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Anestesiologia - Anestesia Equina A Campo

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Curso de Anestesia

em Equinos a Campo

REALIZAÇÃO:

Professores:

Prof. André Lang


Mestre em Medicina Veterinária
Doutorando em Medicina Veterinária (UFV)
Especialista em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais

Prof Luiz Gonzaga Pompermayer


Professor associado UFV
Professor Univiçosa.

VIÇOSA-MG

2010
1
Índice

1 – Indicações de Anestesia Local e Geral ..................................3


2 – Anestesia Intravenosa Total em Equinos ...............................4
2.1 – Escolha dos Agentes Injetáveis ..........................................5
3 – Protocolos Anestésicos .........................................................9
3.1 – Técnicas para Anestesia Injetável no Campo ....................9
4 – Localização de Pontos para Anestesia Local ......................15
5 – Complicações e Cuidados ...................................................17
6 – Referências Bibliográficas ....................................................19
Anexo I .......................................................................................20

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1- Indicações de Anestesia Local e Geral

A anestesia local em eqüinos tem como principais indicações o uso em


pequenos procedimentos cirúrgicos, complementação da anestesia geral ou
para diagnóstico de claudicação.
Uma desvantagem da anestesia local é a movimentação do animal, que
pode dificultar o procedimento cirúrgico. O uso de um sedativo/tranqüilizante
auxilia na contenção. Entre as vantagens está a redução no custo e menores
alterações na homeostasia do organismo em relação à anestesia geral.
Entre procedimentos que podem ser realizados com tranqüilização e
anestesia local estão: orquiectomia, tenotomias, neurectomias,
miotenectomias, exérese de fregmentos ósseos, enucleação, remoção de
neoplasias superficiais, suturas de feridas, remoção de corpos estranhos,
laparotomias pelo flanco, entre outras. Alguns procedimentos devem ser
preferencialmente realizados com o cavalo sob anestesia geral em virtude da
melhor aplicação da técnica operatória necessária e segurança do animal e
pessoal envolvido.
A anestesia geral é indicada para promover contenção segura em
procedimentos no cavalo em decúbito, tanto cirúrgicos (ex: orquiectomias)
como diagnósticos (ex: exames radiográficos) e em casos de procedimentos
cirúrgicos maiores, quando a anestesia local não é suficiente, mesmo
associada a tranqüilizantes.
Procedimentos que envolvem o acesso a cavidades (ex: laparotomias na
linha mediana, artrotomias) ou tratamento cirúrgico de fraturas são realizados
em centros cirúrgicos tanto pela menor contaminação ambiental, como a
facilidade de manutenção anestésica por via inalatória para oferecer maior
período hábil.
A anestesia geral intravenosa no campo é indicada nos casos de
cirurgias menos invasivas e que possam ser realizadas em um período entre
60 e 90 minutos. Dentre elas pode-se citar: orquiectomia, criptorquiectomia,
herniorrafia umbilical, tenotomias, desmotomias, neurectomias,
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miotenectomias, exérese de fragmantos ósseos (matacarpianos acessórios),
enucleação, remoção de neoplasias superficiais, sutura de feridas extensas,
remoção de corpos estranhos, entre outras.

