Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Matemática Aplicada
Autora: Profa. Christiane Mazur Doi
Colaboradora: Profa. Vanessa Santos Lessa
Professora conteudista: Christiane Mazur Doi
Graduada em Engenharia Química, licenciada em Matemática, mestra em Ciências (Tecnologia Nuclear) e doutora
em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, com aperfeiçoamento em Estatística. Coordenadora da Comissão de
Qualificação e Avaliação (CQA) da UNIP e professora titular da UNIP.
CDU 517.5
U510.71 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Ricardo Duarte
Willians Calazans
Sumário
Tópicos de Matemática Aplicada
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FUNÇÕES................................................................................................................................................................9
1.1 Definições de função, domínio e imagem.....................................................................................9
1.2 Gráficos que não representam funções....................................................................................... 21
1.3 Função par e função ímpar............................................................................................................... 23
2 FUNÇÃO LINEAR............................................................................................................................................... 25
2.1 Definição e características da função linear.............................................................................. 25
2.2 Exemplos e aplicações da função linear...................................................................................... 27
3 FUNÇÃO DO 1º GRAU..................................................................................................................................... 36
3.1 Definição e características da função do 1º grau.................................................................... 36
3.2 Exemplos e aplicações da função do 1º grau............................................................................ 38
3.3 Retas paralelas........................................................................................................................................ 51
3.4 Retas perpendiculares......................................................................................................................... 52
4 FUNÇÃO DO 2º GRAU..................................................................................................................................... 54
4.1 Definição e características da função do 2º grau.................................................................... 54
Unidade II
5 MATRIZES............................................................................................................................................................ 74
5.1 Motivação e definição......................................................................................................................... 74
5.2 Matriz nula ou matriz zero................................................................................................................ 76
5.3 Matriz linha............................................................................................................................................. 77
5.4 Matriz coluna.......................................................................................................................................... 77
5.5 Matriz quadrada.................................................................................................................................... 77
5.6 Diagonais de uma matriz quadrada.............................................................................................. 77
5.7 Matriz diagonal...................................................................................................................................... 78
5.8 Matriz identidade.................................................................................................................................. 78
5.9 Matriz transposta.................................................................................................................................. 79
5.10 Matriz oposta....................................................................................................................................... 79
5.11 Igualdade de matrizes....................................................................................................................... 79
5.12 Soma de matrizes............................................................................................................................... 80
5.13 Multiplicação de matriz por escalar........................................................................................... 82
5.14 Multiplicação de matrizes............................................................................................................... 88
5.15 Matriz inversa....................................................................................................................................... 92
5.16 Determinante de uma matriz quadrada.................................................................................... 94
6 SISTEMAS LINEARES....................................................................................................................................... 98
6.1 Definições................................................................................................................................................. 98
6.2 Classificação dos sistemas lineares..............................................................................................101
6.3 Expressão matricial de um sistema linear.................................................................................103
6.4 Resolução de sistemas lineares pela regra de Cramer.........................................................106
6.5 Resolução de sistemas lineares pelo método do escalonamento...................................115
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Como futuro bacharel em Ciência da Computação, você terá de ser preciso na identificação dos
problemas computacionais e competente na proposta de resoluções para tais problemas. Além disso,
precisará articular e integrar diferentes campos do saber, sempre usando os recursos computacionais
disponíveis com racionalidade, eficiência e eficácia.
Para desempenhar essas funções, você deverá ser apto a sugerir soluções algorítmicas que atendam
a situações variadas e a implementar essas soluções com o emprego de teorias, métodos, técnicas,
ferramentas e equipamentos adequados. Isso demanda, entre outras habilidades, o domínio de
fundamentos da matemática, a fim de que as estruturas de programação criadas, independentemente
da linguagem adotada, sejam construídas em bases sólidas e confiáveis.
É nesse contexto que a disciplina Tópicos de Matemática Aplicada ganha importância indiscutível
na formação do cientista da computação, no sentido de capacitar o estudante a utilizar ferramentas
básicas da matemática com o propósito de analisar situações práticas do cotidiano profissional.
Com o intuito de alcançar tal objetivo, vamos estudar, neste livro-texto, funções (em particular,
funções lineares, do 1º grau e do 2º grau), matrizes e sistemas lineares.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo cada vez mais informatizado, o que demanda, de modo crescente, a atuação
de profissionais da área da computação.
Os cientistas da computação são peças fundamentais nesse cenário, pois eles são os responsáveis
pela proposta de soluções computacionais efetivas para os problemas das sociedades atuais. Isso requer
o domínio de disciplinas básicas da área, como as relacionadas à matemática.
Nesse contexto, este livro é dividido didaticamente em duas unidades (unidade I e unidade II).
Na unidade I, apresentamos:
• os conceitos envolvidos nas funções em geral e nas funções lineares, do 1º grau e do 2º grau
em particular;
7
Na unidade II, apresentamos:
• o estudo dos sistemas lineares como ferramentas para a solução de problemas que envolvam
equações lineares.
Vale acrescentar que este material é escrito em linguagem simples e direta, como se houvesse
uma conversa entre a autora e o leitor. Adicionalmente, são inseridas muitas figuras, que auxiliam
no entendimento dos tópicos aqui desenvolvidos. Os itens chamados de “observação” e de “lembrete”
configuram-se como verdadeiras oportunidades para que o estudante solucione eventuais dúvidas. Os
itens chamados de “saiba mais” fazem com que o aluno amplie seus conhecimentos. Há, ainda, muitos
exemplos de aplicação, resolvidos em detalhes, o que implica a fixação dos assuntos abordados.
8
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Unidade I
1 FUNÇÕES
"Transformação" de
Entrada de valor Saída de valor
x em y pela função
em x em y
y = 5.x
Por exemplo, se substituirmos o símbolo x pelo número 7, teremos como resultado, no símbolo y,
o número 35, pois a “fórmula” dada (y=5.x) “diz” que o valor de saída em y é o quíntuplo do valor de
entrada em x. Dizemos, nesse caso, que, se x=7, então y=35, pois y=5.7=35.
