perdão ao seu conservo devedor.
Antes de mais nada, precisamos entender que, para com o Pai,
somos filhos, mas, para com o Senhor, somos servos. Pela fé, nos tor-
namos filhos, mas, pelas obras, nos tornamos servos. O primeiro servo
definitivamente representa uma pessoa salva, pois rogou pelo perdão
do seu senhor, e ele, movido pela compaixão, o mandou embora e lhe
perdoou a dívida. Todos somos pessoas desamparadas vindo ao Senhor
buscar graça. Ele perdoou nossa dívida e nos deixou ir.
Se o primeiro servo representa um cristão, então representa aquilo
que nós iríamos expressar. A maneira como o senhor trata seu servo é a
maneira como o Senhor nos tratará.
Vamos analisar alguns pontos dessa parábola.

a) É impossível pagar o nosso débito com o Senhor


O Rei na parábola é o Senhor, e os servos somos nós. Todos nós,
mesmo depois de salvos, temos pecado contra o Senhor, mas, quando

167
CÓDIGOS O REINO

clamamos por misericórdia, temos resposta imediata. De acordo com


a parábola, nossa dívida era impagável.

b) O perdão gracioso do Rei


O senhor perdoou toda a dívida do servo, que somava mil talentos
(o equivalente a aproximadamente 5 bilhões de dólares). Aquilo que está
debaixo da ação do sangue já foi julgado, mas qualquer pecado não con-
fessado ou sem arrependimento ainda será julgado. Não seremos julgados
apenas pelo que fizemos, mas também pelo que não fizemos. Precisamos
ter clareza da gravidade de nossos pecados diante de Deus, a fim de ava-
liarmos melhor a Sua abundante graça.

c) A dívida dos outros para conosco é muito menor que a nossa


dívida com o Senhor
O verso 28 diz que aquele servo tinha um conservo que lhe devia
cem denários (aproximadamente mil reais). E, enforcando seu conser-
vo, ele exigia o pagamento da dívida. Tal ação se refere ao pecado de um
irmão contra nós, tão pequeno e insignificante se comparado ao nosso
débito perdoado pelo Senhor.

d) O perdão é uma questão de vontade


A parábola diz que aquele homem não quis perdoar o seu con-
servo. Ele podia, mas não quis. Muitos afirmam que são incapazes de
perdoar, quando, na verdade, não querem fazê-lo.

e) Nossa falta de perdão entristece os irmãos


Os companheiros daquele conservo ficaram imensamente tristes
(v. 31). Quando nos recusamos a perdoar, nossa atitude entristece os
irmãos e apaga o Espírito na igreja.

168
EDUARDO REIS

f) Punidos pelo Senhor por não querer perdoar


O verso 34 diz:

“E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe
pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do
íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.”
(Mateus 18:34–35)

Essa pessoa, a quem foram concedidos perdão e misericórdia, foi


entregue aos verdugos até que pagasse toda a dívida ao senhor. Se ele
podia devolver tudo o que devia, é outro problema. O fato é que ele
teria de sofrer. Isso nos mostra que, se um cristão não perdoar ao outro,
naquele dia, o Senhor o tratará da mesma forma. Se você não perdoar
seu irmão, o Senhor tratará você segundo a sua atitude implacável.
Esses versículos certamente se referem a como Senhor tratará seus
servos por ocasião da Sua volta. Se não perdoarmos os nossos irmãos hoje,
seremos disciplinados pelo Senhor na Sua vinda. Se morrermos cheios de
amargura hoje, não poderemos reinar com o Senhor naquele dia.
Precisamos entender o perdão de Deus. O perdão nesta era é para
a salvação dos pecadores.

“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado


em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo.”
(Atos 2:38)

“Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de


conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados.”
(Atos 5:31)

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CÓDIGOS O REINO

“(...) e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.”
(Atos 13:39)

Se um crente, depois de ser salvo, cometer algum pecado, mas não


quiser se limpar por meio da confissão e da purificação do sangue do
Senhor, seu pecado não será perdoado nesta era, mas permanecerá para
ser julgado no tribunal de Cristo. Tal crente não receberá recompensa,
mas será disciplinado para ser limpo do seu pecado na era por vir. Ele
será salvo, mas através do fogo. De acordo com Mateus (12:32), alguns
pecados poderão ser perdoados na era vindoura, ou seja, na era do reino.

“Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á


isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será
isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.”
(Mateus 12:32)

Se alguém ofender outro e não quiser se arrepender, ou se for


ofendido e não quiser perdoar aquele que o ofendeu e vier a morrer
nesta condição, ficará fora do reino. Esse mesmo princípio é aplicado
àquele que ofende em Mateus (5:23 a 26).
Lembre-se de quanto o Pai o perdoou e perdoe também.

1. MISERICÓRDIA E JULGAMENTO
Sabemos que nosso Deus é um Deus justo. No futuro, no trono
de julgamento, Ele nos julgará segundo a justiça. Entretanto, apesar de
haver justiça, também haverá misericórdia. Se você mostra misericórdia
para com outros, o Senhor será misericordioso para com você. Se você

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EDUARDO REIS

é implacável para com outros, intransigente com as falhas e fraquezas


alheias, o Senhor tratará você apenas com justiça naquele dia.
Lucas (6:37) diz que, se você não julgar, não será julgado; se você não
condenar, não será condenado e, se você perdoar, será perdoado. Alguns
cristãos, ao criticarem os outros, apontam cada erro cometido. No futuro,
Deus os tratará da mesma maneira.
A Bíblia diz que a misericórdia triunfa sobre o juízo (Tg 2:13). Há
uma coisa à qual o juízo não pode se sobrepor – uma pessoa mostrar
misericórdia para com os outros por toda sua vida. Não estamos livres
de erros, contudo, se mostrarmos misericórdia para com os outros
hoje, Deus não irá nos tratar da mesma maneira que tratará os cristãos
mesquinhos.
Quando chegar o tempo do julgamento, haverá alguns contra os
quais nem mesmo o Senhor do juízo será capaz de levantar coisa algu-
ma. Isso não significa que o homem possa propositadamente alterar o
mandamento de Deus, significa apenas que, se você for misericordioso
com os outros enquanto viver na terra, Deus será misericordioso com
você. Sua misericórdia hoje triunfará sobre seu juízo amanhã.
A maneira como você julga os outros será a maneira como será
julgado. Essa graça é justa. A forma como você trata os outros será a
mesma como o Senhor o tratará. A sua maneira de tratar os outros
moldará um vaso com o qual Deus medirá o seu julgamento.

“Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou
de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.”
(Tiago 2:13)

Aqueles que não usam de misericórdia para com os outros serão


julgados da mesma forma. Mas, para aqueles que são misericordiosos, a
Sua misericórdia excederá o juízo. Isso é um fato maravilhoso.

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CÓDIGOS O REINO

Mateus (18) nos mostra com clareza que os filhos de Deus ainda
podem cair nas mãos dos verdugos. Se isso ocorrer, eles terão de perma-
necer ali até pagar toda a dívida. No versículo 35, o Senhor diz: “Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um
a seu irmão”. Essa porção da Palavra é falada aos cristãos, e mostra a
relação que existe entre o Pai Celeste e Seus filhos, entre irmãos e irmãs
em Cristo.
Lembre-se de que a salvação eterna no novo céu e na nova terra é
inabalável, porque é pela graça. Mas, se hoje nossos problemas não fo-
rem tratados especificamente, ainda sofreremos uma punição específica
no reino futuro.

TAREFAS:

1. Use este espaço para fazer um resumo do que Deus falou


ao seu coração durante a leitura desta apostila e, se possí-
vel, guarde suas anotações para ler daqui a alguns meses e
observe se houve alguma mudança prática em suas ações.

2. Tome uma atitude inusitada e faça algo que nunca fez, como
falar sobre as boas novas a algum desconhecido, ajudar a recon-
ciliar duas pessoas que se desentenderam, orar por um enfermo
ou ofertar para a vida de uma pessoa. Deixe o Espírito Santo
conduzir sua atitude. Esta tarefa afinará seu ouvido espiritual.

3. Por 40 dias, estabeleça um horário para ficar com Deus.


Lembre-se de que esse é o número do “processo de Deus”;
submeta-se ao processo de buscá-Lo dia a dia, com discipli-

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EDUARDO REIS

na, fé e um coração ensinável. Use uma leitura devocional


de sua preferência para anteceder suas orações.

Liste os dez códigos mais poderosos que você aprendeu nesta apostila
e faça uma série de posts nas redes sociais. Além de gerar conteúdo de valor,
você estará lançando sementes eternas no coração das pessoas:

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