Ebook Educacao Infantil
Ebook Educacao Infantil
Ebook Educacao Infantil
REFERENCIAL CURRICULAR
MUNICIPAL DA
EDUCAÇÃO INFANTIL
(RCMEI)
EDUCS
3
c dos organizadores
Revisão: Ivone Polidoro Franco
Editoração: Traço Diferencial (54) 99901 3978
Capa: Efeito gráfico da obra'Cabeça', de Joan Miró (óleo e lápis sobre compensado
1979)
Direitos reservados à:
4
Sumário
Apresentação / 9
Introdução / 13
4 DEFINIÇÕES E CONCEPÇÕES / 47
4.1 Escola / 47
4.2 Ludicidade / 49
4.3 Currículo / 50
4.4 Criança / 57
4.5 Infância(s) / 58
REFERÊNCIAS / 79
Nota das organizadoras / 83
5
Prefeito Municipal de Igrejinha: Joel Leandro Wilhelm
Secretário de Educação: Luis Carlos Trombetta
Coordenadoria de Ensino: Israel Ronaldo Lucas
Coordenação da Educação Infantil: Daiana Paz de Oliveira Silva
Marta Patricia Beck Werle
GRUPO DE REDATORES
GRUPO DE TRABALHO
PROFESSORES FORMADORES
6
GRUPO DE FORMAÇÃO
7
Milene Teresinha Scoss Rosy Ridan Brittes Carvalho
Morgana da Silva Cardoso Sandra Cristina Wathier
Natália Paola Brodbeck Sandra Gomes de Oliveira
Nelci Rosane Wallauer de Mello Sandra Regina Ritzel de Macedo
Noeli Ferreira Silvana Renata dos Santos da Silva
Orema Silva Stephanie Laís dos Santos
Patrícia Fusiger Suzana Lopes Lima
Paula Sobrinho Fontana Tania Dutra
Priscila Tais Domingues Tatiele Muller de Souza Dalla Vecchia
Raquel Fernanda Fagundes Thais Fleck Velho
Rosane Cardoso Alves Úrsula Andréia Wolff
Rosária Patrícia Porciúncula dos Santos Viviane Cardoso
Viviane de Jesus Ferreira
8
Apresentação
EDUCAÇÃO INFANTIL:
UM ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO
9
Tendo presente esses imperativos, é que organizamos as
referências teóricas que deverão ser estudadas, analisadas,
compreendidas e internalizadas por todos os que atuam
direta ou indiretamente nesses espaços educativos. A partir
dessa assimilação, é que poderemos ter ações convergentes
com o programado nos referenciais da Educação Infantil. O
saber/conhecer é um momento fundamental do executar,
que deverá ser sempre objeto de estudo e das reflexão dos
profissionais da Educação Infantil. Essa é uma necessidade
fundamental e indispensável, pois somos seres de ação e de
reflexão.
Os referenciais indicarão o norte do fazer pedagógico
dos diferentes profissionais que atuam na e com a Educação
Infantil. Eles destacam que esta é uma fase linda e rica da e
na vida dos seres humanos e, por isso, não se admitem gestos
e atos realizados sem planejamento prévio.
O cuidado, o diálogo, o ensino e a aprendizagem
constituem os eixos determinantes, fundamentais e
nevrálgicos da Secretaria Municipal de Educação de Igrejinha
(SME) e que são comungados e compartilhados pelos demais
profissionais que atuam na Rede Municipal de Educação
(RME) de nossa cidade.
Ao pensarmos que a educação é a grande responsável
pela transformação dos homens, e que esses estarão
transformando o mundo no qual habitam, estaremos dando
o primeiro passo; ao agirmos com coerência com essas
propostas, estaremos sendo protagonistas e, com isso,
potencializando, de fato, a transformação da realidade. A fé
terá suas obras. A interpretação do mundo estará de mãos
dadas com as ações convergentes com a transformação da
realidade.
Com este documento pretendemos explicitar os eixos
determinantes da caminhada a ser seguida pela Educação
Infantil de nossa cidade. Ele é resultante de uma história
10
que foi construída por homens e mulheres de nossa cidade e
que atuaram e atuam na e com a educação. Além desse
primeiro objetivo também temos presente a esperança
utópica de que todos os sujeitos que atuam na Educação
Infantil de Igrejinha possam ter a criança em primeiro lugar
e, acima de tudo, a proposta de transformação da sociedade
a partir de suas intervenções conscientes.
Faça uma excelente leitura, e que o estudo deste
referencial seja o primeiro passo de todos os que estiverem
trabalhando em nossas escolas nos próximos anos.
11
12
Educar crianças pequenas:
ou à guisa de introdução
13
Dos tempos de vida que vão nos fazendo humanos, a
infância é o mais significativo. Quanto mais avançam as
pesquisas sobre desenvolvimento humano, mais
reconhecemos a importância de uma atenção cuidadosa com
a complexidade do crescimento da criança nos primeiros
anos de vida.
Se desejamos que as crianças pequenas sejam
protagonistas de seu crescimento e desenvolvimento na
comunidade em que habitam, são as gerações adultas que
as circundam que precisam criar e oferecer condições de
possibilidade para que isso aconteça. É certo que queremos
defender e promover os direitos das crianças, abrir espaços
e tempos para que o potencial delas possa ser experimentado
em plenitude. Como nos ensina, também de forma literária,
Rocha, as crianças são sujeitos de direitos, não são futuro,
são presente. É no agora e no hoje que:
Criança tem que ter nome / Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome / Ter segurança e estudar.
[...]
14
Sabemos que os direitos das crianças, desde 1959, foram
publicados pela Unicef e adotados pelas Nações Unidas,
na Declaração Universal dos Direitos da Criança e que o
cuidado, a proteção e a educação são pilares centrais que
devem ser garantidos. É de nosso conhecimento também o
longo caminho que ainda precisamos percorrer para alcançar
a universalização do acesso à Educação Infantil no Brasil e,
mais do que isso, o respeito ao direito de crescer e se
desenvolver de fato e não como promessa.
As crianças pequenas são concebidas como sujeitos
socioculturais e históricos, marcados, portanto, pelas
contradições das sociedades em que estão inseridos.
Constituídas a partir da cultura, convivem com a tradição e
são promessa de inovação, pois, na dinamicidade do viver
e do brincar, com suas singularidades, vão produzindo
cultura, processos identitários e história. Reconhecer que
crianças pequenas são sujeitos de direito, respeitá-las e a
elas oportunizar ambientes educativos enriquecedores são
temas que se apresentam nesse Referencial Curricular.
Quando se trata de pensarmos nos processos educativos,
é bom termos em mente o que Loris Malaguzzi escreveu,
inspirado na experiência da Reggio Emilia: “Pelo contrário,
as cem existem”. Nas palavras dele,
15
falar, / para compreender sem alegria, / para amar
e maravilhar-se / somente na Páscoa e no Natal. /
Dizem-lhe: para descobrir o mundo que já existe/
e de cem / roubaram-lhe noventa e nove. / Dizem-
lhe: Que o jogo e o trabalho / a realidade e a
fantasia/a ciência e a imaginação / o céu e a terra/
a razão e o sonho / são coisas/que não estão juntas.
