Lei Anticorrupção (2969)
Lei Anticorrupção (2969)
Lei Anticorrupção (2969)
lei anticorrupção
Coordenação:
LILIAN ROSE LEMOS ROCHA
LARISSA MELO
GABRIEL R. ROZENDO PINTO
Aplicação Horizontal:
Lilian Rose Lemos Rocha
Larissa Melo
Gabriel R. Rozendo Pinto
LEI
ANTICORRUPÇÃO
Organizadores:
Brasília
2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA - UniCEUB
Reitor
Getúlio Américo Moreira Lopes
Projeto Gráfico
André Luís César Ramos
Diagramação
Biblioteca Reitor João Herculino
Capa
UniCEUB/ACC
ISBN 978-85-61990-85-5
CDU 343.35
3
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 04
APRESENTAÇÃO
5
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
6
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
na aplicação prática dos acordos. O texto possui conteúdo igualmente relevante sob a
perspectiva de apontar os benefícios que podem surgir da conjunção dos acordos e
por destacar, criticamente, as falhas no sistema de negociação das punições
atualmente estipulado por essas normativas.
Abraços,
7
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Resumo
Abstract
This article is a brief analysis of the anticorruption clause that has been
increasingly adopted in contracts signed by business entities, not only in direct
dealings with the Public Administration (as in administrative contracts), but also in
private relations, especially with the advent of Lei n. 12.846/13 (Lei Anticorrupção -
LAC), which entailed heavy social and financial sanctions if not observed. The
content of the anti-corruption clause, however, in addition to including the precepts
of that national norm, calls as one of its requirements the observance of the Foreign
Corrupt Practices Act of 1977 (FCPA) as a mean of adapting the companies to the
vicissitudes of the international market. It is at this point that the validity of
including the foreign norm in the anti-corruption clause is questioned.
Keywords: Anti-corruption clause. Compliance. Lei n. 12.846/13. FCP.
1
Renan Emanuel Rocha Melo é advogado e sociólogo formado pela Universidade de Brasília – UnB,
atualmente faz pós-graduação em Direito Público pelo Centro Universitário de Brasília –
UniCEUB/ICPD, e-mail: advoc.renan.rocha@gmail.com
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Nesse viés, indo na mesma direção de outras nações como os Estados Unidos
e seu Foreign Corrupt Practices Act de 1977 (FCPA) e o Reino Unido com o seu
Bribery Act de 2010 (UKBA), eis que o Estado brasileiro editou a Lei n. 12.846/13,
também denominada de Lei Anticorrupção (LAC), que trata especificamente da
responsabilidade objetiva civil e administrativa das empresas brasileiras, ou
estrangeiras que atuem no território nacional, por atos que tenham praticado em
contrariedade aos princípios éticos e de probidade da Administração Pública,
mormente sob a forma de corrupção de agentes públicos para obtenção de vantagens
empresariais indevidas. Essa responsabilidade, por ser objetiva, não perquire a
culpabilidade da empresa, bastando apenas o ato lesivo ter sido praticado com ou
sem sua anuência, mas a seu favor. Inclusive os indivíduos que atuarem em seu
nome também serão responsabilizados, de forma subjetiva, na medida de sua
culpabilidade.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
implica a adoção de uma gestão interna corporis que se adeque a um padrão ético já
existente entre empresas situadas em países mais desenvolvidos, como os acima
mencionados, com o fito de se evitar tais problemas, e isso tem consequências
inclusive no trato negocial não apenas para com um Estado, mas entre as próprias
sociedades empresariais. É por isso que se vê no Brasil a adoção cada vez mais
comum da chamada cláusula anticorrupção nos acordos e tratativas avençadas entre
elas.
