História

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TEORIA DA ARQUITETURA III - HISTÓRIA

Departamento de Arquitetura - FCTUC

aluna: Tânia Santos


docente: Carolina Coelho
Ano lectivo 2020/2021

SUMÁRIO

1. CONCEITO ..........................................................................................................................3

2. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 4

3. EXEMPLO ............................................................................................................................5

3.1. Interpretação da Igreja Santa Justa ................................................................................. 5

4. PROJETO II - TERREIRO DA ERVA .................................................................................... 9

5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 15

5.1 - Webgrafia ....................................................................................................................... 15

5.2 - Fonte de imagens ..........................................................................................................15

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1. CONCEITO

Segundo a definição do infopédia, o conceito de história de uma forma geral é definido

como uma “narração crítica e pormenorizada de factos sociais, políticos, económicos, militares,

culturais ou religiosos, que fazem parte do passado de um ou mais países ou povos”. No sentido

da arquitectura pode abranger as várias áreas mencionadas, como também questões ambientais

e urbanas. Actualmente, as cidades reflectem esta diversidade histórica, sendo bastante comum

na Europa identificar estas transformações ao longo dos séculos. A história é determinante na

cultura urbana dos cidadãos, proporcionando uma vivência distinta dos espaços, consoante a

época em que se desenvolve. Ou seja, o mesmo espaço pode ser utilizado de formas distintas

dependendo do período histórico em que se vive.

Ao longo do tempo os historiadores periodizaram os grandes acontecimentos históricos

cronologicamente, isto é, através de acontecimentos marcantes determinavam o fim de um

período e o começo de outro. Os cinco períodos mais importantes, passam pela pré-historia,

idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. Neste sentido, todas as fases

descritas, foram cruciais para o desenvolvimento do presente, assim como outros campos de

estudo, desde a arte, antropologia, arqueologia e nomeadamente arquitectura, que permitiram a

evolução no tempo, isto significa que actualmente as referências e estudos do passado, servem

de exemplo e inspiração para a época actual. Durante o período arcaico, a arquitectura passou

por experiências, incertezas e através destas, foi possível melhorar métodos construtivos e utilizar

novas materialidades. Por exemplo quando surgiu a revolução industrial, com a introdução do

vidro, do ferro, das novas técnicas de produção e construção foi possível evoluir na cultura

arquitectónica.

Em suma, este conceito torna-se essencial para a evolução dos vários campos da ciência,

que permite a evolução da espécie humana e influência a nossa forma de estar, pensar e viver.

Sem registos históricos teríamos estagnado, pois não existiriam dados de estudos para o nosso

progresso.

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2. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA

A história apresenta-se como uma reflexão do passado nas cidades actuais, sendo
impossível analisar as cidades sem ter em conta a base histórica. Isto é evidente no livro de Aldo
Rossi “A arquitectura da cidade”, quando o autor afirma “As cidades são o texto dessa história;
ninguém pode imaginar seriamente estudar os fenómenos urbanos sem se colocar esse
problema, e talvez este seja o único método positivo, porque as cidades se oferecerem a nós
através dos factos urbanos determinantes, em que é preeminente o elemento histórico.”1
Quando falamos de questões ligadas ao urbanismo, este conceito desempenha uma
função estrutural, nomeadamente na tipologia da malha urbana, por exemplo os espaços urbanos
desenvolvem-se entre espaços cheios e vazios e é nesta dicotomia que a história assume um
papel relevante. No entanto isto é mais evidente nas cidades europeias, “(…) estabelecer uma
relação entre o seu passado e a fisionomia das principais capitais europeias.”2
Ao longo da história da arquitectura, cidades com uma grande dimensão, são as que
reúnem um maior estudo, não só pelo edificado como também pela forma como se organizam.
Muitas vezes a forma é mais importante que a função, Aldo Rossi afirma que “Ao descrever uma
cidade, ocupamo-nos predominantemente da sua forma; essa forma é um dado concreto que se
refere a uma experiência concreta (…)“3 Neste sentido, cidades como Atenas, Berlim, Paris, Roma
e Florença apresentam um centro histórico como um palimpsesto. Exemplo disto, é a cidade de
Florença, a grande percursora no desenvolvimento do renascimento, onde existem “funções
fundamentais que podem ser expressas pelas formas de uma cidade: circulação, aproveitamento
dos espaços mais importantes, pontos-chave focais. (…) sem dúvida a cidade tem uma história
económica, cultural e política de grandes proporções e a evidência visual deste passado é
responsável por grande parte da forte expressão florentina.”4
Muitos dos edifícios históricos, representam muitas vezes a imagem de uma cidade ou até
mesmo uma área de menor dimensão, quase como se tratasse de um símbolo. Monumentos,
como a Acrópole de Atenas, o Panteão, a Torre Eiffel, a Catedral Duomo de Florença, entre
outros são ícones que identificam o espaço urbano onde se inserem e simultaneamente fazem
parte da cultura arquitectónica. Esta importância pela conservação histórica está patente ao longo
dos vários capítulos do livro de Rossi, sintetizando na seguinte frase, “(…) carácter essencial de
elemento conservador dos monumentos e, para nós, do valor da fundação da cidade e da
transmissão das ideias na realidade urbana. De facto, neste meu esboço de teoria urbana dou
grande valor aos monumentos (…)”5

