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Exmo. Sr.

Juiz de Direito da 36° Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

URGENCIA

processo n° 5042057-72.2019.8.13.0024

PAULO DAVI PEREIRA BENFICA, brasileiro, solteiro, motorista, inscrito no CPF nº


092.216.296-43, com residência no endereço de rua: radialista Carlos Filgueiras, n°
26, Céu Azul, BH/MG, CEP: 31545-330., por seu advogado in fine assinado, nos
autos epigrafados promovidos por INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA S/A,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 08.446.503/0001-05,
com sede na Avenida Professor Mário Werneck, n.º 1685, Bairro Estoril, Belo
Horizonte/MG, CEP 30455-610, com endereço eletrônico
gi@animaeducacao.com.br, representada neste ato por sua Diretora-presidente
Vânia Amorim Café de Carvalho, brasileira, casada, administradora de empresas,
portadora da cédula de identidade RG n.º 36.656.251-4 SSP/MG, inscrita no
CPF/MF sob o n.º 971.784.976-53, vem, respeitosamente, expor e ao final requerer:

1. Através da decisum de ID 5120773128 no dia 12 agosto de 2021, o douto Juiz


determinou pesquisa e bloqueio das contas do executado ora, sr Paulo, no valor de
R$ 4.179.05 (quatro mil, cento e setenta e nove mil e cinco centavos), e sua
conta encontra-se negativada no valor de R$ 1.426,40, que estranhamente não
se sabe como, uma vez o executado não possui cheque especial ou outro tipo
de crédito corrente, totalizando assim R$ 5.605,45 e valor bloqueado como se
pode ver anexo.

2. Por lealdade processual, o executado, ora peticionário, vem informar ao d. juízo


que não possui bens móveis ou imóveis, sendo pessoa de apenas posses precárias.

3. Os únicos rendimentos auferidos pelo seu labor na empresa OUROMED


SERVICO MOVEL DE SAUDE LTDA – EPP, são depositados em sua conta-
corrente bancária Digital, sendo banco inter, de Agencia 0001, e Conta 5447478-7,
como se pode ver nos contracheques e recibo de deposito (prints da conta e

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deposito), juntados anexos, no qual executado vem juntando pequena quantia mês a
mês e somente teve ciência da dívida/ação há pouco tempo, e que irá propor acordo
amigável para resolução do contrato, no desde já requer seja marcada audiência de
conciliação resolução da divida de modo que executado tenha condições humanas
para pagamento

Foram os valores de seus últimos rendimentos: julho, agosto e setembro


depositados em sua conta corrente/salário julho/agosto R$ 1.401.03 (mil e
quatrocentos e um reais e três centavos), agosto/setembro R$ 1.524.71 (mil
quinhentos e vinte e quatro reais e setenta e um centavo), setembro/outubro R$
1.840.42 (mil oitocentos e quarenta reais e quarenta e dois centavos) .
.
4. Dispõem o art. 7º, inciso X da Carta Magna e art. 833, inciso IV do CPC a
impossibilidade de se penhorar salários dos executados (alimentos), in verbis:

CF, art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:
... omissis...
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;
... omissis...

Art. 833. São impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, os subsídios, os


soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as
pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional
liberal, ressalvado o § 2º; (...)

5. Acerca do tema preleciona NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA ANDRADE


NERY:

"O CPC 649 II a IX estatui o beneficium competentatiae, ou seja, a


IMPENHORABILIDADE PROCESSUAL ABSOLUTA DOS BENS ALI
ENUMERADOS. É NORMA DE ORDEM PÚBLICA, das quais as partes não
podem dispor, pouco importando haja a própria executada os oferecido. Os
direitos da executada provenientes de reclamação trabalhista são
impenhoráveis, pois decorrem de remuneração, salário a qualquer título." (in
Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, RT, 9ª ed.,
2006, p. 871).

