25 Estudos Biblicos Basicos - in - A. Schaeffer, Francis

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TABLE OF CONTENTS

PREFÁ CIO
INTRODUÇÃ O
SEÇÃ O UM: DEUS
CAPÍTULO UM: O DEUS DA BÍBLIA
CAPÍTULO DOIS: CRIAÇÃ O
SEÇÃ O DOIS: COMO DEUS LIDA COM O HOMEM
CAPÍTULO TRÊ S: DEUS E O HOMEM
CAPÍTULO QUATRO: A GRAÇA DE DEUS (A)
CAPÍTULO CINCO: A GRAÇA DE DEUS (B)
CAPÍTULO SEIS: PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A VINDA DO MESSIAS
CAPÍTULO SETE: CRISTO, O MEDIADOR (SUA PESSOA)
CAPÍTULO OITO CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: PROFETA)
CAPÍTULO NOVE: CRISTO O MEDIADOR (SUA OBRA: SACERDOTE)
CAPÍTULO DEZ: CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: REI)
CAPÍTULO ONZE: A HUMILHAÇÃ O E EXALTAÇÃ O DE CRISTO
SEÇÃ O TRÊ S: SALVAÇÃ O
CAPÍTULO DOZE: SALVAÇÃ O (COMO?)
CAPÍTULO TREZE: JUSTIFICAÇÃ O
CAPÍTULO CATORZE: O NOVO RELACIONAMENTO (ADOÇÃ O)
CAPÍTULO QUINZE: O NOVO RELACIONAMENTO (IDENTIFICADO E UNIDO COM DEUS, O
FILHO)
CAPÍTULO DEZESSEIS: O NOVO RELACIONAMENTO (DEUS, O ESPÍRITO SANTO, HABITA
NO CRISTÃ O)
CAPÍTULO DEZESSETE: O NOVO RELACIONAMENTO (A IRMANDADE DOS CRENTES)
CAPÍTULO DEZOITO: NUNCA MAIS PERDIDO
CAPÍTULO DEZENOVE: SANTIFICAÇÃ O (A)
CAPÍTULO VINTE: SANTIFICAÇÃ O (B)
CAPÍTULO VINTE E UM: SANTIFICAÇÃ O (C)
CAPÍTULO VINTE E DOIS: GLORIFICAÇÃ O NA MORTE
CAPÍTULO VINTE E TRÊ S: GLORIFICAÇÃ O NA RESSURREIÇÃ O
SEÇÃ O QUATRO: AS COISAS DO FUTURO
CAPÍTULO VINTE E QUATRO: O MUNDO EXTERNO E O POVO DE DEUS
CAPÍTULO VINTE E CINCO: OS PERDIDOS
PARTE DOIS: DOIS CONTEÚ DOS, DUAS REALIDADES
PREFÁ CIO DO EDITOR AMERICANO
CAPÍTULO UM: SÃ DOUTRINA
CAPÍTULO DOIS: RESPOSTAS HONESTAS PARA PERGUNTAS HONESTAS
CAPÍTULO TRÊ S: VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE
CAPÍTULO QUATRO: A BELEZA DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS
SOBRE O LIVRO:
25 Estudos Bíblicos Básicos
 
Incluindo
Dois conteúdos,
Duas realidades
 
 
Francis A. Schaeffer
 
Prefá cio de Udo W. Middelmann
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Copyright @ 1996, de L’Abri Fellowship


Publicado originalmente em inglês sob o título
25 Basic Bible Studies
pela Crossway Books – um ministério de publicaçõ es Good News Publishers,
Wheaton, Illinois, 60187, EUA.
 

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

EDITORA MONERGISMO

Caixa Postal 2416


Brasília, DF, Brasil - CEP 70.842-970 
Telefone: (61) 8116-7481 - Sítio: www.editoramonergismo.com .br

1 a ediçã o, 2015

1000 exemplares

Tradução : Felipe Sabino de Araú jo Neto e Rogério Portella


Revisão : Felipe Sabino de Araú jo Neto e Rogério Portella
Capa : Luís Henrique P. de Paula

PROIBIDA A REPRODUÇÃ O POR QUAISQUER MEIOS,


SALVO EM BREVES CITAÇÕ ES, COM INDICAÇÃ O DA FONTE.
Todas as citaçõ es bíblicas foram extraídas da
versã o Almeida Revista e Atualizada (ARA),
salvo indicaçã o em contrá rio.

SUMÁRIO
PREFÁ CIO
INTRODUÇÃ O
SEÇÃ O UM: DEUS
CAPÍTULO UM: O DEUS DA BÍBLIA
CAPÍTULO DOIS: CRIAÇÃ O
SEÇÃ O DOIS: COMO DEUS LIDA COM O HOMEM
CAPÍTULO TRÊ S: DEUS E O HOMEM
CAPÍTULO QUATRO: A GRAÇA DE DEUS (A)
CAPÍTULO CINCO: A GRAÇA DE DEUS (B)
CAPÍTULO SEIS: PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A VINDA DO MESSIAS
CAPÍTULO SETE: CRISTO, O MEDIADOR (SUA PESSOA)
CAPÍTULO OITO CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: PROFETA)
CAPÍTULO NOVE: CRISTO O MEDIADOR (SUA OBRA: SACERDOTE)
CAPÍTULO DEZ: CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: REI)
CAPÍTULO ONZE: A HUMILHAÇÃ O E EXALTAÇÃ O DE CRISTO
SEÇÃ O TRÊ S: SALVAÇÃ O
CAPÍTULO DOZE: SALVAÇÃ O (COMO?)
CAPÍTULO TREZE: JUSTIFICAÇÃ O
CAPÍTULO CATORZE: O NOVO RELACIONAMENTO (ADOÇÃ O)
CAPÍTULO QUINZE: O NOVO RELACIONAMENTO (IDENTIFICADO E UNIDO COM DEUS, O FILHO)
CAPÍTULO DEZESSEIS: O NOVO RELACIONAMENTO (DEUS, O ESPÍRITO SANTO, HABITA NO CRISTÃ O)
CAPÍTULO DEZESSETE: O NOVO RELACIONAMENTO (A IRMANDADE DOS CRENTES)
CAPÍTULO DEZOITO: NUNCA MAIS PERDIDO
CAPÍTULO DEZENOVE: SANTIFICAÇÃ O (A)
CAPÍTULO VINTE: SANTIFICAÇÃ O (B)
CAPÍTULO VINTE E UM: SANTIFICAÇÃ O (C)
CAPÍTULO VINTE E DOIS: GLORIFICAÇÃ O NA MORTE
CAPÍTULO VINTE  E  TRÊ S: GLORIFICAÇÃ O NA RESSURREIÇÃ O
SEÇÃ O QUATRO: AS COISAS DO FUTURO
CAPÍTULO VINTE  E  QUATRO: O MUNDO EXTERNO E O POVO DE DEUS
CAPÍTULO VINTE  E  CINCO: OS PERDIDOS
PARTE DOIS: DOIS CONTEÚ DOS, DUAS REALIDADES
PREFÁ CIO DO EDITOR AMERICANO
CAPÍTULO UM: SÃ DOUTRINA
CAPÍTULO DOIS: RESPOSTAS HONESTAS PARA PERGUNTAS HONESTAS
CAPÍTULO TRÊ S:  VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE
CAPÍTULO QUATRO:  A BELEZA DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS
SOBRE O LIVRO:
 

 
 
 
 
 
 
 

PREFÁCIO
 
Você provavelmente conhece alguém como o dr. Otten ─ um médico de família com uma
vida muito ocupada devido a ligaçõ es telefô nicas para sua casa e visitas hospitalares. Sua
vida era interrompida por interrupçõ es. No verã o e no inverno ele dirigiria com bastante
velocidade, descendo os estreitos vales suíços, permeados de vilas e fazendas isoladas, em
resposta a emergências médicas. Algumas vezes ele permaneceria apó s atender à família,
para discutir questõ es sobre vida e morte. Ele era um homem com interesses mais do que
clínicos, um homem com uma educaçã o mais ampla do que a característica em um vale
montanhoso distante. Como muitas pessoas modernas, ele jamais havia sido exposto ao
cristianismo — exceto no nível religioso superficial, que raramente interessa uma pessoa
educada com perguntas a serem respondidas.
Os 25 estudos bíblicos básicos , de Francis Schaeffer, foram escritos inicialmente para o dr.
Otten no começo da década de 1950, para ajudá -lo a entender o ensino simples e ó bvio da
Bíblia. Mais tarde eles foram traduzidos para o alemã o, italiano e holandês, e copiados em
um velho mimeó grafo Gestetner . Em pouco tempo eles se tornaram um pequeno livreto
que poderia ser entregue a qualquer um que desejasse saber mais sobre os ensinos do
cristianismo.
Dr. Otten era ocupado demais para ler a Bíblia toda. Talvez também os relatos, a poesia e a
histó ria da Bíblia lhe fossem alheias. Todavia, ele queria saber o que a Bíblia ensinava.
Queria entender a cosmovisã o ou o sistema de pensamento apresentado nela.
Eu também entrei em contato com o cristianismo por meio desse livreto. Presumia que a fé
contrastasse com o entendimento, e que o cristianismo, portanto, era só para pessoas com
“necessidades religiosas”. Mas quando abri os 25 estudos bíblicos básicos , descobri para
minha surpresa uma apresentaçã o estruturada do ensinamento bíblico. Os estudos cobriam
os vá rios temas que eu havia associado ao cristianismo, mas sobre os quais nã o tinha
nenhuma noçã o clara. Debrucei-me sobre esses capítulos noite apó s noite, apenas para
descobrir que havia ordem, coerência e verificaçã o na Bíblia. Em vez de uma vaga busca
para encontrar a Deus, encontrei uma explicaçã o abrangente do tipo de universo que
vivemos como seres humanos.
Estes estudos nã o têm a intençã o de serem lidos em busca do “significado pessoal” que
possam ter para o leitor. Em vez disso, o dr. Schaeffer reuniu as passagens da Bíblia em
cada capítulo ao redor de um determinado tema, a fim de delinear a visã o bíblica do
mundo. Capítulos diferentes, por exemplo, apresentam o que a Bíblia diz sobre Deus e o
homem, a realidade e as falsas visõ es, sobre o pecado e a redençã o, a histó ria e as nossas
responsabilidades. À medida que as passagens de cada capítulo sã o estudadas, as questõ es
filosó ficas e pessoais bá sicas que homens e mulheres têm levantado por milênios sã o
respondidas a partir da Bíblia.
Os estudos sã o direcionados à s pessoas nã o interessadas simplesmente em “serem
religiosas”, mas que desejam saber o que a Bíblia ensina. Eles levam a Bíblia ao mercado
das ideias, de forma que qualquer um pode pesar a evidência e descobrir se o conteú do da
Bíblia fala sobre o mundo real, pessoas, problemas e soluçõ es reais, e se ela é, portanto,
acurada e crível.
Essa forma de apresentar o cristianismo reflete a pró pria mente do dr. Schaeffer. Mas esse
tem sido também a parte central da obra de L’Abri — um lugar onde as pessoas sabem que
podem receber respostas à s perguntas que levantam de forma aberta, sem medo e com
integridade. Para o dr. Schaeffer, a verdade do cristianismo nã o era uma “suposiçã o”, nem
uma questã o de “fé” cega. “Há só uma razã o para ser cristã o”, ele dizia com frequência aos
milhares que vieram até ele ao longo dos anos, “e ela é o fato de o cristianismo ser
verdadeiro à realidade. Ele é a Verdade ‘verdadeira’”. Com esse jogo de palavras ele queria
contra-atacar a sugestã o existencialista e agora pó s-moderna de que toda verdade é apenas
uma “verdade pessoal” — nada além de uma jornada pessoal ou uma experiência pessoal
com a fé, em vez de algo absoluto e eterno.
Dr. Otten e dr. Schaeffer nã o se tornariam cristã os com esse conjunto de suposiçõ es. Eles
eram pessoas insistentes em algo diferente, em algo real. Eles queriam saber como
entender o mundo real das coisas e ideias, de seres pessoais e propó sito, como viver no
mundo sendo honestos com a beleza e a tragédia do mundo natural e da existência humana.
Quando iniciar seu estudo dos capítulos deste livro, você será levado de volta ao princípio
de todas as questõ es: O que é eterno? Vivemos em um universo com personalidade, ou é
tudo parte de uma má quina có smica? Deus é bom, mau ou indiferente? Como podemos
saber algo? Esses e outros temas seriam tratados mais tarde pelo dr. Schaeffer, e de forma
detida, em O Deus que se revela e em outros livros. De fato, o apanhado sistemá tico de
[1]

informaçã o bíblica encontrado nesses estudos da Bíblia constitui o fundamento da


totalidade do pensamento e da obra de Schaeffer.
A Bíblia nã o é um livro religioso — pelo menos nã o no sentido da religiã o como o esforço
para vincular a vida de uma pessoa a um mundo particular de significado ou para resignar-
se ao destino. Na Bíblia, como estes estudos mostram, somos confrontados com
proposiçõ es sobre o mundo no qual vivemos, que podemos examinar à luz de nossas
observaçõ es e determinar se sã o verdadeiras, adequadas e ú nicas. Somos levados à
situaçã o em que ocorre o verdadeiro encontro mental — à medida que a criatura reconhece
com todo o ser a existência do Deus da Bíblia. E se, por meio do estudo destes capítulos,
essa for a sua resposta, sinta-se entã o encorajado a se prostrar diante de Deus em sentido
intelectual , como criatura, e também em sentido moral , como pecador, e assim receber na
obra do Jesus histó rico o perdã o moral e a esperança da vida eterna.
O desenvolvimento intelectual e espiritual do pró prio dr. Schaeffer encontra expressã o
nestes estudos também. Ele nã o nasceu em uma família cristã . Ele estava a ponto de rejeitar
o que sabia do cristianismo, mas decidiu ler toda a Bíblia antes de fazê-lo. À medida que lia,
no entanto, ele descobriu que a Bíblia com suas proposiçõ es e descriçõ es pró prias
abordava as questõ es fundamentais da existência — quer da forma declarada pelos
grandes filó sofos de todas as geraçõ es ou como sã o discutidas de modo mais geral pelo
homem na rua. Schaeffer descobriu que a Bíblia apresentava respostas reais e coerentes de
forma estruturada e sistemá tica.
Você ficará satisfeito com a simplicidade dos estudos. Eles foram estruturados para que um
versículo ou passagem da Escritura receba uma explicaçã o muito breve. É ú til ler os
versículos que se encontram antes e depois da referência mencionada para descobrir seu
contexto. Com cada passagem tratando de um tema específico em debate, a abordagem
geral é perguntar: “O que a Bíblia diz sobre…?”.
À medida que preenche as peças do quebra-cabeça, você se surpreenderá pela visã o do
todo — que revela um mundo novo e real de significado, beleza e direçã o moral. Você
descobrirá que o cristianismo exige reconhecimento pela pessoa toda — mente e
sentimentos — e que nã o há verdades individuais com significado religioso pessoal, apenas
a Verdade do universo apresentada na Bíblia. E quando nos prostramos diante do Deus que
se tornou conhecido a nó s na linguagem da Bíblia e no Jesus da histó ria, ele remove a tolice
moral e intelectual do pecado de nó s e concede de maneira maravilhosa a vida eterna.
 
─ Udo W. Middelmann , presidente
The Francis A. Schaeffer Foundation
Agosto de 1995

INTRODUÇÃO
Os 25 estudos bíblicos bá sicos pretendem fornecer o entendimento de todo o sistema de
ensino apresentado na Bíblia. Com muita frequência, quando as pessoas começam a
estudar as Escrituras, elas nã o veem a relaçã o de todas as suas partes. Contudo, uma das
coisas maravilhosas sobre a Bíblia é sua unidade: assim, o estudo bíblico que nã o mantém
essa unidade é uma perda real.
Portanto, cada liçã o deveria ser estudada com todo o sumá rio, de forma bem consciente,
para que cada liçã o seja avaliada em relaçã o ao ensino da Bíblia toda.
Os 25 estudos nã o têm o intuito de serem lidos como um livro. Se tivessem, um texto muito
mais detalhado teria sido apresentado. Em vez disso, eles devem ser usados como um
auxílio ao estudo da pró pria Bíblia. Quando alguém começar a percorrer os estudos, essa
pessoa deverá ter o Antigo e Novo Testamento em mã os.
A melhor forma de usar os estudos é pegar cada referência da Bíblia, ler o versículo com
cuidado, e entã o ler a declaraçã o feita nos estudos a respeito do versículo. As declaraçõ es
nã o pretendem ser explicaçõ es completas de nenhum versículo. Elas indicam um ponto
específico ensinado no texto — no que concerne a como esse ponto específico se relaciona
com o ensino dessa liçã o particular. Por exemplo, a primeira referência bíblica apresentada
(Ef 1.4) contém em si muitas informaçõ es que nã o sã o mencionadas na declaraçã o logo
abaixo. Chama-se a atençã o para apenas uma das coisas que Efésios 1.4 ensina: que Deus,
sendo o Deus pessoal, pensa. Dessa forma, cada versículo deve ser analisado e considerado
à luz da declaraçã o que imediatamente o segue — nã o só como declaraçã o isolada, mas à
luz de toda a liçã o, e à luz do fluxo da unidade do ensino bíblico apresentado nos 25 estudos
completos. A Bíblia nã o é um grupo de versículos desconexos. É uma unidade. E ela tem
conteú do que pode ser estudado como alguém estuda outros livros.
Estudada dessa forma, a Bíblia será vista contendo muitas coisas a dizer em resposta à s
perguntas que as pessoas da nossa geraçã o fazem sobre o significado e o propó sito da vida.
Ela nos diz quem é o homem, seu propó sito, a origem dos seus problemas e sua soluçã o.
Sem dú vida, este estudo é apenas o início para nos ajudar a começar a estudar a Bíblia. A
Bíblia é uma unidade, e mais tarde deveremos lê-la toda e perceber a relaçã o de cada parte
com o conjunto. A unidade da Bíblia começa no princípio, Gênesis, e prossegue até o fim, o
livro do Apocalipse.
O uso de versículos como eu fiz nos 25 estudos bíblicos básicos tem um lado perigoso que
deve ser reconhecido e do qual devemos fugir. O perigo é escolher certos “textos” isolados
do contexto, e forçar todo o restante do ensino da Bíblia de acordo com nosso
entendimento desse ú nico texto. Isso é um perigo. Nenhum versículo pode fornecer toda a
riqueza da Bíblia. Cada versículo deve ter tomado no contexto se quisermos entendê-lo com
correçã o. Cada versículo que estudamos conta com três contextos: 1) o contexto imediato;
2) todo o livro no qual o versículo está localizado, e isso inclui a consideraçã o cuidadosa do
propó sito do livro; 3) toda a Bíblia e seu ensino. O ensino da Bíblia inteira nos dá uma série
de balanços que nenhum versículo isolado pode dar. Isso requer o estudo cuidadoso da
vida toda.
Contudo, à medida que usei os versículos tentei usá -los justamente — usando meu estudo,
durante toda da vida, de toda a Bíblia, como o pano de fundo do uso de cada versículo como
o usei aqui.
Dessa forma, os 25 estudos bíblicos básicos sã o apenas isso: o ensino bá sico que abre a porta
para a vida inteira de estudo da Bíblia. Com o sumá rio em mente à medida que você estuda,
espera-se que os estudos lhe ofereçam a estrutura para entender a maravilha do fluxo da
Bíblia toda, de Gênesis a Apocalipse. Entã o, a vida inteira de estudo cuidadoso e oraçã o
mostrará que os 25 estudos sã o apenas o começo. Penso, no entanto, que você considerará
que levei em conta todo o ensino da Bíblia ao fazer uso dos versículos.
Ao realizar esses estudos, nã o é necessá rio fazer um estudo completo de uma vez só . Se
desejar, pode-se gastar uma quantidade específica de tempo cada dia. Quando esse tempo
for alcançado, simplesmente trace uma linha e comece naquele ponto no dia seguinte.
Meu conselho é que toda vez que fizer esses estudos, você fale com Deus e peça que ele lhe
dê entendimento por meio do uso da Bíblia juntamente com o estudo. Se alguém que nã o
crê na existência de Deus utilizar esses estudos, sugeriria a ele que dissesse audivelmente
na quietude do seu quarto: “Ó Deus, se existe um Deus, quero saber se tu existes. Peço-te
que eu esteja disposto a me prostrar diante de ti se tu existires”.
 
 
 
— Francis A. Schaeffer

SEÇÃO UM: DEUS

CAPÍTULO UM: O DEUS DA BÍBLIA


 
O Deus da Bíblia é pessoal.
 
Efésios 1.4
Observe aqui que Deus tem um plano, que ele pensa.

Gênesis 1.1
Deus nã o pensa apenas. Ele age.

João 3.16
Deus nã o somente pensa e age, ele sente. O amor é uma emoçã o. Dessa forma, o Deus que
existe é pessoal. Ele pensa, age e sente, três marcas distintivas de personalidade. Ele nã o é
uma força impessoal, nem o tudo que inclui todas as coisas. Ele é pessoal. Quando fala
conosco, ele diz “eu”, e podemos lhe responder “tu”.
 
Deuteronômio 6.4
O Antigo Testamento ensina que há só um Deus.

Tiago 2.19
O Novo Testamento também ensina que há só um Deus.
No entanto, a Bíblia também ensina que esse Deus único existe em três pessoas distintas.

Gênesis 1.26
“Façamos”. Aqui é demonstrado que há mais de uma pessoa na Deidade.
 
Gênesis 11.7
Aqui novamente há uma ênfase sobre a existência de mais de uma pessoa na Deidade.
Neste versículo, como em 1.26, as pessoas da Trindade estã o em comunicaçã o entre si.
 
Isaías 6.8
Novamente se vê a existência de mais de uma pessoa na Deidade.
 
Mateus 3.16, 17
Cada uma das três pessoas aparece com clareza aqui. Leia também Mateus 28.19; Joã o
15.26 e 1 Pedro 1.2.
 
Mateus 9.2-7
Jesus Cristo reivindica o poder de perdoar pecados como direito natural, demonstrando
assim que ele alega ser Deus.
 
