Apostila Hipnose Basica

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

A HIPNOSE

Hipnose é um estado diferenciado de consciência, alterado em comparação


com os estados ordinários de vigília e de sono, com elevada receptividade à
sugestão por parte da pessoa que nele ingressa, por si mesma ou com intervenção
de outra pessoa ou equipamento.
A pessoa hipnotizada não está dormindo, ela está em concentração
profunda e com a memória ampliada e focada com mais precisão. Ao contrário do
que se pensa, há muita atividade em todo o córtex cerebral durante a hipnose.

O córtex cerebral corresponde à camada mais externa do


cérebro, sendo rico em neurônios e o local do processamento
neuronal mais sofisticado e distinto. O córtex humano tem 1-
4mm de espessura, com uma área de 0,22m2 (se fosse disposto
num plano) e desempenha um papel central em funções
complexas do cérebro como na memória, atenção, consciência,
linguagem, percepção e pensamento.

O termo "hipnose" (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo)


deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que
o introduziu, pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido. (Hipnos era
também o nome do deus grego do sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o
termo já estava consagrado, e permaneceu no uso científico e popular.
Contudo, mais uma vez, deve ficar claro que hipnose não é uma espécie
ou forma de sono. Os dois estados de consciência são claramente distintos e a
tecnologia moderna pode comprová-lo de inúmeras formas, inclusive pelos
eletroencefalógráficos de ambos, que mostram ondas cerebrais de formas,
freqüências e padrões distintos para cada caso.
O estado hipnótico é também chamado transe hipnótico.
Quase todo mundo já experimentou alguma forma de hipnose em algum
momento da sua vida. Pense numa vez em que você dirigia em uma estrada e se
pegou, por um breve momento, inconsciente daquilo que estava fazendo, ou uma
vez em que estava tão envolvido em um programa de televisão que nem se deu
conta quando alguém entrou na sala. Na verdade, toda hipnose é auto-hipnose e o
paciente está sempre no controle.
Não há nada a temer, porque a hipnose é um processo completamente
seguro. O relaxamento que você vai experimentar será agradável e regenerador.

