Geografia Do Brasil - Colégio Protágoras
Geografia Do Brasil - Colégio Protágoras
Geografia Do Brasil - Colégio Protágoras
CAPÍTULO
COORDENADA
ACIDENTE GEOGRÁFICO UNIDADE DA FEDERAÇÃO POSIÇÃO
GEOGRÁFICA
Nascente dos rios Ailã e
Norte Caburaí, na Serra do Caburaí, Estado de Rorâima 5O 16’ 19’’ N
fronteira com a Guiana
Curva do arroio Chuí, na
Sul Estado do Rio Grande do Sul 33O 45’ 09’’ S
fronteira com o Uruguai
Ponta Seixas, voltada para o
Leste Estado da Paraíba 34O 45’ 54’’ O
Atlântico
Rio Moá, na fronteira com o
Oeste Estado do Acre 73O 59’ O
Peru (Serra da Contamana)
Fonte dos dados: Anuário Estatístico do Brasil
Fronteiras
São os limites territoriais do país. As frontei-
ras brasileiras estendem-se por mais de 23.000 Km,
dos quais cerca de 7.500 representam a linha divi-
sória oceânica. A fronteira com a Bolívia, esten-
dendo-se por pouco mais de 3.100 Km, é a maior
linha divisória continental. Verifique no quadro os
tipos de fronteiras continentais brasileiras.
FUSO ÁREAS
HORÁRIO
NACIONAL ABRANGIDAS
Atrasado duas Todas as ilhas
1º Fuso
horas do CMT oceânicas
Estados: Todos os DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1969
das regiões SE, Sul e
Atrasado três NE além de GO e da
2º Fuso
horas de GMT posição a leste do rio
Xingu no PA, Distrito
Federal e Amapá
Estados: MT, MS,
RO, PA (porção a
Atrasado
oeste do rio Xingu)
3º Fuso quatro horas
e AM (quase
de GMT
totalidade) Roraima,
AC e AM.
Diferenças
Informativos do Brasil
Os estados da Bahia e Sergipe foram ane-
xados à região nordeste. Eliminação da subdivisão • Sistema: República presidencialista
do Nordeste em Nordeste ocidental e oriental A • Divisão Administrativa: 26 estados e 1 Dis-
região sudeste que foi criada para substiruir o leste trito Federal
meridional constuiu uma nova unidade especial.
• Chefe de Estado e de Governo: Luís Inácio
A criação da região sudeste está ligada ao Lula da Silva, eleito por voto direto, para o
desenvolvimento indústrial e urbano nesta região. período de 01.01.2003 à 31.12.2006
Essa região foi formada por três estados da antiga
Região Leste: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Es- • Poder Legislativo: Bicameral, Senado Fede-
pírito Santo e por um estado desmembrado da Re- ral e Câmara dos Deputados
gião Sul (São Paulo). • Senado Federal: 81 membros, eleitos para
A divisão regional tem apenas uma modi- mandatos de 8 anos – Câmara dos Deputa-
ficação: Estado de Tocantins, criado em 1988, e dos: 513 membros, eleitos para mandatos de
desmembrado do Estado de Goiás, foi incluído na 4 anos.
Região Norte.
EXPECTATIVA POPULAÇÃO
HATIBANTES/
ESTADOS CAITAL DE VIDA ÁREA EM Km2 (ESTIMATIVA
Km
(EM ANOS) 2000)
Acre Rio Branco 70,5 153.149 557.226 3,7
Alagoas Maceió 65,5 27.933 2.819.172 101,3
Amapá Macapá 69,4 143.453 475.843 3,3
Amazonas Manaus 70,7 1.577.820 2.813.085 1,8
Bahia Salvador 71,2 567.295 13.066.910 23,2
Ceará Fortaleza 69,2 146.348 7.418.476 50,9
Distrito Federal (*) Brasília 74,6 5.802 2.282.049 393,3
2
Geológica Brasileira
Inicialmente, a preocupação ambiental se Dom João VI abriu os portos brasileiros ao mundo.
confundia com a luta pela defesa de nossas flores- Roberto Simonsen e sua escola os fecharam, proi-
tas. Durante os quatro primeiros séculos de ocu- bindo ou restringindo a importação de produtos
pação humana, no Centro-sul e no Nordeste, o indústriais. Era a ideologia do Brasil Grande, con-
desenvolvimento do País e dessas regiões se fazia siderado aqui como se fosse um País sitiado pelas
à custa da derrubada das florestas. Os cerrados e outras nações do planeta. Essa reserva de mercado
os campos rupestres, bem como as caatingas, eram visava proteger o início da industrialização, objeti-
considerados áreas marginais e recebiam atenção vo necessário, mas era uma política insustentável
também marginal. O desenvolvimento agrícola a longo prazo. Muito mais tarde, somente a partir
exigia a destruição das matas. Assim, até os anos de de 1980, os portos brasileiros começaram a ser re-
1950, o café respondia por aproximadamente 90% abertos ao mundo, no governo Collor (1990-92) e
de nossas exportações. Os cafeeiros são plantas vo- principalmente nos governos que se seguiram.
razes, que exaurem o solo e exigem terras muito
Hoje vivemos um clima de Mercosul, de
férteis.
economia global, de maior respeito ao mercado. O
A cafeicultura de expressão econômica se café responde agora por cerca de 10% das nossas
iníciou junto ao Rio de Janeiro, onde Dom João exportações. Diversificamos nossa produção, que
VI estabeleceu a capital real. Depois, a cafeicultu- em muitos setores é competitiva no mundo globa-
ra migrou através do Vale do Paraíba do Sul. Em lizado.
seguida, tangenciou São Paulo, para ocupar Cam-
Essas características, aqui muito resumidas,
pinas e se espraiou pelo oeste do Estado. Mais tarde
de nossa evolução econômica, tiveram não apenas
ocupou o noroeste do Paraná. Ocupou também o
profundas consequências na aceleração do desen-
sul de Minas Gerais e partes do estado do Espírito
volvimento do País, mas também causaram gran-
Santo.
des impactos ambientais.
No Nordeste a produção agrícola principal
era e ainda é a plantação de cana para a fabricação
de açúcar e álcool, também muito importante no Geografia: os Domínios
Sudeste. O Brasil era, até meados do século XX,
uma nação basicamente agrícola.
Morfoclimáticos e a
Durante e após a Primeira Guerra Mundial,
Paisagem do Brasil
a indústria começou a se desenvolver, principal- Uma maneira interessante e rápida de os
mente através das atividades de indústriais italia- vestibulandos revisarem as principais característi-
nos e ítalo-brasileiros, como os Matarazzo, os Cres- cas das grandes paisagens naturais do Brasil é estu-
pi e os Bardella, além de empresários descendentes dar a partir dos domínios morfoclimáticos.
de libaneses, sírios, portugueses, alemães e outros. Esses domínios correspondem a áreas com
Roberto Simonsen foi o principal expoente relativa homogeneidade no quadro natural com-
da política brasileira de reserva de mercado para os posto pelo relevo, pelo clima, pela vegetação e
produtos indústriais. Foi a época do “similar nacio- pela hidrografia. É muito importante observar que
nal”. Se havia “similar nacional”, não se importa- as paisagens não são homogêneas, podendo ocor-
vam os produtos indústrializados de outras nações. rer, por exemplo, mais de uma vegetação em um
Clima é uma noção criada pelo homem, for- O clima é um resultado complexo de diver-
Para classificar um clima, devemos consi- e movimentação das correntes e massas de ar. Po-
derar a temperatura, a umidade, as massas de ar, a demos identificar no Brasil três correntes princi-
pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, pais: equatorial, tropical e polar. De acordo com
entre muitas outras características. A classifica- essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os
ção mais utilizada para os diferentes tipos de cli- seguintes: subtropical, semiárido, equatorial, tro-
ma do Brasil assemelha-se a criada pelo estudioso pical, tropical de altitude e tropical atlântico ou
Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza tropical úmido.
