No Laboratório e Na Clínica

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CAD/CAM

NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA
a odontologia digital
Coordenadores
Joubert Magalhães de Pádua e Ricardo França Teles
01
018
Preparos Protéticos em Dentes Posteriores
para Sistemas CAD/CAM
José Carlos Garófalo / Stephanie Assimakopoulos Garófalo
Gustavo Escudeiro da Silva / Roberto Salles Zangirolami

02
052
Materiais para Sistemas CAD/CAM
Eduardo Mota

03
062
Cimentação Adesiva de Restaurações
Produzidas por Sistemas CAD/CAM
Leandro Augusto Hilgert / João Christovão Palmieri Filho

04
082
Reabilitação Oclusal Chairside:
A Biocópia da Plástica Oclusal
João Christovão Palmieri Filho / Ricardo França Teles / Roberto Wagner Miake
Paula de Carvalho Cardoso / Rafael de Almeida Decurcio

05
102
RVG – Reabilitação Virtual Guiada
Alex Antônio Maciel de Oliveira

06
132
Alta Performance em Odontologia: A Importância do
Sistema CAD/CAM para a Previsibilidade Estética
José Olavo Mendes / José Vitor Quinelli Mazaro / Claudio Leonardo Andrade / Valdir Ferreira Gonçalves
Fernanda Almeida de Azevedo / Cristiano Xavier / Telmo Rodrigues dos Santos

07
174
Facetas Laminadas e Lentes de Contato pelo
Sistema CEREC
Vinicius Brigagão / Sérgio Meiga

08
216
Reabilitação em Área Estética com Tecnologia CAD/CAM
e Fluxo de Trabalho Totalmente Digital
Fabricio Daniel Finotti Guarnieri / Paulo Eduardo Ferraz Bottura Filho / Patrícia F. J. S. da Cunha
Ronaldo Figueira / Auyber Piovezam
Restauração de Implantes com Sistemas
CAD/CAM: Opções Terapêuticas 09
236
Fernando Peixoto Soares / Ariana Soares Rodrigues
Ricardo França Teles / Joubert Magalhães de Pádua

O Que Fazer Antes e Após a Fresagem?


Rodrigo Bicalho Queiroga 10
268

Experiência de Cinco Anos de Utilização do Sistema


CEREC – Benefícios e Dificuldades Encontradas 11
302
Flávio Domingues das Neves / Célio Jesus do Prado / Frederick Khalil Karam / Caio César Dias Resende
Lucas do Nascimento Tavares / Thiago de Almeida Prado Naves Carneiro / Franco Rocha Villela

Integração Diodo Laser Cirúrgico com CAD/CAM:


Sistema CEREC "ChairSide" 12
324
Luís Mário de Melo Lopes / Luciana Almeida-Lopes
Marília Wellichan Mancini / Priscila Freire de Melo Lopes

Planejamento Virtual e Cirurgia Guiada


Rogério Margonar / Eduardo Mukai / Daniel Kayatt / Aline Cristina de Oliveira
João Marcelo Meirelles Rodrigues / Thallita Pereira Queiroz
13
350

O CAD/CAM e a Ortodontia Moderna


Daniela Aggio / Kenia Regina Silva / Inês Horie Bellini Pereira 14
366

Casos Clínicos: Galeria Digital


Roberto Wagner Miake / Ricardo França Teles 15
386

SUMÁRIO
AUTORES
Vinicius Brigagão / Sérgio Meiga

Facetas Laminadas e Lentes


de Contato pelo Sistema CEREC
07
CAPÍTULO

C riadas como um artifício cinematográfico no iní-


cio do século XX, mais precisamente em 1938, por
Charles Pincus, as facetas surgiram com o objetivo
de melhorar o aspecto do sorriso dos atores durante
as filmagens. Nesta época, elas eram fixadas com um adesivo e
removidas, já que o processo de colagem não era seguro, haja vis-
ta que o condicionamento ácido de esmalte só foi descoberto em
1955 e os adesivos dentinários na década de 60. Hoje, a literatu-
ra é farta e os resultados desta técnica são previsíveis e convin-
centes. Logicamente, alguns fatores são capazes de influenciar
positiva e negativamente a técnica, como a maior preservação
possível de esmalte para adesão e o controle de parafunções,
respectivamente. Quando bem controlados, esta abordagem res-
tauradora apresenta índices de sucesso superiores a 82% após 20
anos em função, de acordo com um estudo realizado por Beier1
em 2012. Em uma revisão sistemática realizada por Morimoto et
al.2, os casos de falhas mais comuns são lascamento (chipping)
ou fraturas da restauração (4%), descimentação (2%), mancha-
mento marginal (2%) e cáries secundárias (1%). Diversas téc-
nicas e materiais para confecção destas restaurações têm sido
aplicados ao longo destes quase 80 anos e, apesar da grande
variedade, as cerâmicas feldspáticas e vítreas são as mais in-
dicadas devido às suas características de condicionamento, que
aumentam a resistência de união ao elemento dental.
003