História
Na Antigüidade a sociedade Egípcia (milhares de anos antes de Cristo)
utilizava a hipnose em seus templos do sono, as doenças eram tratadas após o
paciente ser submetido ao transe hipnótico; existem provas arqueológicas de tal
prática como vasos de cerâmica onde aparecem figuras de médicos fazendo
intervenções cirúrgicas de (para a época) grande porte, o que sabemos ser muito
difícil, pois a anestesia não era conhecida. Tais médicos eram representados
emitindo sinais mágicos ou raios dos olhos como forma de estereotipar a ação do
hipnotizador. Tal procedimento (hipnose médica) tem uma melhor palavra,
“sofrologia” (muito mais utilizada em outros países Latino-americanos) oriunda da
deusa grega Sofrosine. Ao pé da letra: Sos (tranqüilo), phren (mente) e logia
(ciência), ciência da mente tranqüila.
Da mesma forma, na antiga Grécia, os enfermos eram postos a dormir em
templos e despertavam curados. Os gregos iam aos tempos de Sofrosine e após
entrarem em transe ouviam os sermões dos sacerdotes desta deusa que diziam ter
poderes curativos, após o procedimento os enfermos retornavam às suas atividades
gozando de plena saúde e alegria. Também na Índia, Caldéia, China, Roma, Pérsia
a hipnose era utilizada para conseguir fenômenos psíquicos (provavelmente
hipermnésia e anestesia), que na época eram considerados místicos, esotéricos,
paranormais ou sobrenaturais. Muitos documentos da antigüidade provam o uso da
técnica por sacerdotes, médicos, xamãs entre outras pessoas importantes dentro
de tais sociedades. É importante deixar claro que, em boa parte dessas sociedades
(sempre muito ligadas a sua religião), a medicina era muito influenciada por fatores
espirituais e quase sempre praticada por sacerdotes; a “arte de curar” era muito
distante do aspecto técnico-científico encontrado hoje em dia. De uma maneira
geral, se a pessoa fosse curada o mérito era totalmente dado ao sacerdote, caso
não fosse, era por sua falta de fé.
Na Idade Média pessoas foram, até mesmo, mortas por fazerem uso da
hipnose, a visão mais restritiva da Santa Inquisição principalmente, os identificava
apenas como bruxos ou satanistas e como tais eram perseguidos. Tal fato é um
tanto insólito, pois, era comum o uso do “Toque Real”, que nada mais era que fazer
a pessoa crer que ficaria curada com o toque das mãos de seu soberano: “Le Roy te
teuche. Dieu te guerys” (o Rei te toca. Deus te cura) hoje sabemos que isso nada
mais é que uma técnica hipnótica. Ainda hoje a hipnose (assim como a Psicologia,
Psiquiatria, Psicanálise, Psicoterapias diversas etc) recebe muitas críticas por certos
segmentos de algumas religiões e seus seguidores são proibidos de fazer uso desta
técnica; algumas dessas religiões utilizam muitas técnicas hipnóticas inseridas na
liturgia, oratória, música, repetição, tom de voz etc, sem que seus seguidores
sequer saibam (e possam se defender), mas, no entanto, propagam injúrias contra
aqueles que a utilizam (com o consentimento de seu cliente) de modo terapêutico.
Certamente uma boa parte da história contribuiu para o fortalecimento de
uma falsa “identidade mística” da hipnose, apenas no século XVIII é que a hipnose
passa a perder esta tal identidade e, hoje sabemos, que o estado de transe
hipnótico é, tão somente, um estado diferente de funcionamento cerebral que pode,
até mesmo, ser deflagrado em diversas situações corriqueiras, independente do
objetivo ser hipnotizar alguém ou não. Mesmo tendo sido utilizada (e até hoje ainda
é) em cerimônias religiosas, esotéricas ou místicas, é inegável seu aspecto técnico-
científico.
Em agosto de 1889, foi realizado em Paris o I Congresso Internacional de
Hipnotismo Experimental e Terapêutico com a representação de 223 estudiosos de
23 países. O Brasil teve a honra de levar dois profissionais de saúde: Doutor
Joaquim Correia de Figueiredo e Doutor Ramos Siqueira, ambos médicos do estado
do Rio de Janeiro.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) as situações extremas a
que os médicos eram postos a trabalhar, reacendeu o uso e o valor prático e
científico da hipnose. Seguindo a literatura existente acerca da hipnoanalgesia
alguns jovens feridos e/ou mutilados, eram postos em transe tanto para alívio de
suas dores como para execução de cirurgias. Novas pesquisas foram feitas

1
ratificando o valor da técnica hipnótica no alívio das tensões, na anestesia e no
conforto emocional.

Hipnose no Brasil
No Brasil a hipnose ficou proibida no decorrer do governo do então
Presidente Jânio Quadros num ato presidencial que contrariava os principais
conselhos de saúde brasileiros, além de atrasar muito o trabalho sério e as
pesquisas da área. Entretanto, na década seguinte, com o advento das
perseguições militares, algo muito importante foi confirmado sobre a hipnose: É
sabido que alguns agentes da repressão do governo tentaram utilizar o transe
hipnótico para obter informações de presos políticos; a única informação
importante obtida nessas tentativas foi que a hipnose legítima não pode ser obtida
contra a vontade da pessoa ou em situação de pressão psicológica. O procedimento
utilizado pelos agentes de repressão, vulgarmente conhecido pela maior parte da
população como “lavagem cerebral”, é baseado em uma técnica de profundo
esgotamento nervoso (através de tortura física e/ou psicológica) e apenas torna a
vítima incapaz de reagir negativamente às determinações do torturador, sendo
assim, obrigada a concordar com o que lhe é imposto, independente de ser verdade
ou não. Tal técnica é considerada tortura e, como tal, é passível de punição como
Crime segundo a legislação de nosso país. Existe a possibilidade de obter um
"transe químico" com a administração de Barbitúricos (vulgarmente chamado de
"soro da verdade") e alguns determinados psicotrópicos.
A hipnose passou a ser, no Brasil, legalmente utilizada primeiramente por
odontólogos (dentistas) a cerca de quarenta anos, depois por médicos psiquiatras,
psicólogos e terapeutas; hoje existem inclusive no Brasil, departamentos de polícia
com a chamada Hipnose Forense que busca esclarecer crimes através da técnica do
reforço da memória (hipermnésia) das vítimas de estupro e rapto principalmente,
dando assim o conforto às pessoas, de que criminosos podem ser mais facilmente
localizados e não mais ameacem suas vidas. Assim sendo, pode-se dizer que o
Brasil está na vanguarda do uso da hipnose com fins realmente importantes para a
sociedade, com Psicólogos, Psiquiatras, Dentistas, Terapeutas, Cirurgiões e Policiais
se utilizando de um procedimento técnico-científico legítimo, com resultados
práticos muito bons, a disposição da população brasileira.
Apenas pessoas devidamente capacitadas podem utilizar a hipnose de
forma terapêutica. Não se deve confundir Hipnose de Palco com Hipnose Clínica,
assim como um hipnólogo não pode tratar do bem-estar de ninguém.