6. Único o repositório jurisprudencial do colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA:

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“PENHORA DE ATIVO FINANCEIRO EM CONTA SALÁRIO. BEM
ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEL. ART. 649, IV, DO CPC. MATÉRIA
DE ORDEM PÚBLICA. CONHECIMENTO EX OFFÍCIO PELO
MAGISTRADO. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE SUBSCRIÇÃO
DE ADVOGADO NO PEDIDO DE DESBLOQUEIO DOS VALORES.
PRECEDENTES.
1. A hipótese dos autos trata de nulidade absoluta, eis que, in casu, a
penhora de ativos financeiros recaiu sobre conta salário, bem
absolutamente impenhorável, nos termos do art. 649, IV, do CPC.
2. A impenhorabilidade absoluta de bens é norma cogente que contém
princípio de ordem pública, cabendo ao magistrado, ex offício, resguardar o
comando do art. 649 do CPC, razão pela qual não há vício no decisum que
acolheu pedido formulado pela parte, ainda que sem a presença de
advogado, para que fosse determinado o desbloqueio da conta salário
então penhorada. Precedentes.” (Resp.1.189.848/DF, Rel. MAURO
CAMPBELL MARQUES; DJ. 05/11/2010)

“PENHORA ON LINE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA


DEPOSITADOS EM CONTA-CORRENTE IMPENHORABILIDADE.
DESNECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO E
PROBATÓRIO DOS AUTOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO PELOS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. A tese defendida no recurso especial não
demanda o reexame do conjunto fático e probatório dos autos. 2. São
impenhoráveis os valores depositados em conta destinada ao recebimento
de proventos de aposentadoria do devedor. Precedentes. 3. A ausência de
argumentos capazes de alterar o teor do julgamento conduz à manutenção
da decisão agravada pelos seus próprios fundamentos. 4. Agravo a que se
nega provimento.” (AgRg no AI n 1.331.945, Rel Min. Maria Isabel Gallotti,
DJ: 18.08.2011).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA DE


CONTA-CORRENTE BANCÁRIA. PROVENTOS DE APOSENTADORIA.
ILEGALIDADE MANIFESTA.

1. Cabível o mandado de segurança quando evidenciada a ilegalidade do ato judicial


impugnado.

2. A impenhorabilidade de proventos é garantia assegurada pelo art. 649, inciso IV,


do CPC.” (RMS 29.391/GO,Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ.
27/05/2010).

7. Vogando na esteira o ínclito TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS


GERAIS:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE EXECUÇÃO - VALOR


BLOQUEADO - CARÁTER ALIMENTAR - IMPENHORABILIDADE. Com o
advento da lei 11.382/2006, conclui-se que o legislador ampliou o rol dos
direitos tutelados, com o intuito de proteger as verbas de caráter alimentar,
destinadas à subsistência pessoal e familiar do devedor, em consonância
com o princípio de que a execução deve respeitar a dignidade humana do

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executado. Assim, tratando-se de salário, os valores depositados são
ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS.” (TJMG. AI n. 0234580-
55.2011.8.13.0000 – Rel. Des. ANTÔNIO DE PÁDUA. D.J. 30/08/2011).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO - PENHORA - SALDO EM


CONTA-CORRENTE - CONTA-SALÁRIO - IMPENHORABILIDADE. É ilegal
a determinação judicial de retenção de qualquer percentual de saldo
bancário originário de verba de natureza salarial para fins de penhora em
garantia da execução.” (TJMG. AI n. 1.0017.06.023946-8/001 - Rel. Des.
ANTÔNIO DE PÁDUA – D.J. 19/05/2009).

8. Portanto, é inadmissível a penhora de valores depositados mensalmente em


conta-corrente destinada ao recebimento de salário ou aposentadoria.

9. Ex positis, o executado, requer:

Diante do Exposto, requer se digne Vossa Excelência a revogar a decisão que


determinou a penhora eletrônica na conta salário citado acima do executado, qual
seja, banco inter, de Agencia 0001, e Conta 5447478-7, com a imediata liberação
dos valores nelas existentes no valor de R$ 4.179.05 (quatro mil, cento e setenta e
nove mil e cinco centavos), pois é através delas que recebe seu salário mensal
(alimentos), não podendo ser objeto de penhora em virtude do crédito exequendo
(dano moral), ex-vi art. 7º, inciso X da Constituição Federal1 c.c. art. 833, IV do
CPC2.

Requer após revogação da penhora na conta salário, seja marcado audiência


conciliação para proposta nas condições de pagamento do executado.

1
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
2
Art. 833. São impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo
e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; (...)

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