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PROJETO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL PARA DETECÇÃO

PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA, POR INTERMÉDIO DA MAMOGRAFIA

MANUAL DE
TÉCNICAS
MAMOGRÁFICAS

Realização: Participação: Apoio:


Projeto de Capacitação Profissional para Detecção
Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio da Mamografia

Manual de Técnicas
Mamográficas

Realização: Participação: Apoio:


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJ

PROJETO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL PARA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE


MAMA, POR INTERMÉDIO DA MAMOGRAFIA
Coordenador do Projeto: Prof. Dr. Carlos Eduardo de Almeida

AUTORES
Maria da Graça Magalhães - Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ
Josy Casicava,M.Sc – Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ
João Emílio Peixoto, D.Sc – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Ellyete Canella, M.Sc - Instituto Nacional do Câncer - INCA

EDITORES
Prof. Dr. Carlos Eduardo de Almeida – Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Prof. Dr. João Emílio Peixoto - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

COORDENAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR / DBB / IBRAG
Projeto de Capacitação Profissional para Detecção Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio
da Mamografia
Rua São Francisco Xavier 524, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha sala -136, térreo - Maracanã
Rio de Janeiro, CEP: 20550-900
Fone: (21) 2587-7793 / (21) 2587-7795
Fax: (21) 2234 9383
www.lcr.uerj.br

APOIO
Instituto AVON
Campanha:Um Beijo pela Vida
Projeto de Capacitação Profissional para Detecção
Precoce do Câncer de Mama, por Intermédio da Mamografia

Coordenador Geral do Projeto:


Carlos Eduardo do Almeida – Ph.D
Prof. Titular em Física Médica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Coordenador do Laboratório de Ciências Radiológicas – DBB – IBRAG – UERJ
Doutor em Física Médica pela Universidade do Texas

Coordenador do Programa Médico:


Hilton Augusto Koch – D.Sc
Prof. Titular em Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Prof. Titular em Radiologia pela PUC /RJ
Chefe do Serviço de Radiologia da Santa Casa de Misericórdia – RJ
Doutor em Medicina pela UFRJ

Coordenador do Programa Técnico:


João Emílio Peixoto – D.Sc
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Comissão Executiva:
Sheila Magalhães – Especialista em Treinamento
Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

José Moutinho – Gerente de Projetos


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

Arnaldo Lassance - Médico


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro –CVS/SES

Josy Casicava – M.Sc - Física


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ

Rubens Silva e Silva – Assistente Contábil


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR/UERJ
Manual de Câmara Escura para Mamografia

Colaboradores na Reunião de Consenso do Conteúdo deste Manual

Alair Sarmet M. D. dos Santos - Médico


Sociedade Brasileira de Radiologia - SBR

Andrea Araujo – Técnica


Instituto Fernandes Figueira - IFF

Arnaldo Lassance - Médico


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Elizabeth Angela Monteiro - Dentista


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Fabiana Monteiro da Silva - Técnica


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Flávia Andrade de Mello Oliveira - Física


Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro - CVS

Josmael Portela – Tecnólogo


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR / UERJ

Júlia Lindalva da Costa Ferreira – Técnica


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Luiz Antonio Leal da Silva – Técnico


Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - CRTR

Luis Alexandre Gonçalves Magalhães, M.Sc – Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR /UERJ

Marcos Costa - Médico


Instituto Fernandes Figueira – IFF

Rafael Carvalho – Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas - LCR /UERJ

Vânia Rosário – Técnica


Instituto Fernandes Figueira – IFF

Wagner Lopes Cardozo - Físico


Laboratório de Ciências Radiológicas – LCR /UERJ
Apresentação

Segundo informações da Organização Mundial de Saúde, a cada ano são diagnosticados


aproximadamente um milhão e duzentos mil novos casos de câncer de mama em todo o mundo,
tornando esse tipo de câncer o mais comum entre as mulheres. No Brasil, baseado nas informações
do INCA, a incidência no Estado do Rio de Janeiro é da ordem de cem novos casos e cerca de vinte
óbitos para cada dez mil mulheres, sendo a maior taxa do país.

A mamografia é reconhecidamente o método mais eficiente e o de escolha para o diagnóstico precoce


do câncer de mama, bem como para os programas de rastreamento em mulheres assintomáticas.
Em geral, o exame mamográfico pode ter uma especificidade superior a 85% dos casos investigados
quando de boa qualidade e acompanhado de um bom laudo médico.
Quando uma mamografia é indicada, alguns fatores são determinantes para que se obtenha uma
imagem com boa qualidade para diagnóstico, dentre eles:
• indicação médica adequada,
• funcionamento adequado dos equipamentos,
• funcionamento adequado da câmara escura e
• procedimentos uniformizados para a realização dos laudos de interpretação da imagem.

Estes fatores dependem, portanto, de variáveis associadas aos profissionais médico, técnico e físico,
incluindo o controle da qualidade dos processos, exigindo uma visão estratégica multidisciplinar
para os programas que visem a garantir a qualidade da imagem e do laudo.

O controle da qualidade técnica dos mamógrafos, o treinamento de radiologistas e técnicos em


radiologia e a uniformização de procedimentos para cada uma destas atividades são essenciais
para a obtenção de uma boa imagem e, conseqüentemente, bons laudos médicos.

Este programa visa, de forma integrada, a promover a capacitação de médicos, técnicos, e


físicos, além de realizar a avaliação dos equipamentos de um conjunto de serviços que realizam a
mamografia no Estado do Rio de Janeiro.

Como parte deste programa e buscando a uniformização dos procedimentos, quatro manuais foram
desenvolvidos: o Manual de Câmara Escura, o Manual de Técnicas Mamográficas, o Manual Técnico
de Avaliação dos Serviços de Mamografia e o Manual para Capacitação Profissional no Diagnóstico
Precoce do Câncer de Mama, que estão sendo utilizados em um programa de treinamento.

Sem a dedicação dos coordenadores, professores, colaboradores de cada área e do staff da


coordenação, indicados em cada documento, não seria possível desenvolver este trabalho de
forma consensual, objetiva e com a qualidade desejada. O apoio do Instituto Avon foi, sem dúvida,
fundamental para agregar os profissionais e materializar a idéia.

Carlos Eduardo de Almeida - PhD.


Professor Titular em Física Médica
Coordenador do Projeto
Manual de Técnicas Mamográficas

ÍNDICE

1 APARELHO DE MAMOGRAFIA ............................................................................ 11


1.1 EVOLUÇÃO ........................................................................................................... 13
1.2 COMPONENTES BÁSICOS DE UM MAMÓGRAFO ............................................ 14
1.3 TUBO DE RAIOS X ............................................................................................... 15
1.3.1 Câtodo .................................................................................................................... 15
1.3.2 Ânodo ..................................................................................................................... 15
1.3.3 Posicionamento do Tubo de Raio X ....................................................................... 15
1.4 COMPRESSÃO ...................................................................................................... 17
1.5 GRADES ANTIDIFUSORAS .................................................................................. 18
1.5.1 Razão de Grade ..................................................................................................... 18
1.6 MODOS DE OPERAÇÃO ...................................................................................... 19

2 RAIOS X ................................................................................................................. 21
2.1 PRODUÇÃO DE RAIOS X ..................................................................................... 21
2.1.1 Radiação Característica ......................................................................................... 23
2.1.2 Radiação de Freamento ......................................................................................... 23
2.1.3 Efeito do Material Anódico no Feixe ....................................................................... 23
2.1.4 Ajuste do Feixe de Raios X .................................................................................... 24
2.2 EFEITO DA FILTRAGEM ADICIONAL .................................................................. 25
2.3 INTERAÇÃO DOS RAIOS X COM O TECIDO MAMÁRIO .................................... 26
2.3.1 Nenhuma Interação ................................................................................................ 26
2.3.2 Efeito Fotoelétrico ................................................................................................... 26
2.3.3 Efeito Compton ....................................................................................................... 26

3 ANATOMIA DA MAMA ........................................................................................... 27


3.1 ANATOMIA RADIOLÓGICA E FISIOLOGIA NAS INCIDÊNCIAS DE ROTINA ...... 29
3.2 MORFOLOGIA ........................................................................................................ 31
3.2.1 Configuração Interna .............................................................................................. 31
3.2.2 Configuração Externa ............................................................................................. 32

Projeto LCR/AVON 
Manual de Técnicas Mamográficas

3.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS MAMAS ............................................................. 34


3.3.1 Ductos Principais e seus Ramos ........................................................................... 34
3.4 LESÕES DETECTADAS NA MAMOGRAFIA ........................................................ 35

4 EXAME MAMOGRÁFICO ..................................................................................... 37


4.1 COMEÇANDO O EXAME ...................................................................................... 39
4.1.1 Relação Técnica e Paciente .................................................................................. 39
4.1.2 Análise da Mamografia .......................................................................................... 39
4.1.3 Anamnese Dirigida ................................................................................................. 40
4.2 INDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DO EXAME MAMOGRÁFICO ...................... 41
4.2.1 Mamografia de Rotina ............................................................................................ 41
4.2.2 Mamografia Diagnóstica ........................................................................................ 41
4.2.3 Outras Situações Diagnósticas .............................................................................. 41
4.3 IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO MAMÁRIO ........................................................... 42
4.3.1 Tipos de Mama ...................................................................................................... 42
4.3.2 Regiões da Mama .................................................................................................. 42

5 POSIÇÕES MAMOGÁFICAS ................................................................................ 43


5.1 INCIDÊNCIAS BÁSICAS ....................................................................................... 45
5.1.1 Crânio-caudal – CC ............................................................................................... 45
5.1.2 Médio-lateral Oblíqua – MLO ................................................................................. 46
5.2 INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES .................................................................... 48
5.2.1 Crânio-caudal Forçada – XCC ............................................................................... 48
5.2.2 Cleavage – CV ....................................................................................................... 49
5.2.3 Médio-lateral ou Perfil Externo - ML ou P .............................................................. 49
5.2.4 Lateromedial ou Perfil Interno ou Contact – LM .................................................... 50
5.2.5 Caudocranial – RCC .............................................................................................. 51
5.3 MANOBRAS .......................................................................................................... 52
5.3.1 Compressão Localizada ........................................................................................ 52
5.3.2 Ampliação (magnificação) ...................................................................................... 52
5.3.3 Manobra Angular ................................................................................................... 53
5.3.4 Manobra Rotacional – Roll - RL ou RM ................................................................. 54

 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

5.3.5 Manobra Tangencial – TAN ................................................................................... 55


5.4 RECOMENDAÇÕES DE TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS ..................................... 56
5.4.1 Mama Feminina ..................................................................................................... 56
5.4.2 Mama Masculina (ou feminina muito pequena) ..................................................... 56
5.4.3 Mamas com Implantes ........................................................................................... 56
5.4.4 Pacientes Mastectomizadas e Mama Reconstruída .............................................. 57
5.4.5 Pacientes com Tumores Volumosos ...................................................................... 57
5.4.6 Mamas com Cirurgia Conservadora e Radioterapia .............................................. 57
5.4.7 Peça Cirúrgica ....................................................................................................... 57
5.5 INFORMAÇÕES IMPORTANTES ......................................................................... 58

6 CONTROLE DA QUALIDADE EM MAMOGRAFIA .............................................. 59


6.1 TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DOS APARELHOS DE MAMOGRA-
FIA .................................................................................................................................. 61
6.1.1 Alinhamento entre o Campo de Raios X e o Filme Radiográfico .......................... 61
6.1.2 Controle Automático de Exposição ........................................................................ 62
6.1.3 Força de Compressão ........................................................................................... 63
6.1.4 Alinhamento da Bandeja de Compressão ............................................................. 63
6.2 TESTE DE CONTROLE DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE REGISTRO DE IMA-
GEM ............................................................................................................................ 65
6.2.1 Integridade dos Chassis ........................................................................................ 65
6.3 TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS IMAGENS RADIOGRÁFICAS . 66
6.3.1 Artefatos e Uniformidade da Imagem .................................................................... 66
6.3.2 Limites de Definição e Contraste da Imagem do Simulador Mamográfico ............ 66
6.4 TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS SALAS DE LAUDOS 68
6.4.1 Luminação do Negatoscópio ................................................................................. 68
6.4.2 Iluminação da Sala ................................................................................................ 69
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................
73
ANEXO 01- EXEMPLO DE FICHA DO SERVIÇO DE RADIOLOGIA .............................
75
ANEXO 02 – DICAS PARA EXAMES MAMOGRÁFICOS ..............................................
77
ANEXO 03 – DICAS PARA CÂMARA CLARA ................................................................

