15 Coisas Que o Seminario Nao P - Robinson, Jeff
15 Coisas Que o Seminario Nao P - Robinson, Jeff
15 Coisas Que o Seminario Nao P - Robinson, Jeff
Hansen, Collin
15 coisas que o seminário não pôde me ensinar / Collin Hansen
e Jeff Robinson Sr. ; tradução de Rogério Portella. -- São Paulo :
Vida Nova, 2020.
176 p.
ISBN 978-85-275-0994-7
Título original: 15 things seminary couldn’t teach me
1. Teologia pastoral I. Título II. Hansen, Collin. III. Robinson Sr. Jeff. IV.
Portella, Rogério
19-2736 CDD 253
_____________________________
DIREÇÃO EXECUTIVA
Kenneth Lee Davis
GERÊNCIA EDITORIAL
Fabiano Silveira Medeiros
EDIÇÃO DE TEXTO
Norma Braga
Marcia B. Medeiros
PREPARAÇÃO DE TEXTO
Cristina Portella
REVISÃO DE PROVAS
Ubevaldo G. Sampaio
GERÊNCIA DE PRODUÇÃO
Sérgio Siqueira Moura
DIAGRAMAÇÃO
Sandra Reis Oliveira
CAPA
Micah Lanier
Paulo Jardim (adaptação)
A guerra interior
Haverá dias difíceis no ministério. Você duvidará de seu chamado.
Questionará a bondade de Deus. Seu coração lutará para confiar na
soberania divina, celebrada tantas vezes por sua boca. Você terá medo
das pessoas. O sucesso aparente do ministério de seus amigos lhe
causará ressentimento, ainda que o orgulho o leve a congratulá-los em
público. Você desejará abandonar o ministério, principalmente nas
segundas-feiras. Em resumo: você lutará contra si mesmo.
Vozes encherão seus ouvidos com um sedutor canto de sereia,
pedindo que descubra, por qualquer meio necessário — mesmo por
meio de pequenas transigências de caráter teológico ou ético — um
lugar onde a tranquilidade e a prosperidade terrena reinam. Ali, na
Valfenda ministerial, você estará longe da reunião dos diáconos maus,
distante do membro da igreja cujo casamento está desmoronando,
afastado da família que o considera assassino da igreja por ensinar a
Bíblia em lugar de organizar o grupo
de jovens.
Essa é a batalha interna de Efésios 6.17, e ela é intensificada no
interior do ministro por causa do seu chamado. Caso você sobreviva à
guerra, precisa alimentar-se da Palavra de Deus todos os dias. Você
deve se tornar um homem de oração constante, de autoexame
vigilante. Viva com a consciência perene da dependência, em última
instância, da graça de Deus. Paulo formulou uma pergunta em
1Coríntios 4.7 e é preciso aprender sua resposta correta: “O que você
tem que você não recebeu?”. Absolutamente nada.
O sofrimento é normal no ministério. Paulo sofreu. Nossos heróis
da história eclesiástica sofreram. A aflição encontra-se no cerne do
evangelho, pois nosso Senhor sofreu em nosso lugar. Deus usará a luta
contra nossos inimigos externos e internos para nos tornar mais
semelhantes a Jesus, para matar nosso orgulho e prover-nos com o
consolo do evangelho, a fim de consolar aqueles que sofrem e estão
sob nossa responsabilidade. Porém, talvez acima de tudo, Deus usará
essa luta para mostrar à igreja a imagem dos sofrimentos de Cristo. A
humilhação precede a exaltação — no caso de Cristo e de seu povo
(2Co 4.7-12). Isso é o evangelho.
A aflição ou aproximará os servos de Deus da minha terceira e
última lição, ou os afastará do ministério.
Conclusão
No parque de diversões de Kings Island, perto de Cincinnati, havia
certa vez uma montanha-russa de madeira com mais de noventa
metros de altura. Lia-se em uma placa na entrada: “Essa aventura não
é para os fracos de coração”. O ministério pastoral é assim: um
chamado fantástico com vários pontos altos vertiginosos, um
chamado perigoso com vários pontos baixos desanimadores. Pelo
caminho, seus ossos serão chacoalhados.
Contudo, pregar a Palavra de Deus e vê-la utilizada por ele para
transformar vidas é uma maravilha que está além da capacidade
descritiva das palavras humanas. Ainda assim, as palavras de Paulo
refletem a concepção do ministério que Deus me deu:
“Ai de mim se eu não pregar o evangelho!” (1Co 9.16).
1Paul David Tripp, Dangerous calling: confronting the unique challenges of pastoral ministry
(Wheaton: Crossway, 2012, p. 42-3) [edição em português: Vocação perigosa: confrontando os
desafios singulares do chamado pastoral (São Paulo: Cultura Cristã, 2015)].
2The root of the righteous (Chicago: Moody Publishers, 2015), p. 165; publicado
originariamente em 1955.
3The autobiography of Charles H. Spurgeon, compilada por sua esposa e seu secretário
particular (New York: Revell, 1899), vol. 2, p. 207.
2
O que fazer quando minha igreja
está morrendo
Mark Vroegop
“O amor que sentimos por nossas pessoas deve ser maior que o ódio
que sentimos por sua condição”.
Proferi essa frase em uma reunião de equipe, quando meus colegas
pastores e eu lidávamos com mais uma questão frustrante em nossa
congregação. Eu a citava como um mantra, tanto para eles quanto
para mim mesmo, enquanto lutávamos para ajudar nossa igreja ferida.
Depois de servir como pastor auxiliar, havia aceitado há alguns anos o
chamado para ser o pastor titular, mesmo sem entender por completo
os desafios com que me depararia.
Não me entenda mal: eu sabia que haveria problemas. Todavia, essa
igreja, em particular, procedia de uma tradição eclesiástica
desafiadora. Quando os amigos me perguntavam sobre como a igreja
se identificava, eu respondia: “Ela é independente, fundamentalista, lê
a Bíblia exclusivamente na versão King James Version e canta Terra de
Beulá”.
Era o suficiente.
E havia mais: a igreja jamais praticara a disciplina eclesiástica, a
despeito de diversas falhas morais de alguns de seus integrantes. E,
como acabei sabendo, a igreja não era muito bem reputada na
comunidade: era mais conhecida por fazer oposição em vez de prestar
apoio. O prédio da igreja estava em boas condições, o orçamento era
estável e a frequência, regular. Mas a igreja estava morrendo aos
poucos — mais rápido do que qualquer um de nós provavelmente
imaginava.
Na década seguinte, dei início a uma missão para ajudar a igreja a
tornar-se sadia de novo. Não foi fácil. Cometi alguns erros. Foram
necessárias muita paciência, lágrimas e oração. No entanto, a jornada
valeu a pena, não só por causa do que Deus fez na vida da igreja, mas
também do que ele fez em mim.
1D. A. Carson, “July 18”, in: For the love of God: a daily companion for discovering the riches of
God’s Word (Wheaton: Crossway, 1998), vol. 1 [edição em português: Por amor a Deus (Rio
de Janeiro: CPAD, s.d.)].
3
Como pastorear minha esposa
Daniel L. Akin
1Para um debate relacionado ao tema, v. tb. Daniel L. Akin, “Pastor as husband and
father”, in: Jason K. Allen, org., Portraits of a pastor: the 9 essential roles of a church leader
(Chicago: Moody Publishers, 2017), e Akin, Exalting Jesus in Song of Songs (Nashville: B&H,
2015).