Mateus 18.20
Jesus afirmou estar em todos os lugares ao mesmo tempo, outra reivindicaçã o da
divindade.
 
Mateus 28.20
Jesus se encontra em todo o espaço, e também está em todo o tempo.
 
João 5.22
Jesus Cristo é o Juiz de toda a humanidade. Só Deus pode fazer isso.
 
João 8.58
Jesus alegou existir antes do tempo de Abraã o. Abraã o viveu por volta do ano 2000 a.C.
 
João 17.5, 24
Jesus disse que ele vivia com o Pai e que o Pai o amava antes da criaçã o do mundo.
 
2 Coríntios 5.10
Aqui mais uma vez somos informados de que Jesus julgará o mundo.
 
João 1.1-3
Os versículos afirmam que a pessoa chamada “o Verbo” [ou “a Palavra”] é Deus e fez todas
as coisas. Os versículos 14 e 15 desse mesmo capítulo mostram que “o Verbo” [ou “a
Palavra”] é Jesus Cristo.
 
João 20.28
Tomé afirma que Jesus é Deus.
 
Assim, a segunda pessoa da Trindade não é apenas distinta da primeira pessoa, mas é
igualmente Deus.
 
Lucas 12.10, 12
Pensemos agora sobre a terceira pessoa da Trindade. Os dois versículos mostram que ele é
Deus e uma pessoa tanto quanto a primeira e segunda pessoa da Deidade.

João 15.26
Novamente se diz que o Espírito faz algo que só uma pessoa pode fazer.
 
João 16.7-14
O Espírito, ou Consolador, é distinto da segunda pessoa e faz coisas que só uma pessoa
pode fazer. O Espírito é “uma pessoa”, nã o “um objeto”.
 
Atos 8.29
Só uma pessoa pode falar.
 
Atos 13.2; 15.28; 16.6, 7
O Espírito Santo é uma pessoa.
 
Efésios 4.30
As passagens acima mostram que o Espírito Santo pensa e age; este versículo mostra que
ele também sente.
 
2 Pedro 1.21
O Espírito Santo é a pessoa da Trindade que nos deu a Bíblia.
 
É central e importante para a fé cristã ter a mente esclarecidas a respeito dos
atos concernentes à Trindade.
 
Gênesis 1.26; João 17.24
Comunicaçã o e amor existiam entre as pessoas da Trindade antes da criaçã o.
 
2 Coríntios 13.14
A obra de cada uma das pessoas é importante para nó s. Jesus morreu para nos salvar, o Pai
nos atrai a si mesmo e nos ama, e o Espírito Santo habita conosco.
 
 
Romanos 8.11, 14, 26, 27
O Espírito Santo é uma pessoa, e ele habita no cristã o, o conduz e ora por ele quando o
cristã o nã o sabe o que orar sobre si mesmo.
CAPÍTULO DOIS: CRIAÇÃO
 
No estudo anterior, vimos que a Bíblia apresenta Deus como um, mas em três pessoas. Não se adora o Deus do cristianismo, a
menos que se adore este Deus que é um, mas três pessoas. Da mesma forma, uma pessoa não adora o Deus do cristianismo
como deveria a menos que reconheça o caráter soberano de Deus. Quando falamos da soberania divina, dois pensamentos
estão em mente — a obra de criação e da providência. Quando falamos sobre a providência, queremos dizer a forma como
Deus lida com o mundo agora. O estudo bíblico a seguir lida com o ensino da Bíblia sobre a criação.
 
 
Apocalipse 4.11
Deus criou todas as coisas por sua livre vontade. Ele nã o precisava criar. Antes da criaçã o, o
Deus trino permanecia completo, e havia amor e comunicaçã o entre as pessoas da
Trindade. Lê-se em Apocalipse 4.11: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a gló ria,
a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a
existir e foram criadas”.
 
Colossenses 1.16, 17
Antes de Deus criar algo, ele habitava sozinho.
 
Salmo 33.9
Deus criou do nada. Criou mediante uma enunciaçã o: ele falou e aconteceu.
 
Gênesis 1.1
A palavra “criou” aqui usada significa criar do nada. Deus criou a matéria do nada. Ele nã o
modelou simplesmente a matéria pré-existente, ele a trouxe à existência. Nã o criou só o
mundo, mas os céus e a terra — tudo que existe. Deus criou todas as coisas do nada. Elas
agora têm existência objetiva; nã o sã o uma extensã o de si mesmo ou de sua essência.
 
Gênesis 1.31
Apó s Deus criar todas as coisas, ele declarou que tudo era “bom”. Todas as coisas eram
boas como foram originariamente feitas. Nã o eram boas só de acordo com a avaliaçã o
humana, mas segundo o juízo absoluto de Deus.
 
 
Se Deus nos fez, então temos a responsabilidade de obedecê-lo.

SEÇÃO DOIS: COMO DEUS LIDA COM O HOMEM


CAPÍTULO TRÊS: DEUS E O HOMEM
 
Com este estudo começamos a considerar o que a Bíblia nos diz sobre a relação entre Deus e o homem.
 
Gênesis 2.7
Neste versículo somos informados de que Deus formou o corpo do homem do pó da terra.
Contudo, o homem é mais que um corpo.
 
Gênesis 1.26
O homem foi criado à imagem de Deus. Essa é a gló ria do homem, e isso o distingue das
outras criaturas. O que significa o homem ser criado à imagem de Deus? Bem, entre outras
coisas, com certeza significa isso: o homem é moral. Ele pode fazer escolhas morais. Além
disso, o homem é racional. Isso significa que ele pode pensar. Também quer dizer que o
homem é criativo; descobriu-se que os homens em todos os lugares fazem obras de arte.
Essa é a razã o também pela qual o homem ama.
 
Gênesis 1.31
Como Deus criou o homem, o homem era bom, no corpo e na alma.
 
Gênesis 3.8 a
Preste atençã o à primeira parte do versículo. Nele o homem é apresentado em perfeita
harmonia com Deus, de modo que o homem e Deus podiam andar juntos na viraçã o do dia.
Ao viver em concó rdia com Deus, o homem também se encontrava em pleno equilíbrio com
sua mulher, com a natureza e consigo mesmo. Nã o havia lugar para a personalidade
dividida ou a esquizofrenia no homem quando foi criado. Ele contava com o poder de amar
e obedecer a Deus, mas — sendo um agente livre — ele também poderia transgredir.
 
Gênesis 2.16, 17
Aqui se encontram dois grupos — Deus e o homem. Nesse versículo Deus anuncia a
condiçã o necessá ria ao homem para continuar em comunhã o com Deus. A condiçã o é
simples. O homem deve demonstrar seu amor a Deus sendo obediente a ele. Se o homem
desobedecer a Deus, isso resultará em morte. Essa morte é mais que meramente física. A
morte espiritual, ou a separaçã o de Deus, surgiu de imediato. A morte física descreve o que
chamamos comumente de “morte”. A morte eterna vem no juízo. Como o homem teve de
enfrentar a escolha entre obedecer ou desobedecer, recebeu essas graciosas provisõ es da
parte de Deus:
 
1) Foi feito à imagem divina (Gn 1.26).
2) Mantinha comunhã o constante com Deus (Gn 3.8 a ).
3) Estava cercado por um ambiente perfeito (Gn 2.8).
4) Contava com verdadeira liberdade de escolha, com o poder de obedecer ou transgredir.
Ele nã o era condicionado por alguma determinaçã o, e nã o era programado (Gn 2.16,17).
5) O teste era o mais simples: uma ordem e uma penalidade estipuladas com clareza
(Gn 2.16,17).
 
Gênesis 3.1-20
Adã o e Eva escolheram desobedecer a Deus de forma deliberada.
 
Gênesis 3.7
Ao tentarem se cobrir com a obra de suas mã os, ele demonstraram já terem sido tomados
pela culpa.
 
Gênesis 3.24
Eles perderam a comunhã o com Deus e foram expulsos do jardim.
O corpo e a alma sentiram os efeitos do pecado.
 
Gênesis 3.17, 18
O universo externo se encontra anormal agora. Ele nã o está como Deus o fez; foi alterado
por causa do pecado do homem. Tudo que jazia sob o domínio humano foi afetado.
 
Romanos 5.12, 17
Desde a queda de Adã o, todos os homens sã o pecadores. Toda vez que olhamos para o
corpo de algum morto, isso deveria nos fazer lembrar de que o homem é pecador.
 
Isaías 53.6
 
Jeremias 17.9
 
Romanos 3.10-12, 23
 
Gálatas 3.10
 
As duas passagens seguintes nos mostram que quem é cristão agora já foi “filho da ira” antes
de aceitar Jesus como seu Salvador.
 
Efésios 2.2, 3
 
Colossenses 1.21
 
Seria bom encerrarmos nossas considerações com o fato de que todos nós pecamos aos olhos
de Deus (1Jo 1.10).
 
Para concluir, Deus fez o homem. O corpo e a alma do homem eram bons. O homem contava
com a possibilidade de escolha verdadeira e não programada para demonstrar seu amor a
Deus mediante a obediência. O homem usufruía comunhão contínua com Deus. Ele estava no
ambiente perfeito. Foi dado a ele um simples teste para que pudesse demonstrar seu amor e
obediência. Adão e Eva pecaram. Daí em diante todas as pessoas pecam — incluindo você e
eu.
 
João 3.18, 36
Tendo pecado, jazemos sob o juízo de Deus, sob sua condenaçã o, agora .

CAPÍTULO QUATRO: A GRAÇA DE DEUS (A)


 

 
Romanos 6.23
Cada um de nó s merece apenas uma coisa da mã o divina: o juízo. No que concerne à
santidade e justiça de Deus, ele nã o nos deve nada além do juízo. Ele nos criou, e nó s
pecamos. Mas a ú ltima parte desse versículo nos diz que apesar disso, por causa do seu
amor, Deus nos concedeu uma forma de nos aproximarmos dele. Nã o é porque Deus nos
deva isso; trata-se de uma dá diva baseada no seu amor. Adã o e Eva receberam a orientaçã o
de como agir para agradar a Deus. No entanto, eles pecaram, e todos nó s também pecamos,
e assim essa nova forma que Deus nos dá nã o pode se basear na nossa açã o, mas na graça
de Deus.
 
João 3.15, 16
Aqui temos o Deus trino postado com os braços abertos, dizendo-nos que, ainda que
sejamos pecadores, ele proveu uma forma pela qual “todo o que” quiser poderá vir.
 
Filipenses 2.7, 8
Como pode o Deus santo dizer “todo o que” para pecadores? Deus nã o pode apenas ignorar
o nosso pecado, porque ele é santo. Se ele o fizesse, nã o existiria nenhum absoluto moral.
Nó s podemos nos aproximar de Deus por meio da graça porque Cristo agiu a nosso favor.
Essa obra consumada é sua morte na cruz.
 
Romanos 3.24-26
Pelo fato de Jesus ter morrido como substituto, Deus permanece justo, o absoluto moral
existe; todavia, nó s nã o precisamos incorrer em seu juízo.
 
João 3.15; 17.4
Essa é uma dá diva para nó s, mas apenas por causa da obra perfeita de Cristo.
 
1 Pedro 1.18, 19
Nó s fomos comprados por um preço infinito.
 
João 6.29
Jesus, em sua morte, precisou agir a nosso favor. Mas por causa de sua obra perfeita, agora
podemos nos aproximar de Deus apenas pela fé, sem obras.
 
João 3.15, 16
A promessa de Deus é clara. Se aceitarmos Jesus como nosso Salvador, entã o com base na
obra consumada de Cristo (apenas por meio da fé), temos de Deus a promessa da vida
eterna. A fé é a mã o vazia que aceita a dá diva.
 
João 3.18, 36
O castigo divino também é nítido. Pelo fato de sermos pecadores, já nos encontramos
condenados e julgados por Deus. Se recusarmos a dá diva divina, se nã o aceitarmos a obra
de Cristo a nosso favor, permaneceremos sob a condenaçã o e o juízo de Deus.
 
Hebreus 2.3
Adã o recebeu a ordem de obedecer a Deus, e pecou. Todos nó s pecamos. Assim, herdamos
a morte eterna em sentido espiritual e físico. Agora Deus, em seu amor, nos deu outra
oportunidade.
 
Ela nã o decorre das obras, mas da graça, da qual participaremos se aceitarmos sua dá diva.
Se recebermos Jesus como nosso Salvador e confiarmos nele para sermos salvos, se
crermos nele e aceitarmos sua morte por nó s, entã o teremos a vida eterna. Se nó s
recusarmos a graciosa provisã o divina, permaneceremos onde nos encontramos, sob a
condenaçã o e o juízo de Deus.

CAPÍTULO CINCO: A GRAÇA DE DEUS (B)


 

 
Gênesis 3.15, 21
Assim que o homem pecou, Deus prometeu a vinda do Salvador. Ele fez isso com as
palavras do versículo 15 e a ilustraçã o do versículo 21. Depois de o homem pecar, ele
tentou se cobrir com as obras das pró prias mã os (v. 7). Deus as retirou e providenciou
coberturas feitas com peles. Para tanto, um animal precisou ser morto. Essa foi uma figura
imediata da maneira pela qual o homem poderia se aproximar de Deus agora que havia
pecado, mas nã o por meio das obras humanas de sua pró pria justiça, e sim pela forma
provida por Deus com a morte do Messias vindouro.
 
Gênesis 4.3-5
Aparentemente, Deus disse a Adã o e Eva como ele desejava ser adorado no futuro — por
meio da apresentaçã o de um cordeiro como figura do Messias vindouro. Abel cumpriu a
vontade divina, mas Caim tentou se aproximar de acordo com suas obras. Hebreus 11.4 nos
diz que Abel creu em Deus; Caim, nã o.
 
Gênesis 12.1-3
A promessa feita a Abraã o, dois mil anos antes da vinda de Cristo, contava com
características duplas: nacionais e também pessoais. As nacionais diziam respeito aos
judeus, e ainda dizem. As espirituais eram dirigidas (e ainda se dirigem) a todos os que
cressem em Deus e, assim, estivessem em um relacionamento correto com o Messias
vindouro. O Messias seria um dos descendentes de Abraã o (humanamente falando).
 
Gênesis 22.1-18
Aqui temos uma imagem nítida, no espaço e no tempo, da histó ria sobre o Messias
vindouro e sua obra substitutiva. Os santos do Antigo Testamento contavam com um
conceito muito mais claro da obra de Cristo do que nó s lhes atribuímos normalmente. O
versículo 14 liga os eventos desse capítulo, de dois mil anos antes de Cristo, à morte de
Jesus, dois milênios mais tarde. Esse ponto geográ fico seria identificado mais tarde com
Jerusalém, o local em que Jesus morreu. Compare o versículo 14 com 2 Crô nicas 3.1.
 
Êxodo 20.24, 25
Logo apó s a outorga dos Dez Mandamentos, Deus, prevendo a inabilidade do homem para
guardá -los, providenciou uma forma para que o homem se aproximasse dele. A edificaçã o
de um altar sem o trabalho do homem nele representava a futura promessa do Messias,
cuja obra nã o sofreria nenhum acréscimo humano. Nunca um ser humano foi capaz de
guardar os Dez Mandamentos com perfeiçã o.
 
Isaías 53
Cerca de setecentos anos antes de Cristo, vemos os judeus sendo informados de forma
explícita, mais uma vez, a respeito da obra do Messias vindouro.
 
De modo incidental, todo o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento era uma antevisã o
da obra do Messias futuro. O Messias viria e morreria por nó s.
 
Lucas 2.25-32, 36-38
Quando o bebê Jesus foi levado ao templo, Simeã o o reconheceu por sua identidade: o
Messias profetizado no Antigo Testamento. Naquele dia havia um remanescente que
mantinha a fé fixa no Messias vindouro. Repare que Ana nã o só reconheceu Jesus como
Messias — a quem ela havia esperado a vida toda —, ela partiu de imediato e foi contar a
outros habitantes de Jerusalém que também mantinham a fé com firmeza no Messias.
 
Romanos 4.1-3
A passagem anuncia que Abraã o, dois mil anos antes de Cristo, foi salvo exatamente como
nó s somos salvos — por meio da fé, sem obras.
 
Romanos 4.6-8
Davi (mil anos antes de Cristo) foi salvo por meio da fé, da mesma forma que nó s somos
salvos. Os Dez Mandamentos haviam sido outorgados por intermédio de Moisés quinhentos
anos antes do tempo de Davi. Contudo, Davi afirmou de modo inequívoco nã o ter sido salvo
por meio das obras, mas pela fé. Jamais um ser humano foi salvo pelas pró prias obras.
 
Romanos 4.10, 11
Depois de Abraã o ter sido salvo pela fé, ele foi circuncidado. A circuncisã o nã o o salvou. Ela
era apenas um sinal exterior do fato de ele já ter sido aceito por Deus apenas pela fé.
Nenhum tipo de boa obra religiosa da nossa parte é capaz de nos ajudar diante do Deus
perfeito.
 
Romanos 4.20, 22-25
Abraã o foi aceito por Deus mediante a fé — a crença na promessa divina. O mesmo é
verdadeiro em relaçã o a nó s.
 
Gálatas 3.13, 14
Quando recebemos Cristo como nosso Salvador pela fé, recebemos a mesma bênçã o de
Deus que Abraã o recebeu pela fé.
 
Gálatas 3.24
Se tudo isso é verdade, que bem há na lei divina, os Dez Mandamentos, e nos outros
mandamentos eternos dados por Deus no Antigo e Novo Testamentos? Deus propô s a lei
para nos mostrar que somos pecadores, para percebermos a necessidade de aceitar Jesus
como nosso Salvador.
 
Hebreus 11.1-12.2
Apresenta-se aqui uma longa lista das pessoas que tinham fé em Deus no período do Antigo
Testamento. Nó s, que contamos com essas pessoas como exemplos, somos ordenados a ter
a mesma fé em Deus, por meio da aceitaçã o de Jesus como nosso Salvador.
 
Assim, ao longo de todas as eras, antes e depois de Cristo, existe uma forma de salvação.
Todos os homens pecaram. A salvação encontra-se disponível apenas por meio da fé na obra
do Messias consumada a nosso favor.

CAPÍTULO SEIS: PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A VINDA DO


MESSIAS
 
 
Depois da ressurreição de Cristo dentre os mortos, ele se encontrou com alguns discípulos no caminho de Emaús, mas eles
não o reconheceram. Somos informados de que antes de Jesus se revelar a eles, eles conversaram e isto é o que a Bíblia diz a
respeito:
 
E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras.
 
Lucas 24.27
Ou seja, a caminho de Emaús, ele voltou ao Antigo Testamento e lhes contou as muitas
informações lá encontradas a seu respeito, cumpridas por meio de sua vida, morte e
ressurreição. Seguem-se algumas passagens do Antigo Testamento que prediziam a vinda do
Messias. A palavra Messias em hebraico significa o mesmo que o vocábulo Cristo em grego, e
assim uma é utilizada no Antigo Testamento e a outra no Novo.
 
As referências abaixo não exaurem o ensino do Antigo Testamento. Elas são apenas
referências cruzadas.
 
Gênesis 3.15
O homem havia acabado de pecar. Deus fizera o homem perfeito e lhe dera a oportunidade
de obedecer ao Senhor e de demonstrar seu amor a ele. Em vez disso, o homem
desobedeceu. Entã o Deus fez uma promessa à humanidade sobre a vinda do Messias,
aquele que poderia alcançar a vitó ria. O Messias “nasceria de uma mulher” (v. Gl 4.4).
 
Gênesis 9.26
O tempo passou. Encontramo-nos agora nos dias de Noé. A promessa que em Gênesis 3.15
compreendia toda a raça humana é afunilada para alcançar uma parte dessa raça — os
povos semitas. Hoje os povos semitas incluem algumas raças: assírios, babilô nios, egípcios,
hebreus, á rabes (dentre vá rias outras).
 
Gênesis 12.3
Passou-se ainda mais tempo. Agora, dentre todos os povos semitas, a promessa do Messias
vindouro foi feita a um homem, Abraã o. O Salvador futuro nasceria de sua família — isto é,
dos judeus.
 
Gênesis 49.10
Depois de Abraã o vieram Isaque e Jacó , que teve doze filhos. Na passagem somos
informados de qual dessas doze famílias o Messias viria. Ele descenderia da tribo de Judá .
 
Êxodo 12.46
Entramos agora em outra fase da imagem que tem sido desenhada a respeito do Messias
vindouro. Isso foi escrito cerca de 1500 anos antes de Cristo. As passagens citadas acima
sã o anteriores até mesmo a esse tempo. Aqui Moisés fala a respeito do cordeiro pascal, que
prefigurava a vinda do Messias: nenhum dos seus ossos seria quebrado. Repare como
Joã o 19.36 destaca com cuidado que nenhum dos ossos de Cristo foi partido, ainda que ele
tenha sido crucificado e os dois ladrõ es que estavam com ele nã o tenham sido poupados.
 
Deuteronômio 18.15
Encontramo-nos cerca de 1500 anos antes de Cristo. Moisés apresenta aqui uma
informaçã o diferente a respeito daquele que viria. O texto nos diz algo a respeito de sua
obra. Quando ele vier, será um “profeta” incomum e ú nico. Como profeta, de acordo com a
Escritura, ele nã o anunciará apenas o futuro; em vez disso, falará aos homens no lugar de
Deus.
 
2 Samuel 7.16
A informaçã o se torna mais precisa. De toda a tribo de Judá , o Messias deve proceder de
determinada família. Essa família é a família real de Davi. Veja Mateus 1.1 e 22.42.
 
Salmo 2.2
A imagem do Cristo vindouro se tornou ainda mais clara — o que ele deve ser, como deve
agir, o que precisa fazer se for o Messias de verdade, o Salvador do mundo. No versículo 7
somos informados de que ele será mais que um homem; Deus o chama de Filho. Veja
Atos 13.33 e Hebreus 1.5. O versículo 12 incentiva todos os homens a se relacionarem
pessoalmente com esse Messias.
 
Salmo 16.8-11
Aqui somos informados de outra coisa a respeito do Messias. Ele morrerá , mas seu corpo
nã o permanecerá no tú mulo. Ele será ressuscitado dentre os mortos. Veja Atos 2.25-31.
 