Climogramas
TROPICAL SUB-TROPICAL
As Águas Subterrâneas
A água, como os mistérios, gosta de escon-
der-se na luz e no subsolo. O Brasil, dono de gran-
des reservas hídricas superficiais, é também um
rico proprietário de águas subterrâneas. O país está A Demanda e o Uso Múltiplo
dividido em 10 províncias hidrogeológicas, com- das Águas
postas de sistemas aquíferos de grande importância
Na aparente abundância hídrica do Brasil, a
sócioeconômica. No Nordeste, os sistemas aquífe-
agricultura através da irrigação representa 56% da
ros Dunas e Barreiras são utilizados para abasteci-
demanda total. Seguem-se as demandas para uso
mento humano nos estados do Ceará, Piauí e Rio
doméstico (27%), indústrial (12%) e para desse-
Grande do Norte. O aquífero Açu é intensamente
dentação animal (5%). A demanda total brasileira
explorado para atender o abastecimento público,
para o ano 2000 foi estimada em 2.178 m3/s. A
indústrial e projetos de irrigação na região de Mos-
região de maior demanda é a da bacia do rio Pa-
soró.
raná (590m3/s). A região hidrográfica do Paraná,
O principal dos aquíferos brasileiros tem com apenas 10% do território nacional, representa
nome de índio, seguindo a tradição vernacular 27% da demanda hídrica do país. As regiões hi-
dos missionários jesuítas: aquífero Guarani, na drográficas do Paraná, das bacias costeiras e do São
província hidrogeológica do Paraná. Com seus 45 Francisco constituem cerca de 80% da demanda
mil km3 de água doce - suficientes para abastecer hídrica nacional, em 36% do território e com so-
o mundo todo, por dez anos -, o aquífero Guarani mente 18% da disponibilidade hídrica superficial.
estende-se por 1,2 milhão de km2, sendo 840.000 Os meses de inverno podem representar momentos
km2 em território brasileiro. É a única província difíceis na gestão da água nessas bacias, especial-
hidrogeológica do globo a apresentar água potável mente no Alto Tietê.
a 2.000 metros de profundidade. E está sendo usa-
Água é para usar. Sem abusar. Seu consumo
do, principalmente em São Paulo. Ele já é a grande
Complexo do Pantanal
Dentro do Pantanal Mato-grossense há
Biomas
campos inundáveis, florestas tropical e mesmo cer- Caatinga, Floresta Atlântica, Ecossistemas
rado nas áreas mais altas. O Pantanal, portanto, Costeiros, Campos Sulinos são apenas alguns dos
não é uma formação vegetal, mas um complexo biomas contidos neste nicho do Ambientebrasil.
que agrupa várias formações em seu interior.
Contendo informações sobre os relaciona-
Campos Naturais mentos existentes em cada um dos conjuntos de
fauna e flora, microorganismos e fatores ambien-
Formações rasteiras ou herbáceas, consti- tais, metereológicos e geológicos encontrados no
tuídas por gramíneas que atingem até 60 cm de País, o nicho biomas é um aliado para quem quer
altura. Sua origem pode estar associada a solos ra- conhecer um pouco mais a biodiversidade brasilei-
sos ou temperaturas baixas em regiões de altitudes ra.
elevadas, áreas sujeitas a inundação periódica ou
ainda solos arenosos. Os campos mais famosos do
Brasil localizam-se no extremo sul, na Campanha Amazônia (Floresta
Gaúcha. Em Mato Grosso do Sul, destacam-se os Equatorial Úmida)
campos de Vacaria e, no restante do país, apare-
cem manchas isoladas na Amazônia, no Pantanal
e nas regiões serranas do Sudeste e do planalto das
Guianas.
Vegetação Litorânea
Nas praias e dunas, é muito importante a
ocorrência de vegetação rasteira, responsável pela
fixação da areia, impedindo que seja transportada
pelo vento. A restinga é uma formação vegetal
que se desenvolve na areia, com predominância de
arbustos e ocorrência de algumas árvores, como o
chapéu-de-sol, o coqueiro e a goiabeira. Os man-
gues são nichos ecológicos responsáveis pela repro-
dução de milhares de espécies de peixes, moluscos
e crustáceos. Em áreas planas do litoral, na foz e
ao longo do curso dos rios, o terreno é invadido
pela água do mar nos períodos de maré cheia e a
vegetação arbustiva que aí se desenvolve é halófila
Localização
(adaptada à presença de sal) e pneumatófila (du-
rante a maré baixa, as raízes ficam expostas). A extensão total aproximada da Floresta
O mapa que mostra os domínios morfocli- Amazônica é de 5,5 milhões de km2, sobrepondo-
máticos do território brasileiro contém informa- -se à área da bacia hidrográfica amazônica com 7
ções sobre a associação das condições físicas de milhões de km2 (incluindo a bacia dos rios Ara-
relevo, clima e vegetação. Trata-se de uma síntese guaia e Tocantins). A floresta amazônica distribui-
Geologia e Relevo
O Estado do Paraná, de Santa Catarina e
do Rio Grande do Sul são formados, em sua maior
extensão, por escarpas de estratos e planaltos que
declinam suavemente em direção a oeste e noro-
este. Apresentam grandes regiões geográficas na-
turais ou grandes paisagens naturais (Zona litorâ-
Localiza-se no sul do Brasil, estendendo-
nea - orla marinha e orla da serra, Serra do Mar,
-se pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio
Planaltos, Planícies costeiras, Serras Litorâneas e
Grande do Sul. A região das araucárias principia
Planalto Ocidental).
no primeiro planalto, imediatamente a oeste da
Serra do Mar, e estende-se pelos segundo e tercei-
ro planaltos do Estado do Paraná e Laranjeiras do
Flora
Sul, com associações florísticas da araucária. A re- No Planalto Meridional Brasileiro, com al-
gião da araucária insere-se às partes mais altas das titudes superiores a 500 m, destaca-se a área de dis-
montanhas do Sul, nos planaltos, onde ocorrem persão do pinheiro-do-paraná (Araucaria angusti-
até altitudes médias de 600 a 800 m, e em alguns folia), que já ocupou cerca de 2,6% do território
poucos lugares em que ultrapassam 1.000 m. O li- nacional. Nestas florestas, coexistem representan-
mite inferior destas matas situa-se entre 500 e 600 tes da flora tropical e temperada do Brasil, sendo
m nos estados do Sul, sendo que ao norte este li- dominadas, no entanto, pelo pinheiro-do-paraná.
mite situa-se algumas centenas de metros acima. As florestas variam em densidade arbórea e altura
Nestas florestas, coexistem representantes da flora da vegetação e podem ser classificadas, de acordo
tropical e temperada do Brasil, sendo dominadas, com aspectos de solo, como aluviais, (ao longo dos
no entanto, pelo pinheiro-do-paraná (Araucaria rios), submontanas (que já inexistem) e montanas
angustifolia). (que dominavam a paisagem).
A vegetação aberta dos campos gramíneo-
Clima -lenhosos ocorre sobre solos rasos. Devido ao seu
O clima da região é temperado, com chuvas alto valor econômico, a Floresta com Araucária
regulares e estações relativamente bem definidas: sofre, há bastante tempo, forte pressão de desma-
o inverno é normalmente frio, com geadas fre- tamento.
quentes e até neve em alguns municípios do Rio A Floresta com Araucária ou Floresta Om-
Grande do Sul, e o verão razoavelmente quente. brófila Mista apresenta em sua composição florís-
Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, De novembro a março, o Pantanal vive o pe-
a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, ríodo das cheias. A vegetação muda segundo o tipo
numerosos beija-flores, tucanos, saíras e gatura- de solo e de inundação, predominando espécies de
mos. cerrado nas terras arenosas - conhecido como Pan-
tanal Alto - e gramíneas nas terras argilosas, do
Entre os principais répteis desse ecossistema Pantanal Baixo. Com as cheias, as depressões são
estão o teiú (um lagarto de mais de 1,5m de com- inundadas, formando extensos lagos, reconhecidos
primento), jiboias, jararacas e corais verdadeiras. como Baías, de extrema beleza, principalmente se
Numerosas espécies da flora e da fauna são únicas e forem alcalinas. Apresentam diferentes cores em
O clima nos campos sulinos é caracteriza- Entre os mamíferos, 39% também são endê-
do com altas temperaturas no verão, chegando a micos, o mesmo ocorrendo com a maioria das bor-
35ºC, e o inverno é marcado com geadas e neve boletas, dos répteis, dos anfíbios e das aves nativas.
em algumas regiões, marcando temperaturas nega- Nela sobrevivem mais de 20 espécies de primatas,
tivas. A precipitação anual situa-se em torno de a maior parte delas endêmicas.
1.200 mm, com chuvas concentradas nos meses de
inverno. O clima é frio e úmido.
Flora
A vegetação predominante é de gramíneas,
representadas pelos gêneros Andropogon, Aristi-
da, Paspalum, Panicum e Eragrotis, leguminosas e
compostas. As árvores de maior porte são forne-
cedoras de madeira, tais como o louro-pardo, o
cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba,
a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-
-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o
angico-vermelho, entre outras espécies caracterís-
ticas como, a palmeira-anã (Diplothemium cam-
pestre). Os campos sulinos possuem uma diversi-
dade de mais de 515 espécies.
Já os terrenos planos das planícies e planal-
tos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondula-
do, são colonizados por espécies pioneiras campes-
tres que formam uma vegetação tipo savana aberta.
Há ainda áreas de florestas estacionais e de campos
de cobertura gramíneo-lenhosa.
Fauna
É um dos ecossistemas mais ricos em rela-
ção à biodiversidade de espécies animais, contando
com espécies endêmicas, raras, ameaçadas de ex-
tinção, espécies migratórias, cinegéticas e de inte-
resse econômico dos campos sulinos.
