Escala Disfuncao Executiva
Escala Disfuncao Executiva
Escala Disfuncao Executiva
Co-orientadores
Professora, Dra. Irani Iracema de Lima Argimon
Professor , Dr. Carlos Roberto de Mello Rieder
C.D.D. 612.7
C.D.U. 612.821.1316.454.3(043.3)
N.L.M. WE 104
&
Ao Professor, Doutor Cláudio Hutz que de forma gentil e amiga me ensinou passo a
passo os métodos para elaboração e desenvolvimento do estudo.
Ao meu filhote Freud (cachorrinho Bichon Frizé) por me acompanhar nas noites
que escrevi a dissertação.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS..........................................................................................xi
RESUMO .......................................................................................................................xiv
RESUMO .......................................................................................................................xiv
ABSTRACT ....................................................................................................................xv
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................... 4
3 OBJETIVOS .................................................................................................................24
5 ESTUDO I ....................................................................................................................31
Estudo de Elaboração dos Itens e Validação de Conteúdo de uma Escala para Avaliação de
Disfunção Executiva na Vida Diária.................................................................................31
5.2.5 Levantamento e análise dos testes que avaliam funções executivas ..................46
6 ESTUDO II...................................................................................................................54
6.2.2.1 Amostra....................................................................................................58
9 PERSPECTIVAS ..........................................................................................................83
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Instrumentos Consultados como Fontes de Informação para Elaboração dos Itens
........................................................................................................................................47
Tabela 6. Cargas fatoriais da Análise Fatorial para avaliar as dimensões que compõem a
Escala DEVD...................................................................................................................64
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
ABSTRACT
The goal of this research is to develop and conduct a study on preliminary construct
validity in an evaluation scale of the executive dysfunction in daily lives of adult
individuals. The scale is an instrument of self- report that evaluates the prefrontal cortex
coordination under superior cognitive abilities. The ages of the participants involved varied
from 18 to 79 years old.
The construct was chosen based on the demand, observed in the neurological clinic,
to evaluate the daily lives of dysexecutives individuals. Content validity studies and a
preliminary study of the construct validity show that the scale presents adequate
psychometrical characteristics and can contribute to the daily lives rehabilitation of
individuals that present executive dysfunctions due to neurological injuries or
neuropsychiatric disorders.
One hundred eighty one people from both genders and with no previous clinical
neurological diagnosis participated in the factor analysis preliminary study. The study is
considered preliminary because it is a projection of a future construct validity study with a
higher number of participants and including individuals with neurological injuries in
prefrontal regions.
The preliminary study of the construct validity counted one hundred eighty one
participants (average age of 37.5 years old). The results indicated an accuracy index of
0.86, considered to be precise. Solutions for four factors were found, this fact contributed
to the initial project. The factor or dimensions were: time usage, obligation compliance,
Hiatus between Theory and Practice and stimuli inhibition irrelevant throughout the
attention/ concentration process.
The results obtained on this research stimulate us to continue the studies about
Construct Validity, Convergent-Divergent, Criteria and Normatization in order to perfect
this scale that, in this initial step, seems more sensitive to the construct and adequate
considering the Brazilian reality. Therefore, the results obtained indicate that we reached
the initial goal of building and validating preliminarily a scale to evaluate the Executive
Dysfunction in daily life.
Key-Words: Psychological Evaluation, Adulthood, Prefrontal Cortex, Construction and
Validation of Psychometrical instruments.
“ Os homens acreditam ser livres
porque são conscientes de seus atos, mas
inconscientes das causas que determinaram
esses atos.”
Baruch Spinosa, Ethics
1 INTRODUÇÃO
longevidade seriam: (i) organização temporal, (ii) ancoramento (planejamento), (iii) hiatos
entre a teoria e a prática (tomada de decisões), (iv) gerenciamento de tarefas e (v) desvio
de foco: atenção/inibição.
Assim, nessa etapa do estudo, as fontes foram: (i) entrevistas com profissionais
sobre a fenomenologia do construto, (ii) entrevistas com a população-alvo, (iii) revisão dos
instrumentos disponíveis (escalas e testes) que avaliam o mesmo construto ou correlatos,
(iv) levantamento de testes nacionais com parecer favorável do Conselho Federal de
Psicologia para uso na clínica e (v) levantamento de testes internacionais. Esses
procedimentos possibilitaram a representação comportamental do construto em itens e a
construção do instrumento-piloto (Pasquali, 2003).
A presente pesquisa teve como meta, construir e tornar disponível aos profissionais
que intervêm no campo da Psicologia e da Neurologia uma escala de avaliação da presença
e da severidade de disfunção executiva.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A riqueza única das conexões dos lobos frontais com diferentes regiões do cérebro
possibilita que condições neuropsiquiátricas que têm sua patologia primária em outra parte
do córtex, mesmo no subcórtex, possam evocar ou apresentar-se como disfunções do lobo
frontal. Desse modo, a inércia da Doença de Parkinson, a impulsividade da Síndrome de
Tourette, a distração do TDAH, a perseverança do Distúrbio Obsessivo–Compulsivo, entre
outras, podem ser compreendidas, em grande parte, como devidas às ressonâncias, aos
distúrbios secundários, na função dos lobos frontais (Goldberg, 2002).
Um outro ponto importante é que lesões em diferentes partes dos lobos frontais
associam-se a características clínicas diferentes. A mais referida na literatura é a síndrome
de disfunção frontal dorsolateral. Um paciente com severa síndrome dorsolateral torna-se
passivo, apático dando pouca importância às necessidades básicas de sua vida diária. Em
realidade, esses pacientes parecem estar em um estágio grave de depressão; e, por essa
razão, essa síndrome também é conhecida como pseudodepressão (Goldberg, 2002; Luria,
1981).
expressa afeto e mostra-se indiferente às coisas boas ou más que ocorrem no seu dia-a-dia
(Goldberg, 2002; Luria, 1981).
alcance do pico cortical de 10,5 anos em crianças com TDAH e 7,5 anos em crianças com
desenvolvimento normal (Kanemura & Aihara, 2003, Shaw e cols, 2007).
Goldberg refere-se os lobos frontais como lobos centrais do encéfalo. Assim como
os papéis de liderança na sociedade humana surgiram tardiamente, os lobos frontais
também se desenvolveram tardiamente na evolução da espécie. Na história da evolução
humana, o desenvolvimento dos lobos frontais acelerou-se apenas com os grandes
macacos. Neste marco histórico da evolução humana destaca-se a importância desta
estrutura cerebral para o desenvolvimento de funções unicamente humanas: as funções
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 9
executivas, sugerindo que o córtex pré-frontal humano esta trabalhando para o progresso
da humanidade (Goldberg, 2002, Grafman, 2003).
E como veremos a seguir na referência das dimensões que compõem a escala para
avaliação de disfunção executiva na vida diária as pessoas com disfunção em funções
executivas, muitas vezes, são pouco eficazes no seu funcionamento na vida diária.
Sabe-se que uma perspectiva realista da passagem de tempo permite que a pessoa
assuma apenas os compromissos que poderá cumprir, evitando, assim, a tensão causada
pelo excesso de obrigações, os fracassos pelas perdas de prazos e as frustrações de
terceiros. Portanto, respeitar o tempo tem como premissa básica à obtenção de resultados
favoráveis no futuro – em verdade, a essência das funções executivas.
