Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógicos
Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógicos
Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógicos
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SUMÁRIO
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16.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 51
17 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 51
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA
Fonte: jottaclub.com
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as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando
quais são os obstáculos e os elementos que facilitam, quando se trata de uma abor-
dagem preventiva. Alguns elementos facilitadores e obstáculos são condicionados a
diferentes fatores, fazendo com que cada situação seja única e particular. Esse traba-
lho irá requerer do psicopedagogo uma atitude de investigação e intervenção no que
está prejudicando o indivíduo.
2 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
4
conteúdos; identificação de padrões de raciocínio utilizados pela criança ao abordar
situações e tarefas acadêmicas, bem como déficits e preferências nas modalidades
percentuais etc.; c) a identificação de características emocionais da criança, estímulos
e esquemas de reforçamento aos quais responde e sua interação com as exigências
escolares propriamente ditas.
Ela deve ser um processo dinâmico, pois é nela que são tomadas decisões
sobre a necessidade ou não de intervenção psicopedagógico. Ela é a investigação do
processo de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou
distúrbio apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela cri-
ança, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades
e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificul-
dades apresentadas. Durante a avaliação podem ser realizadas atividades matemáti-
cas, provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas, leitura,
escrita, desenhos e jogos.
Inicialmente, deve-se perceber na consulta inicial, que a queixa apontada pelos
pais como motivo do encaminhamento para avaliação, muitas vezes pode não só des-
crever o “sintoma”, mas também traz consigo indícios que indicam o caminho para
início da investigação. “A versão que os pais transmitem sobre a problemática e prin-
cipalmente a forma de descrever o sintoma, dão-nos importantes chaves para nos
aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na família”
(FERNÁNDEZ, 1991, p. 144).
Segundo Coll e Martín (2006), avaliar as aprendizagens de um aluno equivale
a especificar até que ponto ele desenvolveu determinadas capacidades contempladas
nos objetivos gerais da etapa. Para que o aluno possa atribuir sentido às novas apren-
dizagens propostas, é necessária a identificação de seus conhecimentos prévios, fi-
nalidade a que se orienta a avaliação das competências curriculares.
Dentre os instrumentos de avaliação também podemos destacar: escrita livre e
dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual (forma e conteúdo);
leitura (decodificação e compreensão); provas de avaliação do nível de pensamento
e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras; desenho
e análise do grafismo.
5
Fonte: http://www.fundacaoaprender.org.br/564
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3 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
Fonte: guiapraticoparapassaremconcurso.com/
7
Fonte: www.projetoamplitude.org/
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equipe investigar a sua causa e, para tanto, deve-se lançar mãos de todos os instru-
mentos diagnósticos necessários para esse fim. O diagnóstico psicopedagógico abre
possibilidades de intervenção e dá início a um processo de superação das dificulda-
des. O foco do diagnóstico é o obstáculo no processo de aprendizagem. É um pro-
cesso no qual analisa-se a situação do aluno com dificuldade dentro do contexto da
escola, da sala de aula, da família; ou seja, é uma exploração problemática do aluno
frente à produção acadêmica.
Fonte: www.folhajovem.com.br
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áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a eliminação de fato-
res que não são relevantes e a identificação da causa real do problema.
É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), com
a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino-aprendiza-
gem. Também é importante ressaltar que o diagnóstico possui uma grande relevância
tanto quanto o tratamento, por isso ele deve ser feito com muito cuidado, observando
o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito.
O diagnóstico psicopedagógico é visto como um momento de transição, um
passaporte para a intervenção, devendo seguir alguns princípios, tais como: análise
do contexto e leitura do sintoma; explicações das causas que coexistem temporal-
mente com o sintoma; obstáculo de ordem de conhecimento, de ordem da interação,
da ordem do funcionamento e de ordem estrutural; explicações da origem do sintoma
e das causas históricas; análise do distanciamento do fenômeno em relação aos pa-
râmetros considerados aceitáveis, levantamento de hipótese sobre a configuração fu-
tura do fenômeno atual e, indicações e encaminhamentos.