Perguntas e Respostas

O que é a Hipnose Clínica?


Quando se usa a hipnose para tratar um problema físico ou psicológico,
chamamos o processo de hipnose clínica ou de hipnoterapia.

Em que problemas emocionais ou físicos a hipnose pode ser usada?


 Na Psicologia: tabagismo, fobias, depressão, ansiedade, problemas sexuais,
alcoolismo, problemas de fala, terapia de regressão de idade,
emagrecimento, auto-estima e fortalecimento do ego e melhoras na
concentração ou memória.

 Na Medicina: psiquiatria, anestesia e cirurgia, doenças psicossomáticas,


ginecologia e obstetrícia, dores crônicas, controle de sangramento,
2
tratamento de queimaduras, dermatologia, pediatria (enurese noturna,
pesadelos, timidez e inadaptação), controle da dor, controle de vícios.

 Na Odontologia: medo de ir ao dentista, cirurgia odontológica, bruxismo,


controle de sangramento, controle da salivação excessiva e da dor, etc.

Há condições físicas ou emocionais nas quais não estão indicadas o


tratamento pela hipnose?
O profissional encarregado deve tomar a decisão quanto à aplicabilidade
do tratamento da hipnose. Ele deve obter um histórico completo do paciente para
determinar se existem condições físicas ou emocionais que contra-indiquem o uso
da hipnose. O profissional provavelmente não utilizaria a hipnose com uma pessoa
que apresentasse doença coronária grave ou tivesse uma condição física que
pudesse mascarar uma doença. Em alguns transtornos como a psicose e epilepsia,
a hipnoterapia pode ser inadequada.

O que acontece se eu não conseguir sair do transe hipnótico?


Nas mãos de um hipnólogo qualificado, não haverá perigo nenhum na
utilização da hipnose. Como o paciente está no controle, não há dificuldade em sair
do estado hipnótico.

Posso aprender a me hipnotizar?


Toda hipnose é auto-hipnose. O profissional assume o papel de agente ou
instrutor para ajudá-lo a conseguir este estado agradável. Alguns hipnólogos
gravam áudios para seus pacientes, para serem usadas entre as sessões ou no
lugar de sessões repetitivas. Um bom exemplo é o uso da hipnose no tratamento
de dores crônicas, onde muitas vezes, áudios são usados pelo paciente conforme a
sua necessidade.

A hipnose é considerada uma técnica esotérica?


Hipnose é um fenômeno neurofisiológico legítimo, onde o funcionamento
do cérebro possui características muito especiais. Tais características, únicas,
podem ser verificadas por alterações em eletroencefalograma no decorrer de todo
estado hipnótico e visivelmente por manifestações não presentes em outros
estados de consciência, como rigidez muscular completa, anestesia, hipermnésia
(reforço da memória) e determinados tipos de alterações de percepção. A
hipnoterapia usa as vantagens de trabalhar com o cérebro neste estado para ajudar
as pessoas.

Que vantagens tem a Hipnoterapia?


Uma pessoa hipnotizada pode lembrar-se com mais detalhes de situações
passadas (regressão de memória) que explicam suas dificuldades emocionais e/ou
sociais do presente e, desta forma, otimizar seu tratamento terapêutico, pois, uma
das dificuldades dos procedimentos terapêuticos tradicionais é lidar com o
“esquecimento” de determinados fatos do passado que atrasam o desenvolvimento
da terapia.