Indivíduos adultos com disfunção executiva têm uma série de prejuízos no contexto
social devido à dificuldade em cumprir com compromissos. Isso ocorre porque essas
pessoas apresentam um déficit na capacidade cognitiva responsável para integrar as
intenções com os atos efetivos.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 14
Nessa fase, por definição, não existem estímulos conflitantes reais que, na prática,
vão modular, modificar, ou invalidar a motivação inicial. Em especial, no plano teórico,
não entram em jogo as emoções conflitantes que conectam a margem da teoria, da vontade
de decidir desta ou daquela forma, com a margem do ato praticado na vida real.
No entanto, a forma como cruzamos a ponte das emoções é que vai decidir esse
jogo. Por essa razão, em diferentes contextos da vida diária estamos decidindo por mais
recompensas no presente, muito embora, em um comportamento sadio, o ideal seja
construir no presente para ser recompensado no futuro.
2.3.4 Atenção/Inibição
Jean Baptiste Bouillaud (1796-1881) era um defensor das idéias de Gall e procurou
demonstrar, através de provas anátomo-clínicas, como as diferentes afasias estavam
relacionadas a distintas áreas no cérebro, especialmente em sua porção antero-posterior.
No entanto, foi Pierre Paul Broca (1824-1880) quem publicou o primeiro estudo anátomo-
clínico demonstrando a relação entre o lobo frontal esquerdo e a linguagem (Kristensen e
Almeida, 2001; Filho Silva, 2006).
No Brasil, temos a versão adaptada para o Brasil do Wisconsin Card Sorting Test
que possui parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia e é considerado o
instrumento padrão-ouro para estudos sobre o funcionamento executivo.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 18
O WCST foi introduzido no Brasil pela Professora Doutora Jurema Alcides Cunha,
nos últimos cinco anos de sua vida, essa brilhante pesquisadora investiu muitos esforços
em adaptar, validar e padronizar a primeira edição brasileira do teste, publicada em 2005
pela Editora Casa do Psicólogo (Filho Silva, 2006).
O BADS é uma bateria de testes desenhada por Bárbara Wilson e Cols em 1996,
publicado pela editora Thames Valley Test Company em Londres. A proposta da bateria de
testes é avaliar efeitos da Síndrome Disexecutiva em adultos. Esta síndrome é
caracterizada por vários prejuízos em funções executivas coordenadas pelos lobos frontais.
Estes prejuízos incluem dificuldades em funções cognitivas superiores tais como,
planejamento, organização, iniciação, monitorização e adaptação do comportamento
(Chamberlain, 2003).
Este questionário é uma escala tipo Likert pontuada em 5 pontos (de Nunca a muito
freqüentemente). E possui duas formas, auto - relato para o paciente e uma forma para
familiares ou cuidadores. A aplicação destes dois questionários permite o cálculo da
discrepância entre as duas formas (Malloy &Grace, 2005).
Este estudo forneceu evidências empíricas que uma amostra não clínica pode
apresentar na vida diária comportamentos disexecutivos. Achado que sustenta a nossa
escolha em estudar a disfunção em funções executivas coordenadas por lobos pré-frontais
em pessoas saudáveis.
Os autores desta escala tipo Likert formada por 46 itens. E possui duas formas
auto-relato e outra para informantes familiares. O principal estudo de validação de
construto deste instrumento foi com uma amostra de 324 pacientes neurológicos. Destes
63% da amostra foram diagnósticos com doenças neurodegenerativas (Huntington,
Parkinson e Alzheimer) (Stout e Cols, 2003).
(alpha total 0,87) que tem sido demonstrada em vários estudos com pessoas saudáveis. Em
pacientes neurológicos alpha 0,91 (Malloy &Grace, 2005; Stout e Cols, 2003).
Foi desenvolvido por Barrash e Cols. Após pesquisas indicarem que instrumentos
padrões para personalidade, tal como, o Minnesota Multiphasic Personality (MMPI) não
demonstraram sensibilidade a mudanças de personalidade que ocorrem após injurias
frontais (Malloy &Grace, 2005).
3 OBJETIVOS
inibição.
4 SUJEITOS E MÉTODOS
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUCRS. E contou com o
apoio do Instituto de Cultura Musical da PUCRS, do Departamento de Distúrbios do
Movimento do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Grupo de Pesquisa sobre o Ciclo
Vital do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS.
4.2 DELINEAMENTO
1 .Para o estudo I :
2.Para o estudo II
ambos os sexos.
4.4 MÉTODO
2º)Validade de Conteúdo
• Instruções
• Lista de Itens
• Folha de resposta
Determinar em que medida o teste é uma nova alternativa congruente com uma
teoria ou com um construto hipotético.
APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Esta pesquisa foi dividida em dois estudos. O primeiro estudo refere-se aos
procedimentos necessários para a elaboração da escala. Esses procedimentos têm seu inicio
com a especificação das categorias comportamentais que representam o construto e
concluídos com a operacionalização do construto em itens e o julgamento de experts. A
seguir realizamos o segundo estudo que objetivou realizar a validação de construto
preliminar do instrumento através do método estatístico de análise fatorial.
5 ESTUDO I
5.1 INTRODUÇÃO
Procedimentos Teóricos
Fase Teoria
Análise de Conteúdo
* Operacional
Procedimento Teóricos
maior pertinência estatística dos itens à teoria. Isso ocorre devido à redução dos itens que
leva a procedimentos experimentais bem conduzidos (Reppold & Hutz, 2005; Pasquali,
1999).
Com base no modelo de construção de testes elaborado por Pasquali (1999) foram
planejados os procedimentos teóricos da presente pesquisa. Pode-se observar no
organograma da Figura 3 a sistematização dos procedimentos para construção da escala
para avaliação de disfunção executiva na vida adulta.
* Uso do tempo;
* Cumprimento de obrigações;
* Atenção/concentração.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 34
Cada um dos atributos referidos neste trabalho deu origem a quatro dimensões.
Sabe-se que a dimensionalidade dos atributos refere-se à estrutura interna, a semântica do
construto. A escolha das dimensões depende das análises fatoriais e da argumentação
teórica que fundamenta o construto.
A teoria para elaboração dos itens neste trabalho é original, tem fortes influências
das pesquisas realizadas por pesquisadores como Barkley, Grafman, Luria, Damásio,
Heaton, Lezak, Sacks, Goldberg entre outros. A teorização que apresentamos aqui foi
elaborada por Palmini e colaboradores, a partir da sua experiência clínica no atendimento
de pacientes brasileiros com diferentes lesões neurológicas que afetam o funcionamento da
central executiva do cérebro, os lobos pré-frontais.
Buscamos construir uma teoria que fundamente a escala para evitar a elaboração de
muitos itens desnecessários, assim como sugere Pasquali (1999), e verificamos, através dos
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 35
dados empíricos coletados pelo instrumento, que a teoria elaborada apresenta consistência
com o construto disfunção executiva. Portanto, a verificação empírica confirmou a
validade teórica,observando que a verdade científica é sempre relativa, nunca será um
dogma, logo, sempre reformável (Pasquali, 1999).
