Trabalho Sobre o Garimpo No Serra Pelada

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 7

Serra Pelada: o maior garimpo a céu aberto do mundo

e sua emblemática corrida pelo ouro

Anna Clara Morais Avelar Álvares

Bianca Merces Carreño

Guilherme Marques
Mayara Mayora Maciel

Paula Sampaio

Rosângela Pereira

Tamires Martins Silva

UNIPAMPA

Resumo

Este presente trabalho trata-se sobre o emblemático garimpo de Serra Pelada, a


área conhecida nacional e internacionalmente em função de sua geologia local,
constatada a abundância de ouro, que ficou registrada na história por ser o maior
garimpo a céu aberto do mundo. Localizada no sudeste do estado de Pará, no
município de Curionópolis, que tornou-se conhecida em 1980, por uma corrida do
ouro. Ao descobrirem que o local era rico em ouro, houve uma intensa migração do
Brasil inteiro para o Pará, em razão da grande concentração de garimpeiros, foi
gerados muitos conflitos, pois o desejo de mudança de vida em milhares de homens
que estavam dispostos a se aventurar em terras paraenses, durou anos, ficando
sem controle. Que por sua vez teve inúmeros impactos socioambientais, os quais
constituíram um cenário de conflitos que ameaçaram o bem estar social e a saúde
do meio ambiente local.
1. INTRODUÇÃO
Serra Pelada foi uma serra brasileira localizada no sudeste do estado do Pará, em
plena floresta amazônica, entre Carajás e o Araguaia, foi descoberta uma montanha
de ouro, em 1980. Serra Pelada, como ficou conhecida, era um elevado coberto por
floresta cravado na Fazenda Três Barras, localiza-se no município de Curionópolis,
a aproximadamente 35 quilômetros da sede do município. A serra é um complexo
mineral que abrange uma área de aproximadamente 5 mil hectares. A antiga serra
foi removida pela atividade de garimpagem.
Serra Pelada é uma área de incalculável potencial, eriçada de problemas difíceis e
desconcertantes. Como realidade histórica, social e econômica, o garimpo de Serra
Pelada tem sido, na verdade, o gigantesco teatro. Que causou inúmeros impactos
socioambientais negativos, os quais constituíram um cenário de conflitos que
ameaçam o bem estar social e a saúde do meio ambiente local. A mineração seja
ela artesanal ou não, é evidentemente necessária para o desenvolvimento das
sociedades em seus mais diversos setores produtivos, seja econômico ou político.
Contudo, os impactos causados pela mineração, associados à competição pelo uso
e ocupação do solo, geram conflitos socioambientais. Neste sentido, objetivou-se
analisar os problemas sociais e ambientais e situação econômica gerados pela
mineração artesanal.
2. BREVE HISTÓRICO DE SERRA PELADA
Foi durante os anos 70 e 80, que o sudeste viveu o êxodo, um fenômeno que se
expandiu drasticamente, a partir que as notícias de que foi encontrada uma pepita
de ouro na Fazendo Três Barras, se espalharam pelo país. Não se sabe certo,
quem foi a pessoa que encontrou a primeira pepita, o qual foi descoberto
acidentalmente em 1979.
"Mais de 60 mil homens de todos os lugares do Brasil que migraram para as jazidas
de ouro."(Angotti, Marcello, 2016). Em razão da grande concentração de
garimpeiros, a região atraiu também lavradores, médicos, motoristas, padres,
engenheiros, entre outros. No entanto, com o objetivo de evitar possíveis confusões,
foi proibida a entrada de mulheres e bebidas nos garimpos. O major do Exército,
Sebastião Curió, era o responsável pela organização no garimpo, de onde foram
extraídas, cerca de 30 toneladas de ouro.
A produção de ouro em Serra Pelada decresceu e, em 1992, ocorreu a paralisação
da extração de ouro na região. O grande buraco de mais de 100 metros de
profundidade aberta por perfurações, atingiu um lençol freático, e também com as
chuvas sazonais que são típicas da área, ocasionou com que a cratera se
transforma-se em um grande lago, onde se tornou inviável e impossível futuras
extrações.
"A decadência da Serra refletiu na vida econômica da região de Curionópolis, que
caiu em grande ostracismo econômico e político, observado pela grande pobreza e
concentração de renda." (TEIXEIRA DE SOUZA, M, 2014)
3. IMPACTOS SOCIAIS PELA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO ARTESANAL
Como realidade histórica, a atividade de garimpo na região na Serra, ocasionou
inúmeros impactos socioambientais, os quais conceberam, circunstância de
desavenças que ameaçaram o bem estar social e a vitalidade do meio ambiente
local. Durante os processos históricos, houveram garimpeiros que largaram suas
casas, terras, famílias, e até mesmo outra área de garimpo atrás da corrida do ouro
em Serra Pelada. Um dos motivos da taxa de migração é a questão fundiária. As
pessoas sofriam pela falta de condição em adquirir suas próprias terras, e tinham a
percepção de que o trabalho em propriedades alheias não era uma boa condição, e
optavam o garimpo. E pessoas de todos os cantos do Brasil migraram para a Serra.
Na época houveram inúmeros garimpos, mas o de Serra Pelada foi o que mais
chamou atenção, pois mostrou potencial positivo, pelo protuberante tamanho da
primeira pepita de ouro encontrada, motivando a migração. Várias pessoas
decididas a largar tudo, migraram para Serra Pelada , passando por situações
precárias, pois viajaram longos trajetos com pouquíssimo dinheiro, fazendo o
impossível para alcançar seu sonho, considerando a precariedade das estradas que