4
Como pastorear pessoas
diferentes de mim
Jeff Higbie
Diferenças culturais
No meu primeiro ano em Dakota do Norte, voltei de uma conferência
com outro pastor jovem que também vivera em uma parte urbana do
país. Em todo o percurso, trocamos impressões ao compartilhar as
diferenças observadas, incluindo a expressão: “Alguém poderia fazer
isso”. Em nossa região, usa-se a frase para oferecer conselhos sem ser
muito direto. A resposta animada do meu amigo foi: “Quem é
‘alguém’? Sou eu ‘alguém’? Você é ‘alguém’? Quem
é ‘alguém’?”.
Esse é um exemplo de diferença cultural. Diferenças culturais podem
consistir em muitas coisas: palavras com significados únicos em
determinado local, iguarias locais, uso do tempo livre, valores... No
meu contexto atual, por exemplo, é importante saber com quem você
fala ao usar os termos dinner ou supper para designar o jantar; do
contrário, você pode perder uma refeição, ou pior, chatear o vizinho.
A fim de pastorear com fidelidade pessoas diferentes no sentido
cultural, você deverá sobretudo aprender o máximo possível sobre o
contexto. Comece conhecendo os membros da igreja. Se possível,
faça-lhes uma visita em sua casa e local de trabalho. Conheça também
seus vizinhos. Converse com os donos de comércios locais. Verifique
se a biblioteca dispõe de informação sobre a comunidade. Faça muitas
perguntas. De modo geral, as pessoas têm muito orgulho de sua
herança e sentem-se mais que dispostas a conversar a respeito. Peça a
um membro de longa data na igreja para lhe mostrar as redondezas e
apresentar você por ali.
Aprenda o máximo que puder do ambiente ao envolver-se nele. Nos
meus primeiros dois anos em Dakota do Norte, dirigi uma
colheitadeira com um fazendeiro, arrumei uma cerca com um
rancheiro, vacinei e pesei gado com outro e fui pescar com vários
deles. Isso me possibilitou estabelecer relacionamentos de discipulado
com eles, demonstrar-lhes amor e obter experiência prática sobre os
valores da comunidade que Deus me chamou para servir. Passar
algum tempo com as pessoas em seu espaço e servir suas famílias em
momentos de necessidade (como a morte de um ente querido)
rendeu-me certo prestígio a seus olhos, e assim eles se dispuseram a
confiar em mim na liderança da igreja.
Uma vez que você tenha uma ideia da composição cultural de sua
comunidade, pesquise essas peculiaridades. As diferenças geralmente
têm relação com a origem étnica. Por exemplo, nossa área na Dakota
do Norte é formada principalmente por alemães e escandinavos que
tendem a trabalhar duro e não se sentem confortáveis em pedir ajuda.
Ainda que trabalhar duro seja uma coisa boa, a autossuficiência e a
relutância em abrir a vida impedem a maturidade pessoal e a
possibilidade de servirmos uns aos outros no Senhor. Na igreja que
sirvo, isso se arraigou na área da oração. Os membros tendiam a pedir
orações por suas necessidades físicas, como questões de saúde — deles
ou de outras pessoas —, mas não pediam orações pelas próprias
necessidades espirituais. Minha esposa e eu estabelecemos um modelo
de abertura em relação a nossas lutas e necessidades espirituais. Com
o tempo, os membros mais antigos da igreja também começaram a
pedir orações por suas necessidades espirituais.
Paulo escreveu em 1Coríntios 9.22: “Tornei-me todas as coisas para
todos os homens de modo que, por todos os meios possíveis, pudesse
salvar alguns” (NIV). Ele estabeleceu um modelo para o
entendimento das diferenças culturais de seu contexto quando, por
exemplo, decidiu circuncidar Timóteo por causa do ministério entre
os judeus (At 16.3) e apelou à religião dos atenienses como ponte para
compartilhar o evangelho (At 17.22,23). Do mesmo modo, é
importante que busquemos o ministério pastoral como missionários.
Devemos desejar aprender todo o possível
sobre nosso contexto para que Deus nos use de forma mais eficiente
nele.
Diferenças demográficas
Como conduzir quem é mais velho que você? Em alguns casos, tem
mais tempo como cristãos do que você tem de vida. Como construir
relacionamentos de discipulado com pessoas que trabalham em turnos
rotativos de doze horas? São esses os tipos de perguntas com as quais
tenho lutado para aprender a pastorear pessoas com diferenças
demográficas. Esses fatores incluem idade, fase da vida, tamanho da
família, renda, trabalho braçal versus trabalho intelectual ou
mentalidade rural versus mentalidade urbana, entre outros.
Pela boa providência divina, tive um amigo íntimo que cresceu em
uma área rural da Dakota do Sul e um professor no seminário que foi
pastor na Dakota do Norte. Os dois me deram informações valiosas
sobre como considerar com cuidado essas diferenças demográficas
antes mesmo de me mudar para as Grandes Planícies. Ambos me
ajudaram a entender com mais clareza a diferença entre a mentalidade
rural e a urbana. De modo geral, por exemplo, quem vive na área rural
tem mais tempo que dinheiro, ao passo que aquele reside na área
urbana muitas vezes tem mais dinheiro que tempo.
As estratégias ministeriais não são uniformes de contexto para
contexto. O que funciona no contexto urbano pode não funcionar em
uma cidade pequena, e vice-versa. A igreja onde eu era membro na
área de Chicago situava-se em uma cidade universitária e era
composta principalmente por bacharéis, quando não mestres e
doutores. Muitos buscavam alcançar níveis mais altos. Era possível
oferecer uma aula para a escola dominical ou para o grupo de homens
usando uma teologia sistemática como livro-texto e não haveria
dificuldade em reunir participantes.
Mas esse não foi o caso quando cheguei em Underwood. A
congregação não era analfabeta ou ignorante; mas seu discipulado
jamais incluíra a leitura de obras teológicas. Comecei bem devagar.
Quando encontrava artigos úteis de revistas cristãs, eu os colocava à
disposição da congregação. Quando encontrava um livro sério por um
bom preço, eu o comprava como presente de Natal para as famílias
das igrejas. Com o tempo, a prática aumentou o interesse geral pela
leitura. Mais importante, aumentou seu crescimento como discípulos.
O pulo do gato do discipulado é este: não se limita a um perfil
demográfico específico, mas pode ser adaptado a cada situação. Em
uma igreja urbana, você consegue organizar reuniões masculinas de
oração com café às seis horas da manhã. No entanto, se eu quiser
fazer o mesmo em Underwood, ninguém participa. Não por falta de
interesse dos irmãos, mas, sim, porque nesse horário todos estão
ocupados com as tarefas da fazenda ou trabalhando em turnos.
Precisei aprender os ritmos da vida em uma comunidade rural para
obter a eficiência máxima na organização do ministério. Por exemplo,
quando se abre a temporada dos cervos, no início de novembro, não
marcamos nada! Isso também me permitiu o discipulado individual e
aconselhamentos matrimoniais em momentos em que as pessoas não
estão presas às escalas de trabalho entre 9h e 17h. Você precisa
aprender os ritmos da vida de sua comunidade e ajustar-se a eles.
