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Culler

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APROXIMAÇÕES: TEORIAS CONTEMPORÂNEAS

DA LITERATURA, IDENTIDADE E DIÁRIOS

Sergio Barcellos
(PUC-Rio)

RESUMO: Os desdobramentos da teoria iseriana para uma compreensão mais empírica


da relação texto-leitor abre possibilidades para investigação de textos diversos, além de sua
previsível aplicação ao texto literário ficcional. Os diários íntimos, estudados unicamente
como textos periféricos e subsidiários em outras abordagens, passam a ser encarados como
uma prática textual que transcende a intimidade e isolamento tão aderidos à noção mesma
de escrita diarística. Como resultante dessa nova aproximação, a convergência de tendências
teóricas mais recentes abarcará as preocupações iniciais dos estudos do diarismo, além de
sua mera inserção no campo dos estudos de literatura.
PALAVRAS-CHAVE: Diários íntimos; teoria da recepção; identidade; leitor.

IDENTIDADE E SUJEITO: NOVAS ABORDAGENS

Na introdução de seu pequeno livro Literary Theory - A very short introduction, Jonathan
Culler argumenta que lidar com a teoria da literatura atualmente em termos de abordagens
ou métodos interpretativos é um desperdício daquilo que ela teria de melhor a oferecer,
qual seja, seu “amplo desafio ao senso comum, e suas explorações sobre como o sentido é
criado e como as identidades humanas se moldam” (Culler 1997: s/p). Assim, desenvolve seu
texto sob a forma de tópicos considerados pertinentes, sendo que um deles, em particular,
interessa à presente reflexão: identidade, identificação e (o conceito de) sujeito.

De maneira bastante objetiva, apresenta nesse capítulo duas questões primordiais,


subjacentes ao tópico da constituição da identidade: seria a identidade uma categoria pré-
determinada ou algo construído; e se deveria ser concebida em termos individuais ou sociais.
A partir dessas duas questões básicas interligadas, derivam quatro segmentos distintos do
problema. O primeiro segmento aponta para a possibilidade de a identidade ser algo imanente,

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remetendo a um sujeito autônomo, cuja identidade já se encontra constituída previamente


aos seus atos e palavras. O segundo compreende a noção de identidade individual, porém
determinada a partir de sua inserção sócio-cultural. Nesse segmento, percebem-se distinções
de gênero, raça e nacionalidade, contudo, ainda como resultantes fixas e inalteráveis. O
terceiro segmento proposto por Culler seria uma combinação entre a identidade como algo
dado, mas também moldado pelos atos e palavras, o que caracteriza essa identidade como
fundamentada em uma certa essência, embora em constante mudança. Por fim, o quarto
segmento seria uma espécie de identidade pós-moderna, que enfatiza tanto a inexorabilidade
de sua natureza pré-determinada e individual, quanto suas flutuações de acordo com seu
local de inserção, seu contexto social, cultural, político, ideológico, etc. Esse segmento
parece trabalhar com a alternação de cada um dos quatro pontos cruciais da reflexão sobre
a constituição da identidade.

Mais adiante, Culler oferece uma amostra de como a questão da identidade passa a
ser abordada pelas diversas correntes de pensamento contemporâneo que, evidentemente,
trabalham a partir dos questionamentos básicos anteriormente expostos e seus
desmembramentos combinatórios. Citando Foucault, o autor sugere como origem da ruptura
entre as abordagens identitárias como pré-determinadas e soberanas – o sujeito autônomo do
iluminismo – as pesquisas psicanalíticas, antropológicas e lingüísticas que “descentralizaram
o sujeito em relação às leis do seu desejo, às formas de sua linguagem, às regras de suas ações
ou os jogos de seu discurso mítico e imaginativo” (Culler 1997: 109). O sujeito, a partir dessa
ruptura, não mais atribui sentido ao mundo exterior, mas constitui-se em interação com
ele. Assim, a psicanálise entenderá a formação do sujeito como resultado da interseção de
mecanismos psíquicos, sexuais e lingüísticos. A teoria marxista, por outro lado, vê o sujeito
como produto de suas relações de classe. O feminismo abordará a identidade do sujeito em
relação ao gênero como papel socialmente construído e, por fim, a “queer theory” invocará o
sujeito como resultado de uma tradição de repressão da possibilidade da homossexualidade,
em oposição à heterossexualidade como valor normativo hegemônico. Tais abordagens
diversas atingirão o seu ápice e abrangência com a alteração de métodos investigativos e a
diversificação dos objetos de estudo a partir das novas demandas provenientes dos Estudos
Culturais.