É verdade que uma pessoa hipnotizada obedece a qualquer tipo de ordem


dada?
Não funciona desta maneira. O cérebro da pessoa está sempre pronto para
desperta-la se ocorrer algo ofensivo, que seja contra sua moral ou costumes.
3
Pode alguém ser hipnotizado sem sua permissão?
É muito difícil hipnotizar uma pessoa que não queira cooperar ou que não
confie no hipnólogo, pois, a função do cérebro é sempre proteger e não se expor a
qualquer tipo de situação desconhecida. O tipo de atividade cerebral que ocorre
quando uma pessoa está sendo ameaçada, oprimida, assustada ou desconfiada,
inviabiliza o transe hipnótico. É certo que existem pessoas que tem uma
sensibilidade muito grande à indução hipnótica e, essas, poderiam entrar em
transe, mesmo não querendo.

Se o hipnólogo morrer, eu ficarei para sempre em transe?


Não. Se algo ocorrer e a pessoa não for trazida do transe, ela continuará
em processo de relaxamento até chegar o sono fisiológico (comum), cochilará por
algum tempo e acordará normalmente, ou fará o processo inverso. Todo este
processo é concluído em minutos.

Existe algum risco em fazer um tratamento terapêutico que use a hipnose?


Apenas se o profissional não possuir um treinamento, tanto teórico quanto
prático, feito de forma responsável.

É Legal utilizar hipnose para tratamento de problemas emocionais, sociais,


etc?
Sim. A hipnose é hoje legalmente reconhecida e utilizada no Brasil por
profissionais de Medicina, Odontologia, de Psicologia, Terapeutas e possui diversas
associações profissionais sérias em todo o mundo que estudam e utilizam a hipnose
como ferramenta produtiva em seus campos de trabalho.

O tratamento utilizando hipnose clínica é mais rápido?


Em alguns casos sim, especialmente naquele grupo de pessoas mais
sensíveis à hipnose. Mas este tipo de terapia, apenas sintomática, é improdutiva e
irresponsável. Muitas vezes os sintomas apresentados por clientes são apenas
como “a ponta do iceberg”. É necessária toda uma investigação para que a correta
aplicação de técnicas pertinentes seja oferecida. A hipnoterapia não busca o
simples alívio dos sintomas, mas sim a investigação das causas dos problemas para
que os sintomas não mais ocorram nem se transformem em outros piores. Muitas
vezes uma mera “dorzinha” é associada, num evento de regressão de memória, a
memórias tristes da infância ou relacionamentos mal solucionados.

Mitos sobre a hipnose

* Perda da consciência
Um dos maiores mitos sobre hipnose é que você perderá a consciência. A
hipnose é um estado alterado de consciência, (você muda da consciência de vigília
para a consciência hipnótica), porém não se perde a consciência. Você ficará ciente
de tudo em cada momento e ouvirá tudo que o hipnólogo estiver dizendo.
Consciência de vigília é quando você está alerta para o que acontece ao seu redor,
consciência hipnótica é quando você se volta para o seu próprio interior.

* Enfraquece a vontade

4
A sua vontade não se enfraquecerá ou mudará de forma alguma. Você está
no controle e, se desejar por qualquer razão sair do estado hipnótico, pode fazer
isso simplesmente abrindo os olhos. Você não pode ser forçado a fazer nada contra
a sua vontade. Os hipnólogos de palco gostam de que a platéia acredite que eles
têm o controle absoluto sobre os seus sujeitos. Os hipnoterapeutas deixam claro
que o paciente tem o controle.

* Fala espontânea
O paciente não começa, espontaneamente, a falar ou revelar informações
que gostaria de manter em segredo. Você pode falar durante a hipnose e seu
hipnólogo pode querer usar uma técnica que inclui conversa para ajudá-lo em seu
problema.

* Acaba-se dormindo
A hipnose não é igual ao sono. Você não vai dormir. O padrão do
eletroencefalograma durante a hipnose é diferente do padrão do
eletroencefalograma durante o sono.

5
Ensaios Hipnóticos
Testes de Sugestionabilidade
"Quando a imaginação e a força de vontade estão
em conflito, a imaginação sempre ganhará”
Emile Coue

Embora todas as pessoas normais possam ser hipnotizadas, algumas


podem ter mais dificuldades para entrarem no transe hipnótico. Para ser bem-
sucedido na indução, você precisa testar a pessoa para saber seu grau de
sugestionabilidade e a maneira como a sua mente trabalha.
Para isso, o melhor caminho é usar os Ensaios Hipnóticos.
Eles servem para:

1. AVALIAR O INDIVÍDUO – O Ensaio Hipnótico permite que


você avalie o grau de sugestionabilidade do indivíduo e se ele
está hesitante, rebelde ou extremamente aberto às
sugestões;

2. FORNECER PISTAS – Observando-o e vendo como ele reage


às sugestões.