Projeto LCR/AVON 
1
APARELHO DE
MAMOGRAFIA

EVOLUÇÃO

COMPONENTES BÁSICOS

TUBO DE RAIOS X

COMPRESSÃO

GRADES ANTIDIFUSORA

MODOS DE OPERAÇÃO
Manual de Técnicas Mamográficas

1.1 EVOLUÇÃO

Antes de 1969, os exames radiológicos da ção espalhada que atingia o filme radiográfi-
mama eram realizados em aparelhos pro- co. Estes aparelhos passaram a constituir a
jetados para os exames convencionais de segunda geração de mamógrafos (GABBAY
tórax, abdome, extremidades entre outros. – 1994).
Para facilitar a realização dos exames de
mama, alguns desses aparelhos possuí- Finalmente em 1992, segundo um projeto de
am dispositivos rudimentares de compres- Gabbay (GABBAY – 1994), foi apresentado
são de mama fabricados artesanalmente um aparelho que passou a ser considerado
nos próprios serviços de radiologia. Todas o precursor da terceira e mais atual geração
as características dos aparelhos conven- de mamógrafos. Estes equipamentos fão
cionais: falta de tela intensificadora, curtas utilizados até os dias de hoje (Figura 1.1).
distâncias foco-pele, etc.) produziam ima-
gens radiográficas da mama com pouco Os aparelhos de terceira geração possuem
contraste, sem grande definição geométrica alvos de diferentes materiais (Mo, Rh e W)
e, principalmente, altas doses de radiação e filtrações adicionais que ajudam a produ-
(GABBAY – 1994). zir um feixe mais homogêneo, diminuindo
a dose na paciente e produzindo uma ima-
A fabricação do primeiro aparelho dedica- gem com maior contraste. Os dispositivos
do exclusivamente à mamografia, em 1969, de controle automático encontrado nesses
modelo Senographe, pela companhia CGR, aparelhos ajudaram a diminuir os erros téc-
incentivou diversos outros fabricantes (Sie- nicos dos exames mamográficos.
mens, Philips, Picker e Generl Eletric) a pro-
duzirem modelos similares, surgindo, assim,
a primeira geração de mamógrafos.

A segunda geração surgiu com o modelo de


mamógrafo dedicado com tubo de raios X
possuindo dois pontos focais. Este modelo
de mamógrafo foi produzido, inicialmente,
pela empresa Radiological Sciences Inc.,
subsidiária da Pfizer, dos Estados Unidos,
tendo como base o trabalho de pesquisa
desenvolvido por Braun (BRAUN – 1978).

Em 1984, a CGR lançou um tubo de raios


X para mamografia com microfoco e alta
corrente elétrica. Este novo tubo de raios
X passou a permitir tanto a realização de
projeções ampliadas como a utilização de
maiores distâncias foco-pele que produziam
imagens com melhor definição geométrica e
Figura 1.1 – Exemplo de um mamógrafo de terceira
maior contraste devido à redução da radia-
geração. (Mammomat 1000 - Siemens)

Projeto LCR/AVON 13
Manual de Técnicas Mamográficas

1.2 COMPONENTES BÁSICOS DE UM


MAMÓGRAFO
a

f
g

Figura 1.2 - Componentes de um equipamento de mamografia.

Podemos identificar na Figura 1.2, pelas le- redução dos efeitos de borramento da radia-
tras indicadas, os seguintes componentes: ção espalhada na imagem radiográfica.

a) Cabeçote do equipamento: Local em f) Porta-chassi: Estrutura metálica onde é


que se encontra a ampola (tubo) de raios X, colocado o chassi com o filme.
onde produz a radiação propriamente dita.
g) Controle automático de exposição
b) Filtração: Filtros adicionais, geralmen- (CAE) : Sensor que determina o tempo de
te de Mo ou Rh, tem como função filtrar os exposição de acordo com alguns parâme-
raios x de baixa energia. tros técnicos pré-estabelecidos e parâme-
tros físicos da mama irradiada.
c) Colimação: Responsável pelo tamanho
do campo, redução do efeito penumbra e da
radiação espalhada.

d) Compressor: Usado para fixar, uniformi-


zar e diminuir a espessura da mama.

e) Grade antidifusora: Responsável pela

14 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

1.3 TUBO DE RAIOS X


Os raios X são produzidos e emitidos em Quando o filamento é aquecido, pela pas-
todas as direções por isso o tubo de raios sagem de corrente elétrica, elétrons são li-
X diagnóstico é envolvido por uma carapa- berados termoionicamente. Esses elétrons
ça protetora de metal forrada com chumbo, possuem carga negativa e se repelem entre
que blinda todas essas radiações espalha- si. Para que não haja uma dispersão dos
das, deixando passar apenas uma parte mesmos, o filamento do catodo é envolvi-
que será utilizada nos exames, chamada do por uma capa carregada negativamente
de feixe útil. chamada de capa focalizadora.

câtodo ânodo

1.3.2 ANODO
rotor
Depois de liberados, os elétrons são ace-
lerados em direção ao ânodo por uma di-
ferença de potencial aplicada entre o cato-
do e ânodo. Estes elétrons, ao interagirem
com o anodo, que também é conhecido por
“alvo”, têm uma pequena parte de sua ener-
carapaça protetora gia convertida em raios X. A outra parte,
cerca de 99% da sua energia cinética são
Figura 1.3 - Tudo de raios X. transformadas em calor. Por isso os alvos
encontram-se em um disco giratório cujo o
Todos os tubos de raios X consistem em um movimento distribui o processo de interação
cátodo e um ânodo, colocados dentro de numa superfície maior e ajuda a dissipar o
uma ampola de vidro na qual é feito vácuo. calor (Figura 1.5).

1.3.1 CATODO

O catodo consiste em um filamento helicoi-


dal de tungstênio (W), que tem alto ponto de Figura 1.5 - Ânodo gira-
fusão, acima de 3.300 oC (Figura 1.4). Seu tório onde estão localiza-
diâmetro é de 0,3 a 0,1 mm e seu compri- dos os alvos.
mento de 1 ou 2 cm para tubos de raios X
de mamografia Em mamografia os alvos são confecciona-
dos de Mo e/ou Rh . A escolha desses ma-
0.3 mm teriais atendem a certas exigências tecnoló-
0.1 mm gicas, tais como:

ß Alto número atômico, resultando em


Figura 1.4 - Filamento onde grande eficiência na produção de raios-X
são produzidos os elétrons. na faixa de energia desejada.

Projeto LCR/AVON 15
Manual de Técnicas Mamográficas

ß Condutividade térmica quase igual a


do cobre, que permite uma rápida dissi-
pação do calor produzido.

ß Ponto de fusão alto, superior à tem-


peratura gerada pelas interações dos de
elétrons (2.000 °C).

1.3.3 POSICIONAMENTO DO
TUBO DE RAIOS X

Os tubos de raios X de equipamentos anti-


gos de mamografia eram posicionados pa-
ralelos ao receptor de imagem e possuíam
anodos fixos de Mo (Figura 1.6). Isso oca-
sionava altas doses no tórax da paciente
sem necessidade. Os equipamentos atuais
possuem anodos giratórios, com diferentes Figura 1.7 - Posicionamento do tubo de raios X em
materiais e posicionamento diferente (Figu- equipamentos modernos de mamografia.
ra 1.7). O tubo fica inclinado em relação ao
receptor de imagem. Toda essa geometria
nova possibilitou uma diminuição significati-
va da dose na paciente.

Figura 1.6 - Posicionamento do tubo de raios X em


equipamentos antigos de mamografia

16 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

1.4 COMPRESSÃO
Uma boa mamografia requer o uso da com- ß Aumenta a resolução da imagem, por-
pressão, através de uma bandeja radio- que restringe os movimentos da paciente
transparente que possui uma transmissão (Figura 1.9).
dos raios X de aproximadamente 80% a 30
kVp (Figura 1.8). Uma compressão eficiente A B
encontra-se entre 13 e 15 kgf, para obten-
ção de um bom exame (na prática, em apa-
relhos que não indicam automaticamente
a força de compressão utilizada, podemos
comprimir até a pele ficar tensa e/ou até o
limite suportado pela paciente).

Na Figura 1.8 podemos observar dois tipos


de bandeja de compressão e suas aplica-
ções.
Figura 1.9 - Exemplo de exame de mamografia com
A
boa compressão e inadequada compressão. A)
Mama bem comprimida, imagem de boa qualidade.
B) Compressão insuficiente da mama, houve o movi-
mento da paciente durante o exame, a imagem apa-
rece toda borrada, imprópria para o laudo.

ß Diminui distorções, porque aproxima a


mama do filme.
B

ß “Separa” as estruturas da mama, di-


minuindo a superposição e permitindo
que lesões suspeitas sejam detectadas
com mais facilidade e segurança (Figura
1.10).
Figura 1.8 - Exemplos de bandejas de compressão
usados em exames de mamografia. A) Bandeja para ß Diminui a variação na densidade radio-
compressão total. B) Bandeja para compressão lo- gráfica ao produzir uniformidade na es-
calizada. (Ref. American Mammographics S.O.F.T. pessura da mama.
Paddle-www.americanmammographics.com)

Importância da Compressão Sem compressão Com compressão

ß Reduz a dose de radiação, porque di-


minui a espessura da mama.

ß Aumenta o contraste da imagem, por-


que a redução da espessura da mama Figura 1.10 - Diferença entre uma mama sem com-
diminui a dispersão da radiação. pressão e outra comprimida.

Projeto LCR/AVON 17
Manual de Técnicas Mamográficas

1.5 GRADES ANTIDIFUSORAS


A grade é o meio mais efetivo de remover 1.5.1 Razão de Grade
a radiação espalhada (secundária) de um
campo de radiação antes que esta chegue Pelo fato da grade antidifusora ser construí-
ao detector (filme) (Figura 1.11). As grades da com variações em relação as espessuras
são construídas com lâminas verticais alter- e alturas das lâminas, foi desenvolvido um
nadas de chumbo e material radiotranspa- parâmetro para comparação da sua qua-
rente como plástico ou fibra (Figura 1.12). lidade afim de caracterizar sua utilização.
Essas lâminas são orientadas de modo que Esse faor é o que chamamos de Razão de
a radiação primária passe pelas lâminas de Grade.
material radiotransparente fixadas entre as
lâminas de chumbo, e as radiações espa- A razão de grade é a relação entre a altura
lhadas (secundárias) se choquem nas lâmi- das lâminas e a distância entre elas. Na Fi-
nas de chumbo sendo absorvidas antes de gura 1.13 essa relação de razão de grade
chegar ao filme. pode ser entendida melhor.

Razão de Altura (h)


=
Fótons Primários Grade Distância entre
as lâminas (d)

A
Fótons Espalhados Alta Razão de Grade

h
Grade
Antidifusora d
B
Filme
Figura 1.11 – A função da grade antidifusora é retirar Baixa Razão de Grade
os fótons espalhados, diminuindo o borramento da
imagem. h

d
Feixe Primário Feixe Espalhado
Figura 1.13 - Diferença entre duas grades anti-difu-
sora. A) Grade com alta razão. B) Grade com razão
baixa.

Em mamografia as grades são constituídas


Filme de 30 a 60 linhas de chumbo por centímetro
Figura 1.12 – Ilustração da retirada da radiação es- de material radio transparente e a razão de
palhada pela grade antidifusora grade é de 4:1 ou 5:1.

18 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

1.6 MODOS DE OPERAÇÃO


Os mamógrafos atuais permitem realizar
exames com 3 modos de operação:

ß Automático – O aparelho seleciona a


tensão (kV) de acordo com a espessura
da mama comprimida, dando também a
corrente e tempo (mAs) adequado;

ß Semi-automático – O operador sele-


ciona o kV de acordo com a espessura
da mama comprimida, o aparelho calcula
o mAs. Para calcular o kV, utiliza-se a se-
guinte regra: kV= (espessura da mama x
2) + constante do aparelho (geralmente
em torno de 20);

ß Manual – O operador seleciona o kV e


o mAs. Exemplo: 25 kV – 80 mAs; 27 kV
– 120 mAs, para mamas densas.

