1 - Gestão de Frotas Notas de Aula
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Apresentação
O processo de distribuição e entrega é imprescindível para qualquer negócio. Para
que esse processo ocorra de forma eficiente e eficaz, é necessária a definição dos
veículos e dos meios de transportes adequados. É importante que eles atendam às
exigências da empresa e de todos os elos da cadeia de suprimentos (fornecedores,
indústria, distribuidor/atacado, varejo e consumidor final) e que busquem reduzir
custos de manutenção, funcionamento, além de ter uma condição adequada de uso.
Isso exige gestão constante e eficiente das frotas e dos meios de transporte, além de
uma análise criteriosa da forma de administrar e de controlar a frota de
veículos, que terá impacto direto nos resultados da empresa e será um pilar para o
seu desenvolvimento financeiro.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a importância da gestão de frotas
e seus conceitos. Você também vai analisar os fatores que afetam os meios de
transporte, os critérios a serem considerados na escolha desses transportes
e como devem ser desenvolvidas as decisões sobre a administração de frota para que
esta alcance resultados positivos na empresa.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes
aprendizados:
Definir gestão de frotas.
Analisar os fatores que afetam os meios de transporte.
Identificar as decisões sobre administração de frota.
Desafio
A falta de gestão e de preocupação com fatores ligados ao gerenciamento e à
administração da frota da empresa pode gerar resultados negativos e fazer com que
todo o processo logístico seja afetado, especialmente os pontos básicos da logística
ligados a redução de custos, tempo e melhoria na movimentação de produtos. Por
isso, a função do administrador de frotas é essencial para o alcance de resultados
positivos na organização.
Para entendermos o que representa cada uma destas opções precisamos avaliar o
impacto econômico, e para isso precisamos avaliar os custos totais de cada caso. O
custo total será a soma do custo fixo (CF -ocorrerá independentemente da quantidade
movimentada) e o custo variável (custo que varia de acordo com o volume
movimentado).
Agora, para tomar essa decisão, é importante fazer o cálculo da melhor opção com
base nos dados fornecidos, observando o número de entregas necessárias e os
custos variável e fixo de cada transação.
Condição = número de entregas × custo variável + custo fixo
Frota própria = 1.200 × 300 + 300.000 = R$ 660.000,00
Frota terceirizada = 1.200 × 560 = R$ 672.000,00
Sendo assim, se a demanda for de 1.200 entregas por ano, a melhor opção, do ponto
de vista econômico, é ter uma frota própria. Porém se a demanda apresentar
variabilidade é necessário calcular o ponto de equilíbrio econômico da operação, ou
seja, qual o volume mínimo de entregas que é necessário se ter para manter uma frota
própria.
Para isso, considera-se o número de entregas como uma letra e realiza-se novamente
o cálculo.
Custo total de frota terceirizada = Custo total de Frota própria
(X) × 560 = (X) × 300 + 300.000
560X = 300X + 300.000
560X - 360x = 300.000
260X = 300.000
X = 300.000 ÷ 260 = 1.153,84 (aproximadamente 1.154 entregas), ou seja, se o
volume for inferior a 1154 entregas por ano, a melhor opção é ter uma frota
terceirizada, e para volumes acima de 1154 entregas por ano, a melhor opção é ter
frota própria.
A partir desta situação, a transportado reavaliou sua proposta, informado que se fosse
garantido um volume de entregas anuais de 1500 entregas por ano, pode-se ter as
seguintes alterações nos valores iniciais.
Proposta
opções
Frota própria
Número de entregas
1500
realizadas (unidades/ano)
Custo Variavel
por entrega realizada 290
(R$/por unidade)
Sua resposta
a) Enquanto Gerente de Frotas da Vorax, entendo que devemos utilizar o processo B
para a execução de entregas até o volume proposto pela terceirizadora, pois o valor
total da operação, R$ 727500,00, é inferior aos R$735000,00 necessários para a
mesma operação com frota própria.
b) Entretanto, acima de 1539 unidades entregues anualmente, tornar-se-á mais
rentável a operação com frota própria, pois teremos os seguintes números:
(X) × 485 = (X) × 290 + 300.000
485X = 290X + 300.000
485X - 290X = 300.000
195X = 300.000
X = 300.000 ÷ 195 = 1.538,46
1539 X 290 = 446310 + 300000 = 746310
1539 X 485 = 746415
Padrão de resposta esperado
Assim como demostrado no exemplo da análise da primeira proposta, tanto a resposta
da pergunta “a” quanto a “b” deve-se refazer os cálculos demostrados.
a) Os novos custos totais serão da proposta A será de R$ 735.000 e os custos da
proposta B será de R$ 727500, sendo assim, do ponto de vista econômico, a melhor
opção será a proposta B.
b) O novo ponto de equilíbrio será de 1538 entregas por ano, ou seja, se a demanda
for inferior este valor, é mais vantajosa optar pela proposta B, porém se a demanda
aumentar acima de 1538 entregas por ano, a melhor opção passa a ser a proposta A.