O diagnóstico não pode ser considerado como um momento estático, pois é
uma avaliação do aluno que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento,
quanto as suas capacidades e possibilidades de aprendizagem futura. Por muitos
anos, era uma tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas informa-
ções dos alunos, obtidas através da família e às vezes da escola, e logo após devol-
viam um laudo diagnóstico, quase sempre com termos técnicos incompreensíveis. A
distância existente no relacionamento entre os especialistas, a família e a escola im-
pediam o desenvolvimento de um trabalho eficiente com o aluno.
A proposta atual é que o diagnóstico seja um trabalho conjunto onde todas as
pessoas que estão envolvidas com o aluno devem participar, e não atuar como meros
coadjuvantes desse processo. Ele não é um estudo das manifestações aparentes que
ocorrem no dia-a-dia escolar, é uma investigação profunda, na qual são identificadas
as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequa-
das para correção e/ou compensação das dificuldades, considerando as característi-
cas de cada aluno.
O diagnóstico não deverá somente fundamentar uma deficiência, mas apontar
as potencialidades do indivíduo. Não é simplesmente o que este tem, mas o que pode
ser e como poderá se desenvolver. É de extrema relevância detectarmos, através do
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diagnóstico, o momento da vida da criança em que se iniciam os problemas de apren-
dizagem. Do ponto de vista da intervenção, faz muita diferença constatarmos que as
dificuldades de aprendizagem se iniciam com o ingresso na escola, pois pode ser um
forte indício de que a problemática tinha como causa fatores entre-escolheres
(BOSSA, 2000, p. 101).
Ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente
para o significado do sintoma a nível familiar e escolar e não o veja apenas em um
recorte, como uma deficiência do sujeito. Que o psicopedagogo, através do diagnós-
tico acredite numa aprendizagem que possibilite transformar, sair do lugar estagnado
e construir. Que ele seja o fio condutor que norteará a intervenção psicopedagógico.
Fonte: luciene-educadora.blogspot.com.br
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da criança, realizando a anamnese; entrevistar o aluno; fazer contato com a escola e
outros profissionais que atendam a criança; manter os pais informados do estado da
criança e da intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamentos para
outros profissionais, quando necessário.
Já Bossa (2000) destaca outros recursos, referindo-se as Provas de Inteligên-
cia (WISC); Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste de Bender); Teste de
Apercepção Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática (TAT.); Provas de nível de
pensamento (Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade); Desenho
da família; Desenho da figura humana; Teste HTP (casa, árvore e pessoa); Testes
psicomotores; Lateralidade; Estruturas rítmicas... A autora não apresenta restrição
quanto ao uso dos testes, no entanto, alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder,
CAT, TAT, Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de
psicólogos. Para evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver ativi-
dades que possibilitem fazer as mesmas observações que tais testes.
Ele também pode organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se
faça uma avaliação de todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese diag-
nóstica inicial. Ex: teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e de linguagem
(fonoaudiólogos). Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, podem usar testes
como o TDE, Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas pedagógicas, etc.
O uso de jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito
através deles pode manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos em
seu inconsciente. Além do mais, no enfoque psicopedagógico os jogos representam
situações-problemas a serem resolvidos, pois envolvem regras, apresentam desafios
e possibilita observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de pensa-
mento, como reage diante de dificuldades.
5 ETAPAS DO DIAGNÓSTICO
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os objetivos de aprendizagem escolar; a avaliação de desempenho em teste de inte-
ligência e viso-motores; a análise dos aspectos emocionais por meio de testes e ses-
sões lúdicas, entrevistas com a escola ou outra instituição em que o sujeito faça parte;
etc. Esses momentos podem ser estruturados dentro de uma sequência diagnóstica
estabelecida.
