Exercicios de Aneis Páginas 68 85

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Capı́tulo 6

Anéis, subanéis, anéis de integridade, corpos

A1) Sejam A = š × š, (a, b) ⊕ (c, d) = (a + c, b + d), (a, b) ⊗ (c, d) = (ac − bd, ad + bc),
onde a, b, c, d ∈ š. Mostre que (A, ⊕, ⊗) é um anel, verifique se é comutativo e se
tem unidade.

Solução: Sejam (a, b), (c, d), (e, f ) três elementos genéricos de A. Temos que:

• (a, b)⊕(c, d) = (a+c, b+d) = (c+a, d +b) = (c, d)⊕(a, b); logo, ⊕ é comutativa.
• [(a, b) ⊕ (c, d)] ⊕ (e, f ) = (a + c, b + d) ⊕ (e, f ) = ((a + c) + e, (b + d) + f ) =
(a + (c + e), b + (d + f )) = (a, b) ⊕ (c + e, d + f ) = (a, b) ⊕ [(c, d) ⊕ (e, f )]; logo,
⊕ é associativa.
• (a, b) ⊕ (0, 0) = (a + 0, b + 0) = (a, b); logo, ⊕ tem elemento neutro (0, 0).
• (a, b)⊕(−a, −b) = (a+(−a), b+(−b)) = (0, 0); logo, todo elemento (a, b) possui
um inverso aditivo (−a, −b).
• [(a, b) ⊗ (c, d)] ⊗ (e, f ) = (ac − bd, ad + bc) ⊗ (e, f ) = ((ac − bd)e − (ad +
bc) f, (ac − bd) f + (ad + bc)e) = (ace - bde - adf - bcf, acf - bdf + ade + bce)
e
(a, b) ⊗ [(c, d) ⊗ (e, f )] = (a, b) ⊗ (ce − d f, c f + ed) = (a(ce − d f ) − b(c f +
ed), a(c f + ed) + b(ce − d f )) = (ace-adf- bcf - bed, acf+aed + bce - bdf ) Logo,
[(a, b)⊗(c, d)]⊗(e, f ) = (a, b)⊗[(c, d)⊗(e, f )] o que significa que ⊗ é associativa.
• (a, b) ⊗ (c, d) = (ac − bd, ad + bc) = (ca − db, cb + da) = (c, d) ⊗ (a, b); logo, ⊗
é comutativa.
• (a, b) ⊗ [(c, d) ⊕ (e, f )] = (a, b) ⊗ (c + e, d + f ) = (a(c + e) − b(d + f ), a(d + f ) +
b(c + e)) = (ac + ae − bd − b f, ad + a f + bc + be)
e
(a, b) ⊗ (c, d) ⊕ (a, b) ⊗ (e, f ) = (ac − bd, ad + bc) ⊕ (ae − b f, a f + be) =
(ac − bd + ae − b f, ad + bc + a f + be). Logo, (a, b) ⊗ [(c, d) ⊕ (e, f )] =

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(a, b) ⊗ (c, d) ⊕ (a, b) ⊗ (e, f ). Como ⊗ é comutativa, temos também que
[(c, d) ⊕ (e, f )] ⊗ (a, b) = (a, b) ⊗ [(c, d) ⊕ (e, f )] = (a, b) ⊗ (c, d) ⊕ (a, b) ⊗ (e, f ) =
(c, d) ⊗ (a, b) ⊕ (e, f ) ⊗ (a, b). Portanto, ⊗ é distributiva com relação a ⊕.
• (a, b) ⊗ (1, 0) = (a · 1 − b · 0, a · 0 + b · 1) = (a − 0, 0 + b) = (a, b). Logo, ⊗ tem
elemento neutro (unidade) que é o (1, 0).
Todos os itens anteriores juntos mostram que (A, ⊕, ⊗) é um anel comutativo com
unidade.
Observação. As operações ⊕ e ⊗ definidas entre (a, b) e (c, d) neste exercı́cio são
semelhantes às que são definidas nos números complexos a + bi e c + di. Veja os
seguintes exemplos:
• Em A temos:
◦ (1, 2) ⊕ (3, 4) = (1 + 3, 2 + 4) = (4, 6)
◦ (1, 2) ⊗ (3, 4) = (1 · 3 − 2 · 4, 1 · 4 + 2 · 3) = (−5, 10)
• Em ƒ temos:
◦ (1 + 2i) + (3 + 4i) = (1 + 3) + (2 + 4)i = 4 + 6i
◦ (1 + 2i)(3 + 4i) = 1 · 3 + 1 · 4i + 3 · 2i + 8i2 = 3 + 4i + 6i − 8 = −5 + 10i.

A2) Seja F = { f : ’ −→ ’ | f é contı́nua } e +, ·, ◦ as seguintes operações:


• ( f + g)(x) = f (x) + g(x)
• ( f · g)(x) = f (x) · g(x)
• ( f ◦ g)(x) = f (g(x))

a) Mostre que (F , +, ·) é um anel comutativo, com unidade, mas que não é de


integridade;
b) Mostre que (F , +, ◦) não é um anel.

Solução:

a) Sejam f , g e h três funções contı́nuas de ’ em ’, elementos genéricos de F .


Temos que as seguintes propriedades são válidas:
◦ f (x) + g(x) = g(x) + f (x), ∀x ∈ ’
◦ ( f (x) + g(x)) + h(x) = f (x) + (g(x) + h(x)), ∀x ∈ ’
◦ f (x) + O(x) = f (x), ∀x ∈ ’, onde O(x) representa a função nula: O(x) = 0.