Controle Automático de Exposição

No modo semi-automático e automático uti-


liza-se o controle automático de exposição
na realização dos exames.

O detector do controle automático de exposi-


ção deve ser posicionado em correspondên-
cia com a região de maior espessura a ser
radiografada. Em geral, a região de maior
espessura é a base da mama e a parede do
tórax e, por isso, o detector deve estar na
primeira posição.

Em mamas volumosas e em mamas com


grandes tumores o detector deve ser des-
locado para segunda ou terceira posição.
Nas mamas com implante de silicone, se o
exame não for realizado no modo manual, a
célula também deve ser deslocada

Projeto LCR/AVON 19
2 RAIOS X

PRODUÇÃO DE RAIOS-X

EFEITO DA FILTRAGEM ADICIONAL

INTERAÇÃO DOS RAIOS X COM O TECIDO


MAMÁRIO


Manual de Técnicas Mamográficas

2.1 PRODUÇÃO DE RAIOS X


Conseqüência da interação elétron-anodo 2.1.2 RADIAÇÃO DE FRENAGEM
Produção de calor (99%)
ß Distribuição de energia contínua;
Produção de raios-X (1%)
ß Polienergético;
Os raios X são produzidos através da intera- ß A distribuição e intensidade da energia
ção de elétrons de alta energia com diferen- dependem do KV, do material do alvo e
tes tipos de materiais. da filtração.

Qualidade: A energia ou capacidade de pe-


netração do feixe de raios-X é controlada e-
pelo KV e pela filtração. desviado

Quantidade: O número total de fótons de


raios-X em um feixe é controlado pelo mA.

2.1.1 RADIAÇÃO CARACTERÍS-


Raio X de
TICA e-
Freamento
incidente

ß Distribuição de energia discreta;


ß Monoenergético;
Figura 2.2 – Geração de raios X de freamento.
ß A energia depende do material anódi-
co.
2.1.3 EFEITOS DO MATERIAL DO
ANODO NO FEIXE

À medida que o número atômico (Z) do ma-


terial do ânodo se eleva:

ß Aumenta a energia dos raios X carac-


Raio X terísticos;
Característico
e- ß Mais radiação de frenagem é produzi-
incidente da por causa da alta eficiência da produ-
ção de raios X.

e-
O alvo de material Rh aumenta a ener-
expulso
gia dos raios X característicos em cerca
de 3KV (Figura 2.3)
Figura 2.1 – Geração de raios X característico

Projeto LCR/AVON 23
Manual de Técnicas Mamográficas

qualidade de imagem é necessário analisar


primeiro o tecido mamário a ser irradiado.

EFEITO DO KV NO FEIXE
no de fótons

Mo Rh
Os raios característicos não são determina-
dos pelo KV, porém se o kV é muito baixo
haverá pouca ou nenhuma radiação carac-
terística.
0 5 10 15 20 25 30 35
Á medida do KV aumenta:
Figura 2.3 – Gráfico dos espectros de raios X de Mo
e Rh ß A porção de raios X de freamento au-
menta, juntamente com a energia media
Ródio X Molibdênio do feixe.

O anodo de ródio fornece uma energia mé- ß O contraste diminui, pois o feixe se tor-
dia maior do que o Mo, dessa forma permi- na mais mole (mais polienergético).
te:

ß Penetrar em tecidos mamários mais


densos

ß Atingir uma densidade ótica semelhan-


te com mAs e KV mais baixos.

ß A redução da dose superior a 40%

ß A redução do tempo de exposição su-


perior a 25%

ß Maior escolha de condições de opera-


ção.

2.1.4 AJUSTE DO FEIXE DE


RAIOS X

O feixe de raios X pode ser alterado de três


formas:
ß mudando o KV e/ou o mAs;

ß mudando o material anódico;

ß mudando o material do filtro.

Para determinar qual a combinação dos


itens acima que resulta em uma melhor

24 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

2.2 EFEITO DA FILTRAÇÃO ADICIONAL


A filtração adicional afeta tanto fótons de Alvo: Mo Filtro: 0,03 mm - Mo
alta como de baixa energia.Todo tipo de ma-
terial remove fótons de baixa energia, mas

Intensidade de fótons
somente materiais seletivos como o Mo e
Rh, filtram fótons de alta energia

Fótons de baixa energia


ß Aumentam a dose do paciente, porém
não contribuem para a imagem (são ab-
sorvidos antes de chegarem ao detec- 0 5 10 15 20 25 30 35
tor); Energia (keV)

Figura 2.4 – Espectro da distribuição de energia de


ß Podem ser eliminados pelo uso de fil- raios X produzido pela combinação Mo/Mo.
tros.

Fótons de alta energia Alvo: Mo Filtro: 0,025 mm Rh

ß Auxiliam a imagem, mas diminui o con-


Intensidade de fótons

traste por causa do seu alto poder de pe-


netração;

ß Podem ser reduzidos pelo uso de ma-


teriais de filtragem;

ß O filtro de Rh absorve mais fótons de


alta energia do que o Mo. 0 5 10 15 20 25 30 35
Energia (keV)
A combinação (alvo/filtro) certa vai depen- Figura 2.5 – Espectro da distribuição de energia de
der do tipo de mama a ser irradiada e sua raios X produzido pela combinação Mo/Rh.
espessura. Podemos ver alguns exemplos
de combinação nas Figuras 2.4, 2.5 e 2.6 e
algumas recomendações da utilização des- Alvo: Rh Filtro: 0,025 mm Rh
sas combinações na Tabela 2.1.
Intensidade de fótons

Tabela 2.1- Combinações de tensão/filtro com alvo


de Mo, para os diferentes tipos de mama.
Espessura Tipo de mama
da mama adiposa mista densa
(cm)
kVp/filtro kVp/filtro kVp/filtro
<3 25 / Mo 25 / Mo 26 / Mo
3-5 26 / Mo 26 / Mo 27 / Mo 0 5 10 15 20 25 30 35
Energia (keV)
5-7 27 / Mo 26 / Rh 27 / Rh
Figura 2.6 – Espectro da distribuição de energia de
>7 28 / Mo 27 / Rh 29 / Rh raios X produzido pela combinação Rh/Rh.

Projeto LCR/AVON 25
Manual de Técnicas Mamográficas

2.3 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM O


TECIDO MAMÁRIO
Três interações importantes da radiação 2.3.3 EFEITO COMPTON
com o tecido mamário participam do pro-
cesso de formação da imagem. ß Um fóton de Raios-X choca-se com um
elétron da camada externa expulsando-o
2.3.1 NENHUMA INTERAÇÃO de sua órbita;

O Fóton passa através do tecido ou intera- ß O fóton é desviado, mas não é total-
gem de forma elástica. mente absorvido (Figura 2.8);

ß Reduz o contraste da imagem por cau-


2.3.2 EFEITO FOTOELÉTRICO sa da divergência dos fótons;

ß O fóton de raios X expulsa um elétron ß Depende da densidade do objeto e da


da camada externa do átomo (Figura energia do fóton de raios-X incidente;
2.7);
ß Diminui a dose paciente;
ß O fóton incidente é totalmente absor-
vido; ß Ocorrem em níveis de energia mais
alta que os do efeito fotoelétrico.
ß Produz imagem de alto contraste por-
que o fóton é absorvido completamente;

ß Aumenta a dose paciente;

ß Depende do número atômico do tecido


absorvente.
Fóton de Raio X
Espalhado

Fóton de Raio X e-
Incidênte expulso

Figura 2.8 – Efeito Compton.


Fóton de Raio X
Incidênte e-
expulso

Figura 2.7 – Interação Fotoelétrica.

26 Projeto LCR/AVON
3 ANATOMIA DA
MAMA

ANATOMIA RADIOLÓGICA E FISIOLOGIA


NAS INCIDÊNCIAS DE ROTINA

MORFOLOGIA

ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS MAMAS

LESÕES DETECTADAS NA MAMOGRAFIA


Manual de Técnicas Mamográficas

3.1 ANATOMIA RADIOLÓGICA E


FISIOLOGIA NAS INCIDÊNCIAS DE
ROTINA
A pele que envolve a glândula mamária ex- mente tecido adiposo areolar frouxo.
ternamente mede entre 0,1 e 0,5 mm de es-
pessura, sendo que a maioria se encontra O parênquima ou tecido glandular é denso
na faixa entre 0,1 e 0,3 mm. Tecidos cutâ- e essa densidade resulta em superposição
neos acima de 0,3 são raros e devem ser dos elementos anatômicos que os consti-
bem avaliados. tuem, ou seja, ductos, lobos, lóbulos e uni-
dades acinares (Figuras 3.1 e 3.2), que pro-
Abaixo da pele e separando-a dos prolon- duzem várias opacidades difusas no interior
gamentos superiores do tecido fino e adipo- da matriz conjuntivo-adiposa. A variação das
so está uma fina camada lucente, que é o proporções existentes entre o parênquima,
tecido celular subcutâneo. o tecido fibroadiposo e o tecido conjuntivo
determina a definição das estruturas anatô-
O mamilo e a aréola, ou complexo mami- micas.
lo-areolar (Figura 3.1d e 3.1e), são sempre
bem visualizados na incidência em perfil
junto á região retroareolar, o espaço mede
entre 0,1 e 0,2 mm, sendo bem evidenciado
na incidência crânio caudal.

As cristas de Duret são mais bem visuali-


zadas na incidência de perfil e na médio-
lateral. Os ligamentos de Cooper (Figuras
3.1b e 3.2i) são mais densos que as cristas
de Duret e são melhor observados em adul-
tas menopáusicas, ou seja quando já existe
predominância de tecido adiposo. Pela dife-
rença de densidade tissular podem ser visu-
alizadas em todas as incidências de rotina.
Nas mamas jovens, por haver acentuada
quantidade de tecido glandular, as facetas
ou lojas de gordura não são bem eviden-
ciadas, assim como os demais elementos
anatômicos, devido a alta densidade do pa-
rênquima.

As facetas ou lojas de gordura localizam-se


superficialmente mais próximas ao tecido fi-
broso do interior dos lobos, são menos den-
sas e mais lucentes, por serem estrutural-

Projeto LCR/AVON 29
Manual de Técnicas Mamográficas

b) Ligamento de
Cooper (suspensor)

c) Glandulas
a) Músculo areolar
grande peitoral

d) Aréola
e) Mamilo
h) Gordura
subcutânea f) Ductos
g) Ampola
i) Lóbulos

Figura 3.1 – Vista Anterolateral. (Ref. Frank H. Netter - Atlas of Human Anatomy, 1999)

a) Clavícula

b) 2a Costela

c) Músculo grande
peitoral
d) Parede peitoral
e) Músculo intercostal

i) Ligamento de
f) Vasos e nervos Cooper (suspenso)
intercostais
g) Pulmão
j) Lóbulo

k) Gordura
a
h) 6 Costela subcutânea

Figura 3.2 – Vista Sagital da Mama (Ref. Frank H. Netter - Atlas of Human Anatomy, 1999)