/ Dizem-lhe enfim: que o cem não existe. / E a
criança diz: ao contrário, as cem existem.
(MALAGUZZI, 1999, s/p).
16
Na continuidade, o Referencial retoma os marcos legais
que orientam, na contemporaneidade, a Educação Infantil.
Os princípios políticos e éticos são explicitados e, na
sequência os princípios teórico e metodológicos, com: leis
que fundamentam o trabalho pedagógico; metodologia de
projetos de aprendizagem; rotina do planejamento
entrelaçada com as categorias: escola, ludicidade, currículo,
criança e infância(s). Promover a aprendizagem individual
e coletiva, sensibilizar para a participação democrática,
brincar, mobilizar ferramentas digitais e mídias para propiciar
diferentes experiências estéticas e cognitivas são algumas
das possibilidades para a prática docente que esse referencial
inspira. Como disse Malaguzzi (2016), precisamos nos
interconectar, compreender a teia da vida e nos perceber
integrantes de redes conectadas no tempo, no espaço, nas
diferentes dimensões do social, do cultural e do natural,
estando em permanente movimento. E, assim, promover a
cooperação, a convivência, as trocas, em atelieres ou em
projetos de trabalho, para que a experiência, individual e
coletiva, inspire as crianças à autonomia, à liberdade e à
cidadania. Nesse sentido, “por meio da documentação e do
trabalho em equipe, preparar ambientes e atividades
escolares que despertem nas crianças o poder de perceber,
estudar e representar os mundos lindos e ordenados da
natureza e da cultura ao seu redor”. (EDWARDS; GANDINI;
FORMAN, 2016, p. 359).
As brincadeiras e interações na Educação Infantil são
valorizadas com capítulo específico e, por fim, a avaliação
é entendida como processo contínuo e permanente. Portanto,
o Referencial Curricular que apresento desenha, com o
conhecimento científico contemporâneo, importantes
reflexões e orientações acerca do que se deseja para o
trabalho com crianças pequenas no contexto das escolas de
Educação Infantil em Igrejinha. Sua leitura, imprescindível
e desejável a todos que estiverem envolvidos com o fazer
17
pedagógico nesse nível de ensino, deve incitar o
planejamento comprometido e criativo para a promoção de
intervenções de aprendizagem coerentes com o que aqui se
discute.
Os cenários contemporâneos sinalizam à complexidade
dos modos de vida e os numerosos desafios para os processos
educativos. Desejamos, como sociedade, que o Estado e as
famílias possam, por meio da educação e, de modo mais
restrito, da escolarização da infância, propiciar ambientes
alegres para um crescimento saudável. Para tal, o Referencial
Curricular representa uma proposta engajada com a
educação da infância e a promoção de uma formação
humanizada, sensível e integral. Que possamos ter em mente
o compromisso que assumimos ao nos tornarmos educadores
de crianças pequenas e, recomendando a leitura atenta do
referencial, finalizo com as provocativas palavras de
Drummond de Andrade.
Referências
DRUMOND DE ANDRADE. Carlos. Nova reunião de 23 livros de
poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. Reflexões
finais e estratégias de ensino. In: EDWARDS, Carolyn, GANDINI,
Lella; FORMAN, George (Org.). As cem linguagens da criança: a
experiência da Reggio Emilia em transformação. Porto Alegre: Penso,
2016. p. 357 a 368. v. 2.
18
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2005.
MALAGUZZI, Loris. As cem linguagens da criança [Invence il cento
c´é]. In: EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George.
As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na
educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.
QUINTANA, Mário. Lili inventa o mundo. São Paulo: Global, 2005.
19
20
1
A Educação Infantil em Igrejinha:
dados da realidade
21
A Educação Infantil em Igrejinha
A Educação Infantil, no Município de Igrejinha, iniciou
suas atividades em 1980, com a “Casa da Criança
Igrejinhense”. As crianças eram atendidas por pessoas
nomeadas que ocupavam o cargo de monitoras e de auxiliar
de monitoras, com a formação de Ensino Médio e Eensino
Fundamental, respectivamente. Em 1999, havia sete casas
da criança no município. Atendiam quase que,
exclusivamente, filhos de funcionários da indústria
calçadista. Nesse mesmo ano, com o Decreto Municipal
2.137, de 18/10/1999, as mesmas passaram a ser
denominadas de Escolas Municipais de Educação Infantil
(EMEIs). Dessa forma, iniciou-se um processo de educação
e cuidado com as crianças, desvinculando, aos poucos, o
cunho assistencialista.
Em 2007, através da Lei 3.898, foi criado o cargo de
Educador Multimeios e em 2008 foi realizado o primeiro
concurso público para ocupação desse cargo. A habilitação
mínima exigida é formação em nível médio, na modalidade
normal e/ou formação em nível superior, em curso de
Pedagogia ou Normal Superior. A partir desse concurso, todas
as turmas de Educação Infantil, gradativamente, foram
contempladas com um professor com formação específica
para atuar com crianças.
Em 2003, teve início o serviço de coordenação
pedagógica nas EMEIs. A carga horária era,
aproximadamente, 8 horas para cada escola. No ano de
2012, houve avanços no processo pedagógico nas EMEIs.
Todas as escolas passaram a ter um professor, com carga
horária de 40 horas, ocupando a função de coordenador
pedagógico. A partir da Lei 4.316, de 4 de novembro de
2011, os professores titulares também passaram a ter um
tempo reservado para afinar o olhar pedagógico à sua
atuação, conforme segue:
22
Art. 23. A jornada de trabalho exercida em função
docente inclui uma parte de horas aula e uma parte
de horas atividades.
23
obrigatoriedade da inserção de crianças de 4 e 5 anos na
Educação Infantil, o que gerou um aumento significativo de
turmas de Pré-Escola.
No quadro de professores atuantes na Educação Infantil,
47,37% possuem Ensino Médio na modalidade Normal,
36,84%, Graduação, e 15,79%, Pós-Graduação.
Na elaboração do Referencial Curricular, é fundamental
uma aproximação da realidade atual em que essa acontece,
ou seja, é preciso conhecer o cenário da Educação Infantil
de Igrejinha. Dessa forma, a equipe de professores-
formadores elaborou instrumentos, no formato de
questionários, que foram respondidos por uma representação
de gestores, professores e pais de crianças da Educação
Infantil de Igrejinha.
Nosso olhar para a análise da realidade investigada não
está baseado no senso comum, mas naquilo que Roque
Moraes (2007) sinaliza como retrato categorizado das
vivências que é possível teorizar, ou seja, refletir.