Infográfico
Meios de transporte são essenciais para a locomoção, pois possibilitam a
movimentação de cargas e produtos de forma ágil, viabilizando o atendimento
de clientes distantes e levando a satisfação preconizada. Com a chegada dos meios
de transporte, foi possível tornar viável vários pontos logísticos que otimizaram os
processos de escambo (trocas de excedentes) e romper os limites de localização,
promovendo a ampliação da globalização. Esta, por sua vez, ampliou a concorrência e
deu ao cliente maior poder de escolha e definição de compras de produtos e serviços.
No Infográfico a seguir, você vai ver os principais fatores que afetam os meios de
transporte e a descrição dos modais de transporte mais utilizados no Brasil.
Modal é o tipo de transporte escolhido por uma organização para realizar a
movimentação de seus produtos. Essa escolha será direcionada de acordo com a
disponibilidade da malha, que pode ser rodoviária ou ferroviária, e a quantidade de
portos e aeroportos existentes na região da empresa, além de ser um fator decisivo
para o atendimento da demanda do cliente e para a escolha dos fornecedores. Essa
decisão influencia diretamente as ações estratégicas ligadas à definição da localização
da empresa e de seus armazéns e também da região de abrangência de atendimento
em que a empresa irá atuar.
Algumas empresas optam pela multimodalidade, utilizando mais de um meio para
realizar o transporte de seus produtos de acordo com especificidade, volume, valor e
condições definidas no momento da compra. Nesse sentido, o custo do frete justifica
essa mudança pela ampliação do nível de serviço oferecido ao cliente.
No capítulo Gestão de frotas, da obra Transporte e distribuição, você vai conhecer a
importância da análise dos meios de transporte e o quanto a administração de frotas é
necessária para o alcance de resultados positivos na organização.
Boa leitura.
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO
Gestão de frotas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
1 Gestão de frotas
A frota de uma organização corresponde a todos os veículos responsáveis por
transporte e movimentação de pessoas e produtos de uma organização. A frota
possibilita o atendimento efetivo de demandas de clientes e todos os interessados,
seja nos produtos adequados ao consumo seja nos serviços necessários para o
desenvolvimento da empresa.
Para aperfeiçoar os processos de distribuição de uma empresa, Ching (2010)
afirma que é importante incluir:
preço;
volume de carga;
capacidade;
flexibilidade;
tempo de demora;
terminais de carga e descarga;
legislação;
regras governamentais.
O autor também define algumas características a serem avaliadas de acordo
com o produto:
sazonalidade;
tamanho;
localização;
formas de acesso;
negociação (inclui análise de prazos e custos);
disposição geográfica;
produção;
tipos de armazenagem;
formas de consumo;
infraestrutura (BERTAGLIA, 2016).
Para decidir o modal transporte levando em consideração o custo e o benefício,
devem ser feitas algumas perguntas: O que será transportado? Para onde será
transportado? Quando será transportado? Como será transportado? Respondendo
esses questionamentos fica mais fácil direcionar o modal e a rota a ser percorrida.
No processo de montagem de cargas, o responsável precisa ter todas as
informações disponíveis e atentar às restrições dos clientes. Precisa pensar na forma
de carregamento de acordo com a maneira que o produto vai ser descarregado, além
de considerar se haverá frete no retorno de algum insumo ou item.
De acordo com Bowersox et al. (2014), para alcançar um melhor resultado na
gestão dos transportes e frotas, é importante avaliar:
peso;
volume;
densidade;
formato;
manuseio;
valor.
E quanto ao mercado:
localização;
grau de concorrência;
sazonalidade;
equilíbrio do trafego.
Quanto maior for o conhecimento do responsável pelo setor de transportes
referente a seus produtos, clientes, frotas, rotas e funcionários, maior será o resultado
alcançado com as ações realizadas. Dessa forma, é possível ter uma visão ampla do
processo para um aperfeiçoamento de todas as áreas da empresa.