Podemos, também, escrever a função em análise como f(x)=5.x. Veja que, nessa notação, f(x) não
é o produto de f por x: f(x) em f(x)=5.x é equivalente a y em y=5.x. Logo, se substituirmos x por 7, por
exemplo, ficaremos com f(7)=35, pois f(7)=5.7=35.
Observação
9
Unidade I
Veja que, em f(x)=5.x (ou y=5.x), temos a liberdade de trocar x por qualquer número real. Mas, fixado
determinado valor para x, o resultado em f(x) está vinculado à regra “multiplicar o valor dado a x por 5”.
Assim, podemos, por exemplo, verificar que:
O conjunto do qual podemos “escolher” valores para a variável independente, representado por
Df, é chamado de domínio da função. Já o conjunto em que temos os possíveis valores para a variável
dependente, representado por Imf, é chamado de imagem da função.
Lembrete
10
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Números reais
Racionais Irracionais
8
2391 47,3
Inteiros √13
-27 0,3 π
Naturais
-7
432 7
0 987 55
8 √2
-432
11
2
Saiba mais
No caso da função em estudo, podemos “escolher” qualquer número real para a variável independente
e temos como “saída”, na variável dependente, um número real. Logo, para y=5.x (ou f(x)=5.x), tanto o
domínio Df quanto a imagem Imf correspondem ao conjunto dos números reais. Ou seja, Df= e Imf=.
Os estudos feitos até agora permitem que entendamos a seguinte definição: função é uma regra que
relaciona cada elemento do domínio a um único elemento da imagem.
Observação
Vamos fixar o que vimos até agora com o estudo de outra função: y=f(10) = 3.(10)2=3.100=300,
ou f(x)=3x2.
11
Unidade I
A regra aqui proposta é a seguinte: substitua x por um número, eleve esse número ao quadrado e
multiplique-o por 3. O resultado assim obtido é assumido por y. Por exemplo, se x=10, então y=300, pois
y=f(10) = 3.(10)2=3.100=300. Dizemos que a imagem de x=10 é f(10)=300.
Nesse caso, o conjunto de valores que a variável x pode assumir é o dos números reais. Logo, o
domínio de y=3x2 é Df=.
Em y=3x2, y é o triplo do quadrado de um número real. Logo, y é um número real maior ou igual
a zero, pois:
Verificamos que, em y=3x2, y resulta apenas em números reais não negativos, ou seja, ou y é zero
ou y é um número real positivo. Assim, concluímos que a imagem dessa função é Imf=+, em que +
representa os reais não negativos.
Observação
Lembrete
12
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Além dos pontos expressos na tabela 1, há infinitos outros pontos que pertencem à função y=3x2.
Ou seja, na tabela, há somente alguns dos possíveis valores que x pode ter e os respectivos valores que
y pode assumir.
Na figura 3, feita com o auxílio do Excel, visualizamos, por meio de marcadores vermelhos, os pontos
calculados na tabela. A linha contínua azul corresponde ao gráfico da função y=3x2.
3500
3000
2500
2000
y
1500
1000
500
0
x
-30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30
13
Unidade I
Vale notar que o gráfico de y=3x2 não se restringe a valores de x que vão de -30 a 30: ele apenas foi
“exibido” nesse intervalo.
O eixo horizontal do gráfico é chamado de eixo das abscissas, e o eixo vertical do gráfico é chamado
de eixo das ordenadas.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Suponha que a “regra” de “transformação” de um número real em outro seja a seguinte: calcule
cinco vezes o cubo do valor de entrada (variável independente), subtraia 23 e coloque esse resultado no
valor de saída (variável dependente).
A) Construa uma tabela que apresente alguns possíveis valores de entrada e os respectivos valores
de saída para a regra dada no enunciado.
B) Crie símbolos para as variáveis envolvidas no exemplo e expresse a regra dada como uma função
que relaciona essas variáveis.
Resolução
Item A. Há infinitas possibilidades de tabelas que apresentem alguns possíveis valores de entrada
e seus respectivos valores de saída, calculados de acordo com a regra expressa no enunciado. A seguir,
temos, nas tabelas 2 e 3, duas dessas possibilidades.
14
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Na tabela 3, não mostramos as “contas” feitas, pois elas seguem procedimentos semelhantes aos
executados na tabela 2.
Item B. Se simbolizarmos o valor de entrada (variável independente) por x e o valor de saída (variável
dependente) por y, a função que relaciona essas variáveis é y = 5x3 - 23.
Item C. Em y = 5x3 - 23, o conjunto de valores que a variável x pode assumir é o dos números reais.
Logo, o domínio de y = 5x3 - 23 é Df=.
Se substituirmos a “variedade” de números reais em y = 5x3 - 23, y pode resultar em zero, em números
reais negativos e em números reais positivos. Assim, concluímos que a imagem dessa função é Imf=.
Vale destacar que o cubo de um número negativo também é negativo e que o cubo de um número
positivo também é positivo.
Item D. O gráfico da função y = 5x3 - 23, construído com o auxílio do Excel, está mostrado na figura 4.
Destacamos, por meio de marcadores vermelhos, os pontos calculados na tabela 3.
15
Unidade I
300
250
200
150
100
50
y 0
-5 -4 -3 -2 -11 0 1 2 3 4 5
-50
-100
-150
-200
-250
-300
x
-350
Existem casos em que há “restrições” aos valores que podemos inserir na variável independente. Para
1
exemplificar um desses casos, tomemos a função dada por y = .
x
A regra “embutida” nessa função é a seguinte: dê um valor para x, calcule o seu inverso e insira esse
resultado em y.
1 1 1
• se x=-5, então y = = = − = −0,2, ou f(-5)=-0,2
x −5 5
1
• se x=0,12, então y = = 8,333 , ou f(0,12)=8,333, com aproximação até a terceira
casa decimal 0,12
16
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
1
• se x=25,6, então y = = 0,039 , ou f(25,6)=0,039, com aproximação até a terceira
casa decimal 25,6
1
• se x=100, então y = = 0,01, ou f(100)=0,01
100
1
Veja que, em y = , não podemos substituir x por zero, pois a divisão por zero não é definida.
x
Você já dever ter ouvido algo do tipo: “não existe divisão por zero”. Nesse caso, o domínio da função
corresponde aos números reais, com exceção do zero. Isso pode ser escrito como Df=- 0.