30 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

3.2 MORFOLOGIA
3.2.1 CONFIGURAÇÃO INTERNA Cristas de Duret
São continuidades dos ligamentos de Co-
Abaixo da pele esta o músculo areolar, for-
oper, todavia, tem forma, direção e função
mado de fibras musculares lisas em formas
diferentes destes. As Cristas de Duret fixam
radiadas e circulares. As fibras circulares
as estruturas glandulares à subderme.Têm
estão fixadas a pele ao nível da aréola e
forma plana, simulando uma crista.
se estendem ao mamilo, fixando-se em sua
base.
Tecido Adiposo
No plano profundo posterior, a glândula ma- A glândula mamaria propriamente dita está
maria está fixada a parede torácica no fáscia no interior do panículo adiposo, separada
do músculo serrato anterior (Figura 3.1j). anteriormente pela lâmina adiposa anterior
ou pré-glandular, que é interrompida ao ní-
A glândula propriamente dita está separada vel da região retroareolar, onde as estrutu-
do plano muscular pela aponeurose, pelo ras glandulares estão separadas da derme,
fáscia superficial e por uma camada de teci- por tecido conjuntivo, pelo qual passam os
do adiposo denominada bolsa retromamária canais galactóforos.
ou bolsa adiposa de Schassaignac.
Há dois tipos de tecido adiposo na mama:
Estruturas Anatômicas Tecido fibroadiposo, que envolve os lobos e
A anatomia macroscópica não dissocia bem lóbulos. Tecido adiposo areolar frouxo, que
os elementos anatômicos da mama, pois a envolve as estruturas glandulares mais ex-
grande quantidade de tecido adiposo se su- ternamente, formando as chamadas lojas
perpõe ao tecido conjuntivo. Todavia, essas ou facetas de gordura.
estruturas são bem visualizadas na imagem
radiológica devido às diferenças de suas Radiologicamente, este último é mais lu-
densidades. cente que o primeiro. Ambos tem função de
sustentação.
Ligamentos de Cooper
A lâmina adiposa posterior ou retroglandular,
(Figuras 3.1b e 3.2i) também denominada bolsa Schassaignac,
São septos de tecido conjuntivo que se origi- é mais fina que a lâmina adiposa e separa a
nam na parte retroglandular e se dirigem em lâmina do plano na parede anterior do tórax.
sentido perpendicular à porção anterior da Essas estruturas são bem distintas na ima-
glândula. Separam os lobos, lóbulos e áci- gem radiológica devido às suas diferenças
nos glandulares. Têm função de sustenta- de densidade.
ção aos elementos glandulares propriamen-
te ditos. Junto à parte anterior da glândula, Artérias
que se separa da derme pelo tecido celular
A vascularização arterial é superficial e fei-
subcutâneo, os ligamentos de Cooper se di-
ta principalmente pelos ramos perfurantes
rigem obliquamente, em forma mais plana,
da artéria mamária interna que são as arté-
e se fixam à subderme, onde são denomi-
rias intercostais anteriores. As demais são
nados Cristas de Duret.

Projeto LCR/AVON 31
Manual de Técnicas Mamográficas

a artéria torácica superior, o ramo da arté- Veias axilares


ria axilar, o ramo peitoral da artéria tóraco-
Correspondem geralmente aos ramos da
acromial e o ramo da artéria subclávia. Um
veia axilar. Recebem tributárias da parede
grande número de anastomoses é visto en-
torácica, dos músculos peitorais e da face
tre os três ramos principais.
profunda da mama.
Veias
Veia intercostal
A anatomia da circulação venosa da mama
É uma das vias mais importantes de drena-
é muito importante, não só para o reconhe-
gem venosa da mama. As veias intercostais
cimento dos processos patológicos, pois
comunicam-se com as veias vertebrais e,
representa uma das vias de disseminação
finalmente, drenam as veias ázigos.
metastática dos carcinomas, como também
para o estudo dos vasos linfáticos, que têm
A comunicação veias ázigos–veias inter-
o mesmo trajeto.
costais dirige-se à veia cava superior e aos
pulmões e constitui a terceira via pela qual
As veias subcutâneas superficiais da mama
os êmbolos de carcinoma produzem metás-
estão abaixo da fáscia superficial, são cali-
tases pulmonares.
brosas e estão muito próximas da pele. Exis-
tem dois padrões principais: Tipo transver-
sal, converge para a borda externa e segue
para o plano profundo para se juntar aos 3.2.2 CONFIGURAÇÃO EXTERNA
vasos perfurantes, que atravessam a pare-
de torácica e drenam nas veias mamárias A mama em forma cônicas, com a base fi-
internas. Tipo longitudinal, converge para xada á parede torácica e o mamilo como
a região supra–esternal e drena nas veias vértice. O peso e as variações variam indi-
superficiais do pescoço, que drenam nas ju- vidualmente, e também nos vários períodos
gulares anteriores. O tamanho dessas veias cíclicos da vida, no sexo feminino.
varia de indivíduo para indivíduo.
A pele que circunda a mama é fina e móvel
Veias profundas em todos os limites. A junção inferior externa
da mama com a parede torácica forma uma
As veias profundas que transportam o san- dobra de tecido subcutâneo que se estende
gue da mama são distribuídas em três gru- superiormente à região axilar, em forma de
pos principais: cauda denominada prolongamento axilar.

1. Ramos Perfurantes da Veia Mamária As glândulas mamárias estão situadas na


Interna: são as mais volumosas. parte anterior do tórax de cada lado da li-
nha medial, tendo como pontos de referên-
2. Ramos dos Três Espaços Intercostais cia o bordo do osso esterno internamente, o
Superiores: são maiores do que as dos segundo arco costal superiormente (Figura
espaços inferiores. 3.2b) e o sexto arco costal inferiormente (Fi-
gura 3.2h).
3. Veias Mamárias Internas: drenam nas
veias inanimadas correspondentes. Esta A topografia da mama é dividida em quatro
via leva diretamente à rede capilar pul- quadrantes, que são bem visualizados nas
monar e conduz os êmbolos de células incidências CC e MLO.
carcinomatosas para os pulmões.

32 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

Os quadrantes internos e externos são


bem observados na incidência CC (Figura
3.3a). Para determinar se uma lesão ocupa
o quadrante superior ou inferior, utiliza-se a
incidência em perfil ou ML (Figura 3.3b). A
maior quantidade de parênquima mamário
está localizada nos quadrantes externos.

a) CC b) MLO

QE

QS

QI QI

Figura 3.3 – Topografia de um exame de mamogra-


fia. a) Quadrantes externo e interno visto na incidên-
cia crânio-caudal. b) Quadrantes superior e inferior
visto na incidência Médio-lateral Oblíqua.

Mamilo e Aréola
Na parte anterior e mediana de cada mama
estão a aréola e o mamilo (complexo mamilo
areolar). O mamilo ou papila é uma eminên-
cia de forma cônica ou cilíndrica. Em sua
superfície estão o orifício principal, situado
na porção central, e os pequenos orifícios
secundários, distribuídos com os canais ga-
lactóforos, que geralmente são em número
de 15 a 20.

Em torno do mamilo ou papila está a aréola,


que apresenta superfície pigmentada com
pequenas elevações denominadas tubércu-
los de Morgagni. Medindo entre 2 a 5mm,
essas elevações dão aspectos rugosos a
aréola e são glândulas sebáceas que repre-
sentam um desenvolvimento muito particu-
lar.

Projeto LCR/AVON 33
Manual de Técnicas Mamográficas

3.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS


MAMAS
Anatomicamente a mama pode ser subdivi- grandes ductos. Ectasia ductal é primaria-
dida nas seguintes estruturas: mente uma doença dos ductos. Unidade
ductal terminal do lóbulo é sitio de origem
Lobo: a mama humana contém de 15 a 18 do:
lobos. Cada lobo tem um ducto principal que
se abre no mamilo. ß Carcinoma ductal in situ

Unidade ductal terminal: ramos do ducto ß Carcinoma ductal infiltrante


principal formam a unidade ductal terminal
do lóbulo, que consiste nos ductos terminais ß Carcinoma lobular infiltrante
extra e intralobular (Figura 3.1f).
ß Fibroadenomas múltiplos
Lóbulo: o ducto intralobular terminal e os
ductos apresentam revestimento especial, ß Componentes de doença fibrocística
e ao perder o tecido conectivo formam um (cistos, metaplasia apócrina, várias for-
lóbulo (Figuras 3.1i e 3.2j). mas de adenoses e epiteliose).

Em alguns textos um grupo de dúctulos cor- Os cistos originam-se nos lóbulos e seu ta-
responde ao Ácino. Os ductos terminais ex- manho pode atingir vários centímetros.
tra e intralobulares podem ser identificados
por duas características: Transformações apócrinas do epitélio lobu-
lar resultam em aumento de secreção.
ß O ducto terminal extralobular é revesti-
do por tecido elástico, enquanto o intralo- Bloqueio do ducto terminal extralobular por
bular e os dúctulos não. fibrose extrínseca ou processo intrínseco
(proliferação epitelial intraductal) determina
ß O ducto terminal extralobular é coberto dilatação do lóbulo com formação de um
por células colmares, enquanto o duc- cisto de alta tensão intraluminar.
to terminal intralobular contém células
culóides. Adenose: a estrutura glandular prolifera,
resultando na produção de novos ductos e
Os detalhes anatômicos são importantes, lóbulos já existentes.
uma vez que certas doenças mamárias de-
senvolvem-se em localizações anatômicas Hiperplasia Cística: doença fibrocística,
específicas. inclui cistos epiteliais, fibrose, metaplasia
aprócrina, várias formas de adenose e epi-
3.3.1 DUCTOS PRINCIPAIS E teliose.
SEUS RAMOS

Papilomas benignos e tumores papiliferos


desenvolvem-se preferencialmente nos

34 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

3.4 LESÕES DETECTADAS NA


MAMOGRAFIA
Os sinais radiológicos de câncer de mama Microcalcificações: pequenas partículas
são: com densidade cálcica, freqüentemente en-
contradas em casos malignos.
Nódulo: lesão tridimensional, representa
achado muito comum.

Figura 3.6 – Exemplo de microcalcificações visto em


Figura 3.4 – Exemplo de nódulo visto em um exame
um exame mamográfico.
mamográfico.

Figura 3.7 – Exemplo de microcalcificação pleomór-


Figura 3.5 – Exemplo de Nódulo denso e espiculado ficas agrupadas

Projeto LCR/AVON 35
Manual de Técnicas Mamográficas

Distorção da arquitetura: é uma lesão es- Assimetria difusa: lesão com densidade
piculada de parênquima mamário, que ocupa um
quadrante da mama.

Figura 3.10 – Exemplo de assimetria difusa visto em


um exame mamográfico

Dilatação ductal isolada: representa um


único ducto dilatado.
Figura 3.8 – Exemplo de lesão espiculada visto em Outras lesões: espessamento cutâneo, re-
um exame mamográfico
tração cutânea, retração do complexo aré-
olo-papilar, corpo mamário com densidade
Assimetria focal: pequena lesão com den- difusamente aumentada e aspecto infiltra-
sidade de parênquima mamário. do, linfonodos axilares aumentados, densos
e confluentes.

Figura 3.9 – Exemplo de assimetria focal visto em


um exame mamográfico

36 Projeto LCR/AVON
4 EXAME
MAMOGRÁFICO

COMEÇANDO O EXAME

INDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE UM


EXAME MAMOGRÁFICO

IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO MAMÁRIO


Manual de Técnicas Mamográficas

4.1 COMEÇANDO O EXAME


4.1.1 RELAÇÃO TÉCNICA E PA- de boas vindas ajudará a interagir e lidar
CIENTE com esta mulher. Existem pacientes sérias,
falantes, chorosas, cada uma a seu modo
A mamografia é um exame que requer to- reagirá ao atendimento que lhe for dispen-
tal colaboração da paciente. O técnico deve sado pelo profissional. Algumas vezes este
ser consciente da dificuldade que este exa- profissional será “mãe”, amiga e até confes-
me encontra junto às mulheres, por afetá- sor da paciente.
las psicologicamente. A psique da paciente
sofre com a angústia do diagnóstico, pois Em alguns serviços, de grande movimento,
um mau prognóstico afetará definitivamente ouvir requer tempo, porém, perder alguns
uma vida e até uma família. segundos ouvindo reverterá em maior cola-
boração da paciente e em melhor exame.
Na maioria das vezes, independente da
classe social, as dúvidas e angústias são Não custará nada seguir a máxima de que
iguais, assim como as reações ao exame faça ao teu próximo aquilo que gostarias
são as mesmas. Todas temem o desconfor- que te fosses feito.
to da compressão. Algumas mulheres têm
dificuldade em se deixar manusear por ou-
tra pessoa, enrijecem o corpo, cruzam os 4.1.2 ANÁLISE DA MAMOGRAFIA
braços sobre as mamas como a protege-las
em atitude de defesa. O diagnóstico em Radiologia Mamária co-
meça com uma indicação correta, seguida
É preciso entender que cada paciente é um de anamnese dirigida e exame físico, para
ser individual, com seus medos, carências e que se tenha um planejamento do que fa-
angústias. E que amanhã poderemos estar zer (incidências de rotina), como fazer (po-
no lugar desta pessoa. Nossa arma será a sicionamento correto, técnica radiológica),
paciência, a delicadeza e a compreensão. terminando com a interpretação do conjunto
de dados obtidos em todas as fases, sendo
Pode-se aproveitar a hora da anamnese necessários experiência e estudo contínuo,
para descontrair a paciente, explicar clara- não só para a finalização, como para o co-
mente como se processará o exame e ouvir nhecimento da etapa seguinte (ultra-sono-
seus questionamentos. grafia, biópsia).