Procedimentos Teóricos
Fase Teoria
Análise de Conteúdo
* Atenção
Procedimento Teóricos
Para a elaboração dos itens que compõem a Escala para avaliação de Disfunção
Executiva foram consideradas seis fontes de informação:
5) Levantamento dos testes nacionais com parecer favorável pelo Conselho Federal
de Psicologia para uso na prática clínica;
“De acordo com a sua experiência em relação ao uso do tempo como a pessoa com
disfunção executiva se organiza?”
“De acordo com sua experiência, como a pessoa com disfunção executiva gerencia
as suas atividades diárias?”
5.2.2.2 Resultados
5.2.3 Entrevistas com pacientes que apresentam disfunção nos lobos pré-frontais
Uso do tempo:
“Descreva os problemas com o uso do tempo em sua rotina diária. Quais são os
mais freqüentes?”
“Você deixa atividades importantes para última hora? Por quê? Como você se sente
quando isso acontece?”
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 41
“Já aconteceu de você iniciar novas atividades sem ter concluído o que já vinha
fazendo? Com que freqüência isso acontece?”
“Já aconteceu de você iniciar novas atividades sem ter concluído a que já vinha
fazendo?”
“Se você dirige, você já cometeu infrações no trânsito para evitar de chegar
atrasado? Como foi?”
Cumprimento de obrigações:
“Em relação aos outros, você cumpre com suas obrigações ou pede desculpas por
não cumprir com o combinado? Por quê?”
“Você se propõe a fazer coisas que, posteriormente, acaba por não realizar? Por
quê?”
Atenção /concentração/inibição:
Somáticos
“Sinto um frio na barriga, um desconforto, quando estou atrasado para meus
compromissos.”
Cognitivos
“Eu me perco em meio a uma conversa, e as pessoas precisam me recordar do
assunto”.
“Perco a noção do tempo em um bar.”
“Preciso ser lembrado de fatos importantes do meu passado.”
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 43
Vegetativos:
“Tenho dificuldades para dormir à noite, sou muito agitado.”
Motivacionais:
“Fico excitado com a pressão emocional para produção no trabalho.”
“Gasto compulsivamente,compro coisas muito caras.”
“Gosto de construir projetos.”
“Gosto de resultados imediatos.”
Inquietação Motora:
“Não consigo ficar parado aguardando por muito tempo em uma fila de banco.”
“Tenho vontade de sair correndo do meu trabalho quando é muito repetitivo”.
“Faço muitas coisas ao mesmo tempo sem ser eficaz”
Relacionamentos sociais:
“Não consigo cumprir com compromissos com outros”
“Sempre me atraso para compromissos.”
“Esqueço de consultas marcadas com dentistas, médicos.”
“Peço desculpas recorrentemente pelos meus esquecimentos com compromissos.”.
“Muitas vezes, não sinto que magôo as pessoas com as minhas palavras.”.
Impulsividade :
“Não tenho medo do perigo”.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 44
elaborados. Foi atualizado, para revisão dos estudos que compõem essa dissertação de
mestrado.
5.2.6 Discussão
A presente escala com 28 itens avalia problemas com o uso do tempo, problemas
com o cumprimento de obrigações, os hiatos entre a teoria e a prática e os problemas com
atenção /inibição. Todos direcionados para avaliação das dificuldades enfrentadas na vida
diária. Buscamos na literatura instrumentos psicométricos que avaliam construtos
correlatos e o mesmo construto.
instrumento. Outro fator que se soma ao fato são as diferenças estruturais psicométricas
entre os dois instrumentos o ouro e o elaborado nesta pesquisa.
A nossa escala avalia questões subjetivas, nas quais, o indivíduo tem consciência
do seu comportamento. Fato que pode gerar uma validação concorrente insatisfatória entre
os dois instrumentos. E principalmente, pelo fato do teste Wisconsin não apresentar um
escore geral de seus resultados, apenas dados descritivos, o que infelizmente dificulta a
validação concorrente com a escala para avaliação de disfunção executiva.
Dessa forma, temos como estratégia para validação concorrente futura da nova
escala. A proposta de correlacionar os resultados gerais da área executiva da Escala
Wechsler de inteligência para adultos, um instrumento considerado padrão – ouro, com o
escore geral da escala construída neste estudo.
Em relação aos aspectos da vida diária, temos no Brasil uma escala recentemente
adaptada para a nossa língua e realidade que é a escala ASRS (Adult Self-Report Scale for
Evluation of adult ADHD). Uma escala psiquiátrica baseada no DSM-IV e direcionada
para avaliação de pacientes adultos com TDAH. Como se sabe a disfunção em funções
executivas é o cerne neurobiológico do Transtorno de Déficit Atenção e Hiperatividade,
então, tem-se como meta futura correlacionar os escores dessas escalas que possuem o
mesmo construto e que há evidencias que possa resultar em uma validação concorrente
satisfatória entre os instrumentos (Mattos e Cols., 2006).
5.3.1 Instruções
Nas instruções, as âncoras para variações de respostas que compõem a escala tipo
Likert são apresentadas e explicadas ao participante da forma a seguir:
2- Raramente
Você deve marcar um “X”neste espaço se você identifica que a frase descreve algo
que acontece com você poucas vezes nos últimos seis meses.
3- Algumas vezes
Você deve marcar um“X”neste espaço se você identifica que a frase descreve algo
que você faz em algumas situações de sua vida.
4- Freqüentemente
Você deve marcar um “X”neste espaço se você identifica que a frase descreve algo
que acontece com você freqüentemente.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 51
5 – Muito freqüentemente
Você deve marcar um“X”neste espaço se você identifica que a frase descreve algo
que acontece com você com muita freqüência.
O método utilizado para avaliar a compreensão dos itens por parte dos
participantes foi uma situação de brainstorming. Essa técnica é indicada por Pasquali
(2003) como a mais eficaz para avaliar a semântica do construto. Assim, foi solicitado aos
participantes que expressassem através de uma apresentação verbal sua compreensão sobre
o item ditado. Caso o item se tornasse um fator de confusão para o grupo esse item poderia
ser excluído da escala ou reformulado com sugestões vindas dos próprios participantes.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 53
Os especialistas que atuaram como juízes deste estudo foram duas Psicólogas
Clínicas e um Neurologista. Os profissionais foram escolhidos por terem realizado
trabalhos reconhecidos em Neurociências, Construção e Validação de instrumentos
psicológicos e Psicologia Cognitiva Comportamental.
6 ESTUDO II
6.1 INTRODUÇÃO
Por meio das análises fatoriais e das equações lineares que dela resultam, pode-se
avaliar a matriz de intercorrelação dos itens, a comunalidade, que é uma porção da
variância que uma variável compartilha com todas as outras variáveis consideradas, sendo,
também a proporção de variância explicada pelos fatores comuns. Avalia-se também a
variância total dos escores, as cargas fatoriais, que são a correlação simples entre as
variáveis e os fatores e os Eigenvalues que são obtidos a partir das variáveis fontes
(construtos, os traços latentes) que causam as covariâncias entre os itens e representam a
variância total explicada por cada fator (Costa, 2006; Reppold & Hutz,2005 e Reis,1997).
Os resultados das análises fatoriais possibilitam decidir qual a forma mais adequada
de agregar os itens em dimensões podendo ser, conforme a literatura cientifica, por meio
de uma nova distribuição e através dos itens que a carga fatorial sugere que sejam
eliminados do instrumento (Reppold & Hutz,2005).