Os questionários possibilitaram a “escuta” de uma
representação da Educação Infantil, pelos sujeitos envolvidos
com essa etapa da Educação Básica nas escolas de Igrejinha.
Ao nos aproximarmos dos dados construídos, foram possíveis
algumas análises, descrições e interpretações de categorias
que emergiram, as quais estão ancoradas nas teorias que
orientam os estudos de Educação Infantil.
Os primeiros questionários analisados foram da equipe
de 21 gestores, que demonstraram em seus registros uma
aproximação dos Pilares da Educação Infantil. Dessa forma,
foi possível a construção de categorias que envolveram o
educar, o cuidar, o brincar e a interação.
No que se refere ao educar, a concepção de educação
para os gestores aparece como aspecto fundamental,
vinculado à compreensão de que as crianças pequenas de
Igrejinha são sujeitos sociais e históricos únicos e devem ser
24
respeitados. Zabalza (1999) nos apresenta a ideia de criança
como sujeito de direitos, ou seja, a criança tem o direito de ser
educada em condições que favoreçam seu desenvolvimento
integral, rompendo gradativamente com a concepção de
assistencialismo, que desconsidera a especificidade das crianças
dessa faixa etária conforme reforça a proposta da Base Nacional
Comum Curricular (2016).
A concepção de cuidado, na percepção dos gestores, está
associada à afetividade, pois vincula o afeto ao cuidado
como elementos-chave. O cuidado envolve “estar
comprometido com o outro [...]. Disso depende a construção
de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado”.
(BRASIL, 2001, p. 25).
O brincar, por parte dos gestores, é concebido na
existência de uma associação qualificada com o educar. A
proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
apresenta o brincar cotidianamente como um dos direitos a
aprendizagem na Educação Infantil. (BNCC, 2016).
No que se refere ao pilar interação, a concepção dos
gestores está aproximada da compreensão de quem é essa
criança da Educação Infantil (sujeito social e histórico) e,
por isso, o desenvolvimento deve ser integral. Esses
elementos sinalizam um alinhamento direto dos gestores com
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil.
A escuta dos professores que atuam nas escolas de
Educação Infantil de Igrejinha é fundamental, principalmente
quando se objetiva a construção de um Referencial Curricular
voltado à realidade do município. A análise que segue está
baseada em dados construídos a partir das repostas de 86
professores. As categorias que emergiram das respostas dos
professores envolvem o conhecimento da família, a
comunicação entre escola e família, a concepção de ser
humano e a formação continuada.
25
Ao serem questionados se conhecem as famílias das
crianças, aproximadamente 80% dos professores conhecem
mais de 80% dos pais das mesmas. Cabe aqui ressaltar que
esse percentual está diretamente ligado à interpretação
individual de cada profissional, considerando seus próprios
critérios e percepções. Bourdieu provoca quando afirma
que
26
Os professores destacaram a qualificação do quadro
profissional, o qual está em constante formação. A
participação na construção deste referencial é um exemplo
do envolvimento e comprometimento.
A participação dos pais nesse momento de retratar a
realidade da Educação Infantil de Igrejinha, contou com a
contribuição de 96 famílias. As categorias analisadas
expressam as potencialidades exploradas no contexto
cultural-escolar, para além da instituição e da participação
dos responsáveis.
No que se refere à escola, a maioria dos pais questionados
percebe esse ambiente com grande satisfação. O espaço de
aprender e de conviver é ressaltado pelos responsáveis,
quando apontam que os filhos citam o mesmo recheado de
brincadeiras, interações com os colegas e atividades. A
maioria dos responsáveis indica que participa da escola em
promoções ou reuniões.
Nos momentos de convívio familiar, o brincar se destaca
como a forma de interação da criança com os responsáveis.
Existe, em nosso município, uma grande diversidade no que
se refere à composição, às crenças, à escolaridade e às
profissões na família das crianças. Esses dados estão
contemplados nos Projetos Político-Pedagógicos das Escolas
Municipais de Igrejinha.
27
o saber constituído e os novos saberes. É através delas que
as crianças dessa faixa etária aprendem e se desenvolvem.
O campo da Educação Infantil vive um intenso processo
de revisão de concepções sobre educação de crianças em
espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas
pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do
desenvolvimento das crianças. Em especial, têm se mostrado
prioritárias as discussões sobre como orientar o trabalho junto
às crianças de até três anos em creches e como assegurar
práticas junto a crianças de quatro e cinco anos que prevejam
formas de garantir a continuidade do processo de
aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem
antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino
Fundamental. (BRASIL, 2010, p.7).
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDBEN1996), em seu 9º artigo, a Educação Infantil é a
primeira etapa da Educação Básica. Sendo assim, faz-se
necessário evidenciar a importância do cuidado com a
transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental,
estabelecendo pontes que:
28
1.2 Recursos Humanos
As turmas de Educação Infantil que estão estabelecidas
em instituições de Ensino Fundamental são atendidas por
um(a) Educador Multimeios com formação adequada e
auxiliar (acima de 25 alunos). Já as crianças atendidas nas
EMEIs, além desse profissional, contam com um Educador
Multimeios e, quando necessário, de educadores auxiliares.
O número de educadores é definido a partir do que
estabelece o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil para cada turma e/ou etapa.
As turmas de Educação Infantil no Município de Igrejinha
são atendidas por professores com formação para o cargo e
educadores auxiliares conforme a lei estabelece.
Os educadores auxiliares possuem estágio de dois anos.
Durante esse período passam por avaliações semestrais
objetivas feitas pela equipe diretiva/pedagógica da instituição
onde exerce suas atividades. Para exercer essa função,
precisam ter idade superior a 16 anos, estar cursando o
Ensino Médio Normal (Magistério) e ter frequência mínima
de 75%. Se o nível de estudo for o superior, deve ser em
curso de Pedagogia.
Sabendo que a formação continuada está prevista em lei,
acredita-se que seja a forma para qualificar o grupo de
profissionais da educação que atuam com Educação Infantil.
Nesse sentido, um desafio é buscar a permanência dos
educadores auxiliares, evitando a rotatividade desses
profissionais, pois poderá comprometer os processos
pedagógicos.
As escolas e o município oferecem formação continuada
aos profissionais, realizando diferentes atividades como:
reuniões pedagógicas, formação de professores por faixa
etária, Seminário de Educação Infantil, entre outros.
29
1.3 Infraestrutura
O Município de Igrejinha conta com as seguintes escolas
na RME:
a) uma que atende a mais de duzentas e vinte crianças;
b) seis que atendem a uma média de cento e quarenta
crianças; e
c) quatro que atendem a uma média de setenta crianças.
30
2
Princípios políticos, éticos e
estéticos na Educação Infantil
31
Art. 4º - O dever do Estado com educação escolar
pública será efetivado mediante a garantia de: I -
educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da
seguinte forma: a) pré-escola; II - educação infantil
gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade
(BRASIL, 1996, p. 5).