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◦ f (x) + (− f (x)) = O(x), ∀x ∈ ’
◦ ( f (x) · g(x)) · h(x) = f (x) · (g(x) · h(x)), ∀x ∈ ’
◦ f (x) · (g(x) + h(x)) = f (x) · g(x) + f (x) · h(x) e ( f (x) + g(x)) · h(x) =
f (x) · h(x) + g(x) · h(x), ∀x ∈ ’
◦ f (x) · g(x) = g(x) · f (x), ∀x ∈ ’
◦ f (x) · I(x) = f (x), ∀x ∈ ’, onde I(x) é a função constante 1: I(x) = 1.
Logo, (F , +, ·) é um anel comutativo com unidade. Para mostrar que F não é
anel de integridade, devemos mostrar exemplos de duas funções contı́nuas não
nulas cujo produto é nulo. Por exemplo, sejam f, g : ’ −→ ’ definidas por
f (x) = |x| + x e g(x) = |x| − x. Veja gráficos a seguir.

Temos que f e g não são funções nulas, mas ( f · g)(x) = f (x) · g(x) = (|x| +
x)(|x| − x) = |x|2 − x2 = x2 − x2 = 0, ∀x ∈ ’.
b) Para mostrar que (F , +, ◦) não é um anel, basta encontrar exemplos de funções
em que falhe alguma das propriedades de anel. Por exemplo, consideremos
f : ’ −→ ’, g : ’ −→ ’ e h : ’ −→ ’ definidas por f (x) = x2 , g(x) = 3x e
h(x) = x + 1. Temos que:
1 ( f ◦ (g + h))(x) = ( f (g + h))(x) = f (3x + x + 1) = f (4x + 1) = (4x + 1)2 =
16x2 + 8x + 1,
2 ( f ◦g+ f ◦h)(x) = ( f ◦g)(x)+( f ◦h)(x) = f (g(x))+ f (h(x)) = f (3x)+ f (x+1) =
(3x)2 + (x + 1)2 = 10x2 + 2x + 1.
Logo, f ◦ (g + h) , f ◦ g + f ◦ h. Isso significa que a “multiplicação” ◦ não
é distributiva com relação à adição + definidas no conjunto F , e, consequente,
ele não é um anel.

A3) Verifique se os conjuntos A a seguir são subanéis de (‘, +, ·):

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a) 3š
b) ‘ − š
c) {m + 15 n | m, n ∈ š}
d) {−1, 0, 1}
Solução:

a) O subconjunto 3š ⊂ ‘ é formado por todos os múltiplos de 3. É claro que ele


não é vazio porque, por exemplo, 3 ∈ 3š. Sejam x, y ∈ 3š. Então existem
m, n ∈ š tais que x = 3m e y = 3n. Daı́, x − y = 3m − 3n = 3(m − n) ∈ 3š e
x · y = (3m)(3n) = 9mn = 3(3mn) ∈ 3š. Logo, 3š é um subanel de ‘.
b) A = ‘ − š é formado pelos números racionais que não são inteiros, ou seja,
formado pelas frações p/q ∈ ‘ tais que p/q < š. Por exemplo, 3/2 ∈ A e
1/2 ∈ A, mas 3/2 − 1/2 = 1 < A. Logo, A não é fechado com relação à
subtração, de onde concluı́mos que A não é subanel de ‘.
c) Seja A = {m + 15 n | m, n ∈ š}. Escolhendo (aleatoriamente) m = n = 1 e, depois,
m = 0, n = 2 temos que x = 1 + 15 · 1 = 65 e y = 0 + 51 · 2 = 25 são dois elementos
de A. No entanto, x · y = 65 · 25 = 12
25 . Se esse último elemento pertencesse a A,
existiriam m, n ∈ š tais que 25 = m + 15 n ⇒ 12 = 25m + 5n o que é um absurdo
12

porque 12 não é múltiplo de 5 enquanto que 25m + 5n = 5(5m + n) é múltiplo de


5. Concluı́mos dessa forma que 25 12
< A e, consequentemente, A não é subanel
de ‘.
d) Se A = {−1, 0, 1}, escolhendo x = 1 e y = −1 temos que x − y = 2 < A. Logo, A
não é subanel de ‘.

A4) Seja A um anel. Mostre que:


a) Se (α + β)2 = α2 + 2αβ + β2 para quaisquer α, β ∈ A, então A é um anel
comutativo.
b) Dê exemplo de um anel A e elementos α, β ∈ A tais que (α+β)2 , α2 +2αβ+β2 .
Solução:

a) Usando a propriedade distributiva da multiplicação com relação à adição temos


que se α e β são dois elementos genéricos de um anel A, então (α + β)2 =
(α + β)(α + β) = α(α + β) + β(α + β) = α2 + αβ + βα + β2 . Utilizamos
também a propriedade associativa da adição para poder retirarmos os parênteses
da expressão. Se no anel A é válido também que (α + β)2 = α2 + 2αβ + β2 , então

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temos que α2 + 2αβ + β2 = α2 + αβ + βα + β2 . Somando-se (−α2 ), (−β2 ) e (−αβ)
a ambos os membros e simplificando, obtemos: αβ = βα, de onde podemos
concluir que o anel é comutativo.
b) Basta escolher dois elementos que não comutem em um[ anel A]que não seja
1 2
comutativo. Por exemplo, sejam A = M2×2 (’), α = ∈ Aeβ =
0 −1
[ ] [ ] [ ] [ ]
0 1 1 0 2 7 1 3
∈ A. Temos α2 = , αβ = , β2 = ,α+β =
1 3 0 1 −1 −3 3 10
[ ] [ ] [ ]
1 3 4 9 6 17
o que implica em (α + β)2 = e α2 + 2αβ + β2 = , de
1 2 3 7 1 5
onde podemos observar que (α + β)2 , α2 + 2αβ + β2 .