cortavam o interior da região norte do país no início dos anos 1980 pioravam mais
ainda o deslocamento.
Houveram pessoas que passaram de 7 a 8 anos trabalhando no garimpo. Muitos
garimpeiros afirmam não conhecer ninguém que ainda vive com dinheiro do
garimpo. Em Serra Pelada os homens se encontra em situação desfavorável. Que
são grandes exceções de pessoas que se tornaram ricas. Pois, havia um grande
número de pessoas na corrida pelo ouro. Diziam que o garimpo era um gerador de
esperanças e ilusões. Com a concentração populacional na região ficava difícil de
ter infraestrutura no local. Quando Serra Pelada foi descoberta, era apenas morros
e muita mata, havia falta de urbanização, as pessoas ao descobrir, foram ocupando
as áreas, alguns dormiam em redes ou mesmo no chão, enquanto alguns
começaram construindo casas de lona ,podendo observar a falta de infraestrutura.
"Em julho de 1983 um acidente vitimou 19 garimpeiros." (Veiga, Marcello Mariz da,
Alberto Rogério Benedito da Silva, and Jennifer J. Hinton 2002). Era vasta dimensão
dos riscos que estavam expostos nas escavações, as escadas eram chamadas por
alguns de "Adeus Mamãe", de quão perigosas eram, além de tudo não davam a
devida atenção necessária para a segurança de trabalho. O risco de
desmoronamento era gigantesco, houveram casos de garimpeiros soterrados,
retirados após cerca de uma semana. Relatam que quando alguém se machucava,
quem socorriam eram os próprios garimpeiros. O garimpo era comandado pelo
major Curió, que anos mais tarde, ele se elegeu deputado federal com os votos dos
garimpeiros. Com os conflitos que foram gerados, fez com que criassem regras,
como a proibição de entrada de bebidas e mulheres na área. E foram criadas
políticas sobre a posse dos barrancos, por consequência do exorbitante número de
pessoas.
"A alternativa que se abria era o trabalho por porcentagem, ou mais especificamente
de acordo com as denominações do garimpo, o trabalho no regime de “meia praça”.
Neste, o resultado do trabalho é dividido com um indivíduo conhecido como patrão,
dono de um barranco ou pedaço de terra em escavação e com condição de
subsidiar dez trabalhadores com ferramentas e alimentação até que fossem
encontradas as quantias de ouro. Então a divisão se fazia em 50 por cento para o
patrão e os outros 50 por cento divididos em 5 por cento para cada um dos dez
trabalhadores." (PACÍFICO FILHO, M. I. G. U. E. L., and AYRTON ALVES
BRAUNA)
No garimpo, o dinheiro corre rápido, assim como entra, ele saia. Fazendo expandir-
se de forma rápida, com a imigração de centenas de pessoas para área, gerou o
surgimento de um acampamento, expandiu-se acarretando a construção de uma
vila, onde foi surgindo comércios, muitos voltados para materiais para o garimpo,
pontos de compra de ouro, mas também lugares com venda de bebida, pois era um
meio de fuga do stress da exploração, para os garimpeiros. Muitas mulheres
migraram junto com os maridos, outras foram com intenções de explorar ouro
também, mas foram proibidas, e como meio de ganhar dinheiro, eram submetidas a
serviços em casa ou se prostituindo, que esclarece a multiplicação de bordéis.
"Como, por exemplo, a história de Dona Raimunda Teixeira, 60 anos, migrou para o
sudeste paraense, município de Curionópolis ao encontro do esposo, que estava no
garimpo de Serra Pelada. Foi lá que ela viveu difíceis momentos, aliados à violência
do mundo garimpeiro. O garimpo, na verdade, era uma atividade exclusivamente
masculina. As mulheres se estabeleciam nos vilarejos, dedicando-se a atividades
que não exigissem qualificação, como serviços domésticos, lavagem de roupa; ou
se prostituindo. A migração do esposo para trabalhar no garimpo, que parecia ser a
forma mais rápida de melhoria de vida, não o foi.: “...os pouquinho que ele ganhava
era para tratar da malária...durante o tempo que ele trabalhou no garimpo foi o
tempo que ele vivia só doente...” como diziam os garimpeiros quando afirmavam
que o dinheiro do garimpo seria um dinheiro “maldito”. "(de Souza, Carlos Henrique
Lopes, 2016)
Além do incessante ir e vir das pessoas, acabou multiplicando as epidemias, sem
tirar que no local a ausência de lei, proporciona um ambiente violento, pelo uso
proibido de armas, pelas disputas de barrancos, pelo uso de drogas e pela
prostituição. Muitas partes dos ouros foi contrabandeado, assim, ocasionando muita
corrupção. As pessoas nesse modo vida, vão ficando cegas de esperanças, não
dando atenção ao meio à sua volta, só se preocupando em explorar cada vez mais
e mais. Nem mesmo ligando para seu bem estar e saúde, pois ali muitas pessoas
estavam doentes, sem onde dormir e o que comer, quando pensamos nos riscos
dos trabalhadores, concluímos com pensamento de Meirelles: " Quando analisamos
os riscos do trabalhador, existe uma possibilidade real de o garimpeiro ser
contaminado no uso de produtos tóxicos ou inflamáveis ou contrair doenças pela
falta de água tratada para consumo, pela acesso precário a saúde pública como
podem ser as vacinas para doenças infectocontagiosas, pelas más condições de
moradia sempre ausentes de esgoto sanitário e pela falta de higiene pessoal que
potencializa a aparição de inúmeras doenças, sem falar no elevado risco físico pelo
qual pode ser atingido provocado por possíveis acidentes de trabalho nas atividades
relacionadas com a garimpagem." (MEIRELLES, 2006).