3. AUMENTAR A SUA CRENÇA - Os ensaios irão prepará-lo


para a próxima parte, a indução. Se o ensaio for feito de
maneira adequada, ele ficará fascinado e com a certeza que
alguma coisa diferente aconteceu com ele.

Existem basicamente 3 maneiras de executar os ensaios:

Autoritária - feito de maneira enérgica, dominadora e direta;


Permissiva – mais calmo, de forma persuasiva, mas permissiva;
Renúncia ao controle – entregar o controle do teste (e seu resultado) à mente
inconsciente do indivíduo.

ENSAIOS

- Mãos Coladas:
Peça para o sujeito juntar as mãos, entrelaçando os dedos. Peça para olhar
fixamente sua mão entrelaçada e imaginar uma cola escorrendo entre seus dedos.
Diga que você vai contar de 1 a 10 e no final da contagem, ele vai tentar descolar e
não vai conseguir. Comece a contagem de 1 até 10, sugestionando entre os
números que essa cola está secando e que seus dedos estão ficando
completamente colados. Vá aumentando o volume e a imperatividade, à medida
que você vai contando e chegando perto do 10. No 10, diga: Tente, sem
conseguir, descolar seus dedos. Quando mais você força, mais colados eles
ficam... Vá repetindo essas afirmações por uns 30 seg, para a pessoa ficar
impressionada com o efeito (isso vai ajudar ainda mais a indução depois) e depois
diga que quando você tocar seus dedos, eles se descolarão. Toque e diga: Descola!
6
- Olhos Colados;
Peça para o sujeito fechar os olhos, respirar profundamente algumas vezes e
imaginar uma cola colando seus olhos. Diga que você vai contar de 1 a 10 e no final
da contagem, ele vai tentar levantar suas pálpebras e não vai conseguir. Comece a
contagem de 1 até 10, sugestionando que quanto mais força ele fizer para levantar
as pálpebras (levantar suas sobrancelhas, induzindo a pensar que esse movimento
faz com que ele abra os olhos) mais coladas elas ficarão (tocar seus olhos, como se
estive colando-os). Repita isso algumas vezes durante a contagem e, no final, faça
o desafio: Tente levantar suas pálpebras... quanto mais força, mais coladas elas
ficam.

- Livros e balões de gás nas mãos.


Peça ao sujeito para esticar seus braços para frente e colocar uma palma para cima
e outra para baixo. Olhar o posicionamento dos braços e fechar os olhos. Pedir para
ele imaginar que você está colocando em uma de suas mãos (que está com a
palma para cima) um livro. Depois, você pede para que ele imagine que está
amarrando uma bola de gás, na outra mão. Coloque (mentalmente) mais um livro
na outra e mais uma bola de gás na outra, assim sucessivamente, até que a mão
do livro esteja baixa e a do balão de gás fique mais alta, como se flutuando. Depois
peça para ele abrir os olhos e verificar o posicionamento das mãos.

- Dedos Magnéticos; *
Peça para ele juntas as mãos e esticar os dedos indicadores, como se fosse uma
arma. Pedir pra ele olhar atentamente e imaginar um imã (ou um elástico enrolado)
nos dedos. Pedir para abrir os dedos algumas vezes, sempre fechando rápido.
Depois peça para abrir e vá sugestionando que seus dedos estão sendo atraídos
pelo ímã (ou o elástico está forçando os dedos para se juntarem. Os dedos se
fecharão automaticamente.

- Balanço Postural. *
Peça para ficar de pé, com os pés juntos (calcanhares colados), e fechar os olhos.
Se posicione do lado, segurando seu ombro. Peça para respirar profundamente e
relaxar os braços (ajude, balançando um pouco seus braços e verificando se
realmente estão relaxados). Peça para imaginar (ou ver, com os olhos da sua
mente) que ela está numa praia linda, caminhando em direção à água. Ela avista
um barco pequeno e entra nele... o barco vai em direção às pequenas ondas e
começa a balançar (solte seu ombro). Ela começará a balançar... continue
sugerindo o balanço, pra direita, esquerda, frente, trás... diga que não precisa ficar
com medo, pois tudo isso só está acontecendo na sua mente. Depois, peça pra
imaginar que o barco está chegando na areia e ela desce do barco. Conte até 3 e
peça para abrir os olhos.

