LIVRO VIII ÉTICA A NICÔMACO Trabalho (Artigo Rods)

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

ARTIGO DO LIVRO ÉTICA A NICÔMACO DE

ARISTÓTELES
LIVRO VIII

Docente: Prof. Diego Rodstein

Autoras: Ariana Marcelino de Melo, Darline Salgado de


Souza Ribeiro, Isabella Nunes, Luana dos Santos e
Mariana Rodrigues Adriano

Turma Psicologia UMA


1º semestre de 2020
1

LIVRO VIII ÉTICA A NICÔMACO

RESUMO

E assim, como a amizade depende mais do amar do que ser amado, e são os que
amam os seus amigos que são louvados, o amar parece ser a virtude
característica dos amigos, de modo que só aqueles que amam na medida justa
são os amigos duradouros, e só a amizade desses resiste ao tempo.
(ARISTÓTELES, p.180, 2007)

Neste livro, Aristóteles discute a respeito da amizade, sua importância e suas


implicações. A amizade é importante para todos, é vivenciada entre pais e filhos e nos
animais, além dos homens. É uma virtude e alguns a definem como afinidade.
Compreende-se melhor conhecendo o objeto de amor, pois nem tudo é amado e sim
estimado.
Existem formas diferentes de amizade, dentre elas, a baseada na utilidade que
acontece muito entre jovens e velhos, uma vez que ambos estão interessados no que lhes
é útil. Outra forma é baseada na satisfação e prazer, pelo o que o outro pode oferecer, ou
seja, o indivíduo quer tal aproximação em busca de um prazer, sensação de bem estar
que o outro pode lhe proporcionar e por fim têm-se a amizade perfeita, que é a dos
homens bondosos e virtuosos e que trazem em si tais afinidades sobre seus valores.
Esses fazem o bem aos outros pela sua natureza e não de forma acidental.
Só ter amigos não dá felicidade, mas uma vida sem amizade, não é uma vida feliz e
realizada.
Palavras-chave: amizade; felicidade; ética; virtude.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo trata-se do livro VIII do livro Ética a Nicômaco que busca explicar os
diferentes tipos de amizade, dentre elas, a amizade virtuosa. Refletir sobre as relações
sociais implica pensar e repensar as relações éticas e políticas atualmente e no decorrer
do processo histórico desde a antiguidade. A crise contemporânea nos instiga a refletir,
pois ao nos debruçarmos sobre as relações sociais nos defrontamos com conflitos
2

afetivos que antecedem e permeiam as relações éticas e políticas. A partir disso,


abordamos o tema da amizade como expressão dessa problemática.
Aristóteles, conceituando a amizade como virtude pressupõe a seguinte indagação: por
que a amizade é uma virtude necessária? Para responder tal indagação sobre a finalidade
humana, é preciso compreender a relevância da amizade.
Um tipo de amizade que é bem contestado na atualidade é a amizade entre pais e
filhos. Aristóteles relacionou esse tipo de amizade com a amizade de governantes e
governados que de acordo com ele, seria uma amizade que ‘’depende da quantidade de
benefícios conferidos, pois um rei beneficia seus súditos quando, um homem bom,
cuida do bem-estar destes’’. Aristóteles relacionou esses dois tipos de amizade porque
‘’estas amizades implicam superioridade uma parte sobre a outra’’.
Aristóteles afirma também que ‘’os pais, portanto, amam seus filhos como a si
mesmos, enquanto os filhos amam os pais por terem nascido deles’’. Assim pode-se
afirmar que na relação de pai e filho é basicamente do tipo uma amizade baseada na
satisfação e prazer. Entretanto quando o filho é exposto a uma situação a qual o gera um
trauma ou um bloqueio com um dos pais o sentimento pode passar a ser unilateral, onde
somente o pai sente afeição pelo filho, uma relação com a qual não existe reciprocidade.
Isso pode acontecer por situações do tipo, quebra de confiança do filho com o pai, falta
de diálogo, agressividade do governante da casa entre outros. Quando isso acontece é
notório o quanto essa relação baseia-se nos prazeres e satisfações que um pode
promover ao outro, pois em diversos casos os mesmos continuam tendo um laço
somente pelos benefícios que essa relação pode trazer e não pelo fato de que há uma
reciprocidade no sentimento.
Para compreendermos como Aristóteles dimensionou a concepção de amizade,
discutiremos a respeito dos três tipos de amizade mencionada no livro. Em seguida, há
de ser feita uma comparação à vida contemporânea, dessa forma, trazendo um melhor
entendimento sobre essa virtude.

