Docência em Saúde: Hipertensão E Diabetes Mellitus em Cães E Gatos
Docência em Saúde: Hipertensão E Diabetes Mellitus em Cães E Gatos
Docência em Saúde: Hipertensão E Diabetes Mellitus em Cães E Gatos
DOCÊNCIA EM
HIPERTENSÃO E DIABETES MELLITUS EM
CÃES E GATOS
SAÚDE
Copyright © Portal Educação
165p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-505-4
CDD 636.08907
SUMÁRIO
3.4 Vênulas......................................................................................................................................21
5 ANÁTOMO-FISIOLOGIA PULMONAR.....................................................................................27
13.1.1 Definição....................................................................................................................................67
14 DIABETES MELLITUS..............................................................................................................83
14.5.3 Urinálise.....................................................................................................................................95
14.5.4 Radiologia..................................................................................................................................97
18.5 Exercícios................................................................................................................................136
21 ATUALIDADES ........................................................................................................................143
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................159
1 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR E ENDÓCRINO DE CÃES E GATOS
É necessário que conheçamos estas patologias para que práticas mais efetivas de
prevenção sejam instituídas, não se tendo acesso ao animal somente quando pouco se pode
fazer em relação a tais doenças, que na maioria das vezes são incuráveis e podem levar os
animais à morte.
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2 FLUXO SANGUÍNEO
O mesmo sangue que supre as células com oxigênio presente na hemoglobina das
hemácias, em seu retorno contém dióxido de carbono (CO2), o qual deve ser eliminado do corpo
através da respiração. Ele flui para o coração em duas direções: da cabeça, ele flui através da
veia cava anterior (VCA) para o átrio direito; da parte posterior do corpo, ele flui através da veia
cava posterior (VCP) e para o átrio direito. Quando uma quantidade adequada de sangue
preenche por completo o átrio direito, levando apenas milissegundos, o átrio se contrai,
impelindo o sangue através da válvula tricúspide (também chamada válvula átrio-ventricular),
seguindo para o ventrículo direito. A contração cardíaca é chamada de sístole. A válvula
tricúspide, similar a outras válvulas do coração, é uma válvula de mão única. Em um coração
saudável, o sangue não retorna do ventrículo para o átrio.
O sangue que está agora no ventrículo direito, rapidamente se mistura com uma
pequena quantidade residual de sangue que havia permanecido neste ventrículo desde a última
sístole. Quando este é preenchido com uma adequada quantidade sangüínea, novamente
levando apenas milissegundos, ele se contrai e o sangue nele contido flui através de outra
válvula chamada válvula pulmonar, atingindo a artéria pulmonar e conseqüentemente vai para os
pulmões. Nos pulmões, o sangue libera o CO2 e absorve um novo suprimento de oxigênio
durante os mecanismos de inspiração e expiração. O sangue vai do lugar menos oxigenado para
o mais oxigenado, ficando pronto para suprir as células corporais com oxigênio fresco
novamente. O esquema do fluxo sangüíneo pode ser visualizado na figura abaixo:
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O sangue oxigenado nos pulmões flui através da veia pulmonar e segue para o átrio
esquerdo. Quando há quantidade suficiente de sangue, o átrio esquerdo se contrai e o sangue
segue através da válvula mitral para o ventrículo esquerdo.
Tanto a parte direita do coração quanto a parte esquerda, executam seus movimentos
ao mesmo tempo. Assim, a coordenação deste fluxo é de extrema importância. Isto é
especialmente aparente quando o se considera que o cão ou gato apresenta uma freqüência
cardíaca entre 100 e 200 batimentos por minuto. Significa que para a média de um cão ou gato,
todo o mecanismo exemplificado dos diagramas acontece duas vezes a cada segundo. As
válvulas cardíacas precisam abrir e fechar muito rapidamente, os átrios e ventrículos devem se
expandir e contrair com muita velocidade, e o resto do corpo deve cooperar, primeiramente
levando uma adequada quantidade de sangue ao coração através das duas veias cavas. Além
disso, o sistema respiratório deve auxiliar, através da inspiração e expiração, e das trocas
gasosas (oxigênio e CO2).
13
3.1 Artérias
14
A camada interna celular da artéria forma para as células sangüíneas e para o fluido
que as circunda (plasma), um tubo liso, livre de atrito, com acesso a todas as células do corpo.
A parede celular da artéria (a camada média) auxilia o coração a bombear o sangue.
Quando o coração bate, a artéria se expande à medida que se preenche com sangue. Quando o
coração relaxa, a artéria se contrai, executando uma força que é suficiente para empurrar o
sangue ao longo do vaso. Este ritmo entre o coração e a artéria resulta na eficiência do sistema
circulatório.
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O músculo liso na parede das artérias também permite a sua constrição ou dilatação
seletiva. Isto é de extrema importância, pois o sangue não flui a todos os órgãos na mesma
proporção. Por exemplo, quando um animal se alimenta, as artérias que levam sangue para o
seu intestino se dilatam e mais sangue flui para o local para auxiliar na digestão. Outro exemplo
ocorre quando o animal se exercita, em que as artérias intestinais se constringem e as artérias
musculares se dilatam. Este processo se dá continua e refinadamente por toda a vida,
dependendo das necessidades fisiológicas das células individuais em momentos específicos da
vida.
A principal artéria que parte do coração é chamada aorta. Ela é calibrosa e sua parede
é grossa, devido à alta pressão de sangue que flui através dela. O ramo ascendente da aorta
supre a cabeça com sangue através de ramificações arteriais, chamadas de tronco
braquicefálico, as quais emitem ramos para as artérias carótidas. A aorta descendente penetra
na cavidade torácica e supre o restante dos órgãos do abdômen. Um ramo da aorta
descendente, chamada artéria coronária, supre o coração, que é um órgão formado por milhões
de células, as quais precisam de aporte de oxigênio e nutrientes para executarem suas funções
orgânicas.
Na figura abaixo podemos observar uma estrutura longa branca, que corresponde à
imagem de uma aorta canina na sua saída do coração à esquerda. O sangue flui da esquerda
para a direta na sua ida para a parte posterior do corpo. A aorta está fortemente envolvida em
uma estrutura firme, chamada tecido. Este tecido confere estabilidade à aorta, além de impedir
rupturas durante os movimentos. O enfraquecimento em qualquer parte da aorta pode produzir
uma protuberância chamada aneurisma. O rompimento de um aneurisma leva à morte quase
que instantânea.
16
3.2 Arteríolas
À medida que uma artéria se distancia do coração, vai diminuindo de diâmetro e, na
sequência, se torna uma arteríola. Uma arteríola é menor em diâmetro que uma artéria, sendo
encontrada mais próxima do órgão alvo. Por exemplo, um ramo da aorta descendente chamado
artéria renal, supre os rins. À medida que tal artéria penetra no parênquima renal, ela se divide
em inúmeros ramos chamados arteríolas. Da mesma forma que as artérias, as arteríolas são
formadas de músculo liso, permitindo a entrada do fluxo sangüíneo a uma célula alvo. 17
3.3 Capilares
Ao nível celular, as arteríolas ramificam-se em vasos ainda menores, chamados
capilares. Eles são assim chamados porque têm a espessura de um fio de cabelo. Estes vasos
não contêm músculo liso em sua parede, portanto não são capazes de se constringir ou dilatar,
como fazem as artérias e arteríolas. Eles são tão pequenos em diâmetro que apenas uma
hemácia de cada vez é capaz de passar por ele. De fato, as hemácias precisam literalmente se
deformar para conseguir passar pelos capilares, em muitos casos.