Uma paciente tensa além de dificultar o bom Ao analisar uma mamografia, duas etapas
posicionamento, propiciará possível retor- devem ser seguidas:
no para complementação. Eesta volta será
mais complexa, pois o medo de que esteja
com câncer a deixará ainda mais tensa, e 1 Verificar se a radiografia tem qualidade
diagnóstica,com relação ao posiciona-
mento. Mamografias de má qualidade ou
este novo exame será ainda mais difícil.
com posicionamento incorreto, freqüente-
Quando a paciente chega à sala o primeiro mente conduzem a erros diagnósticos.
momento demonstra como será a pessoa a
ser atendida. É nesta hora que um sorriso

Projeto LCR/AVON 39
Manual de Técnicas Mamográficas

2 Procurar lesão. A percepção aumen-


ta com o estudo sistemático das ma-
mografias. Não pare de procurar após ter
Observação:

As cirurgias de mama devem ser assina-


identificado uma lesão. Lembre-se da outra ladas, registrando-se o tipo de cirurgia e o
mama. ano da realização. Os tipos mais comuns de
cirurgia de mama são:

4.1.3 ANAMNESE DIRIGIDA ß Biópsia: Retirada de fragmento da


mama contendo nódulo ou microcalcifi-
A anamnese dirigida será realizada seguin- cações suspeitas agrupadas para exame
do os itens da ficha do Serviço de Radio- histopatológico.
logia, que tem como finalidade estabelecer
um padrão, orientando residentes, técnicos ß Quadrantectomia: É um tipo de cirur-
e estagiários na pesquisa dos dados im- gia conservadora e representa a retirada
portantes, em um curto prazo, otimizando de um quadrante de mama para trata-
assim o entendimento, sem prejuízo de in- mento de câncer; geralmente seguida de
formações que possam interferir na interpre- radioterapia. A sigla QUART corresponde
tação da mamografia. O modelo da ficha e á quadrantectomia + esvaziamento axilar
as explicações de cada item encontram-se + radioterapia.
no ANEXO 01. A ficha deve ser preenchida
com letra legível. ß Mastectomia: Retirada total da mama.
Os tipos de mastectomia mais comuns
Parte 1: Identificação do Serviço e núme- são: mastectomia radical à Halstead
ro do prontuário; (ressecção em bloco da mama + linfade-
nectomia axilar + exerese dos músculos
Parte 2: Identificação da paciente – aten- grande e pequeno peitoral), mastectomia
ção especial para a idade da paciente que radical modificada à Patey (semelhante
representa fator de risco e para endereço a anterior, com preservação do músculo
(em alguns casos é necessário chamar a grande peitoral).
paciente para complementação e o ende-
reço completo economiza tempo, evitan- ß Mamoplastia: Pode ser plástica redu-
do procurar a informação no prontuário). tora, para diminuição das mamas; plásti-
ca com aumento, com inclusão de próte-
Parte 3: Esta parte é especialmente im- ses de silicone.
portante pois registra fatores de risco e
a história patológica da paciente. É com- ß Outras: Qualquer tipo de intervenção
posta por um questionário que irá verifi- deve ser registrada, por exemplo, dre-
car detalhes do passado e presente do nagem de abscesso, correção do ma-
indivíduo, referente ao comportamento, milo, mastectomia subcutânea (retirada
doenças, cirurgias e doenças de seus fa- da mama, preservando a pele, incluindo
miliares. prótese de silicone ), etc.

Parte 4: Informações sobre o exame e o


diagnóstico.

40 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

4.2 INDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO


DO EXAME MAMOGRÁFICO
4.2.1 MAMOGRAFIA DE ROTINA 4.2.3 OUTRAS SITUAÇÕES DIAG-
NÓSTICAS
Mamografia de rotina é aquela realizada em
mulheres sem sinais ou sintomas de câncer ß Controle radiológico de lesão prova-
de mama, sendo capaz de detectar lesões velmente benigna, detectada em mamo-
pequenas, não palpáveis (geralmente com grafia anterior.
melhores possibilidades de tratamento e
melhor prognóstico). ß Mama masculina.

As situações em que a mamografia é solici-


tada com esta finalidade são as seguintes:
Observação:
ß Rastreamento do câncer de mama em
mulheres assintomáticas - nas mulheres A mastalgia, apesar de queixa muito fre-
assintomáticas a partir de 50 anos; qüente, não representa indicação para ma-
mografia, pois o sintoma “dor” com todas as
ß Pré-terapia de reposição hormonal características (intensidade, periodicidade,
(TRH); relação com ciclo menstrual, relação com
“stress” e outros problemas emocionais)
ß Pré-operatório para cirurgia plástica; não tem expressão correspondente em ima-
gens. Nos casos de mastalgia, a realização
ß Seguimento - após mastectomia, para da mamografia seguirá os padrões do ras-
estudo da mama contralateral e após ci- treamento, de acordo com a faixa etária da
rurgia conservadora. paciente.

4.2.2 MAMOGRAFIA DIAGNÓS-


TICA

Mamografia diagnóstica é aquela realizada


em mulheres com sinais ou sintomas de cân-
cer de mama. Os sintomas mais freqüentes
são nódulo e “espessamento”, descarga pa-
pilar (cristalina ou com sangue).

Projeto LCR/AVON 41
Manual de Técnicas Mamográficas

4.3 IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO


MAMÁRIO
4.3.1 TIPOS DE MAMA ß UQsup – união dos quadrantes supe-
riores.
Atualmente, recomenda-se que na descri-
ção da mama seja utilizado o grau de subs- ß UQinf – união dos quadrantes inferio-
tituição adiposa, com a seguinte nomencla- res.
tura:
ß RRA – região retroareolar.
ß Mamas densas: nenhum tipo de subs-
tituição adiposa. ß RC – região central da mama (união
dos 4 quadrantes).
ß Mamas predominantemente densas:
a substituição adiposa é menor do que ß PA – prolongamento axilar.
50% da área da mama.

ß Mamas predominantemente adipo-


sas: a substituição é maior do que 50%
da área da mama.

ß Mamas adiposas: a substituição adi-


posa é total.

4.3.2 REGIÕES DA MAMA QSE QSI QSE QSI

QIE QII QIE QII


Utiliza-se a seguinte padronização para as
regiões da mama (Figura 4.1):

ß QSE – quadrante superior externo.

ß QSI – quadrante superior interno.


Figura 4.1 – Desenho das regiões da mama divididas
ß QIE – quadrante inferior externo. em quadrantes.

ß QII – quadrante inferior interno.

ß UQext – união dos quadrantes exter-


nos.

ß UQint – união dos quadrantes inter-


nos.

42 Projeto LCR/AVON
5 POSIÇÕES
MAMOGRÁFICAS

INCIDÊNCIAS BÁSICAS

INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES

MANOBRAS

RECOMENDAÇÕES DE TÉCNICAS RADI-


OGRÁFICAS

INFORMAÇÕES IMPORTANTES


Manual de Técnicas Mamográficas

5.1 INCIDÊNCIAS BÁSICAS


São crânio-caudal e médio-lateral oblíqua e a)
representam a base de qualquer exame.

5.1.1 CRÂNIO-CAUDAL – CC

Posicionamento

ß Tubo vertical, feixe perpendicular à


mama.

ß Paciente de frente para o receptor,


com a cabeça virada para o lado oposto
ao exame; do lado examinado, mão na
cintura e ombro para trás ou braço ao b)
longo do corpo, com o ombro em rotação
externa.

ß Elevar o sulco inframamário, para per-


mitir melhor exposição da porção supe-
rior da mama, próxima ao tórax (Figura
5.1a).

ß Centralizar a mama no porta chassi,


mamilo paralelo ao filme (Figura 5.1b).

ß Filme mais próximo dos quadrantes in-


feriores (Figura 5.1c).
c)
ß As mamas devem ser posicionadas de
forma simétrica.

ß Para melhorar a exposição dos qua-


drantes externos, pode-se tracionar a
parte lateral da mama, antes de aplicar a
compressão.

Figura 5.1 – Posicionamento da incidência Crânio


caudal

Projeto LCR/AVON 45
Manual de Técnicas Mamográficas

Referências para a incidência crânio- 5.1.2 MÉDIO-LATERAL OBLÍQUA


caudal – MLO
ß Parte lateral e parte medial da mama Posicionamento
incluídas na radiografia (Figura 5.2).
ß Rodar o tubo até que o bucky esteja
ß Visibilização do músculo grande pei- paralelo ao músculo grande peitoral, va-
toral (Figura 5.2a), que pode ocorrer em riando a angulação entre 30 e 60º (pa-
30-40% das imagens, notadamente com cientes baixas e médias 30 a 50º, pacien-
adequada elevação do sulco inframamá- te alta até 60º).
rio.
ß Feixe perpendicular à margem lateral
ß Visibilização da gordura retromamária do músculo grande peitoral.
(Figura 5.2b).
ß Paciente de frente para o bucky com
a) Músculo grande peitoral o braço do lado examinado fazendo 90º
com o tórax; encaixar a axila e o gran-
de peitoral no ângulo superior externo
do bucky (Figura 5.3); puxar o peitoral e
a mama para o bucky (colocar a mama
para cima, “abrindo” o sulco inframamá-
rio); rodar o paciente (lado oposto ao exa-
me para fora) e comprimir (Figura 5.4b).

ß Centralizar a mama, mamilo paralelo


ao filme (Figura 5.4a).

ß Filme mais próximo dos quadrantes


externos.

ß As mamas devem ser posicionadas de


forma simétrica com a mesma angula-
ção.
b) Gordura retromamária

Figura 5.2 – Exame de mamografia na incidência


crânio-caudal

Importante!

ß Esta projeção demonstra a porção me-


dial do seio.
ß Elevar a linha inframamária;
Figura 5.3 – Exami-
ß Rodar o úmero externamente; nando a paciente
para posicionamento
ß Comprimir até que a mama esteja ten- adequado da inci-
sa, incluindo a porção medial da mama. dência MLO.

46 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

a)

a) Músculo grande peitoral


b) b) Gordura retromamária

Figura 5.5 – Exame de mamografia na incidência


médio lateral-oblíqua

Importante!

ß Esta posição demonstra a porção pos-


terior, superior e lateral da mama.
ß Colocar o Bucky a um ângulo paralelo
ao músculo peitoral
Figura 5.4 – Posicionamento da incidência Médio- la- ß Estender e levantar a mama paralela
teral Oblíqua ao músculo peitoral
ß Manter o músculo relaxado
Referências para a incidência médio-la-
teral oblíqua ß Comprimir toda a mama de forma uni-
forme
ß Músculo grande peitoral até o plano ß Demonstrar o músculo peitoral até o
do mamilo ou abaixo, com borda anterior nível do mamilo na radiografia
convexa (Figura 5.5a).

ß Sulco inframamário incluído na ima-


gem.

ß Visibilização da gordura retromamária


(Figura 5.5b) - se não for possível colocar
o mamilo paralelo ao filme, sem excluir o
tecido posterior, deve-se realizar incidên-
cia adicional da região retroareolar (em
MLO ou CC).

Projeto LCR/AVON 47
Manual de Técnicas Mamográficas

5.2 INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES


As incidências complementares crânio-
caudal forçada, cleavage, médio-lateral ou
perfil externo, lateromedial ou perfil interno
e caudocranial são realizadas para escla-
recer situações detectadas nas incidências
básicas.