Culler prossegue sua reflexão sobre a presença de questionamentos acerca da


constituição da identidade dentro de narrativas literárias e aponta tais investigações como
fato que permeou algumas abordagens analíticas desde sempre, porém mais acentuadamente
com a emergência de discussões teóricas mais específicas de raça, gênero e sexualidade. De
suas conclusões, vale realçar a seguinte:
Literature has not only made identity a theme; it has played a significant role
in the construction of the identity of readers. The value of literature has long
been linked to the vicarious experiences it gives readers, enabling them to
know how it feels to be in particular situations and thus to acquire dispositions
to act and feel in certain ways. Literary works encourage identification with
characters by showing things from their point of view. (Culler 1997: 112)

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Culler parece insinuar que uma das contribuições da narrativa literária teria sido a
construção da identidade de leitores, através da oferta de diferentes pontos de vistas com os
quais leitores se identificariam e se reconheceriam enquanto sujeitos. Sendo assim, seria através
do contato com alteridades que o leitor – sujeito em formação – constituiria sua identidade.
Essa relação entre texto e leitor parece mais evocar aquela a que se refere Heidrun K. Olinto,
em “Letras na Página/Palavras no Mundo. Novos acentos sobre estudos de literatura”:
Na relação tradicional, o autor projetava uma imagem de si próprio e a
duplicava no leitor, seu alter-ego, a partir de sinais retóricos que orientavam
a reconstrução. Uma leitura bem-sucedida previa consenso entre as duas
instâncias. Esse tipo de figura de leitor supunha um sentido independente,
exemplar, da obra literária e uma atitude contemplativa em relação ao sentido
formulado pelo texto. (Olinto 1993, p.15).

MUDANÇA DE FOCO – A INTRODUÇÃO DO LEITOR NAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS DA


LITERATURA

A inserção do leitor (e a constituição de sua identidade) enquanto instância merecedora


de reflexão na dinâmica da narrativa literária remete ainda à ruptura paradigmática ocorrida
nos estudos literários a partir do final da década de 1960, tendo Hans Robert Jauss e Wolfang
Iser como seus iniciadores: o deslocamento da ênfase analítica do texto para o contexto
da obra. Essa ruptura terá como alvo uma reversão do estatuto da relação entre texto e
leitor, deixando de privilegiar a “relação tradicional” (aquela a que alude Culler). O modelo
fundante da teoria iseriana será uma unidade complexa formada por duas instâncias: o texto
e o leitor. Para chegar a essa ruptura, Iser inverte os papéis até então estabelecidos, atribuindo
ao olhar do leitor um valor de co-produtor do sentido do texto. A observação constrói o
objeto observado em vez de apreendê-lo como fenômeno dado. Propondo essa alteração no
estatuto das relações entre texto e leitor, a partir da interação, Iser lançará mão de conceitos
e premissas da sociologia e da psicologia social para pôr em perspectiva as contribuições de
ambos os lados, texto e leitor, nessa interação que – ao contrário do que existia anteriormente,
ou seja, uma noção de autonomia da obra e o domínio quase demiúrgico do analista no
desvelamento oculto nas profundezas do texto literário – se mostra, contudo, assimétrica e
em constante alteração.

Minando a crença de que a comunicação em geral e a literária particular seja uma


via de mão única, Iser propõe que o processo de leitura seja entendido como uma interação
dinâmica entre texto e leitor, e que a concepção de uma mensagem contida no texto e
apreendida como tal por um leitor seja substituída pelo entendimento do texto como uma
estrutura capaz de “estimular atos, no decorrer dos quais o texto se traduz para a consciência
do leitor” (Iser 1999: 10). Nesse percurso, estariam ausentes as possibilidades de linearidade
e de equivalência de sentidos, entre sua produção e recepção. O texto, em outras palavras,
não teria o controle e o poder de direcionar a recepção, esta, sim, moldaria o texto de acordo
com os desdobramentos ocorridos durante o “jogo de fantasia” – que nega ao texto uma
função regulatória.