Salmo 22.1-18
Essa é uma imagem tremenda da crucificaçã o de Cristo. Os judeus nã o crucificavam; eles
apedrejavam até a morte. Os romanos eram o ú nico povo que se valia da prá tica da
crucificaçã o. Essa passagem do livro de Salmos foi escrita cerca de mil anos antes de Jesus
viver e morrer, e muito antes de os romanos se tornarem proeminentes. Entretanto, a
imagem mostrada aqui a respeito da morte de Jesus representa a crucificaçã o de modo
perfeito. Repare também em vá rios outros detalhes cumpridos com a morte de Cristo.
 
Salmo 41.9
Quando o Messias viesse, ele seria traído por uma pessoa pró xima dele. Evidentemente,
Jesus foi traído por Judas. Veja Joã o 13.18 e Atos 1.16.
 
Salmo 69.9
Essa citaçã o foi mencionada quando Jesus expulsou do templo as pessoas que o haviam
transformado em um ponto de comércio. Veja Joã o 2.17.
 
Salmo 69.21
Quando Jesus estava morrendo, isso foi exatamente o que lhe aconteceu. Veja Mateus 27.34.
 
Salmo 110.1-4
Moisés, quinhentos anos antes da composiçã o desse salmo, afirmou que o Messias seria
profeta. Essa passagem também nos diz que ele seria sacerdote. O sacerdote é bem
diferente do profeta. O profeta fala aos homens em nome de Deus; o sacerdote representa
os homens diante de Deus. Veja Atos 2.32-35.
 
Isaías 7.14
Aqui temos um sinal estupendo. Quando o Messias vier, sua mã e será humana, mas ele nã o
terá pai humano. Veja Mateus 1.23.
 
Isaías 9.6, 7
Repare nos nomes dados ao Messias vindouro. Evidentemente ele será mais do que um
homem; também será Deus.
 
Isaías 42.1-3, 6, 7
Já vimos que o Messias nasceria de uma mulher, sem ter um pai humano, e que ele seria
Deus. Mas ele também seria servo, e esse servo inauguraria o caminho da bênçã o para
judeus e gentios. Veja Mateus 12.17-21 e Lucas 2.32.
 
Isaías 50.6
Aqui nos sã o contados alguns dos sofrimentos de Jesus. O Novo Testamento afirma que isso
é de forma exata o que aconteceu com ele. Eles o golpearam, espancaram e fizeram de tudo
nã o só para feri-lo, mas também para humilhá -lo. Veja Mateus 26.67 e 27.26.
 
Isaías 52.13 até o final do capítulo 53
Aquele que viria seria um sacerdote de forma muito especial. Ele seria sacerdote ao
carregar nossos pecados sobre si mesmo. Ele deveria ser o Messias sofredor e morrer por
nó s.
 
Jeremias 31.15
O Novo Testamento diz que isso se cumpriu de forma literal quando as criancinhas foram
assassinadas pelo rei Herodes ao nascer Jesus. Herodes tentou matar o Messias quando os
magos lhe informaram sobre o nascimento. Veja Mateus 2.17, 18.
 
Miqueias 5.2
Aqui nos é dito o local exato onde o Messias deveria nascer: na cidade de Belém. O versículo
também afirma que ele existe desde os dias da eternidade. Veja Mateus 2.6.
 
Zacarias 9.9
Agora chegamos à terceira parte da obra de Cristo. Moisés disse que ele seria profeta .
Salmos e Isaías afirmam que ele seria sacerdote . Zacarias declara de forma inequívoca que
ele será rei . Jesus cumpriu essa passagem em sentido literal quando entrou com triunfo em
Jerusalém antes da sua morte. Veja Mateus 21.5.
 
Zacarias 11.11-13
Somos informados aqui a respeito da quantia exata que Judas receberia pela traiçã o de
Cristo. Veja Mateus 26.15.
 
Jesus cumpriu de forma literal cada uma dessas passagens. A possibilidade de qualquer
homem cumprir todas essas coisas de forma coincidente é zero, ainda mais pelo fato de elas
terem sido assim designadas. Jesus cumpriu todas elas porque ele é quem a Bíblia afirma ser.
Ele é Deus e também homem nascido de uma virgem, o prometido durante milhares de anos.
Quando ele veio, todas essas predições se tornaram realidade. Elas, então, são algumas das
coisas sobre as quais Jesus deve ter conversado com os discípulos a caminho de Emaús.
CAPÍTULO SETE: CRISTO, O MEDIADOR (SUA PESSOA)
 
 
1 Timóteo 2.5
Repare que esse versículo diz existir um só mediador entre Deus e o homem. Esse
mediador é o homem Cristo Jesus. Nã o há vá rios mediadores possíveis; Jesus Cristo é o
ú nico. Ele é o ú nico intercessor possível entre Deus, o Pai, e o homem.
 
(1) Em primeiro lugar, vamos analisar algumas de nossas observações do estudo anterior, “O
Deus da Bíblia”. Você se lembra de termos visto a Bíblia ensinar que Jesus Cristo é Deus, tão
Deus quanto o é Deus, o Pai. Vimos que a segunda pessoa da Trindade era Deus antes de
nascer de Maria; era Deus enquanto se encontrava na terra; e é Deus agora. Também vimos
que a segunda pessoa da Trindade é distinta da primeira pessoa da Trindade, o Pai, e da
terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo.
 
(2) A Bíblia também ensina que Jesus Cristo é verdadeiramente homem. Em nossos dias, a
maior parte das heresias nega a verdadeira divindade de Cristo, mas na igreja primitiva a
heresia mais comum era a negação da verdadeira humanidade de Jesus. Devemos nos
lembrar de que do ponto de vista de Deus, é muito mais maravilhoso que a segunda pessoa da
Trindade se torne homem que o fato de ela ser Deus. Jesus é Deus desde a eternidade; ele se
tornou homem ao nascer.
 
Mateus 4.2
Cristo teve fome.
 
Mateus 8.24
Ele dormiu.
 
Mateus 26.38
Jesus Cristo tinha alma e corpo.
 
Lucas 1.32
De acordo com a natureza humana, Cristo descendia de uma família humana.
 
Lucas 2.40, 52
Ele cresceu em sentido físico e mental.
 
Lucas 22.44
Cristo sofreu angú stia.
 
Lucas 23.46
Ele morreu.
 
Lucas 24.39
Depois da ressurreiçã o, ele ainda tinha um corpo de verdade.
 
João 11.33, 35
Jesus chorou.
 
João 19.28
Cristo sofreu sede.
 
João 19.34
Havia sangue em suas veias.
 
Romanos 5.15
Adã o era um homem, e Cristo foi um homem.
 
Gálatas 4.4
Esse versículo nos diz que Deus, o Pai, enviou seu Filho, e que ele, o Filho, nasceu de uma
mulher — como todos nó s nascemos.
 
1 Timóteo 3.16
Esse versículo nos diz que Deus revelou a si mesmo em carne.
 
Quando os homens olhavam para Jesus Cristo, viam uma só pessoa, mas ele possuía duas
naturezas. Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
 
Hebreus 2.14, 18
Deus se tornou homem para se transformar em nosso mediador.
 
Hebreus 4.15
Nosso mediador sabe como nó s nos sentimos, até mesmo quando somos tentados.
 
1 João 4.1, 2
A Bíblia diz ser de extrema importâ ncia crer na pré-existência de Jesus e que ele, em um
ponto da histó ria, veio como homem. Nessa passagem, somos informados de que esse
ponto é o teste para professores de religiã o, espíritos e sistemas. Se eles nã o ensinarem a
pré-existência de Jesus, e que ele se tornou um homem de verdade, nã o sã o cristã os.
 
(3) Como o Filho único de Deus se tornou homem?
 
Isaías 7.14
Setecentos anos antes do nascimento de Jesus, foi profetizado que ele nasceria de uma
virgem. Veja Mateus 1.23. A palavra grega usada em Mateus significa apenas “virgem” no
sentido normal do vocá bulo.
 
Gálatas 4.4
Repare na afirmaçã o de Paulo: Cristo nasceu de uma mulher. Nesse importante versículo
que lida com a encarnaçã o, nã o se menciona nenhum pai, e esse nã o era costume judaico se
ele tivesse pai humano.
 
Gênesis 3.15
Na primeira promessa sobre o Salvador vindouro, menciona-se a semente da mulher. Mas
nã o há mençã o ao pai.
 
Lucas 1.27-38
É interessante o fato de Lucas ser médico, e de ele apresentar mais detalhes a respeito do
nascimento virginal de Cristo. Repare no versículo 34.
 
Mateus 1.18-25
José seria a pessoa que teria mais a perder se Jesus nã o tivesse nascido de uma virgem. No
entanto, ele estava convencido de que Maria nã o lhe fora infiel, de que a criança nã o tinha
pai humano, e de que apenas Deus era o pai da criança. O fato de José ter se convencido,
depois da suspeiçã o inicial em relaçã o a Maria, é um forte testemunho a favor do
nascimento virginal.
 
Assim, a respeito da pessoa de Cristo, o mediador: ele sempre foi Deus. Desde o momento em
que Maria o trouxe ao mundo no nascimento virginal, na encarnação, ele é uma pessoa com
duas naturezas: verdadeiramente Deus e homem para sempre.
 
Essa é a identidade do nosso mediador. Não existe outro.

CAPÍTULO OITO CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: PROFETA)


 
 
Quando pensamos na obra de Cristo como mediador, é comum nos recordarmos de sua morte. Isso é especialmente
verdadeiro em nossos dias pelo fato de várias pessoas que se afastaram do ensino da Bíblia darem ênfase especial aos
aspectos morais do cristianismo. Portanto, nossa reação deve ser falar de forma adequada a respeito da morte de Cristo. A
Bíblia nos ensina que a obra de Cristo consiste em três partes.
 
Primeira, Cristo é profeta. O profeta é quem revela as coisas de Deus aos homens. Trata-se da concessão de conhecimento
verdadeiro e propositivo.
 
Lucas 13.33
Cristo afirma aqui ser profeta.
 
Deuteronômio 18.15, 18
O Antigo Testamento disse que o Messias vindouro seria profeta.
Compare essa passagem com Atos 3.22, 23, que anuncia o cumprimento dessa profecia por
Cristo.
 
João 1.18
No entanto, Cristo nã o é apenas profeta. Ele é profeta de um tipo único , pois se trata da
pessoa da divindade que revela o Deus trino ao homem.
 
João 1.1, 2
Aqui Cristo é chamado “o Verbo” (cf. v. 14,15). Isso significa ser ele quem revela a verdade
aos homens. Os versículos 14 e 15 tornam claro que “o Verbo” é Jesus Cristo.
 
Colossenses 2.9
Quando ainda estava na terra, Cristo revelou o Deus trino aos homens. Quando pensamos
em Cristo, somos capazes de aprender a respeito do cará ter de Deus; e Cristo ensinou aos
homens fatos a respeito do passado, presente e futuro por meio de suas palavras.
 
1 João 5.20
Cristo se encarnou para nos conceder verdadeiro conhecimento.
 
João 14.26; 16.12-14
Aqui Cristo promete continuar concedendo conhecimento aos homens por meio do Espírito
Santo vindouro — depois de sua morte, ressurreiçã o e ascensã o.

CAPÍTULO NOVE: CRISTO O MEDIADOR (SUA OBRA: SACERDOTE)


 
 
Desde a queda do homem no pecado, ele precisa de algo mais que conhecimento.
Ele também carece de santidade e justiça. Portanto, Cristo não só age como profeta, ao nos conceder conhecimento, mas
também age como sacerdote. Sendo sacerdote, ele remove de nós a culpa do pecado e obtém para nós santidade e justiça
verdadeiras.
 
Salmos 110.4
Essa profecia do Antigo Testamento prediz que na vinda do Messias, ele realizaria a funçã o
sacerdotal.
 
Marcos 10.45
Cristo veio para morrer. Essa era sua grande obra sacerdotal.
 
João 1.29
Joã o chamou Cristo de “o Cordeiro de Deus”; isso significa que Cristo morreria para
eliminar a culpa que nos pertence pelos nossos pecados. Com a expressã o “Cordeiro de
Deus”, Joã o também nos mostrou que o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento era um
tipo ou uma ilustraçã o da obra que Cristo realizaria a nosso favor de forma completa e final
mediante sua morte. Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para o ato de sua
morte.
 
1 Coríntios 5.7
Cristo é chamado aqui de nosso “Cordeiro pascal”, e ele morreu por nó s. O cordeiro pascal
de Ê xodo 12 era um tipo ou uma ilustraçã o da obra que Cristo faria a favor dos que creem
nele.
 
Efésios 5.2
Esse versículo diz de modo específico que Cristo entregaria a si mesmo, por meio de sua
morte, como oferta e sacrifício.
 
Hebreus 3.1
O livro de Hebreus   apresenta mais detalhes a respeito da obra sacerdotal de Cristo que
qualquer outro escrito bíblico. O versículo afirma que Cristo é nosso sumo sacerdote.
 
Hebreus 4.14; 6.20
Cristo nã o foi nosso sumo sacerdote apenas quando esteve na terra; ele o é agora e para
sempre.
 
Hebreus 5.5, 6
Sendo sacerdote, Cristo cumpriu a profecia de Salmos 110.4.
 
Hebreus 7.26, 27
A obra de Cristo como sumo sacerdote é diferente da atuaçã o dos sacerdotes do Antigo
Testamento em três aspectos:
1) Ele é perfeito e sem pecado.
2) Ele realizou um sacrifício que jamais precisará ser repetido.
3) O sacrifício oferecido por ele foi sua pró pria pessoa.
 
Hebreus 8.1
Desde a ascensã o de Cristo, nosso sumo sacerdote, ele se encontra à destra de Deus, o Pai.
 
Hebreus 9.11-15
Mais uma vez as Escrituras enfatizam que o sacrifício consistia no pró prio Cristo, e que
assim que esse sacrifício foi realizado, nã o há necessidade de repetiçã o. Sendo Deus, o
sacrifício de Cristo (sua morte) possui valor infinito.
 
Hebreus 9.25-28
De novo se destaca que o sacrifício de Cristo é ú nico e exclusivo. Da mesma forma que os
homens morrem apenas uma vez, nã o pode haver repetiçã o do sacrifício de Cristo (e nã o há
a necessidade disso).
 
Hebreus 10.11-14
O sacrifício foi oferecido de uma vez por todas. Por causa da identidade de Cristo, o sumo
sacerdote, sua oferta simples e ú nica (sua morte) é suficiente.
 
Hebreus 10.19-22
Uma vez que tenhamos recebido Jesus como nosso Salvador, podemos ter confiança na
presença do Deus santo.
 
1 Pedro 3.18
Em grego a palavra usada significa de forma inequívoca “uma vez por todas”. Assim Pedro
está dizendo que o sacrifício de Cristo nã o pode, e nã o precisa, ser repetido.
A partir da consideraçã o desse versículo e dos precedentes, é evidente que Cristo como
nosso sacerdote entregou a si mesmo como sacrifício na cruz do Calvá rio em certo ponto da
histó ria no espaço e no tempo, de modo que ele pudesse carregar de uma vez por todas a
puniçã o merecida por nó s devido à culpa do nosso pecado.
 
1 João 4.10
A obra de Cristo é substitutiva, a expiaçã o de nossos pecados — trata-se de um sacrifício
expiató rio. Em outras palavras, assumiu a puniçã o exatamente por causa do nosso pecado.
 
1 João 2.1
Depois da aceitaçã o de Cristo como nosso Salvador, devemos nos esforçar para nã o
pecarmos.
Mas se pecarmos, Cristo se encontra à destra de Deus, o Pai, como nosso advogado. O
sacrifício de Cristo na cruz foi completo; ele agora dá continuidade à sua atuaçã o como
sumo sacerdote ao interceder por nó s no céu. Lembre-se de Hebreus   4.14 e 6.20.
 
Hebreus 9.24
Cristo está no céu, na presença do Pai, por nó s.
 
Hebreus 7.25
Dada a perfeiçã o do sacrifício de Cristo, ele continua sua obra como sumo sacerdote e é
capaz de nos salvar de forma plena e para sempre.
 
João 17.9
Esta é a oraçã o que Jesus fez como sumo sacerdote um pouco antes de morrer. Nesse
versículo vemos que Cristo nã o intercede por todas as pessoas. Ele ora apenas por quem,
pela graça de Deus, o aceitou como seu Salvador.
 
João 17.20
Cristo intercedia nesse momento, e o faz agora no céu. Ele intercede por todos os que nele
creram com base no relato de suas primeiras testemunhas. Esse relato é apresentado no
Novo Testamento em conexã o com o Antigo.
 
Romanos 8.34
Uma vez que tenhamos recebido Cristo como nosso Salvador, nem Sataná s nem o homem
pode nos condenar de forma absoluta, porque Cristo morreu por nó s e agora intercede a
nosso favor.
 
A intercessão de Cristo no céu se baseia na expiação substitutiva por ele provida ao morrer na
cruz em nosso lugar. Sua intercessão por nós jamais falha, porque mediante sua morte ele
merece receber tudo o que pede por nós. Jesus é o nosso sacerdote; não precisamos de outro.

CAPÍTULO DEZ: CRISTO, O MEDIADOR (SUA OBRA: REI)


 
 
Gênesis 49.10
Temos aqui a primeira promessa de que o Messias vindouro seria um rei.
 
2 Samuel 7.16 (com Mateus 1.1; 22.42 )
Aqui o Senhor diz a Davi que o Messias vindouro provirá de um de seus descendentes.
Portanto, o Messias procederá da linhagem real.
 
Salmo 2.6
Mais uma vez se vê o Messias como rei.
 
Isaías 9.6, 7
É comum usarmos esse versículo como um dos versículos natalinos. Mas repare que ele diz
de maneira específica que o Messias procederá da linhagem de Davi; ele será rei.
 
Miqueias 5.2
Esse versículo confirma o mesmo ponto: o Messias será o governante.
 
Lucas 1.31-33
O anjo promete a Maria que o menino que nascerá dela será o Salvador (seu nome será
“Jesus”). Ele será o Filho do Altíssimo, e sua ascendência humana pertencerá à família de
Davi. Ele será rei.
 
Mateus 2.2
Quando os magos vieram, eles procuravam pelo rei dos judeus. O versículo 6 tem ligaçã o
com Miqueias 5.2.
 
João 1.49
Natanael percebeu que Jesus era o Messias, o rei dos judeus.
 
Lucas 19.37, 38
No Domingo de Ramos, o domingo anterior à crucificaçã o de Cristo, Jesus foi aclamado rei
por um breve período. O versículo 40 demonstra que Jesus aceitou a aclamaçã o.
 
João 18.37
Jesus reconhece aqui, diante de Pilatos, ser o rei.
 
João 19.2, 3, 12, 14, 15, 19, 21, 22
Quando as pessoas zombavam de Jesus, desprezavam seu cará ter régio. O versículo 12
parece indicar que se ele tivesse rejeitado essa afirmaçã o, o caso contra ele teria
sucumbido.
 
Atos 17.7
Depois de sua morte e ressurreiçã o, os seguidores de Jesus continuavam ensinando que ele
era rei.
 
Cristo é rei de três maneiras:
1) Agora Cristo é o cabeça de todas as coisas
 
Mateus 28.18
Cristo detém nesse momento todo o poder no céu e na terra.
 
Efésios 1.20-22
Cristo hoje, à destra de Deus, o Pai, é o cabeça de todas as coisas na igreja.
 
2) A segunda vinda de Cristo
 
Hebreus 2.8
Virá o tempo em que Cristo regerá de uma forma diferente de como ele governa agora. Veja
também 1 Coríntios 15.24, 25.
 
Atos 1.6, 7
Um pouco antes da ascensã o de Cristo, pediram-lhe o estabelecimento de seu reino sobre a
terra. Sua resposta nã o foi negativa; ele disse que o tempo ainda nã o havia chegado.
 
1 Timóteo 6.14, 15
Quando Cristo voltar, entã o ele será o Rei dos reis e Senhor dos senhores de uma nova
maneira.
 
Mateus 25.31-34
Quando Cristo voltar, ele julgará como rei.
 
Apocalipse 17.14; 19.16
Mais uma vez se vê Cristo em sua volta como Rei dos reis e Senhor dos senhores. A Bíblia
nos diz que dessa vez todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10,11). Isso nã o significa que
todo joelho desejará se dobrar diante dele, mas que todo joelho necessariamente será
dobrado, ainda que o coraçã o pecaminoso do indivíduo se mantenha rebelado contra ele.
 
3) Cristo, o rei da vida de todos nós
 
Colossenses 1.13
Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, afastamo-nos do poder das trevas e
ingressamos no reino de Cristo. Assim, nó s que recebemos Cristo nos encontramos agora
em seu reino.
 
Efésios 5.23, 24
Cristo é agora o cabeça da igreja, composta por todos os que o aceitaram como Salvador.
Uma vez que o tenhamos feito, devemos ser obedientes a ele.
 
Lucas 19.11-27
Nessa passagem, Cristo nos ensina que depois de o termos aceitado como nosso Salvador,
somos agora seus servos e temos a responsabilidade de lhe servir e prestaremos contas da
forma como o servimos. Se formos bons servos, ele nos dirá : “Bem está , servo bom!”. Os
versículos 14 e 27 contrastam os servos com os cidadã os, “os sú ditos”. Pelo fato de Deus ser
o Criador, todos sã o sem dú vida seus sú ditos, mas existem os que se mantêm em rebeliã o
contra ele.
 
Quando recebemos Jesus como nosso Salvador, ele deve ser tonar o rei e o Senhor da nossa
vida.
Conta-se a história de que durante a infância da rainha Vitória, ela estava presente em um
concerto em que foi tocado o Messias de Händel. Todos se puderam em pé quando ressoou a
parte: “Rei dos reis, Senhor dos senhores”. Quando Vitória também se levantou, os que
estavam com ela tentavam dissuade-la dizendo que ela era a rainha. Vitória respondeu: “Sou
a rainha da Inglaterra, mas Cristo é meu Rei dos reis e Senhor dos senhores”.
Depois de termos recebido Cristo como nosso Salvador, ele deve se tornar nosso rei de
verdade, como ele é nosso profeta e sacerdote.