A forma de exploração do ouro, era feita com o uso de mercúrio, para facilitar a
exploração mineral, apesar de ser vantajoso como catalisar no processo de
identificação do ouro, e por ser usada essa substância em sua forma líquida, acaba
atingindo o lençol freático mas facilmente, ocasionando impactos negativos ao meio
ambiente, e também é responsável por gerar graves danos aos seres humanos que
a esse produto tóxico ficam expostos. As pessoas haviam diversos tipos de
problemas na saúde, um exemplo, era os problemas respiratórios, pois com a
exploração e quando havia desmoronamento, causava a emissão de poeira e gases
poluentes, e como não usavam aparelhos de segurança, ficavam expostos por meio
da inalação, ficando vulneráveis com os efeitos tóxicos sobre o organismo, os quais
podem acabar ocasionando diversos problemas respiratórios. Segundo Amélia
Rosa: "No final de novembro de 1994, o Instituto Evandro Chagas (IEC), foi
notificado de um surto de doença febril na população do garimpo. Estudos
laboratoriais comprovaram que os casos eram devido ao vírus Oropouche. A qual a
epidemia foi extensa e apresentou taxa de ataque em torno de 83%, que
correspondeu a infecção de cerca d e 5.000 pessoas." (Rosa, Amélia PAT, 1996).