32
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (BRASIL, 1988).
33
A formação continuada é um elemento fundamental para
a qualificação dos profissionais e dos processos que
alicerçarão a articulação das Escolas Municipais de Educação
Infantil (EMEI) com as Escolas Municipais de Ensino
Fundamental (EMEF). É necessário que essa transição ocorra
de maneira que criança e família se sintam seguras e
acolhidas nesse processo, ressaltando que a criança não
deixará de frequentar a Educação Infantil. Apenas o fará em
um novo espaço, com outra forma de organização, outros
horários e rotina.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (RCNEI, BRASIL, 1998), composto de três volumes,
direciona o trabalho educativo dos profissionais que atuam
com crianças na Educação Infantil (de zero a 6 (5) anos), a
fim de subsidiar as reflexões e auxiliar o professor no
planejamento do seu trabalho pedagógico junto com as
crianças. Pretende apontar metas de qualidade que
contribuam para que os infantes tenham um desenvolvimento
integral. Visa também a cooperar para que possa realizar,
nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa
educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a
ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos das realidades
social e cultural.
No ano de 1998 o Ministério da Educação lançou o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI) organizado em três volumes, sendo o primeiro para
orientação do trabalho pedagógico da escola, o segundo
referente à formação pessoal e social, e o terceiro sobre o
conhecimento do mundo. O referencial sinalizou metas de
qualidade que contribuem para que as crianças se
desenvolvam de forma integral, sejam capazes de crescer
como cidadãos cujo direito à infância seja reconhecido e
contribua na evolução da sociedade brasileira.
34
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil, como na Resolução CNE/CEB 1 de 7/4/1999
(BRASIL, 1999), encontra-se a regulamentação legal para
todos os sistemas de educação para as questões relativas à
qualidade e à oferta de Educação Infantil no sistema público,
reafirmando as citações da LDBEN.
O Plano Nacional de Educação, Lei 13.005, de 25/6/2014,
institui como primeira meta a qualificação e a
universalização da Educação Infantil brasileira, sendo que
deverá ser ofertada até 2016, a Educação Infantil na pré-
escola para crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade
e ampliar a oferta de Educação Infantil em creches de forma
a atender, no mínimo, a 50% (cinquenta por cento) das
crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência desse
PNE.
Alicerçados em um padrão de qualidade, desde a
formação continuada dos docentes até as questões de
infraestrutura, entende-se a Educação Infantil em
consonância com os arts. 29 e 30 da LDBEN (1996):
35
I – avaliação mediante acompanhamento e registro
do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental;
II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas)
horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos)
dias de trabalho educacional;
III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas
para a jornada integral;
IV – controle de frequência pela instituição de
educação pré-escolar, exigida a frequência mínima
de 60% (sessenta por cento) do total de horas;
V – expedição de documentação que permita atestar
os processos de desenvolvimento e aprendizagem
da criança. (BRASIL, 1996, p. 49).
36
3
Princípios teóricos e metodológicos
37
acolham a forma como elas significam o mundo e a si
mesmas.
O Ministério da Educação vem construindo desde o ano
de 2015 a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com o
intuito de deixar claros, os conhecimentos essenciais aos
quais todos os estudantes brasileiros têm direito de ter acesso
e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica.
Pensando mais especificamente na Educação Infantil, o
documento da BNCC vem para aperfeiçoar o que já orientam
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
3.2 Metodologia
Quanto à metodologia de trabalho, a Rede Municipal
privilegia uma que compreende o diálogo como forma de
direcionamento dos trabalhos pedagógicos. Barbosa e Horn
reafirmam a necessidade de considerar novas formas de
organizar as experiências na escola quando publicam que
38
Essas autoras firmam, ainda, que não existe uma única
forma de trabalhar com projetos, mas que, há várias e que
muitas outras podem ainda ser criadas pelas instituições
educativas, desde que respeitem os princípios da legislação
vigente para contemplar essas diversidades. (BARBOSA;
HORN, 2008, p. 29).
Trabalhar com projetos significa estar aberto às mudanças
que ocorrem ao longo do processo, pois, a partir de um
foco de aprendizagem, muitos outros temas de pesquisa
podem surgir. Assim, os professores devem estar dispostos a
acolher as curiosidades das crianças e tornarem seus projetos
flexíveis para agregar essas novas descobertas.
Barbosa e Horn (2008) lembram que projetar é trabalhar
com um quebra-cabeça que a criança recebe sem a imagem
pronta do resultado final, mas que, ao longo da tarefa de
montar e desmontar as peças, as crianças vão formando
significados para suas descobertas. A partir dessa exploração
e do contexto ao seu redor, irão formar uma figura, ou seja,
o projeto dará as crianças a possibilidade de construir e
desconstruir seus saberes ao longo de seus achados.
A palavra projeto é derivada do latim e significa lançar
para frente, um objetivo a ser alcançado. Os projetos
pedagógicos são importantes, pois através deles, conhecemos
uma dada realidade e podemos realizar uma intervenção
de maneira significativa, de maneira a transformar as ações
do cotidiano. Assim, se produz o conhecimento.
Para que qualquer projeto se concretize, seja ele um
projeto de vida ou um projeto pedagógico, é necessário um
planejamento do que se quer realizar. Desse modo, será
possível trabalhar diversas áreas do conhecimento,
realizando novas práticas de aprendizagem significativas.
Quando se elabora um projeto, é necessário considerar
os limites e a realidade do contexto escolar, definindo os
princípios norteadores da ação, determinando o que
39
queremos conseguir, estabelecendo caminhos e etapas para
o trabalho, designando tarefas para cada um dos sujeitos
envolvidos e avaliando o processo e os resultados.
As DCNEI apontam na mesma direção, em seu art. 9º,
inciso VIII, ao determinar que devem ser garantidas
experiências que incentivem a curiosidade, a exploração, o
encantamento, o questionamento, a indagação e o
conhecimento das crianças em relação aos mundos físico e
social, ao tempo e à natureza.
As práticas pedagógicas que compõem a proposta
curricular da Educação Infantil devem ter como eixos
norteadores as interações e as brincadeiras, conforme
apresentado neste documento. O trabalho pedagógico
desenvolvido pelo professor deve ser intencionalmente
selecionado, planejado e organizado em um currículo que
contemple as múltiplas relações das crianças com os
conhecimentos da natureza e da cultura. Assim, percebemos
e consideramos as características como sujeitos
socioculturais, contemplando os campos de experiência,
uma vez que “o currículo é necessariamente um conjunto
de escolhas e uma seleção da cultura. É uma seleção de
conjuntos mais amplos de possibilidades.” (MOREIRA, 2004,
p. 78).
Refletindo sobre essa citação, definimos que o currículo
deve ser estruturado com base nos campos de experiência e
efetivado através de projetos de aprendizagem, pois os
mesmos possibilitam vivências de exploração, de
imaginação, de expressão, de descobertas e da construção de
significados pelas crianças. Esse processo precisa acontecer em
uma dimensão lúdica, de modo que o professor desempenhe
o papel de mediador e facilitador da aprendizagem.