Diferenças teológicas
Pode-se dizer muito a respeito das diferenças teológicas, mas prefiro
concentrar-me em como lidar com preferências e aspectos não
essenciais. Eu não acho que alguém em nossa congregação, com a
possível exceção de minha esposa, concorde comigo completamente
em todos os pontos teológicos. Por exemplo, temos calvinistas e
arminianos, dispensacionalistas e pelo menos um (eu!) pré-milenarista
histórico. Sou agradecimento pelo fato de que nem todos tem a
mesma visão sobre questões secundárias, pois elas suscitaram grandes
debates. Desejo que as convicções dos membros venham da Escritura,
não de mim.
Incluo na expressão preferências teológicas: estilo do culto, duração,
expectativas sobre o pastor... Como eu vim de uma igreja urbana com
mais jovens, uma “visita pastoral” soava como uma chamada ao
escritório do diretor. Você estava com problemas ou receberia a
incumbência de fazer alguma coisa. Mas eu descobri que, em vez de
assustadoras, as visitas pastorais eram uma oportunidade de
aprendizado sobre minha congregação, um meio de discipular e
aconselhar. Em particular, eram um ótimo modo de discipular alguns
dos membros mais antigos que nem sempre conseguiam participar no
domingo.
Minha filosofia ministerial baseia-se muito em Efésios 4.11,12:
“[Deus] deu alguns para serem [...] pastores e mestres, para
prepararem o povo de Deus para as obras de serviço, a fim de que o corpo
de Cristo seja edificado”. Contudo, também aprendi que nas gerações
passadas, em especial nas igrejas de cidades pequenas, o pastor
costumava realizar a maior parte do ministério. Até eu estabelecer o
fundamento do sacerdócio de todos os cristãos, quando alguém da
igreja sugeria um novo ministério, eu responderia convidando a
pessoa para juntar-se a ele. Isso me dava a oportunidade adicional de
discipular essa pessoa e mostrar-lhe sua capacidade de ministrar
também.
Em 2Timóteo 2.24,25 lemos: “E o servo do Senhor não deve brigar;
em vez disso, ele deve ser gentil com todos, capaz de ensinar, não
ressentido. Deve instruir com gentileza os que se opõem a ele, na
esperança de que Deus lhes conceda arrependimento levando-os ao
conhecimento da verdade”. Se Paulo ordenou essa atitude paciente
para com os falsos mestres de Éfeso, acho que também podemos
aplicá-la às pessoas das quais discordamos sobre preferências
teológicas. É fácil observar as áreas em que as pessoas precisam
crescer, mas procurei inspirá-las e incentivá-las a descobrir áreas em
que a graça de Deus está ativa, onde elas se encontrarão mais
adiantadas e capazes de nos ensinar.
Chamados e preparados
Assim, se Deus o chama para servir a uma igreja cultural, demográfica
ou teologicamente diferente de você, ou uma mistura dos três
elementos, tenha algumas coisas em mente.
Primeira, todo pastor é interino. Você vai se mudar de lugar,
aposentar-se ou morrer, mas quem faz parte da igreja e vive nessa
comunidade permanecerá. Portanto, seja humilde e discirna as áreas
em que espera um ajuste da igreja a você e as áreas em que você deve
adaptar-se à igreja.
Segunda, lembre-se de que Deus vai preparar você para cumprir seu
chamado. Se você viveu apenas em uma cidade pequena e ele o chama
para uma igreja urbana, Deus lhe fornecerá todo o necessário para
crescer ali.
Por último, se você tem família, não se esqueça de que não será o
único a encontrar diferenças. Ajude sua família também de forma
intencional a entender e pensar sobre o significado de pastorear quem
é diferente de você.
1Mark Dever; Paul Alexander, The deliberate church: building your ministry on the gospel
(Wheaton: Crossway, 2005) [edição em português: Deliberadamente igreja: edificando o seu
ministério sobre o evangelho, tradução de Francisco Wellington Ferreira (São José dos Campos:
Fiel, 2008)].
5
Como seguir meu pastor titular
quando discordamos
Matt Capps
Um caminho a seguir
O primeiro passo para lidar com o conflito com o pastor titular ou
com outro líder é orar pedindo humildade e arrependimento. Na
maioria dos casos, é aconselhável buscar a opinião de conselheiros de
confiança antes de planejar a resolução da discordância. Você deve
sempre estar aberto à possibilidade de ter entendido mal ou de que o
outro presbítero esteja certo e seu pensamento precise de ajuste.
Em Mateus 7.3, Jesus nos desafia ao perguntar: “Por que você vê o
cisco que está no olho do seu irmão, mas não percebe a tora que está
no seu olho?”. Às vezes nossos desejos e expectativas nos controlam
tanto que somos incapazes de perceber a tora em nosso olho, e
sopramos o cisco no olho de outra pessoa.
Assim, tendo examinado a si mesmo e orado bastante, dirija-se ao
pastor titular em conversa privada e, lembrando que você pode não
estar enxergando toda a situação, dê-lhe o benefício da dúvida.
Depois de ouvir com paciência a explicação do pastor ou de entender
a discordância, pode ser que você ainda discorde. Caso isso ocorra e a
discordância não seja de um ponto central à fé, aceite com humildade
que você enxerga as coisas de modo diferente e resolva guardar a
discordância para si mesmo.
Esteja sempre ciente do perigo à espreita de fofocas divisoras e
prejudiciais que poderiam surgir das conversas com outros membros
da equipe e irmãos da igreja. Esteja disposto a confessar e a
arrepender-se de todo seu pecado na discordância, sem demora com
humildade. Busque formas de honrar seu pastor em público e em
particular. O nono mandamento exige que você faça o possível para
defender a reputação daquele com quem discorda junto aos demais.
O processo em Mateus 18 parece indicar que o objetivo consiste em
manter do menor círculo possível de pessoas, pelo máximo de tempo
possível, para ajudar a solucionar o conflito. Se o conflito puder ser
solucionado no estágio inicial do processo, normalmente não há
necessidade de tornar a questão pública.
No entanto, existem casos em que as discordâncias e as práticas
pecaminosas devem se tornar públicas. Por exemplo, se um líder
eclesiástico fizer algo contra a lei, a revelação às autoridades civis e seu
envolvimento são necessários. Os pastores devem procurar ministrar
de acordo com as obrigações legais éticas cabíveis em todas as
situações.
Conclusão
A melhor regra é perguntar a si mesmo como amar seu pastor da
mesma forma que você gostaria de ser amado em cada situação. Em
cada passo, ao lidar com um desentendimento, pergunte-se como
gostaria de ser tratado por um membro da equipe se você precisasse
de correção. Também é útil considerar sua experiência, tempo e
posição na igreja. Ainda que o seminário possa prepará-lo para
entender a verdade bíblica e aplicá-la para a resolução do conflito, ele
não pode trazer a você a maturidade necessária para responder de
forma que honre a Deus, em especial quando suas emoções estão à
flor da pele. Em muitos casos, refletir com paciência sobre o conflito
relacional é a fornalha que forja a sabedoria. Normalmente, há uma
diferença notável entre a forma como o pastor auxiliar experiente lida
com o desentendimento com o pastor titular e como um pastor de
jovens de vinte e poucos anos faria.
Em casos raros, você pode discordar tão fortemente do pastor
titular, ou sua discordância pode dizer respeito a um assunto tão
grave, que o impedirá de se submeter de todo o coração à sua
liderança e de servir com ele. Se for esse o caso, é melhor sair depois
de conversar sobre sua intenção com ele.