A parede dos capilares tem a espessura de uma célula por uma única razão: é ao nível 18
dos capilares que o oxigênio flui da hemoglobina contida no interior das hemácias para as
células teciduais. Ao mesmo tempo, a hemoglobina coleta CO2 que está deixando a célula,
como podemos observar no esquema abaixo. Esta hemácia cuja hemoglobina está agora
saturada com CO2 ao invés de oxigênio, a qual leva o nome de carboxi-hemoglobina,volta aos
pulmões para liberar tal molécula de CO2 e se ligar a uma nova carga de oxigênio para entregar
a alguma outra célula no corpo. Após cerca de 90 dias, a hemácia desgasta-se e é metabolizada
pelo sistema fagocítico-mononuclear presente no fígado, sendo a hemoglobina reutilizada na
produção de novas hemácias.
Os capilares possuem muitas outras funções além da troca gasosa entre oxigênio e
CO2. A parte líquida do sangue que circula nos capilares é chamada plasma. Este líquido flui na
corrente circulatória junto com as hemácias e outras células sangüíneas e contém nutrientes,
como lipídeos, proteínas, carboidratos e eletrólitos necessários para o bom funcionamento
celular. Também contém hormônios, fatores de coagulação e drogas que eventualmente possam
ser administradas ao animal. O plasma também flui através dos capilares, chegando às células.
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Jv: movimento de líquido. Sempre que Jv for positivo (+), ocorrerá filtração (passagem
de água do capilar para o tecido). Quando Jv for negativo (-), ocorrerá absorção (passagem de
água do tecido para o capilar).
Kf: coeficiente de filtração (depende da condutividade hidráulica e da área de superfície
do capilar).
c: pressão coloidosmótica capilar; exercida pelas proteínas plasmáticas (28 mmHg).
Equilíbrio de Starling: nos animais sadios, a quantidade de líquido filtrada é quase igual
à quantidade absorvida, sendo que a força efetiva para a filtração é de 0,3mmHg. Esta pequena
quantidade de líquido filtrado irá retornar à circulação através dos capilares linfáticos.
Considerando-se que Kf = 1, Pc média = 17,3 mmHg, Pi = - 3,0, c = 28,0 e i = 8,0, teremos:
Jv = 1 [(17,3 + 3) - (28 – 8)] = + 0,3 mmHg
3.4 Vênulas
iniciam sua volta ao coração, tornam-se vênulas. As vênulas são pequenas veias e apresentam
função similar às arteríolas. A diferença é que existem mais vênulas que arteríolas no corpo dos
animais. Seus numerosos ramos drenam os órgãos, coalescendo em veias no seu caminho de
volta ao coração.
3.5 Veias
À medida que as vênulas coalescem, elas formam veias e continuam seu rumo através
do sistema cardiovascular. As veias têm 3 camadas, da mesma forma que as artérias, porém tais
camadas são mais finas e não tão firmes. Elas não precisam ser tão fortes, pois o sangue que
flui por elas está sob pressão mais baixa. O sangue presente nas veias apresenta coloração
mais escura comparado ao sangue arterial, devido ao seu baixo conteúdo de oxigênio. Cerca de
2/3 do sangue do organismo está presente nas veias em um dado momento. A ilustração abaixo
mostra todo o sistema vascular, desde a chegada arterial até a saída venosa.
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As veias na porção posterior do organismo dos cães e gatos drenam para a veia cava
posterior e seguem para o átrio direito do coração. As veias que drenam a cabeça e a parte
anterior do corpo dos animais drenam para a cava anterior e seguem para o átrio direito. A
pressão nas veias é muito mais baixa do que nas artérias e arteríolas. Isto pode causar
problemas nas extremidades. Por exemplo, quando da permanência em estação por longos
períodos, o sangue nas veias dos membros precisa extrapolar a gravidade para retornar ao
coração. Como não há pressão suficiente nas veias para tal retorno, elas utilizam de um
mecanismo: válvulas de uma via auxiliam no retorno venoso ao coração. Além, disso, o tecido
muscular esquelético ao redor das veias contrai-se continuamente em pequenas porções, assim
empurrando o sangue na direção certa.
A anemia não é uma doença propriamente dita, mas sim um sinal de que alguma
alteração está acontecendo no organismo. Várias doenças podem causar anemia, não apenas
desnutrição, como pode se pensar. Deve-se pesquisar e tratar a verdadeira causa da anemia. A
figura abaixo ilustra um felino anêmico.
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5 ANÁTOMO-FISIOLOGIA PULMONAR
Os batimentos cardíacos são gerados porque cada célula cardíaca tem a sua própria
fonte de eletricidade. Isto ocorre com a geração de um potencial elétrico celular, a partir da
excreção e/ou retenção de íons potássio, sódio e cálcio. Quando o sódio e o cálcio são
bombeados para fora da célula cardíaca, o potássio é bombeado para dentro. Isto cria um
desequilíbrio entre cargas, com muito mais íons sódio e potássio fora da célula cardíaca do que
dentro, o que gera uma carga celular positiva, caracterizando uma polarização celular.
Na correção deste desequilíbrio ocorre o oposto, o potássio sendo impelido para fora
da célula, enquanto que o cálcio e o sódio voltam para o meio intracelular, causando uma
despolarização. Isto permanece até que as cargas positivas do meio extracelular atinjam
novamente um limiar e novamente sejam bombeadas na ordem reversa. Cada vez que este fluxo
reverso de cargas ocorre, gera-se um pico de eletricidade que se propaga por todo o músculo 30
cardíaco. É este pico elétrico que leva à contração das células e o coração a bater.
Mesmo que o batimento surja sem estímulos externos, a atividade elétrica em cada
célula precisa ser coordenada para as quatro câmaras cardíacas conseguirem bombear
quantidade adequada de sangue na direção correta. No início do átrio direito há uma estrutura
anatômica chamada nodo sino-atrial (NSA). Nesta área origina-se o batimento coordenado do
coração. Quando o NSA gera e envia impulsos elétricos que são disseminados através das
fibras de purkinje por ambos os átrios, causa sua contração no tempo certo. Um dos sinais do
NSA também estimula o nodo átrio-ventricular (NAV), localizado no final do átrio direito. A
estimulação deste NAV também estimula fibras nervosas existentes por toda extensão dos
ventrículos, causando sua contração ritmada. Há outros fatores envolvidos, especialmente
hormônios e outras porções do sistema nervoso autônomo. O diagrama abaixo denota a direção
da propagação elétrica cardíaca.