No final do século XIX e início do século Esses dois fatores levaram a uma intensa li-
XX, mesmo com o investimento de parte da ren- beração de verbas que pode ser aplicada na moder-
da do café e da borracha, as indústrias brasileiras nização de infraestruturas básicas do país: bancos,
em geral ainda não passam de pequenas oficinas, fábricas e setores de transporte e comunicação.
marcenarias, tecelagens, chapelarias, serrarias, Esse período é denominado pela historiografia
moinhos de trigo, fiações e fábricas de bebida e de como ERA MAUÁ (l845-l864). Apesar dos avan-
MÁQUINA DE CUNHAR
Os sete setores indústriais que lideraram os investimentos responderam por 72% do total em 1996 e por 73% em 2002.
Neste último ano, os investimentos indústriais chegaram a R$ 50 bilhões e os setores líderes foram: refino de petróleo e álcool
(18%); alimentos e bebidas (13,8%); montagem de veículos automotores (9,6%); produtos químicos (9,6%); celulose e
papel (8,6%); metalurgia básica (7,2%); e extração de minerais metálicos (6,4%) .
Lançada hoje pelo IBGE, a Pesquisa Indústrial Anual de Empresas (PIA Empresa) traz um panorama completo da
atividade indústrial brasileira, considerando as empresas formalmente constituídas, com o mínimo de cinco pessoas ocupadas
e cuja análise, em 2002, foram os investimentos da indústria.
Por investimento entende-se o valor gasto na aquisição de máquinas e equipamentos; terrenos e edificações; meios de
transporte e outras aquisições incorporadas ao ativo imobilizado. Em 2002, as cerca de 36 mil empresas indústriais que in-
formaram essa variável gastaram em torno de R$ 50 bilhões com investimentos, enquanto em 1996, o gasto informado por
33 mil empresas chegava a R$ 26 bilhões.
O grupo de setores líderes é praticamente o mesmo nos dois anos. Em 2002 há apenas a entrada do segmento de extração
de minerais metálicos (tipicamente exportador) e a saída do segmento de minerais não metálicos (voltado para o mercado
interno). Em termos de posição relativa, vale destacar que refino de petróleo e álcool (que passou de uma participação de
8,5% para 18,0%) passa da quinta para a primeira posição, refletindo provavelmente o impacto dos investimentos realiza-
dos na ampliação da produção interna de petróleo e de seus derivados
Verifica-se que esse grupo de sete atividades líderes em 2002 também ampliou seu espaço nas exportações. Estatísticas
de comércio exterior mostram que essas atividades detinham 63% do valor das exportações indústriais em 1996 e, seis anos
depois, passam a responder por 68%, o que reforça a ideia de que as exportações tiveram papel relevante como fator expli-
cativo da ampliação da capacidade produtiva da indústria no período.
Em 2002, as 20 maiores empresas em investimento responderam por 40% do total.
VALOR DA TRANSFORMAÇÃO
AQUISIÇÕES
DIVIS’OES INDUSTRIAL
1996 P(1) 2002 P(1) 1996 2002
Alimentos e bebidas 17,5 1 13,8 2 17,6 16,8
Veículos Automotores 13,4 2 9,6 3 8,6 7,3
Produtos Químicos 10,3 3 9,6 4 13,0 11,2
Celulose e papel 9,3 4 8,6 5 3,8 4,6
Refino de petróleo e produção de álcool 8,5 5 18,0 1 7,6 14,0
Metalurgia basica 7,9 6 7,2 6 5,4 7,3
Minerais não metálicos 4,7 7 3,2 9 3,3 3,7
Extração de minerais metálicos 2,8 11 6,4 7 1,6 2,2
(1) Posição no Ranking
O investimento indústrial está fortemente relacionado ao porte da empresa. Evidência disto é o fato de que das 33 mil em-
presas que, em 1996, informaram gastos com investimento, o valor das 20 primeiras representava 37% do total, ou R$ 10
bilhões, o que significa uma média de R$ 500 milhões por empresa. Em 2002, essas cifras são ainda mais expressivas: as 20
maiores indústrias passam a representar 40% do investimento, num total de R$ 20 bilhões, ou seja, R$ 1 bilhão por empresa.
Tanto em 1996 quanto em 2002, 19 dessas 20 maiores empresas em investimento, eram exportadoras. E mais: nesse
período sua participação no total das exportações saltou de 15% para 18%.
Mesmo perdendo espaço, São Paulo detém 42% do investimento indústrial em 2002.
Com suave perda de participação (de 69,5% para 68,1%), a região Sudeste sofreu modificações internas significa-
tivas. Em São Paulo, a participação nos investimentos passou de 49,2%, em 1996, para 42,0%, em 2002. A queda de
7,2 pontos percentuais provavelmente reflete os efeitos da instalação de novas empresas e/ou plantas indústriais em outros
estados, como é o caso das montadoras de automóveis. Minas Gerais, por outro lado, manteve constante sua participação
no total dos investimentos (10,7%). Por sua vez, observou-se crescimento no Espírito Santo (de 1,9% para 5,6%), estado
onde predominam indústrias exportadoras e no Rio de Janeiro (de 7,7% para 9,9%), influênciado pelo investimento em
setores como os de extração e refino de petróleo, siderurgia e montagem de veículos automotores.
No Norte (de 3,9% para 4,1%), o aumento na participação nos investimentos foi influênciado, principalmente, pelo
“Apesar do tombo que o turismo mundial sofreu - e, consequentemente, o brasileiro - após os atentados de 11
de Setembro e as crises econômicas argentina e de transição política no Brasil em 2002, parece que o turismo volta
a recobrar forças em nosso país, o que é um alento”, diz a turismóloga Maria Aparecida Andrade de Oliveira.
Mesmo indicando certo ceticismo, Ricardo Mader também demonstra otimismo frente aos desafios do mer-
cado do turismo: “Vejo boas perspectivas adiante, desde que esse crescimento da economia que percebemos hoje
seja sustentado pelos próximos anos”. Ele dá como exemplo, inclusive, os investimentos que vêm ocorrendo na
implantação de hotéis mais populares voltados ao turismo de negócios, classificados como de “três estrelas”. “Nes-
se setor, ainda há bons investimentos e lançamentos.”
Filões
Um dos segmentos que ainda tem muito a
ser explorado, segundo Marcello Chiavone, é o de
resorts. “Temos todo o litoral do Nordeste - que já
tem várias unidades -, mas temos outras regiões,
como outras áreas do Nordeste, Norte, Amazônia,
Pantanal, Lençóis Maranhenses, Chapadas...”, in-
dica o professor.
Já Eraldo da Cruz lembra outro ramo da in-
dústria hoteleira que tem demonstrado bom fôlego
na atualidade: “Eu diria que a grande coqueluche
do momento é o hotel econômico, que é o hotel
que tem a cara da população brasileira, aquele que
não te luxo, mensageiro, etc., mas que permite a
hospedagem de uma pessoa de classe média baixa
sem machucar muito o bolso. Você sabe que o Bra-
sil tem 40 milhões de pessoas que viajam e apenas
16% ficam em hotéis. Se só 16% ficam em hotéis,
você tem 84% desse número para trabalhar. Nesses
84%, você há de convir – pelo poder aquisitivo –
que o único jeito é colocá-los em hotéis mais eco-
nômicos”.
Resta aos agentes dos setores vinculados ao
turismo torcerem para que o crescimento da eco-
nomia brasileira seja realmente sustentado e sus-
tentável e que haja uma conjugação de esforços
para valorizar as condições disponíveis ao turismo
em nosso país, pois devemos sempre lembrar de nú-
meros expressivos como os apontados pela ABIH,
segundo os quais este segmento econômico garante
cerca de 1 milhão de empregos diretos e indiretos,
movimenta uma receita bruta em torno de US$ 2
bilhões ao ano e conta com um patrimônio imobi-
lizado de por volta de US$ 10 bilhões.
7
Nacional
Atividade Comercial rência nos mercados domésticos.
8
no Brasil
Fontes de Energia & rio, são suficientes para atender à demanda nos
próximos 250 anos, se forem mantidos os níveis de
Recursos Minerais no consumo atuais. Os problemas ambientais devem,
Brasil no entanto, inviabilizar uma volta maciça ao seu
uso.