Observação
1
Em y = , vemos que:
x
• se x>0, então y>0, pois o inverso de um número positivo é positivo;
1
Além disso, em y = , observamos que:
x
• se x>0, y diminui com o aumento de x;
Lembrete
Desse modo:
• |3|=3
• |-54|=54
• |-0,273|=0,273
17
Unidade I
1
Só para termos uma ideia do aspecto do gráfico de y = , podemos ver o que se mostra na figura 5.
x
y
1
Figura 5 – Gráfico da função y =
x
1
Pela observação do gráfico de y = , concluímos que a imagem dessa função é Imf=- 0.
x
Observação
1
Por exemplo, vejamos o caso da função y = . Um algoritmo de
x
“processamento” dessa função pode ser o mostrado abaixo.
18
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Exemplo de aplicação
Exemplo 2
Resolução
Como somente podemos extrair a raiz quadrada de números não negativos, o domínio de y = √x é
Df=+, em que + representa os reais não negativos.
Além disso, o resultado obtido pela aplicação da raiz quadrada também é sempre um número não
negativo. Logo, a imagem de y = √x é Imf=+
3
y = √x
1
x
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Observação
19
Unidade I
y=x 10
10
8 8
6 y = √x
4 6
2
y
0 4
-8 -6 -4 -2 -2 0 2 4 6 8 10
-4 2
-6
-8 0
x 0 20 40 60 80 100
y=x 3 y
y=x2 10
30 140
120
25 100 y=1/x
80 5
20 60
40
15 20 x
y y 0
10 -6 -4 -2-20 0 2 4 6 -3 -2 -1 0 1 2 3
-40
5 -60
-80 -5
0 -100
-6 -4 -2 0 2 4 6 -120
-5 -140 x
x -10
y y=ex
3,0 160
140
2,5
120
2,0 y=1/x2 100
y 80
1,5
60
1,0 40
20
0,5 0
x -2 -1 0 1 2 3 4 5
-4 -2 2 4 x
y=Inx
3 y=cosx y
1
2
1
y 0
0 2 4 6 8 10 12
-1 -π 0 π 2π 3π x
-2
-3 -1
x
y=senx y
1
-π 0 π 2π 3π x
-1
Figura 7 – Esboços de gráficos de funções
20
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Saiba mais
Vimos que uma função é uma regra que associa cada elemento x do domínio a um único elemento
y da imagem. Uma maneira de visualizarmos isso é traçando linhas verticais (paralelas ao eixo das
ordenadas) e verificando se elas são ou não interceptadas mais de uma vez pelo gráfico. Vejamos as
figuras 8 e 9.
y y=f(x)
y*
x* x
y*
x* x
y**
21
Unidade I
Vemos que, no caso 1, qualquer que seja a reta vertical (representada genericamente por uma linha
pontilhada vermelha) colocada no sistema de eixos usado na figura 8, para cada x* do domínio da
função y=f(x), há uma única imagem y*.
Já no caso 2, se colocarmos uma reta vertical (também representada genericamente por uma linha
pontilhada vermelha) no sistema de eixos usado na figura 9, temos que dado valor de x* leva a dois
valores diferentes, y* e y**, o que contraria a definição de função.
No entanto, não podemos confundir os casos 1 e 2 com o caso 3, apresentado na figura 10.
y y=f(x)
y*
x* x** x
Vemos que, no caso 3, um mesmo valor y* corresponde a dois valores x* e x**, o que não contraria a
definição de função. Além disso, cada x está associado a um único y.
Por exemplo, em y=x2 (ou f(x)=x2) tanto a imagem de x=3 quanto a imagem de x=-3 valem y=9, pois:
• se x=-3, y=f(-3)=(-3)2=9
• se x=3, y=f(3)=(3)2=9
Saiba mais
Para saber mais sobre gráficos que representam e que não representam
funções, leia o texto indicado a seguir.
22
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Uma função y=f(x) é chamada de função par se f(x)=f(-x) para qualquer x pertencente ao domínio
da função. Se a função é par, ela é simétrica em relação ao eixo y. Por exemplo, vemos, no gráfico de
f(x)=1-x4, mostrado na figura 11, que essa função é par.
f(-x) f(x)
x
-x x
Veja que, por exemplo, em f(x)=1-x4, se substituirmos x por -2 ou por 2, chegaremos ao mesmo valor
de y igual a -15, pois:
• f(-2)=1-(-2)4=1-(16)=-15
• f(2)=1-(2)4=1-(16)=-15
Podemos destacar que, em f(x)=1-x4, não temos apenas f(-2)=-f(2), mas, para qualquer x, verificamos
que f(-x)=-f(x).
Uma função y=f(x) é chamada de função ímpar se f(x)=-f(-x) para qualquer x pertencente ao domínio
da função. Se a função é ímpar, ela é antissimétrica em relação ao eixo y. Por exemplo, vemos, no gráfico
de f(x)=x+x5, mostrado na figura 12, que essa função é ímpar.
23
Unidade I
f(x)
x
-x x
f(-x)
Veja que, por exemplo, em f(x)=x+x5, se substituirmos x por -2, chegaremos a y igual a -34, e se
substituirmos x por 2, chegaremos a y igual a 34, pois:
• f(-2)=(-2)+(-2)5=-2+(-32)=-34
• f(2)=(2)+(2)5=2+32=34
Podemos destacar que, em f(x)=x+x5, não temos apenas f(2)=-f(-2), mas, para qualquer x, verificamos
que f(x)=-f(-x).
Vale notar que há funções que não são pares nem ímpares, como a mostrada na figura 8. As funções
lineares e do 1º grau, que serão estudadas com detalhes, respectivamente, nos capítulos 2 e 3, também
não são funções pares nem funções ímpares.