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 56
com o uso do tempo, no item 2 : “Dirijo com pressa e cometo infrações para não chegar
atrasado”. Alguns entrevistados referiram não ter carro, logo não tinham o que responder
sobre o item. Outros fizeram a analogia de realizar atividades com pressa e cometer erros.
O item 2 permaneceu no instrumento em função de sua relevância clínica conforme a
análise do juiz.
Esses dados descritivos auxiliaram na adaptação dos itens a uma linguagem clara e
que possibilitasse a compreensão dos itens e, por fim, uma satisfatória validação de
construto preliminar do instrumento de medida.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 58
6.2.2.1 Amostra
Reis (1997) e Hair (1998) sugerem que o número de observações deva ser de no
mínimo cinco vezes o número de variáveis. Esses estatísticos indicam que
preferencialmente a análise seja feita com pelo menos 100 participantes e enfatizam que a
análise fatorial não deva ser utilizada em amostras inferiores a 50 participantes.
Pelo critério “item/razão”, foi previsto inicialmente que a escala deveria ser
respondida por 200 pessoas. Contudo, não foi possível a constituição de uma amostra
maior que 181 participantes. Por essa razão, consideramos este estudo como um estudo
preliminar de validade de construto.
As escalas coletadas foram consideradas válidas pela análise estatística para uma
validação preliminar de construto através do teste de validade da análise fatorial.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 59
Verificamos, por meio desse teste, que a análise fatorial com uma amostra de 181
participantes tem validade para as variáveis escolhidas. Por meio do método de rotação
ortogonal Varimax, encontrou-se um coeficiente KMO de 0,798 (mediano) indicando que
a matriz das intercorrelações dos resultados foi adequada para análise fatorial.
Para o cálculo fatorial da escala foi considerado como critério de retenção do fator
a necessidade que seu Eigenvalue fosse maior que 1.O Eigenvalue é o autovalor resultante
da decomposição de uma matriz de correlação e representa a variância total explicada por
cada fator. Expressa, estatisticamente, a importância do fator e o número de variáveis que
este consegue agrupar (Primi & Almeida, 2000).
final das subescalas. A permanência dos itens com carga fatorial abaixo ou entre 0,30 e
0,34 foi condicionada à relevância clínica (Tabela 4).
Por ser este um estudo preliminar com uma amostra de tamanho mediano, optamos
por não eliminar itens que apresentassem grande relevância clínica, apesar de terem uma
carga fatorial fraca. A eliminação desses itens poderia ser prejudicial para o objetivo
primeiro da escala. E, como se sabe, a análise fatorial sugere o melhor agrupamento de
itens nos fatores, mas a decisão final é determinada pelos objetivos do pesquisador, pela
literatura e pelo parecer dos experts, sendo a decisão final bastante subjetiva.
Definido os itens da versão final das subescalas, a escala DEVD foi submetida
novamente à validade de conteúdo de experts das áreas de Neuropsicologia, Neurociências
e Neurologia. O propósito desse procedimento foi verificar se o agrupamento de itens
permite uma adequada compreensão clínica do que se objetiva avaliar: a disfunção
executiva.
Dez itens foram agrupados no primeiro fator 1 (A), que obteve um Eigenvalue
(autovalor) igual a 3,309 e foi responsável pela explicação 11,817 % da variância total
das respostas. O fator 2 (B) apresentou um Eigenvalue igual a 2,775 e agrupou cinco itens,
explicando 9,910% da variância total das respostas. O fator 3 (C) apresentou um
Eigenvalue igual a 2,597 e agrupou oito itens, explicando 9,274% da variância total das
respostas. O último fator, o fator 4 (D), apresentou um Eigenvalue de 2,481 e agrupou
cinco itens, explicando 8,862% da variância total. Os autovalores são números que
refletem a importância do fator.
O critério que usamos para escolher o número de fatores da Análise fatorial foi o
Critério de Kaiser, desenvolvido por Kaiser em 1958 - também conhecido como critério da
raiz latente- determina que o número de fatores (dimensões) deva ser igual ao número de
autovalores maiores ou iguais à média das variâncias das variáveis analisadas.No caso
deste estudo, no qual a análise fatorial foi feita sobre a matriz de correlação (variáveis
padronizadas), esse critério corresponde à exclusão de fatores com autovalores inferiores a
1. Assim, o valor 1 corresponde à variância de cada variável padronizada; e,
conseqüentemente, esse critério descarta os fatores que tenham um grau de explicação
inferior ao de uma variável isolada ( Kaiser , 1958).
Supõe-se utilizar como ponto de corte para disfunção executiva um escore acima do
percentil 75. O que resulta nos pontos de corte para subescala A = 25, subescala B = 12,
subescala C = 23 e subescala D = 16. Para o escore total o ponto de corte é de 72. Observa-
se que o escore total, conforme o Alpha de Cronbach é o que apresenta maior precisão no
resultado. Portanto, sugere-se utilizar o ponto de corte do escore total para levantamento de
resultados.
• Uso do tempo;
• Cumprimento de obrigações;
• Atenção/inibição;
Para essas pessoas, dez minutos é uma eternidade. Isso ocorre em função da
neurobiologia de mecanismos de recompensa imediatos que estão diretamente relacionados
à conectividade do córtex pré-frontal com estruturas subcorticais de recompensa e o
sistema modulatório de difusão dopaminérgica (Joffe,2005; Barkley, 1998;
Grafman,2003).
Pessoas com disfunção executiva têm dificuldades em fazer planos para o futuro,
porque essas pessoas não aprendem com as experiências do passado. Assim, fica difícil
saber que passos tomar para atingir um objetivo final sem ter noção de quanto tempo vai
levar (Barkley, 1998).
* Dar início a novas tarefas, ao mesmo tempo, em que realiza uma tarefa anterior
resultando em um comportamento sem seqüenciamento logo, sem sucesso;
* Gasto de tempo e energia por realizar muitas atividades ao mesmo tempo sem ser eficaz.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 69
O item “dirijo com pressa e cometo infrações para não chegar atrasado” (A02)
ficou retido na escala e o item “sou muito agitado e não consigo ficar sentado por muito
tempo” (A06) foi excluído da escala. O item A02 permanece retido na escala em função da
relevância clínica levantada pela perícia de experts e por ser um marcador importante para
avaliação de funções executivas de acordo com a teoria do funcionamento executivo
proposto por Barkley.
O item “sou muito agitado e não consigo ficar sentado por muito tempo” foi
excluído pelo critério de exclusão estatístico apesar da relevância neurobiológica e por
representar uma reclamação freqüente do paciente conhecida pelos profissionais que
trabalham com TDAH. O item está fortemente relacionado a um prejuízo frente à inibição
comportamental coordenada pelos lobos pré-frontais.
pessoas com disfunção executiva, em especial pacientes adultos com TDAH, ao serem
“desculpadas”, recebem novas chances que são, de novo, desperdiçadas (item B03). Esse
comportamento é concomitante ao comportamento de agir sem pensar tomando o primeiro
impulso que vem à sua mente (item B04). Além da dificuldade de aprender com as
experiências da vida e conseqüentemente dificuldades para prever e planejar o futuro.