Em meu caso, isso funcionou para o bem do meu ministério e para
minha maturidade como pastor jovem. Não faz muito tempo,
consegui me sentar e agradecer ao pastor que me ajudou a ver que era
hora de sair do papel ministerial que eu desempenhava na igreja
liderada por ele. Na época foi doloroso partir, e eu não
entendi tudo. Entretanto, olhando para trás, vejo que foi para o meu
bem e para o bem da igreja. Nossa vulnerabilidade nesse processo
forjou um relacionamento que de outra forma não existiria.
No contexto de amor e confiança, tornar-se vulnerável na resolução
de conflitos chega rápido ao cerne da questão. Também esclarece
motivações que podem ter levado ao conflito, não deixando nada para
a imaginação. Quando duas pessoas são sinceras entre si no conflito,
elas podem interagir com graça, demonstrando assim o poder do
evangelho.
Em certo sentido, a história da redenção nas Escrituras diz respeito
a conflito e resolução. O maior conflito que o mundo já conheceu foi
resolvido na cruz. No calvário, Deus se moveu em direção a nós com
misericórdia e graça para resolver o conflito entre nosso pecado e sua
santidade. Conforme Mateus demonstra, o objetivo de toda resolução
de conflitos é a restauração. Aqueles redimidos por Deus e
restabelecidos nele devem demonstrar o poder do evangelho ao
solucionar conflitos e procurar a restauração entre si.
A esperança do evangelho é que Deus possa redimir todas as
dificuldades que enfrentamos, incluindo conflitos interpessoais, para
bons propósitos. Saiba que nada em toda a criação pode separá-lo do
amor de Deus por você em Cristo (Rm 8.31-39) —
independentemente do que venha a ocorrer. Permita que a verdade
ancore sua alma enquanto você avança com sabedoria e graça.
1Veja “A call for theological triage and Christian maturity”, Church history, disponível em:
http://www.albertmohler.com/2005/07/12/a-call-for-theological-triage-and-christian-
maturity, acesso em: 12 jul. 2005.
6
Como conduzir meus líderes
Juan Sanchez
Credibilidade
Percebi que um componente muito negligenciado da liderança bíblica
é a credibilidade. Enfatizamos com razão o caráter (1Tm 3; Tt 1);
destacamos com razão a competência (capacidade de ensinar) e sem
dúvida esperamos o cuidado com a congregação (1Pe 5). Entretanto,
muitas vezes falhamos em considerar a necessidade de tempo para que
o caráter, a competência e o cuidado sejam observados ao ponto em
que se estabelece a credibilidade. Mike Ayers, ao escrever para For the
church [Pela igreja], define a credibilidade como a “permissão moral
para o [líder] em questão exercer influência”.2 Requer-se credibilidade
de todos os líderes, incluindo-se
o líder de outros líderes. Como construir a credibilidade entre
seus liderados?
Quando Jesus estruturou a igreja para a missão (Ef 4.11-16),
destacou a prioridade do ministério da Palavra. Quando Paulo lidou
com temas que envolviam liderança nas igrejas, priorizou o caráter
acima dos dons (1Tm 3.1-8; Tt 1.5-8). Quando Pedro descreveu o
papel dos líderes da igreja, destacou a importância do cuidado da
congregação motivado pelo amor, não pela compulsão.
Enquanto consideramos esse panorama de descrições e qualificações
bíblicas, surge o entendimento bíblico da liderança. Os líderes bíblicos
são homens de caráter piedoso que demonstram competência suficiente
no manuseio da Palavra de Deus e que expressam um cuidado
amoroso para com o rebanho de Deus. Tão logo os candidatos à
liderança apresentam o caráter bíblico, a competência com fidelidade e
o cuidado amoroso, eles estabelecem credibilidade junto à congregação
que os torna dignos de serem seguidos.
Pense na liderança bíblica da seguinte forma:
Lançando o fundamento
Quando cheguei à igreja High Pointe Baptist Church, em Austin, no
Texas, a igreja e seus líderes concederam-me o benefício da dúvida.
Claro, eles investigaram meus antecedentes criminais e financeiros,
pediram referências pessoais, verificaram minhas credenciais, mas
confiaram em todas as fontes. Com o tempo, tive de demonstrar que
eu era a pessoa que eles acreditavam que eu era. Eles precisavam ver
por si mesmos que eu era um homem de caráter piedoso; era-lhes
necessário observar minha competência suficiente para ensinar;
precisavam enxergar que eu me importava o suficiente para pastorear
uma igreja com fidelidade. Chegar a essas conclusões leva tempo.
Contudo, existe algo que o pastor pode fazer de imediato para
começar a estabelecer o fundamento da liderança adequada na igreja:
a pregação expositiva consecutiva. A autoridade bíblica é uma
autoridade derivada; não é intrínseca à nossa personalidade, aos
nossos dons, às nossas credenciais ou a qualquer outra coisa de origem
humana. O modelo do manejo fiel da Palavra de Deus, uma vez
estabelecido, aumenta a confiança dos ouvintes na Bíblia, e sua
confiança em nossa competência para lidar com a Escritura crescerá.
A exposição fiel, semana após semana, dá forma ao caráter, à
competência e ao cuidado da congregação. Esse é um fundamento
importante para a liderança da igreja e a liderança de outros líderes.
Um chamado duplo
Do mesmo modo que a obra divina da salvação inclui dois chamados
— o chamado externo da proclamação do evangelho e o chamado
interno e eficiente do Espírito — há também uma dinâmica parecida
pela qual Deus chama homens ao ministério. Se Deus dotou um
homem para servir como pastor ou presbítero docente, haverá a
percepção desse chamado interno pelo Espírito Santo. Deus também
confirmará o chamado exteriormente por meio de sua igreja — ao
reafirmar, refinar e direcionar a percepção do chamado.
É crucial que os homens que creem ser chamados ao ministério
interiormente pelo Espírito Santo se submetam de forma voluntária à
liderança e comunhão da igreja local para que o chamado interno seja
confirmado pelo chamado externo. Se a igreja exorta os homens a
abraçar o ministério evangélico por chamado externo, é igualmente
importante que a igreja inquira se os inclinados ao ministério têm a
percepção verdadeira do chamado interno. Isso é descrito de modo
mais notável pelas palavras de Paulo — o mesmo Paulo chamado
externamente ao ministério pelo Senhor na estrada de Damasco, o
mesmo Paulo separado externamente para o ministério com Barnabé
pela igreja de Antioquia. Paulo escreveu: “Ai de mim seu não pregar o
evangelho” (1Co 9.16). Paulo não só recebeu o chamado externo,
inspirado pelo Espírito, por meio da igreja; também houve um
chamado interno poderoso, tão significativo que ele lançou uma
maldição sobre si mesmo caso negligenciasse, abandonasse ou
ignorasse o chamado.
Ao longo da história, os evangélicos não ordenaram homens ao
ministério sem o chamado formal da igreja local. A ordenação não é
feita sem o chamado externo ao ministério específico em uma
congregação local, tampouco sem a submissão voluntária do candidato
para receber esse chamado.
A guerra interior
Enfrentei essa luta, que foi muito grande, quase quatro anos atrás.