5.2.1 CRÂNIO-CAUDAL FORÇADA


– XCC

É uma incidência crânio-caudal, com ênfase


na exposição dos quadrantes externos, no- Figura 5.6 – Posicionamento da incidência comple-
tadamente o quadrante superior externo. mentar crânio caudal forçada.

Indicação: Para melhor visibilização dos a)


quadrantes externos, incluindo a cauda de
Spence (tecido mamário proeminente, que
“invade” a axila, lateralmente à borda late-
ral do músculo grande peitoral. A figura 5.7
mostra a diferença de visibilização dos qua-
drantes externo nas incidência CC e XCC.

Posicionamento

ß Rotação do tubo 5º a 10º, feixe de cima


para baixo (os quadrantes externos ficam
um pouco mais altos)
b)
ß Paciente posicionada como na crânio-
caudal, com ligeira rotação para centra-
lizar os quadrantes externos no bucky
(Figura 5.6).

ß Elevar o sulco inframamário.

ß Centralizar os quadrantes externos no


bucky, incluir o mamilo, que deve ficar
paralelo ao filme.

ß Filme mais próximo dos quadrantes in-


feriores. Figura 5.7 – a)Exame de mamografia na projeção
CC; b) Exame de mamografia na projeção XCC.

48 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

caudal, com ligeira rotação para centrali-


Observação zar os quadrantes internos no bucky.

“Cleópatra” - representa variação da ß Elevar o sulco inframamário.


crânio-caudal forçada, sendo realizada
com o tubo vertical, feixe perpendicular ß Centralizar os quadrantes internos da
à mama e a paciente bem inclinada so- mama examinada no bucky (a mama
bre o bucky (Figura 5.8). Escolher entre oposta também fica sobre o bucky), ma-
realizar XCC ou ”Cleópatra” depende milo paralelo ao filme (Figura 5.9).
apenas da facilidade de posicionamen-
to para cada paciente, pois as duas ß Filme mais próximo dos quadrantes in-
incidências têm o mesmo resultado ra- feriores.
diográfico.

Figura 5.9 – Posicionamento da incidência comple-


mentar Cleavage.
Figura 5.8 – Posicionamento da incidência comple-
mentar Cleópatra.

5.2.3 MÉDIO-LATERAL OU PERFIL


5.2.2 CLEAVAGE – CV EXTERNO - ML OU P

É uma incidência crânio-caudal, com ênfase Esta incidência deve incluir, obrigatoriamen-
na exposição dos quadrantes internos, no- te, parte do prolongamento axilar e é tam-
tadamente o quadrante inferior interno. bém chamada de perfil absoluto.

Indicação: Para melhor visibilização dos Indicação: Mamas tratadas com cirurgia
quadrantes internos, incluindo bem as le- conservadora e esvaziamento axilar, veri-
sões situadas no quadrante inferior interno. ficação do posicionamento do fio metálico,
após marcação pré-cirúrgica de lesões não
Posicionamento palpáveis e manobra angular.

ß Tubo vertical, feixe perpendicular à Posicionamento


mama.
ß Rotação do tubo 90º, feixe perpendicu-
ß Posição da paciente como na crânio- lar à mama (Figura 5.10).

Projeto LCR/AVON 49
Manual de Técnicas Mamográficas

ß Paciente de frente para o bucky, braço no quadrante superior interno, próximas do


do lado do exame relaxado e o cotovelo esterno.
dobrado; levantar e colocar a mama para
frente; o ângulo superior do receptor atrás Posicionamento
da margem lateral do grande peitoral.
ß Rotação do tubo 90º, feixe perpendicu-
ß Centralizar a mama, mamilo paralelo lar à mama.
ao filme.
ß Paciente de frente para o bucky, braço
ß Filme mais próximo dos quadrantes do lado examinado elevado, fazendo 90º
externos. com o tórax e apoiado no bucky (Figura
5.11).

ß Centralizar a mama, mamilo paralelo


ao filme.

ß Filme mais próximo dos quadrantes in-


ternos.

ß Comprimir a partir da linha axilar pos-


terior em direção à mama.

Figura 5.10 – Posicionamento da incidência comple-


mentar Perfil.

Importante!

ß Manter o músculo peitoral relaxado;


ß Estender e levantar a mama quando
se comprime;
ß Comprimir uniformemente toda a Figura 5.11 – Posicionamento da incidência comple-
mentar Perfil Interno
mama.

Importante!
5.2.4 LATEROMEDIAL OU PERFIL ß Manter o músculo peitoral relaxado;
INTERNO OU CONTACT – LM
ß Estender e levantar a mama enquanto
Esta incidência deve incluir, obrigatoriamen- se comprime;
te, parte do prolongamento axilar.
ß Comprimir uniformemente a mama;
Indicação: Estudo de lesões nos quadran- ß Não incluir o Latíssimus dorsi (dorsal)
tes internos, principalmente as localizadas na imagem.

50 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

5.2.5 CAUDOCRANIAL – RCC a)

É uma incidência crânio-caudal “ao contrá-


rio” (RCC = reverse crânio-caudal).

Indicação: Mama masculina ou feminina


muito pequena (se houver dificuldade de
realizar a crânio-caudal, face ao pequeno
volume da mama), paciente com marca-
passo, paciente com cifose acentuada e
paciente grávida (nos raros casos em que
há indicação de mamografia em gestantes,
o exame deve ser realizado com avental de
chumbo no abdome e as incidências básicas
também são CC e MLO; podendo a CC ser
substituída pela RCC se o volume do útero b)
gravídico permitir).

Posicionamento

ß Rotação do tubo 180º, feixe perpendi-


cular à mama (Figura 5.12).

ß Paciente de frente para o bucky, ligei-


ramente inclinada sobre o tubo.

ß Elevar o sulco inframamário além do


limite normal.

ß Centralizar a mama, comprimir de bai-


xo para cima.

ß Filme mais próximo dos quadrantes


superiores.

Figura 5.12 – Posicionamento da incidência Caudo-


cranial - RCC.

Projeto LCR/AVON 51
Manual de Técnicas Mamográficas

5.3 MANOBRAS
São recursos para estudar as alterações Posicionamento
detectadas na mamografia que podem ser
associados com qualquer incidência. As ß Usar o dispositivo para ampliação, de
manobras mais utilizadas são: compressão acordo com o aumento desejado (prefe-
localizada, ampliação, associação entre rência para fator de ampliação 1,8).
compressão e ampliação, manobra angular,
rotacional (roll) e tangencial. ß Colocar o compressor para ampliação
(Figura 5.13).

ß Mudar para foco fino (0,1 mm).


5.3.1 COMPRESSÃO LOCALIZADA

A compressão localizada “espalha” o pa-


rênquima mamário, diminuindo o “efeito
de soma” (superposição de estruturas com
densidade radiográfica semelhante), que
pode ser responsável por imagens “capri-
chosas”.

Indicação: Estudo de áreas densas e aná-


lise do contorno de nódulos. Nos casos de
áreas densas (assimetrias) quando a lesão
é de natureza benigna ou quando represen-
ta superposição de estruturas, geralmente
ocorre mudança de aspecto da área densa.

Posicionamento
Figura 5.13 – Manobra de ampliação
ß Localizar a lesão na mamografia e co-
locar o compressor adequado sobre a
área a ser estudada.

5.3.2 AMPLIAÇÃO (MAGNIFI-


CAÇÃO)

Representa a ampliação de parte da


mama.

Indicação: Para visibilizar detalhes nas


áreas suspeitas e, principalmente, estudar
a morfologia das microcalcificações (Figura Figura 5.14 – Exame de mamografia ampliado, real-
5.14). çando a área de interesse

52 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

Importante! Importante!

Recomenda-se utilizar simultaneamente Na prática, para agilizar o estudo, reduzir


compressão e ampliação, permitindo obter a dose na paciente e racionalizar o uso de
os benefícios das duas manobras, com me- filmes, parte-se direto da MLO para o perfil
nor exposição da paciente e racionalização absoluto (90º), promovendo completa dis-
no uso de filmes. sociação de estruturas

a)
5.3.3 MANOBRA ANGULAR

Consiste em realizar incidências com várias


angulações do tubo, para dissociar imagens
sugestivas de superposição de estruturas
(efeito de “soma”). É mais empregada, com
melhor aproveitamento, quando a imagem a
ser estudada foi visibilizada na MLO. A Figu-
ra 5.15 mostra a diferença da visibilização
das estruturas na incidência MLO e da MLO
angulada.

Indicação: Estudo de áreas densas, identi-


ficadas na incidência MLO.

Posicionamento

ß A paciente será reposicionada na mes- b)


ma incidência que se deseja estudar, va-
riando apenas a angulação do tubo em
10º a 20º. Exemplo — numa incidência
MLO identificou-se área densa no qua-
drante inferior da mama, muito sugestiva
de “efeito de soma”. A incidência MLO
original foi realizada com 40º. A pacien-
te será reposicionada e a incidência será
repetida com angulação do tubo em 50
e/ou 60 graus. Em caso de superposi-
ção de estruturas, teremos modificação
do aspecto da área densa, em caso de
lesão verdadeira; a imagem permanece-
rá igual. (a angulação utilizada deve ser
escrita no filme).

Figura 5.15 – a) Exame de mamografia projeção


MLO; b) Exame mamografia da mesma paciente pro-
jeção MLO angulada.

Projeto LCR/AVON 53
Manual de Técnicas Mamográficas

5.3.4 MANOBRA ROTACIONAL a)


– ROLL - RL OU RM

A finalidade também é dissociar estruturas


(Figura 5.16), melhor indicada e executada
quando a imagem é visibilizada na incidên-
cia CC. A figura 5.18 mostra a diferença de
um exame realizado na incidência CC e ou-
tro da mesma paciente aplicando a mano-
bra rotacional.

Indicação: Estudo de áreas densas, identi-


ficadas na incidência CC.
b)
Posicionamento

ß Realizar “rotação” da mama, deslocan-


do a porção superior da mama, que não
está em contato com o filme, produzindo
deslocamento das estruturas da mama
(Figura 5.17).

ß Geralmente é feita na incidência CC,


utilizando no filme a indicação “RL”, se o
deslocamento for para o lado externo (la-
teral) e “RM” se o deslocamento for para
Figura 5.17 – Posicionamento da manobra rotacional
o lado interno (medial). – RL ou RM.

ß A rotação é realizada após posicionar


a paciente e pouco antes de aplicar a
a) b)
compressão.

Lesão 1

Lesão 2
Figura 5.18 – a) Exame de mamografia CC; b) Exa-
me de mamografia da mesma mama com manobra
rotacional.

Figura 5.16 – Ilustração do movimento de rotação


para manobra rotacional.

54 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

5.3.5 MANOBRA TANGENCIAL a)


– TAN

Consiste em fazer incidências com o feixe


tangenciando a mama.

Indicação: Para diagnóstico diferencial en-


tre lesões cutâneas (cicatrizes cirúrgicas,
verrugas, calcificações, cistos sebáceos,
cosméticos contendo sais opacos) e lesões
mamárias.

Posicionamento b)

ß Realizar incidência CC ou Perfil e mar-


car a pele na projeção da lesão, utilizar
marcador metálico (Figura 5.19a).

ß Fazer uma incidência com o feixe de


raios X tangenciando a área com o mar-
cador metálico (Figura 5.19b) (pode-se
realizar qualquer incidência, mesmo que
não sejam padronizadas, desde que o
feixe de raios X tangencie a área com o
marcador. Se a lesão for de origem cutâ- Figura 5.19 – Posicionamento da manobra tangen-
nea, será identificada na pele (utilizar cial. a) Incidência CC com marcadores metálicos; b)
Manobra TAN.
lâmpada forte).

Projeto LCR/AVON 55
Manual de Técnicas Mamográficas

5.4 RECOMENDAÇÕES DAS TÉCNICAS


RADIOGRÁFICAS
Abaixo, são apresentados exemplos de téc- 5.4.3 MAMAS COM IMPLANTES
nica radiológica para realização de diversos
exames. ß Fazer incidências básicas.