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A manutenção da pressão com que o sangue circula nas artérias é de vital importância
para a boa oxigenação dos órgãos e tecidos. Assim, a sua avaliação clínica é imprescindível
para que se tenha idéia do bom funcionamento orgânico. Há dois fatores principais que
determinam a pressão sangüínea: débito cardíaco e resistência vascular. 32
Consiste em quão constringida ou dilatada a artéria está quando o sangue passa por
ela. Uma artéria dilatada tem maior diâmetro; assim, menos pressão precisa ser gerada pelo
coração para fazer com que o sangue flua através deste vaso dilatado. As artérias
constantemente se constringem e dilatam, dependendo das necessidades gerais do organismo e
do órgão específico para o qual elas estão suprindo de sangue.
8.1 Hipotálamo
O pâncreas é uma das glândulas mais importantes dos sistemas endócrino e digestivo.
Está localizado próximo ao estômago e intestino grosso, como a figura abaixo ilustra. O
pâncreas realiza duas principais funções no organismo: uma é produzir insulina, alterando a
regulação do metabolismo de carboidratos; a outra é secretar enzimas digestivas que quebram
proteínas, lipídios e carboidratos ingeridos na dieta, possibilitando sua absorção.
38
Uma vez no líquido extracelular, a insulina atinge as células alvo através da ligação
com seu receptor. A internalização do complexo induz um sistema de transdução, que leva à
mobilização e ativação dos transportadores da glicose (GLUT), ativação de enzimas que
participam da síntese de glicogênio, lipídeos e proteínas envolvidos no controle da expressão
gênica, o que resulta na entrada de glicose na célula e fosforilação oxidativa, glicogênese,
lipogênese e proteogênese.
mellitus.
Os valores fisiológicos para cães vão de 80 a 120 batimentos por minuto (bpm),
dependendo do grau de excitação do animal. Em filhotes pode chegar a 220 bpm e, em gatos,
120-240 bpm. Também se verifica a intensidade do pulso. O ideal é que não seja fraco nem tão
forte em animais saudáveis. Se o último acontecer, já é um indício de hipertensão.
Se a coleta de amostras de sangue for necessária, quando estas são obtidas com
facilidade ou o sangue pulsa na seringa durante a coleta, é mais um indício indireto da alteração.
Outras alterações que podem ser encontradas na hipertensão são: pupilas dilatadas, glândula
tireóide aumentada de tamanho, rins com consistência anormal, sangramentos urinário
(hematúria) e nasal (epistaxe), como se observa na figura abaixo:
Ainda que o exame físico seja importante, o monitor de pressão arterial pode dar
44
maiores informações a respeito da sua mensuração. Artérias de felinos têm calibre fino, e o
método usado pra mensurar a pressão arterial em humanos não é de grande valia. A tomada da
pressão em animais é mais difícil que em humanos pela existência de pêlos. Gatos são animais
altamente suscetíveis ao estresse, o que pode levar a leituras errôneas.
Métodos invasivos
45
A mensuração invasiva da pressão sangüínea envolve punção arterial (para medidas
aguçadas) ou canulação arterial com uso de um monitor de pressão sangüínea, que informa o
traçado da pressão. Estas técnicas proporcionam uma visão direta da verdadeira pressão intra-
arterial, mas geralmente são incômodas para o uso clínico, pela dificuldade de realização. Com
raras exceções, a monitoração direta da pressão sangüínea é usada para avaliações
anestésicas, monitorações em situações de emergência ou em pesquisas, e por isso não será
discutida neste curso.
Mensuração oscilométrica
48
Os valores normais gerados por métodos não invasivos em cães e gatos conscientes
podem ser observados na tabela abaixo. Deve-se lembrar que as variações individuais de raça,
tamanho e idade podem gerar alterações fisiológicas na pressão arterial. Animais obesos e
idosos tendem a ter pressão mais alta. Alguns autores sugerem que pressões sangüíneas mais
altas que dois desvios-padrão dos valores médios normais podem ser considerados diagnósticos
para hipertensão, porém deve-se ter em mente que aumentos relativamente pequenos na
pressão sangüínea renal podem provocar efeitos deletérios ao organismo que culminam com a
falha do órgão, como, por exemplo, uma doença glomerular progressiva.
60-100
130-180
49
10.1.6 Protocolo para mensuração da pressão arterial (método Doppler)
A figura mostra o equipamento. O transdutor está na mão da técnica, a capa azul está
presa frouxamente ao redor do tornozelo e o medidor de pressão está acima.
50
Infla-se o manguito até que o ponteiro marque acima de 200, quando o som arterial
não possa ser ouvido. A pressão é lentamente liberada até que o som da pulsação arterial possa
ser ouvido novamente, o que se refere à pressão sistólica. A mensuração da pressão diastólica
não é eficiente por este método.
A pressão arterial pode estar alterada em pequenos animais por vários motivos.
Dependendo da doença primária que cause tal mudança, vários testes laboratoriais podem ser
solicitados:
51
Creatinina: A creatinina é formada no metabolismo da creatina e fosfocreatina
muscular. O seu nível sangüíneo não é afetado pela dieta, idade e sexo do animal. A creatinina é
totalmente excretada pelos glomérulos renais, não havendo a reabsorção tubular. Serve,
portanto como um índice de filtração glomerular, e uma vez que a pressão sangüínea afeta
diretamente a pressão glomerular, seus níveis podem se alterar com as variações na pressão
arterial. Os valores normais para o cão são 0,5 – 1,8 mg/dL para o cão e gato. A nomenclatura
clínica para tais elevações neste caso se dá por “azotemia pré-renal”.
Para a avaliação do estado geral do paciente, duas técnicas bastante utilizadas por
serem de fácil execução e rápidas, são o escore de condição corporal (ECC) e o índice de
massa corporal (IMC).
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A técnica também pode ser usada em felinos, da mesma forma, sendo relacionada à
tabela específica, porém de forma mais simplificada:
Recentemente foi descoberta uma versão felina do IMC - um modo simples, objetivo e
confiável de medir o conteúdo de gordura corporal nos gatos. É necessário apenas, com o
auxílio de uma fita métrica, obter a medida da pata (MIP distância entre a patela e o tendão de
Aquiles) e a circunferência torácica ao nível da 9ª costela, conforme observado nas figuras 55
abaixo.
Como uma opção alternativa de avaliação, as medidas obtidas podem ser aplicadas à
equação descrita abaixo, sendo o significado do resultado < 10 (magreza); 10-30 (peso ideal) e
>30 (obesidade).
A aplicação do IMC felino nos estudos clínicos ajudará a definir a relação entre o
conteúdo de gordura corporal e o risco de enfermidades. Isso, por sua vez, permitirá aos
veterinários identificar melhor os gatos com risco de sofrer doenças relacionadas à obesidade.
11.3 Índice de Massa Corporal (IMC) Canino
A primeira coisa que se deve ter em mente quando da coleta de material visando à
solicitação de exames para a avaliação da função pancreática endócrina, é quanto ao jejum, que
deve ser de 12h, já que se trata de um órgão relacionado ao metabolismo da glicose.