Os fluxos naturais de energia, que são uti-
Em 1973, os países produtores de petróleo,
lizados há milênios, são conhecidos como fontes
organizados na Organização dos Países Produtores
renováveis. Antes da Revolução Indústrial, o Sol
de Petróleo (OPEP), promoveram uma grave cri-
era uma das fontes de energia mais utilizadas. Ele
se energética mundial ao dobrar o preço do bar-
fornecia energia para os músculos (do ser huma-
ril de petróleo. Até então, os países consumidores
no e dos animais empregados na tração de cargas
de petróleo usavam de forma abusiva esse capital
e para mover moinhos e máquinas). Além disso,
energético que a natureza havia acumulado há mi-
aproveitava-se a força do vento e da água - movi-
lhões de anos, esquecendo-se de que estavam usan-
dos também pela energia solar. A madeira, sob a
do uma “oferta” que a natureza não conseguiria
forma de carvão, era igualmente utilizada desde a
manter indefinidamente. A crise obrigou os países
pré-história.
consumidores a buscar novas regiões produtoras de
Com a Revolução Indústrial, os combustí- petróleo e, ao mesmo tempo, promover campanhas
veis fósseis - como o carvão e o petróleo - come- de racionalização do seu uso. Normalmente as ta-
çaram a ser utilizados como fontes de energia. A xas de consumo de energia acompanhavam as de
energia gerada pelos combustíveis fósseis é, em úl- crescimento econômico. Mas, a partir da crise, o
tima instância, limitada pela geologia, pois se trata exemplo da Alemanha Ocidental é sugestivo: en-
de uma fonte de energia não renovável. tre 1974-1985, enquanto o seu consumo de ener-
A exploração dos combustíveis fósseis deu a gia aumentou apenas 3%, o PIB alemão cresceu
base para o desenvolvimento da sociedade indús- 17,5%, o que mostra a eficiência das suas políticas
trial, diferente de todas as sociedades anteriores, de uso mais racional de energia.
tanto na sua natureza quanto na sua escala. Para os países em desenvolvimento, a crise
No ano 2000, as fontes de produção/con- energética revelou-se mais grave porque foi acom-
sumo de energia devem se distribuir aproximada- panhada por uma desvalorização das matérias-pri-
mente do modo como está no esquema da página mas: em 1975 o preço de uma tonelada de cobre
seguinte. equivalia ao de 115 barris de petróleo; em 1982 a
equivalência baixou para 57 barris.
A principal fonte de energia da sociedade
indústrial é o petróleo, que representa aproxima- Embora os preços do petróleo tenham dimi-
damente 40% da energia comercial do mundo. nuído na década de 1980, não voltaram mais aos
Por causa da ameaça de esgotamento das jazidas níveis anteriores a 1974, o que mudou profunda-
é possível que, no início do século XXI, seu uso se mente a situação energética mundial. A crise dos
modifique, passando a ser empregado mais como preços estimulou o desenvolvimento de novas
matéria-prima para a indústria química do que tecnologias que possibilitaram obter mais petróleo
como combustível. nos poços que estavam em produção e recuperar
áreas já consideradas esgotadas. Porém, se conti-
As reservas mundiais de carvão, ao contrá- nuarmos a consumir petróleo no ritmo atual, as
A utilização do Gás Natural no Brasil co- Desde 1925, os brasileiros conheciam a pos-
meçou modestamente por volta de 1940, com as sibilidade de utilização do álcool como combustí-
descobertas de óleo e gás na Bahia, atendendo a in- vel. Nessa época, porém, a gasolina era abundante,
dústrias localizadas no Recôncavo Baiano. Depois barata e consumida em pequena escala no Brasil,
de alguns anos, as bacias do Recôncavo, Sergipe e não havendo, assim, interesse no aperfeiçoamento
Alagoas eram destinadas quase em sua totalidade das pesquisas do álcool como combustível.
para a fabricação de insumos indústriais e combus- No entanto, já na década de vinte, existiam
tíveis para a refinaria Landulfo Alves e o Pólo Pe- no Brasil veículos movidos a combustível com-
troquímico de Camaçari. posto de 75% de álcool e 25% de éter. Durante a
O grande marco do GN ocorreu com a ex- Segunda Guerra Mundial, o álcool ajudou o país a
ploração da Bacia de Campos, no Estado do Rio conviver com a escassez de gasolina; era misturado
de Janeiro, na década de 80. O desenvolvimento à gasolina ou utilizado isoladamente em motores
da bacia proporcionou um aumento no uso da ma- convertidos para essa finalidade.
téria-prima, elevando em 2,7% a participação do Entre 1977 e 1979, houve uma expansão da
GN na matriz energética nacional. produção de álcool de cana-de-açúcar, que foi o
Muita Energia
A escolha da produção de energia elétrica
por termonucleares ocorre em países que neces-
sitam de grande quantidade de energia e muitas
vezes não possuem abundância de outras matrizes
energética (petróleo, carvão, potencial hidráuli-
co).
Os norte-americanos seguidos da França e
do Japão lideram o ranking de países produtores de
energia nuclear.
Apesar de todas as vantagens existentes, a
Matéria-Prima
Nos conteúdos abaixo constam informações
sobre algumas fontes de matéria-prima:
v Plataforma da mamona da Embrapa Al-
godão - divulga os recentes avanços tecnológicos
e outras informações importantes que contribuam
para o fortalecimento da cultura da mamana.
v Apresentação com resultados parciais de
pesquisas desenvolvidas pela Epamig, financiadas
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, so-
Histórico do Programa
bre oleaginosas para o norte de MG e Vale do Je-
quitinhonha. Durante quase meio século, o Brasil desen-
volveu pesquisas sobre biodiesel, promoveu ini-
ciativas para usos em testes e foi um dos pioneiros
ao registrar a primeira patente sobre o processo de
O Intemperismo Biológico
Os animais e os vegetais também participam
do processo de formação do solo.
As bactérias, os fungos, as algas, os liquens e
os musgos exercem seu papel produzindo nitratos,
ácidos orgânicos, gás carbônico e outras substân-
cias, que, uma vez incorporados à água, agem sobre
os minerais das rochas, auxiliando em sua decom-
Características dos Solos
posição. Os solos apresentam várias características,
O tatu, por exemplo, ao fazer o buraco no todas elas importantes para o conhecimento mais
solo, facilita a penetração da água e de substâncias aprofundado desse recurso natural imprescindível
químicas nela existentes. à vida animal e vegetal.
Como citamos anteriormente, os fatores res- A maior parte das plantas necessita de um
ponsáveis pela degradação do solo, além da erosão, pH neutro, ou seja, 7, para melhor se desenvolve-
são a contaminação por metais pesados, a acidifi- rem. É nesse “ponto” que se dá a reação mais favo-
cação, a diminuição de nutrientes minerais e orgâ- rável à disponibilidade dos nutrientes.
nicos e a laterização, comprometendo gravemente O Brasil possui solos ácidos, mas esse é tam-
o solo e, por conseguinte, a prática da agricultura. bém um problema mundial.
A acidificação do solo (nível elevado de Para elevar o pH do solo, ou seja, para torná-
acidez) é um problema eu compromete largamente -lo menos ácido ou próximo de pH 7, utiliza-se a
a agricultura, pois afeta sua fertilidade. da mesma calagem, adicionando calcário (CaCO3) ao solo.
forma, um solo acentuadamente alcalino é um obs- O cálcio existente no calcário baixa a acidez do
táculo. solo. Para baixar o pH de solos alcalinos, usa-se o
Se a água contida no solo for acentuada- gesso (CaSO42H2O).
mente alcalina, ela não conseguirá dissolver os A acidificação do solo pode ser, també, pro-
sais minerais, impedindo-os de ser absorvidos pelas vocada pelo homem. Por exemplo, o uso constante
plantas. Mas, por outro lado, se a água tiver um de fertilizantes, principalmente aqueles que con-
nível elevado de acidez, ela dissolverá rapidamente têm amônia ou ureia, causam o rebaixamento do
os sais minerais e nutrientes e provocará sua lixi- p. A deposição de ácidos existentes na atmosfera
viação, antes mesmo de estes serem absorvidos pe- é também outra causa da acidificação dos solos. E
las plantas. de íons de hidrogênio contidos no solo. isso progrediu de forma significativa com o proces-
so de industrialização, com as chaminés das fábri-
cas e usinas colocando em suspensão na atmosfera
gases ácidos em quantidades alarmantes.
O custo para corrigir a acidez ou alcalinida-
de do solo é elevado. Em decorrência, não tanto
do preço do calcário ou do gesso, mas sobretudo do
seu transporte. Nem todo agricultor tem condições
financeiras para a aquisição desses produtos. As-
sim, não realizando a correção do solo, as colheitas
serão limitadas. Por sua vez, quando o agricultor
consegue fazê-lo, geralmente aplica no solo quan-
tidades aquém das necessárias. Mas existem muitas
propriedades rurais que seguem as recomendações
A voçoroca racha o solo, cria rios artificiais e favorece os fornecidas pelas análises de solo e fazem a correção
deslizamentos. adequada.
Para que o solo não se degrade ou, no caso, Nos climas tropicais úmidos, o intemperis-
não se empobreça é preciso aplicar a adubação nas mo químico apresenta a tendência de formação de
áreas utilizadas pela agricultura.A degradação pela hidróxidos de ferro r/ou de alumínio. No processo
perda de nutrientes é mais acelerada nas regiões de lixiviação do solo, que ocorre nesse tipo de cli-
tropicais chuvosas, onde a lixiviação do solo é mais ma, várias substâncias são transportadas pela água.
intensa. Justifica-se, então, plenamente, o uso de Ficam no solo substâncias de menor solubilidade,
técnicas agrícolas de preservação do solo: culturas como o ferro e o alumínio. Na época da seca, os
em terraços ou em degraus nas áreas de grande de- hidróxidos de alumínio e ferro deslocam-se ou mi-
clividade, curvas de nível, plantio direto etc. gram para a superfície e podem formar a bauxita
Entretanto isso não pode ser entendi- (no caso do alumínio) ou o laterito (no caso do
do como lei geral ou ser generalizado. Devem-se ferro). O processo de laterização envolve várias
considerar as particularidades da área ou do lugar condições como: topografia suave; porosidade do
ou suas características. É o caso, por exemplo, da material, facilitando a penetração da água; alter-
Amazônia, região que possui, de modo geral, ca- nância entre a estação chuvosa e seca; tempo para
racterísticas próprias quanto ao solo, ao clima e à a sua formação; pH ideal e outros.
vegetação. Por conseguinte, as relações do homem O laterito, conhecido popularmente no Bra-
com o meio ambiente e ecossistemas amazônicos sil com os nomes de canga e de pedra-pará, repre-
exigem conhecimentos e cuidados (técnicas) mui- senta a morte do solo para a agricultura. Não per-
A Agricultura de Jardinagem
Essa expressão se originou no sul e sudeste
da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz
em planícies inundáveis, com utilização intensiva
de mão de obra.
