Hooper

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CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO NORMATIVO DO HOOPER VISUAL

ORGANIZATION TEST (VOT)

Dalva de Jesus Tavares Tosello


RESUMO
Trata-se de pesquisa que cumpre colaborar para um projeto de normatização do teste Hooper Visual
Organization (VOT), de H. Elston Hooper publicado em 1958 e revisado em 1983, com a finalidade de
avaliar a função da discriminação visual. Determina o perfil sócio-demográfico dos sujeitos e relaciona suas
respostas efetuando tratamento dos dados coletados através de análise estatística e a partir da bibliografia
consultada. O grupo de sujeitos, constituído por 50 crianças de ambos os sexos, faixa etária de 7 a 18 anos e
11 meses, estudantes do ensino fundamental e médio, com acuidade visual normal ou corrigida, não
possuindo patologia neurológica previamente diagnosticada. O teste consiste de uma série de 30 estímulos
apresentados ao sujeito em figuras de objetos fragmentados e re-arranjados em cartões. Os estímulos
apresentam-se em dificuldade crescente onde ao sujeito é solicitado que organize visualmente cada figura e as
nomeie. Os resultados deste estudo não apontam grandes diferenças para as variáveis sócio-demográficas,
mas realiza considerações a respeito da influência cultural na nomeação dos objetos-estímulo fazendo
algumas sugestões.

Palavras-chave: Hooper; Estudo Normativo; Discriminação Visual; Neuropsicologia.

ABSTRACT

Contribution for the normative study of Visual Hooper Organization Test (VOT). São Paulo, 2004. 101p.
Monograph (Specialization). CEPSIC - ICHC of University of Medicine of the University of São Paulo.

This is a study that has the purpose of collaborating for a standardization project of the Visual Hooper
Organization Test (VOT), by H. Elston Hooper, published in 1958 and revised in 1983, with the purpose of
evaluating the function of visual discrimination. It is indicative of the social demographic profile of the
subjects and it organizes the answers through statistical analysis, and through consultation with a
bibliography, such that the answers indicate treatment. The group of subjects is composed of: 50 children of
both sexes, from 7 to almost 19 years of age, who are elementary and high school students; who have normal
eyesight or wear glasses, and who have no previously diagnosed neurological pathology. The test consists of a
series of 30 stimulii presented to the subjects in the form of illustrations of fragmented objects, re-arranged
on cards. The stimulii are presented with increasing difficulty, whereby the subject is requested to organize
each illustration visually and name it. The results of this study don't point out great differences in terms of
social demographic variables, but it does deal with certain considerations regarding the cultural influence on
the naming of the object of stimulus, which is helpful in certain ways.

Key words: Hooper; Normative Study; Visual Discrimination; Neuropsychology.

59
I - INTRODUÇÃO

A neuropsicologia estuda os distúrbios cognitivos e emocionais, os distúrbios de


personalidade correlacionando-os às regiões cerebrais. Alguns déficits não são
evidenciados em exames clínicos, apesar de comprometer o funcionamento diário do
paciente, exigindo a utilização de testes específicos para elucidação dos problemas.

A avaliação neuropsicológica consiste em exame complementar, que estabelece e


avalia a magnitude de alterações cognitivas secundárias à lesão cerebral, proporcionando
análise quantitativa e qualitativa que permite a comparação com indivíduos da mesma
idade, sexo e escolaridade.

Bertolucci (apud Nitrini, 2000) salienta que através dos desvios nos resultados de
diversos teste visuo-espaciais em pacientes com lesão parietal esquerda, podde-se constatar
a importância do hemisfério esquerdo no processamento da percepção visual.

Lezak (1995) aponta que muitos aspectos da percepção visual podem ser pareados
com disfunções cerebrais; Spreen e Strauss (1998) sugerem o teste do Desenho do Relógio
(Clock Drawing) para a avaliação da incapacidade visuo-espacial construtiva.

Mesulam (2000) afirma que os pacientes com lesão paarietal direita tem dificuldade
de identificar objetos fotografados em perspectiva incomum. Nestes pacientes, os
elementos básicos da figura ou discriminação de contorno estavam normais, sugerindo que
o déficit representava fracasso do nível leve a grave na análise perceptual. O autor propõe o
Visual Object and Space Perception Battery e o Visual Closure, subtestes do Woodcock-
Johnson Tests of Cognitive Ability como eficientes para medida de percepção visual
baseado em informações visuais incompletas ou transformadas.

As inúmeras baterias de testagem neuropsicológicas existentes, estandartizadas no


país de origem podem sofrer interferência em seus resultados frente à adaptação ao nosso
meio e aos fatores sócio-econômicos-culturais evidenciando a necessidade de pesquisa na
normatização destes testes para a população brasileira. Para avaliar a habilidade de um
indivíduo em integrar estímulos visuais, como uma ajuda na avaliação neuropsicológica,

60
encontramos o VOT (Hooper Visual Organization Test)1. Trata-se de instrumento utilizado
para medir a habilidade de adolescentes e adultos para organizar estímulos visuais e desta
forma, explorar a existência de qualquer dificuldade na discriminação visual.

Este trabalho, cuja natureza corresponde ao de uma pesquisa exploratória, por ser
um estudo de pesquisa único em nosso meio, pretende contribuir para uma pesquisa maior
desenvolvida pelo (Instituição não identificada, segundo as exigências das regras impostas
pelo concurso de premiação do III Congresso Interamericano) o visando a normatização
deste teste.

