Cenarios - Cantiga Amigo
Cenarios - Cantiga Amigo
Cenarios - Cantiga Amigo
CENÁRIOS DE RESPOSTA
CANTIGA DE AMIGO
1. Este poema tem como assunto principal um diálogo entre mãe e filha. A mãe interroga a menina, pois
pretende saber a razão pela qual esta se demorou na fonte, quando foi buscar água. A jovem responde
que estavam junto ao ribeiro veados que revolveram a água e ela teve de esperar. A mãe conclui que a
filha está a mentir: os veados não revolvem a água das fontes e a filha demorou-se porque esteve com
o namorado.
2. Perante as perguntas da mãe, a donzela decide mentir, como se vê pelas respostas da segunda e terceira
coblas, inventando uma desculpa para o seu atraso. Está tão apaixonada que não hesita em mentir à mãe e
em desobedecer-lhe, justificando a sua atitude ao dizer para si mesma que o fez por amor - "Os amores
ei.". Como se trata de um pensamento que repete na sua mente, o refrão constitui um aparte que aparece
entre parêntesis. Ao longo do poema, a menina vai-se sentindo dividida entre a obediência à sua mãe e a
sua paixão pelo amigo. Confrontada com a insistência da mãe que a acusa de mentir – “Mentir, mia filha,
mentir por amado” - , a menina ganha coragem e acaba por confessar a verdade em voz alta, o que
justifica a ausência dos parêntesis no último verso do poema.
3. A mãe aqui é protetora, que olha pela filha e que quer o bem desta, por isso insiste para que diga a
verdade. Nessa perspetiva, adota uma atitude inquiridora e leva a menina a assumir a mentira que
contara. Também manifesta uma grande ternura pela filha – o que depreende pelo tratamento “mia
filha velida” - e percebemos que existe cumplicidade entre ambas, por isso a filha acaba por assumir a
mentira.
4. A fonte é símbolo do encontro amoroso, local propício ao amor pela sua beleza e pureza, -
referência tão comum nas cantigas de amigo . Também a sua associação à água lhe dá uma
conotação feminina, visto que é símbolo de fertilidade. O cervo simboliza aqui o amado, pois está
associado à noção de virilidade e masculinidade. É metáfora do amigo que “volve” as águas, aquele
que inflama a paixão.
- não há paralelismo perfeito, uma vez que, apesar do número par de estrofes, a cantiga não obedece
totalmente à técnica paralelística: o primeiro verso do terceiro dístico não é uma repetição integral do
segundo verso do primeiro dístico, nem o quarto dístico retoma o segundo verso do segundo dístico…
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