A5) Verifique se (S , +, ·) é um subcorpo de (’, +, ·) em cada um dos seguintes casos:



a) S = {a + b 3 | a, b ∈ š}
√ √
b) S = {a 2 + b 3 | a, b ∈ ‘}
√3
c) S = {a + b 3 | a, b ∈ ‘}
(OBS.: S é um subcorpo de K quando ambos são corpos e S ⊂ K)

Solução:

a) consideremos um elemento de S e vamos verificar


√ se esse elemento tem inverso
multiplicativo em S . Por exemplo, seja x = 3 ∈ S . Temos que x−1 = √13 =
√ √
3
3
= 3 3 < S (porque 3 < š) ⇒ S não é subcorpo de ’.
1 1

b) Para o conjunto ser um subcorpo, entre outras propriedades, ele precisa ser
fechado para a multiplicação.
√ Escolhendo-se
√ a = 1, b = 0 e depois a = 2,
b = 0, √obtemos
√ que x = 2 e y = 2 2 são dois elementos de S . Como
x · y = 2 · 2 2 = 4 < S , temos que S não é subcorpo de ’.
√3 √
3 2 √
3
c) Seja x = 3 ∈ S . Temos que x−1 = √31 = √3 √33 2 = 39 < S . Logo, S não é um
3 3 3
subcorpo de ’.

A6) Mostre que:


√ √
a) ‘[ 2] = {a + b 2 | a, b ∈ ‘} é um subcorpo de ’;
b) Existe uma infinidade de corpos ‹ tais que ‘ ⊂ ‹ ⊂ ’.

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Solução:
√ √ √
a) Escolhendo
√ a = b = 1 temos
√ que 1 + 2 ∈ ‘[ 2] ⇒ √ 2] , ∅. Sejam
‘[
x = a + b 2 e y = c + d 2 dois elementos genéricos de ‘[ 2]. Temos que:
√ √ √ √
◦ x − y = (a + b 2) − (c + d 2) = (a
| {z } + (b
− c) − d)
| {z } 2 ∈ ‘[ 2]
∈‘ ∈‘
√ √ √ √
◦ x · y = (a + b 2)(c + d 2) = (ac + 2bd) +
| {z } | {z }(ad + bc) 2 ∈ ‘[ 2]
∈‘ ∈‘

Fica mostrado dessa forma que ‘[ 2] é um subanel de ’. Para ser subcorpo,
faltam ainda outras propriedades:
√ √ √
◦ Escolhendo a = 1 e b = 0 temos que 1 = 1 + 0 2 ∈ ‘[ 2] ⇒ ‘[ 2] tem
unidade
√ √ √
◦ x · y = (a √+ b 2)(c√ + d 2) = (ac + 2bd) +√ (ad + bc) 2 e
y · x =√(c + d 2)(a + b 2) = (ca + 2db) + (da + cb) 2 ⇒ x · y = y · x
⇒ ‘[ 2] é comutativo
√ √
◦ Seja x = m + n 2 um elemento não nulo de ‘[ 2]. O inverso multiplica-
√ m −n √
tivo x−1 é igual a m+n1 √2 = (m+n m−n
√ 2 √
= 2 − 2n2
+ 2 − 2n2
2 que é
2)(m−n 2) m
| {z } | {z }m
∈‘ ∈‘

um elemento de ‘[ 2].
b) De modo semelhante ao que foi feito no item (a), podemos mostrar que se
√ √
p for um primo positivo, ‘[ p] = {a + b p | a, b ∈ ‘} é um subcorpo de
√ √ √
’. √Obtemos, dessa forma, uma infinidade de corpos ‘[ 2], ‘[ 3], ‘[ 5],
‘[ 7], · · · todos contidos em ’ e contendo o conjunto ‘.

A7) Dê exemplo de um anel A e um subanel B tais que:


a) ∃1A , ∃1B mas 1A , 1A ;
b) ∃1A , mas @1B.

Solução:
{[ ] }
a 0
a) Consideremos A = M2×2 ’ e B = |a ∈ ’ . Temos que B é um subanel
0 0
[ ] [ ]
1 0 1 0
de A, 1A = , 1B = e 1A , 1 B .
0 1 0 0

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b) Sejam B = 2š = inteiros pares e A = š com as operações de adição e
multiplicação usuais. Temos que B é subanel de A, existe 1A = 1 ∈ š, mas
não existe 1B.

A8) Mostre detalhadamente que se A for um anel de integridade e a ∈ A for tal que
a2 = 1, então a = 1 ou a = −1.

Solução: Se a2 = 1, então somando-se (−1) a ambos os membros, obtemos:


a2 + (−1) = 1 + (−1) ⇒ a2 − 1 = 0. Como (a + 1)(a − 1) = a2 + a − a − 1 = a2 − 1,
temos que (a + 1)(a − 1) = 0. Como A é um anel de integridade, temos a + 1 = 0 ou
a − 1 = 0. Somando-se (−1) e 1 às igualdades anteriores, concluı́mos que a = −1 ou
a = 1.

A9) Mostre detalhadamente que se A for um anel de integridade e a ∈ A for tal que
a2 = a, então a = 0 ou a = 1.

Solução: Se a2 = a, então somando-se (−a) a ambos os membros, obtemos:


a2 + (−a) = a + (−a) ⇒ a2 − a = 0 ⇒ a(a − 1) = 0. Como A é um anel de integridade,
temos a = 0 ou a − 1 = 0. Somando-se 1 à igualdade anterior, concluı́mos que a = 0
ou a = 1.

A10) Em um anel A, um elemento x ∈ A é denominado nilpotente quando existir


n ∈ Ž tal que xn = 0. Mostre que o único elemento nilpotente de um anel de integri-
dade é o zero.

Solução: Suponhamos x um elemento nilpotente de um anel A.

