Resumo - Positivismo

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POSITIVISMO – AULA 3

O positivismo é uma das doutrinas filosóficas derivadas do iluminismo.

Condorcet, filósofo vinculado à Enciclopédia, para quem era possível criar-se uma ciência da
sociedade com base na matemática social, de acordo com Michael Löwy. Mas foi com Augusto
Comte (1798-1857) que o positivismo se tornou uma escola filosófica.

1830 - Cours de philosophie positive


Système de politique positive - 1852 e 1854
Contexto: Revolução Industrial e pela Revolução Francesa.

Filosofia um instrumento para manter plena a perspectiva do geral, da visão macro - a física
social -> sociologia
“descobrir as regras que governam a sucessão e a coexistência dos fenômenos”
Para Comte, só existiria verdadeiramente ciência no caso de os fenômenos permitirem, a partir
da observação das relações e de suas manifestações, antever os desdobramentos futuros.

Teoria dos Três Estados:

a estática e a dinâmica. A estática representaria a própria estrutura da sociedade. Ela se


ocuparia das leis da harmonia social, da hierarquia, das classes e dos indivíduos. De certa
maneira, a estática sugere a idéia de ordem. Os fatos dentro dessa ordenação são
interdependentes, mas solidários. Por sua vez, a dinâmica identificaria a ação humana, e no
estágio científico da humanidade a indústria teve lugar privilegiado. Ela se encarregaria de
conduzir o progresso aos níveis mais avançados possíveis, sempre em conexão com os
interesses dos impulsos do homem. Sua tarefa seria o domínio absoluto da natureza, de modo
que todas as ciências pudessem caminhar irmanadas no sentido das conquistas do bem-estar
social.

Estágio teológico, um metafísico e um positivo (científico): dois primeiros são partes


necessárias de um processo de evolução - devem ser removidos pela história. último estágio a
plenitude da humanidade

Positivismo - consagração da cientificidade, isto é, da era na qual o ser humano dominaria pela
ciência todos os fenômenos naturais e sociais. Conhecimento como condutor da humanidade
e, com isso, descarta a coexistência das religiões fundadas em dogmas distantes da ciência e
de sua capacidade de elucidar e dar soluções às necessidades da humanidade.

Vinculação do indivíduo à coletividade - caráter coletivo que comanda a ação humana

Relevância concedida às coletividades, num instante em que as massas irrompiam na história,


através de movimentos sociais que guardavam um caráter ainda inorgânico

Comte - condenação da escravidão e do despotismo, muito embora haja os que o identifiquem


com a visão de mundo das burguesias em ascensão.

Positivismo no Brasil: componente política do positivismo, possuía um fundamento


autoritário. Princípio de uma república unitária, na qual o primeiro dos cidadãos agiria
ditatorialmente, no sentido de possuir a faculdade de ditar os anseios do povo, criou
interpretações antidemocráticas, sobretudo amparadas em ambientes de forte tradição
política mandonista. Dessa maneira, a combinação da leitura positivista na esfera da política
com os valores embasados no jacobinismo e nas tradições patrimonialistas produziram uma
cultura política que esteve a alimentar uma das vertentes de República nos primórdios do
regime republicano brasileiro.

Integrantes - Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, Benjamin Constant Botelho de


Magalhães seu líder, inspiraram os dizeres da bandeira brasileira, com o lema Ordem e
Progresso e se empenharam em dar suporte à idéia de uma República unitária, capaz de pôr
em prática as vontades gerais. Esse projeto não logrou êxito, não pela força dos que o
rejeitaram, mas pela incapacidade de seus membros ao não praticar a política como
instrumento de persuasão, de convencimento argumentativo. Do positivismo no Brasil ficou
apenas a herança doutrinária.

