Ensino Remoto: Como Perder o Medo e Fazer Do Vídeo A Melhor Ferramenta para Seus Alunos
Ensino Remoto: Como Perder o Medo e Fazer Do Vídeo A Melhor Ferramenta para Seus Alunos
Ensino Remoto: Como Perder o Medo e Fazer Do Vídeo A Melhor Ferramenta para Seus Alunos
RODAPÉ
Victor Santos
27 de Julho | 2020
Como trabalhar conteúdo em aulas síncronas e assíncronas tem sido o maior
desafio dos professores Crédito: Getty Images
Desde que as escolas brasileiras tiveram que fechar por conta da pandemia do
novo coronavírus, os vídeos se tornaram um dos principais recursos para
“chegar” aos alunos em meio ao isolamento social. Por meio deles, estudantes
conseguem entrar em contato com seus professores de referência, construindo a
dinâmica que mais se aproxima à da sala de aula.
Infelizmente, um dos determinantes de que tipo de aula será escolhida diz muito
respeito ao acesso à banda larga. Aulas síncronas requerem que professor e
alunos tenham uma conexão de médio padrão para suportar a aula ao vivo,
enquanto nas aulas assíncronas, o professor pode preparar o material com
antecedência e enviar por aplicativos ou outros meios de comunicação com
alunos e famílias.
Some-se a isso a idade dos estudantes para determinar o que pode funcionar
melhor e a didática empregada nesses momentos. A partir de suas próprias
experiências com aulas síncronas e assíncronas, Rodrigo Baglini destaca alguns
pontos. No caso das aulas ao vivo, o educador atua com crianças que estão no
ciclo da Alfabetização, um dos tópicos mais desafiadores para o ensino remoto.
“Eu fico ao vivo por vinte e cinco minutos, e aí, muitos me perguntam: ‘como
você segura a molecada de 6-7 anos, por vinte e cinco minutos só com você?’.
Simples: a criança precisa de um ‘reset’, de um recomeço a todo momento,
quando está numa tela. Então, a cada 40 ou 50 segundos, eu faço uma mudança
de dinâmica”, recomenda o educador. “Por exemplo, eu começo falando ‘galera,
vocês sabem a história da Chapeuzinho Vermelho?’. E aí de repente eu mudo
‘mas pensando bem, a Chapeuzinho Vermelho não era assim tão boazinha’. E
depois ‘Não, ela era sim...’ e então digo ‘Não, ela não era não’, e assim
sucessivamente, até finalizar a aula”. Nessa perspectiva, conforme se avança nos
anos escolares, cabem perguntas mais direcionadas guiando a sua videoaula.
O professor Rodrigo Baglini entende que é natural que os primeiros contatos com
a câmera sejam um pouco intimidadores, especialmente para os mais tímidos. “A
vergonha é supernormal, mas é a mesma vergonha que nós temos quando vamos
entrar pelo primeiro dia em uma sala de aula: você morre de vergonha, mas
depois de 20 minutos, não quer mais sair. No computador e na internet, a lógica é
a mesma”, afirma. A perspectiva de ganhar o mundo com o vídeo também
assusta muitos docentes, que “travam” por se sentir mais vulneráveis a
julgamentos de pessoas de fora do ambiente escolar que agora poderão visualizar
seus trabalhos. “Às vezes, o professor acaba dando mais atenção a uma crítica
negativa, do que aos muitos elogios que recebe”, pontua o educador.
Da mesma maneira que o professor se prepara para uma aula convencional, ele
também precisa se preparar para uma videoaula – e isso requer atenção a detalhes
técnicos e um pouco de ensaio. No caso dos celulares, que são o principal meio
utilizado para transmitir ou gravar vídeos nesse momento do ensino remoto, é
importante verificar inicialmente o enquadramento, testando se é melhor usar o
celular em pé (posição vertical) ou deitado (posição horizontal), e verificando o
que está aparecendo na tela. Na sequência, é importante testar o som e a
iluminação – em muitos casos, uma janela fechada e um posicionamento que
receba iluminação natural, ou uma fonte de luz como uma pequena luminária ou
abajur em sua direção, já fazem bastante diferença. Por fim, a modulação da voz
vem com a prática, mas vale experimentar pequenas pausas e ênfases a
determinadas palavras durante a sua fala.
Como acontece com tudo que é novo, muitos professores devem enfrentar
dificuldades iniciais nesse formato. “Foi desafiador, de repente a sala da minha
casa virou a minha sala de aula, meu celular, a lousa, e o teclado substituiu a
caneta”, afirma Marta Regina Silva dos Santos, que é professora do Ensino
Fundamental 1 na rede municipal de Vitória do Jari (AP). “Precisei preparar o
ambiente para gravar, me preocupando com iluminação e o som. Então, montei a
minha sala de aula com meus próprios recursos: comprei um tripé, um cartão de
memória, quadro branco, e um refletor caseiro”, conta.
O professor Paulo Magalhães faz coro às professoras no que diz respeito a esse
mundo de aplicativos de gravação e edição que precisou desbravar. “Narrar para
mim era bem difícil, eu montava o texto e se vídeo não estivesse ótimo, eu
voltava inúmeras vezes até acertar”, revela o educador, indicando que descobriu
uma chave para construir uma mediação interessante com seus vídeos. “Os
alunos também querem estar presentes nesses vídeos. Então, através das fotos
que tenho do meu projeto Aula Pública, inseri fotos deles nos vídeos”. Entre os
muitos aplicativos que experimentou, o professor recomenda o VideoShow, em
que montou apresentações em vídeo, e o Comica, em que transforma fotos em
quadrinhos, algo que ajudou a tornar seus vídeos ainda mais atraentes.
De acordo com o educador Rodrigo Baglini, essa conexão com os estudantes
citada pelo professor Paulo é realmente a chave para lidar com esse contexto de
tantas incertezas. “Se o professor tiver um grupo com os estudantes, seja no
WhatsApp ou no Telegram, e puder dar um ‘salve’ e um ‘estamos juntos’, já está
tudo certo”, salienta o educador. Quanto ao futuro, Rodrigo enxerga a
possibilidade desse tipo de trabalho com recursos tecnológicos se consolidar na
área de Educação. “Muitas escolas já estavam utilizando esse recurso, sobretudo
com a sala de aula invertida, com as metodologias ativas. Com certeza não só os
vídeos, como também os demais aparatos e ferramentas digitais, serão cada vez
mais um grande suporte para o professor, um complemento ao seu trabalho”.
DICAS GERAIS - COMO MELHORAR SUA AULA AO VIVO
Para quem não tinha o hábito de trabalhar com ferramentas on-line, as aulas
síncronas podem ser bastante intimidadoras no início – entrar "ao vivo" e
comandar uma sala multitelas não é algo muito simples. Separamos algumas
dicas para dar uma força nesse momento de adaptação.
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