Observação
Veja que os conceitos de função par e de função ímpar são distintos dos
conceitos de número par e de número ímpar.
24
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Saiba mais
2 FUNÇÃO LINEAR
O gráfico de uma função linear é uma reta inclinada em relação ao eixo das abscissas (eixo horizontal)
que passa pela origem do sistema de eixos.
A função linear segue uma equação do tipo y=a.x (ou f(x)=a.x), em que:
Por exemplo, as equações y=3.x, y=-234.x e y=0,005.x representam funções lineares com coeficientes
angulares iguais, respectivamente, a 3, -234 e 0,005.
O domínio da função linear é o conjunto de todos os números reais, pois podemos substituir a
variável x por qualquer número real (Df=). A sua imagem também é o conjunto de todos os números
reais, pois y pode “retornar” qualquer número real (Imf=).
O coeficiente angular a em y=a.x está relacionado com a inclinação da reta que representa o gráfico
dessa função:
• se a>0, temos uma função crescente (reta inclinada para o lado direito);
• se a<0, temos uma função decrescente (reta inclinada para o lado esquerdo).
Por exemplo:
• o coeficiente angular de y=8.x é 8 e trata-se de uma função crescente (reta inclinada para a
direita), pois seu coeficiente angular é um número real positivo;
25
Unidade I
• o coeficiente angular de y=-7.x é -7 e trata-se de uma função decrescente (reta inclinada para a
esquerda), pois seu coeficiente angular é um número real negativo;
2 2
• o coeficiente angular de y = .x é e trata-se de uma função crescente (reta inclinada para a
3 3
direita), pois seu coeficiente angular é um número real positivo.
Observação
Agora, vamos ver como calculamos o coeficiente angular a de uma função linear se conhecermos o
seu gráfico, que, como já dissemos, é uma reta que passa pela origem.
Na figura 13, podemos visualizar os pontos P1=(x1,y1) e P2=(x2,y2) de uma reta que passa pela origem
O do sistema de eixos, sendo que:
• x1 é a abscissa do ponto P1
• y1 é a ordenada do ponto P1
• x2 é a abscissa do ponto P2
• y2 é a ordenada do ponto P2
26
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
P2
y2
P1
y1
O
x1 x2 x
Figura 13 – Pontos P1=(x1,y1) e P2=(x2,y2) de uma reta que passa pela origem, de equação y=a.x
O coeficiente angular a da reta da figura 13, que está associado com sua inclinação, é calculado por:
y2 − y1
a=
x2 − x1
Observação
Tomemos como exemplo o gráfico da figura 14. Vemos uma reta inclinada que passa pela origem
e que é inclinada para a direita; logo, sabemos que se trata de uma função linear, de equação y=a.x, em que
a é um número real positivo.
27
Unidade I
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
-5
y
-10
-15
-20
-25
-30
-35
-40
-45
-50
-55 x
Vamos escolher quaisquer dois pontos P1 e P2 da reta da figura 14 para calcularmos seu coeficiente
angular. Como mostrado na figura 15, podemos selecionar, por exemplo, P1=(-5,-40) e P2=(3,24).
40
35
30
P2
25
20
15
10
5
0
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
-5
y
-10
-15
-20
-25
-30
-35
P1
-40
-45
-50
-55 x
28
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
• x1=-5
• y1=-40
• x2=3
• y2=24
y2 − y1 24 − ( −40) 24 + 40 64
a= = = = =8
x2 − x1 3 − ( −5) 3+5 8
Veja que, para termos maior precisão de leitura de valores do gráfico e, também, maior facilidade na
realização das contas, podemos escolher, por exemplo, P1=(-5,-40) e P2=(0,0).
• x1=-5
• y1=-40
• x2=0
• y2=0
y2 − y1 0 − ( −40) 40
a= = = =8
x2 − x1 0 − ( −5) 5
Vale destacar que o gráfico da figura 15 não foi feito em escala de 1 para 1. Veja que, por exemplo,
a distância entre 0 e 10 no eixo vertical é quase igual à distância entre 0 e 2 no eixo horizontal.
Observação
29
Unidade I
Lembrete
Ou seja, -(-40)=-1.(-40)=+40=40
Exemplo de aplicação
Exemplo 3
15
10
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
y
-5
-10
-15
-20
Resolução
Vamos escolher quaisquer dois pontos P1 e P2 da reta da figura 16 para calcularmos seu coeficiente
angular. Como mostrado na figura 17, podemos selecionar, por exemplo, P1=(-6,15) e P2=(4,-10).
30
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
P1 15
10
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
y
-5
P2
-10
-15
-20
• x1=-6
• y1=15
• x2=4
• y2=-10
y2 − y1 15 − ( −10) 25
a= = = = −2,5
x2 − x1 −6 − (4) −10
O sinal negativo do coeficiente angular confere com o que visualizamos: uma reta inclinada
para a esquerda.
Na figura 18, temos os gráficos das funções y(x)=-x, y(x)=0,5.x, y(x)=x e y(x)=2.x, construídos no
mesmo sistema de eixos.
31
Unidade I
4 y=2x
2 y=x
1 y=0,5x
y 0
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-1
-2 y=-x
-3
-4
-5
x
Os gráficos de y(x)=0,5.x, y(x)=x e y(x)=2.x são retas crescentes, pois essas funções têm coeficientes
angulares positivos (maiores do que zero), respectivamente iguais a 0,5, 1 e 2. Tais funções são crescentes,
pois, nelas, aumentos em x implicam aumentos em y.
Lembrete
O gráfico de y(x)=-x é uma reta decrescente, pois essa função tem coeficiente angular negativo (menor
do que zero), igual a -1. Tal função é decrescente, pois, nela, aumentos em x implicam diminuições em y.
Lembrete
Observação
32
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
As retas relativas às funções y(x)=x e y(x)=-x são simétricas em relação ao eixo y, pois seus coeficientes
angulares têm mesmo valor absoluto (módulo), visto que:
• |1|=1 e |-1|=1
Se observarmos, na figura 18, as retas associadas às funções y=x e y=0,5.x, veremos o que segue.