Isso se deve ao fato de que eventuais problemas detectados seja pelo próprio
Estado, cujos agentes públicos tiveram relações ilícitas com uma das empresas para a
obtenção de benefícios recíprocos, ou ainda por investigação de organismos
internacionais a exemplo da OCDE (Organização para a Cooperação e
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Esse conjunto de fatores explica, nos termos alicerçados por Hagen (2016), a
maior ou menor capacidade de atender uma sociedade empresária aos postulados de
uma cláusula anticorrupção nos negócios jurídicos que firma, no sentido de ser
capaz de coibir preventivamente ilicitudes que possam ser praticadas por seus
funcionários, ainda que sem autorização do corpo diretivo, em conluio com agentes
públicos. É a robustez do programa de integridade, a seriedade de sua consecução,
que se correlaciona positivamente com a eficiência da cláusula anticorrupção.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
um programa anticorrupção eficiente que detecte os riscos desse contato e que possa
garantir a conformidade dos atos empresariais por ela adotados com as
regulamentações e legislação vigente no país de sua atuação, bem como pelos
costumes internacionais éticos na esfera negocial, isso preservaria sua imagem e
reputação, não apenas para terceiros, mas para os próprios parceiros negociais.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Ora, conforme expõem Greco Filho e Rassi (2015, p. 45-47), o FCPA proíbe a
prática de qualquer ato consistente em oferecer, pagar, prometer o pagamento, ou
autorizar o pagamento de qualquer dinheiro, ou oferta, presente, promessa de dar,
ou autorizar a doação de qualquer coisa de valor a qualquer funcionário público
estrangeiro, com o propósito de: influenciar qualquer ato ou decisão de atribuição
deste; induzi-lo a descumprir seu dever legal; assegurar qualquer vantagem indevida;
ou induzi-lo a influenciar decisão do governo ou de ramo da administração pública,
de modo a ajudar a pessoa física ou jurídica a obter ou manter contrato/negócio para
si ou consigo, ou direcioná-lo a qualquer pessoa (15 U.S.C. § 78dd-1, (a), (1)).
Hipóteses que se aproximam muito daquelas instituídas no art. 5º da Lei n.
12.846/13, embora se destinem ao servidor público estrangeiro, mas o que vale,
prontamente, é como se disse: o conteúdo ético de tais normas como requisito
extrínseco do ato negocial.
Importa ressaltar que, conforme o Guia ao FCPA (2012, cap. 2., p. 10-35),
promovido pelo Departamento de Justiça (DOJ) e pela Comissão de Valores
Mobiliários (SEC) estadunidenses, em geral, a conduta das empresas em relação à
corrupção é tratada de duas formas: 1) veda-se a prática dolosa de a empresa ou
alguém em seu nome tentar subornar ou de fato pagar propinas, direta ou
indiretamente, a agentes públicos ou ainda prometer ou efetuar pagamentos
indevidos para partidos políticos, com a intenção de obter vantagens negociais
injustamente, sejam estas bem sucedidas ou não; 2) necessário que a empresa seja
transparente, mantendo livros de registros empresariais claros e fidedignos, além de
um controle interno robusto. A não observância desses dois fatores ocorre a violação
da FCPA pela empresa, acarretando, para o caso norte-americano, a sua
responsabilização civil e penal.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Isso se deve, porque o FCPA se aplica, em tese, apenas às empresas com sede
nos Estados Unidos ou que atuam no território americano ou ainda que emitem
valores mobiliários no mercado local. Apenas por exceção, como se postulou para
cláusula anticorrupção, é que se poderia exigir a sua observância, ao menos quanto
ao seu conteúdo ético, para as empresas que não são e nem atuam nos Estados
Unidos. Isso significa que embora não sejam perseguidas civil e criminalmente nos
Estados Unidos, a conduta da empresa brasileira que violar os preceitos do FCPA
pode ensejar a rescisão contratual através da funcionalidade e objetivos esperados de
se apor uma cláusula anticorrupção com a norma estrangeira.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
inclusão, por exigência ética, a uma cláusula anticorrupção nas tratativas envolvendo
sociedades empresárias nacionais.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
que constituída em uma cláusula anticorrupção, tem tanto efeito jurídico quanto o
descumprimento de qualquer outra cláusula avençada. É basicamente esse o cerne
deste pequeno artigo introdutório, em que se procurou postular e esmiuçar um
pouco mais a sistemática da cláusula anticorrupção cada vez mais adotada nos
contratos firmados não apenas entre uma empresa e o Poder Público, mas também
entre particulares.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
REFERÊNCIAS
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Resumo
Abstract
The article deals with the responsibility of legal entities in Law 12.846 / 2013,
Anti-Corruption Law with the perspective of corporate defense. It carries out a
critical analysis of the objective legal responsibility of the legal entity, the typology of
administrative illegals, the subjectivism of the sanctioning limits and the guarantees
of due legal process and of the impacts of the sanctions applied in the maintenance
and reestablishment of the productive activity of the infringing company based on
the principles of administrative law and the social function of the company.