Na visão de Barbosa e Horn (2008), “a metáfora ‘portas
que vão se abrindo’” (grifo do autor) se ajusta à metodologia
de projetos, pois, conforme avançamos nas pesquisas e nas
40
atividades que vão sendo construídas podemos navegar em
diferentes campos de experiência.
Os projetos proporcionam a efetivação de uma
aprendizagem baseada nos interesses das crianças. É um
instrumento de construção coletiva e social de
conhecimento. Dessa forma, a criança vai experimentando
e, consecutivamente, confrontando seus conhecimentos com
as evidências do objeto de estudo.
Na metodologia de projetos de aprendizagem, os
professores acolhem, valorizam e entendem as curiosidades,
as explorações, as propostas e os desejos das crianças. Logo,
devem mediar situações de aprendizagem para favorecer a
organização daquilo que as crianças almejam.
Segundo Fochi (2015, p. 126), pensar no cotidiano como
um ambiente de vida é preciso. Há de se considerar que as
crianças passam boa parte de seus dias nas instituições. São
seres humanos aprendendo sobre o mundo e, com isso,
aprendendo sobre as relações humanas e sobre si. Por isso, as
condições criadas para elas e a forma como permitimos que
atuem influenciarão no seu desenvolvimento pleno.
Os projetos de aprendizagem são desencadeados a partir
de uma problemática ou necessidade que desperte o interesse
das crianças, da turma, da escola ou da comunidade. Essa
metodologia prevê que o planejamento aconteça com a
participação das crianças e a de toda a comunidade. O
professor deverá exercer a função de coordenador do projeto
e um parceiro para as descobertas das crianças. Cabe a ele
proporcionar as ferramentas necessárias para potencializar
o desenvolvimento das mesmas. As propostas são
organizadas e reorganizados ao longo do desenvolvimento
do projeto, conforme o pulsar das inquietações das crianças.
O mesmo não tem um prazo de duração previsto. Ele ocorre
enquanto houver curiosidade por parte das crianças e/ou
dúvidas a serem sanadas.
41
Os projetos iniciam com um objetivo predeterminado a
partir do que as crianças já sabem e desejam aprender.
Durante a efetivação, é necessário a sistematização de
registros tanto do professor quanto das crianças,
evidenciando os conhecimentos contemplados no projeto e
os que ainda serão investigados. As pesquisas devem basear-
se em fontes formais e informais, levando também em
consideração os conhecimentos populares advindos das
famílias e de diferentes organizações sociais.
42
crenças e valores... É nas relações e nas trocas que
se ressignificam os saberes/fazeres. (2013, p. 22).
43
Quadro 1 – Organização para contemplar os grupos de bebês
(0 a 1 ano e 6 meses)
44
Quadro 2 – Organização para contemplar os grupos de
crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
45
46
Quadro 3 – Organização para contemplar os grupos de crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2
meses)
4
Definições e concepções
4.1 Escola
A escola infantil fundamenta-se no ingresso no sistema
educacional, rompendo com as abordagens assistencialistas
anteriormente presente na história da educação. De acordo
com as Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação
Infantil, essa etapa da Educação Básica caracteriza-se como:
47
de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade,
sem requisito de seleção. (BRASIL, 2010, p. 12).
48
como um espaço acolhedor e de relações, devendo ser capaz
de fornecer as ferramentas necessárias para aprender a
aprender, aprender a conviver, construindo e transformando
os saberes curriculares, sociais, culturais, construindo, assim,
uma aprendizagem significativa.
4.2 Ludicidade
A ludicidade é um elemento da educação que possibilita
o desenvolvimento integral da criança pelas interações
sociais, culturais e motoras oportunizado pelas linguagens
do brincar. (RAU, 2011).
A ludicidade não envolve só o brincar. Ela abrange as
diferentes atividades vivenciadas pelos indivíduos. O lúdico
traz o encantamento para o mundo infantil, oportuniza que
o indivíduo consiga elaborar suas experiências e
compreender o mundo ao seu redor. Através do lúdico o
professor consegue tornar significativas as aprendizagens das
crianças compreendendo e respeitando sua subjetividade.
Para que isso seja possível, é necessário um currículo que
permita que a criança experiencie essas situações lúdicas.
Nesse sentido, compreende-se que a ludicidade está
presente em grande parte da infância e em diferentes fases
de seu desenvolvimento como um jeito de favorecer à
criança o exercício criador, um espaço e tempo para a
formulação de teorias provisórias, como dizia Malaguzzi
(2001). Na Educação Infantil, todo o fazer pedagógico é
lúdico, visto que possibilita o desenvolver diferentes
linguagens através do brincar. Nesse processo, a criança
desenvolve e aprimora competências e habilidades como: a
socialização, a interação, a cooperação, a criatividade, a
autonomia, a linguagem entre outras, enriquecendo suas
vivências e ampliando suas aprendizagens.
A ludicidade permite e facilita a interação das crianças
com pessoas e com o seu meio, e isso significa organizar
49
um contexto que favoreça o acesso a um repertório de
informações ampliado. Essas informações possuem funções
criativas, comunicativas e representativas. A atividade lúdica
desempenha um papel central nessa abordagem, sobretudo,
as brincadeiras sensório-motoras e simbólicas, pois, dessa
forma, a criança consegue compreender o mundo que a
cerca. Dentro da ludicidade, podemos, de formas diferentes,
possibilitar o aprendizado, cantando, dançando, contando
histórias, conversando, dividindo, partilhando, vivenciando
e principalmente brincando.
Além disso, Bondioli e Mantovani compreendem que a
ludicidade é um dos princípios da experiência infantil que
pode dar novo significado ao erro, pois o brincar “permite
experimentar sem temer pelas consequências das próprias
ações: o erro torna-se uma informação a mais a ser considerada
(um caso negativo), não uma culpa”. (1998, p. 32).
4.3 Currículo
O currículo se constitui como uma caminhada, que parte
do processo de produção de determinados saberes e do
caminho percorrido pelos professores e crianças. Por isso é
fundamental a existência de um currículo adequado, que
vá ao encontro das necessidades das crianças, de maneira
contextualizada, a partir do interesse das mesmas e da
percepção do meio em que vivem. A criança tem direito de
experienciar, socializar-se, trocar ideias, cooperar, ter contato
com expressões artísticas variadas, desenvolver habilidades
motoras. Enfim, tudo que há de essencial para seu pleno
desenvolvimento, expandindo as possibilidades do uso da
ludicidade, por meio da interação com jogos e brincadeiras,
compreendendo que ambos são fundamentais para o
desenvolvimento das crianças.