Além disso, as seguintes observações devem ser seguidas, a fim de que resultados
condizentes com a realidade sejam obtidos:
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Este teste mede a habilidade do pâncreas em utilizar a glicose, que é a principal fonte
de energia orgânica, podendo ser usado para diagnosticar diabetes. Consiste na administração
de um bolus de 4 g/kg de glicose, dado em solução aquosa a 50%. O sangue venoso é coletado
antes da administração e durante intervalos seriados, até 180 minutos após a administração de
glicose, dosando-se glicose e insulina. Os resultados obtidos geram curvas glicêmicas, e a área
sob estas é calculada. Avaliando-se os valores de glicose obtidos separadamente, teremos como
normais os valores:
Basal: 70-110 mg/dL;
60 minutos: ≤ 200 mg/dL;
120 minutos: ≤ 140 mg/dL;
180 minutos: retorno aos valores basais.
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11.6 Teste intravenoso de tolerância à glicose
Tem a mesma função do oral, porém demora menos, pois é descartado o tempo
necessário para a absorção da glicose (neste caso, é administrada diretamente no vaso
sangüíneo). Ele não possui o mesmo valor diagnóstico que o teste oral no diagnóstico do
diabetes mellitus, portanto é mais usado em pesquisas.
Consiste na injeção venosa de 0,5 g/kg de glicose 50%, que deve ser efetuada dentro
de 30 segundos. O sangue venoso é coletado de uma veia diferente da qual foi injetada a glicose
antes da administração e em intervalos seriados até 120 minutos desde a injeção, para a
mensuração dos níveis de glicose e insulina, os quais são, similarmente ao teste oral, aplicados
em gráficos, gerando curvas cuja área sob elas são calculadas.
13.1 Hipertensão
66
A pressão arterial também é afetada pela pressão média gerada pela força e
freqüência de cada ciclo cardíaco. Esta é uma função conjunta entre a força de contração do
músculo cardíaco e subseqüente volume ejetado para a circulação geral e a freqüência cardíaca.
Juntos, estes parâmetros medem a funcionalidade cardíaca, conhecida como débito cardíaco.
13.2 Etiologia
13.3 Patogênese
69
13.3.1 Consequências patológicas gerais da hipertensão
70
13.3.2 Consequências patológicas específicas da hipertensão
Coração
Circulação
Fig. 2: Cão com ascite. Fonte: Angela Patricia Medeiros Veiga, 2008
- Edema intra-ocular;
- Descolamento de retina;
- Hemorragia cerebral;
- Redução no fluxo sangüíneo para partes do cérebro;
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Sistema urinário
- Dano e perda de néfrons, que são as unidades funcionais dos rins (observar na
figura 6, correspondente à porção amarela): perda de funcionalidade, menos habilidade para
excreção de metabólitos tóxicos;
76
- Ativação de rotas bioquímicas que resultam em retenção de sódio e água, o que leva
a um aumento no volume circulante, com sobrecarga cardíaca e circulatória;
- Sistema ocular: uma apresentação freqüente, ainda que não exclusiva, é a cegueira
de origem desconhecida. As pupilas permanecem dilatadas e não responsivas à luz forte ou
outro estímulo visual, o animal tromba contra objetos ou exibe relutância em perambular
normalmente dentro ou fora de casa, o exame oftalmoscópico mostra anormalidades intra-
oculares, tais como alteração na morfologia vascular, edema e inflamação, descolamento de
retina e/ou hemorragia. O aumento da pressão intra-ocular medido através do tonômetro, se
presente, indica glaucoma.
79
Deve-se estar atento para outros sinais clínicos sistêmicos que podem surgir,
dependendo da alteração causada pela hipertensão.
- Pâncreas: sinais clínicos de diabetes mellitus primário, os quais serão discutidos mais
adiante neste texto.
14.1 Conceito
83
84
14.2 Etiologia
O diabetes mellitus é uma doença multifatorial. Ainda assim, sua etiologia pode ser
dividida em causas que levam a falhas na produção de insulina - primárias; falha no transporte
de insulina ou resistência tecidual à insulina – secundárias. Tais causas podem estar
relacionadas a associações familiares ou não. Cães e gatos apresentam diferenças na incidência
das diferentes causas de diabetes mellitus. No gato, as causas mais freqüentes são a amiloidose
e a obesidade, e no caso dos cães, a etiologia genética é encontrada na maioria dos casos,
como se observa no quadro 1.
Cães Gatos
Genética Amiloidose
Pancreatite Infecção
Infecção Drogas
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Doença concomitante Pancreatite
Drogas Genética
14.3 Patogênese
A hiperglicemia de jejum observada (entre 300 e 1000 mg/dl) faz com que seja
ultrapassado o limiar de reabsorção renal (em torno de 220 mg/dl), caracterizando a glicosúria. A
perda de glicose na urina traz consigo um efeito de diurese osmótica, acarretando a polidipsia
compensatória. Além disso, a perda calórica na urina leva ao emagrecimento. A polifagia é um
efeito hipotalâmico da falta de glicose no centro da saciedade.
- Catarata devido a acúmulo de frutose e sorbitol no humor aquoso (figura 12), sendo
mais comum em cães e rara em felinos;
88
- Poliúria por diurese osmótica causada pela glicosúria, com polidipsia compensatória,
como mostra a figura 14, relativa a um poodle diabético;
90
- Em alguns casos pode haver icterícia (amarelamento das mucosas) devido à lipidose
hepática (figura 16).
91
Fig. 16: Icterícia (setas). Fonte: Angela Patricia Medeiros Veiga, 2008
Com base nos sinais clínicos e achados laboratoriais, existem três categorias de
complicações da diabetes mellitus: diabetes não complicado (não cetósico), diabetes
cetoacidótico (cetósico) e síndrome hiperosmolar não cetósica. Aproximadamente 25% a 50%
dos cães e gatos diabéticos levados ao veterinário apresentam-se em estado não cetótico. No
animal diabético não cetósico não há achados físicos clássicos. Os animais podem ser obesos
ou não e, se permanecerem não tratados, poderão ser magros, caso haja insuficiência
pancreática exócrina concomitante. Os animais geralmente não têm febre e estão alerta. Vale
ressaltar que os sinais clínicos de poliúria, polidipsia e emagrecimento não se desenvolvem até
que ocorra glicosúria e a resultante diurese osmótica.
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A avaliação laboratorial mínima em qualquer diabético deve incluir uma urinálise com
cultura bacteriana, lípase sérica, glicemia em jejum, hemograma completo, provas de função
renal (uréia e creatinina), proteína sérica total, albumina sérica, alanina amino-transferase sérica
(ALT) e fosfatase alcalina sérica. Os animais que apresentam vômitos, diarréia, anorexia e
desidratação devem ser avaliados quanto à pancreatite, bem como em relação ao balanço
eletrolítico e ácido-básico.
14.5.1 Hemograma
93
Fig. 17: Esfregaço sangüíneo mostrando neutrófilo tóxico (seta preta), neutrófilo não segmentado
(seta vermelha) e mielócitos (setas azuis). Fonte: MEYER & HARVEY, 1998
94
O pâncreas endócrino sempre está envolvido no diabetes mellitus. Se não for afetado
primariamente, quando as células β são destruídas, o pâncreas é afetado secundariamente
pelos altos níveis de glicose sangüínea, apresentando hiperplasia das células β, com exaustão
nos estágios posteriores. Pode haver ainda uma pancreatite concomitante à obstrução dos
ductos biliares. Por outro lado, a presença de hiperlipasemia e hiperamilasemia pode ou não se
correlacionar com um quadro de pancreatite, porque também estão presentes em situações
como a inflamação crônica e insuficiência pancreática.