Havia pouco tempo que eclodiram incidentes raciais entre minorias e
policiais em Ferguson, Missouri, na cidade de Nova York, com Eric
Garner. Minhas impressões sobre esse tipo de problema eram bem
fundamentadas, mas eu me esforçava para abrir espaço na agenda e
explorá-las, e não conseguia. Estava cansado de discutir o assunto nas
redes sociais e me vi frustrado por estar diante de tantas discordâncias,
marcadas por palavras duras e sarcasmo ao invés de graça e empatia.
Por muitas semanas, senti-me cansado, esgotado. Nessa fase, busquei
dar o melhor de mim para cumprir meus deveres ministeriais, mas me
sentia distante das pessoas e de Deus.
As imagens usadas para descrever a vida cristã — semelhante a uma
batalha (Ef 6.10-20; 2Tm 2.3,4) ou a uma longa corrida (1Co 9.24-
27; Hb 12.1,2) — não são arbitrárias ou exageradas. O
relacionamento com Deus é difícil e dará muito trabalho para ser
mantido.
É difícil porque vivemos em um mundo pecaminoso e ainda lidamos
com o pecado que se apega a nós (Hb 12.1). Isso torna o
relacionamento com o Senhor parecido com correr descalço em uma
praia. Por mais rápido que corra, você é constantemente lembrado da
areia que se agarra com teimosia às pernas e aos pés, acumulando-se
entre os dedos. É lembrado da necessidade de esforço extra para
manter o ritmo constante. Sente-se tentado a desacelerar, ou até
mesmo a parar, em especial nas partes difíceis da praia nos momentos
mais quentes do dia.
É um trabalho difícil porque manter uma caminhada saudável com
Deus desafia os modos mais superficiais e rápidos de relacionamento.
Demanda oração regular e persistente. Requer meditação prolongada
nas Escrituras. E essas exigências não se encaixam muito bem com
minha vida hoje. Tenho um notebook que liga com um só clique e
um smartphone que é ativado por minha impressão digital em um
piscar de olhos. Tudo à minha volta é velocidade, eficiência e
imediatismo. Cada semana que passa está cheia de compromissos e eu
sempre penso: “Bem, claro que preciso ler a Bíblia e orar. Sou pastor,
esse é o requisito básico do trabalho. Mas eu só tenho cinco minutos
para fazer isso. Vamos ver o que consigo fazer com cinco minutos de
Bíblia e oração”. Claro, isso jamais funcionará. É impossível construir
um relacionamento maduro em cinco minutos por dia com alguém.
Bem, digamos que você sempre leia a Bíblia e ore. Ainda assim é
difícil, em especial quando você lida com dúvidas, medos, decepções e
desafios que surgem constantemente. Você pode fazer tudo certinho
externamente, mas continuar sentindo que Deus está envolto em
várias camadas de gelo que você tenta quebrar com a faca de
manteiga.
A batalha contínua
Devemos lutar pelo relacionamento com Deus porque ele não vai
acontecer de maneira automática, mesmo com os pastores. Que
jamais presumamos estar bem com o Senhor por causa de qualquer
coisa que façamos como pastores. Em vez disso, presumamos a
necessidade de um novo despertar diário do coração. Na verdade,
existem muitos inimigos em guerra contra nós. São muitas distrações,
vários desafios e muitas decepções. Todos esses fatores e muitos mais
fazem a luta parecer duplamente difícil.
Felizmente, o Senhor já lutou arduamente pelo relacionamento
conosco — a ponto da morte na cruz. E, por misericórdia, ganhou!
Então busque o Senhor hoje com o conhecimento de que ele já está
perto e pronto para encher seu coração com fé, esperança e amor.
O SENHOR está perto de todos que o invocam,
de todos que o invocam em verdade.
Ele cumpre o desejo dos que o temem;
ele também ouve seu choro e os salva (Sl 145.18,19).
12
O tempo necessário para
tornar-se pastor
Dale Van Dyke
2. Seja humilde
É evidente, nas cartas de Paulo, que um dos principais requisitos para
ser um servo de Cristo é a mente humilde, semelhante à de Jesus
(Ef 4.2; Fp 2.3ss.). Jovem pastor, eu lhe peço: revista-se de humildade
(Cl 3.12). Ela é absolutamente necessária para o cultivo da confiança.
E uma das qualidades que mais provam a humildade bíblica é o
espírito ensinável diante da crítica.
Embora pareça que não, a crítica precoce no seu ministério é uma
grande oportunidade, dando-lhe a chance única de provar que você é
ensinável. Você também percebe que nem tudo gira em torno de você,
que não tem tudo planejado e que pode abrir-se para críticas e
reclamações. Isso não significa que sempre concordará com a crítica.
Ao longo dos anos, desenvolverá a capacidade de discernir as
preocupações que valem a pena ouvir e as que devem ser
desconsideradas. Os pastores jovens devem fazer o melhor para ouvir
as preocupações de maneira geral e com humildade. As ovelhas
críticas e furiosas ainda podem estar certas.
Lembro-me de ter tomado chá em uma tarde de outono com Anne
McQueen, uma escocesa típica, idosa, gentil e solteira, que fora amiga
do teólogo John Murray. Ela olhou para mim com solenidade, por
cima dos óculos de leitura perfeitamente ajustados, ergueu uma xícara
de chá e disse com seu sotaque franco e belo: “Você parece um jovem
apressado”.
Não era um elogio.
A maior parte da congregação apreciava minha pregação e o dizia
claramente, mas eu sabia que havia preocupações sobre meu modo de
pastorear. Alguns deixaram a igreja dizendo que eu era um pastor
medíocre: “Ele não é bom para ouvir e aconselhar”. Por mais que essas
preocupações me afligissem, eu não poderia dizer, com toda a
honestidade, que estavam erradas. A honestidade e a humildade
acercas das minhas fraquezas ajudaram a congregação e me
permitiram efetivamente ministrar a eles, embora de
maneira imperfeita.
Poucos anos depois, fiz algo que ofendeu profundamente Anne
McQueen. Soube disso por meio de rumores. Não orei por ela no
culto durante um período de doença. Para ela, foi uma ofensa grave e
injusta, que a fez parar de vir aos cultos. Pensei que era um exagero de
sua parte e não gostei de saber que ela havia procurado outros
membros para expressar sua raiva, em vez de falar comigo primeiro.
No entanto, resolvi humilhar-me e lhe escrevi uma carta sincera em
que admiti com sinceridade meu descuido, reconheci como deve ter
doído e lhe pedi perdão. Enviei a correspondência com a confiança de
que havia honrado o Senhor. Poucos dias depois, Anne McQueen me
convidou para visitá-la em seu apartamento e, com lágrimas,
agradeceu-me pela carta e me perdoou. Ela não esperava essa reação,
mas se sentiu profundamente abençoada. Alguns anos depois, oficiei
seu funeral — em honra a seu pedido. Eu havia ganhado sua
confiança.