A administração do teste seguirá as normas conforme proposto no manual editado


em 1983, publicada pela Western Psychological Services, Los Angeles, Califórnia. Pelo
exposto, infere-se que a importância desta contribuição se configura em duas vertentes:

• A que permitirá contribuir para o conhecimento específico sobre o tema com


esforços para a normatização dos dados para a população brasileira.

• A que poderá contribuir na qualidade da investigação neuropsicológica no

que diz respeito à discriminação visual.

II - OBJETIVOS

Objetivo Geral

• Colaborar para o estudo de normatização do teste VOT (Hooper Visual

Organization Test) para a população brasileira através da investigação em sujeitos de


ambos os sexos, na faixa etária de 7 anos a 18 anos e 11 meses.

Objetivos Específicos

• Determinar o perfil do grupo de estudo com relação à idade, educação e sexo;

• Analisar os resultados, e identificar alguns pontos de maior entrave em

seus contextos de respostas para idade, sexo e nível educacional;

1
VOT - Preferiu-se empregar o termo VOT ao referir-se ao teste, devido à utilização do nome de
seu autor no desenvolvimento do trabalho.

61
• Relacionar as respostas do teste VOT com os resultados encontrados

em outras pesquisas considerando as diferenças do perfil na área de abrangência


estabelecida para o grupo em estudo.

III - METODOLOGIA

3.1. Área de Abrangência da Pesquisa

A área de abrangência geográfica desta pesquisa localizou-se na 10ª. Região


Administrativa do Estado de São Paulo, composta por 54 municípios; onde predomina a
agropecuária. A amostra concentrou-se na cidade de Presidente Prudente, capital da Alta
Sorocabana denominada como capital do nelore mocho, e na cidade de Anhumas, vizinha
de Presidente Prudente e dependente desta no que diz respeito à educação e saúde,
considerada como cidade dormitório. A escolha desta abrangência se deu pelos seguintes
critérios:

• Possuir número representativo de jovens que satisfazem os critérios de

inclusão da pesquisa e, portanto, sujeitos potenciais;

• Acessibilidade da autora desta investigação à área de abrangência, por

residir em localidade central desta, o que pode facilitar a credibilidade e participação dos
sujeitos no estudo.

3.2. Casuística

Por tratar-se de pesquisa envolvendo seres humanos, a observação de princípios


éticos aplicáveis realizou-se especificamente em consideração à pessoa humana, sigilo
profissional e confidencialidade dos dados e dos sujeitos. Fundamentando a aplicação dos
princípios éticos utilizou-se o Código de Ética dos Psicólogos (Conselho Regional de
Psicologia, 1997).

A amostra deste estudo foi constituída de 50 sujeitos estudantes, de ambos os sexos


pertencentes a faixa etária de 7 anos a 18 anos e 11 meses. A participação dos sujeitos na
pesquisa foi espontânea e de adesão unânime entre os convidados seguindo os seguintes
critérios estabelecidos:

62
• Para inclusão: -Pertencer à faixa etária previamente estabelecida de 7 à 18

anos e 11 meses; -Ser do sexo feminino ou do sexo masculino; -Ter nível cognitivo
adequado, avaliado em função do nível de escolaridade em relação à idade; -Ter bom
domínio da língua portuguesa para nomear e compreender o conteúdo do instrumento
usado; -Acuidade visual normal ou corrigida, como investigada em entrevista preliminar; -
Ter o consentimento dos pais ou responsável devidamente assinado por tratar-se de sujeitos
menor de idade.

• Para exclusão: -Possuir patologia neurológica ou psiquiátrica previamente

diagnosticada sem correção; -Estar em tratamento com drogas ansiolíticas ou


antidepressivas; -Ter deficiência visual diagnosticada; -Ser estrangeiro e sem domínio da
língua portuguesa.

3.3. Instrumentos

Neste estudo foram utilizados três instrumentos: O primeiro, um “Questionário de


Triagem” com questões para avaliar os sujeitos segundo os critérios de inclusão e dados
sócio-econômicos-culturais. O segundo, “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”,
devidamente assinado pelo responsável do menor com os dados de identificação do sujeito
da pesquisa ou responsável legal; dados sobre a pesquisa científica com registro das
explicações do pesquisador ao paciente ou seu representante legal sobre a pesquisa;
esclarecimentos sobre garantias do sujeito da pesquisa com informações de nomes,
endereços e telefones dos responsáveis pelo acompanhamento da pesquisa, para contato em
caso de intercorrências clínicas e reações adversas e; consentimento pós-esclarecido. O
terceiro instrumento, o VOT utilizado para medir a habilidade do sujeito para integrar
estímulos visuais. Teste constituído por 30 figuras fragmentadas de objetos desenhados de
forma simples e rearranjados cada um em quadros de papel cartão branco de medida (10x10
cm) fixados um a um em um bloco espiral. Tais estímulos visuais são apresentados em grau
de dificuldades crescente os quais devem ser organizados mentalmente através da
discriminação visual e devidamente nomeados.

3.4. Procedimentos

63
O estudo preliminar e a escolha do grupo de sujeitos, obteve-se o consentimento dos
pais ou responsável para começar a aplicação do teste. Na coleta de dados procurou-se
realizar um controle de variáveis em relação ao ambiente e à aplicação do teste que
pudessem interferir na avaliação dos dados obtidos. Entre esses cuidados, obteve-se a
concordância prévia dos sujeitos em participar do estudo e efetuou-se a aplicação no
consultório, ambiente com o menor risco de interferência.