Keywords: Anti-Corruption Law. Liability of the Legal Entity. Social function of the
company.
1
Renan Emanuel Rocha Melo é advogado e sociólogo formado pela Universidade de Brasília – UnB,
atualmente faz pós-graduação em Direito Público pelo Centro Universitário de Brasília –
UniCEUB/ICPD, e-mail: advoc.renan.rocha@gmail.com.
22
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
1 INTRODUÇÃO
2
BRASIL. Lei nº 12.846/2013, de 1º de agosto de 2013. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2013/lei-12846-1-agosto-2013-776664-norma-pl.html>.
Acesso em: 14 out. 2017.
23
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
3
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil,
pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
4
BRASIL. Projeto de Lei nº 6.826-A, de 2010. p. 8. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=466400>. Acesso em 14
out. 2017.
5
Art. 47 Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo.
6
Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
24
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
e nos casos em que a infração for cometida por representante legal da empresa, no
seu interesse e benefício.
7
OSÓRIO, Fábio Medina. O problema não está na Lei Seca, mas na sua interpretação. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2012-jun-10/fabio-osorio-problema-nao-lei-seca-interpretacao>. Acesso
em: 14 out. 2017.
8
BARROSO, Luís Roberto. A constitucionalização do direito e suas repercussões no âmbito
administrativo: direito administrativo e seus novos paradigmas. In: ARAGÃO, Alexandre Santos de;
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo (Coord.). Direito administrativo e novos paradigmas. Belo
Horizonte: Fórum, 2012. p. 31-63.
25
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
9
BOTTINI, Pierpaolo Cruz; TAMASAUSKAS, Igor Sant’Anna. A interpretação constitucional possível da
responsabilidade objetiva na Lei Anticorrupção. Revista dos Tribunais, v. 947, ano 103, p. 133-155, set.
2014.
27
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
10
OSÓRIO, Fábio Medina. Lei anticorrupção dá margem a conceitos perigosos. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2013-set-20/lei-anticorrupcao-observar-regime-direito-administrativo-
sancionador>. Acesso em: 14 out. 2017.
11
Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei,
todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que
atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração
pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: I -
prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira
pessoa a ele relacionada;
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Aponta Osório que “não é possível uma lei sancionadora delegar, em sua
totalidade, a função tipificadora à autoridade administrativa, pois isso equivaleria
uma insurportável deteriorização da normatividade legal sancionadora.”
12
OSÓRIO, Fábio Medina. Direito Administrativo Sancionador. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005. p. 218.
13
OSÓRIO, Fábio Medina. Direito Administrativo Sancionador. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005. p. 218.
14
FERRAZ, Luciano. Reflexões sobre a Lei nº 12.846/2013 e seus impactos nas relações público-privadas:
lei de improbidade empresarial e não lei Anticorrupção. Revista Brasileira de Direito Público, Belo
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SILVEIRA, Renato de Mello Jorge; SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, Direito Penal e Lei
Anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2015. p 326.
31
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18
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. A principiologia no direito administrativo sancionador.
Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador, n. 37, jan./fev./mar. 2014. Disponível em:
<http://www.direitodoestado.com.br/rede/edicao/37>. Acesso em: 22 out. 2017.
32
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
REFERÊNCIAS
DI PIETRO, Maria Silvia Zanella. Direito Administrativo. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
FERRAZ, Luciano. Reflexões sobre a Lei nº 12.846/2013 e seus impactos nas relações
público-privadas: lei de improbidade empresarial e não lei Anticorrupção. Revista
Brasileira de Direito Público, Belo Horizonte, ano 12, n. 47, p. 33-43, out./dez. 2014.
Disponivel em:
<http://cadernosdedereitoactual.es/ojs/index.php/cadernos/article/viewFile/221/137
>. Acesso em: 14 out. 2017.
33
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OSÓRIO, Fábio Medina. O problema não está na lei seca, mas na sua interpretação.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2012-jun-10/fabio-osorio-problema-
nao-lei-seca-interpretacao> Acesso em: 14 out. 2017
34
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Resumo
1
Renan Emanuel Rocha Melo é advogado e sociólogo formado pela Universidade de Brasília – UnB,
atualmente faz pós-graduação em Direito Público pelo Centro Universitário de Brasília –
UniCEUB/ICPD, e-mail: advoc.renan.rocha@gmail.com
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Abstract
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2
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São Paulo: Saraiva,
2015.