Uma diminuição nas concentrações de sódio, potássio e cloretos também pode ser
observada, em decorrência da perda urinária e gástrica. Devido à acidose, uma hipercalemia
(aumento sérico de potássio) pode se desenvolver, devido à troca intracelular de íons H+ por K.
14.5.3 Urinálise
Anormalidades como glicosúria, cetonúria, proteinúria, bacteriúria com ou sem piúria e
hematúria estão associadas ao diabetes mellitus. A poliúria característica do diabetes provoca
constante descamação no trato urinário inferior, tornando os animais suscetíveis a infecções
secundárias, além de a glicose cronicamente presente no trato urinário servir de meio de cultura
para o crescimento bacteriano.
Fig. 19: Urina sendo analisada quimicamente (seta branca) e bacterúria (seta
vermelha). Fonte: GRAFF, 1987
97
14.5.4 Radiologia
Uma leve hiperglicemia, abaixo do limiar renal, pode ser induzida pela tensão, ou estar
associada à excessiva secreção endógena ou administração exógena dos hormônios
diabetogênicos, mais comumente os glicocorticóides e os progestágenos. Uma vez que o valor
da glicemia normal em jejum, dos cães, é de 70 a 110 mg/dl, valores superiores a 200 mg/dl 99
podem ser considerados como diagnóstico positivo, caso não haja fatores complicadores, como
hiperglicemia devido ao estresse, drogas e hiperglicemia pós-prandial. Medidas da concentração
basal de insulina são utilizadas para identificar os casos menos comuns de diabetes mellitus não
dependente de insulina ou a intolerância ao carboidrato induzida por antagonismo à insulina.
No diabetes tipo 1 (D.M I), a glicose praticamente não é metabolizada (figura 21) e a
curva decai muito vagarosamente, sendo que no final da curva os níveis glicêmicos ainda estão
elevados, mas quando a insulina é administrada, a curva toma a forma da curva de animais
sadios (figura 22), mostrando que o metabolismo da glicose é dependente de insulina.
100
No D.M III (figura 21), devido à menor liberação de insulina do que em animais sadios,
a curva decai intermediariamente. 101
15.1 Definição
102
A obesidade é definida como um acúmulo de gordura em excesso ao que seria
necessário para a otimização das funções corporais, sendo prejudicial para a saúde e o bem-
estar do ser vivo. Considera-se que, para animais de estimação, um aumento maior do que 20%
além do peso ideal corresponda à obesidade.
15.2 Etiologia
Entre os fatores causais relacionados à dieta podemos citar, além do desbalanço entre
ingestão e gasto calórico, o número de refeições diárias e o preço da dieta (rações mais baratas
estão relacionadas à maior predisposição à obesidade). Um achado interessante foi o de que o
tipo de dieta (caseira X comercial) não interfere na predisposição à obesidade.
Existem raças caninas mais predispostas à obesidade, como, por exemplo, Labrador
Retriever. Em gatos, a alteração ocorre com maior freqüência em animais mestiços do que
puros. A explicação para esta afirmação reside no fato de determinadas raças apresentarem
uma taxa metabólica mais alta do que outras. Por exemplo, o Labrador Retriever é uma raça de
natação, que se originou para auxiliar na pesca em águas geladas. Assim, na sua origem, a raça
necessitava de um baixo índice metabólico para que as calorias fossem mantidas. Se o animal
for mantido em um ambiente pequeno, sem se exercitar, a quantidade de alimento fornecida
deve ser menor, e mesmo assim provavelmente ganhe peso.
Fig. 23. Animais obesos. Fonte: Angela Patricia Medeiros Veiga, 2008
15.3 Patogênese
Pesquisas mostram que 25% dos gatos e 40% dos cães apresentam sobrepeso (10-
20% do peso ideal), percentual que pode chegar a 75% com o avanço da idade. Outros estudos
detectaram uma taxa de obesidade em gatos de 23,1% e em cães de 25,2%. Estudos recentes
demonstraram uma taxa de 50% de obesidade em cães no Reino Unido. Esta freqüência
demonstra a dificuldade de reconhecimento da condição e, em especial, sobre as formas de
avaliá-la.
Hiperlipidemia/dislipidemia
Resistência à insulina
Intolerância à glicose
Endocrinopatias
Hiperadrenocorticismo
Hopotireoidismo
Diabetes mellitus
Insulinoma
Hipopituitarismo
Lesões hipotalâmicas
Desordens ortopédicas
Osteoartrite
Fraturas umero-condilares
Doenças cardio-respiratórias
Colapso traqueal
Síndrome da obstrução aérea braquicefálica
Paralisia de laringe
Sistema urogenital
Distocia
Neoplasias
Mamárias
Alterações funcionais
Desordens articulares
Hipertensão
Distocia
Intolerância ao exercício
Dálmata 27; 25
Labrador 27; 25
Yorkshire Terrier 3; 3
300
250
200
Control
150
Obese
100
50
0
TG(umol/L) Cholest. (g/dL) Fructosamin (umol/L)
Fig. 26: Níveis séricos de triglicerídeos, colesterol e fructosamina em cães obesos e controles.
Fonte: Angela Patricia Medeiros Veiga, 2008
16 SÍNDROME METABÓLICA
- Diuréticos
Estas drogas especificamente redirecionam o fluxo líquido do corpo, geralmente
117
através do aumento da eliminação renal de líquidos.
118
Inibidores da ECA são bastante úteis como terapia da hipertensão relacionada à perda
urinária de proteínas em cães, diminuindo tanto a pressão sangüínea quanto a perda protéica
urinária. Os efeitos anti-hipertensivos destas drogas em cães com hipertensão secundária a
outras patologias parecem ser variáveis, mas os inibidores da ECA são geralmente bem
tolerados, podendo ser usados como primeira tentativa terapêutica em hipertensos não-
emergenciais. Se a resposta da mencionada droga usada isoladamente for inadequada, outras
drogas podem ser adicionadas ou substituídas.
A amlodipina é comumente utilizada no controle da hipertensão, porém doses mais
altas do que o recomendado para a espécie felina podem ser necessárias para a obtenção de
efeitos clínicos. Uma vez que efeitos adversos podem se manifestar em altas doses da droga,
recomenda-se cuidado ao aumentar a dose para o controle da pressão em cães. Quando as
doses recomendadas de amlodipina não forem suficientes para o controle da pressão
sangüínea, indica-se a adição de um inibidor da ECA ou beta-bloqueador.
O quadro 1 relaciona os medicamentos mais utilizados para o tratamento da
hipertensão nas espécies canina (C) e felina (F), com suas respectivas dosagens.
1-4 h
Semilente® IM 10-30 min 3-8 h
1-5 h
SC 10-30 min 4-10 h
NPH (isophane) SC ½-3 h 2-10 h 6-24 h
2-8 h 4-12 h
121
2-10 h 6-18 h
3-12 h 6-24 h
4-16 h 8-24 h
123
Fig. 2: Seringa de insulina U-100. Fonte: Angela Patricia Medeiros Veiga, 2008.