ß Fazer incidências básicas usando a


5.4.1 MAMA FEMININA técnica de Deslocamento Intramamário
da Prótese (Eklund), se for possível.
ß Fazer incidências básicas
ß Usar modo manual (preferência) ou
ß Usar modo automático (preferência) automático.
ou manual.
ß Manual: 25 a 27 kV - 40 a 60 mAs -
localização retroglandular, 63 a 80 mAs
5.4.2 MAMA MASCULINA (OU - localização retropeitoral
FEMININA MUITO PEQUENA)
ß Em pacientes com adenectomia sub-
ß Fazer incidências básicas. cutânea (o implante fica bem abaixo da
pele, com pouco ou nenhum parênqui-
ß Fazer incidência RCC se a mama for ma mamário), fazer o exame no manual,
muito pequena (Figura 5.20). usando 25 kV - 40 mAs.

ß Usar modo manual (preferência se a Técnica de Deslocamento Intramamário


mama for muito pequena) ou automáti- da Prótese (Eklund)
co.
Essa técnica permite melhor visibilização do
ß Manual - 25 kV - 40 a 60 mAs (40 se parênquima mamário, de mais fácil execu-
tiver muita gordura). ção na localização retropeitoral e não deve
ser usada quando há contratura capsular (o
implante está fixo e endurecido pela cápsula
fibrosa). Consiste em “empurrar” o implante
de encontro ao tórax e “puxar” a mama (Fi-
gura 5.21). A placa compressora comprime
a mama livre de quase todo (em alguns ca-
sos de todo) o implante. De preferência usar
o modo automático.

Figura 5.20 – Posicionamento da mama masculina


na incidência RCC.

56 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

esqueça de deslocar ao detector para a


compressor compressor
área mais densa (correspondente ao tu-
mor), se estiver utilizando o automático.

ß Fazer perfil do lado com tumor, caso


não seja possível a MLO.
suporte de filme
suporte de filme

5.4.6 MAMAS COM CIRURGIA


CONSERVADORA E RADIOTERA-
compressor
compressor PIA

ß Fazer incidências básicas do lado nor-


suporte de filme suporte de filme mal.

ß Do lado operado, fazer incidências bá-


Figura 5.21– Ilustração da técnica de Deslocamento
sicas (se a cirurgia conservadora permi-
Intramamário da Prótese.
tir) ou crânio-caudal e perfil.

ß Usar automático (preferência) ou ma-


5.4.4 PACIENTES MASTECTOMI- nual.
ZADAS E MAMA RECONSTRUÍDA
ß No manual, pode-se aumentar 1 a 2
ß Fazer incidências básicas do lado nor- pontos no kV se a mama tiver sido muito
mal. irradiada.

ß Reconstrução com a mama oposta (bi-


partição) ou mastetomia poupadora de 5.4.7 PEÇA CIRÚRGICA
pele – fazer CC e MLO ou Perfil (o esva-
ziamento axilar prejudica a realização da ß Utilizar ampliação 1,8 ou maior.
MLO).
ß Usar compressão para produzir unifor-
ß Reconstrução com retalho miocutâneo midade na peça e obter uma radiografia
e/ou implante – não há necessidade de melhor.
radiografar a neomama (não há benefí-
cio diagnóstico). ß Manual - 22 a 24 kV - 16 a 60 mAs (pe-
ças pequenas - 16), utilizar 22 kV - 40
mAs na maioria dos exames
5.4.5 PACIENTES COM TUMORES
VOLUMOSOS
Observação
ß Fazer incidências básicas do lado nor- Existem grades específicas de acrílico,
mal. com marcação alfanumérica (radiopa-
ca), onde a peça é colocada e fixada,
ß Do lado com tumor, fazer incidências facilitando a localização da lesão pelo
básicas, somente se a paciente supor- patologista.
tar alguma compressão, neste caso não

Projeto LCR/AVON 57
Manual de Técnicas Mamográficas

5.5 INFORMAÇÕES IMPORTANTES


ß Qualquer exame pode ser acrescido camente não permitem compressão, por
de incidências adicionais, de acordo com isso o exame fica “mais branco”).
a indicação, a critério do radiologista.
ß Se o exame fica muito branco, por
ß Sempre que não for possível realizar mais que se mude a técnica, verificar se
MLO, substituir por perfil. o filme está posicionado corretamente no
cassete (a emulsão - parte fosca - deve
ß Marcações metálicas que devem ser ficar em contato com o écran), se detec-
utilizadas: fio em cicatriz, “N” em nódulo tor está corretamente posicionada e se
palpável, “V” em verruga, “E” em espes- o processamento está adequado (sub-
samento. revelação pode ocorrer por temperatura
baixa, tempo curto ou químico vencido).
ß As técnicas radiográficas estão sujeitas
à pequenas variações, de acordo com a
marca do mamógrafo, da combinação fil-
me/écran utilizada e do processamento.

ß Em todas as incidências a descompres-


são deve ser realizada imediatamente
após a exposição (em alguns aparelhos
a descompressão é automática).

ß Nas incidências laterais, cuidado com


o abdome, que se superpõe à mama
após a compressão, principalmente nas
pacientes obesas.

ß Em uma imagem mamográfica com


adequada exposição, a pele geralmen-
te não é visível sem a ajuda da luz de
alta intensidade. No entanto, imagens de
mama com pouca espessura, que reque-
rem baixo mAs podem, freqüentemente,
ser bem expostas e ainda revelar a pele,
sem necessidade da luz de alta intensi-
dade.

ß No modo semi-automático, aumentar 1


a 2 pontos no kV, nas mamas com pro-
cesso inflamatório, infiltração por neopla-
sia maligna ou tratadas com radioterapia.
Pode-se também aumentar 1 ou 2 pontos
no enegrecimento (são mamas que prati-

58 Projeto LCR/AVON
6 CONTROLE DA
QUALIDADE EM
MAMOGRAFIA

TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DOS


EQUIPAMENTOS DE MAMOGRAFIA

TESTE DE CONTROLE DA QUALIDADE DOS


SISTEMAS DE REGISTRO DE IMAGEM

TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS


IMAGENS RADIOGRÁFICAS

TESTES DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS


SALAS DE LAUDO
Manual de Técnicas Mamográficas

Controle dos Aspectos Físicos da Qualidade da Imagem

Os sistemas de imagem são, geralmente, descritos em termos dos parâmetros que ca-
racterizam vários aspectos do seu desempenho. Eles incluem as medidas tanto de con-
traste da imagem entre diversos tecidos ou materiais substitutos de tecidos como da
resolução espacial do sistema e da quantidade e natureza dos artefatos de imagem.

A qualidade da imagem em mamografia pode ser assegurada por meio da realização


periódica de um conjunto de testes que têm como base os requisitos estabelecidos pela
Portaria nº 453/98 da ANVISA e recomendações internacionais (Perry 2001) sobre o
assunto. O propósito, os materiais, o método e a avaliação dos testes mais importantes
para o controle de qualidade da imagem em mamografia são apresentados abaixo.

6.1 TESTES DE CONTROLE DA


QUALIDADE DOS APARELHOS DE
MAMOGRAFIA
6.1.1 ALINHAMENTO ENTRE O
CAMPO DE RAIOS X E O FILME 2 Colocar o terceiro chassi no bucky (Fi-
gura 6.1);
RADIOGRÁFICO

Propósito: garantir que o campo de raios X


3 Colocar os marcadores sobre os filmes
de maneira a facilitar a leitura do re-
sultado (alinhar duas moedas à bandeja de
não se projeta além das dimensões do filme
compressão);
radiográfico.

Material:
4 Realizar uma exposição com técnica
manual: 28 kV, 20 mAs
ß 3 chassis carregados (3 filmes);

ß Objetos metálicos marcadores (3 moe-


5 Revelar e posicionar os filmes da mes-
ma maneira que foram expostos.
das e uma chave).
Avaliação:
Método:
Os raios X devem cobrir todo o filme, mas
1
tro);
Posicionar 2 chassis sobre o suporte
da mama (um “de frente” para o ou-
não devem ultrapassar a bandeja de supor-
te da mama no lado da parede torácica em
mais de 1% da distância foco-filme (DFF)
e em mais de 2% da DFF nas laterais (es-
querda ou direita) do filme. Se o campo de

Projeto LCR/AVON 61
Manual de Técnicas Mamográficas

radiação excede a margem da parede torá- Material:


cica do filme em mais de 1 % da DFF ou se
o campo de radiação excede em mais de ß Simulador de mama Phanton Mamma
2% da DFF as margens laterais (esquerda (Figura 6.3);
ou direita) do receptor de imagem, solicitar
ajuste. ß 1 chassi;

ß 4 filmes.

Método:

1 Com o controle automático de exposi-


ção ativado realizar exposições do si-
mulador com as espessuras de 5cm, 4cm,
3cm e 2cm;

2 Usar o mesmo chassi nas quatro ex-


posições;

Figura 6.1 – Arranjo do teste de alinhamento entre o


3 Usar um identificador/numerador para
identificar as espessuras usadas;

4
campo de raios X e o filme radiográfico. Selecionar a técnica de 28kV e regis-
trar os valores do produto corrente x
tempo (mAs) para cada espessura. Caso
o equipamento possua o CAE totalmente
automático registrar a tensão e o mAs “es-
colhidos” pelo equipamento. Caso o equipa-
mento não possua o dispositivo para CAE,
solicitar ao técnico que realiza os exames
para selecionar a técnica para cada espes-
sura do simulador;

5 Revelar os filmes. Medir e registrar a


densidade ótica de fundo (DO) das 4
imagens (Figura 6.4).
Figura 6.2 – Resultado dos filmes expostos no teste
de alinhamento entre campos Avaliação:

Todas as variações de densidade ótica (Δ%)


devem estar compreendidas no intervalo de
6.1.2 CONTROLE AUTOMÁTICO ±20% do valor da densidade ótica de re-
DE EXPOSIÇÃO ferência (DO para a espessura de 5cm),
sendo desejável ≤ ±10%.
Propósito: garantir a constância do ene-
grecimento da mamografia para mamas de
diversas espessuras.

62 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

6.1.3 FORÇA DE COMPRESSÃO


Cálculo do Δ%:
(DOmedida–DOreferência) Propósito: assegurar a compressão ade-
Δ% = x 100 % quada da mama para a mamografia.
DOreferência
Material:

ß balança comum (de piso);

ß 2 toalhas pequenas.

Método:

1 Colocar uma toalha sobre o suporte da


mama (para evitar danos ao suporte);

2 Posicionar a balança sobre o suporte


da mama;

Figura 6.3 – Diversas espessuras do Phantom


3 Colocar uma toalha sobre a balança
(Figura 6.5);
Mama.

4 Acionar o pedal de compressão uma


única vez até que a máxima compres-
são seja atingida e registrar o valor medi-
do.

Avaliação:

A força de compressão deve estar entre 11


e 18 kg.

Figura 6.4 - Resultado do teste do controle automá-


tico de exposição, para várias espessuras do Phan- Figura 6.5 – Arranjo do teste da força de compres-
tom Mama. são.

Projeto LCR/AVON 63
Manual de Técnicas Mamográficas

6.1.4 ALINHAMENTO DA BANDE-


JA DE COMPRESSÃO

Propósito: garantir o alinhamento da ban-


deja de compressão da mama.

Material:

ß Espuma 20cm x 15cm (densidade 33


ou 35);

ß Régua pequena;
Figura 6.6 – Arranjo do teste de alinhamento da ban-
Método: deja de compressão.

1 Posicionar a espuma sobre suporte da


mama;

2 Acionar o pedal de compressão (não


é necessário que atinja a compressão
máxima);

3 Medir as distâncias entre o suporte da


mama e os quatro vértices da bandeja
de compressão;

4 Registrar as medidas.

Avaliação:

É permitida uma deformação mínima, sen-


do aceitável 5 mm no máximo.

64 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

6.2 TESTES DE CONTROLE DA


QUALIDADE DOS SISTEMAS DE
REGISTRO
6.2.1 INTEGRIDADE DOS CHAS- Método:
SIS

Propósito: assegurar o contacto entre o fil- 1 Posicionar o chassi carregado sobre o


suporte da mama;
me e a tela intensificadora dos chassis.