Livro: O Positivismo

Embasado na certeza rigorosa dos fatos de experiência como fundamento da construção


teórica; ciência como caráter universal da realidade, como significado geral da mecânica e da
dinâmica do universo

As leis naturais, assim descobertas, constituem a formulação geral de 'Um fato particular,
rigorosa mente observado; e daí resulta que a ciência, seguindo Comte, não é mais do que a
sistematização do bom senso, que acaba por nos convencer de que somos simples
espectadores dos fenômenos exteriores, independentes de nós, e que não podemos modificar
a ação destes sobre nós, senão sub metendo-nos às leis que os regem.

pensamento típico do século XIX, como método e como doutrina. Como método, embasado na
certeza rigorosa dos fatos de experiência como fundamento da construção teórica; como
doutrina, apresentando-se. como revelação da própria ciência, ou seja, não apenas regra por
meio da qual a ciência chega a descobrir e prever (isto é, saber para prever e agir), mas
conteúdo natural de ordem geral que ela mostra junto com os fatos particulares, como caráter
universal da realidade, como significado geral da mecânica e da dinâmica do universo.

Augusto Comte preconiza o emprego de novos métodos no exame científico dos problemas
sociais substituindo as interpretações metafísicas e estabelecendo a autoridade e a ordem
pública contra os abusos do individualismo da Escola Liberal.

O positivismo é, portanto, uma filosofia determinista que professa, de um lado, o


experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo estudo das causas
finais

o positivismo é um dogmatismo físico e um ceticismo metafísico

FUNDAMENTOS

termo positiva designa, segundo ele o real frente ao quimérico, o útil frente ao inútil, o certo
frente ao incerto, o preciso frente ao vago, o relativo frente ao absoluto, o orgânico frente ao
inorgânico, e o simpático frente à intolerância

e é no estado positivo que o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções


absolutas. Assim, renuncia a indagar a origem e o destino do universo e a conhecer as causas
intimas dos fenômenos,

teoria dos três estados mentais e a classificação hierárquica dos conhecimentos humanos
No desenvolvimento do espírito humano, Comte admite uma lei fundamental que recebe o
nome de lei dos três estados, ou modo de pensar, que é a base de sua explicação da História: o
estado teológico-fictício,(P. 19) que tem diferentes fases (fetichismo, politeísmo e
monoteísmo) e em que o espírito humano explica os fenômenos por meio de vontades
transcendentes ou agentes sobrenaturais; o estado metafísico-abstrato, onde os fenômenos
são explicados por meio de forças ou entidades ocultas e abstratas, como o princípio vital etc.;
e o estado positivo-científico, no qual se explicam os fenômenos, subordinando-os às leis
experimentalmente demonstradas. Todas as ciências, segundo Comte, passaram pelos dois
primeiros estados, e só se constituíram quando chegaram ao terceiro. O Estado Positivo é,
pois, o termo fixo e definitivo em que o espírito humano descansa e encontra a ciência. As
sociedades evoluem segundo essa lei, e os indivíduos, em outro plano, também realizam a
mesma evolução

a primeira ciência, que é a matemática, é mais simples e abstrata que a segunda, a astronomia,
e assim por diante na ordem cronológica, porque a primeira ciência que se constituiu, segundo
Conte, foi matemática, depois a astronomia, em seguida a física, a química, a biologia e, por
último, a sociologia. Mais tarde, Comte acrescentará a moral para coroar essa classificação

O Positivismo não aceita as classes com o significado geralmente empregado na atualidade.


Aceita sim, que em toda a sociedade, desde a mais primitiva, há dirigentes e dirigidos. Os
dirigentes devem sempre ser os mais capazes, isto é, aqueles que influem na educação e na
cultura da espécie humana: são os sacerdotes, os filósofos, os cientistas, os jornalistas, os
professores etc., ou melhor, os teóricos que modificam o pensamento dos indivíduos através
de sua pregação e de sua conduta moral.) Embasado na concepção biológica da sociologia,
Augusto Comte entende a sociedade como um organismo cujas partes constitutivas são
heterogêneas, mas solidárias, pois se orientam para a conservação do conjunto. Assim, à
semelhança do organismo, encontra-se nela uma divisão das funções especiais, onde se nota a
presença da espontaneidade, da necessidade, da imanência e da subordinação de todas as
suas partes a um poder central e superior. (P.23)

Uma das ideias de Comte que deveriam, pelo menos, ser utilizada nos dias atuais, consiste na
ideia de que a sociedade é como um organismo, cujas partes são heterogêneas, mas solidarias,
e se complementam, para a conservação do conjunto. Deveríamos realmente acreditar que
toda parte conta igualmente para o funcionamento do todo: o trabalho de um médico tem
importância tal qual o trabalho de um varredor de ruas, e os serviços são dependentes (visão
funcionalista de Comte). As diferenças econômicas deveriam ser apenas decorrentes e justas
devido a responsabilidade e demanda de cada função. Todas as pessoas deveriam estar
engajadas e comprometidas com o progresso da sociedade, evitando desagregação – o que
notoriamente não acontece nos dias atuais. As pessoas deveriam e devem ser agentes
catalizadores da mudança.

