Contêiner
Contêiner
Contêiner
O contêiner (1)
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Norfolk International Terminals, importante porto para conteineres, no estado norte-americano
de Virginia, em 18/6/1987, antes de novas obras de expansão
Foto: Backus Aerial Photography Inc., Chesapeake, Virginia
O Container
HISTÓRIA - Nos primórdios da navegação marítima, toda mercadoria era
transportada em tonéis. O tonel, por ser uma embalagem resistente e de fácil
manuseio, foi o sistema ideal que nossos antepassados encontraram para
enfrentar as grandes dificuldades existentes nas operações de embarque e
desembarque.
Além disso, o tonel, por ser uma embalagem de extrema segurança e hermético,
facilitava o transporte de quase toda mercadoria conhecida naquela época: o
vinho, por exemplo, ainda hoje tem sido transportado em tonéis, devido às
vantagens oferecidas por essa embalagem.
Por esse motivo, podemos dizer que o mundo antigo, levado por circunstâncias
naturais, conheceu por muitos séculos um "sistema uniforme de embalagem".
Todavia, esse sistema era uniforme apenas em sua concepção volumétrica, pois
os tonéis tinham diferentes capacidades, dependendo do país ou região em que
eram utilizados.
Nessa época, o que mais interessava aos armadores passou a ser o espaço, e
não mais o peso, e o tonel, como embalagem de alto índice de estiva - isto é,
que ocupava muito espaço no navio -, foi paulatinamente sendo esquecido e
substituído por outros tipos de embalagens.
Embora em 1901 o inglês James Anderson tenha divulgado o seu famoso tratado
sobre a possibilidade do emprego de "receptáculos" uniformes no transporte
internacional, somente em 1950 as diversas nações do mundo se
conscientizaram desse problema e começaram a ditar normas para essa
padronização.
Entretanto, com referência às suas medidas, a "briga" continuou por muito mais
tempo, levando quase todos os países envolvidos a dividirem-se em duas facções
distintas: na Europa a International Standards Organization (ISO) e nos Estados
Unidos a American Standards Association (ASA). Para resumir a história dessa
padronização, vamos citar algumas datas com seus respectivos eventos:
Trem no Vietnã transportando recipientes Conex contendo rochas, dois por vagão,
na época da intervenção estadunidense nesse país (década de 1960)
Foto: página na Web
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
O Container
DEFINIÇÃO - "O container é um recipiente construído de material resistente,
destinado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança,
inviolabilidade e rapidez, dotado de dispositivo de segurança aduaneira e
devendo atender às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação
nacional e pelas convenções internacionais ratificadas pelo Brasil". Esta é a
definição dada pelo Artigo 4º do Decreto nº 80.145 de 15 de agosto de 1977.
Embora o container para os efeitos práticos seja uma embalagem, na realidade
ele é muito mais do que isso, pois sendo considerado para todos os efeitos
legais como equipamento do veículo transportador, ele recebe uma série de
vantagens e favores fiscais. Por isso, conforme o citado decreto ele tem as
seguintes imunidades e incentivos:
Essas definições são também complementadas pelo Decreto 80.45, o qual diz
textualmente em seu Artigo 4º, parágrafo único:
a) Ter caráter permanente e ser resistente para suportar o seu uso repetido.
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Transteiner de 30 toneladas adquirido pela Empresa de Portos do Brasil (Portobrás)
para operação no cais de conteineres do porto do Recife, em maio de 1988
Foto: Portobrás/Administração do Porto do Recife
O Container
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS - O Brasil, por ter ratificado a proposta da
International Standards Organization (ISO), para normalização técnica dos
containers, fundamentou toda a sua regulamentação, tanto para o uso como para
a construção desses cofres no nosso País, baseando-se naquela diretriz. Essa
regulamentação é controlada pelos órgãos Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro), que é um órgão técnico da Secretaria de Tecnologia Industrial do
Ministério da Indústria e Comércio.
Uma vez que a altura e a largura são sempre constantes (N.E.: na época deste
texto começavam os debates para a padronização mundial dos conteineres extra-
altos, de 8 ½ pés ...), os módulos são identificados, simplesmente, pelo seu
comprimento; assim, quando falamos do container de 40 pés, identificamos o
módulo eqüivalente a duas unidades, com as dimensões de 8 x 8 x 40 pés.
Open Top - É um container aberto em cima, ou fechado apenas com uma lona
removível por ocasião do enchimento ou desenchimento do mesmo. Esses
containers são construídos especialmente para atender ao transporte de
mercadorias que só podem ser acomodadas (ovadas) pela parte de cima;
normalmente, essas mercadorias são içadas através de pontes-rolantes.