4. Seja um pastor
Sua congregação virá a confiar em você como seu pastor apenas se
você agir como tal. Eu saí do seminário convencido de que a igreja
realmente precisa de homens convictos, que não temem tomar
posição diante das situações que surgem diariamente. Como presente
de formatura, minha mãe me deu um quadro com uma frase atribuída
muitas vezes a Martinho Lutero (de modo equivocado), emoldurada e
costurada com agulha. Nele se lê:
Se eu professar, com a voz mais alta e a exposição mais clara, cada
porção da verdade de Deus, com a exceção precisa daquele pequeno
ponto que o mundo e o Diabo atacam no momento, não estou
confessando Cristo, por mais ousadamente que eu professe o
cristianismo. Onde a batalha mais se intensifica, prova-se a lealdade
do soldado; e ser firme em todo o campo de batalha mas recuar em
um só ponto é fuga e infâmia.3
Pendurei essa citação na parede do meu novo local de estudo e
comecei meu pastorado com a convicção de que o dever era feito
sobretudo de rigor teológico e disposição para defender doutrinas
contestadas.
Sim, isso acontece.
Mas logo comecei a perceber que ser pastor é muito mais cultivar
que combater. A ordem de Cristo para Pedro foi: “Alimente minhas
ovelhas” (Jo 21.17). Os lobos surgirão (At 20.29) e as ovelhas
precisarão ser protegidas com ensino claro e alertas sinceros.
Entretanto, na maioria dos dias elas só precisam ser cuidadas —
alimentadas com o evangelho, lavadas com a água da Palavra e
fortalecidas com as promessas do evangelho. As “batalhas” que estão
sendo travadas em sua congregação provavelmente têm pouca relação
com questões teológicas de primeira ordem. Mas têm relação total
com a culpa, a vergonha, a tristeza, a apatia, a fofoca, o sexo e a
incredulidade constante e desoladora. Você precisará do seu kit de
conforto com muito mais frequência que de seu equipamento de
combate.
Seja um pastor. As ovelhas conhecerão sua voz. Elas passarão a amá-
lo quando você falar no nome do Bom Pastor.
1Chia pet [lit., bicho de estimação de chia] é uma estatueta de terracota usada para fazer
brotar sementes de chia, que se assemelham à pele ou ao pelo de um animal. (N. do T.)
2Herman Bavinck, Reformed dogmatics, organização de John Bolt, tradução de John Vriend
(Grand Rapids: Baker Academic, 2003), vol. 1: Prolegomena, p. 385 [edição em português:
Dogmática reformada (São Paulo: Cultura Cristã, 2012), 4 vols.].
3Essa afirmação poderosa reflete as ideias de Lutero expressas por meio de um personagem
fictício chamado Fritz no romance histórico de Elizabeth Rundle Charles, Chronicles of the
Schönberg-Cotta family (New York: Thomas Nelson, 1864), p. 276.
13
A tentação de tornar meu nome
conhecido
Scott Sauls
A realização de um sonho
A ligação telefônica veio em 2007. Nessa época, estava no quarto ano
de pastoreio e liderança de uma igreja missional em pleno crescimento
e cheio de energia em St. Louis. Sentia-me realizado como líder. Eu
me encontrava regularmente com outros dois pastores locais —
Darrin e Andrew — que estavam se tornando
como irmãos, e nós sonhávamos em abençoar nossa cidade juntos.
Comecei a ensinar homilética (pregação) no seminário Covenant
Theological Seminary — o que foi uma alegria. Nossas filhas amavam
a escola e os amigos, aproveitando bem sua infância. Nossas amizades
eram profundas e significativas. Vovó e vovô moravam a três
quilômetros de distância, e estávamos a meio dia de carro de nossa
família estendida. Nossa intenção eram permanecer nesse local,
trabalhando com essas pessoas pelo resto de nossos dias.
Então recebi o telefonema da cidade de Nova York.
Havia sido plantador de igrejas e pastor por mais de uma década.
Tim Keller, pastor fundador da igreja Redeemer Presbyterian Church
de Nova York, influenciou minha pregação, meu pastoreio e visão
ministerial mais que todos os outros influenciadores juntos. Desde o
seminário, eu estudara com cuidado o ensino, a visão e a liderança de
Tim. A partir desse “ensino a distância” autodidata, de uma
“faculdade” de uma pessoa só, veio a atração crescente pelo ministério
urbano.
Tim ouvira falar de mim pelo diretor executivo da Redeemer, Bruce
Terrell. Juntos, eles procuravam um líder titular para a vasta rede de
pequenos grupos da igreja. Com a função também surgiu a
possibilidade de entrar na escala de pregação da própria Redeemer e,
se liderança e a pregação fossem bem, tornar-me um sucessor de Tim
no futuro.
Depois de quase seis meses de oração, conselhos e lutas com as
implicações da mudança para a cidade de Nova York, Patti e eu
aceitamos o chamado. Vendemos quase tudo muito rápido e
mudamos nossa família de quatro membros para um apartamento de
oitenta metros quadrados, dois quartos e dois banheiros no Upper
West Side de Manhattan. Nós nos apaixonamos por Nova York, pela
Redeemer e pela comunidade que Deus colocou à nossa volta. O
ministério de pequenos grupos alcançou participação recorde e eu fui
convidado para a escala dos pregadores. Depois de quatro anos sendo
moldado para o ministério de longo prazo da cidade, fui selecionado
para ser um dos pastores principais e um dos quatro sucessores de
Tim no futuro.
A primeira vez que ouvi a famosa “Oração pactual” de John Wesley
foi no culto principal de comissionamento pastoral:
Eu não sou mais meu, mas teu. Coloca-me para fazer o que desejas,
enfileira-me com quem quiseres; põe-me a realizar, põe-me a sofrer;
deixa-me ser empregado por ti, preterido por ti, exaltado por ti ou
abatido por ti; deixa que eu me encha, deixa que eu me esvazie, deixa-
me obter todas as coisas, deixa-me ter nada. Entrego, de modo livre e
de todo o meu coração, todas as coisas a teu prazer e disposição. E
agora, glorioso e bendito Deus — Pai, Filho e Espírito Santo —, tu
és meu e eu sou teu. Que assim seja. E que o pacto agora
estabelecido na terra seja ratificado no céu. Amém.1
Então tudo mudou
Quando as palavras de Wesley foram usadas na oração daquela noite
para nós, eu não percebi quão profética a parte da “rendição” seria
para mim, Patti e nossas filhas. Em um ano, o plano de sucessão
mudou. Por razões relacionadas ao tempo, à sustentabilidade e à
estratégia, ficou claro para os presbíteros que a Redeemer precisaria
ajustar seu plano de quatro congregações para três e, por isso, passar
de quatro pastores titulares sucessores para três. Ninguém havia
planejado esse desfecho, mas, infelizmente, aconteceu. Embora Tim e
os presbíteros tivessem cogitado várias soluções para garantir que os
quatro pastores principais continuassem a fazer parte do futuro da
Redeemer, depois de muita oração e conselhos, um de nós acabou
renunciando: eu. Parecia o certo a fazer, dadas as circunstâncias, mas
era algo desolador. Eu chorei, Patti chorou, nossas filhas choraram,
nossos amigos choraram.
Em retrospecto, enxergo muitas razões pelas quais Deus me deu o
emprego dos sonhos em minha cidade dos sonhos por um tempo,
apenas para tirá-lo. Uma razão é que o meu posto atual na igreja
Christ Presbyterian Church, em Nashville, excedeu muito, em apenas
quatro anos, qualquer sonho anterior sobre o que eu poderia ter feito
em outras cidades. Nós nos sentimos em casa agora, mais do que
poderíamos ter imaginado, em Nashville. Em certo sentido,
recebemos “de volta” o trabalho dos sonhos — e também muito mais.