Existem diferentes modelos de sequência diagnóstica, sendo que nos detere-
mos no modelo desenvolvido por Weiss (1992). As etapas que compõem o modelo e
o caracterizam:
Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.);
Entrevista de anamnese;
Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças);
Provas e Testes (quando necessário);
Síntese diagnóstica – Prognóstico;
Entrevista de Devolução e Encaminhamento. Estas etapas podem ser
modificadas quanto a sua sequência e maneira de aplicá-las, de acordo
com cada prática psicopedagógico.
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6 ENTREVISTA FAMILIAR EXPLORATÓRIO SITUACIONAL (E.F.E.S.)
7 ENTREVISTA DE ANAMNESE
É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos pontos
cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados significativos sobre a história
do sujeito na família, integrando passado, presente e projeções para o futuro, permi-
tindo perceber a inserção deste na sua família e a influência das gerações passadas
neste núcleo e no próprio.
Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução
geral do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias ma-
terna e paterna e história escolar. O psicopedagogo deverá deixá-los à vontade “...
para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos
sobre a criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à apren-
dizagem” (Weiss, 1992, p. 62).
14
Fonte: slideplayer.com.br
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transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo-motriz” (PAÍN, 1992, p.
43).
É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito
pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais
em relação ao filho. Posteriormente é importante saber sobre as primeiras aprendiza-
gens não escolares ou informais, tais como: como aprendeu a usar a mamadeira, o
copo, a colher, como e quando aprendeu a engatinhar, a andar, a andar de velocípede,
a controlar os esfíncteres, etc. A intenção é descobrir “em que medida a família pos-
sibilita o desenvolvimento cognitivo da criança – facilitando a construção de esquemas
e deixando desenvolver o equilíbrio entre assimilação e acomodação...” (WEISS,
1992, p. 66).
É interessante saber sobre a evolução geral da criança, como ocorreram seus
controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, sono etc., se ocorre-
ram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens. Se a mãe não per-
mite que a criança faça as coisas por si só, não permite também que haja o equilíbrio
entre assimilação e acomodação. Alguns pais retardam este desenvolvimento pri-
vando a criança de, por exemplo, comer sozinha para não se lambuzar, tirar as fraldas
para não se sujar e não urinar na casa, é o chamado de hipoassimilação (PAÍN, 1992),
ou seja, os esquemas de objeto permanecem empobrecidos, bem como a capacidade
de coordená-los.
Fonte: www.abads.org.br/
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Por outro lado, há casos de internalização prematura dos esquemas, é o cha-
mado de hiperassimilação (PAÍN, 1992), pais que forçam a criança a fazer determina-
das coisas das quais ela ainda não está preparada para assimilar, pois seu organismo
ainda está imaturo, o que acaba influenciando negativamente o pensamento da cri-
ança. É interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento
esperado ou se foram retardadas ou precoces.
Saber sobre a história clínica, quais doenças, como foram tratadas, suas con-
sequências, diferentes laudos, sequelas também é de grande relevância, bem como
a história escolar, quando começou a frequentar a escola, sua adaptação, primeiro dia
de aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela escola, trocas de
escola, enfim, os aspetos positivos e negativos e as consequências na aprendizagem.
Todas estas informações essenciais da anamnese devem ser registradas para
que se possa fazer um bom diagnóstico.
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9 PROVAS E TESTES
Fonte: blog.opticasitamaraty.com.br/
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10 SÍNTESE DIAGNÓSTICA
“Uma vez recolhida toda a informação (...) é necessário avaliar o peso de cada
fator na ocorrência do transtorno da aprendizagem” (PAÍN, 1992, p. 69). A síntese
diagnóstica é o momento em que é preciso formular uma única hipótese a partir da
análise de todos os dados colhidos no diagnóstico e suas relações de implicância, que
por sua vez aponta um prognóstico e uma indicação. Essa etapa é muito importante
para que a entrevista de devolução seja consciente e eficaz.
É a resposta mais direta à questão levantada na queixa. Faz-se uma síntese
de todas as informações levantadas nas diferentes áreas. É uma visão condicional
baseada no que poderá acontecer a partir das recomendações e indicações.