Observação
Lembrete
Vejamos a seguinte aplicação: imagine que, em outubro de 2020, o grama de ouro esteja cotado a
R$350,00 e que você queira saber como varia o valor a ser pago com a “massa” (peso), em gramas, de
ouro comprada por uma pessoa. Essa situação pode ser modelada por uma função linear?
A resposta é sim!
33
Unidade I
Para modelarmos a situação apresentada com uma função linear, vamos usar os símbolos a seguir.
• V: valor, em reais (R$), que a pessoa deve pagar pelo ouro comprado.
• V≥0, pois não podemos pagar o ouro comprado com “reais negativos”.
Claramente, estamos lidando com um caso em que ocorre proporção, como mostrado nos
exemplos a seguir:
O domínio da função é DomV = {M ∈ / M ≥ 0}, lido como M pertence aos números reais, tal que
M seja maior do que zero ou igual a zero.
A imagem da função é ImV = {V ∈ / V ≥ 0}, lido como V pertence aos números reais, tal que V seja
maior do que zero ou igual a zero.
34
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
R$ 60.000,00
R$ 50.000,00
R$ 40.000,00
V (valor pago)
R$ 30.000,00
R$ 20.000,00
R$ 10.000,00
R$ 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160
M (gramas)
Saiba mais
Para saber mais sobre funções lineares, leia o material indicado a seguir.
Observação
35
Unidade I
3 FUNÇÃO DO 1º GRAU
O gráfico de uma função do 1º grau é uma reta inclinada em relação ao eixo das abscissas (eixo horizontal).
A função do 1º grau segue uma equação do tipo y=a.x+b (ou f(x)=a.x+b), em que:
O domínio da função do 1º grau é o conjunto de todos os números reais, pois podemos substituir a
variável x por qualquer número real (Df=). A sua imagem também é o conjunto de todos os números
reais, pois y pode “retornar” qualquer número real (Imf=).
Assim como no caso da função linear, o coeficiente angular a da função do 1º grau, dada por y=a.x+b,
está relacionado com a inclinação da reta que representa o gráfico dessa função:
36
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
O coeficiente linear b da função do 1º grau, dada por y=a.x+b, é a posição em que a reta intercepta
o eixo vertical (eixo y).
• O coeficiente angular de y=8.x-3, ou y=8.x+(-3), é 8 e seu coeficiente linear é -3. Trata-se de uma
reta inclinada para a direita (pois seu coeficiente angular é um número real positivo) e que cruza
o eixo vertical em y=-3.
• O coeficiente angular de y=-7.x+2 é -7 e seu coeficiente linear é 2. Trata-se de uma reta inclinada
para a esquerda (pois seu coeficiente angular é um número real negativo) e que cruza o eixo
vertical em y=2.
2 7 2 7
• O coeficiente angular de y = x + é e seu coeficiente linear é . Trata-se de uma reta
3 11 3 11
inclinada para a direita (pois seu coeficiente angular é um número real positivo) e que cruza o eixo
7
vertical em y = .
11
Observação
Agora, vamos ver como calculamos o coeficiente angular a de uma função do 1º grau se conhecermos
o seu gráfico, que, como já dissemos, é uma reta.
Na figura 21, podemos visualizar os pontos P1=(x1,y1) e P2=(x2,y2) de uma reta, sendo que:
37
Unidade I
• x1 é a abscissa do ponto P1
• y1 é a ordenada do ponto P1
• x2 é a abscissa do ponto P2
• y2 é a ordenada do ponto P2
y
P2
y2
P1
y1
x1 x2 x
O coeficiente angular a da reta da figura 21, que está associado com sua inclinação, é calculado por:
y2 − y1
a=
x2 − x1
Veja que o coeficiente linear b da função do 1º grau pode ser lido diretamente no seu gráfico, como
indicado na figura 21.
Vale reforçar que o valor do coeficiente angular independe da escolha dos pontos P1 e P2, visto que esse
valor está relacionado com a inclinação da reta, que é única. Em resumo, podemos escolher, livremente,
quaisquer dois pontos pertencentes à reta em estudo para determinarmos o seu coeficiente angular.
Tomemos como exemplo o gráfico da figura 22. Como vemos uma reta inclinada para a direita,
sabemos que se trata de uma função do 1º grau de equação y=a.x+b, em que a é um número real positivo.
38
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
12
10
8
6
4
2
0
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
y -2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
x
Vamos escolher quaisquer dois pontos P1 e P2 da reta da figura 22 para calcularmos seu coeficiente
angular. Como mostrado na figura 23, podemos selecionar, por exemplo, P1=(-4,-13) e P2=(6,7).
12
10
8 P2
6
4
2
0
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
y -2
-4
-6
-8 b=-5
-10
-12
P1
-14
x
39
Unidade I
• x1=-4
• y1=-13
• x2=6
• y2=7
y2 − y1 7 − ( −13) 7 + 13 20
a= = = = =2
x2 − x1 6 − ( −4) 6 + 4 10
Observação
Exemplo de aplicação
Exemplo 4
40
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
20
18
16
14
12
10
8
y
6
4
2
0
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
-2
-4
-6 x
Resolução
Vamos escolher quaisquer dois pontos P1 e P2 da reta da figura 24 para calcularmos seu coeficiente
angular. Como mostrado na figura 25, podemos selecionar, por exemplo, P1=(-2,14) e P2=(-4,10).
20
18
16
P1 b=11
14
12
10
8
y
6
4
2
0
-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
-2
-4 P2
-6 x
• x1=-2
41
Unidade I
• y1=14
• x2=-4
• y2=10
y2 − y1 −4 − 14 −18
a= = = = −1,5
x2 − x1 10 − ( −2) 12
O sinal negativo do coeficiente angular confere com o que visualizamos: uma reta inclinada
para a esquerda.