2. DESENVOLVIMENTO

Focaremos na amizade por prazer, fundamentada na satisfação em estar na


presença da outra pessoa independente de seu caráter e visa o que é agradável de um
para o outro; tal relação pode, assim, ser associada com o relacionamento entre pais e
filhos.
3

Aristóteles compara a relação fraterna com o que existe em uma monarquia, em


que o rei cuida de seus súditos assim como o pai zela pelos filhos, prezando pelo bem
estar. O rei visa à vantagem de seus súditos, pois, se não fizesse isso, a realeza seria
apenas um título. No entanto, hodiernamente, vemos que tal comparação não condiz
com a realidade, levando em conta que na relação entre governantes e governados
nem sempre é estabelecido à preocupação e cuidado, e sim, frente à ganância, é dado
à prioridade ao poder e o próprio bem, sendo eles o que Aristóteles denomina de
governos tirânicos.
Outra analogia, tendo ainda como cenário a estrutura política e a relação paterna é
que, apesar do cuidado, existe uma forte relação de hierarquia e superioridade dos
pais e governantes. Isso faz surgir às dissensões na relação paterna por conta da
quebra de expectativas e confiança que ali foram colocadas; muitas vezes a opinião
dos filhos são invalidadas pelo ponto de vista dos pais devido a posição de
dependência ocupada pelos descendentes.
Para fechar tal associação, vale ressaltar que a amizade entre um rei e um súdito
depende de um excesso de benefícios conferidos, assim como pais e filhos, em que
os primeiros prezam pelo bem dos segundos que o devem a obediência. Na relação
entre pais e filhos há uma dependência do segundo em relação ao primeiro já que ele
o sustenta, dando-lhe acesso a educação, uma casa, comida etc, portanto, cabe aos
filhos serem respeitosos e cumprirem com as regras estabelecidas pelo genitor.
Sendo assim, a amizade por prazer segue sua definição, em que ambos recebem
simultaneamente o que desejam.
Por mais que em tal relação possa ser vista em certos momentos a amizade
virtuosa, assim como a amizade por utilidade, ela se baseia majoritariamente na
relação por prazer. Aristóteles indica que ‘’os pais amam os filhos como partes de si
mesmos, e os filhos amam os pais por serem algo que se originou deles’’, ou seja, o
amor se desenvolve pela ligação existente entre eles, mas permanece pelo prazer, já
que este poderia muitas vezes não ser recíproco, e ainda assim, o indivíduo
permaneceria pelo contentamento que a amizade o oferece. Outro ponto levantado
por Aristóteles, é que os pais amam os filhos desde que eles nascem, mas os filhos só
desenvolve tal amor pelos pais com o tempo, quando os mesmos adquirem
conhecimento e discernimento; portanto, mesmo após entendimento da situação, os
filhos ainda assim optam por continuar e se desenvolverem dentro de tal amizade
pela satisfação que ela a proporciona.
4

3. CONCLUSÃO

Em síntese, no livro VIII de Ética a Nicômaco, Aristóteles definiu três tipos de


amizade como primordiais para a felicidade humana: A por utilidade, a virtuosa e a
por prazer. Esse artigo retratou essencialmente o que diz respeito à última na relação
pai e filho. Essa ligação gira em torno do tipo de amizade citada, pois,
majoritariamente, os filhos são dependentes dos pais em diversas esferas de sua
vida. Como consequência disso, é evidente grande interesse nos benefícios que tal
amizade pode propiciar, apesar de haver um sistema de hierarquia imposta dentro
desse vínculo em específico.
Aristóteles, ao comparar a relação fraterna com uma monarquia, em que o Rei
zela pelo bem estar de seus súditos tal como um pai pelo seu filho, se contrapõe à
realidade contemporânea, uma vez que o mundo político está lotado de ganância e
disputa por poder. Do mesmo modo, tal relacionamento fraterno é permeado por
estruturas hierárquicas, em que prevalece o posicionamento do “mais forte”, sendo
esse o de maior poder, normalmente do pai. O filho, pela sua relação de submissão
já citada acima, deve acatar as ordens e ter suas opiniões invalidadas sob a
justificativa da hierarquia familiar.
A amizade entre um Rei e seus súditos, além do zelo defendido pelo filósofo
grego, também depende de benefícios mútuos. Para o rei, obediência. Já para os
governados, cuidado e proteção. O mesmo se observa na relação fraterna. O genitor
deve prover para a família tudo que é necessário para uma boa vida, sejam bens
materiais, sejam sentimentos abstratos. O filho, em posição subalterna, seja pela sua
idade inferior, seja pelo seu poder aquisitivo restrito, recebe tais auxílios em troca de
respeito ao pai, constituindo um claro exemplo de amizade por prazer/satisfação em
que ambos os envolvidos têm seus privilégios garantidos.

4. REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Livro VIII. 4ª edição. São Paulo: Nova Cultural,
1991.

Você também pode gostar