Fonte: www.ebah.com/
Fonte: southcountychildandfamily.com/
20
etc.; e as indicações que são os atendimentos que se julgue necessário como fono-
audiólogo, psicólogo, neurologista etc.
Fonte: http://blogs.odiario.com/odiarionaescola/2010/06/
BIBLIOGRAFIAS
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WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de janeiro: Imago
Edit, 1975.
12 LEITURA COMPLEMENTAR
22
aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendiza-
gem. Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo,
com o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos
para o sujeito, pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento
com o mundo das pessoas das ideias. Ocorre-se na intervenção terapêutica.
23
Averígua-se que a psicopedagogia utiliza os termos " ensinantes e aprenden-
tes" para denominar o par educativo que comumente conhecemos por professor e
aluno. Pensa-se que para a psicopedagogia esses papéis alternam-se o tempo inteiro,
no processo ensino- aprendizagem visto pela psicopedagogia também se aprende
sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, o outro nos serve de espelho.
Deseja-se como todo professor querer que os alunos acertem sempre, mas
deve-se adquirir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem, estuda-se que o erro é
um indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi
ensinado. Analisa-se com mais cuidado os erros dos alunos, pode-se elaborar a re-
formulação e práticas docentes de modo que elas fiquem perto da necessidade dos
alunos e atender as dificuldades que o mesmo apresenta.
24
Observa-se o papel do professor, com uma visão psicopedagógica, ser um in-
vestigador dos processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o problema
de aprendizagem leve a um fracasso escolar.
[...]. Não pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento.
Ao falar de jogo, não estou fazendo referências a um ato, nem a um produto, mas a
um processo. Estou me referindo a esse lugar e tempo que Winnicott chama espaço
transicional, de confiança, de criatividade. Transicional entre o crer e o não crer, entre
o dentro e o fora. O espaço de aprendizagem "não pode ser situado na realidade
psíquica interior do indivíduo, porque não é um sonho pessoal: além disso forma parte
da realidade compartilhada. Tampouco se pode pensá-la (a área da experiência cul-
tural), unicamente em função de relações exteriores, porque acha-se dominada pelo
sonho. Nesta entram ... o jogo e o sentido do humor. Nesta área todo bom intelecto
está em seu elemento de prosperar. (Fernandez,1991 p.165)
25
Para Piaget (1976), o jogo na escola tem importância quando revestido de seu
significado funcional, ou seja, é preciso, uma coerência entre assimilação e acomoda-
ção. Ambos os autores correlacionam o jogo para uma utilização em contextos esco-
lares como situações psicopedagógicas.
Para Alicia Fernandes (2001) não pode haver construção do saber, se não se
joga com o conhecimento. O jogo é um processo que ocorre no espaço transicional,
de confiança, de criatividade. É o único onde se pode aprender. Através do jogo a
criança expressa agressão, adquire experiência, controla ansiedade, estabelece con-
tatos sociais como integração da personalidade e prazer.
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14 RUMOS E DIRETRIZES DOS CURSOS DE PSICOPEDAGOGIA: ANÁLISE
CRÍTICA DO SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA NA AMÉRICA- LATINA3
/scielo.php?pid=S1676 10
492004000100008&script=sci_arttext
A resposta ao tema não pode ser encontrada logo de pronto. O que se pre-
tende, portanto, é tão somente tentar o desafio de uma tradução apropriada da ques-
tão que referencia o mesmo termo a perspectivas muito diferentes, buscando contex-
tualizar distintos processos de construção de um único objeto: a psicopedagogia.
27
Com o intuito de contextualizar os rumos e diretrizes dos cursos de psicopeda-
gogia trataremos de examinar os três pontos anteriormente elencados. Iniciaremos
pensando na América Latina, delimitando o onde.