A igreja Christ Presbyterian foi um instrumento para o envio de Tim
e Kathy à cidade de Nova York para dar início à Redeemer três
décadas atrás. Assim, tendo sido moldado pela visão de Tim com
mais profundidade depois de servir ao lado dele por cinco anos, sou
capaz de trazer muitas das coisas valiosas aprendidas em Nova York
para Nashville — que, para todos os efeitos, está se tornando o tipo de
cidade que nós deixamos.
Até mesmo o jornal The New York Times se referiu a Nashville como
“The Third Coast” [A Terceira Costa], por causa de sua trajetória
criativa, empreendedora, formadora de cultura e urbanizadora.
Conhecida antes como a fivela do “Cinturão da Bíblia”, Nashville está
se tornando rapidamente a Atenas do Sul — uma cidade
movimentada e cheia de energia, cuja influência alcança muito além
de suas próprias fronteiras. Agora entendo melhor o que Tim nos
disse em nosso último café da manhã antes de sairmos de Nova York:
“Scott, estamos tristes com sua partida. Mas faz muito sentido. Você
está indo para Nashville depois de ter vivido o futuro de Nashville”.
1John Wesley, A short history of the people called methodists, in: The complete works of the
Reverend John Wesley, A.M., 4. ed., linguagem modernizada (London: John Mason. 1841),
vol. 13, p. 319.
2Donald Miller, Searching for God knows what (Nashville: Thomas Nelson, 2010), p. 116.
3Samuel Rodigast, Whate’er my God ordains is right (1675), tradução de Catherine
Winkworth (1863; versão de 1961).
4C. S. Lewis, Mere Christianity (San Francisco: Harper, 2001), p. 134 [edição em
português: Cristianismo puro e simples (Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017)].
5C. S. Lewis, The weight of glory (New York: HarperOne, 2015), p. 3 [edição em
português: O peso da glória (Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017)].
6Confessions 1.1.1 [edição em português: Confissões de Santo Agostinho (São Paulo: Penguin,
2017)].
7Tennessee Williams, “The catastrophe of success”, in: The glass menagerie (New York:
New Directions, 1945, 1999), p. 99-101, 104.
8Ecoando J. R. R. Tolkien no fim de The return of the king [edição em português: J. R. R.
Tolkien, O retorno do rei (São Paulo: Martins Fontes, 2002)].
9Tomei a expressão emprestada de Lewis na conclusão de The last battle [edição em
português: A última batalha (São Paulo: WMF/Martins Fontes, 2014)].
10Anne Lamott, All new people: a novel (Berkeley: Counterpoint, 1989), p. 117.
14
A alegria que posso sentir por
ficar muitos anos pastoreando a
mesma igreja
Phil A. Newton
Minha geração aprendeu muito sobre escadas, mas pouco sobre raízes.
Na associação ministerial da minha faculdade e, algum tempo
depois, na comunidade do seminário, as conversas não abordavam
muito a questão das raízes e da permanência por todo o mandato
pastoral. Conversávamos sobre escadas. Onde serviríamos para saltar
para um pastorado maior e mais proeminente? Quantos anos seriam
necessários para subir a escada do sucesso no ministério?
Eu sei. Bastante carnal.
Meus amigos e eu desempenhávamos todos os deveres do púlpito e
o trabalho com os jovens, mas sabíamos pouco sobre as realidades do
ministério pastoral. As funções giravam mais em torno da pregação
que do pastoreio. Precisei aprender muito. O foco do seminário,
predominantemente acadêmico, não me ensinou a alegria que jaz nas
raízes profundas.
Vinte e cinco anos depois desses dias, e após quinze anos no meu
pastorado atual, alguém perguntou: “Quanto tempo você planeja ficar
em South Woods?”. Sem pensar muito a respeito, soltei: “Acho que o
resto de meu ministério”. Minha mente se agitou com esse
comentário apressado. Permanecer por tanto tempo contradiria a
ingenuidade juvenil. Contudo, nessa fase, achei a resposta bastante
satisfatória. Desde que cheguei à igreja South Woods Baptist Church,
em Memphis, o caminho trilhado e o horizonte à frente têm me
proporcionado uma alegria imensurável nesses trinta anos de serviço à
minha congregação. Ao longo do tempo, tenho aprendido algumas
lições sobre a alegria de fixar raízes duradouras.
Solavancos na jornada
Para Hall ou Fuller, para você ou para mim, a longevidade pastoral
passa por solavancos ao longo da jornada. O sonho do seminarista da
trajetória pastoral suave é uma miragem. Pastorear envolve lidar com
ovelhas. As ovelhas são confusas. Além disso, o pastor também não é
o companheiro com o melhor odor na encosta. O embate de
personalidades, a guerra espiritual, os membros da igreja não
regenerados, os senhores da terra, o desejo por poder, a comunicação
falha, os mal-entendidos, os desafios da liderança, a pregação
expositiva, a clareza teológica, a imaturidade e a inexperiência se
combinam para criar solavancos — às vezes grandes solavancos.
Contudo, essa é a jornada pastoral.
Se um pastor vai além da típica escala de três ou quatro anos a
caminho de coisas maiores e melhores, ele precisará aprender a resistir
aos solavancos.
Só no ministério que o pressiona com dificuldades, o pastor
conhecerá as alegrias do triunfo na batalha espiritual, a unidade de
personalidades antes conflitantes e a reordenação das estruturas
políticas para a prática da liderança como serviço. Em duas ocasiões,
de seis a oito anos após a remoção de membros da igreja pela
disciplina eclesiástica, senti a alegria de pedir à nossa congregação a
restauração dessas pessoas à comunhão. Um pastor itinerante
provavelmente deixaria de enxergar o quadro completo da obra de
redenção produzida pela disciplina eclesiástica.
Raízes fortes
As escadas funcionam bem para dar acesso a estruturas imóveis, mas
perdem os que estão subindo quando o vento sopra e as estruturas se
abalam. Contudo, as raízes fortes resistem ao vento e às tempestades,
permanecendo firmes e estáveis.
O ministério pastoral trafega nas tempestades. Só com raízes fortes
na congregação os pastores podem experimentar, pela graça de Deus,
a alegria imensurável encontrada no ministério duradouro entre seu
povo.
1Andrew Gunton Fuller, Andrew Fuller (London: Hodder and Stoughton, 1882), p. 50.
2 Charles Haddon Spurgeon, Letters of C. H. Spurgeon, organização de Iain Murray
(Edinburgh: Banner of Truth, 1991), p. 56-7 citado em Tom Nettles, Living by revealed
truth: the life and pastoral theology of Charles Haddon Spurgeon (Fearn, Ross-shire: Mentor,
2013), p. 93.
3Vance Havner, Pepper ’n salt (Westwood: Revell, 1966), disponível em:
http://vancehavner.com/?s=you+will+come+apart.
4Christopher Ash, Zeal without burnout: seven keys to a lifelong ministry of sustainable sacrifice
(London: Good Book, 2016), p. 40-1.
5Phil A. Newton, The mentoring church: how pastors and congregations cultivate leaders
(Grand Rapids: Kregel, 2017).
15
O que fazer quando nenhuma
igreja me contrata
Collin Hansen
Duas conclusões
O seminário testará a vocação de qualquer homem. Não o digo
quanto à admissão: sempre haverá uma vaga. Refiro-me à combinação
cansativa entre turbulência espiritual e o estudo acadêmico avançado.