3
SOUZA, Jorge Munhós de; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro. Lei Anticorrupção e temas de compliance.
Bahia: JusPodvm. 2015.
37
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4
PEREIRA JUNIOR, Jessé Torres; MARÇAL, Thaís Boia. Compliance e Acordo de Leniência são
convergência necessária para Brasil crescer. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-jan-
28/compliance-acordo-leniencia-sao-convergencia-necessaria>. Acesso em: 11 set. 2017.
5
BRASIL. Lei n° 12.846, de 1 de agosto de 2013. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.brccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.
6
LOCATELLI, Piero. Lei Anticorrupção vai mudar a atitude do empresariado brasileiro. Disponível
em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/lei-anticorrupcao-vai-mudar-atitude-e-mentalidade-
doempresariado-brasileiro201d-2906.html>. Acesso em: 12 set. 2017.
38
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7
DEBBIO, Alessandra Del; MAEDA, Bruno Carneiro; AYRES, Carlos Henrique da Silva. Temas de
Anticorrupção e Compliance. São Paulo: Campus Elsevier, 2013.
8
RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Compliance e Lei Anticorrupção nas Empresas. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/52/205/ril_v52_n205_p87.pdf>. Acesso em: 15 set. 2017.
9
INVESOPEDIA. Compliance Program. Disponível em: <http://www.investopedia.com/terms/c
/compliance-program.asp.>. Acesso em: 07 set. 2017.
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Sob uma análise mais extensa dos seus conceitos e utilidades, para Silveira, o
compliance configura-se em verdadeiro dever da parte, uma vez no programa a
responsabilidade de comprimento dos seus parâmetros está apoiado por
mecanismos penais, ou seja, “tomaram-se as eventuais não correspondências aos
pro- gramas de compliance como sendo verdadeira infração de dever, o que tornaria
10
FCPAMÉRICA. Compliance. Disponível em: <http://fcpamericas.com/languages/portugues/complianc
e/#>. Acesso em: 12 set. 2017.
11
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São Paulo: Saraiva,
2015
12
DEBBIO, Alessandra Del; MAEDA, Bruno Carneiro; AYRES, Carlos Henrique da Silva. Temas de
Anticorrupção e Compliance. São Paulo: Campus Elsevier, 2013.
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18
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. São Paulo: Saraiva, 2015.
19
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, Direito Penal e Lei Anticorrupção. São Paulo: Saraiva,
2015.
42
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20
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, Direito Penal e Lei Anticorrupção. São Paulo: Saraiva,
2015.
21
COMPLIANCE REVIEW. A Fragilidade de Programas de Compliance no Brasil. Disponível em:
<http://compliancereview.com.br/fragilidade-programas-compliance/>. Acesso em: 11 set. 2017.
43
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Um dos programas que bem representa seus desses pilares necessários para
um compliance bem sucedido, ressaltando-se novamente a existência de outros
sistemas com outros componentes de compliance, é o apresentado pela LEC (Legal
Ethics Compliance), baseada nos requerimentos mínimos de um programa de
compliance de acordo com o §8b2.1 do Federal SentencingGuidelines(parâmetros e
regras utilizados pelo sistema judicial norte-americano para avaliar se uma
organização condenada, por sérios delitos e crimes no sistema de corte federal dos
Estados Unidos, possui programas de ética e compliance efetivos). Os pilares
garantidores de um programa de compliance efetivo de acordo com a LEC resumem
bem o que é adotar medidas e mecanismos em uma empresa com a finalidade de ser
compliance:22
22
SERPA, Alexandre; SIBILLE, Daniel. Os pilares do programa de compliance. Disponível em:
<http://conteudo.lecnews.com/ebook-pilares-do-programa-de-compliance>. Acesso em: 19 set. 2017.
44
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45
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23
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Portaria n. 784, de 28 de abril de 2016. Disponível em:
<http://www.cgu.gov.br/sobre/legislacao/arquivos/portarias/portaria_cgu_784_2016.pdf>. Acesso em:
10 set. 2017.
24
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Programa de Fomento à Integridade Pública (Profip).
Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/profip>. Acesso em: 10 set. 2017.