28
Já em 1956 a Psicopedagogia constitui-se como curso de graduação de três
anos, para formar docentes capazes de atuar na psicologia aplicada a educação, de-
dicada explicitamente ao aperfeiçoamento docente e ao âmbito educativo, na con-
fluência da psicologia e pedagogia. Essa atuação abarcava aspectos preventivos, as-
sessoramento e orientação nas aprendizagens sistemáticas e assistemáticas, e tera-
pêuticos, diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Nascida em
berço esplêndido, paradoxalmente não chega à pós-graduação, especialização, mes-
trado ou doutorado no interior das universidades.
Diversamente da Argentina colonizada por um povo que trouxe sua cultura para
a nova terra, no Brasil os índios e posteriormente os escravos africanos não podiam
viver, pensar, expressar, mostrar sua cultura, desvalorizada, desqualificada e desau-
torizada pelo emigrante que aqui aportava para levar as riquezas da colônia para Por-
tugal. O Brasil e seus habitantes eram vistos com desdém pela corte que, fugindo de
Napoleão, aqui precisou viver. Os nobres e os ricos retornavam `a Europa para estu-
dar.
29
por importantes transformações sociais, políticas e culturais. Até esta data o acesso
do povo brasileiro ao ensino universitário só era possível fora do Brasil.
30
Desta forma a psicopedagogia chega ao Brasil marcada pela clandestinidade e
vai, na medida das possibilidades, produzindo saberes, organizando-se enquanto prá-
xis, mas excluída da academia.
Em 1979, decorrido quase vinte anos de prática, surge em São Paulo, capital,
o Sedes Sapientae, que prescinde da autorização do estado abrindo mão da validação
acadêmica dos certificados por ela emitidos em troca do exercício da liberdade de
pensamento, expressão multidisciplinar e da formação de profissionais cuja ética não
se pautasse em simples formalismo legal, mas que se comprometesse com os direitos
da pessoa humana. Surge aí o primeiro curso de especialização em psicopedagogia
no Brasil fomentando outros espaços de autoria em diferentes instituições acadêmi-
cas, no nível de ensino que o estado exerce até hoje menor grau de regulamentação
e controle. Podemos dizer que a psicopedagogia aqui surgiu como clandestina e cres-
ceu como o patinho feio da pós-graduação.
33
A natureza dos objetivos Estritamente educa-
Estritamente psicológico
de intervenção tivo
Quando se busca uma reflexão conceitual acerca dos contextos práticos psico-
pedagógicos procurando identificar denominadores comuns a práticas aparentemente
díspares o traço distintivo que surge é o da heterogeneidade pois o campo de atuação
psicopedagógico se caracteriza por:
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agnóstico e tratamento de transtornos, seja como modificação do processo de apren-
dizagem escolar; uma área que estuda e trabalha com o processo de aprendizagem
e suas dificuldades.
Não existe uma teoria referencial hegemônica das práxis psicopedagógico, pre-
cisamente porque nenhuma das teorias contemporâneas pode ao mesmo tempo com-
preender as múltiplas dimensões que intervêm no objeto psicopedagógico, senão que
recorrem a marcos conceituais e instrumentações teóricas.
35
reais adequadas à própria proposta pedagógica. Fala-se, ainda, de orientação psico-
pedagógico e, dentro dessa perspectiva, as duas psicopedagogias - clínica e institu-
cional - estão referidas, visto que orientação psicopedagógico é entendida como o
processo pelo qual se proporcionam condições que facilitem o desenvolvimento do
indivíduo, do grupo, da instituição e da comunidade, bem como prevenção e solução
de dificuldades existentes, de modo a atingir objetivos educacionais e pedagógicos.
Todas essas três concepções (ou duas) se ligam a um outro aspecto que é
preciso também ser entendido - a psicopedagogia teoria. O que é ela? Um campo
específico do conhecimento científico? Um pré-saber? Uma meta teoria, uma pers-
pectiva para a tarefa científica de leitura dos dados reais que envolvem o ato de apren-
der?
36
Orientar a respeito das adequações metodológicas relacionadas com as carac-
terísticas bio-psico-sociocultural dos indivíduos e grupos.