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Em princípio, a teoria da interação proposta pela psicologia social trabalha com o


fator da contingência como dominante nos processos de interação, seja pela sua presença
preponderante, seja pela sua ausência pré-estabelecida. Os quatro tipos exemplificados
por Jones & Gerard (1967) são: a) pseudocontingência; b) contingência assimétrica; c)
contingência reativa e; d) contingência mútua. Iser argumenta que, a partir desses tipos
propostos, pode-se inferir que a interação tem na contingência seu fundamento constitutivo
que, paradoxalmente, não a antecede. Com isso, percebe-se que as afirmações anteriores
sobre o texto apresentar a capacidade de estimular atos durante a leitura (atos que concorrerão
na atribuição de sentido ao texto) se conjugam com a noção de uma contingência como
parâmetro para o estabelecimento e êxito da interação. Ela, pela sua natureza ambígua,
pode representar não somente o êxito da comunicação (literária, também) como seu grande
fracasso. Da psicanálise de comunicação, Iser retira a conclusão de que a impossibilidade que
se tem de experienciar a experiência do outro é que engendra uma atividade de interpretação
(conforme citação mais adiante). Entretanto, a distinção principal entre os exemplos retirados
a partir desses dois recortes epistemológicos e a situação da leitura é a ausência de uma
interação face-a-face. No caso do texto, não haveria jamais um código ou uma metodologia
assegurando uma apreensão “correta”.

Iser reaproxima os dois exemplos no que diz respeito à importância da contingência,


nas duas situações de interação:
Os modelos descritos de interação no mundo surgem da contingência – planos
de conduta não coincidem ou é impossível experienciar as experiências dos
outros -, mas não de uma situação em comum ou de convenções que valem
para os parceiros da interação. A situação em comum e as convenções se
limitam a regular o preenchimento das lacunas, lacunas estas que se formam
em face da falta de controle ou de experimentabilidade, sendo condições
básicas para qualquer interação. A essas lacunas corresponde a assimetria
básica do texto e leitor, caracterizada pela falta de uma situação e de um
padrão de referências comuns. (1999: 103).

O caminho percorrido por Iser nos interessa na medida em que pisa em terrenos que
servirão para auxiliar a compreensão da identidade em seu valor relacional e seus reflexos
em uma prática textual considerada subjetiva e privada. Será como resultado dos diálogos
interdisciplinares com as ciências sociais e a psicologia social que se aproximam questões
tais como a identidade relacional do “eu” que se inscreve nos textos autobiográficos, seu
contexto de produção e a situação de interação (ou recepção) possível.

DIÁRIO COMO REPOSITÓRIO DE ALTERIDADES: O SUJEITO E SEU LEITOR

No texto introdutório de um recente estudo sobre diários íntimos na França, Philippe


Lejeune (1989) exalta sua versatilidade como objeto de estudo em diversos campos do saber
e em diferentes momentos da história. A conquista de um lugar cada vez mais inquestionável
dentro do cânone literário francês exemplifica uma mudança de status bastante significativa,

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embora ainda circunscrita aos diários de escritores, cuja principal função tem sido a de servir
a uma corrente da crítica genética. Retrospectivamente, têm servido de terreno arqueológico
no qual descobertas importantes são e ainda serão feitas a partir de suas leituras. Em direção
ao futuro, deve-se tentar acompanhar e compreender o diálogo entre o diário e outras
linguagens, como a imagética, e outros media, como o cyberspace e a redimensionamento
da noção de intimidade da escrita diarística. Por fim, concluiu sua apresentação de forma
profética: “Talvez o diário seja uma espécie de fronteira nova”.

A imagem de uma nova fronteira a ser cruzada - e o valor simbólico mesmo da


fronteira enquanto limite e, ao mesmo tempo, marca do ilimitável - convida a pensar em
como alguns objetos culturais (textuais, nesse caso) podem refletir tendências ou a elas se
moldar de acordo com os desdobramentos ou desenvolvimentos de discussões teóricas mais
amplas. Mais especificamente, imagina-se como aproximar um estudo contemporâneo sobre
os diários íntimos, através de uma perspectiva literária, e as rupturas paradigmáticas ocorridas
no seio da teoria literária nas ultimas décadas. Uma aproximação que se mostra viável é o
deslocamento do foco de atenção do texto em si, para seu contexto de produção, movimento
ocorrido na teoria literária mas ainda não estabelecido dentro dos estudos mais pontuais
sobre o diarismo.