CAPÍTULO ONZE: A HUMILHAÇÃO E EXALTAÇÃO DE CRISTO


 
Quando consideramos a totalidade da obra de Cristo, descobrimos que ela apresenta dois aspectos: sua humilhação e sua
exaltação.
 
1) A humilhação de Cristo.
 
João 17.5
Aqui Cristo fala da gló ria que ele possuía junto a Deus desde antes da criaçã o do mundo.
 
Filipenses 2.6, 7
Quando Cristo veio ao mundo, ele se humilhou, para que o Criador de todo o universo se
tornasse o servo.
 
João 1.14
O Criador (v. 3) assumiu a forma de um homem. Ele “se tornou carne”.
 
Lucas 2.7
Jesus nã o nasceu em uma família rica, mas sim em uma família bem pobre. Ao vir ao
mundo, nã o havia nem mesmo um lar para abrigá -lo ou um quarto em um alojamento
pú blico; ele nasceu em um está bulo.
 
João 7.52
Jesus nem mesmo procedia de uma parte afamada do país, e sim da Galileia, desprezada
pelos judeus.
 
Marcos 6.3
Sua família nã o era uma das mais importantes da comunidade.
José, o marido de Maria, era carpinteiro, e Jesus também tinha essa profissã o.
 
Gálatas 4.4
O maior dos legisladores se colocou sob a lei.
 
Filipenses 2.8
O que merecia obediência de toda a criaçã o se tornou obediente.
 
Gálatas 3.13
O justo Juiz de todo o universo se colocou sob a maldiçã o da lei. Ele se identificou com a
humanidade pecaminosa.
 
Mateus 4.1-11; Hebreus 4.15
O Santo permitiu a si mesmo sofrer todo tipo de tentaçã o conhecida pela humanidade.
Considere quã o dolorosos devem ter sido para ele os golpes diá rios do pecado que permeia
o mundo em que vivemos.
 
João 1.11
Os judeus, seu antigo povo, o rejeitaram.
 
João 7.3-5
Até seus meios-irmã os — ou seja, os filhos naturais de Maria e José nascidos depois de
Jesus — o rejeitaram até sua morte e ressurreiçã o.
 
Mateus 27.46
Enquanto ele pendia da cruz, tendo tomado sobre si mesmo o pecado de quem creria nele
como Salvador, Deus, o Pai, se afastou dele. Os sofrimentos físicos de Cristo eram muito
grandes, mas nã o constituíam a causa principal do seu sofrimento.
 
Lucas 22.47, 48
Judas, um de seus amigos, o traiu com um beijo.
 
Mateus 26.56
Todos os seus discípulos o abandonaram no momento em que precisou deles.
 
Mateus 27.11-50
Considere as vá rias formas de humilhaçã o e agonia suportadas por Jesus nessas horas.
Lembre-se de que foi Deus quem lhe permitiu ser tratado assim.
 
2 Coríntios 5.21
O eternamente Santo morreu por nó s como pecado.
 
1 Pedro 3.18, 19
À semelhança do homem natural, seu espírito e corpo foram separados quando ele morreu.
Seu corpo jazia no tú mulo. Sua alma desceu ao Hades.
 
2) A exaltação de Cristo.
 
Atos 2.25-31
Nesse ponto ocorre a grande mudança. Como parte da humilhaçã o de Cristo, todos os seus
passos seguiam pelo caminho da morte. Agora tem início a gló ria crescente. Em primeiro
lugar, enquanto seu corpo jazia no tú mulo, ele nã o viu corrupçã o.
 
Lucas 24.36-43
O corpo humano e a alma humana de Cristo foram reunidos. Nã o foi apenas o espírito de
Cristo que ressurgiu dentre os mortos. Foi o homem completo, com o corpo e o espírito
reunidos.
 
João 20.25-28
O corpo ressurreto de Cristo era o mesmo corpo que os discípulos haviam conhecido antes
de sua morte. O ceticismo sobrepujado de Tomé é uma prova da ressurreiçã o física de
Cristo — o fato de que o corpo que saiu do tú mulo no jardim era o mesmo colocado nele.
 
Atos 1.3
Jesus, com o corpo ressurreto, foi visto algumas vezes no período de quarenta dias. Essa é
uma das provas convincentes relatadas no texto.
 
Atos 1.9-11
Depois de Jesus ter se apresentado na terra durante vá rios dias apó s sua ressurreiçã o, ele
foi levado ao céu. Ele saiu de um lugar, a terra, para outro, o céu. Seu batismo deu início ao
ministério pú blico (Mt 3.13-17), e a ascensã o é a prova de que ele o concluiu.
 
João 14.2, 3
No lugar chamado céu, Cristo está agora preparando-nos a morada.
 
Atos 2.32, 33
A exaltaçã o do Senhor Jesus Cristo continua.
 
Efésios 1.20-22
Aquele que antes foi cuspido e humilhado perante os olhos de homens pecadores é agora o
cabeça de todas as coisas.
 
Apocalipse 19.9-16
Quando Cristo vier novamente à terra, tanto gentios quanto judeus saberã o que aquele a
quem humilharam e crucificaram é de fato quem afirmava ser: o Messias profetizado no
Antigo Testamento, o ú nico Salvador dos homens, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores e,
de fato, o verdadeiro Deus.

SEÇÃO TRÊS: SALVAÇÃO

CAPÍTULO DOZE: SALVAÇÃO (COMO?)


 
Com esse estudo começamos um tópico completamente novo. Já olhamos para “Deus” e “Como Deus lida com o
homem”. Nosso terceiro tópico é “Salvação” — sua recepção e o que ela inclui.
 
Como se obtém a salvação? A resposta da Bíblia, como já vimos parcialmente no estudo da graça de Deus, é que a
salvação se obtém pela fé em Cristo e mais nada.
 
 
 
João 3.15, 16, 18
Usamos esses versículos vá rias vezes, mas eles merecem ser analisados de novo para
vermos quã o claramente Cristo diz que a salvaçã o é recebida pela fé nele e mais nada.
 
João 3.36
Joã o Batista enfatiza que a salvaçã o é por meio da fé e mais nada.
 
Romanos 3.9-20
Pelas obras da lei — ou seja, por boas obras — nenhum homem é justificado aos olhos de
Deus ou pode sê-lo.
 
Isaías 64.6
Mesmo as nossas melhores obras nã o sã o boas o suficiente aos olhos do Deus santo. Ainda
que os atos exteriores sejam bons, quem pode se desvencilhar por completo dos motivos
complexos que nos movem?
 
Gálatas 3.24
Deus jamais concedeu a lei (os Dez Mandamentos, o Sermã o do Monte, ou qualquer outro
mandamento) como se a salvaçã o pudesse decorrer da guarda dessa lei. No que concerne à
salvaçã o, cada uma das leis de Deus nos mostra que precisamos de Cristo.
 
Romanos 2.1-3
Os homens nã o cumprem nem as normas que eles criam, pelas quais julgam as outras
pessoas.
 
Atos 16.30-33
Da mesma forma que as boas obras morais nã o podem nos salvar, também as obras
religiosas sã o incapazes de nos salvar. O batismo é um sinal da salvaçã o, nã o sua causa.
 
Romanos 4.9-11
O mesmo ocorria no período do Antigo Testamento. Abraã o colocou sua fé em Deus, a
circuncisã o veio depois. As boas obras religiosas nã o podem salvar.
 
Romanos 9.6
Nem todos os judeus do Antigo Testamento integravam o Israel espiritual verdadeiro. Nem
hoje o ser membro de uma igreja salvará alguém. De fato, a salvaçã o é nossa com base
exclusiva na fé em Cristo e mais nada.
 
Romanos 9.30-33
Os judeus que nã o integravam o verdadeiro Israel espiritual eram os que tentavam se
aproximar de Deus baseados em suas “boas obras” religiosas e morais, em vez da fé.
 
Gálatas 2.16
A salvaçã o jamais se baseia em qualquer tipo de boa obra.
 
Romanos 3.21-26
As boas obras nã o podem nos salvar, apenas a fé em Cristo. A palavra “livremente” do
versículo 24 significa “ de graça ”. Nã o há nenhum custo para nó s.
 
João 8.24
Há apenas um caminho de salvaçã o. Se nã o aceitarmos Jesus como Salvador,
permaneceremos sob o juízo de Deus.
 
João 14.6
Nã o há muitos caminhos para a salvaçã o. Há só um caminho para Deus, o Pai. Nã o existe
caminho para ele além de Jesus.
 
Atos 4.12
É a fé em Cristo ou nada.
 
 
Ao terminar de verificar esses versículos, eu o incentivo a considerar o convite de Cristo: “o
que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.2). A base é a morte consumada e
substitutiva de Cristo. O instrumento pelo qual aceitamos o dom gratuito é a fé. A fé tem
significado duplo: crer nas promessas de Deus, e aceitar o dom sem adicionar a religiosidade
humanista ou as boas obras morais.

CAPÍTULO TREZE: JUSTIFICAÇÃO


 
Romanos 1.16
A palavra “salvaçã o” usada aqui e em todo o Novo Testamento conta com um significado
muito mais amplo que o comumente aplicado a ela nos nossos dias. Hoje, nã o raro, ela se
limita ao ato de se tornar cristã o. O uso bíblico do termo inclui todas as coisas no passado,
presente e futuro que ocorrerã o à s pessoas que aceitaram Cristo como seu Salvador. Nesta
liçã o, consideraremos a primeira delas — isto é, a justificaçã o.
 
Romanos 3.20
Nã o podemos ser j ustificados por nossas boas obras.
 
Tiago 2.10
Para sermos justificados diante de Deus por nossas boas obras, deveríamos ser perfeitos,
sem nenhum ato ou pensamento pecaminoso — desde o nascimento até a morte. A palavra
“evangelho” significa “boas-novas”. Dizer a alguém que seja uma boa pessoa nã o é uma boa
notícia. Por exemplo, se alguém estivesse na cadeia por algum crime e uma pessoa chegasse
e gritasse “Boas novas!”, quem se encontra por trá s das grades esperaria uma palavra de
possível libertaçã o. Se a mensagem do amigo, em vez disso, fosse “Seja bom”, isso seria
tolice e crueldade. Assim acontece se disséssemos “Seja bom” ao homem que já está preso
ao pecado e marcado com sua culpa.
 
Romanos 4.1-9, 22-25
A justificaçã o é a declaraçã o da parte de Deus de que somos justos a seus olhos porque ele
nos imputou a obediência de Cristo. Isso significa que Deus coloca nossos pecados na conta
de Cristo. Nã o se trata de um tipo de justiça infundida dentro de nó s. Ele nos atribui a
obediência de Cristo. A obediência de Jesus tem dois aspectos: sua morte para tirar nossa
verdadeira culpa moral, e sua guarda perfeita da lei de Deus a nosso favor. É como se uma
pequena criança entrasse em uma loja e comprasse mais do que pudesse pagar. Entã o o pai
chega e diz: “Coloque tudo na minha conta”. O débito da criança é apagado. O pai paga.
Quando somos justificamos, Deus coloca a puniçã o da culpa do nosso pecado na conta de
Cristo.
 
Romanos 5.1
Uma vez declarados justos por Deus, há paz entre Deus e nó s.
 
 
Colossenses 2.13, 14
Deus nã o ignora os nossos pecados. Ele nã o pode fazê-lo, pois é santo. Acontece que nossos
pecados foram de fato punidos nos sofrimentos de Cristo sobre a cruz.
 
 
Isaías 38.17; 43.25; Miqueias 7.19
Quando somos declarados justos por Deus, é como se Deus lançasse a culpa dos nossos
pecados no mais profundo mar. A justificaçã o nã o é apenas perdã o. Uma vez justificados, é
“como se nunca tivéssemos pecado”.
 
 
Isaías 53.4,5
O fundamento da nossa justificaçã o é a obra perfeita de Cristo no Calvá rio.
 
Romanos 5.8, 9
Essa é a maravilha do amor de Deus: enquanto éramos pecadores, Jesus morreu por nó s.
Pelo fato de Cristo ter morrido por nó s, Deus pode ser justo e ainda declarar nossos
pecados perdoados (Rm 3.26).
 
 
Atos 13.38, 39
O instrumento pelo qual recebemos a grande dá diva de Deus é a fé em Jesus Cristo.
 
Romanos 3.28
A justificaçã o é pela fé e mais nada.
 
Gálatas 2.16
Há só uma forma de ser justificado pelo Deus santo, e ela decorre da fé em Cristo.
 
O que é fé em Cristo? Um missionário procurava uma palavra nativa para descrever a fé sem
a encontrar. Por fim ele se sentou em uma cadeira e levantou os pés do chão, colocando todo
o peso na cadeira. Ele então perguntou que palavra descrevia seu ato e usou essa palavra
para designar fé. Essa é uma descrição correta.
 
Ter fé em Cristo significa descansar totalmente nele e em sua obra consumada.

CAPÍTULO CATORZE: O NOVO RELACIONAMENTO (ADOÇÃO)


 
Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, somos justificados de imediato.
Outro aspecto da salvação que se torna imediatamente nosso é o novo relacionamento — a adoção por Deus, o Pai.
 
João 1.12
Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, nó s nos tornamos filhos de Deus. Isso indica
que nã o somos filhos de Deus até a aceitaçã o de Cristo. Antes de aceitarmos Jesus como
nosso Salvador, encontramo-nos separados de Deus por nossa culpa moral. Deus criou a
todos nó s, mas nos tornamos filhos de Deus apenas se nos aproximarmos dele por meio de
Jesus Cristo.
 
2 Coríntios 6.18
Na maior parte dos versículos da Bíblia, homens e mulheres sã o designados em conjunto
“filhos de Deus”. Mas aqui temos uma passagem muito significativa em que Deus fala a
respeito de mulheres que se aproximam dele por meio de Cristo como suas “filhas”.
 
João 20.17
Jesus é muito cuidadoso ao estabelecer a distinçã o entre sua Filiaçã o ú nica e eterna e o fato
de nos tornarmos filhos de Deus.
 
Gálatas 4.4, 5
Jesus é o Filho eterno de Deus. Ele é ú nico, o Filho unigênito. Mas quando aceitamos Jesus
como nosso Salvador, recebemos a adoçã o de filhos. Esses versículos afirmam que por
causa da obra consumada de Cristo, recebemos os direitos plenos de filhos.
 
Efésios 1.3-5
Uma vez que tenhamos recebido Jesus como nosso Salvador e assim nos tornamos filhos de
Deus, o Pai, podemos nos aproximar de sua presença com toda a ousadia.
Da mesma forma que o filho do rei pode se aproximar da presença do rei na condiçã o de
filho, também nó s podemos nos aproximar da presença do Deus todo-poderoso, o Criador.
Podemos lhe dizer com certeza: “Pai nosso que está s no céu”, e ele nos diz: “Vó s sois meus
filhos”.
 
1 João 3.1
Esse é o á pice do amor divino: quando aceitamos Jesus como nosso Salvador nó s nos
tornamos filhos de Deus.
 
Mateus 6.32
Por eu ser filho de Deus, ele se preocupa com minhas necessidades materiais.
 
Romanos 8.15
Sendo Deus nosso Pai, podemos chamá -lo “Aba” — ou seja, “papai” ou “paizinho”.
 
Romanos 8.17
Deus é nosso Pai, e somos coerdeiros com Cristo. Pense no que isso significa. As riquezas do
céu sã o nossas nã o só depois da morte, mas também em vida.
 
Gálatas 4.6, 7
Assim que Deus se torna nosso Pai, essas bênçã os sã o nossas, incluindo-se a presença do
Espírito Santo. Como filhos de Deus, essas bênçã os sã o nossas na vida presente.
 
Hebreus 12.5-11
Assim que Deus se torna nosso Pai, muitas bênçã os sã o nossas, e entre elas se encontra
esta: da mesma forma que um pai humano que ama profundamente seu filho o castiga
quando ele merece, também Deus, nosso Pai, traz o castigo sobre nó s a fim de nos manter
perto dele. Depois de termos recebido Jesus como nosso Salvador, e de Deus ter se tornado
nosso Pai, todos os nossos pecados foram punidos no Calvá rio. No entanto, o Pai permite à s
vezes que dificuldades ocorram em nossa vida quando nos afastamos dele, para que
possamos experimentar “o fruto pacífico da justiça” — que nã o é apenas justiça, mas paz.

CAPÍTULO QUINZE: O NOVO RELACIONAMENTO (IDENTIFICADO E UNIDO


COM DEUS, O FILHO)
 
 
Depois de termos depositado fé em Cristo, entramos no segundo relacionamento novo: somos identificados com Cristo e
unidos a ele.
 
Romanos 8.1
Depois de aceitarmos Jesus como Salvador, nó s estamos em Cristo.
 
1 Coríntios 6.17
Fomos ligados a Cristo, estamos unidos com ele.
 
Gálatas 2.20
Cristo vive em mim.
 
Efésios 1.3
Nó s estamos em Cristo.
 
Efésios 1.6, 7; 2.1-6, 13
Todos esses versículos declaram a mesma verdade gloriosa: estamos em Cristo. Veja
também Colossenses 2.10.
Cristo é o noivo ; nós somos a noiva.
 
Mateus 22.2-14; 25.10
Nossa uniã o com Cristo é como um casamento. Jesus é o noivo.
 
Romanos 7.4
Quando aceitamos Jesus como Salvador, estamos casados com ele. Da mesma forma que o
casamento normal gera filhos, também nossa uniã o com Cristo deve produzir fruto para
Deus.
 
2 Coríntios 11.2
A noiva que ama seu marido pensa apenas nele e lhe é fiel. Assim devemos nó s ter a mente
fixa em Cristo e sermos fiéis a ele.
 
Efésios 5.31, 32
O casamento é uma figura da uniã o do crente com Cristo.
 
Apocalipse 19.7-9
Na segunda vinda de Cristo, ocorrerá um grande evento conhecido como “as bodas do
Cordeiro [Cristo]”.
 
Apocalipse 22.17
A noiva, ou seja, os que receberam Cristo como Salvador, deve se ocupar com o convite de
outras pessoas para a participaçã o nesse grande privilégio e honra. Como a noiva fala com
muita naturalidade sobre seu amado, também nossas palavras devem se referir bastante a
Jesus.
Cristo é a vinha ; nós somos os ramos .
 
João 15.1-5
A vida da vinha flui para os ramos a fim de que eles deem fruto.
Da mesma forma, quem aceitou Jesus como Salvador mantém a uniã o vital com ele. Se nó s
“permanecermos” nele momento apó s momento, sua vida fluirá em nó s a fim de produzir
frutos espirituais.
 
Cristo é o Cabeça ; a igreja (os que aceitaram Jesus como Salvador) é o corpo.
 
Romanos 12.5
Como o corpo possui muitas partes, e permanece um só corpo, também nó s que aceitamos
Jesus como Salvador somos muitos; contudo, somos um só corpo, a igreja — o corpo de
Cristo.
 
1 Coríntios 12.11-27
Da mesma forma que a saú de do corpo depende da condiçã o de todas as suas partes,
também é importante que todos os cristã os se encontrem em boa condiçã o espiritual.
Como o corpo está sujeito ao direcionamento da cabeça, nó s também devemos permanecer
sempre em Cristo.
 
Efésios 1.22, 23; 4.15, 16; 5.30; Colossenses 1.18
A igreja (todos os que aceitaram Jesus como Salvador) é o corpo de Cristo.
 
Cristo é o fundamento ; nós somos a casa espiritual construída sobre ele.
 
1 Pedro 2.2-6
Nó s somos pedras vivas.
 
O Filho unigênito de Deus é chamado nosso irmão quando nós nos tornamos filhos adotivos de
Deus .
 
Hebreus 2.16-18
Da mesma forma que o filho natural da casa é irmã o do filho adotado, assim Cristo é nosso
maravilhoso irmã o mais velho quando nó s o aceitamos como nosso Salvador. Sendo o
irmã o mais velho, ele nos entende em todas as situaçõ es da vida.
 
Em nossos estudos sobre Cristo como mediador vimos que quando o recebemos como nosso
Salvador, Deus, o Filho, é nosso profeta, sacerdote e rei. Jesus é nosso profeta, e em comunhão
com ele o crente é um profeta.
 
João 16.13; 1 João 2.27
Por meio de Cristo temos o verdadeiro conhecimento — conhecimento que devemos
passar ao mundo à beira da morte e confuso, intelectualmente perdido na alienaçã o. Deus
nos outorgou a Bíblia para nos conceder o conhecimento verdadeiro, e faz parte do nosso
chamado transmitir esse conhecimento verdadeiro a outras pessoas.
 
Cristo é nosso sacerdote, e em comunhão com ele todo crente é um sacerdote.
 
1 Pedro 2.5, 9; Apocalipse 1.6; 5.10; 20.6
Todo crente desfruta do privilégio da entrada imediata à presença de Deus por meio da
oraçã o. Nó s devemos nos valer desse privilégio com diligência, e orarmos também pelos
nã o cristã os à nossa volta.
Devemos procurar conduzir a Jesus quem nã o o conhece como Salvador, o grande Sumo
Sacerdote.
 
Romanos 12.1, 2
Todo crente desfruta do privilégio de oferecer a si mesmo a Deus como sacrifício vivo.
 
Cristo é nosso rei, e com ele o crente é um rei.
 
1 Pedro 2.9; Apocalipse 1.6; 3.21; 5.10; 20.6
Somos o sacerdó cio real . Devemos louvar a Deus agora, e reinaremos com Cristo na terra
quando ele voltar.
 
Por meio da união com Cristo nós frutificamos em todas as fases da vida.
 
João 15.5
Permanecer em Cristo é o segredo da frutificaçã o.
 
2 Coríntios 12.9
Nã o se trata da nossa força, mas do poder de Cristo em meio à nossa fraqueza.
 
Efésios 2.10
Depois de nos unirmos a Cristo, somos capazes de realizar boas obras.
 
Filipenses 1.11
O fruto que devemos apresentar depois de nos tornarmos cristã os deve decorrer do fato de
Cristo agir em nó s e por nosso intermédio.
 
Colossenses 2.10
Todos nó s carecemos de Cristo para esta vida e também por toda a eternidade.

