7715-Texto Do Artigo-23866-2-10-20201108 PDF
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Arquitetura e Urbanismo
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
KEYWORDS
1 INTRODUÇÃO
2 O PATRIMÔNIO E A RESTAURAÇÃO
Em determinado momento dos primórdios, o ser humano notou que seria ine-
vitável possuir moradia fixa e assim abandonou a vida nômade em busca de abrigo
permanente (na época, cavernas e grutas naturais) que o protegesse de predadores e
intempéries. Com o passar do tempo e o melhor aproveitamento e manipulação de re-
cursos naturais (como pedra, terra, madeira, fibras vegetais e, mais para frente, o adobe),
novos abrigos foram construídos para atender melhor às necessidades humanas.
“A restauração é uma arte e uma técnica, é uma atitude cultural, mas é também
um trabalho de caráter técnico e científico” (MENDONÇA, 2014). O restauro pode ser
definido como um conjunto de técnicas que quando aplicadas têm o objetivo de
reconstituir aquilo que foi danificado de alguma forma por ações humanas, naturais
ou do próprio tempo. A prática de restaurar ambientes teve início no século XVIII e
antes dessa data, infelizmente, as pessoas viam os edifícios de épocas passadas como
meras estruturas obsoletas, sendo demolidas ou reformadas para atender a outras
funções, perdendo assim, boa parte de sua integridade.
A restauração, segundo Brandi (2013), constitui o momento metodológico do
reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polarida-
de estética e histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro. Segundo Viollet-
-Le-Duc (2006), deve-se reconhecer que o gosto pelas restaurações, senão arcaicas,
ao menos consideradas como renovação dos edifícios, se manifestou, desde sempre,
ao se findarem os períodos de civilização nas sociedades.
De modo geral, os processos de restauração são voltados a dar novamente efi-
ciência a um produto da atividade humana danificado pelo homem ou a própria
natureza. Este, visa intervir o mínimo possível na integridade de um edifício e é único
para cada edificação, uma vez que cada estrutura possui as suas particularidades e
necessidades de reparo.
De acordo com Monteiro (2012), Ruskin afirma que a beleza referente às mar-
cas do tempo na arquitetura é um dos responsáveis pela atribuição do conceito de
pitoresco à edificação. É como uma sublimidade parasitária, um intermédio entre o
sublime e o belo. Toda a sublimidade, assim como toda a beleza, é pitoresca, isto é,
própria para se tornar o tema de uma pintura.
É vero que sempre existiram diversas linhas de restauro, assim como o embate
entre elas e a contraposição de teoria e prática. Apesar de não serem mais seguidas
por conta do surgimento de outras mais recentes, as teses de Le-Duc e Ruskin foram
essenciais para a formação de novas linhas de raciocínio. Atualmente, os ideais mais
relevantes e utilizados são os do crítico de arte italiano Cesare Brandi (1906-1988), um
dos maiores nomes do restauro.
Segundo Brandi (2013), a restauração deve visar ao restabelecimento da uni-
dade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso
artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra
de arte no tempo. Ainda que se busque com a restauração a unidade potencial da
obra (conceito de todo distinto de unidade estilística), não se deve com isso sacrificar
a veracidade do monumento, seja através de uma falsificação artística, seja de uma
falsificação histórica.
A alternativa conservação / re-criação, muito evidente na
contraposição ideal de John Ruskin a Eugène Emmanuel
Viollet-Le-Duc, espelha aquela outra mais profunda, a da
historicidade / artisticidade do objeto da restauração, que
Brandi, enquanto enfrente o problema crucial da conservação
ou remoção das adições, mostra sempre o desejo de resolver
através do recurso a um “juízo de valor” que determina “a
prevalência de uma ou de outra instância” (Giovanni Carbonara
in BRANDI, 2013, p.11).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível analisar nesse estudo que na Idade Antiga edifícios arcaicos eram
demolidos por serem considerados estruturas obsoletas e não existir nenhuma noção
de preservação de patrimônio histórico edificado. A ideia de restauro e preservação
floresceram somente em meados do século XVIII com as grandes transformações que
ocorreram na Europa, a exemplo das Revoluções Francesa e Industrial, durantes as
quais foram destruídos e vandalizados diversos prédios.
A definição de restauro consiste, basicamente, em dar novamente eficiência a
um produto da atividade humana intervindo o mínimo possível na sua integridade
e sendo única para cada edificação, uma vez que cada estrutura possui as suas par-
ticularidades de reparo. Os eruditos Viollet-Le-Duc e Ruskin, personagens cruciais
no campo da arquitetura e restauração, possuíam vertentes extremamente diferentes
uma vez que defendiam, respectivamente, reconstituições decisivas e o movimento
antirestauro. Porém, apesar de suas teorias terem sido o pontapé inicial para linhas de
estudos e pesquisas acerca do tema, seus ideais não são mais seguidos.
A partir da análise do patrimônio histórico edificado e a necessidade de sua pre-
servação conclui-se que tal estudo é imprescindível na formação do cidadão como
indivíduo que valoriza e zela pela história e suas civilizações, tradições e valores so-
ciais. Além de apontar a origem dos processos de restauração, a importância da revi-
talização desses locais é abordada de forma a expor o porquê do descaso que assola
as estruturas arcaicas muitas vezes esquecidas pela população e pelo Poder Público.
Obviamente, a falta de informação e, consequentemente, a ignorância à respeito do
valor do patrimônio histórico edificado é o principal inimigo daqueles que defendem
sua preservação e revitalização. Faz-se necessário a disseminação de estudos acerca
do tema e a valorização e o sentimento de pertencimento por parte da população e
das entidades públicas para que o devido valor de tais edifícios seja reconhecido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A RESTAURAÇÃO É UMA ARTE E UMA TÉCNICA. 2014. CAU/BR. Disponível em: <http://
www.caubr.gov.br/a-restauracao-e-uma-arte-e-uma-tecnica/>. Acesso em: 16 mar. 2019.