Todas as formas de insulina devem ser protegidas do frio ou calor extremos (manter
sob refrigeração), e o conteúdo do frasco deve ser misturado completamente, porém sem
agitação, antes de se administrar cada dose. Antes da aplicação deve-se aquecer o frasco,
tentando-se não agitá-lo bruscamente (figura 3).
A insulina deve ser administrada em um local calmo. Deve-se inverter o frasco e retirar
com a seringa um pouco mais do que a dose necessária, devolvendo-se o restante na tentativa
de retirar todas as bolhas da seringa (figura 4).
124
A injeção deve ser aplicada na prega cutânea do pescoço do animal. Assim que a
aplicação for feita, o frasco de insulina deve retornar à refrigeração, onde é armazenado. A
administração inapropriada da insulina é uma das causas mais comuns de regulação ineficaz do
diabetes.
Após a administração subcutânea da insulina NPH, o início da ação nos cães ocorre
aproximadamente após 1 a 3 horas; o pico sangüíneo acontece em 4 a 8 horas; e a duração total
do efeito é de 12 a 24 horas. A insulina PZI é considerada menos potente, mas de ação maior.
Quando o efeito da insulina alcança seu pico máximo, a glicemia se reduz. Para evitar a indução
de possíveis reações hipoglicêmicas, a alimentação deve ser administrada em correspondência
ao período anterior de máxima atividade insulínica, em cães.
Devido à semelhança na seqüência de aminoácidos, a insulina suína é menos
imunogênica no cão que a insulina bovina e a mista (suína e bovina). Os fatores que podem
afetar a absorção da insulina e seu tempo de ação são: o local da aplicação, o grau de atividade
física, a dosagem e a espécie de origem da insulina. O fator mais importante de todos é a
variação individual, além da obesidade.
O tratamento de rotina para o diabetes mellitus canino descrito a seguir, foi proposto
por Nelson (1985). Inicialmente o paciente deve ser hospitalizado até a estabilização da glicemia.
A insulina comumente utilizada é a NPH, em dose matinal única. Cães pequenos (pesando
menos de 15 kg) recebem cerca de 1 U/kg e os cães maiores (pesando mais de 25kg) 0,5 U/kg
de insulina. Entretanto, a dose de insulina é melhor determinada pela superfície corporal, em m2.
Geralmente, quanto maior o animal, menor a dose necessária por Kg de peso corporal. É
preferível iniciar-se com doses relativamente pequenas, uma vez que é mais fácil o controle de
uma hiperglicemia do que o de uma crise hipoglicêmica.
AFig.
duração doglicêmico
6: Nível efeito daideal
insulina deve ser
em animal de 20 aFonte:
diabético. 24 horas. O animal
KANEKO, diabético bem
1997.
controlado deve excretar urina sem glicose na maior parte do período de 24 horas, o que é
imperativo na eliminação de poliúria e polidipsia. A determinação do tempo de pico do efeito da
insulina ajuda a estabelecer o esquema de alimentação. A alimentação com metade da ingestão
calórica diária na hora da injeção de insulina e o restante aproximadamente duas horas antes do
pico do efeito da insulina parece ser um protocolo razoável.
Quando a curva inicial de glicemia é feita no hospital, o cão deve receber a mesma
quantidade e tipo de alimentação que recebe em casa. Uma curva gerada sem alimentação do
animal pode identificar o momento do pico de ação da insulina, porém não permitirá uma
avaliação adequada da posologia ou duração de ação. Se a menor glicemia ocorre antes do
fornecimento da ração noturna, o intervalo de tempo entre a injeção de insulina e a ração
noturna é encurtado. Se os efeitos da insulina estão desaparecendo por ocasião da ração
noturna, ocorrerá um dramático aumento na glicemia após alimentação. Isso constitui um
indicativo de um rápido metabolismo da insulina devendo-se considerar uma passagem para a
insulina PZI ou a administração da insulina NPH duas vezes ao dia. O objetivo da internação
hospitalar é a determinação do esquema geral de tratamento insulínico, incluindo o controle
preciso de glicemia e determinação exata da dose de insulina, necessidades calóricas e
exercícios diários.
As necessidades de insulina irão mudar um pouco quando o animal retornar para casa
devido às diferenças na ingestão calórica e exercícios.
Animais relativamente sadios com cetoacidose podem ser tratados apenas com
insulina regular. Pode levar alguns dias até que a glicemia e a cetonúria comecem a decair, mas
um tratamento agressivo pode não ser necessário enquanto a sua condição estiver estável. Por
outro lado, cães e gatos enfermos necessitam de atendimento médico imediato. Tal condição é
caracterizada pela presença de depressão, anorexia, desidratação e alterações de temperatura
(febre ou hipotermia). A administração de insulina regular é imprescindível, devido à sua
habilidade de reduzir rapidamente os níveis glicêmicos. Até que concentrações adequadas de
glicose sérica sejam alcançadas, a insulina deve ser ministrada intravenosamente ou a cada
hora, pela via IM.
Estes animais devem ser submetidos à fluidoterapia e reposição de eletrólitos para que
a desidratação, a acidose e o desequilíbrio eletrolítico sejam corrigidos. A melhor escolha de
fluidos consiste em uma solução balanceada em eletrólitos com lactato, na dose de 100
ml/kg/dia. Na presença de hiperglicemia acentuada, a utilização de NaCl 0,45% pode ajudar a
reduzir a osmolaridade. A administração de bicarbonato na maioria das vezes não é necessária,
pois a acidose melhora com a implementação da fluidoterapia e insulinoterapia.
A suplementação de potássio também pode ser necessária, já que este elemento pode
atingir níveis perigosamente baixos com o tratamento para combater a cetoacidose, apesar de a
acidose estimular a sua liberação para o líquido extracelular . Além disso, se houver diurese
induzida pela fluidoterapia, maior perda urinária deste elemento pode contribuir para a
hipocalemia. É comum os animais estarem hipercalêmicos no início do tratamento e
hipocalêmicos em 12 - 24h. Por isso, sugere-se a administração venosa de 40-80 mmol/L/
animal de cloreto de K associado ao gluconato de K (2-3 mmol/animal, 2-3 vezes ao dia). A
acidose pode levar também à perda de fósforo e anemia, devendo ser corrigida a hipofosfatemia.
Recomenda-se a administração de fósforo na dose de 0.14-1.26ml/kg pela via SC.
129
A correção excessivamente rápida da glicemia e das alterações eletrolíticas, na maioria
das vezes, leva a edema cerebral e sinais neurológicos. O objetivo da queda glicêmica deve ser
de 3-4mmol/L/h, sendo o limite máximo 6 mmol/L/h. A concentração de eletrólitos deve ser
monitorada muito cuidadosamente durante o tratamento da cetoacidose, com ajustes freqüentes
no tipo de fluido, bem como a quantidade de potássio suplementada. O objetivo é que se
estabilize o animal dentro de 1 a 2 dias.
Os proprietários também devem ser instruídos para manter um registro diário que
inclua os resultados de glicosúria e cetonúria matinais, dose de insulina, horário das refeições
(pela manhã e à tarde), e local da injeção (que deverá variar). O tratamento do diabetes mellitus
exige proprietários capazes e dispostos que aceitem a responsabilidade de tratar corretamente
seus animais. Há glucômetros manuais que podem ser utilizados em casa, auxiliando na
monitoração. Alguns deles apresentam a lanceta inserível no próprio aparelho, devendo ser
utilizados na face externa da orelha.