Os itens B01“busco desculpas para obrigações não cumpridas” com carga fatorial
0,24 e o item B05 “eu tenho dificuldades para prever ou planejar o futuro” com carga
fatorial 0,28 foram excluídos do instrumento de medida psicológica em função de
apresentarem carga fatorial a baixo de 30.
* Eu ajo, sem pensar, fazendo a primeira coisa que vem em minha mente;e,
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 72
O fator III é formado por sentenças que discutem a elástica distância entre o dizer e
o fazer. Essa é a impressão digital da disfunção executiva. Talvez até mesmo se pudesse
conceptualizar que quanto maior essa distância, mais severa a disfunção em funções
executivas. Assim, ter uma idéia e propor-se a realizá-la, tomar uma decisão no plano
teórico são processos mentais que dependem de uma motivação sem antagonismos.
Em outras palavras, por que a prática é tão diferente da teoria? A chave da resposta
está na inevitabilidade de que se decidirmos por a pode levar à perda de b e vice-e-versa.
Esse constructo neuro-filosófico fica ainda mais interessante se entendermos a como
algum tipo de atitude cujo efeito positivo será sentido num futuro mais distante .
* Tenho a nítida idéia de que poderia fazer as coisas muito melhor se conseguisse
me organizar;
Os itens selecionados (C01, C03, C04, C05) apresentam carga fatorial adequada
para retenção no instrumento e apresentam relevância clínica.
Com o passar o tempo, na rotina diária, a própria pessoa se revolta com seus
próprios lapsos de dispersão, já que esles acabam gerando, além dos problemas de
relacionamento interpessoal, grande dificuldade de organização em todos os setores de sua
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 76
vida. Essa desorganização acaba por fazê-lo gastar muito mais tempo e esforço mental e
físico para realizar suas tarefas cotidianas (Silva,2003).
Wood e Grafman referem evidências de que diferentes regiões e vias do córtex pré-
frontal estão implicadas nessas diferentes habilidades cognitivas. Por exemplo, a
monitoração de falhas da atenção é responsabilidade da estrutura encefálica cingulado
anterior, a recuperação da memória episódica está sob coordenação da área dorsolateral do
córtex pré-frontal e resolução de problemas, área anterior do córtex pré-frontal. Esses
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 77
Sob essa contextualização, buscamos avaliar através dos itens: “eu tenho
dificuldades de retomar ao assunto de uma conversa quando sou interrompido” (D01), “eu
encontro dificuldades em manter minha concentração em uma única atividade e sou
facilmente distraído” (D02), “em certos momentos, fico olhando para a paisagem ou
qualquer coisa que esteja no meu plano de visão, sem pensar em nada” e “sou impulsivo,
tenho dificuldades para me focar em uma única atividade” (D06), os prejuízos na
capacidade atencional e o impacto na vida diária de pessoas que apresentam disfunção
executiva . Esses itens permanecem retidos na escala em função da relevância clínica e
pelas satisfatórias cargas fatoriais.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 78
Cada item foi pontuado em uma escala tipo likert de cinco pontos com variação
para ocorrência do comportamento de nunca (um ponto) a muito freqüentemente (cinco
pontos). A escala solicitava ao respondente que marcasse a resposta que melhor descrevia
o comportamento da pessoa nos últimos seis meses.
Futuros estudos sobre esta escala são ainda mais reforçados, a partir da leitura dos
Consensos Brasileiro e o Internacional de Especialistas em diagnóstico do Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade. O Consenso Brasileiro assegura a disfunção em
funções executivas como o cerne do transtorno e refere dois modelos para fundamentar a
hipótese.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Transtornos de Humor. Essas são algumas das desordens neuropsiquiátricas que a escala,
futuramente, poderá indicar o grau de disfunção executiva (Goldberg, 2002).
9 PERSPECTIVAS
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barkley,R.A. ADHD and The Nature of Self-Control. New York: Guildford Press, 1997.
Barkley,R.A. Identifying New Symptoms for ADHD in Adulthood. In: Barkley R.A. in
adults: The Science Behind, New York: Guildford Press, 2007.
Blumer & Benson. Personality changes with frontal and temporal lobe lesions. In Alvarez
& Emory.Executive Function and the Frontal Lobes: a meta-analytic
review.Neuropsychology Review,Vol.16,No.1, March 2006.
50:873-880
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 85
Chan et al. Dysexecutive symptoms among a non-clinical sample: a study with the use of
the Dysexecutive Questionnaire. Br J Psychol.,92:551-565,2001.
Dagher et al. The role of the striatum and hippocampus in planning: a PET activation study
in Parkinson’s disease. Brain 124: 1020-1032, 2001.
Greve et al. Factorial structure of the Wisconsin Card Sorting Test. Br J Clin Psychol, v.36,
May, p.283-5, 1997.
Grafman. Event Frequency Modulates The Processing of Daily Life Activities in Human
Medial Prefrontal Cortex. Cerebral Cortex: October 2007; 17: 2346-2353.
354:1921-1923
Grant & Berg. A behavioral analysis of degree of reinforcement and ease of shifting to new
responses in Weigl–type card sorting problem. Journal of Experimental
Psychology,34,404-411.
Goldber, E. O Cérebro Executivo. Lobos Frontais e a Mente Civilizada. Rio de Janeiro, RJ.
IMAGO,2002.
Hair, J.F. et al. Multivariate Data Analysis, 4 ed. Prentice Hall, Engle Wood Cliffs, 1995.
Joffe, V. Um dia na vida de um adulto com TDAH. 1ªed. Editora Lemos. São Paulo, 2005
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 87
Jonides, Malloy e Richardson. Assessment of frontal lobe functions. In: Alvarez& Emory.
Executive Function and Frontal Lobes: A meta-analytic Review. Neuropsychology
Review, Vol.16, No. 1, March 2006.
Morgan, A.B. & Lilienfeld,S.O. A meta-analytic review of the relation between antisocial
behavior and neuropsychological measures of executive function.Clinical Psychology
Review 20: 113-136,2000.
Malloy &Grace. Original Article: A Review of Rating Scales for Measuring Behavior
Change Due to Frontal Systems Damage. Cog. Behav.Neurol. Volume 18,Number
1,March,2005.
Palmini e Cols. TDAH: da infância à vida adulta. Em: Congresso Brasileiro de Psiquiatria,
Porto Alegre, 2007.
Palmini e Cols. Escala para avaliação de Disfunção Executiva na Vida diária -13. Material
não publicado,2006.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 88
Silva A.B. Mentes inquietas: Entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas,
impulsivas e hiperativas. Editora Gente São Paulo. 22ª Edição, 2003.
Sala, D. (2003). Behavioral dysexecutive symptons in normal aging. Brain and Cognition,
53, 129-132.
Sala, D. (2003). Behavioral dysexecutive symptons in normal aging. Brain and Cognition
53, 129-132.
Smith E. e Jonides, J. Storage and executive processes in the frontal lobes.Science 283,
165 – 1661, 1999.
Stuss et al. Wisconsin Card Sorting Test performance in patients with focal frontal and
posterior brain damage: Effects of lesion location and test structure on separable cognitive
processes.Neuropsychologia38:388-402.
Sbordone. The executive functions of the brain.In: Executive Function and the Frontal
Lobes: A Meta – Analytic Review. Neuropsychology Review, Vol.16, No. 1, March, 2006.