4
P2
2
0 x
-2 -1 0 1 2 3
-2
-4
P1
-6
-8
-10
-12
42
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
• P1=(x1,y1)=(0,-5)
• P2=(x2,y2)=(1,3)
Se tomarmos esses pontos, ou quaisquer outros dois pontos da reta da figura 26, poderemos fazer o
cálculo do seu coeficiente angular a, que resulta em 8, conforme mostrado a seguir.
y2 − y1 3 − ( −5) 8
a= = = =8
x2 − x1 1− 0 1
Significa que a proporção de aumento de y em relação a x vale 8. Assim, para esse caso,
podemos dizer que:
Lembrete
Exemplo de aplicação
Exemplo 5
• P1=(-3,-8)
• P2=(5,8)
43
Unidade I
Resolução
• x1=-3
• y1=-8
• x2=5
• y2=8
y2 − y1
a=
x2 − x1
8 − ( −8) 8 + 8 16
a= = = =2
5 − ( −3) 5 + 3 8
O sinal positivo do coeficiente angular mostra que a reta em estudo é inclinada para a esquerda.
Para calcularmos o coeficiente linear b da reta, podemos substituir as coordenadas de P1, por exemplo,
e o valor do coeficiente angular a na equação geral da reta. Logo, fazendo y=-8, x=-3 e a=2 em y=a.x+b,
ficamos com b=-2, conforme mostrado a seguir.
y = a. x + b ⇒ -8 = 2 . (-3) + b ⇒ -8 + 6 = b ⇒ b = -2
Agora, vamos construir o gráfico da função y=2.x-2 com o auxílio do assistente de gráfico do Excel
e de acordo com o passo a passo mostrado a seguir.
44
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Passo 1. Faça uma tabela no Excel digitando as abscissas (x1 e x2) e as ordenadas (y1 e y2) dos pontos
P1 e P2 em células dessa planilha, como mostrado na figura 27.
Passo 2. Selecione toda a extensão da tabela (faixa de valores de A2 até C4), clique na aba “Inserir”
e escolha o tipo e o subtipo de gráfico, como mostrado na figura 28.
45
Unidade I
Observação
Passo 3. Clique nos marcadores e adicione uma linha de tendência do tipo linear, como mostrado
nas figuras 30 e 31.
46
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Observação
Passo 4. Veja, na figura 32, o gráfico de y=2.x-2, uma reta inclinada para a direita e que intercepta
o eixo vertical em y=-2.
47
Unidade I
Observação
Podemos fazer aproximações de dados por funções do 1º grau com o uso do Excel. Vejamos o
exemplo a seguir.
Exemplo de aplicação
Exemplo 6
Tabela 4
x y
-7 -16,8
-3 -9,3
0 0,8
2 1,2
3 2,7
6 9,5
Resolução
Os pontos presentes na tabela não estão perfeitamente alinhados, ou seja, não formam, rigorosamente,
uma reta. Contudo, podemos fazer uma reta aproximada para essa situação. A fim de termos a melhor
reta adaptada aos pontos, vamos usar o ajuste de linha de tendência do Excel. Os passos para exercitarmos
isso são os mostrados a seguir.
48
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
• Passo 3. Clicar em “Inserir” e escolher o tipo e o subtipo de gráfico oferecidos na caixa de diálogo
colocada na tela (no caso, dispersão xy).
• Passo 7. Escolher “Tipo Linear” na caixa de diálogo e clicar em “Exibir Equação no Gráfico”.
Exemplo 7
• I representa a intensidade da corrente elétrica (em ampere, unidade indicada por A);
• E representa a força eletromotriz da bateria (em volt, unidade indicada por V);
49
Unidade I
+ -
Sabe-se que U=E-R.I e que, para o caso em estudo, o gráfico dessa função é o apresentado na figura 35.
7
5
Tensão (U), em V
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Intensidade da corrente (I), em A
Resolução
Estamos trabalhando com a função do 1º grau dada por U=E-R.I, que pode ser reescrita como U=-R.I+E.
Nessa função, temos o que segue:
• I é a variável independente;
• U é a variável dependente;
Na figura 35, visualizamos uma reta inclinada para a esquerda e que intercepta o eixo vertical na
posição 6. Logo, o coeficiente linear dessa reta é E=6.
0=-R.3+6→R=6/3=2
Observação
b
a.x + b = 0 ⇒ a.x = −b ⇒ x = −
a
Retas paralelas têm mesma inclinação, ou seja, apresentam mesmo valor de coeficiente angular, mas
diferentes valores de coeficientes lineares.
Tomemos como exemplo de retas paralelas as dadas pelas funções y=2.x (ou y=2x+0), y=2.x-1 e
y=2.x+1: essas três retas têm coeficiente angular igual a 2 e coeficientes lineares iguais a 0, -1 e 1,
respectivamente.
Vemos, na figura 36, que a reta y=2.x+1 intercepta o eixo y em y=1, a reta y=2.x intercepta o eixo y
em y=0 e a reta y=2.x-1 intercepta o eixo y em y=-1.
51
Unidade I
y y=2x+1
4 y=2x
y=2x-1
0 x
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-2
-4
De modo geral, podemos dizer que duas retas de equações y1=a1.x+b1 e y2=a2.x+b2 são
paralelas se a1=a2.
Saiba mais
Para saber mais sobre funções lineares, leia o material indicado a seguir.
De modo geral, podemos dizer que duas retas de equações y1=a1.x+b1 e y2=a2.x+b2 são perpendiculares
se seus coeficientes angulares satisfazem a relação a1.a2=-1.
52
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
• y1=-3.x+1 e y2=3.x+1 não são retas perpendiculares, pois a multiplicação do coeficiente angular
de y1, que vale -3, pelo coeficiente angular de y2, que vale 3, não resulta em -1;
• y1=-x+7 e y2=x+13 são retas perpendiculares, pois a multiplicação do coeficiente angular de y1,
que vale -1, pelo coeficiente angular de y2, que vale 1, resulta em -1.
Podemos visualizar, na figura 37, que as retas dadas por y1=-x+7 e y2=x+13 são perpendiculares.