131
Para o controle da glicosúria e da cetonúria, existem fitas reativas que podem ser
usadas no ambiente domiciliar. Basta que uma gota de urina seja colocada na fita e a coloração,
após 15 a 30 segundos de contato entre a urina e a fita, é comparada com o rótulo (figura 9). O
ideal é que o resultado seja sempre negativo.
132
O animal deverá ter um bom apetite, mas não voraz. O ideal é que a urina seja
negativa para glicose antes de alimentar o animal. Pelo menos uma vez por semana, solicita-se
do proprietário que verifique a glicosúria o maior número de vezes possível ao dia. Todos os
resultados são anotados num diário. O cão que apresentar várias glicosúrias negativas encontra-
se em bom estado. Uma glicosúria persistente sugere um problema que requer avaliação de
glicemias no hospital, bem como para cetonúria persistente.
Felinos têm como fonte principal de energia proteínas, não apresentando hiperglicemia
pós-prandial. Assim, pode ser oferecida uma ração rica em proteína ad libitum ou, no caso de
animais obesos, múltiplas refeições com restrição calórica. O fornecimento de metade da
ingestão diária total de calorias por ocasião da injeção de insulina e o restante aproximadamente
6 a 10 horas depois, também constitui um protocolo aceitável para caninos. Pela ausência da
hiperglicemia pós-prandial em felinos, não há necessidade de se combinar o horário das
refeições com a administração de insulina, nesta espécie.
Componente Conteúdo
Tabela 2: Formulação de ração recomendada para cães diabéticos. Fonte: FARIA, 2007.
A perda brusca de peso em felinos obesos pode levar rapidamente à lipidose hepática.
A dieta de felinos anoréxicos, apresentação comum na cetoacidose, não deve ser restringida. A
restrição deve se iniciar apenas em animais com apetite normal. Se o animal estiver abaixo do
peso, indica-se o uso de rações para crescimento. Ainda assim, recomenda-se a introdução da
nova dieta de forma gradual, misturando-se à antiga e aumentando a percentagem da nova
durante 2 semanas.
18.5 Exercícios
O exercício pode ser uma arma útil no manejo da hiperglicemia pós-prandial. A rotina
do exercício deve ser constante todos os dias e deve ser evitado próximo ao momento do pico
de ação da insulina e pouco antes das alimentações. Um programa de exercício físico regular de
intensidade moderada auxilia no controle glicêmico do indivíduo com diabetes tipo 2, tratado ou
não com insulina, sendo que seu efeito já é observado em uma única sessão de exercício. Um
programa de exercício físico bem orientado e regular melhora os níveis de lipídios plasmáticos,
principalmente diminuindo significativamente os triglicerídeos e aumentando o colesterol HDL,
mas sem alteração significativa no colesterol total e no LDL.
Estudos têm demonstrado que o exercício físico regular melhora as condições do
diabetes, facilitando a captação periférica da glicose e o metabolismo de glicogênio. Alguns
autores mostram que a atividade física promove aumento na assimilação de glicose e na
sensibilidade à insulina pelas células. Mas isso ocorre somente durante e imediatamente após a
realização aguda do exercício. Por outro lado, pouco se conhece sobre os efeitos do exercício
intenso em diabéticos, principalmente com relação ao sistema imune desses organismos.
A prescrição de exercícios para diabéticos tipo 2 deve ter a freqüência de cinco a sete
vezes por semana e intensidade correspondente a 50% do VO2 máxima, a fim de assegurar
aumento da sensibilidade à insulina e a perda ou manutenção do peso corporal.
Duas sulfoniluréias têm sido usadas para tratar cães e gatos: Glipizide, na dose de
0,25 a 0,50 mg/kg duas vezes ao dia e Glibenclamide, administrado na dose de 0,2mg/kg ao dia.
Essas drogas têm várias ações antidiabéticas, incluindo estimulação da secreção de insulina
pelas células beta, transporte demorado de carboidratos no músculo e gordura, direta diminuição
da glicose hepática e potencialização da ação da insulina no fígado. Dada a sua ação, é
necessária a presença de células β pancreáticas funcionais. Possui efeitos colaterais como
vômito, anorexia e hipoglicemia. Além disso, provoca aumento de enzimas hepáticas e amilina,
podendo estimular a amiloidose pancreática.
Dentre outras drogas com efeito hipoglicemiante podemos citar o Vanádio, que
aumenta a sensibilidade dos receptores de insulina, porém mostrou-se ineficaz como agente de
uso único; o cromo, que pode ser usado como aditivo na dieta; a acarbose, que bloqueia a
absorção intestinal de glicose; a metformina, que aumenta a sensibilidade periférica à insulina e
reduz a captação hepática de glicose.
19 MANEJO CLÍNICO DA OBESIDADE
A restrição calórica é o método mais comum para redução de peso usada em animais.
A redução da ingestão alimentar para 60% em cães, para o alcance do peso ideal é inicialmente
recomendada. Esta redução apresenta perdas de até 3% do peso corporal por semana.
Possíveis mecanismos para este efeito protetor do tecido magro incluem o aumento na
oxidação de ácidos graxos e disponibilidade de energia para a síntese de proteínas durante
períodos de necessidade. O CLA consiste em uma família de isômeros de ácidos graxos
derivados do ácido linoléico. Estudos experimentais sugeriram que ele apresenta um efeito anti-
adipogênico. Os mecanismos propostos incluem a inibição da atividade enzimática da stearoil-
CoA dessaturase, o que limita a síntese de ácidos graxos mono-insaturados para a síntese de
triglicerídeos, bem como a supressão da elongação e dessaturação de ácidos graxos em cadeia
longa.
20.1 Prognóstico
142
O Diabetes mellitus é uma doença complexa que requer sabedoria e empenho para
que o controle bem-sucedido seja alcançado, mas a cura é rara. Em alguns casos de diabetes
transitório, cessada a causa, há recuperação completa. Nos outros casos, o proprietário deve
estar preparado para mudanças no requerimento de insulina e suas potenciais complicações. Se
a alimentação seguir uma rotina constante (mesma quantidade, mesmo alimento, mesmo
horário) é mais provável que se tenha êxito no tratamento. A maioria dos cães e gatos diabéticos
sob insulinoterapia têm uma melhora significativa na qualidade de vida. Isto geralmente faz com
que o comprometimento econômico ao longo do tempo seja necessário para que a regulação
ideal valha o esforço.
21 ATUALIDADES
Pesquisas recentes sugerem que a hipertensão e a resistência à insulina não estão 143
- Ácido acetilsalicílico.
Tabela 1. Variáveis clínicas e laboratoriais em cães controlados ou tratados com drogas anti-
hipertensivas, após ganho de peso.