Saiba Mais
Os transportes representam cerca de 60% dos custos logísticos de uma
empresa, que incluem: depreciação do veículo, remuneração do capital, salário e
gratificações de motoristas e ajudantes, cobertura de risco (como seguros),
combustível, lubrificação, pneus e licenciamento.
A logística é um sistema que funciona de forma integrada. Para otimizar tempo,
custo, movimentação e nível de serviço, é preciso que as áreas internas (estoques,
compras, distribuição) e externas (elos da cadeia de suprimentos) estejam interligadas
e focadas nos melhores resultados. Isso porque ações incorretas em um dos setores
ou elos impactam toda a cadeia.
Para decidir entre uma frota própria e uma terceirizada, é importante considerar
a organização logística da empresa, juntamente com os valores de ativos existentes e
os que irão existir com a escolha desta frota. Para uma decisão acertada, deve ser
considerado o nível de serviço ofertado ao cliente, a flexibilidade, a rapidez, as formas
de controle, as habilidades administrativas da empresa contratante e da contratada, as
formas de recrutamento, treinamento e o retorno estimado perante esse investimento
(BERTAGLIA, 2016).
No uso da frota própria, a organização terá um controle maior de todas as
ações realizadas pelos seus funcionários, além de uma vantagem nesse
relacionamento, pois muitas vezes o único contato físico que o cliente terá com a
empresa será no momento da entrega do produto, o que torna a relação mais
amistosa e fortalece laços entre a empresa compradora e a fornecedora. Claro que
isso depende da preparação do funcionário. Ele pode ser instruído para esse tipo de
contato, e a relação pode ser controlada mediante uma ficha de avaliação a cada
entrega, preenchida pela empresa compradora.
Com essa vantagem, surgem todas as decisões a serem realizadas diante da
frota da empresa, como a manutenção preventiva e corretiva, a análise dos custos e
da depreciação, o conhecimento da vida útil e da renovação da frota, a necessidade
de melhorias e treinamentos de otimização com funcionários, a resolução de
problemas quanto a acidentes, faltas e atrasos durante o processo de entrega, desvio
de rotas devido a problemas na malha. Todas essas situações e outras relacionadas à
frota de veículos são de responsabilidade da empresa, sendo necessário a criação de
departamentos e setores e/ou de parcerias com empresas prestadoras de serviços
para não interromper o processo de entrega e atendimento do cliente.
De acordo com Bertaglia (2016), possuir frotas de veículos voltados a
prestação de serviços de transporte ou de utilização interna demanda um controle
rigoroso de manutenção da vantagem competitiva no mercado. Essas empresas
devem conhecer e controlar os seus ativos, prever a demanda de forma eficiente e
buscar constantemente a redução de custos, pois estes custos geram impactos
diretamente no preço dos produtos repassados ao consumidor final.
Na frota terceirizada, toda a responsabilidade é transferida a outra empresa,
que fica responsável pelas decisões de transporte e todos os custos envolvidos. Fica a
cargo da empresa contratante apenas o pagamento mensal do valor acordado entre
as partes e o controle perante as definições de exigências criadas no momento da
realização do contrato. A frota própria depende de um maior valor investido para
compra e manutenção da frota, além de maiores custos com mão de obra. Já a
terceirização depende de outra empresa para realizar seu transporte, podendo assim
comprometer sua marca. Essa decisão deve ser tomada com o máximo de
responsabilidade, verificando seus custos para descobrir se a maior vantagem da
empresa está na frota própria ou na terceirização.
Bowersox et al. (2014) explicam que decidir entre o uso da frota própria ou
terceirizada é um dos itens mais importantes para as organizações, já que implica
diretamente nos custos das empresas. Os autores afirmam que muitas empresas
estão realizando as atividades de frota de forma unificada, tendo parte de sua frota
própria e parte terceirizada.
Os fatores tecnológicos também são importantes no auxílio e no
direcionamento das tomadas de decisões referente à frota. São essenciais para um
bom resultado e podem agilizar a comunicação e o deslocamento, tendo impacto
direto no desempenho dos transportes. A tecnologia possibilita automatizar setores e
tornar as respostas mais rápidas e precisas no momento das tomadas de decisões,
sejam as tomadas no dia a dia sejam as focadas estrategicamente no futuro,
promovendo uma entrega mais rápida conforme a necessidade do cliente.