Na França, país onde o estudo do diarismo se mostra mais vigoroso, pesquisas


bastante recentes ainda se limitam a oferecer uma visão histórica das origens do diarismo,
através de uma enumeração de seus exemplos mais nobres e perenes, sua assimilação pelos
estudos literários enquanto obra genuína e merecedora de um lugar ao sol das belas letras, ou
um exercício de análise formal de suas funções, um inventário temático, seu valor para uma
crítica genética, etc. O estudo, cujo texto de Lejeune introduz, publicado em 2004 é um bom
exemplo disso: Le journal intime - genre littéraire et écriture ordinaire, de Françoise Simonet-Tenant,
é um exemplo do direcionamento dado e das limitações detectadas no estudo do diarismo
na França. Simonet-Tenant desenvolve uma reflexão que pretende abranger tantos os diários
consagrados quanto os desconhecidos, embora assuma de antemão a inviabilidade de acesso
aos diários não publicados.Teme, sempre, incorrer em um erro já apontado por Lejeune, a
generalização a partir de uma amostragem pequena para análise e, também, pela natureza
mesma da escrita, que considera fluida e polimorfa. Recorre a ele para definir o gênero
nesse amplo escopo de formas e funções da escrita: “Il n’existe pas un Journal sur lequel on
pourrait dire des choses simples, mais des journaux, qui suggèrent des éléments de réponse
complexes et parfois contradictoires” ( Simonet-Tenant 2004: 12).

O contraponto dessa situação encontra-se no exagero com que os questionamentos


referentes ao gênero permeiam e conduzem os estudos sobre narrativas de vida (que incluem,
alem dos diários, as autobiografias, as biografias, cartas e memórias) nos Estados Unidos.
Para citar um exemplo, Gender and the Journal - Diaries and Academic Discourse, de Cinthia
Gannett, explora os contextos histórico e social e a tradição discursiva que caracterizam a
produção de diários como prática pedagógica. E é dentro desse âmbito que a autora busca
demonstrar que a escrita diarística está vinculada ao universo feminino e que, por essa razão,
não floresce entre os estudantes do sexo masculino. Identifica uma diferença, tanto na forma
quanto nas funções, entre os diários escritos por estudantes do sexo masculino e aqueles

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escritos por estudantes do sexo feminino. Além disso, a autora passeia por questões mais
abrangentes como a relação entre gênero e linguagem, gênero e formas e funções do diário
numa perspectiva histórica. Todavia, são questões de gênero e suas implicações na linguagem,
no discurso e na prática textual o ponto fulcral dos estudos de Gannett. Em sua bibliografia,
a autora oferece uma extensa lista de estudos relacionados ao diarismo e questões de gênero,
etnia, etc.

UM IMPULSO À LEITURA DE DIÁRIOS

O que nos compele a escolher diários íntimos como objetos de investigação no


campo dos estudos literários? Seria aquilo que revelam ou a forma como o fazem? Seria,
ainda, o fato de, como prática de escrita, mostrar-nos o quanto o ato de narrar e autonarrar-
se é fundamental e intrínseco à existência humana?