• Se xn = 0, onde x ∈ A e n ∈ Ž, então não podemos ter n = 0 porque, se assim


fosse, a potência xn não seria igual a 0.
• Se n = 1, então xn = 0 ⇒ x = 0.
• Se n > 1, então xn = 0 ⇒ |
x · x · {z
x · · · · · }x = 0. Como A é um anel de integri-
n fatores
dade, temos x = 0.

Observação. Sendo A um anel de integridade, se x1 , x2 ∈ A são tais que x1 · x2 =


0, então x1 = 0 ou x2 = 0. Isso pode ser generalizado (por Indução) para uma

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quantidade de k fatores, com k > 1: se xi ∈ A, com i ∈ {1, 2, · · · , k} são tais que
x1 · x2 · · · · · xk = 0, então existe j ∈ {1, 2, · · · , k} tal que x j = 0.

A11) No corpo Z11 , resolva:


a) a equação x3 = x;
{
2̄x + 3̄y = 1̄
b) o sistema de equações
5̄x − 2̄y = 8̄

Solução:

a) Como 11 é primo, š11 é um corpo. Logo, podemos usar as propriedades (co-


mutativa, distributiva, etc.) da adição e multiplicação para escrever a equação
na seguinte forma: x3 = x ⇒ x3 − x = 0̄ ⇒ x(x2 − 1̄) = 0̄ ⇒ x(x + 1̄)(x − 1̄) = 0̄.
Como š11 é um anel de integridade, temos que x = 0̄ ou x + 1̄ = 0̄ ou x − 1̄ = 0̄,
ou seja, x = 0̄ ou x = −1̄ = 10 ou x = 1̄. Logo, o conjunto-solução da equação
é S = {0̄, 1̄, 10}.
b) Multiplicando-se a primeira equação por 2̄, a segunda por 3̄ e somando-se as
duas
{ equações, podemos{eliminar a variável y:
4̄x + 6̄y = 2̄ 4̄x + 6̄y = 2̄
⇒ ⇒ (4̄x + 6̄y) + (4̄x − 6̄y) = 2̄ + 2̄
1̄5x − 6̄y = 2̄4 4̄x − 6̄y = 2̄
⇒ 8̄x = 4̄ ⇒ x = (8̄)−1 · 4̄. Como 8̄ · 7̄ = 56 = 1̄, temos que (8̄)−1 = 7̄.
Daı́, x = 7̄ · 4̄ = 28 = 6̄. Substituindo-se x = 6̄ na primeira equação do sistema,
obtemos: 2̄· 6̄+ 3̄y = 1̄ ⇒ 3̄y = 1̄−12 ⇒ 3̄y = −11 = 0̄ ⇒ y = (3̄)−1 · 0̄ ⇒ y = 0̄.
Portanto, a solução do sistema é x = 6̄, y = 0̄.

A12) Determine todos os divisores de zero do anel š15 .

Solução: ā e b̄ são divisores de zero de š15 se eles forem não nulos e ā· b̄ = 0̄, ou
seja, a · b = 0̄ ⇒ a · b é um múltiplo de 15 ⇒ a, b ∈ {3, 5, 6, 9, 10, 12}, um conjunto
formado por divisores de 15 e seus múltiplos maiores do que 1 e menores do que 15.
Portanto, os divisores de zero de š15 são 3̄, 5̄, 6̄, 9̄, 10, 12.

B1) Seja A um anel no qual x2 = x para todo x ∈ A. Mostre que x = −x para todo
x ∈ A. (Sugestão: calcule (x + x)2 .)

Solução: Em um anel A, se a, b ∈ A, então (a + b)2 = (a + b)(a + b) =


a(a+b)+b(a+b) = a2 +ab+ba+b2 . Se a = b = x, então (x+x)2 = x2 +x·x+x·x+x2 =

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x2 +x2 +x2 +x2 = x+x+x+x. Por outro lado, (x+x)2 = x+x. Logo, x+x = x+x+x+x.
Somando-se (−x) + (−x) + (−x) aos dois membros dessa última igualdade, obtemos:
(−x) + x + (−x) + x + (−x) = (−x) + x + (−x) + x + (−x) + x + x ⇒ −x = x para todo
x ∈ A.
Observação. Note que utilizamos as propriedades associativa da adição e distribu-
tiva da multiplicação com relação à adição no desenvolvimento acima.

B2) Seja A um anel no qual x2 = x para todo x ∈ A. Mostre que A é um anel comu-
tativo. (Sugestão: calcule (x + y)2 .)

Solução: Como (x+y)2 = x2 + xy+yx+y2 , temos que (x+y)2 = x+ xy+yx+y. Por


outro lado, (x+y)2 = x+y e daı́ x+xy+yx+y = x+y. Somando-se (−x)+(−y) aos dois
membros da última igualdade, obtemos: x+(−x)+xy+yx+y+(−y) = x+(−x)+y+(−y),
ou seja, xy + yx = 0. Usando o exercı́cio B1, temos yx = −yx. Portanto, xy − yx = 0
de onde obtemos que xy = yx para quaisquer x, y ∈ A, ou seja, o anel A é comutativo.

B3) No anel š8 , determine todas as soluções da equação x2 − 1̄ = 0̄.