Outra ideia de Comte que poderia ser melhor utilizada nos dias atuais consiste na ideia de
propriedade privada, que na sua concepção deve gerar lucro, e possui inclusive uma função
social.

Outro aspecto trazido por Comte é a ideia de que a ciência serve para nortear os indivíduos, e
é ela que garante o progresso econômico, com a exploração racional dos recursos naturais. Se
pararmos para pensar, esse pensamento que exalta a capacidade racional é de extrema
importância atualmente, visto que em pleno século XXI ainda nos deparamos com pessoas que
acreditam que a ciência leva a mudanças retrogradas, ou ainda, que não leva a melhorias. Pelo
contrário, cada vez mais, podemos notar que é a ciência que contribuiu e contribui para que a
sociedade se torne mais evoluída, em todos os sentidos – seja através de pesquisas, através da
evolução do pensamento, nas descobertas significativas, etc.

Vemos, claramente, que a ideia de Comte de que há sociedades mais evoluídas e outras mais
atrasadas, explica bem o atual cenário que estamos vivendo no momento, em plena pandemia
do Covid-19. Enquanto em alguns locais como nos EUA, praticamente toda a população norte-
americana foi vacinada e os índices de morte e casos praticamente não existem mais no país,
no Brasil, o número de casos/mortes cresce ainda e a porcentagem da população vacinada é
baixa. Isso reflete a mentalidade progressista e a confiança depositada na ciência, típica do
atual e recém eleito governo do presidente Biden.

A atual crise vivida por nós, brasileiros, no país é reflexo d falta de ciência, que como o próprio
filosofo Comte descreve “não é mais do que a sistematização do bom senso”. Falta bom senso
no sentido de perceber que nem ordem e nem progresso está sendo garantidos, com um
governo que se nega a priorizar a vacinação da população, para permitir que as pessoas
consigam produzir, readaptar melhor as suas atividades (o que inclui o próprio comércio), para
erradicar a miséria (que voltou a fazer parte da vida de milhares de brasileiros) e para permitir
a paz. Milhares de brasileiros também não contribuem para a melhora da situação da
pandemia, visto que em plena pandemia, não realizam os procedimentos básicos para controle
(uso de mascaras, isolamento, etc.), o que parte muito de uma visão não funcionalista, que
não percebe que tal comportamento contribui para piorar ainda mais os altos índices de
contaminação; que sobrecarrega o sistema de saúde, e intensifica o trabalho de médicos,
enfermeiras e colaboradores na linha de frente do Covid-19. Essa falta de visão, ressaltada por
Comte, prejudica o funcionamento do todo.

As ideias do filosofo Comte possuem como cenário de fundo as Revoluções industrial e


Francesa, com suas transformações e mudanças. Por isso, o filosofo possuía uma visão
bastante eurocêntrica.
Comte acreditava no Positivismo, proveniente da Teoria dos Três Estados (teológico, um
metafísico e um positivo (científico)), sendo os dois primeiros partes necessárias de um
processo de evolução, e que deveriam ser removidos pela história; e o último estágio, o
próprio positivismo, que levaria a plenitude da humanidade.

O Positivismo, que consagra a ciência, ressalta que os princípios científicos norteariam os


indivíduos a dominar todos os fenômenos naturais e sociais. O Conhecimento seria o condutor
da humanidade, tanto para garantir o progresso econômico e social (com a exploração racional
dos recursos), quanto para não mais uso de dogmas e religiões para elucionar e dar soluções
às necessidades da humanidade.

O positivismo abre espaço para exaltar a evolução ordenada, intelectual, feitas por reformas
(direcionadas pelas leis sociológicas naturais) e que visam a ordem e progresso. Traz uma visão
evolutiva, mas não violenta, que traz a importância do conjunto, do todo. Isto é, o
funcionalismo, com vinculação do indivíduo à coletividade, de maneira que o caráter coletivo
que comanda a ação humana e cada individuo tem seu papel. Comte entende a “sociedade
como um organismo”, assim como o corpo humano, com seus órgãos: há órgãos principais,
considerados vitais, e outros anexos. Cada qual com sua função, são fundamentais e se
complementam para o funcionamento do todo. A política positiva não reconhece nenhum
direito além do de cumprir o dever, e, assim, nega categoricamente a própria existência do
direito como tal.