WORKFLOW NO CEREC fresagem, seguida da marcação no odontogra-


ma dos elementos envolvidos no caso a ser rea-
FASE DE ADMINISTRAÇÃO
lizado. É importante salientar que só é possível
Na etapa inicial do software, após cadastro do selecionar a opção faceta para restaurações até
paciente, deve ser selecionado o tipo de restau- o primeiro pré-molar de cada quadrante. Para
ração, o modo de design, o material de escolha facetas nos dentes a partir de segundo pré-mo-
para confecção da restauração e a unidade de lar, devemos marcar como inlay/onlay.

TIPO DE MODO DE DISPOSITIVO DE


MATERIAL
RESTAURAÇÃO DESIGN FRESAGEM

01 | Workflow da fase de Administração.


CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

B C

02 A-C | Seleção do tipo de restauração e modo de desenho (A). Marcação dos elementos 14 a 24 (B). Marcação como inlay/onlay nas facetas do 15 ao 25 (C).
aodontologiadigital
O MODO DE DESENHO DA RESTAURAÇÃO
CÓPIA BIOGENÉRICA
Apesar de necessitar de uma fase laboratorial adicio-
nal, este modo de desenho é nossa preferência para
este tipo de restauração por apresentar resultados
mais previsíveis e necessitar de menos tempo para
edição da forma das restaurações, principalmente em
se tratando de confecção de restaurações chairside,
onde a economia de tempo é fundamental. Todos os A
casos que serão apresentados ao longo deste capítulo
foram realizados a partir deste modo de desenho.

BIOGENÉRICO INDIVIDUAL
Neste processo de construção, é analisada a captura
de imagens e, com base nesta informação, é calcula-
da uma sugestão de restauração. A edição da restau-
ração, como em qualquer modo de desenho, é livre.
Além disso, é possível realizar a variação do biogené-
rico, onde o banco de dados de anatomias presente
no software possibilita a mudança para até 100 dese- B
nhos diferentes da restauração. Cabe salientar que a
proposta dada pelo software sempre vai ser a propos-
ta 020 e esta pode variar de 0 a 100 (Figuras 03A,B).

BIOJAW (MANDÍBULA BIOGENÉRICA)


Nas versões mais recentes do software (4.4 em diante)
encontra-se disponível uma nova opção de controle e
edição das propostas. Ao ativar o Biojaw, duas ferra-
mentas se abrem para a realização do desenho das res-
taurações (Figura 03C).
I. Morfologia (Figuras 03D e 04A,B)
§§ Formas básicas – esta ferramenta permi- C
te, para dentes anteriores, a escolha entre formas
triangular, ovoide e quadrada.
§§ Banco de dentes (PREMIUM) – esta ferra-
menta, disponível para dentes anteriores e posterio-
res, permite a seleção de catálogos de forma similar
às cartas molde de dentes para próteses removíveis.
Estão disponíveis no sistema diversos modelos das
marcas Candulor, Merz e Vita (Figuras 04C-E).
II. Posicionamento (Figuras 04F,G)
§§ Esta ferramenta permite mover e escalonar a
proposta (desabilitando a caixa proposta adaptada)
antes desta ser calculada em relação às margens do
preparo, e esta posição determinada será respeitada. D

03 A-D | Proposta 0,20 do biogenérico individual. Este número é


sempre a primeira proposta dada pelo software (A). Variação do
biogenérico para a proposta 0,35 (B). Mandíbula biogenérica (C).
Forma triangular (D).
004
005

A B

C D
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

E F G

04 A-G | Forma ovoide (A). Forma quadrada (B). Um dos modelos da Candulor (C). Um dos modelos da Merz (D). Um dos modelos da Vita (E). Ferramenta de
posicionamento (F,G).
aodontologiadigital
MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE após a fresagem, podendo ser apenas polidos e
FACETAS LAMINADAS cimentados; no entanto, caracterizações exter-
nas podem ser realizadas com a aplicação de
A seguir serão mostradas, resumidamente, as
pigmentos na superfície da restauração e, em
possibilidades de blocos e materiais para as fa-
seguida, deve ser realizado o glazeamento.
cetas laminadas.
Tamanho dos blocos para restaurações uni-
tárias cerâmicas.