Tal como a agricultura de subsistência, esse
sistema é praticado em pequenas e médias proprie-
Índice Gini
É um indicador que mede a desigualdade de
distribuição de várias categorias — riqueza, renda,
terra etc. — entre os elementos de um conjunto.
ele varia de zero a um. Por exemplo, tomando-se
10
Somente por volta de 1982 é que a adminis- em si contradições brutais, o que é próprio de nossa
tração estadual iníciou o processo de recuperação sociedade e do capitalismo, não obstante inaceitá-
das terras griladas, realizando um acordo com os vel.
fazendeiros-grileiros pelo qual legalizou a maior
A mobilização dos sem-terra tem servido,
parcela das terras griladas em troca da devolução
entre outros fatos importantes, para desmascarar a
de parte das terras para assentamento.
face grileira de muitos latifundiários. Como bem
Daquela data até nossos dias, o procedimen- sintetiza o geógrafo Bernardo Mançano Fernandes:
to assumido pelos governos que se sucederam no
estado tem sido o de desapropriar terras griladas “[...] antes mesmo da questão ‘função social da terra’,
mediante o pagamento ou indenização das ben- também existe a questão da legitimidade dos documentos
feitorias (casa, paiol, barracão, cerca, curral etc.), da terra”.
o que vem causando polêmica. Como pagar inde- (A questão da reforma agrária hoje, in AGB
Informa, nº 59, 1995, p. 14.)
nizações pelas benfeitorias sem contudo cobrar do
fazendeiro-grileiro o uso que fez da terra pública Calcula-se que as terras devolutas do Pon-
durante anos? O que a conduta da Justiça mostra tal do Paranapanema abranjam cerca de 444
claramente é que ela considera os fazendeiros-gri- mil hectares. As ações de reintegração de posse
leiros proprietários legais e não grileiros, e que, por encontram-se na Justiça, mas o trâmite é muito
sua vez, os sem-terra que ocupam terras pertencen- demorado. Até 1996 o estado conseguiu reaver le-
tes ao Estado são invasores e sujeitos, portanto, a galmente 66 mil hectares. Mas a forte resistência
penas e à ação policial. A questão da terra encerra
BRASIL: ESTRUTURA FUNDIÁRIA SEGUNDO ESTRATOS DIMENSIONAIS DOS IMÓVEIS RURAIS (1999)
Estratos de Áreas Número de Imóveis Área Ocupada Pelos Imóveis
dos Imóveis (em ha) Em Valor Absoluto Em % Em Valor Absoluto Em %
Menos de 10 ha 947.408 32 4.315.910,3 1,4
de 10 a menos de 100
1.681.411 54 54.667.741,3 16,5
ha
de 100 a menos de
393.956 12,6 106.323.698,4 32,1
1.000 ha
mais de 1.000 ha 43.956 1,4 165.756.662,0 50,0
TOTAL *3.066.390 100,0 331.364.012,0 100,0
Em tempos recentes, a soja, por exemplo, in- culturas (rotação de culturas), como, por exemplo,
vadiu o Planalto Gaúcho e expulsou culturas desti- o binômio soja e trigo.
nadas à alimentação básica. em 1980, essa cultura
chegou a ocupar, no Rio Grande do Sul, 47% do Alimentar Gado ou Gente?
total da área de lavouras. Em 1993 houve um de-
A soja não se destina, como o feijão, a abastecer as
clínio, passando para 41%, mas mesmo assim con- feiras-livres, os supermercados e os armazéns, a fim de
tinuou representando uma alta taxa de ocupação atender a população em suas necessidades alimentares.
do solo gaúcho. A expansão da área plantada com Quando não é exportada em grãos, boa parte vai para a
soja foi seguida de efeitos negativos sobre as demais indústria, onde é transformada em ração animal. O gado
da costa rica, só para citar um exemplo, é alimentado
culturas no Rio Grande do Sul, provocando a es- com ração fabricada com soja brasileira pela transnacio-
tagnação de outras culturas e agravando a situação nal norte-americana Cargill, que te filial no Brasil. Isso
alimentar do gaúcho, que era tido como possuidor tem contribuído, sem dúvida, para aumentar a produção
de carne nesse país da América Central, mas isso não
do melhor padrão alimentar do Brasil. além disso,
beneficiou os costarriquenhos, que viram seu consumo
acirrou as disputas pela posse da terra e aumentou de carne diminuir, agravando ainda mais sua situação
consideravelmente o grau de concentração da pro- alimentar. A carne ali produzida não se destina priori-
priedade. tariamente a alimentar a população, mas, sobretudo, à
fabricação de hambúrgueres nos EUA e ao abastecimento
Em relação ao meio ambiente, a cultura da do mercado europeu.
soja é considerada, a longo prazo, problemática. Já Vê-se assim que, enquanto o gado dos países ricos en-
se observam, por exemplo, erosões do solo em mui- gorda, ganha peso, produz leite em quantidade, milhões
tas regiões do rio Grande do Sul e do Paraná ocu- de homens, mulheres e crianças dos países dependentes
são desnutridos e morrem de fome (o caso da África é
padas por ela. A ciência agronômica considera que gravíssimo).
o cultivo de soja deve estar associado ao de outras
11
A visão que o europeu tinha a respeito dos A divisão de trabalho era por sexo, cabendo
índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam- aos homens as primeiras atividades e às mulheres
-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam o trabalho agrícola, exceto a abertura das clarei-
dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura ras para plantar, feita à base da “queimada”, tarefa
indígena era considera pelo europeu como sendo essencialmente masculina. O plantio e a colheita,
inferior e grosseira. Dentro desta visão, acredita- o preparo das comidas e o artesanato (confecção
vam que sua função era convertê-los ao cristianis- de vasos de argila, redes, etc) eram trabalhos fe-
mo e fazer os índios seguirem a cultura europeia. mininos. Instrumentos de guerra - arcos e flechas,
Foi assim, que aos poucos, os índios foram perden- maças, lanças - eram feitos pelos homens. Os arte-
do sua cultura e também sua identidade. fatos de guerra ou de trabalho eram de madeira e
pedra, e desta última eram inclusive os machados
Canibalismo com que cortavam madeira para vários fins.
O Crescimento Vegetativo da
População Brasileira
Como vimos, o crescimento vegetativo ou
natural corresponde à diferença entre as taxas de
natalidade e de mortalidade. No Brasil, embora
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA NO
essas duas taxas tenham declinado no período de PERÍODO 1872-1995
1940-1960, foi somente a partir da década de 60
Ano População Brasileira
que o crescimento vegetativo passou a diminuir,
1872 9.930.478
como podemos observar no gráfico. 1890 14.333.915
1900 17.318.556
1920 30.653.605
1940 41.165.289
1950 51.941.767
1960 70.070.457
1970 93.139.037
1980 119.002.706
1991 147.053.940
1995 161.400.000
terior – Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, São 1970 52,1 55,92 41,1 44,08 93,2
José do Rio Preto, entre dezenas de outras – apre- 1980 80,5 67,57 38,6 32,43 119,1
sentam índices de crescimento econômico e, por- 1991 108,1 74,00 38,0 26,00 146,1
tanto, populacional, maiores que os verificados na 1996 123,1 78,40 39,0 21,60 157,1
Grande São Paulo. Essa dinâmica foi possibilitada (IBGE, 1991./Anuário estatístico do Brasil 1997.)
pelo pleno desenvolvimento dos sistemas de trans-
portes, energia e comunicações, que integraram o
interior do estado não só ao país, mas ao planeta. De Volta ao Verde
Boa parte da produção econômica estadual é desti- Com o fim da seca, o sertanejo voltou para o Nordeste
nada ao mercado externo. e deve produzir uma boa safra
Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são (...)
as capitais que menos crescem no Brasil. Em pri- Rotina – Chegar e partir, atraído pela chuva ou tan-
meiro lugar, aparecem algumas capitais de estados gido pela seca, é um movimento tão antigo na vida do
sertanejo quanto a própria história da colonização do ser-
da região Norte, com destaque para Palmas (TO),
tão nordestino. Faz pelo me nos 800 anos que a seca se
Macapá (AP), e Rio Branco (AC), localizadas em tornou um fenômeno cíclico na região. Desde o reinado de
áreas de grande expansão das atuais fronteiras agrí- D. Pedro II até o governo Itamar, surgiram muitos órgãos
colas do país. Em seguida, vêm as capitais nordesti- públicos de combate à seca, muito dinheiro foi derramado
na região e a rotina das pessoas que vivem ali não mudou.
nas e, finalmente, as do Sul do Brasil.