CAPÍTULO DEZESSEIS: O NOVO RELACIONAMENTO (DEUS, O ESPÍRITO


SANTO, HABITA NO CRISTÃO)
 
Quando aceitamos Jesus como Salvador, temos um terceiro novo relacionamento: Deus, o Espírito Santo, habita em nós.
 
Joel 2.28, 29
O Antigo Testamento profetizou assim.
 
João 14.16, 17; 7.38, 39; 16.7; Atos 1.5
Cristo nos prometeu isso.
 
Mateus 3.11
Joã o Batista falou assim a respeito de Cristo.
 
Atos 2.1-18
A promessa e a profecia foram cumpridas depois de Jesus ter morrido, ressuscitado e
subido ao céu.
 
Romanos 8.9
Nã o existe ninguém que tenha aceitado Jesus como Salvador e nã o seja habitado pelo
Espírito Santo.
 
1 Coríntios 3.16
O Espírito Santo habita em todos os que aceitaram Jesus.
 
1 Coríntios 6.19
O corpo do crente é templo do Espírito Santo. O templo de Jerusalém foi destruído alguns
anos depois do registro desse versículo. O corpo de cada crente é agora templo de Deus.
 
2 Timóteo 1.14
O Espírito Santo habita no cristã o.
 
Aqui estão alguns exemplos da atividade do Espírito Santo:
 
João 16.8
O Espírito reprova o mundo do pecado. Pelo fato de o cristã o ser habitado pelo Espírito
Santo, sua vida deve reprovar o mundo do pecado.
 
João 3.5, 6
A regeneraçã o é obra do Espírito.
 
João 15.26; 16.14; Atos 5.32
Ele dá testemunho de Cristo, nã o de si mesmo.
 
1 Coríntios 12.4, 13; Efésios 2.22
Ele transforma a igreja (os cristã os de verdade) em um conjunto equilibrado.
 
2 Coríntios 13.14
A habitaçã o do Espírito lida com o cristã o. Ele comunica ao crente os benefícios da
redençã o.
 
João 14.16-18; Romanos 8.9-11
Quando o Espírito Santo habita em nó s, Cristo habita em nó s.
 
João 14.23
Quando o Espírito Santo habita em nó s, o Pai e o Filho fazem de nó s seu lar. A habitaçã o do
Espírito Santo é o agente de toda a Trindade quando somos morada dele.
 
João 14.26; 15.26; 16.7; Atos 9.31
A habitaçã o do Espírito Santo é o conselheiro do cristã o. A palavra grega traduzida por
“conselheiro” é um vocá bulo difícil de verter. Ela também pode significar consolador,
advogado, protetor, arrimo. Literalmente significa “alguém chamado para se posicionar ao
lado de outra pessoa e auxiliá -la”.
 
João 14.26; 16.13; 1 Coríntios 2.12, 13; Hebreus 10.15, 16;
1 João 2.20, 27
O Espírito que habita em nó s é nosso mestre, em especial ao nos abrir a mente pata
entendermos a Bíblia.
 
Atos 1.8
Ele é a fonte de poder do cristã o.
 
Lucas 12.11, 12
Ele dá ao crente as palavras certas no momento da perseguiçã o.
 
Romanos 5.5; 14.17; 15.13; 1 Tessalonicenses 1.6; Gálatas 5.22, 23
O Espírito que habita o crente concede a ele as graças cristã s do amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade etc. Como todos os cristã os sã o habitados pelo Espírito, o fruto
do Espírito deve ser apresentado por todos os cristã os.
 
A grande distinção do cristão verdadeiro é a habitação do Espírito Santo. Quão cuidadoso ele
deve ser para que nada em seus pensamentos ou sentimentos seja ofensivo ao convidado
divino!
—Dr. Charles Hodge
 
Esse novo relacionamento com o Deus trino compreende então a segunda bênção da salvação
— sendo a justificação a primeira. Esse novo relacionamento, como vimos, é triplo:
 
1) Deus, o Pai, é o Pai do cristão.
2) O Filho unigênito de Deus é nosso Salvador e Senhor, nosso profeta, sacerdote e rei. Nós nos
identificamos e estamos unidos com ele.
3) O Espírito Santo vive em nós e se relaciona conosco. Ele nos comunica os vários benefícios
da redenção.

 
 
CAPÍTULO DEZESSETE: O NOVO RELACIONAMENTO (A IRMANDADE DOS
CRENTES)
 
Vimos que quando recebemos Jesus como Salvador somos justificados de imediato, e damos início a um novo relacionamento
com Deus, o Pai, Deus, o Filho, e Deus, o Espírito Santo.
Quando participamos desse novo relacionamento com o Deus trino, todos os indivíduos que confiaram em Cristo como seu
Salvador são nossos irmãos. Isso tem sido chamado de “a comunhão dos santos”.
 
Mateus 23.8
Nem todos os homens sã o irmã os, de acordo com a utilizaçã o bíblica do termo. Todos nó s
fomos criados por Deus. Todos descendemos de Adã o e Eva, todos os homens sã o o “meu
pró ximo” e devem ser tratados com cuidado (Lc 10.27-37). Mas nos termos da Bíblia,
somos irmã os de quem tem Cristo como seu Salvador e, portanto, tem em Deus seu Pai.
 
Gálatas 6.10
Devemos fazer o bem a todos os homens , mas existe uma linha divisó ria clara entre a
“família da fé” e as outras pessoas.
 
Efésios 2.19
Antes de recebermos Jesus como nosso Salvador, éramos estrangeiros e peregrinos. Mas
quando nos tornamos cristã os, fomos feitos concidadã os e membros da casa de Deus com
todos os outros que agiram da mesma forma.
 
1 Tessalonicenses 5.14, 15
Mais uma vez somos exortados a fazer o bem a todas as pessoas. Todavia, torna-se nítida
mais uma vez a existência da distinçã o entre os da “família da fé” e os outros.
 
1 Pedro 2.17
Temos um relacionamento especial com os irmã os em Cristo.
 
1 João 1.3
Uma pessoa nã o pode ter verdadeira comunhã o espiritual com os cristã os até ter ouvido as
verdades do evangelho e ter agido de acordo com essas informaçõ es ao aceitar Jesus como
Salvador.
 
Apocalipse 19.10
Os irmã os sã o definidos como os que se apegam ao testemunho de Jesus.
 
João 13.30, 34, 35
Judas, que nã o cria em Cristo, abandonou a mesa antes da outorga desse mandamento a
respeito do amor especial entre os cristã os.
 
João 21.23
É claro que o termo “irmã os”, usado aqui, se refere a crentes.
 
Atos 9.17
Saulo foi considerado “irmã o” só depois de ter aceitado Jesus como Salvador.
 
Atos 21.17
Apenas os outros crentes eram “os irmã os”.
 
1 Coríntios 7.12
Nessa passagem, o homem é crente, e, portanto, irmã o.
A mulher nã o é crente, por isso nã o lhe foi aplicado o termo.
 
Existem três aspectos práticos da irmandade dos crentes.
O primeiro aspecto prático é que os irmãos em Cristo devem ser um auxílio espiritual para os
demais.
 
Romanos 12.10
Os cristã os devem se amar e desejar o bem dos irmã os acima do pró prio bem.
 
1 Coríntios 12.26, 27
Os cristã os devem se entristecer quando outros cristã os sofrem, e devem se alegrar quando
outros cristã os se alegram.
 
Romanos 15.30; 2 Coríntios 1.11
Os irmã os cristã os devem orar uns pelos outros.
 
Efésios 4.15, 16
Quando os cristã os se tornam individualmente o que devem ser, também a igreja se torna o
que deve ser. Cada cristã o tem algo a contribuir no processo.
 
Efésios 5.21-6.9
A irmandade dos crentes deve ser o fator predominante entre os cristã os em todos os
relacionamentos da vida. Isso é verdade em relaçã o a maridos e mulheres, filhos e pais,
servos e mestres, empregados e patrõ es. Em todos esses relacionamentos também
devemos ser irmã os e irmã s. Veja Câ ntico dos Câ nticos 4.9, 10, 12: existe o relacionamento
duplo de irmã e noiva.
 
Efésios 6.18
Os cristã os devem orar uns pelos outros e por todos os cristã os. A irmandade dos crentes
perpassa nacionalidade, raça, língua, cultura, posiçã o social e localizaçã o geográ fica.
 
1 Tessalonicenses 5.11
Os dois grandes auxílios espirituais que os irmã os em Cristo devem ser uns para os outros
consiste no encorajamento e na edificaçã o mú tuos. O ú ltimo significa a capacidade para
ajudar os cristã os a serem o que devem em relaçã o à doutrina e vida.
 
O segundo aspecto prático é que os irmãos em Cristo também devem ajudar uns aos outros
em sentido material .
 
Atos 11.29
Desde os primeiros dias da igreja, os cristã os partilharam bens materiais para o auxílio dos
irmã os em Cristo com menos posses, mesmo aos encontrados em grande distâ ncia
geográ fica.
 
2 Coríntios 8.4
Esse é um de vá rios exemplos apresentados no Novo Testamento de cristã os contribuindo
financeiramente para ajudar outros cristã os que passavam por necessidades materiais.
 
Romanos 12.13; Tito 1.8; Filemom 5, 7, 22
Uma forma de ajuda prá tica é ser hospitaleiro.
 
1 João 3.17, 18
Nã o há utilidade em se falar a respeito do amor cristã o se nó s nã o ajudamos nossos irmã os
em Cristo quando eles passam por necessidades materiais.
 
Atos 5.4
Os cristã os ajudavam uns aos outros em sentido material, mas o faziam em cará ter
voluntá rio.
Cada pessoa mantinha os direitos sobre a propriedade e a posse de seus bens.
O terceiro aspecto é que os irmãos em Cristo devem usufruir da comunhão e da companhia
uns dos outros.
 
Atos 2.42, 46
Desde os primeiros dias da igreja, os cristã os mantinham comunhã o diá ria entre si.
 
Efésios 4.1-3; Colossenses 2.1, 2
Os verdadeiros cristã os devem tentar exercer a comunhã o em amor e paz.
 
Hebreus 10.25
É um mandamento direto de nosso Senhor que, depois de nos tornarmos cristã os, devemos
nos reunir para adorar com outros cristã os. Nã o se trata de algo pró prio do período inicial
da igreja; isso deve perdurar até a volta de Cristo. O versículo diz que devemos ser
cuidadosos em especial com a guarda desse mandamento quando nos aproximamos do
tempo da segunda vinda de Cristo. Se aceitamos Jesus como nosso Salvador, somos
responsá veis pela procura de um grupo de crentes na Bíblia dentre o povo de Deus, onde
exista a doutrina correta e verdadeira comunhã o em amor. Nã o devemos nos unir a
qualquer grupo que se diga cristã o, mas sim onde haja ensinos bíblicos, onde a disciplina
seja mantida em relaçã o à vida e doutrina, e onde exista uma comunidade verdadeira. Caso
nã o exista um grupo assim em sua á rea geográ fica (como acontece em alguns lugares),
entã o orando ao Senhor devemos nos encontrar mesmo em pequeno nú mero a fim de nos
reunirmos para adorar, orar, estudar e encorajar uns aos outros a fim de sermos uma
comunidade.
 
Vimos que a irmandade dos crentes cruza todas as linhas do espaço. Ela também cruza todas
as linhas do tempo.
 
Hebreus 12.22, 23
Essa irmandade nã o inclui apenas os cristã os na terra hoje, mas também os cristã os que se
encontram no céu.
CAPÍTULO DEZOITO: NUNCA MAIS PERDIDO
 
Vimos que a salvação inclui de imediato a justificação e o novo relacionamento. Agora chegamos à terceira consideração: tão
logo tenhamos aceitado Jesus como Salvador, jamais nos perderemos de novo.
 
Romanos 8.31-34
Jamais nos perderemos de novo, por causa da perfeiçã o da obra sacerdotal de Cristo por
nó s. A base da salvaçã o nã o está nas boas obras do passado, presente ou futuro, mas na
obra perfeita de Cristo. A obra sacerdotal de Cristo inclui dois aspectos: sua morte perfeita
e sua intercessã o perfeita a nosso favor agora.
 
Hebreus 7.25
Essa passagem nos faz lembrar de tudo que estudamos sob o tó pico da obra de Cristo como
sacerdote, incluindo-se a intercessã o presente por nó s.
Você se lembrará de que esse versículo ensina que o Senhor nos salva de modo completo e
para sempre. Os cristã os poderiam se perder de novo se Jesus falhasse como sacerdote.
 
Romanos 8.28-30; Efésios 1.3-7
Depois de nos tornarmos cristã os ao aceitarmos Jesus, aprendemos que Deus, o Pai, nos
escolheu. Os cristã os poderiam se perder de novo só se a primeira pessoa da Trindade, o
Pai, falhasse.
 
Efésios 1.13, 14
Antigamente, quando um homem comprava uma terra, era-lhe dado um punhado de terra
(uma garantia ou selo) que significava que toda a terra lhe pertencia. O fato de o Espírito
Santo agora viver em nó s é o depó sito que garante que um dia obteremos todos os
benefícios da salvaçã o.
Nó s nã o nos perderemos de novo.
 
Efésios 4.30
Nos séculos passados, o rei selava o documento com cera e, em seguida, marcava a cera
com seu anel. Nenhum homem se atreveria a romper o selo, exceto sob a autoridade do rei.
A passagem diz que o pró prio Deus nos selou com o Espírito Santo que habita em nó s até o
dia da redençã o — isto é, até o dia da volta de Jesus e da nossa recepçã o de todos os
benefícios da redençã o. Um rebelde pode quebrar o selo de um rei humano, mas nada que
Deus criou pode romper seu selo.
 
Romanos 8.26
Quando nó s nã o sabemos orar por nó s mesmos como deveríamos, o Espírito que habita em
nó s ora a nosso favor. Os cristã os podem se perder de novo só se o Espírito Santo falhar.
 
João 10.27-29
Cristo diz que quando o aceitamos como nosso Salvador, temos a vida eterna. A vida eterna
nã o pode ser mais curta que a eternidade. Cristo diz que jamais pereceremos; “nunca” só
pode significar “jamais”. Jesus afirma que nada pode nos arrancar da mã o de seu Pai.
Nã o fomos nó s que nos apegamos a Deus; ele se apegou a nó s.
 
Romanos 8.35-39
Aqui Deus diz de forma específica que nenhuma criatura pode nos separar de si mesmo
depois de termos nos achegado a ele mediante Jesus Cristo.
 
Filipenses 1.6
“O dia de Jesus Cristo” é a segunda vinda de Cristo, quando receberemos os benefícios
plenos da salvaçã o.
 
1 João 4.13; 5.13
Repare no uso da palavra “conhecer”. Deus deseja que tenhamos certeza de que lhe
pertencemos para sempre.
 
2 Timóteo 4.7, 8
Paulo tinha essa segurança.
 
Romanos 8.15, 16
A segurança de que nó s somos filhos de Deus e de que seremos seus para sempre é uma das
melhores coisas que Deus nos deixa entender depois da aceitaçã o de Jesus como Salvador.
Nem todos os verdadeiros cristã os sentem essa segurança; mas caso nã o o façam, nã o
usufruem de uma das vantagens das riquezas de Cristo Jesus que consiste agora em um de
seus privilégios.
 
João 3.36
“Quem crê no Filho tem a vida eterna”. Se você tem consciência de ter crido em Jesus para a
sua salvaçã o e nã o confia em suas obras morais ou religiosas, entã o você conta com a
promessa expressa de Deus de que você possui a vida eterna, agora e para sempre .

CAPÍTULO DEZENOVE: SANTIFICAÇÃO (A)


 
Vimos que uma vez que aceitamos Jesus como Salvador, somos justificados.
Entramos em um novo relacionamento com as três pessoas da Trindade. Jamais nos perderemos de novo. Nesse estudo
começaremos a considerar a outra parte da nossa salvação — a santificação. Enquanto a justificação lida com o passado
(uma vez que me tornei cristão), a santificação lida com o presente.
Ela diz respeito ao poder do pecado na vida do cristão.
A justificação é idêntica para todos os cristãos, mas obviamente a santificação tem mais progresso em alguns cristãos que em
outros. Escrevi um livro todo sobre o tema da santificação intitulado Verdadeira espiritualidade.
 
Romanos 8.29, 30
A salvaçã o nã o é um espaço em branco desde o momento da nossa justificaçã o até a
chegada do céu. Longe disso, é uma corrente que envolve o passado (quando nos tornamos
cristã os), o presente e segue em direçã o ao futuro. Se tivermos aceitado Jesus de fato como
nosso Salvador, esse ato resultará em muitas implicaçõ es para a vida presente, incluindo-se
o fato de que nossa vida deve demonstrar que pertencemos a Cristo.
 
Colossenses 3.1-3
Uma vez que aceitamos Jesus como Salvador pessoal, isso deve fazer a diferença na forma
que vivemos.
 
João 15.1-5
Se um homem é cristã o de verdade, deve existir algum fruto espiritual em sua vida.
 
1 Tessalonicenses 5.23; Hebreus 13.20, 21
Deus, o Pai, atua na nossa santificaçã o.
 
Efésios 5.25, 26; Tito 2.11-14
E também Deus, o Filho.
 
1 Coríntios 6.11; 2 Coríntios 3.18; 2 Tessalonicenses 2.13
Deus, o Espírito Santo, é ativo na nossa santificaçã o.
 
Romanos 12.1-19; 2 Coríntios 7.1; Colossenses 3.1—4.6
Esses sã o apenas alguns dos mandamentos encontrados na Bíblia a respeito de como
devemos proceder na vida. Sendo cristã os, a lei de Deus é nossa regra de vida. Em
passagens como essas, Deus nos diz o que se conforma a seu cará ter e o que lhe agrada. O
fato de sermos cristã os deve fazer a diferença em cada aspecto da nossa vida.
 
1 Coríntios 6.20
Fomos salvos pela fé, nã o pelas boas obras. Mas depois de termos sido salvos, devemos
demonstrar gratidã o em nossa existência por meio de boas obras.
 
Mateus 22.37, 38; Apocalipse 2.1-5
A ú nica motivaçã o correta para o desejo de abandonar os pecados e crescer em sentido
espiritual é nosso amor a Deus. O temor de sermos pegos (etc.) nã o ajudará em nada.
Devemos viver a vida cristã porque amamos o Senhor e desejamos glorificá -lo.
 
João 15.8
Quando o crente peca, ele nã o glorifica o Pai celestial como deve.
 
Filipenses 1.20
Quando o crente peca, ele nã o demonstra a gló ria de Cristo na vida presente, como deve
fazer as pessoas nascidas de novo.
 
Romanos 8.9; Gálatas 5.16-25; Efésios 5.18; 4.30; 1 Tessalonicenses 5.19
Quando a pessoa aceita Jesus como Salvador, ela passa a ser habitada de imediato pelo
Espírito Santo. Mas quando o crente peca, ele anda segundo a carne, e nã o de acordo com o
Espírito. Ele entristece o Espírito Santo que habita nele e lhe apaga o fogo.
 
1 João 1.3, 7; 2.1
Quando o cristã o peca, nã o perde a salvaçã o. O sangue de Cristo é suficiente para cobrir o
pecado; e Jesus, à destra do Pai, intercede pelo cristã o. Mas o cristã o rompe a comunhã o
com Deus quando peca. Se o filho é desobediente, nã o deixa de ser filho dos pais. Mas se
esvai a alegria do relacionamento entre o pai e o filho. Enquanto nossa comunhã o com o Pai
celestial estiver rompida pelo pecado, nã o poderemos experimentar poder espiritual ou
alegria.
 
Hebreus 12.5-11
Quando o crente peca, Deus o castiga, da mesma forma que os pais humanos amorosos
castigam os filhos. Deus nã o o faz para nos punir, pois nossos pecados foram punidos de
uma vez por todas no Calvá rio, mas para gerar o fruto agradá vel da justiça na nossa vida.
No entanto, é muito importante lembrar que nem todas as dificuldades da vida resultam de
pecados pessoais. Considere, por exemplo, as provaçõ es de Jó .
 
2 Coríntios 5.9, 10; 1 Coríntios 3.11-15; Lucas 19.11-27
Na vida futura, o cristã o receberá galardõ es, que dependerã o de como ele vive depois de
haver se tornado crente. Repare, no texto de Lucas, na distinçã o entre os cristã os (servos),
que recebem recompensas, e os nã o cristã os (sú ditos e inimigos), deixados de lado.
 
1 Coríntios 11.31, 32
Quando o cristã o peca, sua comunhã o com Deus pode ser restaurada.
A primeira coisa necessá ria é reconhecer que nosso ato é pecado. Tã o certo quanto Deus, o
Pai, é nosso Pai, se nó s nã o agirmos de acordo com sua vontade ele nos corrigirá — nã o nos
punirá , mas nos trará para perto de si mesmo.
 
1 João 1.9
Depois do exame de consciência, de reconhecer o pecado como pecado, o crente deve
confessar seu pecado a Deus — nã o a um sacerdote ou a qualquer outro homem, e sim de
modo direto a Deus. Ele é nosso Pai, e podemos entrar em sua presença por meio da oraçã o
a qualquer momento. Precisamos submeter o pecado específico à obra consumada de
Cristo. Assim nossa comunhã o com Deus é restaurada. Depois da confissã o, a questã o está
encerrada, a menos que eu tenha atingido outra pessoa com meu pecado. Entã o, é claro, se
eu me arrepender, desejarei fazer a restituiçã o.
 
1 João 1.8
O processo de santificaçã o continua até a morte. Pela graça de Deus, o cristã o sempre terá
novas á reas a vencer por Cristo.
CAPÍTULO VINTE: SANTIFICAÇÃO (B)
 
Mateus 5.48
Apesar de sempre termos novas á reas para serem ganhas para Jesus em nossa vida, nosso
padrã o a cada momento nã o deve ser mais baixo que o mandamento divino — ou seja: a
perfeiçã o.
 
Efésios 4.12, 13; 2 Pedro 3.18
Ainda que seja uma verdade confortadora saber que quando o cristã o peca ele pode
confessar o pecado e ter a comunhã o com Deus restaurada, a vida cristã deveria ser muito
mais que repetiçã o dos mesmos velhos pecados e sua confissã o.
 