INDICAÇÃO DIMENSÕES INDICADO


CÓDIGO
PRINCIPAL (mm) PARA FACETAS

I8 Inlays/Onlays 8 x 8 x 15 Não

I 10 Inlays/Onlays 8 x 10 x 15 Não

I 12 Inlays/Onlays 12 x 12 x 15 Sim A

C 14 Coroas 12 x 14 x 18 Sim

C 14 L Coroas 14 x 14 x 18 Sim

PORCELANA FELDSPÁTICA
O mais antigo material cerâmico utilizado em
Odontologia também é o material mais utiliza-
do no sistema CEREC3, totalizando mais de 14
milhões de restaurações produzidas. A apresen-
tação em forma de blocos para fresagem possui
alta densidade devido ao tamanho reduzido das
partículas, consequentemente com resistência B
significativamente superior (aproximadamente
150Mpa) à apresentação tradicional em pó-líqui-
do aglutinante (cerca de 80Mpa), que é usada
para a técnica tradicional de estratificação so-
bre uma substrutura, ou aplicação sobre troquel
refratário.. Disponível em blocos monocromáti-
cos com diferentes graus de translucidez (alto,
baixo e opaco) ou policromáticos, com variações
de translucidez no mesmo bloco, são simples de
C
usar e não requerem processamento térmico
05 A-C | CEREC Blocs. Porcelana feldspática policromática (A). Restauração
virtualmente posicionada no bloco policromático (B). Restauração fresada (C).

006
007

LEUCITA segura para restaurações anteriores com alta


exigência estética4,5. Apresentações comerciais
Ligeiramente mais resistente que a porcelana
para este material são o Empress Esthetic e o
feldspática tradicional, este material apresenta
aproximadamente 50% de cristais de leucita em Empress CAD, sendo o primeiro para o processo
sua fase vítrea de alumino-silicato. Sua fase cris- tradicional de injeção e o segundo para a tecno-
talina cresce no interior da fase vítrea através logia CAD/CAM. Assim como a porcelana felds-
de um processo conhecido como cristalização pática, pode ser somente polido após a fresagem
controlada. Este processo gera cristais com ta- e cimentado. Entretanto, resultados estetica-
manhos regulares que garantem propriedades mente mais agradáveis são conseguidos quando
ópticas excepcionais, tornando-o uma opção caracterizações extrínsecas são realizadas.

A
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

06 A,B | Empress CAD Multi (A). Preparos. Observe a diferença na quantidade de desgaste de uma faceta preexistente e os preparos atuais para
lentes de contato (B).
aodontologiadigital
A B

07 A-D | Escaneamento (A). Desenho das restaurações (B). Restaurações finalizadas (C,D).

008
009

B C
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

D E

08 A-E | Espessura de 0,2 mm (A). Restaurações cimentadas (B). Textura superficial obtida (C). Aspecto extraoral direito (D). Aspecto extraoral esquerdo (E).
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DISSILICATO DE LÍTIO (LS2) os blocos deste material são disponibilizados
em uma fase pré-cristalizada, com coloração
A presença de 70% de fase cristalina desta
lilás, que permitem o desgaste na fresadora
cerâmica vítrea promove boas características
ópticas associadas a uma boa resistência fle- de maneira mais rápida sem forçar os moto-
xural (360 a 400MPa), tornando este material res e diminuir a vida útil das brocas. Após o
extremamente versátil5,6. Comercialmente processo de fresagem, é necessário um ciclo
disponível pelos nomes E-Max Cad (Ivoclar) térmico de cristalização a 840°C que dura cer-
e Rosetta SM (Hass), apresentam diferentes ca de 25 a 30 minutos para que os cristais de
graus de translucidez: HT – Alta translucidez, dissilicato de lítio se formem e o material ad-
LT – Baixa translucidez e MO – Opacidade quira as propriedades mecânicas e a cor des-
média. Para facilitar o processo de fresagem, critas pelo fabricante.