Solução: Em todo anel comutativo, é válido o seguinte produto notável:


(a + b)(a − b) = a2 − b2 . Logo, a equação dada pode ser escrita na forma
(x + 1̄)(x − 1̄) = 0̄. Portanto, duas soluções são obtidas quando x + 1̄ = 0̄ ou quando
x − 1̄ = 0̄, ou seja, quando x = −1̄ = 7̄ ou x = 1̄. Em um anel de integridade, essas
seriam as únicas soluções. Mas š8 não é anel de integridade porque seus divisores
de zero são 2̄, 4̄ e 6̄. Logo, também podemos obter soluções da equação dada quando
x + 1̄ ou x − 1̄ coincidem com esses divisores de zero. Dessa forma, obtemos as
seguintes possı́veis soluções:
• x + 1̄ = 2̄ ⇒ x = 1̄
• x + 1̄ = 4̄ ⇒ x = 3̄
• x + 1̄ = 6̄ ⇒ x = 5̄
• x − 1̄ = 2̄ ⇒ x = 3̄
• x − 1̄ = 4̄ ⇒ x = 5̄
• x − 1̄ = 6̄ ⇒ x = 7̄
Por substituição direta na equação, podemos verificar que x = 3̄ não é uma raiz da
equação, enquanto que 1̄, 5̄ e 7̄ são raı́zes. Portanto, o conjunto-solução da equação
x2 − 1̄ = 0̄ é S = {1̄, 5̄, 7̄}.

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B4) No corpo š101 , determine o inverso multiplicativo do elemento 43.

Solução: Como 101 é primo, o mdc(101, 43) = 1. Logo, existem a, b ∈ š


tais que 101a + 43b = 1. Para calcular a e b, podemos usar o método das divisões
sucessivas para o cálculo do máximo divisor comum, dispostas no seguinte diagrama
onde fizemos x = 101 e y = 43:
2 2 1 6 2
x y 15 13 2 1
15 13 2 1 0
Observando as divisões indicadas nesse diagrama, temos:
(a) x = 2 · y + 15
(b) y = 2 · 15 + 13
(c) 15 = 1 · 13 + 2
(d) 13 = 6 · 2 + 1
Do item (a), temos que 15 = x−2y que substituı́do em (b) fornece y = 2·(x−2y)+13,
ou seja, y = 2x − 4y + 13 ⇒ 5y − 2x = 13. Do item (c), temos 2 = 15 − 13 que
substituindo em (d) fornece 13 = 6·(15−13)+1 que é equivalente a 7·13−6·15 = 1,
ou seja, 7(5y − 2x) − 6(x − 2y) = 1 que equivale a |{z} −20 x = 1 ⇒ 47y − 20x =
47 y |{z}
=b =a
1̄ ⇒ 47· ȳ− |{z}
20 · x̄ = 1̄ ⇒ 47·43 = 1̄ de onde concluı́mos que o inverso multiplicativo
=0̄
de 47 em š101 é o elemento 43.

73
Capı́tulo 7

Homomorfismos de anéis, ideais,


anéis-quocientes

A1) Consideremos o anel A = š e o ideal I = 4š = múltiplos de 4 (operações


de adição e multiplicação usuais). Construa as tábuas de adição e multiplicação do
anel-quociente A/I.

Solução: Temos que:

• 0 + I = {· · · , −12, −8, −4, 0, 4, 8, 12, · · · } = I


• 1 + I = {· · · , −11, −7, −3, 1, 5, 9, 13, · · · }
• 2 + I = {· · · , −10, −6, −2, 2, 6, 10, 14, · · · }
• 3 + I = {· · · , −9, −5, −1, 3, 7, 11, 15, · · · }
• 4 + I = {· · · , −8, −4, 0, 4, 8, 12, 16, · · · } = I
Portanto, o anel-quociente de A por I é

A/I = {I, 1 + I, 2 + I, 3 + I}.

Alguns exemplos de adição entre seus elementos são (2+I)+(1+I) = (2+1)+I = 3+I
e (2 + I) + (4 + I) = (2 + 4) + I = 6 + I = 2 + I e todas as possı́veis adições entre seus
elementos podem ser observadas na seguinte tábua:
+ I 1+I 2+I 3+I
I I 1+I 2+I 3+I
1+I 1+I 2+I 3+I I
2+I 2+I 3+I I 1+I
3+I 3+I I 1+I 2+I

74
Alguns exemplos de multiplicação entre seus elementos são (2+I)·I = (2+1)·(0+I) =
2 · 0 + I = 0 + I = I e (3 + I) + (2 + I) = (3 · 2) + I = 6 + I = 2 + I e todas as possı́veis
multiplicações entre seus elementos podem ser observadas na seguinte tábua:
· I 1+I 2+I 3+I
I I I I I
1+I I 1+I 2+I 3+I
2+I I 2+I I 2+I
3+I I 3+I 2+I 1+I

A2) Dê exemplo de um homomorfismo de anéis f : A −→ B tal que f (1A ) , 1B.

Solução: Sejam A = B = š. Então 1A = 1B = 1. Consideremos a função nula


f : š −→ š, f (x) = 0, que é um homomorfismo de A em B. Como f (1) = 0, temos
que f (1A ) , 1B.
Observação. Esse tipo de exemplo só é possı́vel quando a função f não for sobreje-
tora.

A3) Considere os anéis A = (’, +, ·) com operações usuais e B = (’, ⊕, ⊙) onde


x ⊕ y = x + y + 1 e x ⊙ y = x + y + xy.
a) Mostre que f : A −→ B definida por f (x) = x − 1 é um isomorfismo de anéis;
b) Mostre que f : A −→ A definida por f (x) = x − 1 não é um isomorfismo de
anéis.

Solução:

a) Sejam x, y ∈ A. Então:
◦ f (x+y) = x+y−1 e f (x)⊕ f (y) = f (x)+ f (y)+1 = (x−1)+(y−1)+1 = x+y−1.
Logo, f (x + y) = f (x) ⊕ f (y).
◦ f (x · y) = xy − 1 e f (x) ⊙ f (y) = f (x) + f (y) + f (x) f (y) = (x − 1) + (y − 1) +
(x−1)(y−1) = x+y−2+ xy− x−y+1 = xy−1. Logo, f (x·y) = f (x)⊙ f (y).
Portanto, f é um homomorfismo de anéis.
◦ Suponhamos f (x) = f (y). Então, x − 1 = y − 1 ⇒ x = y. Logo, f é injetora.
◦ Dado y ∈ B = ’, considerando x = y + 1 ∈ A = ’, temos: f (x) = x − 1 =
(y + 1) − 1 = y. Logo, f é sobrejetora.