A concepção de currículo assumida pela SME de Igrejinha
é a de um conjunto de experiências de escolarização que se
50
desdobra em torno do conhecimento, em meio a relações
sociais, que contribuem para a construção da identidade do
sujeito. (MOREIRA; CANDAU, 2007). Assim, o entendimento
de currículo associa-se ao conjunto de esforços pedagógicos
desenvolvidos com ações educativas carregadas de
intencionalidade, em busca do perfil de estudante egresso.
O currículo, assim entendido, institui o rompimento de
práticas fragmentadas, assistencialistas e escolarizantes nas
instituições municipais de Educação Infantil de Igrejinha,
assegurando o direito das crianças de viveram plenamente
a infância na escola. Nessa perspectiva, Moraes destaca que
51
Baseando-se nessa definição, podemos firmar um
currículo centrado na criança, despertando nos educadores
uma maior aproximação do ponto de vista dela, para, assim,
compreendê-la em suas necessidades. A criança é centro
do processo educativo e tem o direito de se apropriar da sua
cultura, desenvolvendo-se através de interações e
brincadeiras. De acordo com a proposta da Base Nacional
Comum Curricular:
52
movimentos em espaços amplos e de contato com a
natureza.
Barbosa e Richter (2015) reforçam esses pressupostos
apresentados nas DCNEIs, quando referem que um currículo
para crianças pequenas deve estar inserido na cultura, na
vida delas e das famílias; um currículo situado, que
encaminha à experiência, que considera a sensibilidade do
corpo, a observação, a constituição das relações, a
ludicidade, a imaginação, a alegria, a beleza, o raciocínio,
o cuidado consigo e com o mundo.
A proposta da Base Nacional Comum Curricular da
Educação Infantil (2016) busca esclarecer as concepções da
DCNEI, tornando-a ainda mais acessível à prática pedagógica
com bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas.
Estabelece, portanto, uma interlocução entre os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento das crianças e os
conhecimentos sistematizados, organizando-se por Campos
de Experiência, na perspectiva dos direitos de conviver,
brincar, participar, explorar, expressar e se conhecer.
Textualmente, assim traz a proposta:
53
54
Quadro 4 – Direitos de aprendizagens nos diferentes campos da experiência
Esses direitos de aprendizagem e desenvolvimento
articulados com os campos de experiência garantem uma
prática mais articulada e significativa, considerando o
desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos.
Conforme aponta Augusto,
55
I. O eu, o outro e o nós; II. Corpo, gestos e
movimentos; III. Traços, sons, formas e imagens; IV.
Escuta, fala, pensamento e imaginação; V. Espaços,
tempos, quantidades, relações e transformações.
(BRASIL, 2016, p. 65).
56
4.4 Criança
A criança é um sujeito histórico, que possui e produz
cultura. Traz consigo características comportamentais do
convívio com o seu primeiro grupo social – a família. Sendo
assim, a criança deve estar no centro da ação educativa em
todos os aspectos: cognitivos, emocionais, corpóreos,
estéticos e éticos. A alimentação, a higiene, a segurança, o
cuidado, o afeto, o respeito e a educação são direitos que
devem ser assegurados à criança. Para Martins Filho
57
4. 5 Infância(s)
A infância é a fase onde a criança se desenvolve, cria,
interage, experimenta, explora, vivenciando várias
experiências e socializando-as. Mas precisamos falar de
infâncias, pois precisamos olhar para as individualidades
das diferentes infâncias do contexto social e cultural de
nossas crianças.
Segundo Sarmento e Pinto (2007) apud Martins Filho
(2005, p.18), “as culturas da infância são tão antigas quanto
a própria infância, elas transportam marcas dos tempos,
exprimem a sociedade nas suas contradições, nos seus
extratos e na sua complexidade”. Isso quer dizer que, na
interação com adultos ou entre crianças, elas representam
muito das culturas que marcam as infâncias, distinguindo-
as no mundo dos adultos. Nós, educadores, precisamos olhar
com sensibilidade e profundidade às ações das crianças nos
meios social e cultural, o que nos fornece elementos para
significar o processo educativo.
Pensar e reconhecer que existem infâncias e não uma
única infância, significa estabelecer, antes de tudo a
importância das relações sociais, culturais, estéticas e
econômicas que criança tem consigo e com outras pessoas
de seu convívio, seja ele familiar, seja comunitário ou
institucional. A presença do afeto nessa relação é
fundamental para o seu pleno desenvolvimento. O ambiente
da instituição, da verdadeira escola da infância, deve
assegurar a articulação progressiva e desafiadora das
experiências que potencializam a comunicação e a
ludicidade, sempre respeitando a individualidade de cada
criança.
Com relação à infância e suas culturas, Martins Filho
considera que
58
o processo de formação das culturas da infância é
constituído individual e coletivamente, por
elementos aceitos da cultura dos adultos e por
elementos elaborados pelas próprias crianças. Elas
constroem e vivem a história de sua família, de sua
comunidade, da humanidade. (MARTINS FILHO,
2015, p. 22).
59
parceiros de infâncias ricas em possibilidades, com
experiências de troca entre seus pares, de respeito, de alegria,
de infância feliz. Garantimos com o nosso compromisso o
direito das crianças a uma infância digna em uma escola
pública de qualidade.
60
5
Brincadeiras e interações na
Educação Infantil
61
As interações e brincadeiras são os eixos que
fundamentam a ação pedagógica na Educação Infantil.
Brincando, a criança envolve-se emocional e afetivamente,
expressando-se e ampliando as diferentes linguagens, através
de gestos e atitudes que possibilitam trocas de
conhecimentos, experiências e culturas.
O desenvolvimento da criança está ligado intrinsecamente
ao brincar. Desde a Antiguidade há evidências de que o ser
humano constrói possibilidades de aprendizagem através
de brincadeiras; sendo assim, não é possível pensar a
Educação Infantil sem associá-la com o princípio do brincar.
Friedmann (2012, p.1) considera que o brincar é
“patrimônio cultural dos diversos grupos infantis”,
compreendendo que é natural, na criança, a capacidade de
brincar, e, a partir das brincadeiras ela reproduz o que
compreende das vivências do mundo adulto,
experimentando diferentes identidades nas situações do
cotidiano.
Existem muitas possibilidades de brincadeiras e interações
com as crianças na Educação Infantil, pois elas trazem
amplas e criativas contribuições através de suas experiências
e da compreensão de mundo. De acordo com o manual
Brincadeiras e interações nas diretrizes curriculares para a
Educação Infantil
62
participativa, tendo como objetivo estimular a criatividade
e a imaginação da criança, sempre respeitando sua
subjetividade e tornando o ambiente lúdico.
Segundo Mello e Valle (2005), é por meio do brinquedo
e de ações lúdicas que a criança expressa sua realidade,
ordenando e desordenando, construindo e desconstruindo
um mundo que lhe seja significativo e que corresponda às
necessidades intrínsecas para seu desenvolvimento. O
brincar estimula a criança em várias dimensões, como a
intelectual, a social e a física. A brincadeira a leva a novos
espaços de compreensão que a encorajam a prosseguir, a
crescer e a aprender.