12
Agrícola
O processo de urbanização no Brasil iníciou- Apesar das diferentes taxas regionais de ur-
-se em 1532 com a fundação da Vila de São Vicen- banização apresentadas na tabela abaixo, podemos
te, no litoral paulista. Salvador, a primeira cidade afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbanizado.
brasileira, foi fundada em 1549. Com a saída de pessoas do campo em direção às ci-
dades, os índices de população urbana vêm aumen-
O primeiro surto de urbanização verificou-
tando sistematicamente em todo o país a ponto de
-se no século XVIII, com o ciclo da mineração. A
a região Norte, a menos urbanizada, apresentar o
atividade mineradora contribuiu para esse proces-
significativo índice de 59% de população urbana.
so por vários motivos: provocou a transferência
Desde os primórdios do processo de povoamento,
da capital da Colônia (de Salvador para o Rio de
as cidades se concentravam na faixa litorânea,
Janeiro – 1763) e o deslocamento do eixo produti-
mas, a partir da década de 60, passaram por um
vo do Nordeste açucareiro para o Sudeste aurífero,
processo de dispersão espacial, à medida que novas
originando inúmeras vilas e cidades (Vila Rica,
porções do território foram sendo apropriadas pelas
Mariana, São João del Rei, Diamantina, Cuiabá e
atividades agropecuárias.
outras) e promovendo a interiorização do cresci-
mento econômico do País.
BRASIL: TAXA D URBANIZAÇÃO POR REGIÕES (%)
Durante séculos, a urbanização brasilei-
1950 1970 1996
ra ocorreu em pontos isolados, como verdadeiras Região População População População
ilhas, tornando-se generalizada somente a partir do Urbana Urbana Urbana
século XX. Pode-se dizer que Salvador comandou a Sudeste 44,5 72,7 89,3
primeira rede urbana do país, mantendo sua prima- Sul 29,5 44,3 77,2
zia até meados do século XVIII, quando a capital
Nordeste 26,4 41,8 65,2
da colônia se transfere para a cidade do Rio de Ja-
Centro-
neiro. As relações entre o litoral e o interior eram 24,4 48,0 84,4
-Oeste
frágeis neste período. O povoamento e as riquezas
Norte 31,5 45,1 62,4
geradas pela agricultura e a mineração ensaiaram
Brasil 36,2 55,9 78,4
os primeiros passos rumo ao processo de urbaniza-
(Anuário Estatístico do Brasil, 1997)
ção.
Em fins do século XIX, o Brasil assiste ao Atualmente, em lugar da velha distinção
crescimento do fenômeno de urbanização do terri- entre população urbana e rural, usa-se a noção
tório. São Paulo, líder na produção cafeeira, inicia de população urbana e agrícola. É considerável o
a formação de uma rede de cidades, envolvendo os numero de pessoas que trabalham em atividades
estados do Rio Janeiro e de Minas Gerais. rurais e residem nas cidades. As greves dos traba-
lhadores boias-frias acontecem nas cidades, o lugar
Mas, será apenas em meados do século XX,
onde mora. São inúmeras as cidades que nasceram
quando ocorre a unificação dos meios de trans-
e cresceram em áreas do país que têm a agroindús-
porte e comunicação, que as condições se tornam
tria como mola propulsora das atividades econômi-
propícias para uma verdadeira integração do ter-
cas secundárias e terciárias.
ritório. Modificam-se substâncialmente os fluxos
econômicos e demográficos, conferindo um novo Em virtude da modernização do campo, ve-
valor aos lugares. rificada em diversas regiões agrícolas, assiste-se a
uma verdadeira expulsão dos pobres, que encon-
Povoamento
Os primeiros séculos de ocupação do território brasileiro foram marcados pela presença de núcleos de povoamento dis-
persos nas áreas litorâneas. A partir do século XVI, no Recôncavo Baiano e na Zona da Mata nordestina, desenvolveu-se
a lavoura de cana-de-açúcar, que fomentou a formação de uma rede de cidades desarticuladas, tendo como ponto de união
Salvador, a primeira capital da colônia. O crescimento das exportações de açúcar provocou o deslocamento da pecuária para
o sertão nordestino, cujas boiadas vinham de muito longe para suprir as necessidades dos engenhos. Inúmeras famílias foram
trabalhar como parceiros ou agregados nas sedes das fazendas de gado, que acabaram originando as primeiras vilas e cidades
dessa região. Além de estimular o povoamento do sertão, a pecuária foi responsável pela difusão da agricultura de subsistên-
cia e pelo cultivo do algodão e do fumo. Mas este último foi cultivado, principalmente, no Recôncavo Baiano, servindo como
moeda para a compra de escravos vindos do continente africano.
As primeiras expedições, denominadas bandeiras, ampliaram os domínios portugueses, no século XVII, com o objetivo
de capturar índios e encontrar ouro e pedras preciosas. Essas expedições alcançaram a foz do rio Amazonas, onde foi fun-
dada, em 1616, a atual cidade de Belém do Pará. A descoberta de ouro e pedras preciosas, no século XVIII, nos atuais
estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia, teve como consequência o aumento da população, além de estimular
a abertura de estradas e intensificar as relações com as áreas de criação de gado, que eram responsáveis pelo abastecimento
de carne e couro nas áreas mineradoras. Muitas cidades surgiram ligadas a essas atividades e outras ganharam maior impor-
tância com a intensificação do comércio, como as cidades portuárias.
O século XIX abre novas perspectivas de povoamento do território brasileiro. A abertura dos portos, em 1808, intensi-
fica o comércio com as nações europeias. No início desse século, cresce a procura pelo algodão nos mercados europeus, be-
neficiando a produção nordestina e sobretudo a maranhense, graças à maior proximidade com esse mercado. A prosperidade
dessa cultura será interrompida com o fim da guerra de independência norte-americana.
Outro produto que começa a ser valorizado na Europa, nesse século, é o café, que passa a ser largamente cultivado
no estado de São Paulo. A cafeicultura impulsiona a formação de um mercado assalariado e consumidor e propicia a acu-
mulação de capitais, dando origem ao desenvolvimento indústrial, especialmente do Centro-sul. Essa época é marcada,
ainda, pelo início da mecanização do território, com a instalação das ferrovias, dos telégrafos e das primeiras companhias de
navegação, que repercutiram no processo de urbanização do País. Por outro lado, os últimos decênios do século XIX foram
acompanhados pelo “boom” da exploração da borracha, na região amazônica, atraindo um grande número de migrantes
nordestinos, que fugiam da seca e das dificuldades econômicas. O sul da Bahia, nessa época, conheceu também um rápido
crescimento econômico, graças à produção de cacau, que atraiu migrantes do mesmo estado e de outras áreas nordestinas.
O pós-Segunda Guerra é um ponto de inflexão no povoamento do território brasileiro. As regiões Centro-oeste e Amazô-
nica são, paulatinamente, integradas ao conjunto da economia nacional. A construção de Brasília, inaugurada em 1960, é
um marco do processo de interiorização. As rodovias Transamazônica e Cuiabá-Santarém facilitaram os fluxos migratórios
para a região Amazônica, onde projetos de colonização foram implantados ao longo das rodovias recém-construídas. Somado
a isso tivemos, nessa região, grandes projetos agropecuários e minerais, que levaram à expansão da rede urbana do País.
13
Comunicação
Até a década de 1950, a economia brasileira Transporte Ferroviário
se fundava na exportação de produtos primários,
e com isso o sistema de transportes limitou-se aos O setor ferroviário se desenvolveu de for-
transportes fluvial e ferroviário. Com a aceleração ma acelerada de 1854, quando foi inaugurada a
do processo indústrial na segunda metade do século primeira estrada de ferro, até 1920. A década de
XX, a política para o setor concentrou os recursos 1940 marcou o começo do processo de estagnação,
no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias, que se acentuou com a ênfase do poder central na
especialmente na área da indústria pesada e extra- malha rodoviária. Diversas ferrovias e ramais co-
ção mineral. Como resultado, o setor rodoviário, o meçaram a ser desativados e a rede ferroviária, que
mais caro depois do aéreo, movimentava no final em 1960 tinha 38.287km, reduziu-se a 26.659km
do século mais de sessenta por cento das cargas. em 1980. A crise do petróleo na década de 1970
mostrou a necessidade da correção da política de
transportes, mas dificuldades financeiras impedi-
Transporte Terrestre ram a adoção de medidas eficazes para recuperar,
modernizar e manter a rede ferroviária nacional,
As primeiras medidas concretas para a for-
que entrou em processo acelerado de degradação.
mação de um sistema de transportes no Brasil só
foram estabelecidas em 1934. Desde a criação da Na década de 1980, a administração pública
primeira estrada de ferro até 1946 os esquemas viá- tentou criar um sistema ferroviário capaz de subs-
rios de âmbito nacional foram montados tendo por tituir o rodoviário no transporte de cargas pesadas.
base as ferrovias, complementados pelas vias flu- Uma das iniciativas de sucesso foi a construção
viais e a malha rodoviária. Esses conceitos come- da Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1985,
çaram a ser modificados a partir de então, especial- com 890km de extensão, que liga a província mi-
mente pela profunda mudança que se operou na neral de Carajás, no sul do Pará, ao porto de São
economia brasileira, e a ênfase passou para o setor Luís MA. O volume de investimentos, porém, fi-
rodoviário. A crise econômica da década de 1980 cou muito aquém das necessidades do setor num
e uma nova orientação política tiveram como con- país das dimensões continentais do Brasil.
sequência uma queda expressiva na destinação de
verbas públicas para os transportes.
