Caderno de Ensino - Inteligência Policial (02.02.2019)

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA


BRIGADA MILITAR – DEPARTAMENTO DE ENSINO

CURSO BÁSICO DE FORMAÇÃO POLICIAL-MILITAR - CBFPM 2018

33 – INTELIGÊNCIA POLICIAL (15 h/a)

Apresentação
A busca pelo conhecimento acompanha o homem desde a sua origem. Quanto mais
complexa a organização social, mais premente se torna essa necessidade.
A complexidade desses interesses renova permanentemente os desafios do profissional de
Inteligência. Para bem cumprir sua missão de prover às autoridades a quem compete a tomada de
decisão, é necessário buscar conhecimentos relevantes, objetivos e oportunos que contribuam
para o planejamento, a execução e o acompanhamento das questões atinentes a segurança
pública. Por esse motivo o profissional de Inteligência deve buscar constante aperfeiçoamento de
seus métodos, técnicas e processos de trabalho.
A missão do profissional de Inteligência se manifesta pelo assessoramento às autoridades
nos respectivos processos decisórios, na participação do planejamento estratégico, tático e
operacional da Brigada Militar no que se refere às atividades de policiamento ostensivo,
ambiental, rodoviário, especiais e do fortalecimento da cultura da atividade de inteligência na
Corporação.
A atividade de Inteligência na Brigada Militar está fundamentada no valor policial-
militar, na ética, no dever e no compromisso policial-militar, baseando-se na dedicação ao
serviço policial, no espírito de corpo, no amor à profissão, no culto à verdade, no respeito à
dignidade da pessoa humana, no acatamento às autoridades civis e militares, no cumprimento das
Leis, no preparo moral, intelectual e físico, na honra e na conduta pessoal irrepreensível.

Capítulo 1 – Histórico das atividades de inteligência e inteligência policial

1.1 A atividade de inteligência no Brasil


Cada vez mais a atividade de Inteligência é discutida, estudada e aplicada no mundo
atual. Na realidade ela existe desde os tempos bíblicos, quando Moisés enviou espiões para lhe
trazer dados sobre o que poderia ser a “terra prometida”. Também, não dá para imaginar os
romanos mantendo o seu império sem dados pertinentes e confiáveis, muito menos os
exploradores portugueses sem os conhecimentos da Escola de Sagres. O fato é que nas últimas
duas décadas, o número de informações cresceu mais do que nos últimos cinco mil anos.
A atividade de Inteligência no Brasil teve início, em 1927, quando foi instituído o
Conselho de Defesa Nacional, com o objetivo de suprir o Executivo de informações estratégicas.
Desde então, vários órgãos se sucederam, acompanhando a conjuntura nacional e internacional.
Em 1946, após a II Guerra Mundial, foi criado o Serviço Federal de Informações e
Contrainformações (SFICI), vinculado à estrutura do Conselho de Segurança Nacional. No final
da década de 1950, o SFICI consolidou-se como principal instrumento de informação em nível
nacional, sucedido, mais tarde, pelo Serviço Nacional de Informações (SNI).
Hoje, a atividade de Inteligência de Estado é exercida pela Agência Brasileira de
Inteligência (ABIN).

1.2 Conceito de atividade de inteligência


Conforme Decreto nº 4.376, de 13 de setembro de 2002:

Art. 2º. Para os efeitos deste Decreto, entende-se como inteligência a atividade de
obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão de conhecimentos,
dentro e fora do território nacional, relativos a fatos e situações de imediata ou potencial
influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a
segurança da sociedade e do Estado.

A Lei nº 9.883, de 07 de dezembro de 1999, estabelece, em seu artigo 1º:

[...]
§ 2o Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como inteligência a atividade que
objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território
nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo
decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do
Estado.

1.2 Conceito de inteligência policial


É o conhecimento das condições passadas, presentes e projetadas para o futuro de uma
comunidade, em relação aos seus problemas potenciais e atividades criminais. O "processo de
Inteligência" descreve o tratamento dado a uma informação para que ela passe a ser útil para a
atividade policial.