25
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Manual para Implementação de Programas de Integridade
Orientações para o setor público. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-
integridade/arquivos/manual_profip.pdf>. Acesso em: 11 set. 2017.
46
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26
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Adesões ao PROFIP. Disponível em:
<http://www.cgu.gov.br/noticias/2017/07/programa-de-fomento-a-integridade-recebe-adesao-da-
secretaria-de-agricultura-familiar/adesoes-ao-profip.pdf/view>. Acesso em: 11 set. 2017.
27
BRASIL. Ministério dos Transportes. Ministério dos Transportes adere ao Programa de Fomento à
Integridade Pública. Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/ultimas-noticias/3635-
minist%C3%A9rio-dos-transportes-adere-ao-programa-de-fomento-%C3%A0-integridade-
p%C3%BAblica.html>. Acesso em: 19 set. 2017.
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28
DEBBIO, Alessandra Del; MAEDA, Bruno Carneiro; AYRES, Carlos Henrique da Silva. Temas de
Anticorrupção e Compliance. São Paulo: Campus Elsevier, 2013.
29
BRASIL. Controladoria-Geral da União. CGU lança programa de incentivo à integridade para
ministérios. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/noticias/2016/04/cgu-lanca-programa-de-
incentivo-a-integridade-para-ministerios>. Acesso em: 20 set. 2017.
49
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4 CONCLUSÃO
31
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São Paulo: Saraiva,
2015.
51
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32
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Guia de implantação de programas de integridade nas empresas
estatais. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-
integridade/arquivos/guia_estatais_final.pdf>. Acesso em: 21 set. 2017.
33
BRASIL. Controladoria-Geral da União. CGU lança programa de incentivo à integridade para
ministérios. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/noticias/2016/04/cgu-lanca-programa-de-
incentivo-a-integridade-para-ministerios>. Acesso em: 20 set. 2017.
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DEBBIO, Alessandra Del; MAEDA, Bruno Carneiro; AYRES, Carlos Henrique da Silva. Temas de
Anticorrupção e Compliance. São Paulo: Campus Elsevier, 2013.
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REFERÊNCIAS
54
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São
Paulo: Saraiva, 2015.
SOUZA, Jorge Munhós de; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro. Lei Anticorrupção e temas
de compliance. Bahia: JusPodvm. 2015.
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Resumo
Abstract
This article consider the legal institutes of the Leniency Agreement, according
to Law No. 12,846/2013, and the plea-bargaining agreement, established in Law No.
12,850/2013. The study consider both institutes definitions, legal nature and main
characteristics, in order to develop about which branch of Law each agreement
belongs. This study describes the legislative development, for the purpose of
understanding the national legislations that inspired the creation of these institutes.
This paper also make some considerations about the legal proceedings that
collaborators and State’s legal staff must follow in these agreements, as well the
agreement effects and the legal benefits that both side hold due to the fulfillment of
the agreement. Afterwards, this paper critically analyzes the pros and cons of these
1
Aluno do curso de pós-graduação lato sensu de Direito Penal e Controle Social do Centro Universitário
de Brasília – UniCEUB/ICPD.
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two institutes, between them is the discussion about the ethical conflict for the State
purpose these agreements with law-breakers, that provides them a penalty reduction,
in exchange for information and documents that may help fight corruption.
Keywords: Leniency Agreement. Plea-bargaining Agreement. Fight against
corruption.
1 INTRODUÇÃO
2
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 23.
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3
GODOY, Marcelo; BRAMATTI, Daniel. Prisões por corrupção crescem. Disponível:
<http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,desde-2013-prisoes-por-corrupcao-crescem-
288,70001861023>. Acesso em: 1 nov.2017.
4
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 28.
59
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Tal ajuste pretende atrair para a pessoa jurídica infratora a redução das
penalidades previstas na LAC, em troca do oferecimento de informações e
documentos que permitam ao Estado, de forma célere, comprovar o ilícito sob
apuração e a identificar os demais envolvidos na infração.
60
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
6
Marrara sintetiza bem as características inerentes ao acordo de leniência no
âmbito da LAC:
Esse novo dispositivo da Lei 8.884/1994, possibilitava que a União, por meio
da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE) celebrasse acordo
de leniência com a extinção da ação punitiva ou a redução de 1/3 a 2/3 da penalidade
aplicável, com pessoas físicas e jurídicas que tivessem praticado infração (ou
infrações) à ordem econômica, com a condição de que auxiliassem nas investigações
e no processo administrativo, atendessem aos termos do ajuste e que dessa
colaboração resultasse: a identificação dos demais coautores da infração e a obtenção
6
MARRARA, Thiago. Comentários ao art. 16. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; MARRARA, Thiago
(Coord.). Lei Anticorrupção comentada. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 197.