09 | Dissilicato de lítio – E - Max CAD.

010
011

SILICATO DE LÍTIO REFORÇADO POR de cristalização é necessário para o Suprinity


ZIRCÔNIA (ZLS) pois, assim como os blocos de dissilicato de lítio
(E-Max Cad e Rosetta SM), ainda não se obteve
Esta nova categoria de materiais cerâmicos
a coloração final. Para o Celtra, a cristalização é
disponível atualmente pelas marcas Suprinity opcional para CeltraDuo pois este já se apresen-
(Vita) e CeltraDuo (Dentsply-Sirona) caracteri- ta com a tonalidade do bloco pronta para uso.
za-se pela adição da zircônia (cerca de 10% em Após a definição de todos os aspectos pré-
peso) na matriz vítrea de silicato de lítio, garan- -clínicos na fase de administração do sistema,
tindo um aumento na resistência mecânica, que dá-se início aos procedimentos de execução pro-
chega até 420Mpa. Após a fresagem, o processo priamente dita.

A B

10 A,B | Silicato de lítio reforçado por zircônia. Suprinity (A), Celtra Duo (B).

NOME RESISTÊNCIA PROCESSAMENTO GRAUS DE


COMPOSIÇÃO CORES MULTICAMADAS
COMERCIAL (MPA) TÉRMICO TRANSLUCIDEZ
T (translúcido)
CEREC blocs 154 Não Padrão Vita Classical Não M (médio)
O (opaco)**
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

Porcelana CEREC blocs PC 154 Não Padrão Vita Classical Sim - 4 Não se aplica
feldspática Padrão Vita Classical /
Triluxe 154 Não Sim - 3 Não se aplica
3D Master
Padrão Vita Classical /
Triluxe forte 154 Não Sim - 4 Não se aplica
3D Master
Padrão Vita Classical / HT (Alta translucidez)
Empress Cad 160 Não Não
Bleach LT (Baixa translucidez)
Leucita
Empress Cad Padrão Vita Classical /
160 Não Sim Não se aplica
Multi Bleach
HT (Alta translucidez)
Padrão Vita Classical /
E-Max Cad 360 Sim Não LT (Baixa translucidez)
Bleach
MO (Média opacidade)**
Dissilicato de lítio
HT (Alta translucidez)
Padrão Vita Classical /
Rosetta* 440 Sim Não LT (Baixa translucidez)
Bleach
MO (Média opacidade)**
Padrão Vita Classical / HT (Alta translucidez)
Silicato de lítio Suprinity 420 Sim Não
3D Master T (Média translucidez)
reforçado por
zircônia 210 (polido) HT (Alta translucidez)
Celtra Duo Opcional Padrão Vita Classical Não
370 (cristalizado) LT (Baixa translucidez)
TAB. 01 | Quadro comparativo dos materiais disponíveis para restaurações cerâmicas unitárias.