Ao planejar, considerando o brincar, o educador deve
respeitar as necessidades e vontades das crianças, bem como
compreender que no brincar, não existe certo ou errado,
pois que esse é um processo criativo presente no
protagonismo infantil.
De acordo com o projeto “Crianças na Rede” (2010), em
pesquisa vinculada ao Plano Nacional pela Primeira Infância,
ao considerar o ponto de vista das crianças, destaca elas
63
O educador deve permitir que a criança expresse seu
protagonismo de forma espontânea, quer através de material
fornecido à ela, quer dramatizando e recontando histórias.
Enfim, estimular para que a criança experimente a partir de
suas aptidões natas ou de manifestações aprendidas na escola
e com a qual se sinta mais afinada.
Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 85), “brincar é uma
das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia”. Dessa forma, é necessário que
o educador organize espaços de modo a dar condições e
objetos (que estejam ao alcance da criança) adequados a
cada faixa etária, para que a mesma consiga elaborar
questões do seu cotidiano de forma simbólica ou através
dos jogos de regras.
Diversos sentimentos presentes nos momentos de
brincadeiras ajudam a construir a personalidade. Brincando,
a criança vai aprendendo aos poucos a lidar com angústias,
frustrações, desejos e anseios de modo natural. Nesse
sentido, Winnicott ensina:
64
indivíduos ou com o meio que a cerca. Muitas dessas
interações acontecem por através das brincadeiras, como
citamos anteriormente, porque estão entrelaçadas a todo
momento. Segundo Vygotsky “o ser humano cresce num
ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial
ao seu desenvolvimento”. (Apud DAVIS; OLIVEIRA, 1993,
p. 56).
O cotidiano escolar é permeado por interações. Essas
interações acontecem a partir da maneira como a criança é
alimentada, como precisa ser organizada e acalentada para
descansar, nas diversas possibilidades em relação ao brincar,
nos diferentes espaços que pode explorar. A presença do
adulto é muito importante; o professor tem um papel
mediador em todo o processo e necessita, acima de tudo,
ter um olhar e uma escuta sensíveis, oportunizando que as
crianças se sintam à vontade e dispostas a interagir em um
meio saudável e afetuoso. Conforme explica o RCNEI,
65
Ao se reportar às possibilidades de interação, deve-se ter
claro o cuidado de organizar espaços diferenciados, amplos,
desafiadores e repletos de diferentes materiais e elementos
da natureza. A interação com os mesmos, também possibilita
novas descobertas e experiências, e as crianças têm a
possibilidade de se descentralizar do adulto, desenvolvendo
sua criatividade, não em uma sequência rotineira, onde todos
devem realizar tudo da mesma forma e no mesmo tempo,
mas oportunizando à criança a possibilidade de escolha,
tornando-se, assim, mais crítica, criativa e autônoma. De
acordo com Horn,
66
diferentes texturas, sabores, cheiros e sons. Ainda nesse
sentido, os espaços devem ser adequados ao movimento
das crianças, estimulando-as a rolar, engatinhar e a ensaiar
os primeiros passos.
Pensando em todo esse leque de possibilidades que ocorre
na interação entre professores e crianças, crianças com as
demais crianças e com o meio, fica clara a importância de
cada momento na escola. Por isso, precisam ser repletos de
afetividade. Que cada toque, cada palavra, cada ato venha
carregado de cuidado, pois é a partir dessas interações que,
de fato, as aprendizagens vão se tornar significativas na vida
de cada criança.
As relações afetivas entre professores e crianças devem
ser intrínsecas às práticas cotidianas, fazendo com que as
crianças se sintam acolhidas no contexto escolar. Esse vínculo
faz com que a criança se torne mais segura e autoconfiante,
pois o mesmo contribui de forma positiva na construção e
na elaboração de seus sentimentos.
67
68
6
Avaliação
69
observada e registrada pelo professor. Para efetivar essa
prática, é fundamental que o mesmo:
1) tenha domínio sobre as teorias do desenvolvimento
infantil e aprendizagem;
2) conheça as concepções de Educação Infantil expressas
na proposta pedagógica da escola;
3) compreenda o momento e as necessidades de cada
uma das crianças;
4) assuma o papel de facilitador para que novas
descobertas sejam realizadas pelas crianças e ao
mesmo tempo, que exerça o papel de expectador, ou
seja, daquele que assiste de forma ativa a esse
momento de descobertas, estimulando, permitindo,
incentivando e proporcionando situações que
promovam o desenvolvimento e as aprendizagens.
70
de avaliar a criança, mas as situações de aprendizagens que
foram oferecidas. (BRASIL, 1998, p. 66).
Pode-se considerar como formativa toda prática contínua
de avaliação, que acompanhe a criança em seu
desenvolvimento, conhecendo os avanços e limites no
processo de aprendizagem. A avaliação na Educação Infantil
deve privilegiar interesses e necessidades de cada criança,
valorizando suas descobertas.
No Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (BRASIL, 1998), em seu livro de introdução, o item
“Observação, registro e avaliação formativa”, em
conformidade com a legislação vigente, traz uma visão da
avaliação como “um conjunto de ações que auxiliam o
professor a refletir sobre as condições de aprendizagens
oferecidas e ajustar a sua prática às necessidades colocadas
pela criança”. Ou seja, não há a menor vinculação com a
questão classificatória, punitiva ou ainda promocional que
erroneamente está vinculada à avaliação. Traz, ainda, que a
avaliação deve considerar também os aspectos de formação
pessoal, social e o conhecimento de mundo. O documento
complementa que a avaliação,
71
A avaliação deve ser um instrumento de diagnóstico e
diálogo, essencial para a educação, pois é o momento de
problematizar, questionar e refletir sobre a ação, buscando
novas estratégias que tenham como objetivo principal a
aprendizagem. Nesse norte, é tarefa permanente do professor
e deve ser uma prática comprometida com o
desenvolvimento das crianças.
As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil
(DCNEIs) traduzem de forma clara os caminhos a serem
percorridos pelos processos de avaliação:
72
dinâmico de acolhimento dos saberes infantis, permitindo
que o processo avaliativo ocorra com qualidade, deverão,
professor e equipe, estar atentos ao selecionar, organizar,
refletir, mediar e avaliar o conjunto das práticas cotidianas
que se realizam na escola, sempre com a participação e
interação das crianças.
73
III. a adoção de pareceres descritivos que se definem
como um dos instrumentos de expressão do
desenvolvimento das crianças aos responsáveis
legais. Os pareceres são embasados nas anotações
que devem ser realizadas ao longo do trimestre em
documentos que traduzem o desenvolvimento, as
vivências e as experiências das crianças de forma
individual, organizados por cada escola,
IV. a socialização dos portfólios e pareceres às
famílias das crianças deve constituir-se em um
momento significativo de interação entre o professor,
a criança e os familiares. Cada escola deve reservar,
no calendário escolar, ao longo do ano, no mínimo,
um momento exclusivo a cada trimestre para a
realização desta socialização.