De acordo com Bertaglia (2016), a tecnologia na administração da frota pode
ser utilizada de várias formas, como controlar onde os veículos estão se deslocando
por meio de controle via satélite, definir as rotas mais econômicas de acordo com as
especificidades da entrega e do veículo, além de verificar a carga por meio de leitura
óptica, promovendo um melhor controle dos estoques. Além disso, é possível informar,
em tempo real, problemas na entrega ou na rota definida e analisar de forma ampliada
toda a cadeia de suprimentos em virtude da interligação e possibilidade de troca de
informações existentes.
Como exemplo de ferramentas importantes na gestão da frota, temos os
Transportation Management System (TMS). São sistemas para empresas de
transporte que auxiliam no planejamento, execução, controle e monitoramento da
consolidação da carga, entregas e coletas, rastreabilidade da frota e dos produtos,
auditoria de fretes, apoio à negociação, planejamento de rotas e modais,
monitoramento de custos e nível de serviço e planejamento e execução de
manutenção da frota (NOGUEIRA, 2012).
As principais funcionalidades dos TMS para as organizações são
monitoramento e controle de frotas e cargas, apoio aos processos de negociação e
promoção de auditoria dos fretes, além do planejamento e da execução de ações de
transporte. Bowersox et al. (2014) afirmam que um sistema de TMS deve identificar e
avaliar as estratégias táticas referentes ao transporte para definir quais
movimentações são mais eficazes seguindo as restrições existentes. Desse modo, o
planejamento das cargas, a roteirização, o rastreamento e o controle são alcançados.
Um sistema TMS é um suporte importante para que as organizações possam transpor
seus limites e utilizar melhor os recursos disponíveis, tornando os processos mais
ágeis e eficazes, o que gera resultados financeiros positivos.
Referências
BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 3. ed. rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2016.
BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
NAZÁRIO, P. Papel do transporte na estratégia logística. In: FLEURY, P. F.; WANKE,
P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial. A perspectiva brasileira. São Paulo:
Atlas, 2000.
NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: uma visão local com pensamento
globalizado. São Paulo: Atlas, 2012.
PAOLESCHI, B. Logística industrial integrada: do planejamento, produção, custo e
qualidade à satisfação do cliente. São Paulo: Érica, 2011.
SANTOS, G. M. Dicionário de termos técnicos: logística e supply chain. Joinville, SC:
Clube de Autores, 2009.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OPERADORES LOGÍSTICOS (ABOL). Perfil dos
operadores logísticos no Brasil: relatório analítico. São Paulo: ABOL, 2018. Disponível
em: https:// abolbrasil.org.br/pdf/1554746504.pdf. Acesso em: 20 fev. 2020.
CALAZANS, F. M. et al. Gestão de frotas no transporte rodoviário de carga. In: SIMPÓ
SIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 11., 2014, Rio de Janeiro.
Anais [...]. Rio de Janeiro: SEGET, 2014. Disponível em:
https://www.aedb.br/seget/arquivos/ artigos14/1620463.pdf. Acesso em: 20 fev. 2020.
HUB Natura: HUB de cosméticos 100% automatizado de ponta a ponta. Itupeva, SP:
Natura, 2017. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal SSI Schäefer Brasil. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=E5bQkf9jCiQ&t=37s. Acesso em: 20 fev. 2020.
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Dica do Professor
A gestão de frotas é item essencial nas organizações e sofre interferência de todas as
estratégias adotadas na empresa. Para otimizar essa gestão, é importante utilizar
ferramentas tecnológicas que possam auxiliar nas tomadas de decisões que auxiliam
no planejamento, controle e implementação de novas estratégias.
Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco mais sobre a gestão de frotas e
sua relação com os sistemas de gerenciamento de transporte. Também vai ver como
esses sistemas podem gerar resultados positivos à empresa.
Aplicar as estratégias de gestão de frotas e compreender os fatores que afetam os
processos de transportes são desafios para os profissionais de logística que, quando
superados, podem gerar bons resultados à empresa, promovendo a redução de custos
e a ampliação do negócio.
Neste Na Prática, você vai conhecer o estudo de caso do gerente logístico João, que
utilizou as ferramentas corretas para gestão de frotas. Ele avaliou o mercado e os
dados da sua empresa, adotou novas estratégias mediante o uso do cross docking e
de mudança de frota própria para terceirizada e, assim, conseguiu atingir bons
resultados na empresa em que trabalha.