75
Ficou mostrado nos itens anteriores que f é um isomorfismo de anéis.
b) Com as operações usuais, o elemento neutro da adição de A é o 0. Como f (0) =
−1 , 0 temos que f não é isomorfismo de anéis.

A4) Verifique se (I, +, ·) é um ideal do anel (A, +, ·) em cada um dos seguintes casos:
a) I = š, A = ‘;
b) I = 3š, A = š;
c) I = 2š, A = š com as operações de adição usual de inteiros e multiplicação
definida por x · y = 0 para quaisquer x, y ∈ š.
d) I = elementos de š que são divisores de 100 e A = š.
e) I = 3š ∪ 7š, A = š
f) I = { f : ’ −→ ’ | f (−1) = 0}, A = ’’ .
g) I = { f : ’ −→ ’ | f (3) = f (4) = 0}, A = ’’ .
h) I = { f : ’ −→ ’ | f (1) + f (2) = 0}, A = ’’

Solução:

a) Sejam x = 1 ∈ I e a = 1
3 ∈ A. Como a · x = 1
3 < I, temos que I não é ideal de A.
b) É claro que I , ∅ porque, por exemplo, 3 ∈ I. Sejam x, y ∈ I. Então, x = 3m e
y = 3n com m, n ∈ š. Daı́, temos x − y = 3m − 3n = 3(m − n) ∈ I. Se a ∈ š,
temos a · x = 3(am) ∈ I. Logo, I é um ideal de A.
c) É claro que I , ∅ porque, por exemplo, 2 ∈ I. Sejam x, y ∈ I. Então, x = 2m e
y = 2n com m, n ∈ š. Daı́, temos x − y = 2m − 2n = 2(m − n) ∈ I. Se a ∈ š,
temos a · x = 0 ∈ I. Logo, I é um ideal de A.
d) Dois divisores de 100 são x = 5 e y = 10. Como x + y = 15 não é divisor de
100, temos que I não é ideal de A.
e) I é formado pelos inteiros que são múltiplos de 3 ou múltiplos de 7. Dois
elementos de I são x = 3 e y = 14. Como x + y = 17 < I temos que I não é
ideal de A.
f) A função nula pertence a I; logo, I , ∅. Se f, g ∈ I, então f (−1) = 0 e
g(−1) = 0. Daı́, ( f − g)(−1) = f (−1) − g(−1) = 0 − 0 = 0; logo, f − g ∈ I.
Se h ∈ A, então ( f · h)(−1) = f (−1) · h(−1) = 0 · h(−1) = 0. Logo, f · h ∈ I.
Portanto, I é um ideal de A.

76
g) A função nula pertence a I; logo, I , ∅. Se f, g ∈ I, então f (3) = f (4) = g(3) =
g(4) = 0. Daı́, ( f − g)(3) = f (3) − g(3) = 0 − 0 = 0 e ( f − g)(4) = f (4) − g(4) =
0 − 0 = 0; logo, f − g ∈ I. Se h ∈ A, então ( f · h)(3) = f (3) · h(3) = 0 · h(3) = 0
e ( f · h)(4) = f (4) · h(4) = 0 · h(4) = 0.. Logo, f · h ∈ I. Portanto, I é um ideal
de A.
h) Sejam f (x) = −2x + 3 e h(x) = x. Então, f (1) + f (2) = 1 + (−1) = 0 ⇒ f ∈ I e
g(x) = h(x) · f (x) = x(−2x + 3) = −2x2 + 3x ⇒ g(1) + g(2) = 1 + (−2) = −1 ,
0 ⇒ g = h · f < I. Logo, I não é ideal de A.


A5) Seja A = {a +√b 2 | √ a, b ∈ ‘}.√Mostre √que se f : A −→ A for um isomorfismo
de anéis, então f ( 2) = 2 ou f ( 2) = − 2.

Solução: Se f for isomorfismo de anéis, então f (1) = 1 o que implica f (2) =


√ √
f (1√+ 1) =√ f (1) + f√(1) = 1 + 1√= 2 e daı́ obtemos 2 = f (2) = f ( √ 2 · 2)√ =
f ( 2) · f ( 2) = [ f ( 2)]2 ⇒ [ f ( 2)]2 = 2 de onde concluı́mos que f ( 2) = ± 2.

A6) Verifique se f : ‘ × š −→ š × ‘ tal que f (x, y) = (y, x) é um isomorfismo de


anéis.

Solução: Sejam X = (a, b) e Y = (c, d) dois elementos do domı́nio de f .

• f (X + Y) = f ((a, b) + (c, d)) = f (a + c, b + d) = (b + d, a + c) = (b, a) + (d, c) =


f (a, b) + f (c, d) = f (X) + f (Y)
• f (X · Y) = f ((a, b) · (c, d)) = f (ac, bd) = (bd, ac) = (b, a) · (d, c) = f (a, b) ·
f (c, d) = f (X) · f (Y); logo, f é um homomorfismo de anéis.
• f (X) = f (Y) ⇒ f (a, b) = f (c, d) ⇒ (b, a) = (d, c) ⇒ b = d e a = c ⇒ (a, b) =
(c, d) ⇒ X = Y; logo, f é injetora
• Dado W = (r, s) ∈ š × ‘, consideremos Z = (s, r) ∈ ‘ × š. Temos que
f (Z) = f (s, r) = (r, s) = W; logo, f é sobrejetora.
Desse modo, fica mostrado que f é um isomorfismo de anéis.