1.2.1 Atividade de inteligência na segurança pública


De acordo com o Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000, em ser art. 2º:

§ 3º Cabe aos integrantes do Subsistema, no âmbito de suas competências, identificar,


acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança pública e produzir
conhecimentos e informações que subsidiem ações para neutralizar, coibir e reprimir
atos criminosos de qualquer natureza.

1.3 Princípios doutrinários e os valores éticos que norteiam a atividade de inteligência.


1.3.1 Princípios gerais da atividade de inteligência
a. Amplitude - As ações devem visar à obtenção dos mais completos resultados.
b. Compartimentação – Deve-se restringir o acesso ao conhecimento sigiloso produzido
somente para aqueles que tenham a real necessidade de conhecê-lo.
c. Controle - Objetiva evitar erros na condução das ações, causados por vazamentos de
documentos e/ou do conhecimento, desvios de conduta ou procedimentos amadorísticos.
d. Eficiência - A atividade de inteligência deve ser exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional com vista a atingir resultados positivos e satisfatórios no atendimento
das necessidades do nosso cliente principal.
e. Ética - O profissional de Inteligência da BM deve reger sua postura comportamental de
modo a observar os preceitos estabelecidos pela Doutrina de Inteligência da Corporação,
além dos princípios éticos e valores inerentes ao policial militar, consolidados pelo Estatuto
dos Servidores Militares do Estado.
f. Imparcialidade - Todas as ações devem ser praticadas sem a interferência de fatores morais
e pessoais que possam causar distorções nos seus resultados.
g. Interação - Induz a atividade de inteligência a estabelecer ligações entre as agências de
inteligência, inter-relacionadas pelo canal técnico, não hierárquico, existente em sistemas e
subsistemas, nos quais poderão aperfeiçoar esforços para a consecução dos objetivos.
h. Objetividade - Todas as ações a serem desenvolvidas devem orientar-se para objetivos
previamente definidos e perfeitamente sintonizados com a missão constitucional da BM.
i. Oportunidade - Todas as ações devem ser desenvolvidas em prazo que assegurem o
aproveitamento útil e adequadas, para agir com eficácia, no momento certo, tomando a
iniciativa necessária para se atingir os resultados.
j. Permanência - Determina que a agência de inteligência deva proporcionar o fluxo constante
e contínuo de dados e conhecimentos, o que só será conseguido após um bom tempo de
aprendizado e experiência de seus integrantes. A permanência na função, sem altas
rotatividades, deverá sempre ser buscada.
k. Precisão - Determina que o conhecimento produzido pelo SIBM deva ser verdadeiro, com a
veracidade bem avaliada, significativo, completo e útil.
l. Sigilo - Proporciona à atividade de inteligência o espaço e os caminhos necessários para
atuar no universo antagônico e obter os dados protegidos, com a imprescindível preservação
(salvaguarda) do órgão e de seus integrantes contra pressões e ameaças. Além disso, o sigilo
é condição básica para evitar a divulgação de conhecimentos, informações e dados que
possam colocar em risco a segurança da sociedade e/ou Estado, bem como afetar a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de pessoas e/ou instituições.
m. Simplicidade - Conduz o órgão de inteligência a produzir conhecimentos claros e concisos,
proporcionando imediata, fácil e completa compreensão, tornando-o útil para quem o recebe
e minimizando custos e riscos desnecessários. Devem-se evitar planos complexos e a
linguagem utilizada não deve ser rebuscada, prolixa ou erudita.