61
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7
PESTANA, Marcio. Lei Anticorrupção. Barueri: Manole, 2016, p. 152.
8
CARVALHOSA, Modesto. Considerações sobre a Lei Anticorrupção das Pessoas Jurídicas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p 373.
9
CARVALHOSA, Modesto. Considerações sobre a Lei Anticorrupção das Pessoas Jurídicas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p. 374.
62
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Como se trata de uma Lei Nacional, vale destacar que esse diploma legal é
aplicável aos 3 Poderes Públicos das 3 esferas de governo. Assim, deve ser observada,
por exemplo, pelo Poder Executivo de um Estado específico ou pela Câmara de
Vereadores de determinado Município, podendo, estes entes, vir celebrar acordos de
leniência.
10
Simão e Vianna acreditam que o legislador acertou ao estabelecer a CGU
como competente para a celebração do acordo de leniência quando se trata de crimes
cometidos contra a Poder Executivo federal e contra a Administração Pública
estrangeira. Isso se dá porque, segundo esses autores, a CGU é um órgão que reúne,
além da expertise, o conjunto de atribuições legais para melhor promover a
negociação de acordos e teria melhores condições de conduzir o processo, seja
promovendo a responsabilização administrativa das pessoas jurídicas ou agentes
públicos que viessem a ser descobertos em razão da colaboração, seja pela
interlocução com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no casos em que
se encontre indícios de cometimento de infração penal.
11
Alguns doutrinadores, como Fidalgo e Canetti , comungam dessa mesma
opinião e entendem que a competência para celebrar acordos de leniência quando se
tratar dos Poderes Executivos estadual e municipal deve ser centralizada em órgãos
que, assim como a CGU, na esfera federal, sejam aqueles próprios de controle
interno já existentes ou a serem criados com o objetivo específico de aplicação da
12
LAC .
10
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017, p. 103.
11
FIDALGO, Carolina Barros; CANETTI, Rafaela Coutinho. Os acordos de leniência na Lei de Combate à
Corrupção. In: SOUZA, Jorge Munhós; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro (Org.). Lei Anticorrupção.
Salvador: Juspodivm, 2015.
12
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 270.
63
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
13
Carvalhosa , por sua vez, entende que a CGU deveria ser a responsável pela
celebração de todos os acordos de leniência nos planos estadual e municipal, bem
como nos demais Poderes, pois acredita que as autoridades máximas desses
(Prefeitos, Governadores, Ministros, Secretários de Estado, Presidentes dos
Tribunais, Presidentes da Câmara e do Senado, dentre outros) são susceptíveis – para
não dizer naturalmente vocacionadas – a serem atingidas pelos delitos corruptivos
praticados pela pessoa jurídica. Assim, essa autoridade máxima não seria imparcial o
suficiente para ser considerada competente para instaurar, julgar e muito menos
negociar e firmar pactos de leniência.
15
De acordo com Marrara , o Ministério Público Federal e o Estadual possuem
competência subsidiária para celebrar acordos de leniência. Segundo esse
doutrinador, o caput do art. 20, parte final, da LAC, prevê que na ação civil pública
movida pelo MP por ato de corrupção, pode-se solicitar tanto as sanções civis,
quanto a aplicação das administrativas, desde que constatada a omissão das
autoridades competentes para promover a responsabilização administrativa:
13
CARVALHOSA, Modesto. Considerações sobre a Lei Anticorrupção das pessoas jurídicas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
14
MARRARA, Thiago. Comentários ao art. 16. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; MARRARA, Thiago
(Coord.). Lei Anticorrupção comentada. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 207.
15
MARRARA, Thiago. Comentários ao art. 16. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella; MARRARA, Thiago
(Coord.). Lei Anticorrupção comentada. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 208.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Simão e Vianna16, por exemplo, explicam que na Lei Antitruste, essa exigência
tem sentido pois o acordo de leniência tem como objetivo principal a repressão à
prática de cartel, infração exclusivamente plurissubjetiva, ou seja, sempre existirá
mais de um agente infrator. Essa lógica, no entanto, não é aplicável na LAC, uma vez
que existem ilícitos que podem ser praticados de forma unilateral. Ayres e Maeda17
compartilham da mesma crítica, enquanto Fidalgo e Canetti18, ressaltam que a
norma não prevê a extensão de benefício algum para aqueles que se propuserem a
colaborar após a primeira denúncia.