A7) Sejam ‹ um corpo e para cada a ∈ ‹ considere a função fa : ‹ −→ ‹ tal que


fa (x) = axa−1 .
a) Mostre que fa é um isomorfismo de anéis.

77
b) Se b for outro elemento de ‹, então calcule a composta fa ◦ fb .

Solução:

a) Sejam x, y ∈ ‹. Temos:
◦ fa (x + y) = a(x + y)a−1 = (ax + ay)a−1 = axa−1 + aya−1 = fa (x) + fa (y)
◦ fa (x · y) = a(x · y)a−1 = ax(a−1 a)ya−1 = (axa−1 )(aya−1 ) = fa (x) · fa (y).
Assim, este item, juntamente com o item anterior, mostra que fa é um
homomorfismo de anéis.
◦ Se fa (x) = fa (y), então axa−1 = aya−1 . Multiplicando-se à esquerda por
a−1 e à direita por a, obtemos a−1 axa−1 a = a−1 aya−1 a ⇒ 1· x·1 = 1·y·1 ⇒
x = y. Logo, fa é injetora.
◦ Dado s ∈ ‹ (contradomı́nio de f ), seja r = a−1 sa pertencente a ‹ (domı́nio
de f ) temos que fa (r) = ara−1 = a(a−1sa)a−1 = 1 · s · 1 = s. Logo, fa é
sobrejetora.
Fica mostrado dessa forma que fa é um isomorfismo de ‹ em ‹.
b) Se a, b, x ∈ ‹, então ( fa ◦ fb )(x) = fa ( fb (x)) = fa (bxb−1 ) = a(bxb−1 )a−1 =
(ab)x(b−1 a−1 ) = (ab)x(ab)−1 = fab (x). Portanto, fa ◦ fb = fab .

B1) Mostre que se f : š −→ š é um isomorfismo de anéis, então f é a função


identidade.

Solução: Como f é um isomormorfismo, temos que f é um homomorfismo e


f (a + b) = f (a) + f (b) para quaisquer a, b ∈ š.
• Sendo f um homomorfismo, temos f (0) = 0
• Sendo f também sobrejetora, temos f (1) = 1
• f (2) = f (1 + 1) = f (1) + f (1) = 1 + 1 = 2
• f (3) = f (2 + 1) = f (2) + f (1) = 2 + 1 = 3
• f (4) = f (3 + 1) = f (3) + f (1) = 3 + 1 = 4, etc.
• Supondo f (k) = k, temos que f (k + 1) = f (k) + f (1) = k + 1. Logo, por indução,
f (n) = n para todo n ∈ Ž.
• Se m ∈ š for tal que m < 0, então −m ∈ Ž e daı́ f (−m) = −m pelo que foi
mostrado no item anterior. Como f (−m) + f (m) = f ((−m) + m) = f (0) = 0,
temos que f (−m) = − f (m) ⇒ −m = − f (m) ⇒ f (m) = m.

78
Concluı́mos então que f (x) = x, ∀x ∈ š, ou seja, f é a função identidade em š.

B2) Seja f : A −→ B um homomorfismo de anéis e P um ideal primo de B. Mostre


que f −1 (P) é um ideal primo de A.

Solução: Inicialmente, vamos mostrar que f −1 (P) é um ideal de A. Depois,


mostramos que é um ideal primo.
• Como 0 ∈ P e f (0) = 0 temos que f −1 (P) , ∅ porque f −1 (P) contém pelo
menos o elemento 0.
• Se a, b ∈ f −1 (P), então f (a), f (b) ∈ P ⇒ f (a) − f (b) ∈ P ⇒ f (a − b) ∈ P ⇒
a − b ∈ f −1 (P).
• Se a ∈ f −1 (P) e x ∈ A, então f (a) ∈ P e f (x) ∈ B ⇒ f (a) · f (x) ∈ P ⇒ f (a · x) ∈
P ⇒ a · x ∈ f −1 (P). Logo, f −1 (P) é um ideal de A.
• Suponhamos x, y ∈ A tais que x·y ∈ f −1 (P). Então, f (x·y) ∈ P ⇒ f (x)· f (y) ∈ P.
Como P é primo, temos f (x) ∈ P ou f (y) ∈ P ⇒ x ∈ f −1 (P) ou y ∈ f −1 (P).
Logo, f −1 (P) é um ideal primo de A.

B3) Mostre que (2š, +, ·) e (3š, +, ·) não são anéis isomorfos.

Solução: Suponhamos que exista um isomorfismo f : 2š −→ 3š. Então


f (2) = 3n para algum n ∈ š. Como f (0) = 0 e f é injetora, temos que n , 0.
Usando o fato de que f é um homomorfismo de anéis, temos:
• f (4) = f (2 + 2) = f (2) + f (2) = 3n + 3n = 6n
• f (4) = f (2 · 2) = f (2) · f (2) = (3n)(3n) = 9n2
o que implica em 6n = 9n2 ⇒ 2 · 3n = 3n · 3n. Como 3š é um anel de integridade
e 3n , 0, podemos cancelar o 3n nos dois membros da última igualdade de onde
obtemos: 2 = 3n. Essa última igualdade é um absurdo porque o segundo membro é
um múltiplo de 3 e o primeiro membro não é. Portanto, não pode existir isomorfismo
de 2š em 3š.

√ √ √ √
B4) Verifique se ‘[ 5] = {a + b 5 | a, b ∈ ‘} e ‘[ 7] = {a + b 7 | a, b ∈ ‘} são
anéis isomorfos (com as operações de adição e multiplicação usuais).
√ √
Solução: Suponhamos que exista um isomorfismo f : ‘[ 5] −→ ‘[ 7].