1 Rossi Aldo (2001), A arquitectura da cidade, Martins Fontes, São Paulo. p.193
2 Ibid., p.197
3 Ibid., p.13
4 Lynch Kevin (1960), A imagem da cidade. Edições 70, Lisboa p.103/104
5 Rossi Aldo (2001), A arquitectura da cidade, Martins Fontes, São Paulo. p.7
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3. EXEMPLO
3.1. Interpretação da Igreja Santa Justa

“A cidade é um organismo vivo cuja morfologia está sujeita a constantes transformações


que visam a responder às necessidades dos seus habitantes. Só o olhar da História e da História
da Arte podem recriar o transformado; ler os estratos do palimpsesto; e devolver à memória
urbana a origem matricial dos edifícios, praças, bairros, ruas e arruamentos que dão vida à cidade
de hoje.”6
Actualmente, torna-me difícil aprofundar com maior detalhe a base histórica de alguns
edifícios que noutra época foram cruciais para o desenvolvimento urbano, não só pelas várias
transformações que sofreram como também pela escassez de informação. Quando falamos por
exemplo da igreja Santa Justa de Coimbra, destaca-se o edifício histórico setecentista, localizado
ao fundo da rua da Sofia, no cimo da Ladeira de Santa Justa. Porém, deve-se ter em conta o seu
percurso histórico, uma que vez que antes desta mudança existiu uma igreja românica que resistiu
a vários séculos às inundações do rio Mondego, tratando-se de uma das mais antigas igrejas de
Coimbra que teve um papel essencial para a evolução do urbanismo e da cidade que é hoje. Em
1710 devido às cheias, foi necessário elevar o edificado até ao abandono e posterior demolição
de grande parte deste edifício, em consequência desta transferência, o antigo átrio é hoje
conhecido por Terreiro da Erva.
Numa perspectiva histórica, a igreja Santa Justa era conhecida por ser a sede de uma das
paróquias da cidade de Coimbra, tendo sido quase destruída e agregada à igreja Santa Cruz.
Localizada no norte da cidade, este edifício durante a idade média tinha como principal função
acolher artesãos, trabalhadores agrícolas e ainda aqueles que procurassem um espaço para
residir. Entre o século XII e o século XVI teve a capacidade de se expandir, mas actualmente só é
possível identificar alguns vestígios desta igreja românica num dos edifícios do terreiro da Erva.
Na cartografia apresentada na figura 2, é notória a grande dimensão que esta ocupava; em
termos históricos e de uma forma muito sucinta, era composta por várias naves, um altar-mor, o
coro, duas capelas e ainda um claustro, até aos dias de hoje apenas se mantém dois volumes, a
capela-mor e a capela Epístola, nestas ainda permanecem as abóbadas. Este local era visto como
um ponto de encontro dos paroquianos, era um espaço privilegiado para o convívio dos
habitantes da cidade, para o comércio e outras actividades económicas, o átrio das igrejas era
também visto como um local importante do urbanismo medieval.
Esta igreja românica, neste momento não tem qualquer tipo de função, encontra-se
abandonada e em ruína, desta forma tentei relembrar uma memória esquecida que passo a
explicar mais adiante na proposta desenvolvida no âmbito da cadeira projeto II.

6 Campos, Maria Amélia e Botelho, Maria Leonor (2017). A cidade Palimpsesto - Criar e recriar o
desaparecido. O sitio e a igreja românica de Santa Justa de Coimbra na cidade de hoje. p1
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Figura 1. Perspectiva da cidade de Coimbra, 1575.