As instruções para o teste foram feitas verbalmente, sendo proporcionados


esclarecimentos acerca do objetivo da pesquisa, do trabalho da pesquisadora e outros que se
fizeram necessários, permitindo assim, superar algumas dificuldades que pudessem
interferir. Aos sujeitos convidados e aceitos conforme os critérios de inclusão a participar
da amostra foi esclarecido tratar-se de um teste com a finalidade de avaliar a discriminação
visual. Administrado individualmente, foi mostrado ao sujeito uma a uma as figuras
seguindo as instruções de aplicação e pontuação conforme o manual do teste editado em
1983. As respostas foram anotadas na folha de registros, e atribuído um valor de pontuação
variando entre 1, ½ e 0 ponto. Após cinco erros consecutivos o teste foi suspenso, conforme
instrução do manual.

Concluída a verificação dos dados encontrados e devidamente organizados, estes


foram reorganizados em tabelas e figuras quanto as variáveis: sexo, escolaridade, faixa
etária e score. Os dados relativos às respostas foram ordenados em tabelas segundo o
percentil, média, mediana e desvio padrão por sub-categorias de respostas e por sujeitos. As
demais variáveis investigadas e agrupadas nas tabelas e gráficos, foram trabalhadas
estatisticamente utilizando o Software SPSS e o Excel. Realizou-se a análise quantitativa e
qualitativa dos resultados sendo comparados com conclusões de estudos anteriores.

3.5. Ambiente

Os dados foram coletados durante o mês de julho de 2004, período de férias


escolares onde os sujeitos estavam com mais tempo disponível. Os sujeitos convidados
participaram espontaneamente e se dirigiram ao consultório onde se submeteram à
aplicação do teste. Antes da aplicação do teste foi mantida uma conversa esclarecedora para
baixar a ansiedade do sujeito e estabelecer um bom Rapport, uma vez que ainda se tem uma

64
idéia de que ir ao psicólogo é “coisa de louco”. Os sujeitos participaram ativamente do
teste, sem que se tenha registrado nenhum incidente ou desistência durante o processo.

IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tendo em vista os objetivos geral e específicos, dá-se seguimento à análise dos


resultados. Após a descrição dos dados, procurou-se ressaltar as características mais
significantes das respostas do grupo de sujeitos que poderiam sugerir influência nos
resultados do instrumento em estudo. Na seqüência, os resultados são apresentados e
analisados, sob os seguintes tópicos:

4.1. Análise Descritiva dos Resultados dos Sujeitos de Ambos os Sexos

4.1.1. Distribuição dos sujeitos, por faixa etária e escolaridade.

Observou-se que o número de sujeitos observados do sexo feminino (48%) é


inferior ao número de sujeitos do sexo masculino (52%), porém, esta diferença é pequena
(2%) e tal diferença neste estudo equivale a um sujeito.

4%
20% 10%
≤7
7¬9
14%
9 ¬ 11
11 ¬ 13
13 ¬ 15
20% 15 ¬ 17
16% >17
16%

Figura 1: Distribuição dos sujeitos, de ambos os sexos, por faixa etária.

Para a variável idade na tabela da Figura 1, dividida por faixa etária, considerou-se a
idade mínima inicial de 7 anos e 0 meses até a idade máxima de 18 anos e 7 meses. Por
exemplo: a faixa etária de 9-11 pode compreender sujeitos de 9 anos e 0 meses até 11 anos
e 11 meses. Observa-se que há um aumento no número de sujeitos conforme mudamos de
faixa etária, da menor idade para a maior idade. Além disso, em média, os sujeitos possuem
idade de 13 anos e 4 meses, com um desvio padrão DP=3,5 anos para mais ou para menos.

65
A de idade (diferença) relativamente grande, pois o sujeito com mais idade, mediana da
idade é 13 anos e 7 meses, isto significa que dentre os 50 sujeitos analisados, 25 sujeitos
(50%) estão acima desta idade e 25 sujeitos abaixo desta idade. Nota-se que há uma
amplitude 18 anos e 7 meses, tem uma diferença de 11 anos e 7 meses em relação ao sujeito
mais novo. A maioria dos sujeitos que realizaram este teste encontra-se na faixa etária 15 –
17 anos (20%) e, >17 anos (20%).

12% 8%

8% 14% ≤1
1¬ 3
3¬ 5
5¬ 7
7¬ 9
24% 18% 9¬ 10
>10
16%

Figura 2: Distribuição dos sujeitos, de ambos os sexos, por escolaridade.

Sabendo-se que a escolaridade está diretamente relacionada à idade de cada sujeito,


era de se esperar que ocorresse uma grande diferença (10 anos) entre os níveis de
escolaridade. Nota-se que a maioria dos sujeitos que realizaram este teste encontram-se na
faixa de escolaridade de 7 – 9 anos (24%) (Figura 2).