2 – Anestesia Intravenosa Total em Equinos

A anestesia intravenosa total (AIVT) é uma anestesia geral e, portanto


deve promover hipnose, analgesia e relaxamento muscular. Esses efeitos são
alcançados quando dois ou mais agentes são combinados para produzir os
efeitos desejados. Em equinos adultos, a anestesia é facilmente induzida com
os agentes intravenosos disponíveis atualmente, e pode ser mantida por curtos
períodos, pelas mesmas drogas utilizadas na indução ou com o acréscimo de
outras. Praticamente todas as associações anestésicas intravenosas utilizadas
em equinos são baseadas em dois tipos de anestésicos: os dissociativos como
a cetamina e a tiletamina e os barbitúricos como o tiopental. A indução e a
manutenção da anestesia intravenosa no equino sofrem grande influência da
premedicação utilizada e muitas vezes, essa premedicação faz parte também
da associação preparada para a manutenção anestésica.
A anestesia intravenosa em equinos é vantajosa principalmente para os
profissionais que trabalham no campo, pois não exige equipamentos especiais
para sua administração e por isso pode ser executada fora do centro cirúrgico.
É vantajosa também por produzir menor depressão cardiorrespiratória e maior
analgesia que a anestesia inalatória, além de não poluir o ambiente cirúrgico.
Entretanto, deve-se considerar que, estando fora do ambiente cirúrgico, as
possibilidades de se combater uma depressão respiratória são menores. As
drogas injetáveis ainda dependem exclusivamente do metabolismo para serem
eliminadas do organismo animal.
Um anestésico ideal para anestesia intravenosa deve ter ação curta,
metabolismo rápido e metabólitos inativos, ser solúvel em água e apresentar

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solução estável, apresentar rápido equilíbrio entre o sangue e o cérebro, não
causar dor, flebite ou dano perivascular e causar mínima depressão
cardiorrespiratória.
Os métodos de administração das drogas injetáveis por via intravenosa
podem variar de acordo com a preferência do anestesista, a duração da
anestesia e os equipamentos disponíveis.
a) A administração intermitente ou em "bolus" é a mais simples e é
satisfatória para anestesias de curta duração, mas, o plano anestésico varia
muito pela impossibilidade de se manter uma concentração plasmática
constante.
b) Na infusão contínua (gotejamento) os agentes anestésicos são
adicionados a frascos comerciais de soluções isotônicas e a câmara de
gotejamento é ajustada para fornecer a velocidade de fluxo desejada. Nesta
forma de administração ocorre menor oscilação no plano anestésico, mas, há
tendência do plano ser cada vez mais profundo com o passar do tempo.
c) A aplicação de "bolus" seguido de infusão contínua é a forma
mais adequada pois, permite uma indução rápida pela dose inicial e após o
decúbito, inicia-se a infusão contínua que, na prática passa a ser uma infusão
variável, ou seja, a velocidade de infusão é reduzida com o passar do tempo
para se evitar planos mais profundos ao final da anestesia. A infusão contínua
é facilitada quando se usa uma bomba de infusão que pode ser programada
para administrar um volume específico de solução em certo período de tempo.

2.1 - Escolha dos agentes injetáveis

Nenhum anestésico é capaz de sozinho suprir adequadamente os


componentes básicos de uma anestesia (hipnose, miorrelaxamento e
analgesia), sendo necessária a combinação de dois ou mais agentes. A
escolha das drogas que irão compor o protocolo anestésico para o cavalo
depende, portanto, das características físico-químicas, farmacológicas e das
reações adversas que as drogas podem provocar. Deve-se ainda levar em

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consideração as características individuais do animal e do procedimento a ser
executado (peso, idade, tempo de cirurgia...). O valor do animal os
equipamentos disponíveis e o local onde a cirurgia vai ser executada podem
também influenciar na escolha.

Drogas mais importantes:

1- Cetamina (quetamina)
Classificada como anestésico dissociativo, é largamente utilizada na
anestesia do cavalo. Seu uso como agente único pode causar convulsões e,
por isso, deve ser sempre associada com outras drogas ou usada após
sedativos. Promove boa analgesia e mínima depressão cardiorrespiratória. É
metabolizada no fígado e excretada pelos rins. Geralmente a cetamina é usada
após medicação pré-anestésica com α2 agonistas, éter gliceril guaiacol (EGG),
benzodiazepinas ou combinação de duas ou mais destas.

2- Tiopental
Pertence ao grupo dos barbitúricos e vem sendo usado na anestesia de
equinos há muitos anos. Quando usado em dose única (12 a 15 mg/kg)
promove anestesia por aproximadamente 10 minutos e na recuperação pode
ocorrer excitação. A medicação pré-anestésica permite uma recuperação mais
tranquila e a dose do barbitúrico pode ser reduzida em até 50%. O tiopental
deprime a respiração e a pressão arterial, sendo esse efeito de poucas
consequências no equino sadio, mas arriscado em casos de endotoxemia. O
tiopental é usado em solução a 5% e não deve ser injetado fora da veia, pois é
muito irritante para os tecidos.