A fase áurea foi entre 1982 e 1986, quando 100 mil pessoas se apertavam. O
garimpo em Serra Pelada durou até 1992, por ação do governo teve o fechamento
da mina, com isso, a principal atividade econômica foi extinta, trazendo inúmeras
consequências para quem continuou morando na Vila, que ali permaneceram
vivendo em situações desumanas, em situações socioeconômicas precárias. Foi
muito difícil para população de Curionópolis adquirir a implementação de programas
de desenvolvimento econômico e social. A atividade de garimpo, por um lado é
uma coisa boa, pois acaba gerando empregos para a população da Vila,
melhorando a renda e o bem estar, mas pelo lado ruim, concluímos com seguintes
pensamentos:
1."Embora a exploração mineral possa gerar renda e emprego significativos, isso
pode afetar negativamente o meio ambiente, prejudicando os meios de subsistência
a longo prazo. As consequências da mineração são motivo de
preocupação."(Ingram, Verina, 2011).
2. "Apesar das condições altamente desorganizadas e ilegais a mineração artesanal
é uma atividade essencial em muitos países em desenvolvimento, Particularmente
em regiões onde a economia e as alternativas são criticamente limitadas." (Hinton,
Jennifer, Marcello M. Veiga, and Christian Beinhoff, 2003)
REFERÊNCIAS
1-Angotti, Marcello, et al. "GARIMPO DE OURO, SEUS IMPACTOS
SOCIOAMBIENTAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS: CASO DE ENSINO BASEADO NO
FILME “SERRA PELADA”
2-TEIXEIRA DE SOUZA, M.. Análise dos Municípios do Corredor Logístico da
Estrada de Ferro Carajás: Impactos da Gestão Fiscal no Desenvolvimento Regional
- Monografia de conclusão de curso de Economia. Belém: Universidade Federal do
Pará, 2014.
3-de Souza, Carlos Henrique Lopes. "A Trajetória da Força de Trabalho no Sudeste
Paraense: de agricultores migrantes a garimpeiros, de garimpeiros a posseiros, a
excluídos, a Sem Terra." Anais (2016): 1-21.
4- Veiga, Marcello Mariz da, Alberto Rogério Benedito da Silva, and Jennifer J.
Hinton. "O garimpo de ouro na Amazônia: aspectos tecnológicos, ambientais e
sociais." CETEM/MCT, 2002.
5- PACÍFICO FILHO, M. I. G. U. E. L., and AYRTON ALVES BRAUNA. "OTrabalho
NO GARIMPO: NARRATIVAS DE EX-GARIMPEIROS DE SERRA PELADA–PA _."
6-CARPIO J. M. Análisis de los estudios de Impacto Ambiental del Complejo
Hidroeléctrico del Rio Madera. Hidrología y sedimentos. La Paz, Bolivia, 2006
7- Rosa, Amélia PAT, et al. "Epidemia de febre do Oropouche em Serra Pelada,
município de Curionópolis, Pará, 1994." Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical 29.6 (1996): 537-541.
8- Ingram, Verina, et al. "Where artisanal mines and forest meet: Socio-economic
and environmental impacts in the Congo Basin." Natural Resources Forum. Vol. 35.
No. 4. Blackwell Publishing Ltd, 2011.
9- Hinton, Jennifer, Marcello M. Veiga, and Christian Beinhoff. "Women and artisanal
mining: Gender roles and the road ahead." The socio-economic impacts of artisanal
and small-scale mining in developing countries (2003): 161-203.

Você também pode gostar