7
INDUÇÕES
A indução hipnótica objetiva levar o sujeito ao transe hipnótico, usando
sugestões e estímulos sensoriais.

O sujeito para entrar em transe precisa basicamente de:

 FÉ – O sujeito precisa acreditar que ele consegue entrar em transe. A fé é


conseguida através de uma boa conversa (pre-talk) e, se necessário, com os
“amplificadores de fé”, já estudados nesse curso;

 CONFIANÇA NO HIPNÓLOGO – Através do pre-talk, tiramos todas as dúvidas


do sujeito. Isso gera confiança;

 SEGUIR AS INSTRUÇÕES (SUGESTÕES) – Não adianta fazer a indução e o


sujeito não prestar total atenção ao hipnólogo ou não seguir as sugestões.

VOZ HIPNÓTICA

 MONÓTONA: Permite que sua atenção esteja concentrada internamente.


 RÍTMICA: Balança, acalanta, acalma.

MAIS ELEMENTOS IMPORTANTES NA FRASEOLOGIA

DEFORMAÇÃO DAS PALAVRAS: Reforça e dá ênfase (esticando as vogais:


“beeeem leeeve”, “relaaaaaxa”);
PAUSAS: São necessárias para que o sujeito tenha tempo para compreender e
efetuar as sugestões;
DIFERENTES TONS: Mudanças no tom de voz, de acordo com a sugestão ou com
o objetivo.

Aprofundamentos
Antes de aprender a tornar o transe mais profundo, vamos conhecer os
níveis de transe hipnótico.
A chamada "profundidade da hipnose" se refere à intensidade,
variabilidade e grau de esforço das articulações específicas do pensamento. Para
propósitos práticos, são descritas certas fases do nível do estado hipnótico, mas
eles não devem ser considerados como divisões rígidas. É extremamente difícil, se
não freqüentemente impossível, dizer exatamente onde uma fase começa ou
termina. Qualquer um com experiência prática considerável na prática hipnótica
percebe que as divisões criadas são na verdade arbitrárias e completamente
artificiais e, quando muito, não são mais que um rude guia para permitir julgar a
profundidade do transe.
As escalas se caracterizam pelo aparecimento de fenômenos próprios a
cada nível, decorrentes das alterações sensoriais ou motoras apresentadas. Para
efeitos práticos, a maioria dos autores ainda divide a Hipnose em vários graus que
8
podem ser classificados, de um modo geral, em três estágios ou níveis (estados
hipínicos), a saber:

1 - Hipnose Leve (Superficial)


* É um estado de "quase" hipnose (pré-hipnose) similar ao que precede o sono e
antecede o despertar. Os fenômenos são predominantemente de ordem muscular
no início deste estágio: Alterações no tônus, paralisia de grupos musculares,
contrações, tremores, movimentos automáticos; sensação de leveza e
entorpecimento geral dos olhos e membros, alto grau de relaxamento e inibição de
movimentos voluntários com lassidão acentuada (sem disposição para se mover,
falar, pensar, agir - O hipnotizado não tosse, mantém-se sério e imóvel; quando
retorna do transe diz que se lembra de tudo que aconteceu, mas pode afirmar que
durante o transe tentou mover-se, em vão). Age como se não estivesse
criticamente afetado pelo que acontece no ambiente e a respiração é mais lenta e
mais profunda. 98% dos candidatos, quando submetidos à hipnose, começam a
sentir os membros pesados e finalmente todo o corpo pesado e mostram uma
expressão de cansaço, apresenta-se freqüentemente tremores nas pálpebras e
contrações espasmódicas nos cantos da boca, do maxilar e nas mãos.

* Sugestões simples são aceitas prontamente, embora o paciente sinta que poderia
desobedecer, mas não o faz, oferecendo, todavia, resistência às sugestões mais
complicadas (obedece também a sugestões pós-hipnóticas simples).