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3- Propofol
É um anestésico intravenoso, não cumulativo, largamente usado na
medicina humana e em pequenos animais. Até o presente, devido ao seu custo
elevado, tem sido pouco usado em equinos, entretanto, apresenta
características farmacológicas adequadas para anestesia intravenosa nessa
espécie. Combinações do propofol com α2 agonistas e/ou cetamina são as
mais utilizadas na rotina clínica.

4- Éter Gliceril Guaiacol (EGG)


É um relaxante muscular de ação central, sem nenhum efeito analgésico
e pouquíssimo efeito hipnótico, usado para promover ou melhorar o
miorrelaxamento em combinação com outros agentes (cetamina, tiopental,
propofol). Após medicação pré-anestésica com α2 agonistas ou fenotiazinas
pode ser usado sozinho, em solução a 10%, para promover o decúbito lateral.

5- α2 agonistas
São de grande importância na anestesia de equinos em função de suas
propriedades sedativas e analgésicas. Atuam nos receptores α2 presentes em
diversos locais do sistema nervoso central e periférico. São indicados em
situações variadas como sedação em estação, sedação antes da anestesia
geral, manutenção da anestesia associados a agentes injetáveis, ou por via
epidural para obtenção de analgesia.

6- Fenotiazinas
Embora ainda utilizados na pré-anestesia de equinos vão sendo, aos
poucos, substituídos por α2 agonistas. A acepromazina é o fenotiazínico mais
utilizado, não é um tranquilizante potente, mas, é capaz de potencializar o
efeito de outros fármacos permitindo redução significativa na dose total da
droga anestésica.

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7- Benzodiazepinas
São utilizados na anestesia de equinos, geralmente em combinação com
cetamina para indução da anestesia, por possuírem acentuado efeito
miorrelaxante. São pouco utilizados para a sedação do equino adulto, devido à
ataxia. Os benzodiazepínicos mais utilizados na clínica de equinos são o
diazepam e o midazolam. O zolazepam é disponível apenas em combinação
com a tiletamina (associação tiletamina-zolazepam) que é mais utilizada na
clínica de pequenos animais e animais selvagens.

8- Tiletamina-zolazepam
A tiletamina pertence ao mesmo grupo da cetamina e é comercializada,
em muitos países, apenas em combinação fixa (1:1) com o zolazepam.
Geralmente é usada juntamente com α2 agonistas (xilazina ou detomidina)
para produzir anestesia de curta duração. Assim como a cetamina, a tiletamina
tem ampla margem de segurança, permitindo maior tempo anestésico quando
a dose é aumentada, entretanto, nessas condições, a recuperação tende a ser
mais agitada. A premedicação com acepromazina melhora a função
cardiopulmonar na anestesia pela associação tiletamina-zolazepam.

9- Opióides
São fármacos utilizados no pré, trans ou pós-operatório, principalmente
por seus efeitos analgésicos. Embora sozinhos não apresentem efeito sedativo
apreciável, associados aos sedattivos promovem profunda sedação nos
equinos. O butorfanol (0,01 a 0,02 mg/kg) é o mais utilizado em combinação
com a xilazina (1mg/kg) ou com acepromazina (0,05 a 0,1 mg/kg).

10- Lidocaína
Infusão de lidocaína tem sido usada para reduzir a CAM dos anestésicos
inalatórios e combinada com os agentes injetáveis, para aumentar a analgesia.
Dose inicial de 1 a 2 mg/kg seguida de infusão contínua de 0,05 mg/kg/min.
Paralelamente é indicada na prevenção e tratamento de íleo paralítico,
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principalmente no pós-operatório de cirurgias de cólica que envolvem
manipulação intensa de alças intestinais. Para este fim utiliza-se a dose inicial
de 1,3 mg/kg IV lenta seguida de 0,05 mg/kg/min. IV por até 24 horas.