Romanos 6.1-19
Se participamos dos benefícios da morte de Cristo para a justificaçã o, devemos também
participar do poder de sua vida para que nã o mais sirvamos ao pecado — o pecado nã o
deve reinar em nó s e por nosso intermédio. À medida que nos rendemos a Cristo, ele
produzirá seu fruto por nosso meio.
 
2 Coríntios 13.14
Como vimos em nossos estudos sobre o “novo relacionamento” com Deus, nó s nos
relacionamos de forma íntima com os três membros da Trindade. Nosso relacionamento
nunca é mecâ nico e apenas legal. Ele é pessoal e vital. Deus, o Pai, é meu Pai; eu estou unido
com Deus, o Filho, e me identifico com ele; Deus, o Espírito Santo, habita em mim. A Bíblia
nos diz que esse relacionamento triplo é um fato real, da mesma forma que ela nos diz que
a justificaçã o e o céu sã o fatos.
 
Vimos que assim que somos salvos, permanecemos salvos para sempre, mas alguns cristãos
não desfrutam dessa confiança pelo fato de nunca terem percebido o que a Bíblia ensina a
respeito da segurança ou, conhecendo os fatos, acabam não descansando neles.
Também é possível ser cristão e ainda não viver os privilégios que nosso relacionamento vital
com as três pessoas da Trindade deve proporcionar à vida cristã. Em primeiro lugar, é preciso
tomar consciência, em sentido intelectual, do fato do nosso relacionamento vital com o Deus
trino e, em seguida, começar a agir a partir dessa percepção, com fé. Nesse ponto sugiro que
você volte a ler os três estudos sobre o nosso “novo relacionamento” com o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
 
Efésios 3.14-19; 2 Coríntios 12.9
Nã o é a minha fraqueza, mas o poder do Deus trino que conta.
 
1 João 5.3-5
A vitó ria que sobrepuja o mundo é a nossa fé. (Ela nã o é a base da nossa fé; na santificaçã o,
como na justificaçã o, a ú nica base é a obra perfeita e consumada de Cristo.) A Bíblia nos
informa tanto sobre o fato da justificaçã o quanto do relacionamento presente e vital com a
Trindade. No entanto, a mera aceitaçã o intelectual nã o é suficiente nesses casos. Só
conhecermos os fatos nã o é suficiente; devemos descansar neles com fé. A justificaçã o é um
ato ; eu me lanço a Jesus como Salvador apenas uma vez, e Deus me declara justificado para
sempre. A santificaçã o é um processo iniciado quando aceito Cristo como meu Salvador e
ele continua até a minha morte. Assim, para minha caminhada cristã diá ria, preciso
descansar, pela graça de Deus, com fé no meu relacionamento vital e presente com as três
pessoas da Trindade em todos os momentos da minha vida. Tanto na justificaçã o como na
santificaçã o preciso perceber minha incapacidade de cumprir a lei de Deus com minhas
forças. Portanto, para ser justificado precisei descansar com fé em Cristo como meu
Salvador; na santificaçã o, em todos os instantes, eu me apego ao relacionamento vital e
presente com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A Bíblia me diz que esse relacionamento vital
é um fato. Por meio da fé eu me aproprio desse fato e o aplico ao momento que vivo — e
vida nada mais é que a sucessã o de momentos. Portanto, pela graça de Deus, “os seus
mandamentos nã o sã o penosos” (v. 3). Que eu tenha, pela graça de Deus, poder spiritual, e
que o Senhor seja o meu câ ntico.

CAPÍTULO VINTE E UM: SANTIFICAÇÃO (C)


 
 
1 Pedro 2.2; João 17.17; Atos 17.11; Atos 20.32; Efésios 5.26; 2 Timóteo 2.15
Existem quatro prá ticas que nos ajudam muito a crescer em sentido espiritual.
A primeira é o estudo da Bíblia, a Palavra de Deus.
 
Filipenses 4.6; 1 Tessalonicenses 5.17
A segunda é a oraçã o. Devemos cultivar o costume de orar de duas formas:
1) Momentos especiais de oraçã o: por exemplo, durante a manhã e a tarde, agradecer pelo
alimento, e de modo mais esporá dico: dias especiais de oraçã o.
2) Orar de maneira constante enquanto cuidamos dos afazeres diá rios.
 
Atos 1.8
A terceira prá tica é testemunhar a respeito de Jesus. Essa ordem diz respeito a todos os
cristã os. Você pode fazer a sua parte, sendo alguém que “fale” sobre ele onde quer que o
Senhor o coloque.
 
Hebreus 10.24, 25; Atos 2.46, 47
A quarta é a frequência regular a uma igreja bíblica. Como vimos no tó pico “A irmandade
dos crentes”, nã o significa qualquer igreja ou grupo, mas um grupo fiel à Palavra de Deus —
em que haja ortodoxia na doutrina, no amor e na comunidade. Repetindo o que foi dito no
tó pico “A irmandade dos crentes”: “Caso nã o exista um grupo assim em sua á rea geográ fica
(como acontece em alguns lugares), entã o orando ao Senhor devemos nos encontrar
mesmo em pequeno nú mero a fim de nos reunirmos para adorar, orar, estudar e encorajar
uns aos outros a fim de sermos uma comunidade”.
 
Com relação à participação em uma igreja bíblica, também temos o privilégio de participar
da ceia do Senhor.
É algo poderoso saber que fomos justificados e que estaremos no céu. Contudo, nosso desejo
presente deve ser dar glória ao Deus trino pelo fato de amarmos o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.

CAPÍTULO VINTE E DOIS: GLORIFICAÇÃO NA MORTE


 
 
Como vimos antes, nossa salvação inclui o passado, o presente e o futuro. Se aceitamos Jesus como Salvador, a justificação (a
declaração divina de que nossa culpa foi coberta) é um ato passado. A santificação lida com o presente. A glorificação é o que
acontece com o cristão na morte e depois dela.
 
2 Tessalonicenses 1.4-10
A Bíblia fala aqui do que todos nó s podemos observar no mundo à nossa volta. É ó bvio que
as contas da vida nã o sã o acertadas em sua duraçã o. Os cristã os sã o perseguidos com
frequência, e os ímpios parecem prosperar. Essa passagem da Escritura ensina que o fato
dessas desigualdades acontecerem agora prova a existência do juízo divino futuro — algo
perfeitamente justo. Haverá um acerto de contas.
 
João 3.36
Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, recebemos a promessa da salvaçã o que nã o
termina nesta vida; a salvaçã o é eterna e perpétua.
 
Eclesiastes 12.7
Observe a distinçã o clara feita aqui entre o corpo e a alma na morte. A morte física é a
separaçã o entre corpo e alma.
 
Lucas 23.39-43
Quando o cristã o morre, o corpo vai para a sepultura, mas a alma parte de imediato para o
encontro com Cristo.
 
Atos 7.54-59
Na morte do cristã o, a alma se encontra imediatamente na presença de Cristo.
 
2 Coríntios 5.6, 8
Para o cristã o, a morte nã o é algo temível. Ela nos dá acesso a algo muito melhor que
qualquer bem atual. Isso nã o muda o fato de a morte ser anormal, causada pela Queda.
 
Lucas 9.28-36
Moisés morreu e foi enterrado 1500 anos antes desse evento acontecer. Mas os discípulos o
reconheceram, embora nunca o tenham visto e apesar de, até onde sabemos, seu corpo
ainda estar na sepultura. Quando morrermos, poderemos esperar reconhecer nossos
amados e outros cristã os, mesmo que seus corpos ainda estejam na sepultura.

CAPÍTULO VINTE  E  TRÊS: GLORIFICAÇÃO NA RESSURREIÇÃO


 
Gênesis 2.7
Deus fez o corpo bem como a alma de cada um de nó s.
 
Gênesis 3.1-20
A queda do homem no pecado envolveu o ser humano completo, corpo e alma. Tendo o
homem pecado, três mortes lhe sobrevieram. A morte espiritual (a separaçã o de Deus) veio
de imediato. A morte física é o que geralmente chamamos de “morte”. A morte eterna
acontecerá depois do juízo final. Quando aceitamos Jesus como nosso Salvador, a primeira e
a terceira mortes descritas acima deixam de existir para nó s. Nossa comunhã o com Deus é
restaurada e nossos pecados sã o punidos de uma vez por todas no Calvá rio. A segunda
morte, a separaçã o entre alma e corpo na morte, ainda deve ser enfrentada.
 
Romanos 8.23
Temos os “primeiros frutos do Espírito”, mas o ú ltimo passo ainda resta ser concretizado
— “a redençã o de nossos corpos”.
 
1 Coríntios 15.12-26
Da mesma forma que Cristo ressurgiu fisicamente dentre os mortos, também o corpo dos
cristã os ressurgirá . Quando isso acontecer, nossa redençã o e salvaçã o estarã o completas.
Deus fez o homem todo e o homem todo caiu, assim a totalidade do homem será redimida.
 
1 Coríntios 15.52-58; 1 Tessalonicenses 4.13, 14
O corpo dos cristã os que tiverem morrido (“aqueles que dormem”) será ressuscitado
dentre os mortos quando Cristo retornar.
 
1 Coríntios 15.51, 52; 1 Tessalonicenses 4.13-18
Esses versículos nos mostram que os cristã os vivos quando Cristo vier de novo nã o
passarã o pela morte. Eles terã o o corpo transformado em um piscar de olhos. E passarã o de
imediato da vida presente para a glorificaçã o plena.
 
Filipenses 3.20, 21; 1 João 3.2
Os corpos glorificados de todos os cristã os (quer tenham morrido e ressuscitado ou
transformados em um piscar de olhos) serã o semelhantes ao corpo de Cristo apó s sua
ressurreiçã o.
 
João 20.26
Apó s a ressurreiçã o, o corpo de Cristo podia atravessar portas fechadas. Apó s nossa
glorificaçã o, seremos capazes de fazer o mesmo.
 
Lucas 24.36-43
Apó s a ressurreiçã o, Cristo podia comer, e de fato o fez. Apó s nossa glorificaçã o, seremos
capazes de também agir assim.
 
João 20.27, 28
A conclusã o de cada Evangelho e o início de Atos dos Apó stolos nos conta a respeito do
corpo maravilhoso de Jesus apó s a ressurreiçã o. Mas é claro, a partir do versículo 27 e de
outros textos, que esse nã o era um novo corpo recebido apó s a ressurreiçã o, mas o mesmo
corpo de antes da morte e na sua morte. Apó s nossa glorificaçã o, teremos o mesmo corpo
que temos agora, mas ele será glorificado, transformado, mas permanecerá o mesmo.

SEÇÃO QUATRO: AS COISAS DO FUTURO

CAPÍTULO VINTE  E  QUATRO: O MUNDO EXTERNO E O POVO DE DEUS


 
Nesta série de estudos da Bíblia, consideramos três grandes seções: “Deus”, “Como Deus lida com o homem”, e “Salvação”.
Agora finalizaremos com uma breve seção de dois estudos sobre “As coisas do futuro”. Sem dúvida, o que já estudamos sobre
a glorificação do cristão na morte e na ressurreição também é futuro para nós.
 
Neste capítulo olharemos para o mundo externo e o povo de Deus.
 
Lucas 17.26-30; 18.8
O mundo nã o está se tornando melhor e melhor. A esperança cristã nã o é a melhoria
gradual do mundo, mas o fato de Jesus voltar. [2]

 
Atos 1.10, 11; Marcos 13.26; 1 Coríntios 15.23; Filipenses 3.20, 21;
1 Tessalonicenses 1.10; 2.19; 3.13; 4.14, 16, 17; 2 Tessalonicenses 1.7;
1 Timóteo 6.14; Tito 2.12, 13; 2 Pedro 3.3-14; Apocalipse 1.7, 8
A segunda vinda de Cristo é anunciada com clareza. A histó ria caminhando para
determinado lugar!
 
Atos 1.6-9; Mateus 24.36; 25.13; Marcos 13.32, 33; Lucas 12.35-40
O tempo do retorno de Cristo nã o nos é informado. Esses versículos nã o nos ensinam a
estabelecer datas, afirmando sabermos quando ele voltará . No entanto, os textos nos dizem
que Cristo pode voltar a qualquer momento. O cristã o deveria esperar por ele de modo
constante. O mandamento diz para “vigiar”.
 
1 Tessalonicenses 3.13; 4.13-17
Os verdadeiros cristã os, que colocam fé em Cristo como Salvador, serã o arrebatados para o
encontro com Jesus no ar e entã o descerã o com ele. Nesse momento o corpo de cada cristã o
morto será ressuscitado e os cristã os vivos serã o glorificados em um abrir e fechar de
olhos.
 
Mateus 24.36-44; Lucas 17.26-30, 34-36; 21.36; Isaías 26.19-21
Noé estava fora de perigo na arca antes do Dilú vio chegar. Ló estava seguro antes da
destruiçã o de Sodoma começar. Parece que, da mesma forma, os cristã os verdadeiros serã o
retirados do perigo antes da ira de Deus ser derramada sobre a terra. Alguns cristã os
estarã o dormindo quando forem arrebatados, alguns serã o ressuscitados. Mas todos os
verdadeiros cristã os serã o arrebatados. Os perdidos serã o deixados.
 
Mateus 25.1-13
Nessa pará bola o Senhor mostra que nem todos os membros das igrejas serã o arrebatados.
Os membros das igrejas que nã o colocam fé pessoal em Cristo como Salvador serã o
deixados.
 
2 Tessalonicenses 2.1-12; Apocalipse 13.1-18
Antes de Cristo voltar de forma visível e em gló ria com seus santos, haverá um período de
grande apostasia com um ditador, chamado “o Anticristo”, governando o mundo. Ele é o
oposto completo de Cristo e se lhe opõ e, sendo completamente subserviente a Sataná s, o
“dragã o”. Ele controlará o governo e a vida econô mica, e será adorado como Deus.
 
Apocalipse 6.1-17; 8.7—9.21; 11.13, 14; 15.1
A ira de Deus é derramada sobre a terra durante esse período.
 
Apocalipse 16.13-16; 19.11-21
Aqui Cristo vem de maneira observá vel e em gló ria. Ele destró i o poder reunido do mundo
organizado contra ele pelo Anticristo e Sataná s. Trata-se da batalha do Armagedom. Nã o é
apenas uma grande guerra entre naçõ es; ela significa o confronto final entre o poder do
mundo sob o Anticristo e Sataná s, e Cristo e os cristã os glorificados. O Armagedom é a
planície de Megido em Israel.
 
Apocalipse 20.1-6; Romanos 8.18-23; Isaías 11.1-10
O Diabo está preso, e Cristo governa a terra por mil anos. O corpo de cada cristã o
verdadeiro terá sido redimido e glorificado. Entã o a maldiçã o que Deus colocou sobre a
terra (Gn 3.17,18) por causa do pecado do homem será removida. O mundo será , durante
esse período, normal outra vez — isto é, como Deus o fez.
 
Apocalipse 20.6; Lucas 19.11-27
Os cristã os (servos) reinarã o com Cristo durante esse período. Aparentemente nosso lugar
de serviço nesse período será condicionado pela fidelidade no tempo presente.
 
Romanos 11.25-19; Isaías 11.10—12.6; Jeremias 30.7-11; Zacarias 12.8-10; 13.6;
14.16-21
Quando Cristo retornar em gló ria, os judeus o verã o como o verdadeiro Messias a quem
eles, como naçã o, rejeitaram; e crerã o nele.

Apocalipse 20.7-15
Ao final dos mil anos, Sataná s será solto. Haverá a revolta final contra Cristo, e o juízo dos
perdidos acontecerá .
 
Apocalipse 21.1—22.5
Haverá novo céu, nova terra e a cidade celestial. É algo definitivo, de forma que essa
passagem pode declarar o tamanho da cidade celestial, do que ela é construída, do que sã o
feitos seus fundamentos, portõ es e ruas. É uma realidade objetiva. É eterna — para sempre
e sempre, sem fim.
 

 
Quando estivermos ali por dez mil anos, brilhando resplandecentes como o sol, não teremos
menos dias para cantar o louvor de Deus,
do que quando pela primeira vez começamos.

CAPÍTULO VINTE  E  CINCO: OS PERDIDOS


 
Estudamos o presente e o futuro de quem aceitou o dom da salvação divina ao receber Jesus como Salvador. Este estudo final
trata do outro lado.
 
 
Apocalipse 19.20
O texto descreve o fim do Anticristo e também do falso líder religioso que lidera sua
adoraçã o.
 
Apocalipse 20.10
Criado originariamente como um anjo, Sataná s revoltou-se contra Deus. Esse é seu fim.
 
Judas 6; 2 Pedro 2.4; 1 Coríntios 6.3; Mateus 8.28, 29
Esse é o fim dos anjos que seguiram Sataná s em sua revolta.
 
Romanos 2.5, 6; 2 Tessalonicenses 1.4-9
Há o dia do juízo para os homens e as mulheres que seguem Sataná s em sua revolta.
 
Daniel 12.2; João 5.28, 29; Atos 24.15
Haverá a ressurreiçã o física futura dos perdidos.
 
Apocalipse 20.5, 6
A ressurreiçã o física dos perdidos acontecerá mil anos apó s a ressurreiçã o física dos
cristã os. Todos os cristã os serã o ressuscitados na primeira ressurreiçã o, e eles nã o temerã o
a “segunda morte” — a condenaçã o decorrente do juízo final. A pessoa nasce duas vezes
(de forma natural e quando é gerada de novo ao aceitar Jesus como Salvador) ou morre
duas vezes (a morte natural e a eterna).
 
João 8.44; Mateus 25.41, 46; Apocalipse 20.11-15
O fim dos perdidos é o mesmo fim do Diabo e dos anjos que o seguiram. Como o ser
completo (corpo e alma) de quem coloca a fé em Cristo é redimido, também o ser completo
(corpo e alma) de quem rejeita o dom divino da salvaçã o é julgado. O inferno foi preparado
para o Diabo e seus anjos, e o resultado de segui-lo é terminar no mesmo lugar.
 
Mateus 3.12; 5.22; 8.12; 13.42, 50; 22.13; 25.30; Marcos 9.43, 48; 2 Pedro 2.17; 3.7;
Apocalipse 19.20; 20.15
A Bíblia fala desse lugar nesses versículos e em muitos outros. Observe quantas dessas
declaraçõ es foram proferidas pelo pró prio Jesus — aquele que veio e morreu para que o
seu povo pudesse escapar da condenaçã o aceitando-o como Salvador.
 
Lucas 12.48
Há graus de castigo. Como existe variaçã o no galardã o dos crentes, também existem graus
de castigo para os perdidos. Ocorrerá um acerto de contas para ambos os lados do abismo.
 
Mateus 25.41, 46; 18.8; 2 Tessalonicenses 1.9; Judas 13; Apocalipse 20.10
As mesmas palavras usadas no original grego para designar a eternidade do futuro dos
perdidos sã o utilizadas para qualificar o cará ter eterno do futuro dos redimidos. Os dois
desígnios permanecem em paralelo.
 
Ao concluir esse breve estudo, o que deveria ocupar nossa mente?
 
Romanos 5.8, 9; Efésios 2.1-9; 1 Tessalonicenses 1.10
Se somos cristã os, lembremo-nos de que fomos salvos exatamente disso pela morte de
Cristo no Calvá rio. Ele sofreu ali infinitamente para que nã o precisá ssemos permanecer
separados de Deus para sempre.
 
Mateus 28.19, 20; Romanos 10.13-15; Apocalipse 22.17
Se somos cristã os, à luz do que estudamos, deveríamos nos ocupar da tarefa dada por Jesus
à igreja na nossa era — contar o conteú do do evangelho a outras pessoas.
 
Mateus 11.28-30
Se você ainda nã o aceitou Jesus como seu Salvador, se você ainda nã o é cristã o, o Deus trino
faz o convite a você para vir e aceitar o dom divino e gratuito da salvaçã o, mediante a
aceitaçã o de Jesus como Salvador.
 
João 3.36
Se você nã o é cristã o, esse texto o informa sobre o juízo de Deus que permanece sobre sua
pessoa. Mas o mesmo versículo lhe diz com a maior clareza possível à linguagem humana a
respeito da ú nica coisa necessá ria para a obtençã o da vida duradoura e eterna, de forma
imediata e sem fim.
 

PARTE DOIS: DOIS CONTEÚDOS, DUAS REALIDADES


 

PREFÁCIO DO EDITOR AMERICANO


 
Para o dr. Francis Schaeffer, o estudo da Bíblia nunca poderia ser separado do restante da
vida. A Bíblia, ele enfatizava, é a verdade — nã o apenas verdade no sentido “religioso”
restrito, mas a verdade absoluta que toca cada á rea da vida do homem.
Por essa razã o incluímos os breves capítulos que se seguem, extraídos do livreto Dois
conteúdos, duas realidades , junto com os estudos bíblicos bá sicos precedentes.
O título — Dois conteúdos, duas realidades — indica os temas centrais do livreto. A
expressã o “dois conteú dos” faz referência inicialmente ao conteú do da sã doutrina,
fundado sobre os absolutos da Bíblia à medida que sã o efetuados pela “prá tica da verdade”.
O segundo conteú do se refere ao enfrentamento das questõ es honestas da nossa geraçã o, e
à s respostas com as respostas honestas disponíveis apenas na Bíblia.
Mas como Schaeffer sabia com tanta clareza a partir da pró pria experiência, nã o é
suficiente conhecer a sã doutrina e saber as respostas corretas. Se somos verdadeiramente
cristã os, deve haver também uma realidade correspondente — a realidade, em primeiro
lugar, do andar momento a momento com Cristo, e a realidade, em segundo lugar, da beleza
dos nossos relacionamentos uns com os outros.
Tendo completado os estudos bíblicos acima mencionados, entã o, eu lhe encorajo a ler e
refletir sobre os capítulos seguintes e a descobrir o conteú do e a realidade da Palavra de
Deus vivida em todo o espectro da vida. Pois, como Schaeffer conclui o livreto, “quando
existem os dois conteú dos e as duas realidades, começa-se a ver algo profundo acontecer
em nossa geraçã o”.
Para os interessados em ler mais material do dr. Francis A. Schaeffer, os seguintes títulos
sã o recomendados:
How Should We Then Live? (Crossway Books) apresenta uma crítica cristã penetrante da
cultura ocidental desde o tempo de Cristo.
O Francis A. Schaeffer Trilogy (Crossway Books) inclui os três livros fundacionais de
Schaeffer: The God Who Is There , Escape from Reason , e He Is There is He Is Not Silent .
[3] [4]

[5]

True Spirituality [6]


(Tyndale House) apresenta insights profundos sobre o significado de
viver a vida cristã com realidade.
Por ú ltimo, os 22 livros de Schaeffer estã o disponíveis em The Complete Works of Francis A.
Schaeffer (Crossway Books).
 