Restrição sal + α + β
Controle Clonidina AAS
furosemida bloqueadores
Peso
Pressão
NS* NS NS
arterial
Débito
NS NS
cardíaco
Glicemia NS NS NS NS
NS
Insulinemia NS
Resistência à
NS
insulina
Fonte: ROCCHINI et al., 2004 *Não significativo
Este efeito da clonidina está relacionado à ativação central de receptores α2, além da
redução nos níveis de ácidos graxos livres na circulação, o que resulta em vasodilatação
periférica. Os autores relatam que a resistência à insulina seria mediada pela ativação central
e/ou periférica de receptores α2, enquanto que a hipertensão seria mediada pela ativação de
receptores α1 e β. Isto traz uma nova perspectiva no tratamento da hipertensão, além da
prevenção da diabetes mellitus e resistência à insulina, causadas pela obesidade em cães. Os
autores sugerem que novos α2 agonistas sejam desenvolvidos para o tratamento mais eficaz
destas condições em cães.
146
21.2 Uma nova insulina para uso canino e felino
Sabe-se que a melhor insulina para ser utilizada em cães e gatos é a suína, pois
possui alta homologia com as insulinas canina (100% homóloga) e felina (diferem em apenas 3
aminoácidos). Além desta, a insulina bovina e a mista (bovina + suína) estão disponíveis no
mercado. As insulinas existentes para comercialização apresentam algumas desvantagens,
relacionadas à concentração oferecida, de 100 U.I. por mL em frascos de 10mL, o que dificulta a
dosagem em cães pequenos; possibilidade de erro durante a dosificação, já que as seringas
apresentam graduação de 2 em 2 U.I; o consumo total do frasco pode ser muito demorado,
facilitando a contaminação.
A posologia recomendada para o produto, na maioria dos cães, é de uma vez ao dia,
em conjunto com a primeira refeição (a primeira refeição deve ser no mesmo momento da
injeção de Caninsulin® e a segunda refeição 8 horas mais tarde).
O produto pode ser utilizado para a espécie felina, sendo que a dose inicial para gatos
é de 0,5 UI/Kg - 2 vezes ao dia se a concentração de glicose no sangue for igual ou superior a
360 mg/dl e 0,25 UI/Kg duas vezes ao dia se a linha de base da concentração for menor que 360
mg/dl.
Caninsulin® requer o uso de uma seringa exclusiva para a sua aplicação. Seringas
descartáveis de 1 ml com graduação de 40 UI, com marcação a cada UI, que não são
vendidas no Brasil, são vendidas pela empresa aos distribuidores e estes repassam aos
veterinários (figura 5).
148
Após o ajuste da dosagem, uma nova avaliação deve ser feita apenas após a nova
dose ter sido administrada por 3 dias. Após o estabelecimento de uma dose inicial, a
manutenção deve ser estabelecida com base na glicemia e glicosúria, como nas outras
formulações. O uso de caninulin requer que sejam tomadas determinadas precauções:
150
Fig. 7 Ilhotas caninas encapsuladas recuperadas do peritôneo de cães aos 180 (esquerda) e 139 (direita)
dias após injeção intraperitoneal. A coloração anti-insulina positiva demonstra a viabilidade das células
(flecha). Fonte: SOON-SHIONG et al., 1993.
Apesar de o tempo de sobrevivência ser maior do que outras técnicas, ainda não
justifica o procedimento. As falhas da mencionada técnica são devidas a:
152
Fig. 8 Aspectos normal (A) e alterado (B) das ilhotas encapsuladas. Fonte: NARANG &
MAHATO, 2006.
Slentrol® (dirlotapide), aprovada para uso em cães em 2007, tem sido a primeira
droga anti-obesidade canina comercializada. A droga tem o potencial para revolucionar o
tratamento de manutenção de peso em cães obesos, fornecendo ao veterinário a ferramenta
adicional quando a modificação dietética e instituição do exercício são difíceis de implementar
com sucesso. Slentrol® diminui o apetite do animal, assim reduzindo a ingestão alimentar,
tornando mais fácil para os proprietários modificar comportamentos e atitudes alimentares. A
droga é administrada uma vez ao dia, na forma de suspensão oral, seja diretamente ou
juntamente com alimentos, sendo apresentada em frascos de 20, 50 e 150mL.
A dose inicial recomendada é de 0,05mg/kg, a qual é dobrada após 14 dias de
tratamento e ajustada à medida do necessário, sendo a dosagem máxima recomendada
1mg/kg diários, embora 10mg/kg já terem sido administrados experimentalmente sem que
efeitos tóxicos se desenvolvessem. A duração do tratamento depende da quantidade de peso
a ser perdida. O medicamento está acessível somente a médicos veterinários. Slentrol® não
deve ser usada em gatos, cães sob terapia crônica com corticosteróides ou doença hepática.
A droga é bem tolerada, mostrando como efeitos colaterais vômito, diarréia, letargia e
153
anorexia.
A proteína C-reativa (CRP) consiste em uma proteína de fase aguda positiva secretada
por hepatócitos após estimulação por mediadores pró-inflamatórios, principalmente IL-6, TNF-α e
IL-1β, liberados por macrófagos e outras células em resposta a estímulos externos e internos,
ativando o sistema complemento, ligando-se a receptores Fc e atuando como opsonina para
vários patógenos. A sua ligação a receptores Fc gera citoquinas pró-inflamatórias, podendo esta
molécula ser utilizada como marcador de inflamação. Vários autores associam o seu aumento no
soro à obesidade humana, porém o papel desta proteína de fase aguda na obesidade canina
ainda não havia sido estudado.
Pensava-se que a obesidade canina também causasse elevações nos níveis de tal
proteína, já que níveis de citoquinas do tipo TNF- α elevam-se em cães e gatos com o
desenvolvimento da obesidade. Provavelmente a inflamação gerada altere a rota de tradução de
sinais da insulina. TNF- α inibe a sinalização intracelular da tirosina quinase do receptor de
insulina, reduzindo o transporte de glicose e colaborando para o desenvolvimento de resistência
à insulina. Estudos mostram ambigüidade em relação aos efeitos da redução de peso sobre os
níveis de CRP em humanos. Acima de tudo, a avaliação dos níveis da CRP não só se prestou
como uma previsão do risco do desenvolvimento do diabetes mellitus em humanos, mas também
aumentam à medida que as alterações ocorrem, antes mesmo dos sinais clínicos e as alterações
hematológicas se desenvolverem, consistindo em uma ferramenta de grande utilidade na
avaliação da progressão da enfermidade.
Diferente do que se pensava, os níveis de CRP foram menores nos cães obesos do
que nos controles (figura 9). A função desta proteína está intimamente relacionada com o
processo inflamatório, que foi considerado um dos principais responsáveis por causar a
resistência à insulina induzida pela obesidade.
155
Fig. 11 Níveis de GLUT4 no tecido adiposo (acima) e muscular (abaixo) de cães obesos
e controles. Fonte: VEIGA & GONZÁLEZ, 2008.
O que não havia sido elucidado sobre a translocação dos transportadores na espécie
canina foi atingido no mencionado experimento, onde se detectou, além de uma redução na
migração de vesículas contendo a proteína para a superfície celular, concordando com estudos
em ratos, um aumento das vesículas intracelulares, o que propõe uma alteração ainda não
revelada em estudos anteriores, podendo estar relacionada ao retorno de vesículas pré-
existentes na membrana para o citoplasma, dificultando ainda mais o transporte de glicose
nestes tecidos.
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