16
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 119.
17
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 245.
18
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 271.
65
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19
PESTANA, Marcio. Lei Anticorrupção. Barueri: Manole, 2016. p. 166.
20
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 125.
66
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Por último, mas não menos benéfica para a pessoa jurídica pactuante, está
isenção ou diminuição das sanções relativas a licitação e contratos administrativos,
que são: a) advertência; b) multa; c) suspensão temporária de participação em
licitação e impedimento de contratar com a Administração Pública por prazo não
superior a 2 anos; e d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição
ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
penalidade.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Simão e Vianna21 sugerem que a LAC poderia ter previsto um benefício maior
à pessoa jurídica pactuante, qual seja, a isenção total das sanções administrativas.
Para tanto, a infratora deveria possuir um sistema interno de integridade eficiente,
capaz de identificar de forma antecipada a ocorrência de um ilícito, investigá-lo
minuciosamente, e comunicar tempestivamente às autoridades. Vê-se que, mesmo
agindo com toda a cautela, em razão responsabilidade objetiva que é prevista na lei, a
pessoa jurídica lesadora será penalizada, tendo, apenas, suavizadas as sanções que lhe
serão aplicadas.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
É relevante registrar que a LAC prevê, em seu art. 22, que a pessoa jurídica
infratora deve ser incluída no Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP), rol
público que reúne e dá publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades
dos Poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário de todas as esferas de governo.
Nesse cadastro deve constar, dentre outros dados, a sanção e a data de validade da
penalidade. Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a LAC determina
que essa informação conste no CNEP.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
70
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
que lhe serão aplicadas em razão do cometimento de delitos em comum com uma
organização criminosa, sendo que em troca desse benefício auxilie a desbaratar o
grupo criminoso que integrava.
71
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Dois meses depois, o mesmo instituto jurídico foi incluído também no art. 25
da Lei n. 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), por
meio da Lei n. 9.080/1995, o § 2º que invocava que nos crimes previstos nesta Lei,
cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de
25
BRASIL. Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm>. Acesso em: 15 out. 2017.
26
BRASIL. Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm>. Acesso em: 15 out. 2017.
27
BRASIL. Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9034.htm>. Acesso em: 15 out. 2017.
72
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
73
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
recuperação total ou parcial do produto do crime, de ter sua pena reduzida de 1/3 a
2/3.
30
COSTA, Leonardo Dantas. Delação Premiada: a atuação do Estado e a relevância da voluntariedade do
colaborador com a Justiça. Curitiba: Juruá, 2017. p. 101.
74
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O Juiz, de acordo com o art. 4º, §§ 6º e 7º, não participa das negociações,
preservando-se imparcial no processo. O papel do magistrado restringe-se, apenas, a
homologar ou não o pacto firmado entre as partes, desde que verificadas sua
regularidade, legalidade e voluntariedade do investigado ou acusado.
31
COSTA, Leonardo Dantas. Delação Premiada: a atuação do Estado e a relevância da voluntariedade do
colaborador com a Justiça. Curitiba: Juruá, 2017. p. 119.
75
CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Quanto aos benefícios que podem ser concedidos ao colaborador, estes estão
previstos no caput do art. 4º, que são: perdão judicial, redução da pena privativa de
liberdade em até 2/3 ou a substituição dela por pena restritiva de direitos. Aqui, vale
a crítica de Maciel33 de que teria sido mais adequado que lei trouxesse o mínimo legal
de redução da pena, pois, da forma como está redigida, em tese, seria possível a
redução em apenas um dia.
32
MACIEL, Alexandre Rorato. Crime organizado: persecução penal e política criminal. Curitiba: Juruá,
2015. p. 201.
33
MACIEL, Alexandre Rorato. Crime organizado: persecução penal e política criminal. Curitiba: Juruá,
2015. p. 196.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
34
MASSON, Cleber; MARÇAL, Vinícius. Crime organizado. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 130.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
Com base nessa identidade dos dois institutos, vale trazer algumas críticas
favoráveis e contrárias que podem aplicadas a ambos.