14
13
12
11
y1 10
9
8
y2 7
y
6
5
3
2
1
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
-1
x
Observação
53
Unidade I
4 FUNÇÃO DO 2º GRAU
O gráfico de uma função do 2º grau é uma parábola, que pode ter sua concavidade voltada para
baixo, como mostrado na figura 38, ou voltada para cima, como mostrado na figura 39.
14
12
10
6
y
4
0
-6 -4 -2 0 2 4 6
-2
-4 x
0
-6 -4 -2 0 2 4 6
-2
y
-4
-6
-8
-10
-12
x
54
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
A função do 2º grau segue uma equação do tipo y=f(x)ax2+bx+c, sendo a, b e c números reais, com
a ≠ 0. Por exemplo, y=7x2+2x-3 e y=-3x2+6x-13 são equações de funções do 2º grau.
Se a for um número maior do que zero (a>0), a parábola tem concavidade voltada para cima.
Se a for um número menor do que zero (a<0), a parábola tem concavidade voltada para baixo.
Em relação à constante c em y=ax2+bx+c, ela corresponde à posição em que a parábola cruza o eixo
vertical (eixo y).
Na tabela 5, temos alguns exemplos de funções do 2º grau, em que destacamos os valores das
constantes a, b e c e mostramos as concavidades da parábola.
Equação a b c Concavidade
y=4,7x +x+3
2
4,7 1 3 Para cima
y=-3x +0,44x-6
2
-3 0,44 -6 Para baixo
y= 3 x2+21x 3
21 0 Para cima
5 5
y=-6x2+429 -6 0 429 Para baixo
y=11x2+x-3 11 1 -3 Para cima
y=-6x2 -6 0 0 Para baixo
Em relação às raízes de y=ax2+bx+c, obtidas quando resolvemos ax2 + bx + c = 0, temos o que segue.
• Se a parábola não cortar o eixo horizontal x, ela não tem raízes reais.
• Se a parábola cortar o eixo horizontal x apenas uma vez, ela tem apenas uma raiz real.
• Se a parábola cortar o eixo horizontal x duas vezes, que é o número máximo de vezes, ela tem
duas raízes reais.
As raízes da função do 2º grau costumam ser representadas por x1 e x2. Para calcularmos esses
valores, caso existam, precisamos inicialmente determinar o valor do discriminante “delta”, dado por:
D = b2 - 4.a.c
55
Unidade I
Se o valor do discriminante D for um número negativo (D<0), a parábola não tem raízes reais e, por
isso, não corta o eixo x, como podemos ver nas duas situações mostradas na figura 40.
y y
x x
Figura 40 – Parábolas que não têm raízes reais (∆<0) e, por isso, não cortam o eixo x
Se o valor do discriminante ∆ for um número positivo ou zero (∆≥0), as raízes por x1 e x2 da parábola
são calculadas por:
−b + ∆
x1 =
2.a
−b − ∆
x2 =
2.a
Devemos destacar que, se D for igual a zero (D=0), as raízes x1 e x2 da parábola são iguais (x1=x2).
Lembrete
Vimos que a função do 2º grau pode ter duas raízes distintas, uma raiz
(ou seja, duas raízes idênticas) ou nenhuma raiz, o que é definido pelo sinal
do discriminante D=b2-4.a.c. Temos o seguinte:
56
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Toda parábola tem um ponto extremo, chamado de vértice e indicado por V=(xV,yV). Esse ponto
extremo pode ser seu “ponto mais alto” (ponto de máximo M) ou seu “ponto mais baixo” (ponto
de mínimo m).
O vértice V é:
A abscissa (xV) e a ordenada (yV) do vértice V de uma parábola são calculadas por:
−b −∆
xv = yv =
2.a 4.a
Na figura 41, mostramos o vértice V de uma parábola que tem concavidade para cima. Vemos que,
nesse caso, o vértice corresponde ao ponto de mínimo do gráfico.
xV
x
yV
V
Na figura 42, temos o esboço do gráfico de y=-x2+8. Veja que se trata de uma parábola que tem
concavidade para baixo e cujo vértice corresponde ao ponto de máximo do gráfico, que ocorre em
xv=0 e yv=8.
57
Unidade I
V
8
0
y -6 -4 -2 0 2 4 6
-2
-4
-6
-8
-10
-12
x
O domínio da função do 2º grau é o conjunto de todos os números reais, pois podemos substituir
a variável x por qualquer número real (Df=). No entanto, sua imagem não é o conjunto de todos os
números reais, pois ela é condicionada pela ordenada do vértice.
Observe o gráfico da figura 43, que corresponde à parábola da função y=x2-2x-3.
y
10
0 x
-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
-2
-4
-6
58
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Lembrete
Uma parábola pode ter ou não ter raízes reais, ou seja, ela pode cortar
ou não cortar o eixo x. No entanto, toda parábola tem vértice.
Exemplo de aplicação
Exemplo 8
Resolução
• a=0,5
• b=1
• c=-1,5
Nesse caso, como a é um número maior do que zero (a=0,5), o gráfico de y=0,5x2+x-1,5 é uma
parábola com concavidade voltada para cima. Essa parábola intercepta o eixo vertical (eixo y) na posição
-1,5, pois esse é o valor da constante c (c=-1,5).
59
Unidade I
−b + ∆ −(1) + 4 −1 + 2
x1 = = = =1
2.a 2.0,5 1
−b + ∆ −(1) − 4 −1 − 2
x2 = = = = −3
2.a 2.0,5 1
−b −1 −1
xv = = = = −1
2.a 2.0,5 1
−∆ −4 −4
yv = = = = −2
4.a 4.0,5 2
• dê um valor para x;
De modo similar ao que fizermos acima, podemos obter outros pontos que pertencem ao gráfico da
função y=0,5x2+x-1,5, como os mostrados na tabela 6.