3 – Protocolos Anestésicos

3.1 - Técnicas para anestesia injetável no campo

Ø Técnica 1

α2 agonistas + Cetamina

MPA : Xilazina (1 mg/kg) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg)

INDUÇÃO : Cetamina (2 mg/kg, bolus)

MANUTENÇÃO : Cetamina, bolus intermitentes de 1 a 2 mg/kg.


Indicações: A dose de indução pode anestesiar o animal por até 15 minutos,
sendo suficiente para pequenos procedimentos (castração). A administração de
bolus intermitentes de 1 a 2 mg/kg de cetamina, permite prolongar o tempo de
anestesia para procedimentos maiores. O relaxamento muscular é pobre e se
várias doses de cetamina forem administradas, durante a recuperação o animal
pode apresentar-se agitado.

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Ø Técnica 2

α2 agonistas + EGG + Cetamina

MPA: Xilazina (1 mg/kg) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg)

INDUÇÃO: Infusão contínua rápida de solução contendo EGG (100 mg/ml) +


Cetamina (2 mg/ml) + Xilazina (1 mg/ml), até o decúbito do animal.

MANUTENÇÃO: Após o decúbito, a solução inicial contendo EGG, cetamina, e


xilazina, passa a ser administrada lentamente (gota a gota), no momento em
que o animal apresentar sinais indicando superficialização da anestesia, a
velocidade da infusão é aumentada para aprofundar a anestesia.

PREPARO DA SOLUÇÂO EGG/CETAMINA/XILAZINA: Em um frasco de 500


ml de soro fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo
até a solução ficar translúcida e adicionar 10 ml de cetamina 10% e 5 ml de
xilazina 10%.

OBS: No preparo da solução deve ser lavado em conta, o tamanho do animal e


o tempo de anestesia. O consumo inicial, até ocorrer o decúbito, é de
aproximadamente 1 ml por kg (equivalente a 100mg de EGG, 2 mg de
cetamina e 1 mg de xilazina), a partir desse momento o consumo será de
aproximadamente 1 ml/kg/hora.

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Ø Técnica 3

α2 agonistas + EGG + Tiopental

MPA: Xilazina (1 mg/kg,) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg)

INDUÇÃO: Infusão contínua rápida de solução contendo EGG (100 mg/ml) +


Tiopental (4 mg/ml), até o decúbito do animal.

MANUTENÇÃO: Após o decúbito, a solução inicial contendo EGG e tiopental,


passa a ser administrada lentamente (gota a gota), no momento em que o
animal apresentar sinais indicando superficialização da anestesia, a velocidade
da infusão é aumentada para aprofundar a anestesia.

PREPARO DA SOLUÇÂO EGG/TIOPENTAL: Em um frasco de 500 ml de soro


fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo até a
solução ficar translúcida e adicionar 2 gramas de tiopental. O consumo inicial,
até ocorrer o decúbito, é de aproximadamente 1 ml por kg (equivalente a
100mg de EGG e 4 mg de tiopental), e a partir desse momento o consumo será
de aproximadamente 1 ml/kg/hora.

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Ø Técnica 4

α2 agonistas + EGG + Tiopental

MPA : Acepromazina (0,1 mg/kg); após 30 minutos, Xilazina (1 mg/kg)

INDUÇÂO : Cetamina (2 mg/kg)

MANUTENÇÃO: EGG (100mg/kg/h) + Xilazina (2mg/kg/h) + Cetamina


(4mg/kg/h)

PREPARO DA SOLUÇÃO DE MANUTENÇÃO: Em um frasco de 500 ml de


soro fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo até a
solução ficar translúcida, adicionar 10 ml de xilazina a 10% e 20 ml de
cetamina a 10%. A velocidade de infusão dessa solução será de
aproximadamente 1 ml/kg/hora na primeira hora e de 0,6 ml/kg/hora na
segunda hora.