37
Neste caso, o psicopedagogo como investigador procura, a partir dos dados
diagnósticos e de evolução do tratamento, as formas e a qualidade do funcionamento
das estruturas cognitivas e afetivas, numa conjugação entre o substrato bio fisiológico
do sujeito, suas experiências e as condições advindas de fora.
A estruturação dos dados numa construção teórica exige, assim, uma segunda
ordem de problema que consiste em escolher que tipo de construção vai ser utilizada
na organização desse saber: se aquela construída como um agregado de dados em-
píricos, sem a preocupação de encaixe em um contexto mais amplo, ou seja, fruto da
inferência pura; ou aquela que pressupõe a presença de construções hipotéticas nas
quais os dados já estão comprometidos por um a priori, por uma atitude metateórica.
Toda nova teoria passa por, no mínimo, três estágios: num primeiro estágio
trabalha-se com conceitos emprestados, num segundo os conceitos são compartilha-
dos e finalmente há a construção de um novo corpo teórico que transcende os mo-
mentos anteriores.
Entretanto, o fato de achar-se ainda nessa fase de saber pré-científico não im-
plica que a psicopedagogia não possa produzir teoria. É exatamente nesse começo,
quando ainda existem poucas generalizações, que é recomendável tentar-se as cons-
truções teóricas.
39
14.2 4. Concluindo: O futuro da psicopedagogia na América Latina
BIBLIOGRÁFIAS
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41
15 LEITURA COMPLEMENTAR
16.1 RESUMO:
Este artigo tem como objetivo ressaltar a importância do psicopedagogo dentro do âmbito es-
colar. Tendo como base que a Psicopedagogia a princípio se compõe de dois saberes – a psicologia e
a pedagogia, pois se trata de uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o
seu objeto de estudo o ser em processo de construção e reconstrução do conhecimento. A Psicopeda-
gogia é uma área de atuação marcada pela diversidade em relação aos profissionais que nela atuam.
Verificam-se diferenças na formação, atuação e identidade dos mesmos, levando a Psicopedagogia a
estar ainda em processo de construção e delimitação de seus aspectos teóricos e práticos. Indepen-
dentemente da abordagem teórica utilizada para se compreender o homem e seu desenvolvimento, um
fato é inegável: desde que nasce o ser humano está constantemente exposto aos processos de apren-
dizagem. O homem aprende a andar, a falar, a reconhecer pessoas e objetos, a se relacionar, a brincar
e, fundamentalmente, o ser humano aprende a aprender.
1 INTRODUÇÃO
43
Cabe a ele perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, parti-
cipar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo
orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos
indivíduos do grupo, realizando processos de orientação.
Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes respon-
sáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas
educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam
repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de
aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem. (BOSSA, 1994, p 23).
Este profissional deve ter a consciência de observar o indivíduo como um todo:
coordenação motora ampla, aspecto sensoriomotor, dominância lateral, desenvolvi-
mento rítmico, desenvolvimento motor fino, criatividade, evolução do traçado e do de-
senho, percepção espacial e Visio motora, orientação e relação espaço temporal,
aquisição e articulação dos sons, aquisição de palavras novas, elaboração e organi-
zação mental, atenção e coordenação, bem como expressões, aquisição de conceitos
e, ainda, desenvolvimento do raciocínio logico matemático.
A importância da Psicopedagogia já vem sendo notada por muito seja ela den-
tro das escolas, hospitais e empresas. A aprendizagem deve ser olhada como a ativi-
dade de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações
e o desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na personali-
dade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental da realidade.
De acordo com Polity (2000), uma criança pode desistir da escola porque aceita
uma responsabilidade emocional, encarregando-se do cuidado de algum membro da
família. Isso se produz, em resposta à depressão da mãe e da falta de disponibilidade
44
emocional do pai que, de maneira inconsciente, ratifica a necessidade que tem a es-
posa, que seu filho a cuide.
As crianças que apresentam dificuldades na escola, na compreensão de novas
habilidades, estão correndo o risco de terem problemas nas diferentes áreas escolares
e na vida em geral, no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, como um todo.