4.1.2. Distribuição dos resultados dos sujeitos, de ambos os sexos, por faixa
etária e escolaridade.

Tabela 1: Distribuição dos Resultados para Ambos os Sexos, por Faixa Etária

Faixa Média do Mediana do Desvio Padrão em Relação à


Etária Freqüência Score Score Média

≤7 2 18,50 18,50 2,12

7¬9 5 19,40 20,00 3,36

9 ¬ 11 7 21,29 20,00 2,43

11 ¬ 13 8 22,63 23,00 3,81

13 ¬ 15 8 22,25 23,00 1,98

66
15 ¬ 17 10 20,80 21,00 1,62

>17 10 21,40 21,50 1,43

Observa-se na tabela 1 que o score mínimo alcançado foi de 14 e o máximo de 27,


ficando a média em (21,28); a mediana em (21,00) e o desvio padrão em (2,53). Infere-se
que 50% dos sujeitos obtiveram score inferior a 21 e os outros 50% obtiveram score acima
deste valor. Na faixa etária de 11 – 13 anos encontra-se, a maior média no score (22,63) e o
maior desvio padrão (3,81). Isto significa que os desempenhos dos sujeitos não são
uniformes, enquanto uns alcançam scores altos, outros alcançam valores bem baixos. Nas
faixas etárias >17 anos e 15-17anos, as médias no score foram menores que para as faixas
etárias 9-11anos e 11-13 anos; sugerindo que o desempenho do sujeito não está relacionado
com a idade.

Tabela 2: Distribuição dos Resultados para Ambos os Sexos, por Escolaridade

Freqüên- Média do Mediana do Desvio Padrão em Relação


Escolarida-de cia Score Score à Média

≤1 4 19,25 19,50 1,71

1¬ 3 7 19,86 20,00 3,24

3¬5 9 22,44 23,00 3,47

5¬7 8 22,38 23,00 2,20

7¬9 12 21,38 21,00 1,89

9¬ 10 4 22,00 22,50 1,41

>10 6 20,20 20,00 0,84

67
Observa-se que o score deste teste não está relacionado com o nível de escolaridade
dos sujeitos, pois existem faixas de escolaridades que atingiram médias no score superiores
a outras faixas com maiores níveis de escolaridade. Podemos citar a faixa de escolaridade
de 3 – 5 anos: esta atingiu uma média no score de (22,44), e as demais faixas de
escolaridades superiores atingiram sempre médias inferiores, com desvio padrão de (3,47).

4.1.3. Distribuição dos acertos, erros e respostas de 0,5 ponto por

sujeito, para ambos os sexos.

Tabela 3: Distribuição dos Acertos, Sujeitos de Ambos os Sexos

Acertos Acertos Freqüência

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão 10 ¬ 15 2

13 26 20,22 20,00 2,57 15 ¬ 20 24

>20 23

A Tabela 3 informa a freqüência de sujeitos que obtiveram acertos numa certa faixa.
Encontramos o número de acertos mínimo de 13 e máximo de 26, além disso, a média de
acertos foi de (20,22) por sujeito, com desvio padrão de (2,57). A mediana de 20 acertos
nos informa que 50% dos sujeitos obtiveram menos de 20 acertos e os outros 50% mais do
que este valor.
Q30
Q29
Q28
Q27 Q30
Q29
Q26
Q28
Q25 Q27
Q24 Q26
Q23 Q25
Q24
Q22
Q23
Q21 Q22
Q20 Q21
Q19 Q20
Q19
Q18
Q18
s

Q17
e

Q17

Q16 Q16
es

Q15 Q15
u
Q

Q14
Q14
Q13
Q13 Q12
Q12 Q11
Q11 Q10
Q9
Q10
Q8
Q9 Q7
Q8 Q6
Q7 Q5
Q4
Q6
Q3
Q5 Q2
Q4 Q1
Q3
Q2
Q1

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Núme ro de Ace rtos

Figura 3: Número de acertos dos sujeitos, de ambos os sexos, por questão.

68
A Figura 3 informa o número de acertos por questão. Observa-se que o número de
acertos diminui conforme se prossegue a aplicação do teste, pois a dificuldade apresentada
em cada questão é progressiva, exceto para as questões 17, 18 e 25 que seguem com uma
análise mais detalhada.

Tabela 4: Distribuição dos Erros, Sujeitos de Ambos os Sexos

Erros Erros Freqüência

Desvio 0¬5 8
Mínimo Máximo Média Mediana Padrão 5 ¬ 10 33
3 15 8,14 8,00 2,52 10¬ 15 9

A Tabela 4 mostra a freqüência de sujeitos que tiveram erros numa certa faixa, isto
é, 9 sujeitos tiveram entre 10 e 15 erros. O número mínimo de erros foi de 3 e o máximo de
15, a média de erros de (8,14), com desvio padrão de (2,52). A mediana nos informa que
50% dos sujeitos obtiveram menos de 8 erros e os outros 50% mais do que este valor.
Q30
Q29
Q28
Q30
Q27
Q29
Q26 Q28
Q25 Q27
Q24 Q26
Q23 Q25
Q24
Q22 Q23
Q21 Q22
Q20 Q21
Q19 Q20
Q19
Q18
Q18
uestões

Q17 Q17
Q16 Q16
Q15 Q15
Q

Q14
Q14
Q13
Q13 Q12
Q12 Q11
Q11 Q10
Q9
Q10
Q8
Q9 Q7
Q8 Q6
Q7 Q5
Q4
Q6
Q3
Q5 Q2
Q4 Q1
Q3
Q2
Q1

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Núme ro de Erros

Figura 4: Número de erros dos sujeitos, de ambos os sexos, por questão.