79
Como f é um homomorfismo sobrejetor, temos f (1) = 1 o que implica em f (5)√=
f (1+1+1+1+1) = f (1)+ f (1)+ f (1)+ f (1)+
√ f (1) = 1+1+1+1+1 = 5.√O elemento √ 5
é levado pela f para um elemento a + b √7 com a, b ∈ ‘,√isto é, f ( √5) = a +√b 7.
Elevando-se
√ ao quadrado,
√ obtemos:
√ √ [ f ( 5)]2 =√(a + b 7)2 ⇒ f ( 5) · f (√ 5) =
a2 + 2ab 7 + ( √7)2 ⇒ f ( 5 · 5) = a2 + 2ab 7 + 7 ⇒ f (5) = a2 + 2ab 7 + 7
⇒ 5 = a2 + 2ab 7 + 7
• Não podemos ter a = 0 porque isso implicaria 5 = 0 + 0 + 7 que é absurdo.
• Não podemos ter b = 0 porque isso implicaria 5 = a2 + 7 ⇒ a2 = −2 que é
absurdo porque não existe número racional cujo quadrado seja igual a −2.
• Assim, a , 0 e b , 0 o que implica ab , 0.
√ √ √
Como 2ab 7 = −a2 − 2, temos 7 = −a2ab−2 o que é absurdo porque 7 é irracional,
2


enquanto que −a2ab−2 é racional. Portanto, não pode existir isomorfismo f de ‘[ 5]
2


em ‘[ 7]

C1) Determine todos os possı́veis isomorfismos do anel (š × š, +, ·) nele mesmo.

Solução: Seja f : š × š −→ š × š um isomorfismo de anéis. Então, f (0, 0) =


(0, 0) e f (1, 1) = (1, 1). Vamos calcular os valores de f (0, 1) e f (1, 0). Se esses
valores forem conhecidos, a partir deles, podemos calcular todos os outros. Temos
que:
• Suponhamos f (0, 1) = (a, b). Então, (0, 1) · (0, 1) = (0 · 0, 1 · 1) = (0, 1) ⇒
f [(0, 1) · (0, 1)] = f (0, 1) ⇒ f (0, 1) · f (0, 1) = f (0, 1) ⇒ (a, b) · (a, b) = (a, b) ⇒
(a2 , b2 ) = (a, b) ⇒ a2 = a e b2 = b ⇒ ( a = 0 ou a = 1) e (b = 0 ou b = 1) ⇒
f (0, 1) = (0, 1) ou f (0, 1) = (1, 0). Note que, sendo f injetora, não podemos ter
f (0, 1) = (0, 0), nem f (0, 1) = (1, 1).
• Suponhamos f (1, 0) = (c, d). Usando argumentos semelhantes aos do item
anterior, a partir de (1, 0) · (1, 0) = (1, 0), chegamos a (c2 , d2 ) = (c, d) o que
implica em f (1, 0) = (0, 1) ou f (1, 0) = (1, 0).
Portanto, temos dois casos a considerar:
Caso 1: f (0, 1) = (0, 1) e f (1, 0) = (1, 0)
◦ Neste caso, temos f (0, 2) = f [(0, 1) + (0, 1)] = f (0, 1) + f (0, 1) = (0, 1) +
(0, 1) = (0, 2), f (0, 3) = f [(0, 2)+(0, 1)] = f (0, 2)+ f (0, 1) = (0, 2)+(0, 1) =
(0, 3), etc.
◦ Supondo f (0, k) = (0, k), temos f (0, k + 1) = f [(0, k) + (0, 1)] = f (0, k) +
f (0, 1) = (0, k) + (0, 1) = (0, k + 1). Logo, por indução, f (0, n) = (0, n),
∀n ∈ Ž.

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◦ Se m for um inteiro negativo, então −m é positivo e f (0, −m) = (0, −m).
Como f (0, 0) = (0, 0), temos que f [(0, m) + (0, −m)] = f (0, 0) = (0, 0) ⇒
f (0, m) + f (0, −m) = (0, 0) ⇒ f (0, m) + (0, −m) = (0, 0) ⇒ f (0, m) =
−(0, −m) ⇒ f (0, m) = (0, m). Portanto, f (0, y) = (0, y), ∀y ∈ š.
◦ A partir de f (1, 0) = (1, 0), usando um cálculo semelhante ao item anterior,
obtemos f (2, 0) = (2, 0), f (3, 0) = (3, 0), etc. e chegamos a f (x, 0) = (x, 0),
∀x ∈ š.
◦ Portanto, f (x, y) = f [(x, 0) + (0, y)] = f (x, 0) + f (0, y) = (x, 0) + (0, y) ⇒
f (x, y) = (x, y).
Caso 2: f (0, 1) = (1, 0) e f (1, 0) = (0, 1)
◦ Este caso é semelhante ao anterior: a partir de f (0, 1) = (1, 0), calculamos
f (0, 2) = (2, 0), f (0, 3) = (3, 0), etc. e chegamos a f (0, y) = (y, 0), ∀y ∈ š.
◦ A partir de f (1, 0) = (0, 1), chegamos a f (2, 0) = (0, 2), f (3, 0) = (0, 3),
etc. e chegamos a f (x, 0) = (0, x), ∀x ∈ š.
◦ Daı́, f (x, y) = f (x, 0) + f (0, y) = (0, x) + (y, 0) ⇒ f (x, y) = (y, x).
Portanto, as funções f (x, y) = (y, x) e g(x, y) = (x, y), sendo homomorfismos de
š × š em š × š e bijetoras, são os únicos isomorfismos de š × š em š × š.

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