* Este material não está disponível na administração do sistema CEREC/InLab


** Não indicado para facetas monolíticas
aodontologiadigital
OS 10 PASSOS a fresadora não realiza desgastes internos
adicionais com o objetivo de evitar contatos
A fabricação de restaurações utilizando siste-
internos da restauração nas irregularidades
mas CAD/CAM chairside é sempre um desa-
da superfície de um preparo; sendo assim,
fio, principalmente quando se trata de facetas
os cuidados com o preparo são fundamentais
laminadas. A presença do paciente na cadeira
para se evitar uma grande quantidade de
durante o processo traz ao clínico pouca ou
ajustes internos.
nenhuma tolerância a erros. Por esta razão, o
De maneira didática, iremos abordar ao
cuidado com todas as etapas de produção per-
longo deste capítulo os detalhes fundamentais
mite a obtenção de resultados satisfatórios em
que fazem diferença nas etapas de planeja-
curto prazo de tempo e prognóstico favorável
mento, clínicas, de software e de acabamento
a longo prazo.
pós-fresagem. Ao todo, serão dez etapas a se-
Para se obter a previsibilidade de resulta-
rem consideradas. A fase final, de cimentação,
do, torna-se necessária a compreensão do modo
não será mencionada aqui pois será discutida
de funcionamento do sistema. Como qualquer
em maiores detalhes em outro capítulo.
processo mecanizado, é menos tolerante a er-
ros; sendo assim, podemos dizer que o resulta-
1 – PLANEJAMENTO E PREPARO
do final de fresagem está diretamente ligado à
maneira que você abastece o sistema com in- Certamente um dos principais fatores a se-
formações. Resumidamente, a fresadora (CAM) rem considerados é o preparo do elemento
põe para fora o reflexo das informações que são dental. Se realizado corretamente, de acor-
postas para dentro (CAD). do com o planejado para o caso, é possível
Uma particularidade das facetas lamina- conseguir restaurações com grau excelente
das reside no método de fresagem. Ao selecio- de adaptação com mínimo desgaste. Já esta-
nar na administração uma restauração do tipo belecido há algum tempo7,8,9, a redução den-
faceta, ativa-se o método veneer de fresagem tária deve ser feita de acordo com o volume
que tem duas características principais: a pri- da restauração pretendida, mas os desenhos
meira delas é a utilização invertida das bro- básicos de preparações existem e devem ser
cas. Exemplo: para uma coroa cerâmica, utili- corretamente indicados.
za-se o conjunto de brocas 12 – Cylinder Bur A evolução dos materiais cerâmicos e sis-
(12S) no motor direito e Step Bur (12 ou 12S) temas adesivos permitiu a criação de preparos
no motor esquerdo que são, respectivamente, cada vez mais conservadores e, por conta dis-
responsáveis pela fresagem das porções exter- so, é possível hoje a confecção de belas restau-
na e interna da restauração. No modo veneer, rações com o mínimo de desgaste de estrutura
o eixo principal onde fica preso o bloco faz um dental sadia. A figura 06B mostra nitidamente
giro de 180°, a broca Step é responsável pela isso, onde após a remoção da restauração anti-
fresagem externa e a Cylinder pela interna. A ga verificou-se que o elemento 11 foi preparado
versão atual do sistema permite a utilização seguindo-se a técnica tradicional de preparos
das brocas extrafinas (12 EF Burs), mas, ape- para facetas e os elementos 12, 21 e 22 foram
sar da melhoria da adaptação, torna a fresa- preparados seguindo-se os conceitos atuais de
gem mais longa. odontologia minimamente invasiva.
Por esta razão, consideramos importan- De forma geral, os principais questiona-
te saber como o sistema trabalha para que mentos do clínico no desenho do preparo se re-
se possa obter bons resultados independen- lacionam à necessidade e forma de preparo da
temente do uso das brocas extrafinas. Outro borda incisal, ao envolvimento das faces proxi-
fator importante é o fato de que esse método mais e à necessidade de extensão intrassulcu-
ignora a geometria do instrumento, ou seja, lar. Discutiremos estes fatores a seguir.

012
013

B C
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

11 A-D | Caso inicial (A). Enceramento diagnóstico (B). Escaneamento do modelo encerado para biocópia (C). Mock-up (D).
aodontologiadigital
A B

C D

E F

12 A-G | Avaliação da quantidade de desgaste de acordo com o index do enceramento (A,B). Modelo híbrido (C). Proposta de restaurações pela cópia do
enceramento (D). Condicionamento ácido (E). Restaurações cimentadas (F). Vista intraoral do caso finalizado (G).

014
015

PREPARO INCISAL §§ maior necessidade de ajustes internos já


que no modo veneer o sistema ignora a geome-
O envolvimento da borda incisal é bastante co-
tria do instrumento nos parâmetros de fresagem;
mum tendo em vista que grande parte dos tra-
§§ maior fragilidade da restauração na re-
tamentos com facetas envolve o aumento da pro-
gião da interface palatina, que é a área de maior
jeção incisal e, por esta razão, preparos apenas concentração de tensões e, portanto, mais sus-
vestibulares (em janela) são menos frequentes. cetíveis à fratura após a cimentação.
Quando indicados, os preparos em janela são in- Desta forma, o tipo de preparo de cobertura
teressantes pois são os que apresentam menor em topo se torna o mais adequado. Uma adequa-
necessidade de ajustes. Quanto ao envelopamen- ção de sua geometria às necessidades do sistema
to da borda incisal, consideramos desnecessário se faz necessária, onde a aresta formada entre a
por trazer algumas desvantagens como: face vestibular do preparo e a borda incisal do
§§ obrigação da criação de um eixo de inser- mesmo deve estar mais apical em relação à aresta
ção incisal; formada entre a borda incisal e a face palatina.