— Lane T. Dennis
Presidente
Crossway Books

 
 
 

CAPÍTULO UM: SÃ DOUTRINA


 
Há quatro coisas que considero imprescindíveis se nó s, como cristã os, haveremos de
satisfazer a necessidade do nosso tempo e a pressã o esmagadora enfrentada de modo
crescente. Elas sã o dois conteú dos e duas realidades:
 
Conteúdo doutrinário claro
 
O primeiro conteú do é o doutriná rio claro com respeito aos elementos centrais do
cristianismo. Nã o existe nenhuma utilidade em falar sobre satisfazer a ameaça do tempo
vindouro ou cumprir nosso chamado [ao final] do século vinte a menos que
conscientemente ajudemos uns aos outros a ter uma clara posiçã o doutriná ria. Devemos
ter a coragem de nã o fazer concessõ es à teologia liberal e em especial à teologia existencial,
neo-ortodoxa.
O cristianismo é um corpo específico de verdade; é um sistema, e nã o devemos nos
envergonhar da palavra sistema . A verdade existe, e devemos nos apegar a ela. Haverá
coisas incertas nas quais teremos diferenças entre nó s, mas nas questõ es centrais nã o deve
haver nenhuma concessã o.
Os evangélicos podem cair em algo que na realidade nã o seja tã o diferente da teologia
existencial sem sabê-lo. Uma forma desse “existencialismo evangélico” é a atitude, se nã o as
palavras, “Nã o faça perguntas, apenas creia”. Esse tipo de atitude sempre foi errado, mas é
duplamente errado hoje quando estamos rodeados do consenso monolítico que divide
razã o de nã o razã o e sempre coloca as coisas religiosas na á rea da nã o razã o. Devemos
instar uns aos outros para nos afastarmos dessa ideia. Nã o é mais espiritual crer sem fazer
perguntas. Nã o é mais bíblico. É menos bíblico, e mais tarde será menos espiritual, porque
o homem todo nã o estará envolvido. Devemos estar absolutamente determinados a nã o
cair na armadilha de dizer ou sugerir: “Nã o faça perguntas, apenas creia”. O homem todo
deve entender que o evangelho é verdade e crer por estar convencido sobre a base da boa e
suficiente razã o de sua veracidade.
Além disso, devemos ser bem cuidadosos ao enfatizar o conteú do em nossas mensagens. A
quantidade de conteú do dependerá das pessoas com quem estamos trabalhando. No
ambiente universitá rio, o conteú do será um pouco diferente do exposto na situaçã o em que
as pessoas nã o sã o instruídas. Todavia, quer trabalhemos com homens ou mulheres sem
instruçã o formal ou com intelectuais, em todas as ocasiõ es o evangelho que pregamos deve
ser rico em conteú do. Com certeza, devemos ser bem cuidadosos para nã o cair na soluçã o
barata (de aparência tã o fascinante a princípio) de apenas levar as pessoas a fazerem
decisõ es sem saberem de fato sobre o que estã o se decidindo. Nó s em L’Abri recebemos
pessoas que haviam “aceitado Jesus como Salvador”, mas nem estavam convictas da
existência de Deus. Elas nunca foram confrontadas com a questã o da existência divina. A
aceitaçã o de Cristo como Salvador era algo abstrato, com conteú do insuficiente. Na
realidade, era apenas outro tipo de viagem.
Da mesma forma, na escola ou no colégio cristã o, pode-se apenas tentar influenciar os
estudantes com a religiã o, como algo à parte do intelecto, separado das disciplinas
acadêmicas e do conjunto dos estudos. Devemos dizer nã o a isso.
O necessá rio é entender nossa era como uma era de manipulaçã o religiosa e política muito
sutil, manipulaçã o mediante a comunicaçã o fria, desprovida de conteú do. E à medida que
essas coisas sã o vistas, deve-se fazer oposiçã o a elas. Dispomos de uma mensagem com
conteú do; há um sistema no cristianismo. Nã o se trata apenas de um sistema, mas da
verdade; de fato, nã o se trata de um escolasticismo moderno, e sim do sistema em que a
pessoa que aceita Jesus como Salvador deve fazê-lo a partir do entendimento de que antes
da criaçã o do mundo existia um Deus pessoal no alto nível da Trindade. E se quem “aceita
Jesus como Salvador” e nã o entende que Deus existe como um Deus infinito e pessoal, e nã o
entende que o homem foi criado à imagem de Deus e tem valor, e nã o entende que o dilema
do homem nã o é metafísico por sua pequenez, mas moral porque se revoltou contra Deus
na Queda espaçotemporal, com toda probabilidade nã o foi salva. Se “evangelizamos”
pedindo a “aceitaçã o de Jesus como Salvador”, apenas garantimos que essas pessoas logo se
afastem e se tornem mais difíceis de alcançar que antes. Nem todos precisam saber tudo —
ninguém sabe tudo; se esperarmos ser salvos até que saibamos tudo, ninguém será salvo —
mas isso é muito diferente de diminuir deliberada ou impensadamente o conteú do.
 
Os absolutos da Bíblia
 
Outra forma de incorrer no “existencialismo evangélico” é tratar a primeira metade de
Gênesis da forma que os teó logos existencialistas tratam toda a Bíblia. A primeira metade
de Gênesis é histó ria, histó ria espaçotemporal, a Queda é a Queda espaçotemporal, ou nã o
há conhecimento do motivo da morte de Jesus, e nã o se pode entender que Deus é
realmente um Deus bom. Toda a nossa resposta ao mal se encontra na Queda histó rica e
espaçotemporal. Houve um tempo antes de o homem se revoltar contra Deus. A evidência
interna de Gênesis e as evidências externas (dadas no Novo Testamento na medida em que
o Novo Testamento fala da primeira metade de Gênesis) mostram que a primeira parte de
Gênesis deve ser entendida de fato como histó ria espaçotemporal — isto é, espaço e tempo,
a urdidura e trama da histó ria.
Em relaçã o a isso existe o perigo de diminuir o conteú do do evangelho de modo reverso. Os
cristã os bíblicos, que se opõ em à teologia liberal quando ela afirma a inexistência de
absolutos na Escritura, podem cometer o erro oposto, ao lhe adicionar outros elementos
como se fossem igualmente absolutos. Em outras palavras, os absolutos da Palavra de Deus
podem ser destruídos nos dois sentidos. Ou seja, os teó logos liberais podem dizer: “Nã o
existe nada absoluto, e, de forma específica, a Bíblia nã o apresenta absolutos”, ou os
evangélicos podem se aproximar dos padrõ es da classe média e dizer: “Estes padrõ es sã o
iguais aos absolutos da Palavra de Deus”.
A ilustraçã o ó bvia é como a igreja trata o indivíduo contracultural ou a pessoa vestida de
forma diferente. Jovens chegam até nó s em L’Abri de todos os confins da terra, tornam-se
cristã os e entã o tentam encontrar uma igreja que creia na Bíblia e que os aceite sem toda
uma mudança de estilo de vida. Nã o quero dizer que eles tentam manter a vida nas drogas
ou de sexualidade promíscua, o que seria contra a Palavra de Deus. Quero dizer, por
exemplo, a forma como se vestem ou falam. Uma das minhas maiores tristezas é que a
igreja evangélica muitas vezes nã o aceita a pessoa com estilo de vida pró prio, a menos que
se encaixe na norma da classe média da localizaçã o geográ fica particular. E muitas vezes,
infelizmente, nã o percebemos o que fazemos quando agimos assim. Nã o se trata apenas de
uma falta de amor. Destruímos os absolutos da Palavra divina ao fazer algo mais
equivalente aos absolutos de Deus.
Se você me perguntar a causa da fraqueza constante da igreja evangélica na questã o racial
(étnica) no passado, penso que o motivo seja o mesmo. Rodeados pela cultura com
preconceitos raciais e que nã o considera todos os homens iguais, permitimos que isso se
infiltrasse na igreja. Temos tabus à parte e mesmo contra a Palavra de Deus, e os
sustentamos como iguais com os absolutos da Bíblia. Mas exaltar uma norma cultural como
algo absoluto é ainda mais destrutivo hoje porque estamos rodeados pela sociedade
totalmente relativista. À medida que tornamos outras coisas iguais aos absolutos da
Palavra de Deus, isso pode nã o ser mais pecaminoso aos olhos de Deus que no passado,
mas é mais destrutivo. Como consequência, quando falamos sobre conteú do, tratamos de
algo na verdade muito prá tico. Devemos contar com um conteú do doutriná rio forte, muito
forte.
 
A prática da verdade
 
 
E quando se tem um forte conteú do doutriná rio, deve-se praticar o conteú do, praticar a
verdade na qual dizemos crer. Devemos mostrar a nossos filhos e ao mundo que nos vigia
que levamos a sério a verdade. Numa era relativista, nã o se deve dizer que cremos na
verdade e nã o sermos capazes de praticar a verdade nos lugares em que ela pode ser
observada e seu preço é alto. Nó s, como cristã os, dizemos crer na existência da verdade.
Alegamos contar com a verdade na Bíblia. E afirmamos ser capazes de transmitir a verdade
a outros homens de forma propositiva e verbalizada, sendo-lhes possível obter a verdade.
Essa é exatamente a alegaçã o do evangelho, e isso é o que afirmamos. Mas entã o somos
rodeados pela era relativista. Você pensa por um momento que teremos credibilidade se
dissermos crer na verdade e, todavia, não a praticarmos nas questões religiosas ? Se nã o
fizermos isso, nã o poderemos esperar sequer por um momento que os jovens
determinados do século XX (incluindo nossos jovens) levem a sério quando dizemos “aqui
está a verdade” quando forem rodeados pelo consenso totalmente monolítico sobre a
inexistência da verdade.
Considere um exemplo do mundo acadêmico. Uma garota que estava ensinando em uma
das maiores universidades da Grã -Bretanha era uma cristã verdadeira e muito brilhante.
Ela ensinava no Departamento de Sociologia cujo diretor era behaviorista, e ele lhe disse
que ela deveria ensinar de acordo com o esquema do behaviorismo ou perderia o cargo. De
repente ela foi confrontada com a questã o da prá tica da verdade. Ela se negou a fazê-lo,
pois nã o poderia ensinar o behaviorismo, e perdeu seu cargo. Isso é o que quero dizer com
praticar a verdade quando custa caro. E isso acontecerá em muitos, muitos lugares e de
muitas, muitas maneiras. Acontecerá na á rea da vida sexual, sendo rodeado por
especialistas em sexo e sexualidade permissiva. Devemos ser cuidadosos em, pela graça de
Deus, praticar o que a Bíblia ensina — o relacionamento entre um homem e uma mulher —
ou destruiremos a verdade na qual dizemos crer. E essa prá tica incluirá a disciplina
eclesiá stica quando necessá rio.
Mas em nenhum lugar a prá tica da verdade é mais importante que na á rea de cooperaçã o
religiosa. Se dissermos que o cristianismo é realmente a verdade eterna, e que o teó logo
liberal está errado — tã o errado que ensina algo contrá rio à Palavra de Deus — e em
seguida me disponho, sobre qualquer base (incluindo-se o evangelismo), a agir em pú blico
como se a posiçã o religiosa desse homem fosse a mesma que a minha, terei destruído a
prá tica da verdade que minha geraçã o pode esperar de mim e que ela exigirá de mim caso
eu tenha credibilidade. Como teremos credibilidade na era relativista, se praticarmos a
cooperaçã o religiosa com homens que deixam bem claro em seus livros e palestras nã o crer
em nada (ou quase nada) do conteú do apresentado na Escritura?
Incidentalmente, caso haja latitudinarianismo na cooperaçã o religiosa, a pró xima geraçã o
exigirá o mesmo na doutrina, e de forma específica uma fraqueza para com a Bíblia. Vemos
isso acontecer também em parte do evangelicalismo. É preciso ter a coragem de tomar uma
posiçã o clara.
Mas sejamos cautelosos. Sem dú vida, nã o devemos tomar nossos pequenos distintivos
secundá rios e elevá -los a ponto da recusa de comunhã o em qualquer nível com quem nã o
os sustenta. Sã o os aspectos centrais da Palavra de Deus que fazem do cristianismo o
cristianismo. Devemos sustentá -los com tenacidade, e, mesmo quando nos for difícil e
precisarmos chorar, devemos afirmar que nã o há só uma antítese de verdade, mas uma
antítese observá vel na prá tica. Como resultado da lealdade ao Deus infinito e pessoal que
intervém e que falou na Escritura, e como resultado da compaixã o aos nossos jovens e
outros, nó s, evangélicos, nã o ousamos tomar uma posiçã o de meio-termo a respeito da
verdade e da prá tica da verdade.
Dessa forma, sobre o primeiro conteú do há três coisas a reconhecer: primeira, deve haver
uma forte ênfase sobre o conteú do; segunda, deve haver forte ênfase na natureza
propositiva da Bíblia, em especial dos primeiros capítulos de Gênesis; e terceira, deve haver
forte ênfase na prá tica da verdade. Podemos falar sobre métodos, estimular uns aos outros,
convocar uns aos outros à açã o, mas a menos que isso esteja enraizado na forte base cristã
na á rea do conteú do e da prá tica da verdade, estaremos edificando sobre areia e
adicionando confusã o aos nossos dias.

CAPÍTULO DOIS: RESPOSTAS HONESTAS PARA PERGUNTAS HONESTAS


 
O segundo conteú do é a veracidade do cristianismo, e o dever de dar respostas honestas
para perguntas honestas. O cristianismo é verdade, verdade contada por Deus; e se é
verdade, ela pode responder perguntas.
 
Verdade para cada aspecto da vida
 
Nã o há dicotomia na Bíblia entre os aspectos intelectual e cultural, de um lado, e espiritual,
do outro. Muitas vezes, no entanto, há forte ênfase platô nica no evangelicalismo, uma forte
tendência a dividir o homem em duas partes — a natureza espiritual e tudo o mais.
Devemos pegar essa concepçã o como um pedaço de barro cozido, quebrá -lo em nossas
mã os, e jogar fora. Devemos rejeitar de modo consciente o elemento platô nico adicionado
ao cristianismo. Deus fez o homem todo; o homem todo é redimido em Cristo. E apó s nos
tornarmos cristã os, o senhorio de Cristo se estende sobre o homem todo. Isso inclui os
assim chamados aspectos espirituais e intelectuais, criativos e culturais; incluindo-se a lei, a
sociologia e psicologia; inclui cada parte e porçã o do homem e do seu ser.
A Bíblia nã o sugere a existência de algo distintamente espiritual no homem, e que o
restante do homem nã o tem relaçã o com os mandamentos e as normas de Deus. Nã o há
nada na Bíblia que diga: “Esqueça o intelectual, esqueça o cultural. Seguiremos a Bíblia na
esfera espiritual, mas colocaremos o intelectual e criativo de lado. Eles nã o sã o
importantes”.
Se o cristianismo é a verdade como a Bíblia alega, ele deve tocar cada aspecto da vida. Se eu
desenho uma torta e essa torta abrange a totalidade da vida, o cristianismo tocará cada
fatia da torta. Em cada esfera da nossa vida, Cristo será nosso Senhor e a Bíblia será nossa
norma. Ficaremos sob a Escritura. Nã o é o caso do “espiritual” estar sob a Escritura
enquanto o intelectual e criativo se encontram livres dela.
Considere o ministério de Paulo. Ele foi até os judeus, e o que aconteceu quando falou com
eles? Eles lhe fizeram perguntas, e Paulo as respondeu. Ele foi aos gentios (nã o judeus), eles
lhe fizeram perguntas, e Paulo as respondeu. Ele foi à praça, e ali seu ministério foi um
ministério de debate, de dar respostas honestas a perguntas honestas. Paulo foi ao
Areó pago, e deu respostas honestas a perguntas honestas. Há três passagens na Bíblia em
que Paulo conversou com o homem sem a Bíblia (isto é, os gentios) sem a presença do
homem com a Bíblia (os judeus). A primeira foi em Listra, e a discussã o foi interrompida.
Em seguida, nó s o encontramos no Areó pago, onde lhe fizeram perguntas, e Paulo as
respondeu; ela também foi abreviada. Mas em um só lugar, felizmente, sua palavra nã o foi
interrompida: nos dois primeiros capítulos do livro de Romanos. E lá se encontra o mesmo
tipo exato de “argumentaçã o” iniciada em Listra e no Areó pago.
Muitos cristã os pensam que 1 Coríntios se posiciona contra o uso do intelecto, mas isso nã o
acontece. O texto de 1 Coríntios fala contra a pretensa autonomia, que extrai a sabedoria do
pró prio conhecimento sem recorrer à revelaçã o da Palavra de Deus. Devemos no opor de
todo o coraçã o ao intelectualismo humanista e racionalista — a sabedoria gerada no
pró prio homem em oposiçã o ao ensino da Escritura. Paulo era contra o gnosticismo
incipiente — que afirmava a possibilidade da salvaçã o com base nesse conhecimento. Paulo
respondeu perguntas. E dava resposta à s perguntas onde quer que elas surgissem.
Considere o ministério do pró prio Senhor Jesus. Como ele era? Nã o raro Jesus respondia
perguntas. Evidentemente as perguntas eram diferentes das surgidas no mundo greco-
romano; assim, o debate era de outro tipo. Mas no que concernia à sua prá tica, ele era o
homem que respondia perguntas — sim, Jesus Cristo, o Filho de Deus, a segunda pessoa da
Trindade, nosso Salvador e Senhor. Mas alguém dirá : “Ele nã o disse que para se salvar é
preciso ser como uma criancinha?”. É claro que ele disse. No entanto, você conhece alguma
criancinha que nã o faz perguntas? As pessoas que se valem desse argumento talvez nunca
tenham ouvido uma criancinha ou sido uma! Meus quatro filhos me deixavam mais em
apuros com seu fluxo interminá vel de perguntas que o mundo universitá rio. Jesus nã o quis
dizer que ser como uma criancinha significasse apenas dar um salto de fé em direçã o ao
andar superior. Jesus estava dizendo que, ao receber a resposta adequada, a criancinha a
aceita. Ela conta com a simplicidade de nã o ter uma rede embutida com a qual, de modo
independente da validade da resposta, a rejeita. E é isso que faz o homem racionalista, o
homem humanista.
 
Respondendo as questões da nossa geração
O cristianismo exige que tenhamos compaixã o suficiente para aprendermos as questõ es da
nossa geraçã o. O problema com muitos de nó s é o desejo da capacidade de responder a
essas perguntas de imediato; seria como pegar um funil e colocá -lo na orelha, despejar os
fatos, e, em seguida, sair, regurgitá -los e vencer todas as discussõ es. Isso é impossível.
Responder perguntas é um trabalho á rduo. É possível responder a todas as perguntas? Nã o,
mas é preciso tentar. Comece a ouvir com compaixã o. Procure conhecer as perguntas reais
do homem e tente responder a elas. E se você nã o souber a resposta, tente ir a algum lugar,
ou leia e estude para encontrar a resposta.
Nem todos sã o chamados para responder perguntas de intelectuais, mas quando se vai ao
trabalhador de estaleiro a tarefa é similar. Meu segundo pastorado foi com trabalhadores
de estaleiro, e digo-lhe que eles têm as mesmas perguntas que os homens da universidade.
Eles apenas nã o as articulam da mesma maneira.
Respostas nã o sã o a salvaçã o. A salvaçã o é se curvar e aceitar Deus como Criador e Cristo
como Salvador. Preciso me curvar duas vezes para me tornar cristã o. Devo me curvar e
reconhecer que nã o sou autô nomo; sou uma criatura formada pelo Criador. E devo me
curvar e reconhecer que sou um pecador culpado que precisa da obra consumada de Cristo
para minha salvaçã o. E aí deve ocorrer a obra do Espírito Santo. No entanto, estou falando
sobre a responsabilidade de ter compaixã o suficiente para orar e fazer o trabalho duro e
necessá rio a fim de dar respostas à s perguntas honestas. Claro que nã o devemos estudar só
as questõ es culturais e intelectuais. Devemos estudá -las e a Bíblia, e pedir a ajuda do
Espírito Santo nas duas tarefas.
Nã o é verdade que toda pergunta intelectual é um sofisma moral. Há questõ es intelectuais
honestas, e alguém deve ser capaz de respondê-las. Talvez nem todos os membros de sua
igreja ou do grupo de jovens sejam capazes de respondê-las, mas a igreja deveria treinar
homens e mulheres que possam. Nossos seminá rios teoló gicos devem se comprometer com
isso também. Isso faz parte da educaçã o cristã .
 