Bittencourt e Busato38 chamam atenção para o fato de que, ainda que seja
possível afirmar ser mais positivo moralmente estar ao lado da apuração do delito do
que de seu acobertamento, é arriscado apostar que tais informações, oriundas de
uma traição, não possam ser elas mesmas traiçoeiras em seu conteúdo.
35
PESTANA, Marcio. Lei Anticorrupção. Barueri: Manole, 2016. p. 150-152.
36
SIMÃO, Valdir Moysés; VIANNA, Marcelo Pontes. O Acordo de Leniência na Lei Anticorrupção:
histórico, desafios e perspectivas. São Paulo: Trevisan Editora, 2017. p. 93-96.
37
BITENCOURT, Cezar Roberto; BUSATO, Paulo César. Comentários à Lei de Organização Criminosa:
Lei n. 12.850/2013. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 116-117.
38
BITENCOURT, Cezar Roberto; BUSATO, Paulo César. Comentários à Lei de Organização Criminosa:
Lei n. 12.850/2013. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 117-118.
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CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: LEI ANTICORRUPÇÃO
2) Ao mesmo tempo em que se defende que o uso dos acordos premiados pode ferir
a proporcionalidade na aplicação da pena, pois o delator recebe pena menor que os
delatados (autores de condutas tão graves quanto as dele), não se pode considerar
eventual desproporcionalidade ou desarmonia na aplicação da pena, pois esta é
regida, basicamente, pela culpabilidade (juízo de reprovação social), que é flexível.
Réus mais culpáveis devem receber penas mais severas. O delator, ao colaborar com
o Estado, demonstra menos culpabilidade, portanto, pode receber sanção menos
grave;
3) Sustenta-se que a traição, como regra, serve para agravar ou qualificar a prática de
crimes, motivo pelo qual não deveria ser útil para reduzir a pena; no entanto, o crime
praticado por traição é grave, justamente porque o objetivo almejado é a lesão a um
bem jurídico protegido; a delação seria a traição com bons propósitos, agindo contra
o delito e em favor do Estado Democrático de Direito;
4) Não se pode trabalhar com a ideia de que os fins justificam os meios, na medida
em que estes podem ser imorais ou antiéticos, todavia, pode-se considerar que esses
mesmos fins podem ser justificados pelos meios, quando estes forem legalizados e
inseridos, portanto, no universo jurídico;
39
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. v. 2. p. 728-
729.
79
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5) A delação premiada, do jeito como delineada, não serviu até o presente momento
para incentivar a criminalidade organizada a quebrar a lei do silêncio, mas a
ineficiência atual do acordo de colaboração condiz com o elevado índice de
impunidade reinante no mundo do crime, bem como ocorre em face da falta de
agilidade do Estado em dar efetiva proteção ao réu colaborador;
Cumpre ressalvar que a última crítica contrária aos acordos ora estudados,
destacada acima, – possibilidade de o Estado premiando o acordante, incentivaria a
propagação de delações falsas – não procede de forma alguma. Isso porque, como já
se viu, a natureza jurídica dos pactos analisados neste trabalho é de “meio de
obtenção de provas” e não de provas finais e completas. Tratam-se de formas de se
obter documentos e informações relevantes à investigação que permitam alcançar
evidências materiais para atingir o objetivo legal, que são: a) no caso da LAC, a
identificação dos demais infratores envolvidos, quando houver, e obtenção de
documentos e informações que comprovem o ilícito em apuração; e b) no caso da
LCO, a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e
das infrações penais cometidas; revelação da estrutura hierárquica e divisão de
tarefas; prevenção contra novas infrações penais; recuperação total ou parcial do
produto ou proveito do crime; e localização de eventual vítima com sua integridade
física protegida.
80
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5 CONCLUSÃO
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40
FERNANDES, Fernando Andrade; GOMES, Ana Cristina. Acerca da experiência brasileira com o
instituto da delação premiada. Expectativas político-criminais transmudadas em políticas públicas
criminais. Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal, São Paulo, n. 76, fev-mar, 2017. p. 47.
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REFERÊNCIAS
MARRARA, Thiago. Comentários ao art. 16. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella;
MARRARA, Thiago (Coord.). Lei Anticorrupção comentada. Belo Horizonte:
Fórum, 2017.
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