A sinalização de margem das hidrovias pode Tal via navegável tem 1056 km de extensão.
14
As noções de Estado e de nação estão longe ções são realidades históricas e culturais e na maio-
de ser idênticas. Na verdade, num certo sentido, ria dos casos, têm origens muito mais antigas que
elas chegam a ser contraditórias, e é por isso que os Estados contemporâneos
frequentemente se produzem conflitos políticos
Povos que viveram histórias comuns aca-
originados das lutas das minorias nacionais pela
bam por constituir nações. Língua, religião, cos-
autonomia política.
tumes e hábitos, mitos e rituais compartilhados
O Estado contemporâneo é uma entidade por uma população produzem nessa população um
política. Caracteriza-se pelo estabelecimento de sentimento de identidade nacional. O sentimento
fronteiras territoriais que demarcam um espaço de identidade nacional consiste na consciência co-
geográfico especial. Esse espaço geográfico, comu- letiva de um passado histórico comum e na crença
mente chamado de “país”, singulariza-se pelo fato compartilhada de um destino e um futuro também
de seus cidadãos estarem submetidos a um conjun- comuns.
to particular de leis, aplicadas por instituições po-
Assim, nações não supõem necessariamente
líticas formais que configuram um sistema de poder
uma determinada organização do poder político e,
político. Normalmente, o documento que espelha
nem mesmo, a existência de fronteiras territoriais
esse sistema de poder político do Estado contem-
definidas. Frequentemente, tribos nômades cons-
porâneo é a Constituição.
tituem verdadeiras nações. Os palestinos, mesmo
A diversidade de sistemas de poder político sem ter ainda um Estado, são uma nação, e muitos
dos Estados Unidos é muito grande. a Grã-Breta- autores consideram que os judeus (mesmo antes da
nha e a Espanha, por exemplo, são monarquias; a criação do Estado de Israel) constituíam uma na-
França e os Estados Unidos são repúblicas; o Irã é ção.
uma república islâmica. Os Estados Unidos apre-
Na Europa, o processo de formação dos Es-
sentam um sistema presidencialista, a Grã-Breta-
tados contemporâneos se estende desde a passagem
nha e a Espanha são parlamentaristas, enquanto a
da Idade Média para a Idade Moderna até os acor-
França tem um sistema misto. Suíça, Alemanha,
dos que puseram fim à Segunda Guerra Mundial,
Iugoslávia, Índia e Estados Unidos exemplificam
em 1945.
diferentes formas de federalismo. A França, pelo
contrário, é um típico exemplo de Estado unitário. Portugal, França, Grã-Bretanha e Holanda
são Estados muito antigos, consolidados na transi-
Mas a diversidade de organização dos Esta-
ção da Idade Média para a Idade Moderna. A Ale-
dos contemporâneos não esconde a unidade básica
manha e a Itália cristalizaram-se bem mais tarde, no
que existe entre eles. Em todos, o critério de orga-
século XIX. A Espanha, embora territorialmente
nização do poder é um critério político, ou seja, a
seja bastante antiga, politicamente se consolidou
criação das leis e instituições governamentais de-
como Estado apenas no século XIX. Estados balcâ-
corre do estabelecimento de uma hegemonia po-
nicos (como a Bulgária, a Romênia, a Iugoslávia e
lítica de determinadas classes ou camadas sociais
a Albânia) e Estados da Europa central e oriental
que se utilizam da força das armas ou da força do
(como a Áustria, a Hungria e as repúblicas Tcheca
convencimento (ou, mais comumente, de uma
e Eslovaca) são produtos das inúmeras crises po-
combinação das duas).
líticas e das duas grandes guerras do século XX. a
A nação não é uma entidade política. Na- União Soviética surgiu da Revolução de Outubro
A Decomposição da
Iugoslávia
Os Balcãs constituem um dos mais antigos
e renitentes espaços de conflito entre grupos na-
cionais e a organização geopolítica das fronteiras
e dos Estados. A decomposição da Iugoslávia re- A Sérvia desligara-se do império otomano,
presenta uma dimensão atual do velho “problema passando a orbitar na influência russa a partir da
balcânico”. autonomia de 1817. durante o século XIX, a Sérvia
Na década de 1880 os Balcãs encontravam- aproveitou-se dos conflitos entre russos e turcos e
-se divididos por dois grandes impérios multinacio- das crises do império austro-húngaro para formular
nais que já viviam a fase da decadência: o império o seu projeto geopolítico: a constituição da Gran-
otomano e o império austro-húngaro. O primeiro de Sérvia, reunindo os povos eslavos dos Balcãs.
controlava a parte setentrional da península, e, o A ideologia que cimentava esse projeto era a do
segundo, a parte meridional. A presença de pe- pan-eslavismo.
quenos Estados semi-independentes, protegidos
de outras potências Europeias (como a Romênia, Em 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando, o
a Bulgária, a Sérvia, o Montenegro e a Grécia) herdeiro do trono austro-húngaro, foi assassinado com
sua esposa quando fazia uma visita oficial a Sarajevo, a
era resultado das perdas territoriais sucessivas do capital da Bósnia-Herzegovina (desde 1908, protetorado
império otomano. imperial). O autor do atentado ao arquiduque era um
estudante nacionalista sérvio, Gavrilov Princip, que, com
aquele ato terrorista, protestava contra a presença dos
austríacos numa região que, segundo os nacionalistas do
seu país, deveria estar na órbita da Sérvia. Para o governo
austro-húngaro, o atentado da MÃO NEGRA, a
organização clandestina sérvia, a quem Princip pertencia,
serviu como pretexto para uma declaração de guerra ao
Reino da Sérvia.
15
Domínio Ocidental
A partir do século XIX, a influência ociden-
tal causa grande impacto sobre o Império Chinês.
Em 1820, os britânicos obtêm exclusividade
de comércio no porto de Cantão. Interesses comer-
ciais opõem a China e o Reino Unido e levam-nos
às duas Guerras do Ópio. Vitoriosos, os britânicos
garantem o monopólio do comércio da droga, a Boxers Chineses
abertura de cinco portos chineses ao Ocidente e a
posse de Hong Kong. Em 1844, os Estados Unidos
(EUA) e a França conquistam privilégios comer-
ciais.
Reformas Econômicas
No final da década de 70, Deng Xiaoping
recupera a liderança como chefe do estratégico Co-
mitê Militar do PCCh. O então primeiro-ministro
Hua Guofeng é substituído por aliados de Deng:
Hu Yaobang e Zhao Ziyang. O país adota a política
das Quatro Grandes Modernizações (da indústria,
da agricultura, da ciência e tecnologia e das Forças
Armadas). São criadas Zonas Econômicas Especi-
ais (ZEE’s), abertas a investimentos estrangeiros,
e é incentivada a propriedade privada no campo.
O modelo, chamado de “economia socialista de
O Fim da Crise Sino-Soviética
mercado”, propicia à China uma vigorosa recupe- e o Massacre da Praça da Paz
ração econômica, com crescimento médio superior Celestial
a 10% ao ano a partir de 1978.
A abertura na economia estimula reivin-
A tensão entre a abertura econômica e o dicações por mais democracia. Uma onda de ma-
totalitarismo político constitui a encruzilhada chi- nifestações estudantis, em 1986, é reprimida pelo
nesa deste final de século. A ideologia comunis- regime. Hu Yaobang, secretário-geral do partido
ta tornou-se peça de museu no país, desde que as desde 1982, é acusado de “desvios liberais” e subs-
reformas econômicas foram sintetizadas na célebre tituído por Zhao Ziyang. A morte de Hu, em abril
frase de Deng: Não importa a cor do gato, desde de 1989, provoca novos protestos estudantis. Em
A Questão de Taiwan
Em setembro de 1949, as forças de Mao Tse-
tung lançaram uma ofensiva final contra o governo
nacionalista do Kuomintang, acabando por tomar Taiwan perdeu inteiramente sua impor-
Pequim, onde foi fundada a República Popular da tância geopolítica na década de 70, com a apro-
China, em 1o de outubro. ximação Washington-Pequim. em 1971, Pequim
Esses acontecimentos pegaram de surpre- substituiu Taipé como representante da China na
sa os Estados Unidos, cuja política de pós-guerra ONU. Em 1973, as forças americanas abandona-
estava concentrada na contenção da União So- ram o arquipélago. Em 1979, Washington rompeu
viética no teatro europeu. A chegada de Mao ao as relações com Taipé em função do reatamento
poder deslocou subitamente o eixo da contenção com Pequim.
para o teatro asiático e provocou a universalização Desde 1979, o intercâmbio comercial não-
A Questão Coreana
A China e o Tibet
Fundamentalismo Hindu
A animosidade entre hinduístas e muçulma-
nos, insuflada pelo BJP, gera conflito em torno de
uma antiga mesquita em Ayodhya, instalada onde,
segundo a tradição hindu, teria nascido o deus
Brahma.