As sociedades possuem graus diferentes de evolução, e que devem em algum momento,


participar de mudanças inevitáveis (em relação ao trabalho, adequação das funções sociais –
que devem respeitar as leis sociais, em relação a moral social, entre outros).

Positivismo traz uma preocupação de que os indivíduos se orientem pela moral, que nasce da
fraternidade universal, e se funda altruísmo (termo criado por Comte), que seria o “Viver para
outrem". Ou seja, a sociedade só progride pelo sacrifício e pela dedicação dos indivíduos. Não
há espaço para a liberdade de consciência.

A solidariedade é a condição fundamental da existência e do desenvolvimento da humanidade.


Dessa forma, Comte se guia pelo “amor por princípio, a ordem por base, e o progresso por
fim” - o amor procura a ordem e a impele para o progresso; a ordem consolida o amor e dirige
o progresso; o progresso desenvolve a ordem e reconduz o amor, como descrito no livro O que
é o Positivismo, escrito por Joao Ribeiro.

O dogma essencial do positivismo diz que provavelmente há coisas que o homem conhecerá, e
há outras jamais. A conhecer são os fenômenos e as suas relações, as suas causas íntimas, quer
eficientes, quer finais. É impossível alcançar noções absolutas, pois "tudo é relativo".

O positivismo no Brasil possuiu acentuado caráter político, voltado a criar e definir uma nova
consciência da realidade nacional, frente à ordem político-social dominante. O Brasil passava
por transformações significativas, ainda no Brasil Império, num contexto de expansão da
cafeicultura, num contexto de romantismo político, em que se alternavam-se no poder o
Partido Liberal e o Conservador, face ao sistema de governo criado pela Constituição imperial
de 1824.

Favorecidos pela oligarquia cafeeira, o positivismo e o evolucionismo assentam suas bases nas
cidades e permanecem no círculo restrito das camadas letradas. Os primeiros positivistas no
Brasil se ligavam mais aos problemas científicos relacionados à fisiologia, à física ou à
matemática do que propriamente à política, ou mesmo, à literatura social.

A primeira manifestação do positivismo no Brasil data 1844, e o positivismo penetra no Brasil


já cindido em dois grupos: o de Pierre Laffitte, com sua ortodoxia dogmática da religião da
humanidade, e o de Paul-Émile Littré. Fundamentando-se na solução dos problemas humanos
através do método científico, a doutrina de Comte passa a ser discutida abertamente -
repudiando a metafísica improdutiva que desde a Independência caracterizava com sua
retórica palavrosa todas as manifestações intelectuais do país.

Foi na Escola militar, que as bases do positivismo se disseminaram, e Benjamin Constant teve
papel importante para incentivar o movimento republicano, que usava o positivismo como
uma justificativa para rechaçar a cultura política imperial, “baseada sobre os estudos jurídicos
e não sobre as novas ciências naturais e sociais; como também descobriram os instrumentos
adequados para formular as exigências de um novo tipo de autoritarismo em defesa dos seus
interesses corporativos” - um fundamento autoritário. (trecho retirado de: RIBEIRO, Joao. “O
que é o Positivismo?”, Editora brasiliense)

Os dizeres da bandeira brasileira, com o lema “Ordem e Progresso” mostra sobre a doutrina
positivista, e teve aceitação dos republicanos da época, uma vez que incentivou também a
reestruturação do ensino, a separação da Igreja do Estado, a liberdade de cultos, a semente da
legislação trabalhista. O positivismo teve força e foi base para as classes privilegiadas,
principalmente nas escolas e academias.

Nesse caso, boa parte dos positivistas brasileiros eram favoráveis a uma República ditatorial
para se efetuar a ordem e o progresso sem perturbações sociais. Por meio dela seria alcançada
a incorporação do proletariado à sociedade moderna, bem como a transformação da classe
burguesa, dos ontologistas e dos legalistas.

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