A B C D
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

13 A-D | Esquemas de desenhos de preparos para facetas laminadas: Janela (A), Cobertura em topo (B,C) e Chanfro palatino (Envelopamento incisal) (D). Os
exemplos C e D devem ser evitados.
aodontologiadigital
ENVOLVIMENTO DAS FACES PROXIMAIS Além das questões relativas ao desenho,
as ferramentas utilizadas para a redução do
A indicação do envolvimento das faces proxi-
elemento dental colaboram significativamente
mais se justifica em casos de fechamentos de
para obtenção de preparos bem feitos. Torna-se
diastemas, triângulos negros e modificações
importante salientar que nenhuma ferramen-
morfológicas maiores. Devido às característi-
ta irá se refletir em um bom trabalho se não
cas atuais do sistema, nestas situações, quan-
houver treinamento suficiente daquele que a
do o preparo estende-se palatinamente em
opera. A seguir, serão apresentadas algumas
relação à região de contato proximal, criando
opções que visam facilitar a vida do operador.
assim a necessidade de um eixo de inserção
por incisal, recomendamos modificar o tipo de
MAGNIFICAÇÃO
restauração na fase “administração” marcando
coroa em vez de faceta. Esta opção nos dá mais A utilização de instrumentos para aumento das
parâmetros de desenho e fresagem e produz imagens facilita a visualização de detalhes e au-
restaurações com melhor adaptação. xilia a ergonomia. Existem, basicamente, duas
formas de se conseguir a magnificação: através
EXTENSÃO INTRASSULCULAR de lupas, que podem ter os mais variados graus
de aumento, ou de microscópios clínicos. Apesar
Interfaces localizadas dentro do sulco gengival
da maior magnificação ser conseguida pelo mi-
estão indicadas para facetas que visam modifi-
croscópio, a necessidade de um período menor
car o contorno do elemento dental, para casos
de adaptação, o menor valor de investimento e
de alteração de cor e em casos de fechamento
a portabilidade tornam as lupas as ferramentas
de grandes diastemas. Excetuando estas situa-
preferidas da maioria.
ções, o término pode ser localizado ao nível ou
levemente supragengival.

A B

14 A,B | Lupa (A) e microscópio para magnificação das imagens (B).

016
017

CONTRA-ÂNGULOS
MULTIPLICADORES
A B C
Este dispositivo, como o pró-
prio nome diz, multiplica em
cerca de 5 vezes (de acordo
com o fabricante) a rotação do
motor ao qual ele está conec-
tado, garantindo um controle
maior da quantidade de des-
gaste. Podem ser utilizados na
fase de acabamento ou para
realizar todo o preparo. Diver-
sas marcas comerciais estão
disponíveis e oferecem como-
didades como botão de engate
rápido das brocas e ilumina-
ção (Figuras 15A-E).
D E
CONTRA-ÂNGULOS
OSCILATÓRIOS
Esta peça de mão, em vez de um
movimento rotativo, faz com
que ponta se mova para trás e
para frente. Foi concebida para
polir e moldar restaurações em
locais difíceis de alcançar, po-
rém, em preparos para facetas,
podem ser bastante úteis para
rompimento de contato proxi-
mal, para realizar pequenas
CAD/CAM NO LABORATÓRIO E NA CLÍNICA

alterações no contorno do ele-


mento dental, inserir o término
cervical no sulco gengival e faci-
litar remoção de excessos de ci-
F G
mento sem desgastar o dente ou
seu adjacente. Estão disponíveis
com uma seleção de lixas de po-
limento com diferentes granula-
ções (Figuras 15F-H).

15 A-H | Contra-ângulos multiplicadores (A-E). Contra-ângulos oscilatórios (F-H).


aodontologiadigital
MICROMOTOR ELÉTRICO opção de micromotor, e além do alto torque já
mencionado, uma sensível diminuição do ruído
Unidades elétricas, em vez de ar comprimido,
garantem alta precisão de corte e alto torque é observada ao se utilizar este equipamento.
mesmo em baixas rotações. Estas unidades po- Portanto, associado aos instrumentos descritos
dem ser portáteis ou instaladas diretamente no acima, torna praticamente dispensável o uso
equipo. Diversas marcas disponibilizam esta das turbinas de alta rotação.

16 A,B | Unidade de controle do motor elétrico Bien-Air (A). Unidade de controle do motor elétrico W&H (B).

018
ISBN 978-85-480-0014-0

www.napoleaoeditora.com.br

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