Ex: Um animal de 300 kg receberá 300 ml na primeira hora e 180 na segunda.


Considerando que 1 ml equivale a 15 gotas teremos que ajustar a câmara de
gotejamento do frasco para 75 gotas por minuto na primeira hora e 45 gotas
por minuto na segunda hora.

Obs: Indicada para cirurgias cruentas

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Ø Técnica 5

Xilazina + Cetamina + Propofol

MPA: Xilazina (1 mg/kg)

INDUÇÃO: Cetamina (2 mg/kg)

MANUTENÇÃO: Propofol (0,5 mg/kg - bolus) seguido por infusão contínua de


propofol (0,15 a 0,2 mg/kg/min) + cetamina (0,05 mg/kg/min).

Ø Técnica 6

Xilazina + Diazepam ou Midazolam + Cetamina

MPA: Xilazina (1 mg/kg)

INDUÇÂO: Cetamina (2 mg/kg) + Diazepam (0,01 - 0,05 mg/kg) ou Midazolam


(0,01 - 0,2 mg/kg)

MANUTENÇÃO: Cetamina (bolus de 2 mg/kg)

OBS: O benzodiazepínico melhora o miorrelaxamento e pode ser administrado


imediatamente antes, junto ou imediatamente depois da cetamina.

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Ø Técnica 7

Xilazina + Tiletamina/Zolazepam

MPA  Xilazina (1mg/kg)

INDUÇÃO  Tiletamina/zolazepam ( 1 a 2 mg/kg)

OBS: Anestesia para procedimentos de 20 a 30 minutos.

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4 – Localização de Pontos para Anestesia Local

Alguns pontos para anestesia local são de grande importância prática e


sua identificação deve ser fácil para o profissional treinado.
Na cabeça temos quatro pontos especiais para bloqueios perineurais:
nervo aurículopalpebral, forame supra e infraorbitário e forâme mentoniano
(fig.1):

B
A
C

Fig.1: Pontos de bloqueio anestésico mais freqüentes na cabeça. A) nervo aurículo


palpebral, B) forame supraorbitário, C) forame infraorbitário e D) forame
mentoniano.

O nervo aurículopalpebral, ou o ramo palpebral do nervo


aurículopalpebral, pode ser palpado em sua trajetória sobre o arco zigomático.
A anestesia deste nervo promove aquinesia (bloqueio motor) da maior parte da
pálpebra superior e facilita o exame do globo ocular.

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Pelo forame supraorbitário emerge o nervo frontal e sua anestesia,
dentro ou na abertura do forâme, promove anestesia da pálpebra superior.
O bloqueio no forâme infraorbitário possibilita a anestesia da região
rostral da face, narinas, lábio superior e interior da cavidade oral incluindo
dentes pré-molares e incisivos superiores. O efeito corresponde ao lado da
aplicação, e pode ser realizado em ambos os lados.
O bloqueio do forâme mentoniano anestesia o lábio inferior e dentes
incisivos da mandíbula. O efeito também corresponde ao lado da aplicação, e
pode ser realizado em ambos os lados.
Nos membros há vários pontos de bloqueios perineurais de importância
clínica no diagnóstico de claudicação. Os principais pontos são: digital
palmar/plantar, abaxial do sesamóide, 4 pontos baixos (palmar/plantar e
metacarpiano/metatarsiano) e 4 pontos altos (idem ao anterior em região mais
proximal) (fig.2).

D’ D

C’ C
B
A

Fig.2: Pontos de bloqueio anestésico mais freqüentes para diagnóstico de


claudicação. A) digital palmar/plantar, B) abaxial do sesamóide, C, C’) 4 pontos
baixos e D, D’ 4 pontos altos.

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Para anestesia epidural identifica-se o espaço entre a primeira e segunda
vértebras coccígeas, com movimentos para cima e para baixo, logo acima dos
primeiros pelos da cauda. Introduz-se a agulha (40x12) na pele e infiltra-se um
botão anestésico, em seguida a agulha é inclinada em ângulo de 45° a 60° e
aprofundada. O anestésico presente no canhão da agulha é succionado
quando alcança-se o local desejado, em torno da dura-máter.