Pesquisadores do diarismo ensaiaram algumas respostas. Thomas Mallon, autor de


A Book of One’s Own, atribui seu interesse pelo diarismo como objeto de investigação por
ser ele um diarista e por não ser capaz de imaginar sua vida sem a prática, quase religiosa,
do registro dos fatos (ou da ausência deles), em seu diário. Em Private Chronicles, Robert
Fothergill reconhece nos diários uma vitalidade e energia, além de uma concentração na
autêntica realidade humana que, como na melhor das literaturas, nos “faz compreender o
que é estar vivo” (10). Ao constatar que todos os estudos devotados ao diarismo na França
utilizaram somente diários publicados, Philippe Lejeune resolveu dedicar sua atenção aos
diários íntimos dos “M. Tout-le-Monde”, aqueles esquecidos em porões, perdidos durante
mudanças, aqueles que considera verdadeiramente íntimos, tanto pelo seu conteúdo quanto
por sua função. Neles, inscrevem-se impressões pessoais sobre fatos diversos, registram-se
momentos de êxitos e fracassos diante de crises, arquivam-se histórias para auxiliar em uma
futura narrativa memorialística, contabilizam-se amores, bens materiais, livros lidos, ensaiam-
se pretensões literárias, relatam-se aventuras de viagens, a educação dos filhos, entre muitos
outras funções e temas diversos. Em “Cher cahier...”, Lejeune sugere que o leitor de diários
íntimos esteja sempre se questionando sobre sua posição diante da leitura de escritos íntimos:
“confidente ou voyeur”?. O contexto no qual a leitura ocorre determinaria, em princípio, qual
o papel do leitor, entre os dois extremos colocados por Lejeune. Há, no repertório diarístico,
diversos exemplos de leituras consentidas, de leituras invasivas e de diaristas impotentes -
porque mortos ou incapacitados - diante da intromissão do leitor voyeur, ou expectante,
diante do convite ao leitor confidente. Em Vulnerable Subjects – Ethics and Life Writing, G.
Thomas Couser assim define os “sujeitos vulneráveis” no contexto de narrativas de vida:

persons who are liable to exposure by someone with whom they are involved in
an intimate or trust-based relationship but are unable to represent themselves
in writing or to offer meaningful consent to their representation by someone
else. Conditions that render subjects vulnerable range from the age-related

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(extreme youth or age) and the physiological (illness and impairments, physical
or mental) to membership in socially or culturally disadvantaged minorities.
(Couser 2004: xii).

Entretanto, uma outra posição pode ser ocupada pelo leitor do diário íntimo: a de
partícipe, ou de presença ostensiva, subliminar, no texto, tanto como matéria quanto como
energia participativa da gênese textual.

Da relação entre quem lê e para quem se escrevem os diários íntimos, conclui-se


comumente que a motivação de um leitor no processo de leitura de narrativas de vida seria
menos sua curiosidade em relação às confissões e revelações daquela subjetividade narrada
e mais um movimento de tentativa de reconhecimento de si próprio. A experiência de vida
relatada pelo diarista ou autobiógrafo seria interessante por possibilitar ao leitor projetar sua
subjetividade, em vez de aceitar passivamente os supostos segredos ali revelados. O desafio
diante de uma tal abordagem fenomenológica dos diários íntimos em sua relação com o leitor
é, contudo, o aprofundamento da reflexão para um outro nível, no qual a história da prática
de escrita do eu e do mapeamento do percurso da noção de sujeito concorrem na tarefa de
verificar como a escrita subjetiva é ou tem sido, na verdade, uma história da constituição do
sujeito através de sua relação com o outro. E, em conseqüência disso, abordar a leitura da
escrita subjetiva como um exercício de autodescoberta do leitor, pela sua presença enquanto
alteridade nas escritas do eu e não apenas pela projeção de sua subjetividade no ato da leitura.
Seu papel na etapa da produção estaria, a principio, na forma como o sujeito se descreve
em seu território próprio, que é o da escrita do eu, e, com isso, descreve o processo de
constituição de sua identidade - que se forma, entre outras maneiras, pela visão do outro e
pela interação com as alteridades.

Stuart Hall, em A identidade cultural na pós-modernidade, oferece três concepções que


auxiliam, em um primeiro momento, na reflexão sobre a noção de sujeito dentro da escrita
autobiográfica. Como primeiro modelo, Hall identifica o sujeito iluminista, “um indivíduo
centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação .... O centro
essencial do eu era a identidade de uma pessoa.” (10-11). Em seguida, identifica um sujeito
sociológico, aquele que contraria a idéia de autonomia e que se forma em sua relação com os
outros. O núcleo do sujeito – “o centro essencial do eu” - ainda existe, mas há mudanças que
ocorrem em função do diálogo instaurado entre essa identidade e outras pertencentes à sua
cultura e a “mundos culturais exteriores” (11). O terceiro modelo, o sujeito pós-moderno, traz
consigo os sinais da fragmentação e da pluralidade de identidades. Os modelos explorados
por Hall resumem um percurso bem mais complexo do que está aqui descrito e o sujeito
que se forma pela interação, seu sujeito sociológico, não representa exatamente o processo
de inscrição de alteridade no texto subjetivo que se pretende aqui investigar. Entretanto, vale
mencionar sua compreensão das três concepções de sujeito para estabelecer uma moldura
conceitual na qual noções como sujeito e identidade vêm sendo abordadas.