Se o grego não o incomodar, então o hebraico provavelmente o fará.
Em algum ponto do terceiro curso de história eclesiástica, muitos
estudantes se perguntam de quantas outras heresias eles podem se
lembrar se lhes for pedido — e como isso pode os ajudar no
ministério. Os cursos teológicos práticos sobre pregação,
aconselhamento e liderança podem ser benéficos, mas ninguém finge
que os estudos de caso sozinhos podem substituir o aprendizado por
tentativa e erro. As provações surgirão no ministério pastoral, e os
erros não virão muito tempo depois.
O teste de meu chamado não veio em nenhuma dessas classes, mas
na proposta de meu ex-chefe. Eu poderia realmente ter sido chamado
para ser pastor se nenhuma igreja me chamasse para pastoreá-la?
Como eu deveria interpretar as circunstâncias? Deus estava dizendo
“agora não” ou “nunca”? Com a ajuda do Espírito resolvi o dilema
com duas conclusões:
1. Preciso crescer mais nas qualificações para o ministério. Muito antes
de deixar meu emprego, e depois como estagiário de uma igreja e
aluno de um seminário, estudei as listas bíblicas de qualificações para
os bispos. A lista de 1Timóteo 3.1-7 é a mais extensa:
Esta afirmação é confiável: se alguém aspira ao ofício de bispo,
deseja uma tarefa nobre. Portanto, o bispo deve estar acima de
qualquer reprovação, ser marido de uma esposa, sóbrio,
autocontrolado, respeitável, hospitaleiro, capaz de ensinar, não deve
ser bêbado, violento — e sim gentil —, briguento e amante de
dinheiro. Ele deve administrar bem a própria casa, com toda a
dignidade, mantendo os filhos submissos, pois se alguém não souber
administrar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus? Ele não
deve ser recém-convertido, pois pode se encher de presunção e cair
na condenação do diabo. Além disso, deve ser bem considerado
pelas pessoas de fora, para que não caia em desgraça, em uma
armadilha do diabo.
Dentre todas as pessoas que me ensinaram, orientaram e
entrevistaram, ninguém sugeriu que eu fosse desqualificado para o
ministério por uma dessas razões. No entanto, ninguém conhecia meu
coração tão bem quanto eu. Eu estava realmente pronto para servir o
corpo de Cristo como pastor? Em retrospecto, provavelmente não.
Para citar apenas alguns exemplos, eu não me consideraria
particularmente hospitaleiro, gentil, pacífico ou autocontrolado. Deus
usou a decepção e o fracasso na busca de emprego para revelar-me
esses pecados.
Em alguns aspectos, minha vida desmoronou quando não consegui
ser contratado como pastor assim que saí do seminário. Minha esposa
e eu perdemos quase cem mil dólares na crise imobiliária. Apesar de
termos tentado por vários anos, ela não conseguia engravidar. Essas
tensões prejudicaram muito nosso casamento. Eu pastoreava minha
casa com um esforço enorme. Como eu poderia ousar liderar uma
igreja?
Oito anos depois, enxergo como o Senhor trabalhou nessas
circunstâncias para me fazer crescer em semelhança a Cristo. Ele usou
a decepção para me levar ao fim do poço em relação a mim mesmo.
Enquanto me gabava do meu currículo e me perguntava por que
ninguém me contrataria, eu não poderia ministrar de fato no poder de
Deus. As palavras do apóstolo Paulo em 1Coríntios 1.26-31 soam
verdadeiras agora de modo que eu não conseguia entender na época:
Pois considerem seu chamado, irmãos: muitos de vocês não eram
sábios de acordo com padrões mundanos, nem muitos poderosos,
nem muitos de nascimento nobre. Mas Deus escolheu o que é tolo
no mundo para envergonhar os sábios; Deus escolheu o que é fraco
no mundo para envergonhar os fortes; Deus escolheu o que é baixo e
menosprezado no mundo, até as coisas que não são, para
transformar em nada as coisas que são, para que nenhum ser
humano se glorie na presença de Deus. E por causa dele vocês estão
em Cristo Jesus, que se tornou para nós a sabedoria, justiça,
santificação e redenção de Deus, como está escrito: “Quem se gloria,
glorie-se no Senhor”.
Algum homem já está preparado para esse tipo de ministério
paulino? É como perguntar se alguém está realmente pronto para o
casamento. Algumas coisas só se aprendem da maneira mais difícil.
Eu aprendi, depois que não consegui emprego, o quanto mais eu
precisava para crescer nas qualificações mais importantes para o
ministério.
2. Antes de ser chamado para qualquer posição, fui dotado por Deus para
servir. Geralmente, a seleção de pastores é diferente da identificação
dos presbíteros. E eu me pergunto se isso está certo. Quando
procuramos presbíteros leigos, entendemos que o homem não vai
começar a agir de repente como presbítero assim que for indicado
para o ofício. Em vez disso, procuramos um homem que já esteja
realizando o trabalho. Ele recebe pessoas em casa. Lidera a família
com propósito espiritual deliberado. Trabalha de modo que seus
colegas o elogiam publicamente. Contribui com generosidade.
Procura a paz. Estuda e ensina a Bíblia para edificar o corpo de
Cristo. E assim por diante. Espero que sua igreja tenha muitos desses
“presbíteros em tudo, menos no título”.
Eu não culpo as igrejas que não me contrataram como pastor. O que
elas poderiam saber sobre mim a partir de uma folha de papel? Ainda
assim, sem o chamado externo de uma delas, tive de perguntar a mim
mesmo: “Devo realmente servir como líder eclesiástico?”.
Deus gentilmente revelou a resposta: Meus dons para o serviço não
mudam só porque sou pago para realizá-lo. Se sou professor, vou
ensinar. Posso não pregar no púlpito toda semana, mas sempre há
novos crentes e jovens querendo aprender. Não sou pago para definir
a agenda da igreja, mas ainda posso orar pelos pastores e oferecer meu
apoio e até mesmo meu conselho quando pedirem. Posso fazer da
minha casa sempre um lugar acolhedor para os incrédulos aprenderem
de Jesus e vê-lo agir com poder.
Essa perspectiva sobre os dons e o chamado me libertaram para
fazer parte de uma congregação e servir sem considerar título, posição
e salário. Nunca me faltou oportunidade, pois na igreja jamais faltam
necessidades. Servi quatro anos em várias funções: líder de pequenos
grupos, pregador substituto, mentor espiritual, e mais — antes de a
igreja me designar presbítero. Nesse papel faço quase tudo o que
esperava realizar como pastor, exceto pregar. Quem sabe se esse
chamado também surge um dia? Estou contente em esperar pelo
tempo do Senhor.
2Timóteo
2.1-26 147
2.2 150
2.3,4 110
2.24,25 49
3.10—4.5 147
3.16 123
Tito
1 63
1.5-8 64
1.9 55
Hebreus
4.12 123
10.25 114
12.1 110
12.1,2 110
12.14 52
13.17 147
13.20 55
Tiago
4.1-3 53
5.14 55
1Pedro
2.25 55
3.7 41
4.10 114
5 63
5.1-3 55, 147
5.1-4 147
5.1-5 61
5.2 55
Collin Hansen (MDiv, Trinity Evangelical Divinity School) é o
diretor editorial do Gospel Coalition e autor de Blind spots e
Young, restless, reformed.