* Um estado de alheamento de tudo que se passa ao redor, embora conserve ainda


plena consciência, dando inclusive a impressão de que sequer está hipnotizado e ao
despertar pode expressar dúvida de seu estado hipnótico, porém poderá indicar o
tempo transcorrido incorretamente (estipulará que tenha passado dez minutos
quando na realidade passou-se meia hora).

2 - Transe Médio ou Intermediário


* Inibição muscular completa associada a um grau considerável de cansaço e
sensação de leveza acentuada. Pode haver catalepsia das pálpebras, de forma que
o paciente não pode abrir os olhos; também é possível haver catalepsia parcial dos
membros, e o paciente não consegue, por exemplo, elevar o braço. Via de regra a
respiração está lenta e regular, e o paciente tem a aparência externa de um
adormecido. O fato de que pode permanecer em uma posição desajeitada, durante
algum tempo considerável, é evidência forte que pelo menos a primeira fase de
hipnose foi alcançada. É quase impossível para qualquer um no estado desperto
normal permanecer perfeitamente imóvel para talvez meia hora, sem manifestar
desconforto! Nota-se ainda, uma hiperacuidade em relação às condições
atmosféricas (elevada sensação de frio ou calor).

* Já não oferece resistência às sugestões, salvo quando estas contrariam seu


código moral ou seus interesses vitais. Geralmente são aceitas as sugestões pós-
hipnóticas. Ao nível médio do estado hipnótico a capacidade de realização de
sugestões complexas do paciente ainda não foi acionado (só é acionado no nível
mais profundo), podendo dar a impressão aos olhos do público leigo que as
experiências vivenciadas pelo paciente não passam de uma boa representação
teatral. Este ponto é de crucial importância para o desenvolvimento do processo
hipnótico e a aceitação de novas sugestões que facilitem uma mudança
comportamental.
9
* Em muitos casos há um sentimento de dissociação, como se a mente estivesse
separada do corpo. Ele não terá dúvida quanto ao estado de hipnose que
experimentou.

* Há amnésia parcial para eventos no transe, especialmente se sugerida pelo


hipnotizador. Sugestões sobre alucinações (motoras ou cinestéticas) podem ser
realizadas. No transe médio já se conseguem efeitos analgésicos e mesmo
anestésicos locais, razão por que é o estágio indicado para pequenas cirurgias, de
forma que o paciente não pode sentir a dor de um alfinete esterilizado atravessado
na pele de sua mão. Podem ser induzidas alucinações sensórias como de toque,
gosto ou cheiro (tato, paladar, olfato), que pode ser inibidas ou modificadas..

* Lembranças de fatos esquecidos no passado (hiperminésia).

3 - Transe Profundo ou Sonambúlico


* Sua aparência é a de quem está submerso num sono profundo, com inibição de
todas as atividades espontâneas. Neste estado o paciente pode abrir os olhos,
andar, conversar, e geralmente se comporta como se desperto. Se os olhos não
estiverem abertos, o hipnotizador pode mandar o hipnotizado abrir, desde que
precedido pela sugestão de que ele continuará em transe (e uma vez que se tenha
a convicção de que atingiu-se este estado), isso não vai afetar o transe; os olhos
apresentam uma expressão impressionantemente fixa, estando as pupilas
visivelmente dilatadas; pode apresentar movimentos descontrolados do globo
ocular, um olho move para cima e o outro para baixo, ou ainda, um olho para um
lado e o outro em sentido contrário. Freqüentemente terá a boca seca e
entreaberta. Apresentará uma ausência total de reação mesmo quando submetidos
a fortes estímulos dos sentidos convencionais como tato, audição, visão e olfato. No
entanto, o hipnotizado está profundamente ligado e pronto para executar as
sugestões do hipnotizador. Pode ocorrer a somatização das sugestões (encostando-
se um objeto frio na pele do hipnotizado e dizendo ser uma brasa, aparece a bolha
como se fosse provocada por uma queimadura).

* Afastamento total a tudo que ocorre no ambiente, diminuição da capacidade de


análise lógico-racional e crítica das situações (sobre este estado diz-se o seguinte:
é uma consciência da consciência, sem conteúdo de consciência). Sensações de
leveza, de se estar flutuando, inchando ou sensação do desaparecimento ou da
aproximação da voz do hipnotizador. Hiper-sensações (olfativas, táteis, gustativas
e sinestésicas).