Figura 2. Cartografia antiga da cidade de Coimbra.

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Figura 3. Edifício da igreja de Santa Justa no Terreiro da Erva, Coimbra, 1947.

Figura 4. Plantas e cortes da antiga igreja Santa Justa, Coimbra, 2005.

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Figura 5. Igreja setecentista de Santa Justa, Coimbra.

Figura 6. Ruínas da antiga Igreja Santa Justa, Coimbra, 2020.

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4. PROJETO II - TERREIRO DA ERVA


O exercício da cadeira Projeto II consiste na reformulação do espaço urbano como


também no reordenamento do edificado, tendo como principal objectivo propor uma nova forma
urbana coesa e com significado para o Terreiro da Erva. A intervenção localiza-se na baixa de
Coimbra, tendo a norte a rua da Sofia e a Sul a rua direita, sendo o local principal de intervenção,
o terreiro da Erva. Este espaço ao longo do tempo tem vindo a perder algumas peculiaridades
formais e espaciais, sendo actualmente um local urbano fragmentado e com uma forma pouco
evidente. A igreja românica de Santa Justa formou o núcleo central de ocupação desta área da
baixa de Coimbra. Uma vez que se situa numa zona complexa de transição entre a cidade antiga
e moderna, foi crucial fazer uma análise mais detalhada do reconhecimento do lugar de
intervenção e dos percursos de acesso (rua Da Sofia, rua Direita, rua Simões de Castro, rua do
Carmo, rua da Nogueira, rua do Moreno, Beco do Fanado, Beco da Boaventura, Beco do
Castilho, entre outras que fazem parte da estrutura urbana).

Após análise e levantamento da zona de intervenção e a sua envolvente, concluo que este
lugar apresenta diversas falhas com características muito distintas no planeamento urbano, no
que diz respeito ao desenho da cidade e à fisionomia urbana. Começo por destacar a rua da
Sofia, por se tratar de uma zona que foi classificada como património mundial da humanidade e
por ser a rua principal da baixa, esta é predominantemente de uso rodoviário, sendo de difícil
circulação nas horas de maior tráfego, causando perigo para os próprios peões, excesso de ruído
e poluição para o edificado e degradando sobretudo os edifícios históricos. Esta problemática
comporta algumas consequências também às ruas secundárias, localizadas nas suas imediações,
que vêem a dinâmica da sua utilização limitada pelas dificuldades descritas anteriormente. Deste
modo, a rua direita, apresenta-se como uma via de reduzida procura pelos cidadãos, o que
provoca o aumento da insegurança. Uma vez que se trata de um lugar onde reside uma
população mais envelhecida e é frequentado por população toxicopendente, foi nos proposto
projetar um centro de apoio à comunidade.
A estratégia proposta debruça-se sobre dois pontos principais, o primeiro tem como
objetivo atrair uma maior população e o segundo refere-se à gestão do espaço urbano,
propondo uma interação entre o existente e o desenho pretendido. Neste sentido, reduzi a
circulação do número de veículos da rua da Sofia, propondo que esta via se torne num único
sentido, aproveitando o espaço libertado, para maior fluxo pedonal, através da ampliação do
passeio, desta forma pretendo valorizar mais esta avenida e proteger os edifícios mais históricos.
Além disto, na zona prevista para o metro, actualmente a rua é usada por veículos, apresenta-se
como um espaço amplo, vazio e degradado, pretendendo, deste modo, alterar a metodologia
desde lugar de forma a transformar num local para peões e facilitando a sua articulação entre a
zona histórica e a rua direita. Ainda com este objectivo, com o intuito de reordenar o espaço
urbano, desenvolve-se neste local, um jogo de rampas e escadas a fim de solucionar a empena
existente entre a rua da moeda e a rua João Cabreira. Paralelamente a esta solução sugiro uma
nova construção com a finalidade de proporcionar residências para o estudantes universitários,
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desta forma cria maior movimento e vivacidade por parte dos jovens, na baixa da cidade. Com
estas duas formas de experienciar o mesmo local, uma parte mais pública, contrastando com uma
parte mais privada, resolvo a diferença de cotas existente, assim como a falta de organização
entre os locais de circulação nas traseiras da rua da moeda.
No terreiro da Erva, o reordenamento urbano é desenhado, tendo por base a cartografia
referente à figura 2, deste modo tirei partido do gesto circular, já existente na Igreja Santa Justa,
o que originou uma praça com uma forma em “V”. Com o intuito de adquirir uma unidade neste
espaço, demoli os edifícios da entrada para a rua direita, aumentando o edifício da cerâmica,
para que possa inserir uma parte do equipamento neste espaço, nomeadamente as oficinas, a fim
de desenvolverem-se actividades nesse âmbito. Também neste espaço desenhei um pátio semi
privado, o que originou um local de “receção”, tanto para o terreiro, como para a rua direita. Para
reforçar esta ideia de entrada, criei uma Loggia com colunas, contendo uma plataforma a 1 metro
de altura, onde se desenvolve uma zona de convivo/apoio ao comércio, entre a rua Simões de
Castro e a rua do Carmo, com objetivo de tirar proveito da luz natural em ambos os alçados e
assim permite um dinamismo entre estas ruas e o terreiro.
De uma escala maior para uma escala mais reduzida, insere-se o programa, tendo como
gesto central a comunicação do edifício com a igreja. A construção é dividida em dois blocos
principais que se unem através da cobertura da Igreja Santa Justa. Sendo o elemento central a
igreja, tirei proveito da entrada principal desta, assim permito a circulação entre a distintas áreas
do edifício. À esquerda, temos acesso à piscina e ginásio e do lado direito o volume que se
encontra agarrado à envolvente, é composto por três andares, no rés do chão, espaço de receção
e zonas de refeição, onde é possível ter acesso a um pátio exterior. No 1º andar encontram-se as
salas e a biblioteca e por fim no 2º andar é destinado à área administrativa.
Desta forma concluo que a historia, o património e urbanismo são elementos que
“comunicam” entre si e nos ajudam a perceber como é que a arquitectura de desenvolve ao
longo dos períodos. A interpretação e evolução de um espaço, tendo em conta a memória e a
história do edificado tornam-se essenciais para a leitura de um lugar.