69
A Figura 4 é um complemento da figura dos acertos, observa-se que o número de
erros aumenta conforme se prossegue a aplicação do teste. O número de erros (22%)
concentra-se nas questões 18 e 25, representando quase (¼ ) do total de erros, merecendo,
portanto, uma análise mais detalhada.

Q26

Q24

Q22

Q20
Q26
Q24
Q22
uestões

Q17 Q20
Q17
Q11
Q

Q10
Q11
Q9
Q8
Q7
Q10

Q9

Q8

Q7

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Núme ro tota l de a prove ita me nto na s que stõe s com va lor 0,5

Figura 5: Aproveitamentos dos sujeitos, nas questões de valor 0,5 pontos.

A Figura 5 contempla as questões com alternativa de resposta pontuada em 0,5


pontos. As figuras 3, 4 e 5 acima mostram o comportamento diferente das questões 17, 18 e
25 quanto ao aproveitamento na pontuação, merecendo uma discussão mais detalhada. Na
questão 17 a resposta correta seria “Poltrona”, e das 42 respostas, (84%) foram para a
palavra “sofá” avaliada com 0,5 pontos.

Na questão 26 os erros foram de (64%) dos quais (38%) corresponderam à resposta


“castelo” (0,5 pontos), quando o esperado era “farol” (1 ponto). Para estas questões, a
incidência de respostas podem estar indicando termos lingüísticos regionais. Considerando
a observação da incidência de erros (Figura 4), na questão 18, 45 respostas (90%) foram
para a palavra “vela”, onde a resposta correta era “castiçal”. Surgiu neste momento a
seguinte indagação: Será que neste caso ocorrem erros de discriminação visual ou estão
relacionados a, por exemplo, termos lingüísticos regionais? Situação similar aconteceu nas
questões 16 e 19 que não prevêem pontuação de 0,5 ponto. Na questão 16 esperava-se a
resposta “chaleira”, porém dos (72%) erros apontados, (72,22%) foram para a palavra
“bule”. Na questão 19 esperava-se a resposta “bule”, porém a incidência de respostas
erradas foi de (86%), das quais (72%) dos erros apontados foram para a palavra “chaleira”.

70
Esta ocorrência exigiu um estudo do significado destas palavras, e observou-se que esta
troca é prevista segundo o Dicionário Aurélio. Hooper (1983) cita os estudiosos Coyle
e Eisenman que apontaram que estes erros não deveriam ser interpretados como sinais de
prejuízo neurológico e sublinharam a necessidade atentar para as variações culturais e
regionais nos idiomas, até mesmo para as figuras de objetos mais comuns como “chaleira”.
Na questão 25, os erros emitidos representaram um total de (88%) dos quais (22%) foram
para a palavra “dado”. O estudo do significado destas palavras no Dicionário
Aurélio,observou que tal fato é previsto em nossa cultura.

Para esta discussão referindo-se às questões 16, 19 e 25, sugere-se uma ampliação
do estudo para que se pense na previsão destas respostas para a nossa cultura fazendo a
pontuação de 0,5 ponto. Observou-se ainda que para este estudo, as questões 20, 22 e 24,
que previam a pontuação de 0,5 pontos, não tiveram este aproveitamento. Poder-se-ia
substituí-las pelas questões 16, 19 e 25. Na questão 7o uso da palavra “cachorro”, o
lugar de “cão”, é um fator de observação para futuramente se pensar em substituição.

4.2. Análise Descritiva dos Resultados dos Sujeitos do Sexo Feminino

4.2.1. Distribuição dos sujeitos do sexo feminino, quanto as variáveis

17% 4% 8%
≤7
13% 7 ¬9
9 ¬ 11
11 ¬ 13
13 ¬ 15
24%
15 ¬ 17
17%
>17
17%

Figura 6: Distribuição dos sujeitos, do sexo feminino, por faixa etária.

A idade mínima para este grupo foi de 7 anos e a máxima de 18 anos e 7 meses.
Observou-se que tivemos para o sexo feminino a mesma amplitude (diferença) para o grupo
de ambos os sexos. A figura 6 mostra que a faixa etária de 15-17 anos contém o maior
número de sujeitos (24%).

71
8% 0% 17%
8%
≤1
1¬ 3
3 ¬ 5
5 ¬ 7
17% 7 ¬ 9
9¬ 10
33%
>10
17%

Figura 7: Distribuição dos sujeitos, do sexo feminino, por escolaridade.

A escolaridade mínima para este grupo de sujeitos foi de 1 ano e a máxima de 11


anos. Mais uma vez como esperado, temos uma amplitude (diferença) de escolaridade
razoavelmente grande, 9 anos, isto se deve ao fato da amplitude da idade também ser
grande. A maioria dos sujeitos do sexo feminino (33%) se encontra na faixa de escolaridade
7 – 9 anos (Figura 7).

4.2.2. Distribuição dos resultados, do sexo feminino, por faixa etária e


escolaridade.