60
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
x y=0,5x2+x-1,5
-7 16
-6 10,5
-5 6
-4 2,5
-3 0
-2 -1,5
-1 -2
0 -1,5
1 0
2 2,5
3 6
4 10,5
5 16
22
20
18
16
14
12
10
y
8
6
2
0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
-2
-4
-6
x
61
Unidade I
Veja que o domínio da função y=0,5x2+x-1,5 é o conjunto de todos os números reais, pois podemos
substituir a variável x por qualquer número real (Df=). Já sua imagem corresponde aos números reais
maiores ou iguais a -2, que é a ordenada do vértice da parábola em estudo. Assim, escrevemos a imagem
de y=0,5x2+x-1,5 como Imf = {y ∈ / y ≥ -2}.
Agora, vamos construir o gráfico da função y=x2, ou y=1x2+0x+0, com o auxílio do assistente de
gráfico do Excel, conforme o passo a passo descrito a seguir.
Passo 1. Faça uma tabela no Excel digitando alguns valores do domínio de y(x)=x2. Por exemplo,
podemos ir de -6 a 6, de 1 em 1. Podemos atribuir esses valores a células da coluna A, desde a linha 2
até a linha 14 e inserir a fórmula =A2^2 na célula B2, conforme mostrado na figura 45.
Passo 2. Copie a fórmula =A2^2 até a célula B14. O próprio Excel atualiza essa fórmula ao longo
da coluna B, até a célula B14 (por exemplo, na célula B3, a fórmula será =A3^2 e assim por diante).
Obtemos a situação mostrada na figura 46.
62
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Passo 3. Selecione toda a extensão da tabela (faixa de valores de A1 até B14), clique na aba “Inserir”
e escolha o tipo e o subtipo de gráfico, conforme mostrado na figura 47.
63
Unidade I
Passo 4. Clique nos marcadores e adicione uma linha de tendência do tipo polinomial de ordem 2,
conforme mostrado na figura 49.
64
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
Lembrete
Observação
Os gráficos de funções do 2º grau do tipo y=ax2 são parábolas com vértices localizados na origem
O=(0,0). Vamos estudar como o valor de a influencia tais funções.
Inicialmente, vamos analisar parábolas com a>0, ou seja, com concavidade voltada para cima. Para
isso, tomemos os gráficos das funções f(x)=x2 (ou f(x)=1x2), g(x)=2x2 e h(x)=0,5x2, mostrados na figura 51.
65
Unidade I
75
65
55
45
y
35
25
15
-6 -4 -2 0 2 4 6
-5
x
Figura 51 – Gráficos das funções f(x)=1x2, g(x)=2x2 e h(x)=0,5x2 sem indicações dessas funções
De modo proposital, não indicamos “quem são” as funções f(x)=1x2, g(x)=2x2 e h(x)=0,5x2 nos gráficos
da figura 51. Você saberia identificá-las?
Poderíamos fazer assim: trocamos x pelo mesmo valor nas três funções e verificamos os valores das
imagens obtidas. Por exemplo, como f(1)=1, g(1)=2 e h(1)=0,5, concluímos que:
66
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
75
g(x)=2x2
65
55
45
f(x)=1x2
y
35
25
h(x)=0,5x2
15
-6 -4 -2 0 2 4 6
-5
x
Figura 52 – Gráficos das funções f(x)=1x2, g(x)=2x2 e h(x)=0,5x2 com indicações dessas funções
Visualizamos, na figura 51, que, para a>0, o aumento do valor de a em y=ax2 causa “afunilamento”
na parábola. Logo, a mesma variação de x em f(x)=1x2 e em g(x)=2x2 causa maior variação em g(x) do
que em f(x).
Agora, vamos analisar as funções f(x)=x2 (ou f(x)=1x2) e m(x)=-x2 (ou m(x)=-1x2):
• o coeficiente de x2 em f(x) é a=1, o que significa uma parábola com concavidade voltada para cima;
• o coeficiente de x2 em m(x) é a=-1, o que significa uma parábola com concavidade voltada para baixo.
Além disso:
67
Unidade I
f(x)=1x2
50
40
30
20
10
0
y
-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7
-10
-20
-30
-40
-50
x m(x)=-1x2
Figura 53 – Gráficos das funções f(x)=1x2 e m(x)=-1x2 com indicações dessas funções
Resumo
68
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
−b − ∆ −b + ∆
x1 = e x2 =
2a 2a
69
Unidade I
Exercícios
• x representa o nível de unidades (nível de vendas mensal) de um bem que determinada empresa
produz e vende mensalmente;
(500, 22.500)
Custo dos bens vendidos
Custos variáveis
10.000
Custos fixos
x
100 500
Figura 54
II – A figura do enunciado mostra uma função crescente, em que os custos fixos permanecem
constantes com o aumento do nível de vendas.
III – A figura do enunciado mostra uma função crescente, em que os custos variáveis aumentam com
o aumento do nível de vendas.
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TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: na reta do gráfico enunciado, foram identificados dois dos seus pontos, que chamaremos
de P1 e de P2. Esses pontos são dados por:
• P1=(x1,y1)=(10.000,0)
• P2=(x2,y2)=(22.500,500)
Conforme pode ser visto na figura do enunciado, os custos fixos são constantes e equivalem a
R$10.000,00, e os custos variáveis aumentam com o aumento do nível de vendas.
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Unidade I
(2,9)
Gráfico 1 Gráfico 2
x x
(0,0)
-1 5
Figura 55
III – O vértice V do gráfico 2 é dado por V=(2,9) e representa o ponto de mínimo dessa parábola
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
72
TÓPICOS DE MATEMÁTICA APLICADA
I – Afirmativa correta.
Logo, em virtude das características expostas, o gráfico 1 pode referir-se à função do 2º grau dada
por f(x)=x2.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o gráfico da função do 2º grau dada por g(x)=-x2+4x-0,5 cruza o eixo Oy em y=-0,5,
visto que o termo independente c é -0,5. Como podemos ver na figura do enunciado, o gráfico 2 cruza
o eixo vertical em posição y>0. Logo, o gráfico 2 não pode se referir à função do 2º grau dada por
g(x)=-x2+4x-0,5.
Justificativa: como podemos ver na figura do enunciado, o vértice V do gráfico 2 é dado por V=(2,9).
No entanto, V representa o ponto de máximo da parábola em estudo, e não o seu ponto de mínimo.
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