Stout et al. Factor Analysis of the Frontal Systems Behavior Scale (FrSBe).
Assessment;10;79;Sage Publication,2003.
Senhores Participantes
Através do Curso de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde -
PUCRS,estamos realizando uma pesquisa de mestrado que tem por objetivo investigar a
Disfunção executiva na vida diária de adultos. A participação consiste no preenchimento
de algumas escalas que avaliam características comportamentais da sua vida diária.
Grupo pacientes – participantes : Os instrumentos serão aplicados, no
ambulatório do Departamento de Neurologia do HCPA ou do HSL/PUCRS após contato
por telefone e marcação de um horário com os pacientes.
Grupo de participantes voluntários: Os instrumentos (escala piloto e o
Wisconsin) serão aplicados, em sala de aula, em período a ser combinado com o Maestro
do Instituto Musical e o Musico Regente responsável pelo Coral da PUCRS.
Ressalta-se que a pesquisa não apresenta risco à sua saúde emocional e está de
acordo com os procedimentos éticos relacionados a pesquisas estabelecidos pelo Conselho
Nacional de Saúde e pela Universidade.
O instrumento não será identificado, garantindo o anonimato das respostas. Ao final
do trabalho, está prevista uma devolução coletiva ao grupo, aos responsáveis pelo grupo e
aos demais interessados.
A participação no estudo é voluntária e pode ser interrompida em qualquer etapa,
sem nenhum dano ao participante. Diante de qualquer dúvida, os participantes poderão
solicitar informações sobre os procedimentos ou outros assuntos relacionados a este
estudo. Se você concorda em participar neste estudo após estar ciente dos objetivos do
mesmo, é necessário que você assine este consentimento, declarando estar informado do
projeto de pesquisa acima descrito.
Desde já, os pesquisadores Dr André Palmini, Dr Carlos Rieder e a mestranda
Simone Assis, responsáveis por este projeto de pesquisa, colocam-se à disposição para
maiores informações pelo telefone (51)9961-9001. sipsico@terra.com.br
Agradecemos sua contribuição.
Eu,______________________________________ Concordo em participar da pesquisa
acima descrita.
Data:___/___/____
________________________________________________.
Assinatura do participante
Completamente
Não concordo
Concordo um
nem discordo
Discordo um
Concordo
Discordo
A. Problemas com o uso do tempo:
pouco
pouco
1. Não consigo terminar minhas tarefas no prazo combinado com
outros.
2.Dirijo com pressa e cometo infrações para não chegar atrasado.
3.Deixo tarefas importantes(trabalho ou casa) para a última hora.
4.Assumo com outros mais compromissos do que seria adequado e
deixo vários sem cumprir.
5.Inicio novas atividades /tarefas sem ter concluído o que já vinha
fazendo.
6.Sou muito agitado(a) e não consigo ficar sentado ( a ) por muito
tempo.
7. Costumo organizar meu tempo para cumprir com todos os meus
compromissos do dia.
8. Perco a noção do tempo em algumas situações ou lugares, mesmo
que exista um compromisso importante.
9. Faço muitas atividades ao mesmo tempo, sem ser eficaz.
10.Quando quero consigo me concentrar em uma mesma atividade
durante muito tempo.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 2
Anexo B (cont.) - Disfunção executiva na vida diária (DEVD)
Completamente
Completamente
B. Problemas com o cumprimento de
Não concordo
Concordo um
nem discordo
Discordo um
Concordo
Discordo
pouco
pouco
obrigações:
1. Busco desculpas para obrigações não cumpridas.
2. Peço desculpas a outros, recorrentemente, por não cumprir com
combinações.
3. Recebo varias chances, mas perco as oportunidades.
4. Eu ajo, sem pensar, fazendo a primeira coisa que vem em minha
mente.
5. Eu tenho dificuldades para prever ou planejar o futuro.
6. Eu tenho dificuldades de compreender a extensão dos meus
problemas e sou irrealista sobre o futuro.
7.Sou capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quero.
8. Eu oriento meus atos para alcançar o que quero.
9. Eu pareço letárgico e sem entusiasmo para as coisas da vida.
10. Eu tenho dificuldades em compreender o que outras pessoas
querem dizer, a menos que sejam coisas simples e diretas.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 3
Anexo B (cont.) - Disfunção executiva na vida diária (DEVD)
Completamente
Completamente
Não concordo
Concordo um
nem discordo
Discordo um
Concordo
Discordo
pouco
pouco
C. Hiatos entre a teoria e a prática:
1. Me proponho a fazer coisas que acabo não realizando.
2. Eu consigo antecipar as conseqüências de meus atos, mas,
recorrentemente, decido de forma desvantajosa.
3. Tenho a nítida idéia de que poderia fazer as coisas muito melhor
se conseguisse me organizar.
4. Em teoria, sei minhas prioridades, mas desvio do foco principal.
Deixo a prioridade para o final e às vezes não realizo a contento.
5. Eu tenho problemas em tomar decisões ou decidir o que eu quero
fazer.
6. Às vezes, quando entusiasmado, consigo ser melhor.
7. Eu pareço desinteressado acerca da forma como eu deveria me
comportar em certas situações.
8. Eu faço ou digo coisas embaraçosas quando em companhia de
outros.
9. Eu falo uma coisa (ou prometo algo) e faço outra diferente.
10. Refaço, muitas vezes, detalhes do meu trabalho e perco prazos de
entrega.
Assis, SACN; Palmini A, Argimon I, Rieder C - 4
Anexo B (cont.) - Disfunção executiva na vida diária (DEVD)
Completamente
Completamente
Não concordo
Concordo um
nem discordo
Discordo um
D. Atenção - Inibição - Emoção:
Concordo
Discordo
pouco
pouco
1. Eu tenho dificuldades de retornar ao assunto de uma conversa
quando sou interrompido.
2. Eu encontro dificuldades em manter minha concentração em uma
única atividade e sou facilmente distraído.
3. Em certos momentos, fico olhando para a paisagem ou qualquer
coisa que esteja no meu plano de visão, sem pensar em nada.
4. Não tenho medo, sempre fui corajoso.
5. Gosto de novidades, não consigo me focar em uma única atividade
rotineira.
6. Sou impulsivo, tenho dificuldades para me focar em uma única
atividade.
7. Eu desconheço, sou despreocupado sobre como outros vêem meu
comportamento.
8. Falo o que penso, não tenho medo no que os outros irão pensar.
9*. Tenho comportamentos de risco que geram (ou podem gerar)
perdas no trabalho, saúde, família, relacionamento afetivos.
10. Eu, às vezes, falo sobre eventos que nunca aconteceram em
minha vida, mas conto para as pessoas, acreditando fielmente que
elas aconteceram.
* comportamentos de risco: me envolvo em brigas, discussões, jogos que envolvem dinheiro, gastos financeiros, drogas, entre outros.
Anexo C – Escala para Avaliação de Disfunção Executiva na Vida Diária (DEVD 17)
Nome:
Dara: ____/____/____
Muito freqüentemente
Marque um “X” no espaço que melhor descreve
Freqüentemente
Algumas vezes
você nos últimos 6 meses (só marque uma resposta
em cada linha).