O governo se omite e, em 1992, milhares de
hinduístas destroem a mesquita, deflagrando uma
Fonte: Atlas Geográfico - MEC 1983
onda de violência que deixa 1,2 mil mortos.
Em 1996, inicia-se uma fase marcada pela O rompimento sino-soviético de 1960
formação e queda de coalizões. O primeiro-minis- agravou antigas disputas de fronteiras entre Chi-
tro Narasimha Rao renuncia à chefia do governo na e Índia. Nova Delhi intensificou o apoio aos
em maio. No mês seguinte, o líder da aliança de guerrilheiros separatistas tibetanos em luta pela
centro-esquerda Frente Unida (FU), Deve Gowda, independência dessa região anexada pela China,
toma posse como primeiro-ministro, mas deixa o em 1950. De seu lado, Pequim manifestou apoio
cargo em 1997. às pretensões paquistanesas sobre a região da Ca-
chemira, área povoada por budistas e sob domínio
Nacionalismo indiano, localizada entre a China e o Paquistão.
O BJP é o partido mais votado nas eleições Em outubro de 1962, explodia o conflito,
de 1998. Com o apoio de forças regionais e ultra- com a ocupação de Ladakh, na Cachemira, por
nacionalistas, obtém a maioria parlamentar, e seu tropas chinesas, que derrotaram rapidamente os
líder, Atal Behari Vajpayee, torna-se primeiro- efetivos indianos. O episódio provocou a queda do
-ministro. A Índia realiza cinco explosões nucle- ministro da defesa indiano e a aceleração do pro-
ares subterrâneas no deserto do Rajastão, em maio grama nuclear da Índia. Em 1974, dez anos após
de 1998. Trata-se de uma demonstração de força a explosão da primeira bomba atômica chinesa, a
Em 1971, eclodia o mais sangrento dos con- Um dos eixos das tensões regionais é a ques-
flitos no subcontinente: a guerra civil paquistana. tão árabe-israelense, que atualmente se subordina
Desde a independência, em 1947, a unidade do Pa- e confunde com a questão israelo-palestina. En-
quistão era contestada pelo movimento separatista quanto a primeira produziu quatro guerras e um
da população bengali, que habitava o Paquistão acordo diplomático (Camp David), restrito ao Egi-
oriental. Apesar de muçulmanos, como os demais to e a Israel, a segunda decorre da implantação
paquistaneses, os bengali constituíam uma popula- do Estado de Israel, em 1948, na Palestina. Esse
ção distinta, tanto do ponto de vista étnico como conflito opõe um povo, o palestino, disperso por
linguístico-cultural. Em 1970, a Liga Auami, força vários países (Israel, Líbano e Jordânia, principal-
política do Paquistão oriental, defensora da inde- mente), a um Estado, Israel. A consciência nacio-
pendência, vencia as eleições, fazendo maioria na nal palestina é tão nítida que gerou um Estado sem
Assembleia regional. território, um Estado no exílio; a Organização para
a Libertação da Palestina (OLP). como os Estados
A independência foi proclamada, mas o go- árabes também não aceitavam a presença israelen-
verno paquistanês fechou a Assembleia e enviou se, tornaram-se fiadores dos interesses palestinos,
tropas para a região. Começava a sangrenta guerra aumentando a complexidade do problema.
civil, eu se desenrolaria como um massacre inédito
de civis indefesos. Milhões de refugiados fugiram A Guerra do Golfo (1990-1991) fez girar os
para a Índia, e teve início uma campanha interna- dados na região. Com a derrota do Iraque, país que
cional de ajuda à população bengali. Em dezembro exercia certa influência sobre o mundo árabe, e o
A Questão Árabe-Israelense
Na origem do atual Estado de Israel está o
movimento sionista do século XIX. Discriminados
e perseguidos em inúmeros países europeus, espe-
cialmente na Rússia czarista, os judeus iniciaram
um movimento internacional dirigido para o “re-
torno à Pátria”. O movimento sionista, por meio
de organizações judaicas que financiavam a viagem
Xá reza Pahlev
16
Os Guardas Vermelhos
No Dia Internacional do Trabalho, 1º de Maio, o
presidente da Bolívia, Evo Morales, assinou um decreto
que nacionalizou a exploração dos hidrocarbonetos
(matérias-primas retiradas o subsolo do país, como o
petróleo e o gás natural). A iniciativa foi envolta em
simbolismos, evidenciados pelas forças militares bolivianas
ocupando empresas (em grande parte estrangeiras) que
exploram comercialmente a produção de petróleo e gás
naquele país. Isso acertou em cheio os interesses do Brasil,
representado por sua maior empresa, a estatal Petrobras,
que tem vários negócios no país vizinho. Termos
como exploração, expoliação, demagogia, usurpação,
expropriação e imperialismo foram usados de um lado e do
outro entre as personalidades envolvidas no dilema. Tudo
isso leva a outra temida palavra: impasse.
A recente celeuma envolvendo a naciona- grandes perdas. Para o Chile, perdeu a saída para o
lização dos hidrocarbonetos (gás e petróleo) boli- mar, após a Guerra do Pacífico, no final do século
vianos demonstra a reconfiguração geopolítica que XIX. O revanchismo boliviano é vivo até hoje e foi
perpassa pelo subcontinente sul-americano nos úl- um dos fatores dos distúrbios de 2003 que derruba-
timos anos. Esta reconfiguração aponta para uma ram o presidente Sánchez de Lozada; o presidente
América do sul mais à esquerda, como nunca antes acertara com os chilenos o escoamento dos recur-
visto. Neste espaço, onde para muitos o Brasil seria sos bolivianos por um porto no país vizinho, fato
uma “liderança natural”, tem aparecido lampejos inaceitável aos índios nacionalistas.
de rebeldia à suposta liderança, como transparece
Quanto às relações Brasil-Bolívia (em um
nas ações de Hugo Chávez, Evo Morales, ou mes-
século de história) revelam um indisfarçável su-
mo Nestor Kirchner.
bimperialismo brasileiro. No começo do século
A Bolívia, razão da última turbulência, traz XX, o diplomata José Maria Paranhos Júnior, o
em sua trajetória uma história de derrotas e usurpa- Barão do Rio Branco, encaminhou as negociações
ção de suas riquezas. No início, foi a prata, levada entre os dois países, após esses se desentenderem
de Potossi pelo colonizador espanhol. As jazidas de sobre seringueiros brasileiros na imprecisa frontei-
estanho, que chegaram a ser as segundas maiores ra Brasil-Bolívia. O desfecho do episódio culminou
do mundo, se exauriram devido à exploração in- com a conquista do Acre pelo Brasil.
tensiva que mineradoras internacionais realizaram
Na metade do século passado, Brasil e Ar-
no país. Sobrou do espólio exploratório o gás, o pe-
gentina constituíram os dois jogadores em busca
tróleo e muita pobreza. Talvez a última chance de
da hegemonia local, permanecendo os outros três
sair do atoleiro social no qual vive o país esteja em
países que também se encontram na área da bacia
resguardar o que sobrou de suas reservas minerais
Platina - Bolívia, Paraguai e Uruguai - à mercê da
para um uso mais racional e em prol do país, coisa
influência de uma ou outra potência regional. A
que de fato nunca houve.
Argentina iniciou o século XX com preponderân-
Em sua formação territorial, o país acumula cia na América do Sul, mas o Brasil virou o jogo
Bolívar
A Conciliação Oligárquica
No século 20 a violência não amainou. Per- Segundo os grandes caciques partidários,
seguições políticas acompanhadas de chacinas fo- para evitar uma nova recaída na violência popu-
ram comuns. Nem mesmo as medidas reformistas lar (uma nova onda de matanças de rua) ou na
tomadas pelo Presidente Alfonso López adotadas violência institucional (um retorno à ditadura),
na década dos anos trinta, no sentido de dar garan- celebraram um acordo em que a presidência da re-
tias às terras dos camponeses, amainou o confron- pública seria alternada, ora ela seria assumida por
to. Há pouco mais de 50 anos passados, em 1948, a um liberal, ora por um conservador, fazendo com
Colômbia presenciou talvez uma das mais terríveis que o mesmo pacto fosse aplicado equitativamente
anarquias urbanas da história moderna: o Bogota- nas demais instâncias do poder, nos ministérios e