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Fig. 7 - Zona do metro. Coimbra, 2020.

Fig. 8 - Terreiro da Erva, zona de intervenção. Coimbra, 2020


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Fig. 9 - Terreiro da Erva, zona de Intervenção. Coimbra, 2020


Fig. 10 - Terreiro da Erva, zona de Intervenção. Coimbra, 2020

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Fig. 11 - Implantação da baixa de Coimbra - amarelos e vermelhos.


Fig. 12 - Planta geral da estratégia de intervenção.
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Fig. 13 - Perfis da estratégia geral de intervenção.


Fig. 14 - Painel síntese - Implantação, cortes e plantas. !14
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5. BIBLIOGRAFIA

Rossi Aldo (2001). A arquitectura da cidade, Martins Fontes, São Paulo.


Lynch Kevin (1960). A imagem da cidade. Edições 70, Lisboa.
Campos, Maria Amélia e Botelho, Maria Leonor (2017). A cidade Palimpsesto - Criar e recriar o
desaparecido. O sitio e a igreja românica de Santa Justa de Coimbra na cidade de hoje.

5.1 - Webgrafia

A’ c e r c a d e C o i m b r a , a c e d i d o a 2 6 d e D e z e m b r o d e 2 0 2 0 e m : h t t p s : / /
acercadecoimbra.blogs.sapo.pt/coimbra-do-adro-de-santa-justa-ao-19434

Cidadãos por Coimbra, acedido a 26 de Dezembro de 2020 em: https://


cidadaosporcoimbra.wordpress.com/2014/11/24/terreiro-da-erva-ou-adro-de-santa-justa-reflexao-
sobre-um-espaco-urbano-e-o-seu-futuro/

5.2 - Fonte de imagens

Fig. 1 - Material fornecido pelo Prof. Carlos Martins


Fig. 2 - Material fornecido pelo Prof. Carlos Martins
Fig. 3 - https://cidadaosporcoimbra.wordpress.com/2014/11/24/terreiro-da-erva-ou-adro-de-
santa-justa-reflexao-sobre-um-espaco-urbano-e-o-seu-futuro/
Fig. 4 - Campos, Maria Amélia e Botelho, Maria Leonor (2017). A cidade Palimpsesto - Criar e
recriar o desaparecido. O sitio e a igreja românica de Santa Justa de Coimbra na cidade de hoje.
Fig. 5 - http://encontrogeracoesbnm.blogspot.com/2017/05/recantos-de-coimbra-zona-de-santa-
justa.html
Fig. 6 a 14 - Fotografia da autora

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