Raramente
Nunca
1. Não consigo terminar minhas tarefas
no prazo combinado com outros.
2.Dirijo com pressa e cometo infrações
para não chegar atrasado.
A. Problemas com o uso do tempo
oportunidades.
cumprimento de
obrigações.
Nome:
Dara: ____/____/____
Muito freqüentemente
Marque um “X” no espaço que melhor descreve
Freqüentemente
Algumas vezes
você nos últimos 6 meses (só marque uma resposta
em cada linha).
Raramente
Nunca
Estudo I - Parte A
Estudo I - Parte A
* Elaboração dos itens Revisão da literatura, entrevista com profissionais, levantamento de testes;
Análise de instrumentos que avaliam o mesmo construto ou correlatos; e
Versão preliminar da Escala.
Estudo II
* Validação de construto
* Estudo piloto
* Avaliação da dimensionalidade
* Avaliação da precisão
VALIDAÇÃO PRELIMINAR DE UMA ESCALA PARA AVALIAÇÃO DE
CEP 90610-000
Os resultados obtidos nesta pesquisa nos estimulam a dar seguimento aos estudos
de Validação de Construto, Concorrente-Divergente,Critério e Normatização para
aperfeiçoamento desta escala que neste passo inicial se mostra sensível ao construto e
adequada, a realidade brasileira. Portanto, os resultados obtidos indicam que alcançamos o
nosso objetivo inicial de construir e validar preliminarmente uma escala para avaliação da
disfunção executiva na vida diária.
The goal of this research is to develop and conduct a study on preliminary construct
validity in an evaluation scale of the executive dysfunction in daily lives of adult
individuals. The scale is an instrument of self- report that evaluates the prefrontal cortex
coordination under superior cognitive abilities. The ages of the participants involved varied
from 18 to 79 years old.
The construct was chosen based on the demand, observed in the neurological clinic,
to evaluate the daily lives of dysexecutives individuals. Content validity studies and a
preliminary study of the construct validity show that the scale presents adequate
psychometrical characteristics and can contribute to the daily lives rehabilitation of
individuals that present executive dysfunctions due to neurological injuries or
neuropsychiatric disorders.
One hundred eighty people from both genders and with no previous clinical
neurological diagnosis participated in the factor analysis preliminary study . The study is
considered preliminary because it is a projection of a future construct validity study with a
higher number of participants and including individuals with neurological injuries in
prefrontal regions.
The preliminary study of the construct validity counted on one hundred eighty one
participants (average age of 37.5 years old) that answered to two hundred scales. There
was a loss of 19 scales, answered incompletely. The results indicated an accuracy index of
0.867, considered to be precise. Solutions for four factors were found, this fact contributed
to the initial project. The factor or dimensions were: time usage, obligation compliance,
Hiatus between Theory and Practice and stimuli inhibition irrelevant throughout the
attention/ concentration process.
The results obtained on this research stimulate us to continue the studies about
Construct Validity, Convergent-Divergent, Criteria and Normatization in order to perfect
this scale that, in this initial step, seems more sensitive to the construct and adequate
considering the Brazilian reality. Therefore, the results obtained indicate that we reached
the initial goal of building and validating preliminarily a scale to evaluate the Executive
Dysfunction in daily life.
Amostra
Instrumentos e Procedimentos
Participaram da coleta 181 funcionários de um órgão público e de empresas
privadas da região de Porto Alegre. A coleta foi realizada em salas das empresas, em
grupos de 10 pessoas por vez. Operacionalmente, a administração do instrumento incluía
uma breve explicação coletiva sobre os objetivos do estudo, a leitura conjunta das
instruções e explicações adicionais foram realizadas objetivando esclarecer dúvidas sobre
os itens do instrumento. Em grupo, também, foi realizada a leitura e assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido pelos paricipantes.
O grupo de participantes foi esclarecido de sua participação voluntária e que a
divulgação dos resultados era anômina, garantindo a segurança dos dados. Foi observado
que os participantes poderiam interromper sua participação em qualquer momento da
coleta.
As aplicações foram conduzidas pela Pesquisadora, por alunos do curso de
Psicologia da PUCRS e por Psicólogos colaboradores.
Tratamento e Análise dos dados
Para realizar o estudo Psicométrico da Escala para avaliação de disfunção executiva
na vida diária, duas técnicas estatísticas foram utilizadas. A primeira foi a Análise Fatorial
utilizada para investigar a estrutura fatorial da Escala e o Alpha de Cronbach para avaliar a
consistência interna do instrumento (precisão).
Através do método de rotação ortogonal Varimax, encontrou-se um coeficiente
KMO (Teste de Kaiser –Meyer-Olkin) de 0,798 (mediana à boa) indicando que a matriz
das intercorrelações dos resultados era adequada para análise fatorial. Por meio das
análises fatoriais exploratórias foi possível identificar quais os itens tinham pertinência
estatísica com o construto das subescalas e eliminar os demais. A eliminação dos itens
ficou condicionada à sua relevância clínica.
Para o cálculo fatorial da escala foi considerado como critério de retenção do fator
a necessidade que seu Eigenvalue fosse maior que 1. O Eigenvalue é o autovalor
resultante da decomposição de uma matriz de correlação e representa a variância total
explicada por cada fator. Expressa, estatisticamente, a importância do fator e o número de
variáveis que este consegue agrupar (Primi & Almeida, 2000).
O número final de fatores (subescalas) da escala DEVD foi estabelecido
considerando-se a melhor solução fatorial e a melhor compreensão teórica do agrupamento
de itens. Os itens que obtiveram carga fatorial maior que 0,35 ficaram retidos na versão
final das subescalas. A permanência dos itens com carga fatorial abaixo ou entre 0,30 e
0,34 foi condicionada à relevância clinica (Tabela 2).
Por ser este é um estudo preliminar com uma amostra de tamanho mediano,
optamos por não eliminar itens que apresentassem grande relevância clínica, apesar de ter
uma carga fatorial fraca.A eliminação destes itens poderia ser prejudicial para o objetivo
primeiro da escala. E como se sabe, a análise fatorial sugere o melhor agrupamento de
itens nos fatores, mas a decisão final é determinada pelos objetivos do pesquisador, pela
literatura e pelo parecer dos experts, sendo a decisão final bastante subjetiva.
Definido os itens da versão final das subescalas, a escala DEVD foi submetida
novamente à validade de conteúdo de experts das áreas de NeuroPsicologia ,
Neurociências e Neurologia. O propósito deste procedimento foi verificar se o
agrupamento de itens permite uma adequada compreensão clínica do que se objetiva
avaliar: disfunção executiva.
Posteriormente, foram calculadas as médias, desvios-padrão, os Alphas de
Cronbach Total e os das subescalas e o ponto de corte do escore total e dos escores das
subescalas. Para o cálculo do ponto de corte é necessário o estudo de validação de critério
do instrumento, composto por amostras clínicas.
Resultados e discussão
• Cumprimento de obrigações;
• Atenção inibição;
* Dar inicio a novas tarefas, ao mesmo tempo, que realiza uma tarefa anterior
resultando em um comportamento sem seqüenciamento e, logo, sem sucesso;
* Gasto de tempo e energia por realizar muitas atividades ao mesmo tempo sem ser
eficaz.
falando alto”. Eles têm , também , dificuldades de resolver problemas da vida diária sem
falar internamente consigo mesmos. Isso ocorre porque essas pessoas têm um
Os itens B01“busco desculpas para obrigações não cumpridas” com carga fatorial
0,24 e o item B05 “eu tenho dificuldades para prever ou planejar o futuro” com carga
fatorial 0,28 foram excluídos do instrumento de medida psicológica em função de
apresentarem baixa carga fatorial.