Tabela 5: Distribuição dos Resultados para o Sexo Feminino, por Faixa Etária

Média do Mediana do Desvio Padrão em


Faixa Etária Freqüência Score Score Relação à Média

≤7 1 20,00 20,00 0,00

7¬9 2 18,50 18,50 6,36

9 ¬ 11 3 21,67 22,00 2,52

11 ¬ 13 4 22,75 24,50 4,72

13 ¬ 15 4 22,00 21,50 2,45

15 ¬ 17 6 20,67 21,00 2,07

>17 4 21,25 21,50 1,71

72
Na tabela 5 o mínimo para a média do score foi de (18,50) e o máximo de (22,75).
Na faixa etária 11 – 13 anos se encontra a maior média no score, (22,75), e maior mediana
(24,50), com desvio padrão de (4,72) para mais ou para menos. Observa-se nas faixas
etárias 13-15 anos, 15-17 e >17 anos, médias nos scores menores para os sujeitos de menor
idade; como nas faixas etárias de 9-11 anos e 11-13 anos. Infere-se que o desempenho dos
sujeitos não depende da idade.

Tabela 6: Distribuição dos Resultados para o Sexo Feminino, por Escolaridade

Média do Mediana do Desvio Padrão em


Escolaridade Freqüência Score Score Relação à Média

≤1 0 0,00 0,00 0,00

1¬ 3 4 20,00 21,00 4,55

3¬5 4 21,75 22,50 4,19

5¬7 4 22,25 21,50 2,87

7¬9 8 21,13 21,00 2,36

9¬ 10 2 22,50 22,50 0,71

>10 2 20,00 20,00 1,41

Vê-se que as maiores médias do score encontram-se em três faixas de escolaridade,


3-5 anos (21,75); 5-7 anos (22,25) e 9-10 anos (22,50); nota-se que o score não está
relacionado com a faixa de escolaridade (Tabela 6).

4.2.3. Distribuição dos acertos e erros dos sujeitos do sexo feminino.

73
Tabela 7: Distribuição dos Acertos, dos Sujeitos do Sexo Feminino

Acertos Acertos Freqüência

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão 10 ¬ 15 2

13 25 20,17 20,50 2,93 15 ¬ 20 10

20¬ 25 12

A Tabela 7 mostra maior freqüência dos acertos (12) na faixa de 20-25 acertos. Os
acertos ficaram entre o mínimo de 13 e máximo de 25, com média (20,17), mediana (20,50)
e desvio padrão (2,93). Há uma uniformidade no número de acertos entre os sujeitos do
sexo feminino.

Tabela 8: Distribuição dos Erros, Sujeitos do Sexo Feminino

Erros Erros Freqüência

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão 0¬5 4

4 15 8,25 8,00 2,83 5 ¬ 10 14

10¬ 15 6

A Tabela 8 contempla que a maior freqüência dos erros 14, está na faixa de 5-10
erros. Os erros ficaram entre o mínimo de 4 e máximo de 15, com média de (8,25), mediana
de (8,00) e desvio padrão de (2,83). Observa-se um grupo de incidência de 6 erros para a
faixa de 10-15 erros.

4.3. Análise Descritiva dos Resultados dos Sujeitos do Sexo Masculino

4.3.1 Distribuição dos sujeitos do sexo masculino quanto as variáveis

74
4%
24% 12%
≤7
7¬9
15%
9 ¬ 11
11 ¬ 13
13 ¬ 15
15% 15 ¬ 17
15% >17
15%

Figura 8: Distribuição dos sujeitos, do sexo masculino, por faixa etária.

A idade mínima foi de 7 anos e a máxima de 18 anos e 7 meses. Tivemos para o


sexo masculino a mesma amplitude (diferença) que o grupo de ambos os sexos. A faixa
etária >17 anos tem o maior numero de sujeitos (24%) (Figura 8).

12% 15% ≤1
8% 1¬ 3
12%
3 ¬ 5
5 ¬ 7
7 ¬ 9
19%
9¬ 10
19%
>10
15%

Figura 9: Distribuição dos sujeitos, do sexo masculino, por escolaridade.

Nota-se na Figura 11 uma amplitude (diferença) de escolaridade grande, 10 anos, como foi
observado para a idade. A maioria dos sujeitos do sexo masculino (19%) se encontra nas
faixas de escolaridade 3-5 e 7 – 9 anos (Figura 11).

4.3.2. Análise descritiva dos resultados dos sujeitos, do sexo masculino, por faixa
etária e escolaridade.

75
Tabela 9: Distribuição dos Resultados para o Sexo Masculino, por Faixa Etária

Média do Mediana do Desvio Padrão em


Faixa Etária Freqüência Score Score Relação à Média

≤7 1 17,00 17,00 0,00

7¬9 3 20,00 20,00 1,00

9 ¬ 11 4 21,00 20,00 2,71

11 ¬ 13 4 22,50 22,00 3,42

13 ¬ 15 4 22,50 23,00 1,73

15 ¬ 17 4 21,00 21,00 0,82

>17 6 21,50 21,50 1,38

O mínimo alcançado para a média do score foi de (17,00) e o máximo de (22,50). A maior
média do score (22,5) foi obtida para duas faixas: 11 – 13 anos e 13 – 15 anos (Tabela 13).
Isto sugere que o score não depende da idade.

Tabela 10: Distribuição dos Resultados para o Sexo Masculino, por Escolaridade

Média do Mediana do Desvio Padrão em


Escolaridade Freqüência Score Score Relação à Média

≤1 4 19,25 19,50 1,71

1¬ 3 3 19,67 20,00 0,58

3¬5 5 23,00 23,00 3,16

5¬7 4 22,50 23,00 1,73

7¬9 5 21,80 22,00 0,84

76
9¬ 10 2 21,50 21,50 2,12

>10 3 20,33 20,00 0,58

A tabela 10 informa que as maiores médias do score em duas faixas de escolaridade:


3-5 anos (23,00) e 5-7 anos (22,50) (Tabela 13 ). Infere-se que o score não está relacionado
com a faixa de escolaridade.