AS ESCRITAS DO EU

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O resultado da instauração de uma nova noção de sujeito, quando relacionada ao


surgimento de uma escrita de cunho autobiográfico, justifica o fato de que um grupo de
práticas textuais passasse a ser designado como escritas do eu (ou escritas de si, narrativas do
eu, etc.). A terminologia empregada na abordagem desses escritos já aponta para a passagem
da dimensão privada à pública, e a presença da adjetivação não somente exemplifica como
problematiza a delimitação dos territórios do público e do privado. Os diários, que em sua
gênese foram textos comunitários, passam a agregar um qualificador: os termos pessoal,
subjetivo, íntimo, etc. É Alan Girard quem tenta explicar essa ligação ao afirmar que “o fluxo
crescente do diário, e sobretudo a passagem da intimidade à publicação, quer dizer, do
caráter privado a um caráter público, manifestam uma mudança profunda na concepção que
o indivíduo faz de si mesmo” (Girard 1986: vii). Beatrice Didier também reconhece como
problema inicial dos estudos sobre diário a adesão do adjetivo “íntimo”. Segundo ela,
essa noção de intimidade é bastante pouco científica e sobretudo estranha
à consciência moderna. Íntimo, o diário, porque ele precisa escapar das
indiscrições do outro? Mas não está o outro sempre presente, finalmente? E
certos autores não organizam, eles mesmos, uma publicação de seus diários
em vida? ... Por fim, parece que o termo ‘íntimo’ não tenha sido conservado
a não ser para afastar qualquer equívoco com o jornalismo. (Didier 1976: 8).

Não haveria dúvidas de que essa escrita viesse a ser o tão decantado “refúgio do
eu”, espaço de exercício da intimidade, longe dos olhares públicos e, em muitos casos, sem
quaisquer intenções de se tornarem escritos publicados ou lidos por alguém além do próprio
escritor ou de pessoas por ele autorizadas. Entretanto, é exatamente sua publicação e sua
acessibilidade à leitura o que contribui para que tais escritos venham a ser considerado sob a
perspectiva literária. Além disso, é a promessa de trazer o espaço íntimo do sujeito para perto
do olhar do outro o que contaminou tão fortemente o gênero e contribuiu para criar a ficção
de um espaço íntimo onde o sujeito se desnuda. É lá, nessa arena supostamente íntima, que
o outro ou a alteridade influenciam mais fortemente a constituição do sujeito.

Diante do acima exposto, vem-se negligenciando uma possibilidade de leitura que


contextualize os diários não somente em relação ao espaço e tempo de sua produção, mas
também em relação a influências, interferências, assimilações, absorções, enfim, a todo um
movimento de invasão de elementos externo à subjetividade, presentes na escrita, através
da (in)consciência do sujeito sobre sua condição de construto relacional. De escritos da
subjetividade, diários, memórias, autobiografias e escritos íntimos em geral passam a ser
vistos como espaço de demonstração da subjetividade via olhar da alteridade. O sujeito,
ao se desvelar, revela a visão que dele têm as subjetividades que o rodeiam. Ou a visão
que as alteridades têm daquilo que ele designa como “sua subjetividade”. Nessa relação, a
escritura diarística passaria a ocupar uma posição privilegiada enquanto fonte de investigação
da constituição identitária sob um enfoque relacional, pois ali se amalgamam as forças do
sujeito e do outro, do íntimo e privado.