O teste final da verdade
 
A Bíblia dá ênfase tremenda ao conteú do com o qual a mente pode lidar. O texto de 1 Joã o
nos diz o que se deve fazer se um espírito ou um profeta bater à nossa porta hoje à noite. Se
um profeta ou espírito bate à sua porta, como você sabe se ele procede ou nã o de Deus?
Tenho um grande respeito pelo ocultismo, em especial depois das coisas que vimos e
lutamos e combatemos em L’Abri. Se um espírito vier, como você o julgará ? Ou se um
profeta vier, como você vai julgá -lo? Joã o diz: “Amados, nã o creiais a todo espírito, mas
provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus” (1Jo 4.1,2).
Por ser uma resposta muito profunda, ela conta com duas partes. Primeira, ela significa que
a preexistência de Jesus, como segunda pessoa da Trindade, é eterna; e também que ele
veio em carne. Quando um profeta ou um espírito se aproxima de vocês, o teste para sua
aceitaçã o ou rejeiçã o nã o é a experiência propiciada pelo espírito ou pelo profeta.
Tampouco decorre da intensidade da emoçã o proporcionada pelo espírito ou pelo profeta.
Ela nã o é derivada de quaisquer manifestaçõ es exteriores realizadas pelo espírito ou pelo
profeta. A base da aceitaçã o do espírito ou do profeta — e a base da comunhão cristã — é a
doutrina cristã . Inexiste outro teste final. Sataná s tem a capacidade de enganar, e ele o fará .
Nã o me oponho à emoçã o. É claro que a emoçã o deve existir. Digo apenas que nã o se deve
confiar nas emoçõ es, na força das emoçõ es ou no impulso promovido pelas emoçõ es
geradas na presença de um espírito ou de um profeta. Isso nã o prova, nem por um
momento, a procedência divina ou diabó lica, ou se as emoçõ es procedem do interior da
pró pria pessoa. E o mesmo é verdade em relaçã o à comunhã o cristã . Elas devem ser
testadas, diz a Palavra de Deus, no ponto em que a mente pode atuar, e isso com base na
doutrina cristã .
Assim há dois conteú dos: o da clara posiçã o doutriná ria e o das respostas honestas à s
perguntas honestas. Agora desejo falar sobre duas realidades.

CAPÍTULO TRÊS:  VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE


 
A primeira realidade é espiritual. Enfatizemos o que dissemos antes: cremos com todo o
coraçã o que a verdade cristã pode ser apresentada em proposiçõ es, e que qualquer um que
diminua o conceito da proposicionalidade da Palavra de Deus está caindo nas mã os nã o
cristã s do século XX. Mas, e esse é um grande e forte mas , o objetivo do cristianismo nã o é a
repetiçã o de meras proposiçõ es. Sem as proposiçõ es apropriadas nã o se pode ter o que
deveria se seguir. Mas apó s ter as proposiçõ es corretas, o fim da matéria é amar a Deus de
todo o coraçã o, a alma e a mente. O fim das coisas, apó s sabermos sobre Deus na revelaçã o
que ele nos deu, em termos verbalizados e proposicionais, é estar em um relacionamento
com ele. A ortodoxia morta e feia, sem a realidade espiritual verdadeira, deve ser rejeitada
como subcristã .
 
A crise da realidade espiritual
 
Por volta de 1951 e 1952, passei por um período muito intenso na vida. Eu havia sido
pastor durante dez anos e missioná rio por outros cinco, e estava ligado a um grupo que
defendia com convicçã o a verdade das Escrituras. No entanto, quando parei para prestar
atençã o, tornou-se claro para mim que eu vi muito pouco da realidade espiritual. Tive de
perguntar o motivo. Também olhei para mim mesmo e percebi que minha realidade
espiritual nã o era tã o formidá vel como logo apó s a conversã o. Nessa época está vamos na
Suíça, e eu disse à minha mulher: “Preciso pensar muito bem sobre isso”.
Em cerca de dois meses, comecei a andar pelas montanhas sempre que o tempo estava
claro. Quando chovia, eu andava para trá s e para frente no palheiro sobre nosso chalé. Eu
penava, lutava e orava, e percorri todo o caminho de volta a meu agnosticismo. Perguntei a
mim mesmo se havia motivo para eu deixar de ser agnó stico e me tornar cristã o. Disse à
minha mulher, que se isso nã o desse certo eu seria honesto e voltaria aos Estados Unidos e
colocaria tudo de lado e faria outro trabalho.

Realidade momento a momento


Percebi que havia feito bem em me tornar cristã o. Em seguida, continuei o processo, lutei
com mais intensidade e perguntei: “Senhor, onde se encontra a realidade espiritual da
maior parte do que se autointitula ortodoxia?”. E gradualmente encontrei algo. Encontrei
algo que nã o me havia sido ensinado, uma coisa simples, mas profunda. Descobri o
significado da obra de Cristo, o sentido do sangue de Jesus, momento a momento na nossa
vida — depois de nos tornarmos cristã os — a obra subsequente de toda a Trindade na
nossa existência, pois somos habitaçã o do Espírito Santo pelo fato de sermos cristã os. Essa
é espiritualidade verdadeira.
Parti em direçã o a Dakota, e falei em uma conferência bíblica. O Senhor a usou, e ocorreu
uma atuaçã o real de Deus naquele lugar. Preguei ao voltar à Suíça. E gradualmente a
pregaçã o se transformou no livro Verdadeira espiritualidade . E quero lhes dizer de todo o
meu coraçã o: acho que poderíamos ter obtido todas as respostas intelectuais do mundo em
L’Abri, mas se nã o fosse pelas batalhas em que Deus me concedeu algum conhecimento da
realidade espiritual naqueles dias, nã o só em teoria, por mais pobre que fosse, mas
conhecimento de um relacionamento com Deus momento a momento com base no sangue
de Jesus Cristo, nã o creio que seria possível a existência de L’Abri.
Minimizamos o aspecto intelectual? Acabei de defender o aspecto intelectual e propositivo.
Pleiteei contra as transigências doutriná rias, de modo específico sobre o ponto de a Palavra
de Deus ser menos que a verdade propositiva em todo o trajeto até o primeiro versículo de
Gênesis. Entretanto, ao mesmo tempo, deve existir a realidade espiritual.
Ela será prefeita? Nã o. Nã o acredito que a Bíblia diga que alguém será perfeito nesta vida.
Mas pode ser real, e deve ser mostrada de alguma maneira medíocre. Digo medíocre por ter
certeza de que ao chegarmos ao céu e olharmos para trá s, veremos quã o medíocre ela era.
E, no entanto, deve haver alguma realidade. Deve haver algo real a respeito da obra de
Cristo na vida a cada momento, algo real sobre o perdã o de um pecado específico
submetido ao sangue de Cristo, algo real no fato de Cristo frutificar por meu intermédio,
causado pela habitaçã o do Espírito Santo. Essas coisas devem estar ali. Nã o há nada mais
feio no mundo todo, nada mais desanimador para as pessoas que a ortodoxia morta.
Esta, entã o, é a primeira realidade, a realidade espiritual real.
 

CAPÍTULO QUATRO:  A BELEZA DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS


 
A segunda realidade é a beleza dos relacionamentos humanos. O cristianismo verdadeiro
produz beleza e verdade, em especial na á rea específica dos relacionamentos humanos.
Leia o Novo Testamento cuidadosamente com isso em mente; observe com que frequência
Jesus nos faz voltar a esse tema, repare quantas vezes Paulo fala dele. Precisamos mostrar
algo ao mundo que nos assiste sobre a base dos relacionamentos humanos que temos com
outras pessoas, nã o apenas com outros cristã os.
Hoje, os cristã os sã o as pessoas que entendem quem é o homem. O homem moderno se
encontra em um dilema por nã o saber que o homem é qualitativamente diferente do nã o
homem. Dizemos que o homem é diferente porque ele foi criado à imagem de Deus. Mas
nã o podemos dizer que o homem foi feito à imagem de Deus, a menos que olhemos para
Deus e, pela graça divina, tratemos todos os homens com dignidade. Nó s nos opomos a
Burrhus Frederic Skinner em seu livro Beyond Freedom and Dignity [ Além da liberdade e
da dignidade ]. Mas nã o me atrevo argumentar contra o determinismo de Skinner se eu, em
seguida, tratar os homens que encontro no dia a dia como menos que realmente feitos à
imagem de Deus.
 
A beleza entre os não cristãos
 
Estou falando em primeiro lugar sobre nã o cristã os. O primeiro mandamento é amar o
Senhor nosso Deus com todo o nosso coraçã o, alma e mente, e o segundo é amar nosso
pró ximo como a nó s mesmos. Depois que Jesus ordenou isso, alguém disse: “Quem é o meu
pró ximo?”. Entã o Jesus contou a histó ria do bom samaritano. Ele nã o estava falando apenas
de tratar bem os cristã os; ele falava sobre o tratamento de cada homem que encontramos,
todo homem que esteja em nosso estrato social ou nã o, cada homem que fale nossa língua
ou nã o, cada homem que tenha a cor da nossa pele ou nã o. Todo homem deve ser tratado
no nível de criatura feita à imagem de Deus e, assim haverá beleza nas relaçõ es humanas.
Essa atitude deve ocorrer em todos os níveis. Encontro um homem em uma porta girató ria.
Quanto tempo tenho com ele? Talvez dez segundos. Devo tratá -lo bem. Nó s olhamos para
ele. Nã o pensamos conscientemente em todos os casos de que esse homem foi feito à
imagem de Deus, mas, tendo trabalhado em nossos ossos e em nossa consciência (bem
como em nossa declaraçã o doutriná ria) que ele foi feito à imagem de Deus, vamos tratá -lo
bem nos dez segundos que temos.
Aproximamo-nos de uma luz vermelha. Temos o mesmo problema. Talvez nunca mais
vejamos essas pessoas na esquina de novo, mas devemos nos lembrar de que elas têm
dignidade.
E quando chegamos aos relacionamentos mais longos — por exemplo, a relaçã o
empregador-empregado — devemos tratar cada pessoa com dignidade. O relacionamento
entre marido e mulher, a relaçã o pai e filho, a relaçã o política, a econô mica
[4]
— em todas
as relaçõ es ú nicas da vida, na medida em que estou em contato com um homem ou uma
mulher, à s vezes mais curto e, por vezes, mais longo, ele (ou ela) deve ser tratado de tal
forma que — homem ou mulher — se ele (ou ela) for capaz de raciocinar, dirá : “Ele nã o me
tratou bem?”.
O que dizer sobre os teó logos liberais? Sim, devemos nos opor à sua teologia. Devemos
praticar a verdade, sem fazer concessõ es. Devemos insistir na antítese à sua teologia. No
entanto, mesmo que nã o possamos cooperar com eles no aspecto religioso, devemos tratar
os teó logos liberais de tal maneira que tentemos, de nossa parte, levar o debate para o
círculo de relacionamentos verdadeiramente humanos. Podemos fazer essas duas coisas
com nossa força? Nã o. Mas, no poder do poder do Espírito Santo, isso pode ser feito.
Podemos ter a beleza das relaçõ es humanas, mesmo quando precisamos dizer nã o.
 
A beleza entre os cristãos
 
Se nó s somos chamados a amar o pró ximo como a nó s mesmos quando ele nã o é cristã o,
quanto mais — dez mil vezes dez mil vezes mais — beleza deve haver nas relaçõ es entre
cristã os verdadeiros, crentes na Bíblia, algo tã o bonito que cativaria o mundo em pouco
tempo! Devemos manter nossas distinçõ es. Alguns de nó s sã o batistas, alguns de nó s
mantêm o batismo infantil, alguns de nó s sã o luteranos, e assim por diante. Mas para os
verdadeiros cristã os de todos os matizes que creem na Bíblia, em todos os campos, eu
enfatizo: caso nã o demonstremos beleza na forma como tratamos uns aos outros, entã o,
aos olhos do mundo e aos olhos de nossos filhos, estaremos destruindo a verdade que
proclamamos.
Toda grande empresa, caso construa uma fá brica enorme, faz em primeiro lugar uma
planta, a fim de demonstrar que seu plano funcionará . Cada igreja, missã o, escola e grupo
cristã o, de modo independente de onde se encontre, deve ser uma planta para que o mundo
olhe e perceba a beleza das relaçõ es humanas em contraste exato com a horrível feiura com
que os homens modernos pintam sua arte, o que eles fazem com suas esculturas, o que
mostram no cinema, e como tratam uns aos outros. Os homens devem ver na igreja a
alternativa ousada ao modo que os homens modernos tratam as pessoas — como animais e
má quinas. Deve haver algo tã o diferente que eles venham ouvir, algo tã o diferente que lhes
recomendará o evangelho.
Todos os grupos deveriam ser assim, e as relaçõ es entre nossos grupos deveriam ser dessa
maneira. Mas elas sã o? Muitas vezes a resposta é nã o. Temos algo a pedir ao Senhor que
nos perdoe. Nó s evangelicais, cristã os que cremos de verdade na Bíblia, devemos pedir a
Deus para que nos perdoe a feiura com a qual temos repetidas vezes nos tratado quando
nos encontramos em campos diferentes.
Falo agora sobre a beleza, e escolhi essa palavra com cuidado. Eu poderia chamá -lo amor,
mas rebaixamos tanto a palavra que nã o raro ela perde o sentido. Entã o eu uso a palavra
beleza. Deve haver beleza, beleza observá vel, para que o mundo veja como todos os
verdadeiros cristã os se tratam.
 
Ortodoxia de doutrina e comunidade
 
Precisamos de duas ortodoxias: em primeiro lugar, da ortodoxia da doutrina e, em segundo,
da ortodoxia da comunidade. Por que a igreja primitiva foi capaz, no período de um século,
de se espalhar do rio Indo [7]
até a Espanha? Pense nisso: em um século, da Índia a
Espanha. Quando lemos Atos e as epístolas, descobrimos que a igreja dispunha das duas
ortodoxias e as praticava (doutrina e comunidade), e isso podia ser observado pelo mundo.
Assim, eles revelavam o evangelho ao mundo de seu tempo, e o Espírito Santo nã o era
ofendido.
Há uma tradiçã o (que nã o se encontra na Bíblia) de que o mundo dizia a respeito dos
cristã os da igreja primitiva: “Vejam como eles se amam”. Quando lemos Atos e as epístolas,
percebemos que esses primeiros cristã os realmente se esforçavam para se tornar uma
comunidade praticante. Percebemos que uma das marcas da igreja primitiva era a
verdadeira comunidade, uma comunidade que fazia o necessá rio para cuidar dos seus
membros em suas necessidades materiais.
Nossas igrejas evangelicais já consistem nesse tipo de comunidade? Sou obrigado a dizer
nã o — de modo geral, nã o. Nossas igrejas nã o raro sã o duas coisas: pontos de pregaçã o e
fontes de atividades. Quando uma pessoa realmente se encontra extremamente
desesperada em matéria de questõ es raciais, dificuldades econô micas ou psicoló gicas, ela
naturalmente espera encontrar uma comunidade que a apoie em nossas igrejas?
Precisamos dizer, muitas vezes com lá grimas: nã o!
Minha igreja favorita em Atos e em toda a histó ria é a de Antioquia. Amo a igreja de
Antioquia. Recomendo a releitura a seu respeito. Algo novo aconteceu ali: os judeus,
fantá sticos e orgulhosos, que desprezavam os gentios (havia certo antigentilismo entre os
judeus, da mesma forma que tantas vezes, infelizmente, houve antissemitismo entre os
gentios) fizeram certo progresso. Eles nã o podiam ficar em silêncio e contaram a seus
vizinhos gentios a respeito do evangelho, e, de repente, com base no sangue de Cristo e na
verdade da Palavra de Deus, o problema racial foi resolvido. Havia cristã os de origem
judaica e gentílica, e eles se tornaram apenas um!
Mais que isso, houve uma extensã o total do espectro social. Nã o somos informados de
forma específica se havia escravos na igreja de Antioquia, mas sabemos de sua existência
em outros lugares, e nã o há nenhuma razã o para pensar que eles nã o existiam em
Antioquia. Sabemos pelo registro de Atos que havia um irmã o adotivo de Herodes nessa
igreja. O homem no topo da pirâ mide social e o homem da base se encontravam na igreja
do Senhor Jesus Cristo, e eram apenas um na beleza dos relacionamentos humanos.
E eu gosto dela por outro motivo. Havia um homem chamado Níger naquela igreja, e seu
nome significa “negro”. Era mais do que prová vel que ele fosse negro. A igreja de Antioquia,
com base no sangue de Cristo recebe todas as pessoas. Havia uma beleza que o mundo
greco-romano desconhecia — e o mundo passou a observar. Em seguida houve a pregaçã o
do Evangelho. Em uma geraçã o a igreja se propagou do rio Indo até a Espanha. Se
quisermos tocar nossa geraçã o, nã o devemos ser menos que isso.
Gostaria de enfatizar mais uma vez que essa comunidade viveu muitas fases no que diz
respeito aos bens materiais. Nã o há comunismo , como o conhecemos hoje, no livro de Atos.
Pedro deixou muito claro para Ananias e Safira que sua terra lhes pertencia, e quando eles
a venderam permaneciam os senhores do que fazer com o dinheiro. Nenhuma lei estatal ou
eclesiá stica e nenhum tipo de legalismo lhe foram impostos. O que existia na igreja
primitiva era um amor tã o grande que as pessoas nã o conseguiam imaginar que na igreja
do Senhor Jesus um homem passasse fome e outro fosse rico. Quando a igreja de Corinto
caiu nesse engano, Paulo foi contundente em 1 Coríntios, ao escrever contra isso.
Observe, também, que foram nomeados diá conos. Por quê? Porque a igreja estava em
dificuldade para cuidar das necessidades uns dos outros. Leia Tiago 2. Tiago pergunta: “O
que você está fazendo ao pregar o evangelho a um homem e tenta estabelecer um bom
relacionamento espiritual com ele se ele precisa de sapatos e você nã o lhe dá os sapatos?”.
Eis outro lugar em que o elemento platô nico terrível na igreja evangélica tem sido tã o
predominante e mortal. Considera-se espiritual contribuir para missõ es, mas nã o é
igualmente espiritual ajudar o irmã o carente de sapatos. Isso nã o se encontra na Palavra de
Deus. É claro que a igreja primitiva contribuía para as missõ es; à s vezes os membros
contribuíram financeiramente para que Paulo nã o precisasse fazer tendas. Mas Paulo nã o
faz distinçã o entre coletas para missõ es e para as necessidades materiais, como se uma
fosse espiritual e a outra nã o. Na maior parte das vezes em que Paulo falou sobre temas
financeiros, ele o fez porque existia um grupo de cristã os em algum lugar que passava por
necessidades materiais, e Paulo, entã o, chamava outras igrejas para ajudar.
Além disso, nã o era só na igreja local que os cristã os se importavam com as necessidades
uns dos outros; eles o fizeram mesmo a grandes distâ ncias. A igreja da Macedô nia,
composta por cristã os gentios, ao ouvir que os cristã os judeus, os judeus a quem eles
haviam desprezado antes, passavam necessidades materiais, levantaram uma oferta e a
enviaram com cuidado a centenas de quilô metros de distâ ncia, para que os cristã os judeus
pudessem comer.
Assim, devem existir duas ortodoxias: a ortodoxia da doutrina e da ortodoxia da
comunidade. E ambas as ortodoxias devem ser praticadas na trama e urdidura da vida,
onde o senhorio de Jesus toca todas as á reas da nossa existência.
Assim, sã o quatro os requisitos se quisermos atender à s necessidades da nossa geraçã o.
Sã o dois conteú dos e duas realidades. [O primeiro conteú do é a “sã doutrina”; o segundo
consiste em “respostas honestas para perguntas honestas”; a primeira realidade é a
“verdadeira espiritualidade”; e a segunda realidade é “a beleza dos relacionamentos
humanos”.] E quando existirem os dois conteú dos e as duas realidades, começaremos a ver
algo profundo acontecer em nossa geraçã o.

SOBRE O LIVRO:
 
 
A Bíblia fala aos problemas reais de pessoas reais no mundo real? Ela oferece soluçõ es
viá veis a esses problemas? Você pode pesar a evidência e decidir por si mesmo com a ajuda
desses 25 estudos bíblicos, que mostram o que a Bíblia de fato ensina a respeito das
questõ es mais fundamentais sobre Deus.
 
Compilados e escritos por um dos maiores pensadores modernos do cristianismo, este livro
dá ênfase à s passagens bíblicas sobre as doutrinas centrais do cristianismo — como a
Criaçã o, o pecado do homem e a graça divina, a pessoa e obra de Cristo, os acontecimentos
futuros — e explica com brevidade como cada passagem apoia o ensino bíblico sobre cada
tema. Todas as informaçõ es se encontram ali. Estabelecidas de forma simples. Assim você
pode ver por si mesmo o que a Bíblia diz — nas palavras do pró prio Deus.
 
Este livro também inclui “Dois conteú dos, duas realidades”, o ensaio de Schaeffer sobre as
quatro coisas que o cristã o precisa fazer para causar impacto na geraçã o atual. Juntas, essas
duas obras servem para mostrar a coerência e credibilidade das Escrituras e sua relevâ ncia
para as questõ es críticas da vida.
 
Dr. Francis A. Schaeffer foi um dos pensadores mais influentes dos nossos dias. Seus 23
livros foram traduzidos para diversos idiomas e distribuídos aos milhõ es em todo o mundo.
Antes de sua morte em 1984, Schaeffer fazia palestras com frequência em importantes
universidades, expondo sem concessõ es a verdade do cristianismo histó rico e bíblico e sua
relevâ ncia para a totalidade da vida.
 
Udo W. Middelmann continua a obra de Schaeffer como diretor da Fundaçã o Francis A.
Schaeffer [Francis A. Schaeffer Foundation].
 
 
 

[1]
Sã o Paulo: Cultura Cristã , 2002. [N. do T.]
[2]
O dr. Schaeffer expressa neste livro, e em especial no presente capítulo, certas opiniõ es peculiares à sua visã o
escatoló gica: pré-milenarismo histó rico. O leitor desejoso de consultar a visã o pó s-milenarista sobre essas questõ es deve
consultar, entre outros, os seguintes livros: Teu é o reino , Pós-milenarismo para leigos e Será que Jesus virá em breve? ,
todos publicados pela Editora Monergismo. [N. do E.]
[3]
Publicado em português com o título: O Deus que intervém (Sã o Paulo: Cultura Cristã , 2002).
[4]
Publicado em português com o título: A morte da razão (Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2014).
[5]
Publicado em português com o título: O Deus que se revela (Sã o Paulo: Cultura Cristã , 2002).
[6]
Publicado em português com o título: Verdadeira espiritualidade (São Paulo: Cultura Cristã , 2008).
[4]
A necessidade de um uso compassivo da riqueza acumulada é abordada em How Should We Then Live? ( Como
viveremos? ).
[7]
O Indo é um dos maiores rios do mundo, cortando o coraçã o das mais altas cordilheiras da Terra: o Himalaia, o
Caracó rum e o Hindu Kush. [N. do E.]

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