Os itens que fazem parte da subescala: Problemas com o cumprimento de
obrigações:
* Busco desculpas para obrigações não cumpridas;
* Recebo varias chances, mas perco as oportunidades;
* Eu ajo, sem pensar, fazendo a primeira coisa que vem em minha mente;
* Eu tenho dificuldades para prever ou planejar o futuro.
O fator III é formado por sentenças que discutem a elástica distância entre o ‘dizer’
e o “fazer” esta é a impressão digital da disfunção executiva. Talvez até mesmo se pudesse
conceptualizar que quanto maior esta distância, mais severa a disfunção em funções
executivas. Assim, ter uma idéia e propor-se a realizar-lá, tomar uma decisão no plano
teórico são processos mentais que dependem de uma motivação sem antagonismos.
Motivações sem antagonismos, ou sem conflitos, são sempre estimulantes
exercícios intelectuais, mas não costumam passar disto. Em realidade, ao motivar-nos para
fazer alguma coisa, estamos apenas dando um passo inicial no sentido de alcançar o
objetivo final. Estamos na fase do ‘dizer’, na fase da teoria. Nesta fase, por definição, não
existem estímulos conflitantes reais que, na prática, vão modular modificar, ou invalidar a
motivação inicial .
Em especial, no plano teórico não entram em jogo as emoções conflitantes. Essas
emoções são freqüentes e conectam a margem da teoria, da vontade de decidir desta ou
daquela forma, com a margem do ato praticado na vida real. A forma como cruzamos a
ponte das emoções é que vai decidir esse jogo.
Em outras palavras, por quê a prática é tão diferente da teoria? A chave da resposta
está na inevitabilidade de que se decidirmos por (a) pode levar à perda de (b) e vice-e-
versa. Este constructo neuro-filosófico fica ainda mais interessante se entendermos (a)
como algum tipo de atitude cujo efeito positivo será sentido num futuro mais distante.
Desse modo, em cada contexto afetivo, acadêmico, profissional, social, monetário e
entre outros de nossas vidas. Estamos decidindo por mais recompensas no presente, mas
menos recompensas no futuro – e vice-versa. Assim, as recompensas podem ser melhor
digeridas como conseqüências mais positivas ou mais negativas, na escala temporal em
questão: presente versus futuro.
O constructo neuropsicológico subjacente a este contexto é o triplo papel das
funções executivas (i) na tomada de decisões (função precípua da memória operacional),
(ii) na modulação (inibição) do sistema subcortical de recompensa, que tenderia a ‘puxar a
corda’ para condutas mais imediatamente prazerosas (e menos sofridas) o que
frequentemente impede que, na prática, se concretize a decisão tomada ‘em teoria’, e (iii)
na modulação das respostas afetivas (emocionais).
Desse modo, enquadrando-as em um contexto mais realista e que “estimule menos”
o sistema de recompensa a sabotar as condutas baseadas nas decisões tomadas
racionalmente. Assim, a disfunção executiva afeta o conjunto da tomada de decisão, mas
especialmente a efetivação das decisões no plano prático.
Segundo a teoria de Barkley (1997) sobre o funcionamento executivo, a função
executiva auto-regulação das emoções é uma habilidade cognitiva que desempenha a
função de motivação interna para completar tarefas do dia-a-dia e que estamos discutindo
nesta dimensão. Todos nós somos dependentes da motivação do ambiente para
concluirmos tarefas. Em especial, se o trabalho for monótono, repetitivo e se a recompensa
pelo trabalho estiver em um futuro distante.
As pessoas com disfunção executiva têm dificuldades de regular às emoções e
necessitam desenvolver uma capacidade de motivação interna. Por essa razão o ambiente
deve proporcionar um estimulo motivacional envolvente para estes indivíduos concluírem
o trabalho. Pessoas com TDAH, por exemplo, têm uma auto-regulação imatura e por isso,
em situações que envolvem estímulos conflitantes aos seus interesses, podem reagir de
maneira inapropriada socialmente (Joffe, V. 2005; Barkley, 2004).
Indivíduos com disfunção executiva, em função da imaturidade no controle e
regulação das suas emoções tendem a reagir de maneira inapropriada, assim como, tomar
decisões frente a emoções de conteúdo positivo ou negativo de forma não adequada. E por
essa razão, adultos com TDAH podem ter dificuldade de controlar tanto os sentimentos de
tristeza como os de alegria, prejudicando, frequentemente, seus relacionamentos sociais,
profissionais e pessoais (Joffe, V.2005; Barkley, 2004).
Nesta dimensão, também, foram concentrados itens que representam déficits do
fenômeno cognitivo relacionado ao conceito da função executiva “reconstituição”
elaborada por Barkley. As funções executivas como a memória de trabalho, a
internalização da linguagem, a auto-regulação das emoções e a reconstituição permitem
que as pessoas analisem e aprendam com seus comportamentos e com as conseqüências
dos mesmos. A partir de uma análise e uma síntese de comportamentos (Barkley, 2004).
A função executiva “reconstituição” descrita por Barkley na Teoria sobre o
Autocontrole (1997) refere-se a uma habilidade cognitiva de rapidamente desmanchar e
recombinar informações como imagens, palavras, comportamentos em arranjos novos, com
intuito de descobrir novas estratégias e de resolver problemas no decorrer da vida. Esta
capacidade possibilita às pessoas desenvolverem princípios morais para regulação de seus
comportamentos e para aprender regras em geral.
Pessoas com disfunção executiva apresentam comportamentos que refletem
prejuízo nesta habilidade cognitiva de reconstituir experiências de vida para resolução de
problemas na vida atual. Este conceito esta ligado à facilidade com que as pessoas se
expressam verbalmente para outros. Ao tentar comunicar uma idéia para resolução de um
problema, a pessoa com disfunção executiva tem um desempenho empobrecido (Barkley,
1997; Barkley, 2004).
O nível de facilidade e de fluência que um indivíduo é capaz de usar o conjunto das
funções executivas é conceituado por Barkley (1997) como “fluência de comportamento”.
Este conceito é semelhante ao que chamamos de fluência verbal, ou seja, a facilidade com
que alguém tem de desmanchar e construir informação verbal e, posteriormente, criando
novas informações para alcançar um objetivo (Barkley 1997; Barkley 2004).
As funções executivas permitem as pessoas viver em sociedade dentro de uma
cultura. E, assim adaptar e desenvolver diferentes comportamentos adequados para relação
em sociedade. Construir na memória uma história de sua vida e utilizar as experiências da
vida para tomar decisões e alcançar seus desejos (objetivos), mesmo que longínquos. Além
de controlar as emoções para relação com o mundo, com as pessoas de uma forma
saudável, construtiva e positiva.
Os sintomas descritos em itens que compõem a subescala hiatos entre a teoria e a
prática;
* Tenho a nítida idéia de que poderia fazer as coisas muito melhor se conseguisse
me organizar;