Para que a escrita do eu fosse realmente um repositório de autovisões, de modos


precisos e autênticos de o sujeito se ver e se descrever como tal, primeiramente, a linguagem

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deveria ser capaz de operar dentro de uma moldura realmente referencial, na qual o nome,
as ações, os afetos e as expectativas viessem a corresponder a uma instância extratextual,
passível de verificação. Entretanto, já foi dito que as palavras não correspondem às coisas e
há quem não somente questione essa capacidade referencial da linguagem como ainda afirme
que a
‘referência’ não descreve a relação com objetos concretos da realidade
experimentados pelos sentidos, mas refere-se a um determinado tipo de
conduta de orientação, resultado de convenções e processos de socialização
lingüística, que serve para assegurar uma construção de informação
comparável e relativamente paralela dentro do campo cognitivo de sistemas
comunicativos. (Schmidt 1989: 58-9)

Em outras palavras, o sentido de uma mensagem seria resultado de uma relação


contextual. Da mesma forma, pode-se aplicar tal premissa à representação do sujeito no
texto, que se quer representação fiel da subjetividade, mas que no ato da leitura pode vir a
se transformar em conseqüência da interação com o contexto da leitura e com a vivência
do leitor. Portanto, um sujeito autônomo não passaria de mera fantasia, uma vez que sua
representação pela linguagem já demonstraria as lacunas de referencialidade que a própria
linguagem traz em si e, também, pela interferência ou pela participação do contexto da
recepção na constituição da imagem do sujeito exposto no escrito íntimo. No caso de diários
íntimos, fica evidente que tais premissas pressupõem que um diário venha a ser publicado,
ou que, pelo menos, chegue a ser lido por outra pessoa para que essa interação se dê. Há
casos numerosos de diários íntimos que são escondidos ou destruídos ao final da vida do
diarista, para que não sejam lidos. Ainda assim, tais diários não estariam livres de idealizarem
um leitor e de nutrirem, em relação a esse leitor ideal (imaginário ou virtual) uma postura que
em muito se assemelha àquela dos diaristas que se desejam lidos: uma encenação voluntária
da subjetividade e uma inscrição, nesse jogo textual, de um sujeito que não é exatamente
aquele esboçado pela reflexão do diarista, mas aquele construído coletivamente, pela rede de
alteridades.

Em suas abordagens sobre a comunicação, a partir de pressupostos psicanalíticos, R.


D. Laing e Phillipson assim postulam a relação interpessoal:
Meu campo de experiência, contudo, não é preenchido apenas por minha
visão direta de mim (ego) e pela do outro (alter), mas pelo que chamarei de
metaperspectivas – minha visão da visão... do outro sobre mim. De fato, não sou capaz
de me ver como os outros me vêem, mas constantemente suponho que eles
estão me vendo de um modo particularizado e ajo constantemente à luz das
atitudes, opiniões, necessidades, etc., reais ou supostas dos outros quanto a
mim. (Iser 1979: 100)

A partir daí, entendem que uma auto-identidade, ou seja, o resultado da perspectiva


direta que um sujeito tem de si, seria uma abstração, pois é em sua relação com o outro e com
os outros e, a partir de cada visão que cada um tenha dele, é que constrói o que chamam de
meta-identidade. O fato de o sujeito reconhecer ser um outro para o outro e que a visão que

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tem da visão que os outros têm dele ser uma preocupação constante, torna a visão que tem
de si uma meta-identidade.

A pertinência dessas noções de identidade em uma nova abordagem nos estudos do


diarismo se mostra mais evidente pela perspectiva de mapear os processos de constituição
identitária em tais práticas textuais. Uma proposta mais abrangente de exploração dessa
possibilidade inclui um reconhecimento da interlocução presente no texto diarístico. A
existência de um “destinatário”, seja qual for seu status ontológico, já começou a ser examinada,
porém não sob o ponto de vista de uma instância participativa na interação entre texto e
leitor. Essa possibilidade é um terreno que deve ser explorado.

UM OUTRO PONTO DE VISTA: O LEITOR DO E NO DIÁRIO

A relevância da perspectiva do outro na escrita diarística foi apontada – de forma


superficial ou com promessas de aprofundamento – em ensaios e artigos de diversos autores.
Alguns desses autores tiveram algum tipo de aproximação com a escrita íntima, para além do
papel de crítico ou investigador. O mais peculiar é, sem dúvida, Roland Barthes. Em seu artigo
“Deliberação”, Barthes analisa ou expõe três momentos diferentes em sua relação com a
manutenção de um diário: o primeiro momento seria o da anotação (da escritura); o segundo,
uma leitura próxima, temporalmente, à escritura; o terceiro momento, uma leitura bastante
posterior às precedentes. Os três momentos expõem a atribuição de uma importância maior
à leitura e às impressões por ela suscitadas.