74
Respeitar o tempo da criança é necessário, uma vez que
se entende e acredita que esse sujeito é o protagonista de
sua própria história e futuro. O exercício de observar, registrar
e documentar já praticado nos interiores das escolas da rede
municipal torna-se o ponto de partida para a qualificação
do trabalho desenvolvido diariamente com nossos pequenos,
em todas as instituições de ensino para que o mesmo se
torne uma prática efetiva dos docentes.
O ato de observar parte do olhar sensível e atento do
professor acerca do desenvolvimento da criança. O mesmo
revela a concepção desse profissional em relação à infância
e à aprendizagem.
A prática de registrar precisa estar vinculada à criança e
não somente aos objetivos predeterminados pelo professor.
Deve ser algo constante que acompanhe o processo de
desenvolvimento, além de fornecer importantes subsídios
ao trabalho docente.
Os documentos pedagógicos, por sua vez, têm o
compromisso de, em seus registros, tornar visíveis e evidentes
as aprendizagens, o desenvolvimento e a vida da criança
em sua trajetória na Educação Infantil.
75
III. Utilização de múltiplos registros realizados por
adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos,
álbuns, etc.);
III. Continuidade dos processos de aprendizagens por
meio da criação de estratégias adequadas aos
diferentes momentos de transição vividos pela
criança (transição casa/instituição de Educação
Infantil, transições no interior da instituição, transição
creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino
Fundamental);
IV. Documentação específica que permita às famílias
conhecer o trabalho da instituição junto às crianças
e os processos de desenvolvimento e aprendizagem
da criança na Educação Infantil;
V. Não retenção das crianças na Educação Infantil.
76
habilidades já estão bem-desenvolvidas ou em processo de
desenvolvimento. Isso dependerá do tempo de cada uma e,
ainda, para observar quais são as necessidades da turma a
serem priorizadas no seu planejamento. O envolvimento
das crianças na avaliação das atividades e seus registros
também é critério preponderante do processo avaliativo. São
matéria desse campo, as ações das crianças e do professor
que poderão ocorrer através das próprias produções ou
fotografias.
77
78
Referências
79
____. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
____. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:
formação pessoal e social. Ministério da Educação e do Desporto.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. V. 1
e 2.
____. O que a criança não pode ficar sem, por ela mesma.
Participação Infantil no Plano Nacional pela Primeira Infância. São
Paulo. 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília: 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional
9.394/96. 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Fundamental. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil. Brasília: 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 1.
BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e maquinarias. Tese de
doutorado. Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2001.
CIASCA, Maria Isabel Figueiras Lima; MENDES, Débora Lúcia Lima
Leite. Estudos de avaliação na Educação infantil. Est. Educ. São Paulo,
v. 20, n. 43, maio/ag. 2009.
DAVIS, Claudia. OLIVEIRA, Zilma.Psicologia na educação. São Paulo:
Cortez, 1993.
FARIA, Vitória; SALLES, Fátima. Currículo na Educação Infantil:
diálogo com os demais elementos da Proposta Pedagógica. 2. ed.
São Paulo: Ática, 2012.
FOCHI, A. Afinal, o que os bebês fazem no berçário? Comunicação,
autonomia e saber-fazer de bebês em um contexto de vida coletiva.
Porto Alegre: Penso, 2015.
80
FINCO, Daniela (Org.). Campos de experiências na escola da
infância: contribuições italianas para inventar um currículo de
educação infantil brasileira. Campinas: SP, 2015.
FLORES. Maria Luiza Rodrigues; ALBUQUERQUE, Simone Santos
de (Org.). Implementação do Proinfância no Rio Grande do Sul:
perspectivas políticas e pedagógicas. Porto Alegre: Ed. Edipucrs, 2015.
FRIEDMANN, A. O brincar na Educação Infantil: observação,
adequação e inclusão. São Paulo: Ed. Moderna. 2012.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação e Educação Infantil. Porto Alegre:
Mediação, 2012.
HORN, Maria da Graça de Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a
organização dos espaços na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed,
2004.
HOYUELOS, A. Prólogo. In: I. et al. Ritmos infantiles: tejidos de un
paisaje interior. Barcelona: Octaedro, 2007.
IGREJINHA/RS. 2015. Propostas Político Pedagógicas das Escolas
Municipais de Ensino Fundamental. Igrejinha, 2015.
IGREJINHA. Lei 4.316/2011
KISHIMOTO, T.; FREYBERGER, A. Manual de orientação pedagógica:
brinquedos e brincadeiras nas creches. Brincadeiras e interações nas
Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Brasília: 2012.
MANARIN, Maeli Sorato. A avaliação na Educação Infantil: o que
reflete esse processo. Ed. da Unesc. Criciúma: 2009.
MARTINS FILHO, Altino José (Org.). Criança pede respeito. Porto
Alegre: Mediação, 2005.
___. Infância plural: crianças do nosso tempo. Porto Alegre: Mediação,
2006.
MELO, L; VALLE, E. O brinquedo e o brincar no desenvolvimento
infantil. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 23, n. 40. p. 43- 48, 2005.
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual
discursiva. Ijuí: Ed. da Unijuí, 2007.
81
82
Nota das organizadoras
•
Doutoranda em Educação. Mestrado em Educação, graduação em
Licenciatura em Pedagogia. É professora do Centro de Ciências Humanas e
da Educação (CCHE) da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
**
Doutorada e Mestre em Educação, graduação em Licenciatura em
Pedagogia. É professora do Centro de Ciências Humanas e da Educação
(CCHE), Universidade de Caxias do Sul (UCS).
83
Privilégio poderia ser uma palavra que caberia muito bem
para expressar esse voo. Ainda assim, preferimos utilizar
aventura. A aventura que tem em sua origem o significado de
estar preparado para o que vier pela frente. Diferentemente da
aventura em que não se medem os riscos e que se espera por
um fim inesperado, a aventura dessa escrita consistiu em uma
jornada planejada de formação e de estudo com todos os
profissionais envolvidos com a Educação Infantil do município,
desde a gestão até a sala de aula, com vistas à produção final
do RCMEI.
Tal qual as muitas aventuras de Albert Saint-Exúpery, a
aventura de escrita do RCMEI proporcionou para cada um de
nós: conhecimentos sobre a criança e a infância; sobre a
aprendizagem e as políticas para a Educação Infantil; sobre as
relações humanas e a amizade possível nos espaços educativos.
Somos, sim, responsáveis por aquilo que cativamos. Por isso,
agradecemos à Equipe da Secretaria Municipal de Educação
de Igrejinha, especialmente, os profissionais da Educação
Infantil desse município por nos cativarem e permitirem a
reciprocidade na docência. Obrigada por tudo que nos
ensinaram!
84