4.3.3. Distribuição dos acertos e erros dos sujeitos do sexo masculino.

Tabela 11: Distribuição dos Acertos, Sujeitos do Sexo Masculino

Acertos Acertos Freqüência

10 ¬ 15 0
Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão
15 ¬ 20 14
16 26 20,27 20,00 2,25
>20 12

Observa-se na tabela 11 que o mínimo de 16 acertos e máximo de 26, com média de


(20,27), mediana de (20,00) e desvio padrão de (2,25). Há uniformidade no número de
acertos para os sujeitos do sexo masculino.

77
Tabela12: Percentil acertos

e erros sexo feminino Tabela 13: Percentil acertos e


erros sexo masculino

Acertos Percentil Erros Percentil


Acertos Percentil Erros Percentil
25 100% 15 100%
26 100% 12 100%
24 92% 13 96%
24 96% 11 96%
23 88% 12 92%
23 92% 10 88%
22 83% 11 88%
22 85% 9 73%
21 67% 9 75%
21 73% 8 54%
20 50% 8 63%
20 54% 7 35%
19 42% 7 42%
19 46% 6 23%
18 21% 6 21%
18 23% 5 15%
16 13% 5 17%
16 4% 4 8%
4 13%
3 4%

As tabelas 12 e 13 demonstram que o percentil ficou na média de 20 acertos e de 8


erros para o sexo masculino e; na média de 20 acertos e 8 erros para o sexo masculino.
Indica que não há discordância para estes resultados com relação ao gênero.

78
Tabela 14: Distribuição dos erros, sujeitos do sexo masculino

Erros Erros Freqüência

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão 0¬5 4

3 12 8,04 8,00 2,24 5 ¬ 10 19

>10 3

A Tabela 14 contempla a maior freqüência (9) na faixa de 5-10 erros. Os erros


ficaram entre o mínimo de 3 e máximo de 12, com uma média de (8,04), mediana de (8,00)
e desvio padrão de (2,24). Porém observa-se um grupo de incidência de 3 erros para a faixa
de >10 erros. Ao analisarmos os resultados para o número de erros para os sujeitos dos
sexos: feminino (item 4.2.2) e masculino (item 4.3.2), percebemos que o sexo feminino tem
uma amplitude de erros maior do que a do sexo masculino. Porém para o sexo masculino,
encontramos uma média no score de (22,50) na faixa etária de 11-13 anos que é pouco
inferior à média para a mesma faixa etária do sexo feminino (22,75). Para a comprovação
de que as médias dos acertos são iguais entre os sujeitos do sexo masculino e feminino fez-
se a análise para verificação da normalidade dos dados através do teste de Shapiro-Wilk,
encontrando um p-valor de 0,4149, que nos permite dizer que os dados seguem uma
distribuição normal para esta população ao nível de significância de 5%. Após, verificou-se
se há diferença no número de acertos entre os sujeitos do sexo masculino e feminino,
através do teste t-Student encontrando um p-valor de 0,2040 ao nível de significância de
5% e certificou-se que não existe esta diferença. Seguiu-se com o estudo para as médias dos
erros entre os sujeitos do sexo masculino e feminino, encontrando um p-valor de 0,4914
através do teste de Shapiro-Wilk ao nível de significância de 5% comprovando a
normalidade dos dados. Através do teste t-Student obteve-se um p-valor de 0,2502 ao nível
de significância de 5%, o que confirma que não há diferença.

Após a síntese dos resultados podemos inferir que as limitações metodológicas deste
estudo estão centradas em duas vertentes: -No tamanho da amostra sendo esta pequena para
uma amplitude (diferença) relativamente grande para a idade, refletindo-se também na

79
escolaridade; apesar desta amplitude não ter gerado desvio significante nas médias dos
escores obtidos quando analisados para ambos os sexos ou em separado com relação as
variáveis citadas. – Na dificuldade em encontrar trabalhos comparativos para esta faixa
etária.

No confrontamento dos resultados com os estudos citados por Hooper (1983),


Lezak (1995), Spreen Strauss (1998) de Kirk (1992) e Seidel (1994) na faixa etária de 5 a
11 anos. Com relação as variáveis sexo, educação e idade; podemos concordar no momento
que também para esta população estudada, os resultados do teste não apresentam
significante diferença, como também foi apontado por Montero (2003) para a população
brasileira (adultos normais, estudantes, na faixa etária de 18,1 a 24,11anos).

Spreen Strauss (1998), Lezak (1995) citam Boyd (1981) que faz inferência a
respeito do número de erros para a população adulta. Referem estes autores que pessoas
que cometem de 7 a 11 erros correspondem a um grupo incerto (inclui pacientes com
distúrbios emocionais ou psicóticos, com desordens cerebrais brandas e moderadas) de
probabilidade de baixa a moderada de ter prejuízo orgânico. Mais de 11 erros para estes
autores,seria indicativo de patologia cerebral orgânica, ressaltando que pessoas com
prejuízos cerebrais têm boa performance no VOT, motivo de grande controvérsia. Este
estudo, sendo de normatização aponta que para estas observações, os erros se concentram
na faixa de 5-10 erros. No entanto, deve-se considerar que houve incidência na faixa de 11
erros, porém, como a triagem procurou eliminar o grupo de pessoas com patologia
podemos indagar: Estaríamos frente a uma falha na triagem? Ou Estaríamos apontando para
uma falha na pontuação como foi apresentado (item 4.1.2) para a distribuição dos acertos,
erros e 0,5 pontos? Ou ainda frente a um problema de nomeação, impulsividade, falha de
atenção ou vocabulário regional? Como sugeridos por Mesulam (2000), Shueltheis et al.
(2000), Lopez e Lazar (2003).