Material: 2 Colocar o objeto de teste (malha) so-


bre o chassi e identificar o chassi;

ß Todos os chassis em uso;


3 Fazer uma exposição utilizando técni-
ca manual: 28 kV e 20mAs;
ß Um filme para cada chassi;

ß Objeto de teste (malha metálica) (Figu- 4 Revelar os filmes e colocar no nega-


tóscopio para avaliação (Figura 6.8).
ra 6.7);
Avaliação:
ß Identificadores para cada chassi testa-
do. Se permite a ocorrência de, no máximo, 5
áreas de fraco contato com 1 cm de diâme-
tro.

Figura 6.7 – Exemplo de objeto teste – Malha me-


tálica.
Figura 6.8 – Exemplo do resultado do teste de inte-
gridade dos chassis.

Projeto LCR/AVON 65
Manual de Técnicas Mamográficas

6.3 TESTES DE CONTROLE DA


QUALIDADE DAS IMAGENS
RADIOGRÁFICAS
6.3.1 ARTEFATOS E UNIFORMI- ß Lupa e densitômetro.
DADE DA IMAGEM
Método:
Propósito: garantir uniformidade da ima-
gem e a ausência de artefatos.
1 Em condições adequadas de luminosi-
dade, contar o número de grades me-
tálicas, grupos de microcalcificações, fibras,
Material:
discos e massas observados na imagem.
ß Filme do phantom exposto e revelado Registrar os resultados.
no serviço;

ß Negatoscópio e lupa; 2 Medir as densidades óticas nas cinco


áreas de 1 cm de diâmetro que formam
uma escala de tons de cinza, chamada de
Método: escala de alto contraste.

Em condições adequadas de luminosidade,


verificar a existência de artefatos e as con- 3 Com o uso de uma cópia do gráfico de
calibração do Phantom Mama regis-
trar, graficamente, o valor de cada uma das
dições de uniformidade da imagem;
cinco densidades óticas da escala de alto
Avaliação: contraste no seu respectivo degrau. Traçar
a reta que melhor ajusta os pontos e deter-
A imagem deve ter tons de cinza uniformes minar a sua inclinação (índice de contras-
e estar isenta de artefatos. te).

Avaliação:

6.3.2 LIMITES DE DEFINIÇÃO E O índice de contraste deve apresentar uma


CONTRASTE DA IMAGEM DO variação máxima compreendida no intervalo
SIMULADOR MAMOGRÁFICO de ± 10% do valor de calibração. Devem ser
visibilizados, no mínimo, 4 grades metálicas
Propósito: garantir que os limiares de de- com definição, 7 discos de baixo contraste,
finição e contraste da imagem estão sendo 4 fibras, 4 grupos de microcalcificações e
alcançados. 4 massas tumorais (Figura 6.9). A não visi-
bilização destes objetos até os valores de
Material: referência indica que há perda de definição
e/ou contraste que deve ser identificada e
ß Simulador de mama Phanton Mamma; corrigida. O mesmo deve ser feito caso o
índice de contraste esteja fora dos limites
ß Filme do phantom exposto e revelado de aceitação.
no serviço;

66 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

Fibras ≥ 4 (0,75 mm)


Escala de Contraste
Discos (Baixo contraste) ≥ 7
(I. de Contraste = 0,60 ± 0,06) (1,5% de contraste)

3 Massas ≥ 4 (0,75 mm)


D. Óptica

Densidade óptica entre 1,30 e 1,80


2
Microcalcificações ≥ 4 (0,25 mm)

1
I. Contraste
Grades metálicas = 4 (12 pl/mm)
8 9 10 11 12
Degrau

Figura 6.9 – Limites de aceitação para a visibilização dos objetos de teste no Phantom Mama utilizados para
a avaliação dos limiares de definição e contraste da imagem.

Projeto LCR/AVON 67
Manual de Técnicas Mamográficas

6.4 TESTES DE CONTROLE DA


QUALIDADE DAS SALAS DE
LAUDO
6.4.1 LUMINAÇÃO DO NEGATO- Método:
SCÓPIO

Propósito: verificar a luminância (brilho) do 1 Desligue o negatoscópio e remova o


galalite (janela) com a chave de fenda.
Verifique a lâmpada fluorescente, se a vol-
negatoscópio de mamografia, para assegu-
rar as condições adequadas de visualização tagem é a correta e a descoloração do gala-
das imagens radiográficas . lite: limpe ou troque, se necessário. Quando
terminar, coloque o galalite no negatoscópio
Material: e parafuse;

ß Chave de fenda;
2 Para medir o nível de luminância do ne-
gatoscópio usa-se um fotômetro sendo
a unidades recomendada: “cd/m2”.
ß Fotômetro, aparelho que mede a lumi-
nância do negatoscópio (Figura 6.10).
3 Colocar o fotômetro a 22 cm de distan-
cia do negatoscópio com as luzes da
sala apagada, ou nas condições de traba-
lho, fazer 3 medidas e tirar a média.

4 Para medir a uniformidade do negatos-


cópio deve-se dividir o negatoscópio
em quatro quadrantes.

5 Fazer a leitura do centro do negatos-


cópio e comparar com as leituras dos
quadrantes,

Avaliação:

O negatoscópio para prática mamográfica


deve ter luminância em torno de 3500cd/
m2. A luminância de cada negatoscópio no
Figura 6.10 - Fotômetro-utilizado para medir a ilumi- hospital (ou serviço) deve ser comparada
nação da sala de laudo e a luminância do negatos- com outro negatoscópio e não pode ter um
cópio. desvio maior que ±15%. O desvio da unifor-
midade do negatoscópio não deve ser su-
perior que ±15%.

68 Projeto LCR/AVON
Manual de Técnicas Mamográficas

6.4.2 ILUMINAÇÃO DA SALA

Propósito: verificar a condição da luz am-


biente (iluminação) das salas onde se en-
contram os negatoscópios.

Material:

ß Fotômetro (Figura 6.10).

Método:

1 Desligar todas as fontes de iluminação


do local, para não interferir na medida,
deixando só a luz ambiente funcionando,

2 Escolher 3 pontos próximos do(s)


negatoscópio(s) e medir a iluminação
utilizando o fotômetro com escala em “lux”.

3 Anotar as leituras e fazer a média das


três.

Avaliação:

O nível de luz na sala dos negatoscópios


deve ser menor que aquela que se observa
a imagem radiográfica (menor que o brilho
do negatoscópio). Para área de mamogra-

Projeto LCR/AVON 69
Manual de Técnicas Mamográficas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONTRAGER, kenneth L. Tratado de técnica radiológica e base anatômica. Ed Guanabara


- Koogan, 5o edição, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico


Médico e Odontológico. Portaria ANVISA nº 453 de 01/06/1998.

BUSHBERG, Jerrold T.; SEIBERT, J. Anthony; LEIDHOLDT, Edwin M. JR.; BOONE, John
M. The essential physics of medical imaging. Williams & Wilkins – Baltimore, Maryland
– 1994.

GABBAY, E. Mammography x-ray source. In: Haus,A.G., Yaffe, M.J. (eds) Syllabus. A ca-
tegorical course in physics – Technical aspects of Breast Imaging. 3rd ED. Oak Brook, II.
USA: RSNA Publication, 1994.

HAUS, A.G. Film processing in medical imaging, In Specifications, acceptance testing and
quality control. Edited by Seibert J.A., bareness G. T and Gould, R.G – 1993.

HAUS, A.G.; JASKULSKI, S.M. The basics of film processing in medical imaging. Medical
Physics Publishing – Madison - Wisconsin, 1997.

NETTER, Frank H.; Atlas de anatomía humana. USA: 2a ED.; Masson –Novartis, – 1999.

PERRY, N.; Broeders M, De Wolf C, Tornberg S, Shouten J (eds). European guidelines for
quality assurance in mammography screening. Third Edition. European Commission, Euro-
pe Against Cancer, EUREF, Luxemburg, 2001.

SPRAWLS, P. Physical principles of medical imaging. Medical Physics Publishing - Madi-


son - Wisconsin, 1997.

Projeto LCR/AVON 71
Manual de Técnicas Mamográficas

ANEXO 01 - EXEMPLO DE FICHA DO SERVIÇO DE RADIOLOGIA

Projeto LCR/AVON 73
Manual de Técnicas Mamográficas
Manual de Técnicas Mamográficas

74 LCR/AVON Projeto LCR/AVON


Projeto 57
Manual de Técnicas Mamográficas

ANEXO 02 – DICAS PARA EXAMES MAMOGRÁFICOS

Incidências básicas Indicação


Crânio-caudal – CC Exame de rotina
Médio-lateral oblíqua – MLO Exame de rotina

Incidências complementares Indicação


Crânio-caudal forçada – XCC
Estudo de lesões nos quadrantes externos
(e Cleópatra)
“Cleavage” – CV Estudo de lesões nos quadrantes internos
Manobra angular
Perfil externo ou médio-lateral – P, ML Controle pós MPC
obrigatório incluir músculo grande peitoral Nos casos em que não for possível realizar
MLO, substituir por perfil
Perfil interno ou lateromedial ou Estudo de lesões nos quadrantes internos,
contact – LM, contact manobra angular
Marca-passo, cifose acentuada
Caudocranial – RCC
Mama masculina
Axilar – AXI Estudo do plastrão, está em desuso
Estudo da porção posterior dos implantes,
Retromamária
está em desuso

Manobra Indicação
Dissociar estruturas, está em desuso (deve
Compressão localizada
ser associada com ampliação)
Ampliação Visibilizar detalhe, microcalcificações
Compressão + ampliação Dissociar e ampliar estruturas
Angular Dissociar estruturas
Rotacional – RL, RM Dissociar estruturas
Tangencial – TAN Provar que a lesão é de origem cutânea

Obs.: Nas incidências laterais, cuidado com o abdome, que se superpõe à mama após a
compressão, principalmente nas pacientes obesas.

Projeto LCR/AVON 75
Manual de Técnicas Mamográficas

ANEXO 03 – DICAS PARA CÂMARA CLARA


Situações Incidências
Mama feminina CC, MLO bilateral
CC, MLO bilateral,
Mama feminina muito pequena
Se necessário, utilizar técnica manual 25
Mama masculina
kV – 40 a 60 mAS
CC, MLO bilateral, Manobra de Eklund
Mama com implante de silicone (estética),
Se necessário, utilizar técnica manual
localização retroglandular
25 a 27 kV – 40 a 60 mAS
CC, MLO bilateral, Manobra de Eklund
Mama com implante de silicone (estética),
Se necessário, utilizar técnica manual
localização retropeitoral
25 a 27 kV – 63 a 80 mAS
Mama com implante de silicone CC, MLO ou perfil bilateral
(adenectomia subcutânea) Utilizar técnica manual - 25 kV – 40 mAS
Mastectomizada CC, MLO unilateral
CC, MLO unilateral, Não radiografar a
neomama, nas reconstruções com retalho
miocutâneo e/ou com implante.
Mastectomizada com reconstrução
Só radiografar a neomama se a reconstru-
ção tiver sido por
bipartição da mama oposta.
CC, MLO bilateral
Cirurgia conservadora e radioterapia
Perfil do lado operado
Grandes tumores, mama ulcerada CC, MLO unilateral
Utilizar ampliação e técnica manual
Peça cirúrgica
22 a 24 kV – 16 a 40 mAS
Lesão só é visibilizada na MLO Fazer XCC ou CV
A lesão visibilizada na Fazer RL, XCC e/ou
metade externa da mama é verdadeira? compressão + ampliação
A lesão visibilizada na Fazer RM, CV e/ou
metade interna da mama é verdadeira? compressão + ampliação
A lesão visibilizada na Perfil (manobra angular) e/ou
MLO é verdadeira? compressão + ampliação
Distorção arquitetural focal Marcar a cicatriz com fio metálico e fazer
e cirurgia anterior CC e P
Nódulo palpável sem expressão Marcar o nódulo com a letra “N” e fazer CC
na mamografia eP
Fazer ampliação em CC e em perfil para
Microcalcificações
afastar “leite de cálcio”
A lesão visibilizada está na pele? Fazer manobra tangencial

Obs.: O detector (célula) deve ser posicionada na área mais densa (em geral utiliza-se a
primeira posição, que corresponde a base da mama e parede do tórax)
Projeto LCR/AVON 77

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