Tais dificuldades são de grande importância, pois os problemas entre o poten-
cial da criança e a sua execução, devem ser avaliados com cuidado por um profissio-
nal especializado em dificuldades de aprendizagem. Se ao papel da família acrescen-
tássemos o papel da escola teríamos a formação de uma rede, pois ambas são res-
ponsáveis tanto pela aprendizagem como pela não-aprendizagem do sujeito.
A procura de um profissional fora do espaço escolar apresenta outras alterna-
tivas às propostas e condições existentes na escola.
O atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vincu-
ladas à aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desen-
cadeiam as necessidades individuais - às vezes alheias ao fator escola, que fazem
com que as crianças e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos
do sistema educacional.
O papel do profissional está caracterizado, conforme Fernández (1991),
por uma atitude que envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma teste-
munha atenta que valida a palavra do paciente; completamente inerente às relações
entre ele e sua família.
Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na
escuta, interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é funda-
mental. Podendo assim a psicopedagogia, ser considerada como uma forma de tera-
pia.
É importante ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também
não trabalha sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas
como: a Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias
para o caso a ser atendido.
É fundamental que os profissionais procurem compreender qual o papel do psi-
copedagogo na escola, na clínica, nas instituições, enfim, nas relações que estabelece
com o aluno, com a sua família, com a escola e com a sociedade.
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Além disso, devem buscar delinear qual seria a formação que melhor os habilitaria
a exercer sua função, e também considerar se as diferentes formações, em nível de
graduação dos psicopedagogos brasileiros, interferem em sua prática profissional e
na construção de sua identidade.
Diante disso nota-se que cada criança tem o processo de desenvolvimento di-
ferente, algumas aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais de-
vagar.
E nesse momento que é de fundamental importância que o professor analise
individualmente cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a necessi-
dade de cada um, quando o professor sente a dificuldade de entender essas diferen-
ças o aprendizado do aluno cai muito, dessa forma o psicopedagogo pode intervir de
maneira a ajudar tanto o educando quanto o educador.
Nota-se que em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo
com a realidade do aluno, pois a prática do professor em sala de aula é decisiva no
processo de desenvolvimento dos seus alunos, esse talvez seja o momento do pro-
fessor rever a metodologia utilizada para ensinar seu aluno.
Através de outros métodos ou atividades ele poderá detectar quem realmente
está com dificuldade de aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados
erroneamente, que prejudicam a criança trazendo-lhe várias consequências, como a
baixa-estima e até mesmo o abandono escolar.
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos apren-
dam de maneira correta e eficaz, fazendo com que haja menos evasão escolar e mais
probabilidade de o aluno permanecer dentro da sala de aula.
Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não podemos pensar
em um, sem estar em relação ao outro. Ainda segundo Fernandez (2001, p.29), “entre
o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer
de aprender”. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes
da família, como também, os professores e companheiros da escola.
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De acordo com Sena, Conceição e Vieira (2004), o processo de ressignificação
da prática pedagógica se constrói por meio de um processo que se efetiva pela refle-
xão critico-reflexiva do professor sobre seu próprio trabalho, isto é, a partir da base do
contexto educativo real, nas necessidades reais dos sujeitos, nos problemas e dilemas
relativos ao ensino e à aprendizagem.
O professor não apenas transmite os conhecimentos ou faz perguntas, mas
também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a expres-
sar-se, a expor suas opiniões.
Segundo Firmino (2001) as evidências sugerem que um grande número de alu-
nos possui características que requerem atenção educacional diferenciada. Neste
sentido, um trabalho psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando educadores a
aprofundarem seus conhecimentos sobre as teorias do ensino e aprendizagem e as
recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sinteti-
zando-as numa ação educativa.
2.1 O papel do psicopedagogo no planejamento escolar
É importante que fique claro que, ao avaliar, o professor não deve prestar aten-
ção somente no aluno e sim na aprendizagem como um todo, portanto não precisa
necessariamente fazer uso somente de testes e provas. Mas das atividades de sala
de aula como, por exemplo: trabalhos em grupo, exercícios, atividades extraclasse e
a observação do professor, podem revelar muito sobre a aprendizagem dos educan-
dos.