* Geralmente ocorre amnésia completa e espontânea total após o término da


sessão, mesmo que não tenha sido sugerida; ao acordar, normalmente declara não
se recordar de nada do que se passou. Apesar da amnésia pós-hipnótica, ele terá
absoluta certeza de que estava em estado hipnótico, e o que foi esquecido pelo
sujeito agirá, de maneira inconsciente, no tempo oportuno, e pode constituir, em
algumas circunstâncias, magnífica alavanca terapêutica. A amnésia, em especial a
sugerida, que atinge a execução de ordens pós-hipnóticas com hora marcada, tem
fornecido demonstrações espetaculares da eficácia da hipnose, especialmente como
recurso terapêutico. Mas basta esclarecer aos pacientes que o clássico estado de
inconsciência e conseqüentemente amnésia pós-hipnótica não são essenciais e que

10
já não constituem requisito e critério de hipnose, e o paciente se recordará de tudo
por que passou, ou uma boa parte.

* Sugestões altamente complicadas são aceitas e prontamente executadas;


sensações como alucinações visuais e audíveis positivas e negativas durante o
transe e mesmo pós-hipnóticas podem ser induzidas; neste estado, o hipnotizado
aceita as sugestões pós-hipnóticas mais bizarras.

* É possível o controle das funções orgânicas (pulsação, pressão, digestão, ritmo


da respiração, processos metabólicos, etc.).

* A memória funciona excepcionalmente, permitindo lembrar vários fatos a muito


esquecidos, possibilitando a regressão de idade com absoluta precisão de
lembranças de fatos mesmo que ocorridos na fase mais infantil.

* Sugestões relativas à analgesia e, o que é mais importante, a anestesia pós-


hipnótica. Os indivíduos submetidos ao transe profundo podem ser anestesiados
pós-hipnoticamente. O hipnólogo, indicando a região a ser anestesiada, determina
as condições específicas como o dia, a hora ou local, quando a anestesia deve
produzir efeito. Assim poderá ser submetido à intervenção médica-odontológica,
independentemente de novo transe e na ausência do hipnólogo. A anestesia
hipnótica completa, além de ser um fenômeno clinicamente importante, é uma das
provas mais convincentes do transe profundo.

Métodos de aprofundamento

- Contagem regressiva (10 a 1);


Vou começar uma contagem de 10 até 1... cada número que eu contar... você vai
aprofundar mais o transe... e quando eu chegar no número 1... você vai estar no
nível de relaxamento mais profundo... que você conseguir chegar.
10 – Mais relaxado...
9 – relaaaaxe...
8 – mais relaxado ainda...
7 – mais relaxado...
6... 5... 4... 3... 2... 1... muito bem...

- Escada com 10 andares;


Imagine uma escada na sua frente... com 10 degraus... ela é a sua escada... que
vai te levar a um lugar onde as coisas são possíveis...

- Fracionada (entrando e saindo do transe):


Você instala o signo-sinal e tira ela do transe, dizendo que toda vez que ela
retornar, o transe será 10 vezes mais profundo. E coloca novamente em transe...
depois tira. Faça isso algumas vezes até atingir um nível mais profundo.

- Rápido, balançando a cabeça:


Segure sua testa e comece a rodar, suavemente. Comece então com o
aprofundamento Contagem Regressiva.

11
DEHIPNOTIZAÇÃO
É a saída do transe. É importante despertar o sujeito para que ele saia do
transe sentindo-se maravilhoso e energizado, feliz e totalmente desperto (sem
sono). Lembrando: Quanto mais profundo o estado hipnótico, mais lenta deve ser a
dehipnotização.

Ex:
Quando eu contar de um a cinco… você vai sair do transe hipnótico (ou
relaxamento), e voltar ao “aqui e agora”… sentindo-se totalmente confortável,
alerta e feliz.

1. Você está começando a sair do transe hipnótico…

2. Sua respiração começa a voltar ao normal…

3. Sua mente é clara e alerta…

4. Seus olhos começam a abrir e……

5. Abra os olhos, totalmente desperto… sentindo-se muito bem.

Esse foi só um exemplo. Use sua criatividade para tirar o sujeito do transe.

12

Você também pode gostar