O extenso estudo realizado por Georges Gusdorf sobre o que ele chama de
“écritures du moi” contempla com um capítulo a questão da destinação dos diários íntimos.
Nele, Gusdorf vislumbra algumas possibilidades de compreensão de um destinatário ou
interlocutor do diário íntimo. Primeiro oferece a imagem do confidente, exemplificando-a
com o diário de Maurice Guérin, que se dirige a esse interlocutor discursivo como sendo
um ser dotado de alma, de vida, de inteligência. Em seguida, sinaliza com a possibilidade
de o diário representar um interlocutor válido, como uma espécie de alter-ego do diarista, e
cita Michelet. O diálogo estabelecido entre diarista e alter-ego o leva a citar Paul Valéry: “Um
homem que escreve não está jamais só” (Gusdorf 1991: 389). A comunicação, então, passa
a ser vista com mais clareza no âmbito da escrita diarística. Ainda que se destine ao próprio
diarista, a escrita íntima mantém sua característica de ato comunicacional. Dessa forma,
Gusdorf considera como primeiro destinatário o próprio diarista, ao instituir um diálogo
entre o “eu sujeito” e o “eu objeto”.

A classificação de Gusdorf não difere daquela feita por Jean Rousset, no artigo
“Le Journal Intime: texte sans destinataire?”. Rousset oferece quatro possibilidades de
destinação do texto diarístico: autodestinação; pseudodestinação; grau de abertura de
destinação; grau de fechamento de destinação. A definição sedimentada do diário como um
texto autodestinado ou pseudodestinado pode ser entendida como mero estágio de destinação
de um texto que, em seu próprio corpo, pode estar oferecendo marcas da presença do outro
– já não apenas o próprio diarista, mas um destinatário que não se contenta em ser somente

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Volume 9 (2007) – 1-124. ISSN 1678-2054
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Aproximações: teorias contemporâneas de literatura, identidade e diários

um confidente, mas quer, principalmente, transformar-se em co-autor da escrita do eu. Tanto


Gusdorf quanto Rousset limitam-se à análise de um grupo bastante exíguo de diários e,
quase todos, de pessoas públicas. É possível, contudo, ampliar essa análise e nela incluir
textos íntimos ainda não publicados.

A passagem de um leitor abstrato da teoria iseriana para aquele leitor real, empiricamente
inserido em um tempo e espaço específicos, como o de Schmidt, revela novas perspectivas
para os estudos sobre diários íntimos. Se um passo em direção à compreensão da interlocução
existente em tais textos foi dado, resta recolher os dados quantitativos e qualitativos já
existentes e inseri-los numa abordagem do objeto em questão a partir da interação entre texto
diarístico e leitor. Como resultante dessa nova aproximação, a convergência de tendências
teóricas mais recentes – que incluem discussões de tópicos temáticos em detrimento a uma
periodização e taxonomia antigas – abarcará, sem dúvida, as preocupações iniciais dos estudos
do diarismo, além de sua mera inserção no campo dos estudos de literatura como possível
instrumento de uma crítica genética. Revelar-se-á, também, como um objeto em si merecedor
de abordagens específicas, para além de sua funcionalidade enquanto fonte documental para
uma historiografia ou, ainda, como procedimento para uma práxis pedagógica, sociológica
ou psicanalítica.

APPROACHES: CONTEMPORARY LITERARY THEORIES,


IDENTITY AND DIARIES

ABSTRACT: The unfolding of the reader-response theory as coined by Iser towards a more
empirical understanding of the relationship between reader and text open new possibilities
for inquiry of diverse texts, beyond its predicable application to the fictional literary text.
Diaries that had only been studied as subsidiary and peripheral texts can now be dealt with as
a textual practice that overpass the intimacy and the isolation – traits historically linked to the
notion of private writings. As a result of the new approach, the convergence of more recent
theoretical tendencies will evolve the initial concerns on the studies of diaries and bring
together the role of readership and identity formation in this genre of private writing.

KEY-WORDS: Diaries; reader-response theory; identity; readership.

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BARTHES, Roland. 1988. “Deliberação”. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense.

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