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Terminal de Conteineres de Rio Grande/RS - Contecon, em agosto de 1991
Foto: Carlos Pimentel Mendes
O Container
CAPACIDADES - Como vimos, a padronização dos containers proposta pela
ISO exige e indica suas capacidades gravimétricas em toneladas métricas, suas
dimensões em pés lineares e, conseqüentemente, seus volumes em pés
cúbicos. O Brasil, por adotar o sistema métrico, obviamente foi obrigado a
converter essas dimensões para o nosso sistema; assim, em 1971, a ABNT
emitiu as seguintes normas para a padronização dos containers em nosso
território:
Como a largura e a altura são sempre iguais a 8 pés (N.E.: não considerados os
conteineres extra-altos, de 8 ½ pés, na época do texto em fase de
padronização mundial), temos em nosso sistema 2,438 metros.
Comprimento 5878 mm
Largura 2315 mm
Altura 2161 mm
Volume interno 29,40 m³
Peso payload 18,012 kg
Tara 2,299 kg
Comprimento 5829 mm
Largura 2349 mm
Altura 22351 mm
Volume interno 31 m³
Peso payload 18,401 kg
Tara 1,919 kg
Além desses, temos ainda, em uso no Brasil, os containers high top, ou seja,
com altura externa de 8' 6" (8 pés e 6 polegadas). Como exemplo, citamos os
containers de 20 pés construídos pela firma Fuji Heavy Industries do Japão:
Comprimento 5905 mm
Largura 2346 mm
Altura 2384 mm
Volume interno 33 m³
Peso payload 18,020 kg
Tara 2,300 kg
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Navio porta-conteineres da armadora Evergreen, operando por volta de 1985
O Container
ARRENDAMENTO - No início da época da conteinerização, todo container
pertencia aos armadores. A primeira companhia de navegação a encomendar e
adquirir esses cofres foi a empesa Sea Land, americana, sendo quase que
imediatamente seguida por vários outros armadores.
Aluguel por dia (per diem) - feito geralmente entre a leasing e o usuário não
armador.
Aluguel a longo prazo (long term lease) - feito quase sempre entre
armadores e as leasings. Notem que nesse caso os armadores alugam vários
containers para sublocarem aos seus clientes, importadores ou exportadores
(sub-leasing).
Aluguel por viagem simples (one way lease) - feito na maioria das vezes,
entre armadores e usuários. Nesse caso, o tempo de duração do aluguel não é
pré-estabelecido, uma vez que este pode variar dependendo das escalas
intermediárias do navio. Entretanto, existe um tempo máximo permissível,
antes do embarque no navio, e depois do desembarque. Esse tempo tem sido
estipulado pelas Conferências (N.E.: Conferências de Fretes, formadas por
armadores dos diversos países participantes de um mesmo tráfego) em 5 dias
úteis, excluindo, portanto, os domingos e feriados locais (algumas Conferências
não consideram também o sábado).
Aluguel por viagem redonda ida-e-volta (round trip lease) - esse sistema
de contrato pode ocorrer pelo menos sob duas condições básicas:
2) a leasing não quer ter containers estocados no destino, então ela exige a
reentrega no ponto de origem.
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Apesar de existir uma grande variedade de containers, isso não significa que
todas as cargas sejam passíveis ou economicamente viáveis de ser
transportadas em containers. Uma mercadoria, para ser conteinerizável,
precisa atender, pelo menos, aos seguintes requisitos básicos:
20 pés -
31,20
m³
40 pés -
62,00
m³
Vale citar que contêiner é a grafia portuguesa para a forma inglesa container, adotada
nesse artigo:
Movimentação de conteineres no cais especializado Delwaidedock
(com 4,7 km de comprimento) do porto de Antuérpia em 1998,
quando esse porto da Bélgica movimentou 1.469.949 TEU
Foto: Guido Coolens n.v., Antuérpia
O Container
TERMINOLOGIA DA CONTEINERIZAÇÃO - Procuramos nesse capítulo dar
algumas explicações aos principais termos empregados no transporte e
utilização dos containers. Pelo fato de a conteineriação de mercadorias ser uma
inovação do ramo dos transportes, surgiram vários neologismos para identificar
os equipamentos e as operações desse novo sistema de unitização internacional
de cargas.
LCL - Less than Container Load - Quando a carga despachada, ou recebida, não
preenche a capacidade total do container.
Nota: esses termos são pouco usados no Brasil, uma vez que a groupage - a
consolidação marítima - ainda não está difiundida em nosso Paìs.
"Neste século (N.E.: século XX), com as guerras mundiais, mas principalmente
após a Segunda Guerra, houve um estudo mais apurado sobre formas de
transporte de cargas, e surgiram os conteineres, então ainda pequenos e
quadrados, com oito pés de altura por oito pés de largura; eram destinados a
cargas de valor e enviados por navio, sendo esvaziados sob fiscalização
aduaneira no cais e voltavam para o navio.
"O sistema se desenvolveu, surgiram normas como a ISO, que o Brasil adotou,
e cada vez mais se busca a simplificação de métodos, que entretanto às vezes
se esbate em normas e leis que impedem um fluxo mais rápido. Nossa
legislação sobre conteineres já é extensa, e está se superando. E nota-se
sobretudo o interesse do governo em incrementar esse tipo de transporte".