A discussão sobre o número de erros e ponto de corte parece apontar para o


problema da pontuação que deve ser estudada em relação aos efeitos culturais, atentando
para a atribuição da pontuação de 1 e 0,5 pontos; amplamente discutida em 4.1.2 onde
foram feitas algumas sugestões.

80
Hooper (1983) aponta a média de acertos em 25 para os sexos feminino e masculino
e a média de corte em 22. Encontramos para os resultados da presente pesquisa, a média do
percentil de acertos em 20 para os sexos feminino e masculino e um desvio padrão de
(2,57) (Tabela 4). Os scores dos sujeitos atingiram uma média de (21,28), com desvio
padrão de (2,53). Podemos dizer que o ponto de corte está em torno de 18, o que vem
concordar com os achados de Montero (2003). Apesar de toda a discussão entre os estudos
dos diversos pesquisadores aqui citados, a maioria confirma que o VOT é uma boa medida
para a percepção de figuras fragmentadas através dos seus 30 itens.

V –CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões resultantes da presente pesquisa permitem alcançar os objetivos


propostos fundamentadas na bibliografia consultada, que serve de base ao seu
desenvolvimento, na coleta e na discussão dos resultados; sendo relevantes para a
ampliação do conhecimento existente sobre as respostas do VOT. Como decorrência, são
tecidas considerações, sobretudo metodológicas, e sugeridos novos estudos na área.

5.1. Conclusões

As conclusões apresentadas a seguir refletem o alcance dos objetivos da pesquisa:

Para um melhor controle de variáveis que possam interferir na obtenção dos


resultados, evidencia-se a importância do instrumento de triagem assim como manter as
instruções de aplicação do VOT conforme o manual.

O perfil do grupo estudado pode ser assim traçado: crianças e adolescentes (entre 7
e 18 anos de idade), do sexo feminino e masculino; estudantes (entre 1 e 11 anos de
estudo); moradores de uma mesma região.

Constata-se que não há relação significativa na obtenção dos scores, neste estudo,
para a variável idade e escolaridade para ambos os sexos. Ao analisarmos os resultados
para o número de acertos e erros para os sujeitos de ambos os sexos, encontramos que os
resultados para a população estudada afirmam que a performance no teste não depende do
gênero.

81
O teste é bastante sensível às diferenças nas influências culturais. Ao estudarmos a
incidência dos acertos, erros e principalmente a importância na atribuição da pontuação de
1 e 0,5 pontos nas questões que são sensíveis às variações no vasto significado de nosso
vocabulário; constatou-se a necessidade de rever a pontuação para as questões 16, 19, 25.

Observa-se ainda, que o instrumento de pesquisa utilizado, o Hooper Visual


Organization Test (VOT), mostrou-se adequado e prático em termos de sua aplicação para
esta população estudada, por ser rápido e de fácil aplicação.

5.2. Considerações Finais

O desenvolvimento desta investigação e, mais especificamente, suas conclusões,


permitem a elaboração de algumas considerações:

Questões levantadas e discutidas nesta pesquisa apontam a necessidade de se


estudar as possíveis interações entre as respostas e as respectivas pontuações de 1 e 0,5
pontos. Considera-se que a efetivação de estudos com o teste VOT, assim como nesta área
para normatização dos testes deva ser privilegiada, em razão da necessidade de se encontrar
subsídios para viabilizar a avaliação neuropsicológica, e também um atendimento mais
adequado à clientela, podendo favorecer o atendimento em instituições da rede de saúde
pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hooper, H. E. (1983) Hooper visual organization test (VOT). Los Angeles. CA: Western
Psychological Services; 1983.

Lezak, M. D. (1995) Neuropsychological assessment. New York: Oxford University


Press;1995.

Lopez, M. N.; Lazar, M. D.; Oh, S. (2003) Psychometric properties of the Hooper visual
organization test. Assessment Journal, 10(1): 66-70. Disponível em:

82
http://bases.bireme.br/cgi-bi/wxislid.exe/iah/bvsSP/

Mesulam, M. M. (2000) Principles of behavioral and cognitive neurology. New York:


Oxford University Press; 2000.

Montero, T. de J. J. (2003) Nomatização do Hooper visual organization test para avaliação


da função de discriminação visual: um estudo piloto. São Paulo; 2003. Monografia
apresentada ao Curso de Especialização em Neuropsicologia, CEPSIC – Divisão de
Psicologia do ICHC – FMUSP.

Schueltheis, M. T.; Caplan, B.; Ricker, J. H.; Woessner, R. (2000) Fractioning the Hooper:
a multiple-choice response format. Clin. Neuropsychol; 14(2): 196-201, 2000. Disponível
em: http://bases.bireme.br/cgi-bi/wxislid.exe/iah/bvsSP/

Spreen, O. Strauss, E. (1998) A compendium of neuropsycological tests: administration,


norms and commentary. New York: Oxford University Press; 1998.

83

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