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psicopedagogo interage com a comunidade escolar, participando das reuniões de pais
- esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; dos conselhos de classe - avaliando o
processo didático metodológico; acompanhando a relação professor-aluno - sugerindo
atividades ou oferecendo apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvi-
mento do educando e do educador no complexo processo de aprendizagem que estão
compartilhando.
Onde mediar é intervir para promover mudanças e o aprender é o resultado da
interação entre os educadores e seus educandos bem como ao meio ambiente do
qual estão inseridos, sendo assim nota-se que o professor é coautor do processo de
aprendizagem dos alunos e por isso, o conhecimento é construído e reconstruído con-
tinuamente.
O conhecimento como cooperação, criatividade e criticidade estimula a liber-
dade e a coragem para transformar, sendo que o aprendiz se torna no sujeito ator
como protagonista da sua aprendizagem. O professor exerce a sua habilidade de me-
diador das construções de aprendizagem.
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dade onde alguns profissionais defendem a regulamentação da profissão do psicope-
dagogo, num processo que teve início em 1988 e se encontra em andamento na Câ-
mara dos Deputados Federais.
Para esses autores, o psicopedagogo seria o profissional capaz de uma re-
forma no sistema educacional brasileiro, tendo em vista que sua formação e prática
baseiam-se em conhecimentos multidisciplinares, que permitem uma análise e inter-
venção no projeto educacional brasileiro, a partir de uma visão integral do aluno.
O fracasso escolar tem sido ao longo dos anos, um fenômeno multideterminado
e o maior responsável pelas dificuldades de acesso e permanência dos alunos na
escola (Fini, 1996; Carvalho, 1997; Brasil, 1997).
De acordo com Patto (1990), o fracasso escolar é um processo historicamente
construído e sua análise revela diversas teorias e concepções que buscaram explicar
e justificar o fracasso escolar e os problemas e/ou dificuldades de aprendizagem.
Quais fossem essas teorias, as compreensões dos problemas educacionais
centravam-se nos aspectos sócio cognitivos e afetivos do aluno e da sua família, de-
terminando uma forma de análise do processo de ensino - aprendizagem que excluía
elementos fundamentais deste processo, tais como: a escola e os seus professores
(Machado, 1997).
Visando o profissional, o psicopedagogo pode auxiliar os alunos a lidarem com
suas dificuldades circunstanciais de aprendizagem, a compreenderem o processo es-
colar e a descobrirem (ou redescobrirem) seus potenciais.
Além disso, este profissional pode oferecer a estes alunos a possibilidade de
resgatar a própria autoestima e a motivação para a aprendizagem, bem como ajudá-
los a acreditar que através de seu próprio esforço e capacidade podem aprender e se
desenvolver com prazer.
O trabalho com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem constitui
uma dentre as várias razões que movem pedagogos, psicólogos e outros profissionais
que trabalham com crianças a aprofundarem seus conhecimentos sobre a função, as
necessidades, as peculiaridades, a prática e o campo de atuação da intervenção psi-
copedagógico.
No Brasil, o trabalho psicopedagógico tem sido influenciado, sobretudo, pelas
abordagens associacionistas, psicanalíticas e construtivistas (Sisto,1996). Contudo,
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permanecem, ainda, as discussões acerca das definições da psicopedagogia em seus
aspectos teóricos e práticos.
17 BIBLIOGRAFIAS
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samento. Trad. Neusa Kern Hickel. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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com famílias, escolas e meios de comunicação. Trad. Neusa Kern Hickel e Regina
Orgler Sordi. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada - abordagem psicopedagógico
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PATTO, Maria H. S. A produção do fracasso escolar: história de submissão e
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ções familiares. Disponível em http://www.psicopedagogiaonline.com.br. Acesso em
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SISTO, F. F. Contribuições do construtivismo à psicopedagogia. In: SISTO, F.
F. Atuação psicopedagógico e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.
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