Nesse aspecto, lembrou que parece haver uma contradição entre a legislação
que define o conteiner e a que permite sua equiparação à carga para efeito de
penalidades no caso de abandono - caso aliás em via de solução, em função de
trabalho elaborado pela Câmara Brasileira de Conteineres.
"É também difícil, por exemplo, nos casos de produtos químicos. Uma vez,
estava sendo importado a granel um produto químico que era um pó branco,
com aparência de leite em pó, mas classificado no manifesto com outra
denominação. Depositado no armazém, o fiscal estranhou, e experimentou
servir o produto diluído em água a um gato que estava por perto. O gato
gostou, provando que era leite, como foi confirmado depois por análise
laboratorial, sendo descoberto assim um contrabando de leite em pó. Já em
conteiner essa mercadoria poderia ter passado em uma vistoria menos
cuidadosa, desde que as primeiras fileiras de sacos do produto fossem
realmente condizentes com a mercadoria manifestada".
Citando que entretanto se deve apoiar o terminal, Oswaldo apresenta uma lista
de sugestões às autoridades:
"Existem casos que nos são apresentados, e que gostaríamos que o fossem por
escrito, e por vezes a parte se nega a fazê-lo. Quanto ao caso citado por
Fernando Cunha, é inadmissível que existam funcionários exigindo vantagens
para solução de algum problema no cais, e atrapalhando as exportações. O
nosso objetivo é bem servir o público, e é importante que toda vez que o
problema surgir, se não for possível uma solução de conciliação, que se exija
uma solução a uma autoridade superior para esses casos".
Devemos ter em mente que o preço dos serviços de transporte viabiliza ou não
a comercialização de um produto. Assim, tudo deverá ser feito de forma a que
o custo final mantenha o preço do produto em níveis competitivos.
A mudança de enfoque dada pela fiscalização é louvável, porque até bem pouco
tempo essas operações eram olhadas no Brasil com amendrontamento, em face
da maior possibilidade de descaminho, não se atentando então para o fim
maior que é o de contar o País com meios operacionais mais ágeis, a fim de
que, acompanhando a evolução dos demais países industrializados, venha a
vencer a batalha competitiva no comércio internacional.
Lei da Balança - A conservação das estradas depende do uso que se faz delas,
cabendo aos veículos transportadores de cargas cumprir certas normas que,
tecnicamente, são consideradas básicas para a preservação do melhor estado
das rodovias.
Existem cargas que são muito grandes e que não podem ser divididas, e
ultrapassam o limite de 40 toneladas. Neste caso, é necessária uma autorização
especial do DNER ou DER para o tráfego nas rodovias, como é o caso do
transporte de turbinas, caldeiras, transformadores e outras cargas.
A respeito da Lei da Balança, convém ressaltar que ela não é uniforme para
todos os países, gerando conseqüentemente disparidades na forma de
distribuição do peso das cargas, e no uso dos equipamentos. Esta diferença é
mais sentida no caso de transporte rodoviário de conteineres, onde, pelo
intermodalismo das operações, as cargas não são remanejadas.
José Roberto finaliza destacando que embora o uso dos conteineres proporcione
vantagens econômicas e de segurança, não permite o remanejamento das
mercadorias, devendo ser lacrado na origem e aberto no destino.
Para agilizar suas operações e assim diminuir o tempo de estadia nos portos,
para evitar os constantes roubos e avarias e para humanizar a mão-de-obra,
dando-lhes condições de trabalho mecânico, a navegação marítima iniciou a
unitização, através da pré-lingada e da paletização (métodos que continuam a
ser usados em operações de navios convencionais, ou mesmo para estivar
certos tipos de cargas nos conteineres).
O conteiner chegou timidamente. Havia quem gostava mas não queria, quem
queria mas não gostava, e quem, como Reginaldo, gostava e entendeu que a
conteinerização estava muito acima de qualquer gosto particular.
Hoje, como cita ele, qualquer armador com mais de 3.000 TEUs em operação
tem de contar com o auxílio de um computador (N.E.: lembre-se que em 1981,
quando ocorreu esta palestra, o computador PC-XT da IBM, que revolucionou a
informática pessoal, tinha apenas um ano de existência), de oficinas de reparos
nos portos de escala, e, principalmente, tem de reposicionar sua frota de
conteineres vazios de onde estiverem disponíveis para os locais onde forem
requisitados.
"E isso nos traz ao ponto chave", como lembrava recentemente a Reginaldo um
técnico no assunto: "A tecnologia da conteinerização trabalhou tão bem e se
desenvolveu tão rapidamente que pode ser considerada como muito mais do
que uma solução para os problemas de transporte. A conteinerização
revolucionou a indústria dos transportes e assim a ajudou a adquirir uma
importância cada vez maior em nosso mundo moderno. Por quê? Porque, em
grande parte, graças à conteinerização o transporte agora é reconhecido como
um dos elementos importantes no fomento do desenvolvimento econômico no
mundo inteiro".