1.3.2 Valores éticos


a. Ética e moral
Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra ética vem do grego ethos que
significa modo de ser ou caráter. Já a palavra moral tem origem no termo latino Morales, que
significa relativo aos costumes.
Em Filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu
estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade.
Moral e ética não devem ser confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica
e busca explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade.
A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto,
adequado ou inadequado. Um dos objetivos da ética é a busca de justificativas para as regras
propostas pela moral e pelo Direito. A ética não estabelece regras. Também não deve ser
confundida com a Lei, embora com certa frequência a Lei tenha como base princípios éticos.
Modernamente, a maioria das profissões tem o seu próprio código de ética profissional,
que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, frequentemente
incorporados à Lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de Lei.
Nota-se que, mesmo nos casos em que os códigos de ética não estão incorporados à Lei,
seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais
se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode
resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão
temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão.

b. Ética profissional
Muitos autores definem a ética profissional como sendo um conjunto de normas de
conduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a ação
reguladora da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional
respeite seu semelhante no exercício da sua profissão.
A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com sua clientela,
visando à dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sociocultural onde exerce
sua profissão.
Como o progresso do individualismo gera sempre o risco da transgressão ética,
imperativa se faz a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, por meio de normas éticas.

Capítulo 2 - Estrutura de Inteligência da BM (SIBM)

2.1 Estrutura do Sistema de Inteligência da Brigada Militar


As estruturas das Agências de Inteligência (AI) variam de país para país, conforme os
objetivos estabelecidos e os recursos disponíveis. De um modo geral, são dispendiosas,
complexas e de difícil organização.
No Brasil, pode-se afirmar que, normalmente, podem existir oito setores em uma
estrutura de AI: análise, contrainteligência, operações de inteligência, arquivo, informática,
inteligência eletrônica, comunicações e apoio administrativo.
O setor da análise, seja do ramo Inteligência (Intlg) seja da contrainteligência (CI), é o
coração da AI e onde se desenvolve o espírito analítico, qualidade própria da maturidade. É na
análise que chegam todos os dados e dela que saem todos os conhecimentos. É a análise a grande
responsável pelo ciclo de produção do conhecimento, pois é ela que planeja, que inicia a reunião
de dados, que processa e que providencia a correta utilização do conhecimento produzido. É ela
que se aprofunda na maior compreensão do conhecimento, organizando-se em áreas de análise
que acompanham assuntos específicos estabelecidos pelo Plano de Inteligência. Na realidade, é a
análise que qualifica a AI e a torna respeitada na comunidade.
O setor da contrainteligência (CI), que também atua com análise, é o responsável pela
produção de conhecimentos necessários à proteção. Assim, suas áreas de análise são voltadas
para os assuntos internos, para a segurança orgânica e para antepor-se às ameaças das forças
adversas.
O setor das operações de inteligência (Op Intlg) representa os braços de uma AI e é
onde se desenvolve o espírito de aventura, próprio da juventude. É o setor, acionado pelo
analista, que, sigilosamente, realiza o trabalho de campo necessário para obter os dados
solicitados.
O arquivo é a memória da AI e, do mesmo modo que se pode dizer que sem a memória
humana não haveria civilização, pode-se afirmar que sem arquivo não existe AI. O arquivo bem
organizado proporcionará uma recuperação de documentos rápida e confiável. Normalmente, o
arquivo de papel atua na organização dos documentos (expedidos e recebidos) e dos prontuários
(ou dossiês) de pessoas e de assuntos.
A era do papel está chegando ao fim, enquanto começa a era da informática. A
Inteligência cada vez mais necessita da informática que usa o conceito de rede, na qual todos os
que participam do fluxo do conhecimento deverão ser usuários, cada um com seu
microcomputador.
O setor da inteligência eletrônica, abrangendo máquinas e equipamentos especializados
e sofisticados, necessita ficar separado do setor das operações de inteligência, que trabalha com a
inteligência humana. Suas instalações deverão ser dotadas de segurança e seu pessoal, além de
técnicos especializados, ser absolutamente confiável.
As comunicações por telefone, rádio, correio, estafeta, fax ou e-mail são fundamentais,
não só para as ligações entre outros órgãos, mas principalmente, para conduzir as operações de
inteligência em andamento. É conveniente que o centro de comunicações – se houver - fique
inserido ou justaposto ao setor de operações de inteligência ou, ainda, ao chefe da AI.
O apoio administrativo deve contar com um mínimo de pessoas para controlar e/ou
cuidar das viaturas, material-carga, pessoal, finanças, armamento, equipamentos, etc.
Assim, também tem a finalidade de assessorar autoridades nos respectivos processos
decisórios e articular o planejamento estratégico, tático e operacional da Instituição no que se
refere ao exercício da polícia ostensiva em todas as suas nuanças e, ainda, na busca do
fortalecimento da cultura da atividade de inteligência na Brigada Militar.
Diante disto, expressa a estrutura do Sistema Brasileiro de Inteligência e Subsistema de
Inteligência de Segurança Pública, da forma que segue:

Fonte: PM2/EMBM
Fonte: PM2/EMBM

Fonte: PM2/EMBM

A BM possui em sua estrutura orgânica a Agência Central de Inteligência – ACI (PM2),


que articula os procedimentos de inteligência, em todas as suas agências, para subsidiar a tomada
de decisões do Comando-Geral da Corporação.
O Sistema de Inteligência da Brigada Militar é responsável pelo processo de obtenção,
análise e disseminação da informação necessária ao processo decisório do Comando-Geral e a
salvaguarda da informação contra o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados e pela
formulação da doutrina de ensino de inteligência na Corporação.
2.2 Importância do policial como integrante do sistema
Treinamento e desenvolvimento caracterizam-se por uma sequência de atividades
planejadas para proporcionar a um indivíduo ou grupo a melhora de seu desempenho. Quando
uma organização percebe queda na produtividade, uma das possíveis causas é que os servidores
não possuem os requisitos necessários para a execução de suas funções.
Os recursos humanos a serem empregados na atividade de inteligência de segurança
pública (ISP) devem ser vistos como fundamentais para seu bom funcionamento, seja na
inteligência humana, seja na inteligência eletrônica. Qualitativamente, o profissional de ISP tem
que possuir diversos atributos que o caracterizam e o distinguem. Todos deverão pautar suas
condutas por elevados padrões éticos e morais, com destaque para a lealdade, integridade,
discrição e profissionalismo (capacidade de trabalho, dedicação, responsabilidade e cooperação).
Os analistas, além de um acurado espírito analítico, deverão destacar-se pela objetividade
e pela capacidade intelectual superior (curiosidade intelectual, capacidade de apreensão,
imaginação criadora e disciplina intelectual).
Os que trabalham nas operações de inteligência, além do espírito de aventura, deverão
possuir adaptabilidade, flexibilidade, dissimulação, habilidade no trato, iniciativa, criatividade,
determinação, dinamismo, coragem, controle emocional, paciência e resistência à tensão.
Para Mager (1976), uma demanda de treinamento se configura quando determinado
indivíduo executa ou irá executar uma função onde as competências requeridas são diferentes
das que ele possui.
Treinamento e desenvolvimento de pessoas são um processo planejado, coordenado e
avaliado pelo qual o indivíduo adquire conhecimentos, habilidades e atitudes essenciais às suas
atividades profissionais presentes ou futuras.
Para ingressar na atividade de ISP, é fundamental que a pessoa seja voluntária e que
tenha competência e afinidade com a função a ser exercida. Todos os candidatos deverão ser
submetidos a um rigoroso processo de recrutamento administrativo (PRA), a ser conduzido pelo
setor de contrainteligência, para avaliar o seu perfil e verificar se os seus antecedentes são
compatíveis com a atividade.
Os policiais aposentados poderão ser recrutados e contratados para desempenhar funções
na atividade de ISP, de acordo com a legislação vigente e com a disponibilidade de recursos
disponíveis.
Em face da metodologia, da padronização e da linguagem próprias da atividade de
Inteligência, somadas à característica de atuar por meio de ações especializadas, os quadros do
SIBM deverão participar de constantes programas de formação, de especialização e de
treinamento, seja com cursos, seja com estágios.
O policial militar pertencente aos quadros da Brigada Militar deve perceber que está em
constante processo de recrutamento, pois este processo é baseado em testes de conhecimentos e
habilidades, além de visitas e entrevistas com os recrutadores.
Importa que cada integrante da Corporação perceba que ele está em constante e dinâmico
processo de recrutamento, isto porque a duração do recrutamento varia de acordo com o
candidato e a vaga pretendida. Informações sobre a evolução do candidato podem ser obtidas nas
fases iniciais mediante contato com o Setor da Agência de Recrutamento da PM2.
Em fases avançadas, o progresso do candidato é informado diretamente pelos
recrutadores. Os aspirantes passam por exames do currículo, condições médica e psicológica,
que variam de acordo com as exigências de cada função. Por isso, cabe aos integrantes do SIBM,
no âmbito de suas competências, prevenir, detectar, obstruir, identificar, acompanhar e avaliar
ameaças reais ou potenciais à segurança pública e produzir conhecimentos e informações que
subsidiem ações para neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza. Os atos
dos integrantes do SIBM, cuja publicidade possa comprometer o êxito de suas atividades
sigilosas, deverão ser publicados em extrato, não devendo integrar, na sua forma original,
qualquer documento ou instrumento usualmente utilizado pela Corporação para a investigação
criminal, civil e administrativa.