5 – Complicações e Cuidados

Em situações de campo, é importante encontrar locais adequados à


manutenção do cavalo em decúbito em local limpo e macio. Um gramado à
sombra pode ser uma opção acessível.
Quando está em decúbito lateral, o cavalo sofre dificuldade na oxigenação
sangüínea, pois o pulmão que está para baixo recebe mais sangue
(hiperperfusão) e menos ar (hipoventilação), o contrário acontecendo com o
pulmão que está para cima, com menos sangue (hipoperfusão) e mais ar
(hiperventilação). Em poucas palavras, sobra ar onde tem menos sangue para
hematose.
Outra alteração do cavalo em decúbito lateral prolongado é o excesso de
peso sobre regiões específicas que podem levar a lesões musculares ou de
nervos periféricos. Estas lesões podem causar dificuldade no retorno
anestésico e transtornos pós-anestésicos.
Os dois fatores citados são limitantes para o tempo que o cavalo
permanecerá deitado.
Cuidados com o cavalo em decúbito lateral sob anestesia geral são:
proteger a cabeça sobre material macio, evitar traumatismo no globo ocular,
evitar aspiração de poeira, tracionar cranialmente o membro torácico que
estiver por baixo para reduzir a pressão pelo peso (fig. 3).

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Hipoperfusão
Hiperventilação

Hipoventilação
Hiperperfusão

Fig .3: Complicações e cuidados no posicionamento do cavalo em decúbito lateral.

O cuidado com a avaliação pré-anestésica, atenção nos cálculos e


aplicação de medicamentos é fundamental para evitar complicações e erros. A
esperada falta de equipamentos no campo não permitem oxigenação,
ventilação controlada ou outras técnicas de ressuscitação cardiopulmonar.
Portanto o treinamento e experiência em técnicas seguras é o melhor caminho
para a eficiência do procedimento.

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6 – Referências Bibliográficas

LUMB, W.V., JONES, W.E. Veterinary anesthesia, Philadelphia, Lea & Febiger,
1984, 2ed.

MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,


1994, 2.ed.

MUIR, W.W.; HUBBELL, J.A.E. Equine anesthesia monitoring and emergency


therapy. St. Louis : Mosby, 1991.

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Anexo I - OUTRAS TÉCNICAS RECOMENDADAS PARA ANESTESIA A CAMPO

MPA INDUÇÃO TEMPO DE MANUTENÇÃO


ANESTESIA
Tec. Xilazina Cetamina 10-20 minutos a) Tiopental-1 a 2 mg/kg
1 1 mg/kg 2 mg/kg b) Xilazina- 0,5 mg/kg + Cetamina -1 mg/kg
c) EGG - 100mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml +
Xilazina -1 mg/ml => 1 ml/kg/hora

Tec. Como na Tec. Diazepam - 0,01 a 0,05 mg/kg 15 a 30 minutos Como na Tec. 1
2 1 junto com Cetamina - 2 mg/kg

Tec. Como na Tec. Butorfanol-0,02 mg/kg junto com 15 a 30 minutos Como na Tec. 1
3 1 Cetamina - 2 mg/kg

Tec. Detomidina Cetamina 10 -25 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg/kg


4 0,015 a 0,02 2 mg/kg b) Cetamina - 1 mg/kg
mg/kg c) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml +
Xilazina -1 mg/ml => 1 ml/kg/hora

Tec. Xilazina Tiopental 15 - 20 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg /kg


5 1 mg/kg 5 mg/kg b) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml +
Xilazina - 1 mg/ml => 1 ml/kg/hora

Tec. Detomidina Tiopental 15 a 25 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg/kg


6 0,015 a 0,02 5 mg/kg b) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml +
mg/kg Xilazina - 1 mg/ml => 1 ml /kg/hora

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