Capítulo 3 - Conceitos doutrinários e ferramentas da atividade de inteligência policial

3.1 Inteligência e organizações criminosas


A forma de organização da atividade de inteligência resulta de uma concepção que busca
o fluxo interativo de informações e conhecimentos que sejam úteis para ações de segurança, em
especial as que acompanham e se antecipam à criminalidade sofisticada e organizada que se
torna um desafio para os órgãos incumbidos da preservação da ordem pública.
O viés de inteligência policial, e não apenas de inteligência de Estado, sofreu alguns
tropeços ocasionados pela frágil perspectiva ética, em tempos não tão remotos, para retornar ao
seu leito natural de obtenção de informações em nível estratégico decisório, voltada para o
combate ao crime organizado. Segundo Joanisval Gonçalves:

De fato, é difícil discordar da relevância da atividade de inteligência na defesa do


Estado e da sociedade. Entretanto, evidencia-se o grande dilema sobre o papel da
inteligência em regimes democráticos: como conciliar a tensão entre a necessidade
premente do segredo na atividade de inteligência e a transparência das atividades
estatais, essencial em uma democracia? Associada a essa questão, outra preocupação
surge, sobretudo nas sociedades democráticas que viveram, em passado recente,
períodos autoritários: como garantir que os órgãos de Inteligência desenvolvam suas
atividades de maneira consentânea com os princípios democráticos, evitando abusos e
arbitrariedades contra essa ordem democrática e contra os direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos? A maneira como determinada sociedade lida com o dilema
transparência versus secretismo, em termos de procedimentos e atribuições dos serviços
de Inteligência, é um indicador do grau de desenvolvimento da democracia nessa
sociedade.1

A escola tradicional de Inteligência alterou seus paradigmas, no campo policial, a partir


das novas necessidades de obtenção e tratamento de dados voltados não mais para a formação
pura e simples de dossiês contra supostos inimigos do Estado ou relacionados às atividades de
interesse dos governantes. A moderna escola de inteligência busca a satisfação intransigente das
necessidades do povo brasileiro, no campo estratégico, decisório de políticas públicas do Estado
e de segurança pública.
Para Robson Gonçalves:2

O Estado é, em sua essência, cercado pelo secreto, faz parte das ações de governo, da
manutenção da soberania e da obtenção de vantagens estratégicas para o país esse
manto de proteção às informações ditas de "segurança nacional" e a busca por
informações que possam revelar ameaças ou oportunidades ao País. Desta forma, o
Estado não pode prescindir dos serviços de Inteligência, pois estes produzem o
conhecimento necessário à tomada de decisões e trabalham na proteção destas
informações, impedindo que elementos de Inteligência adversos comprometam os
interesses nacionais.
A natureza secreta das atividades de Inteligência permite que muitas vezes sua
missão seja desvirtuada. Estados totalitários utilizam-se das ferramentas de
Inteligência, dos conhecimentos obtidos e dos cenários projetados para "jogos de poder"
e para auferir vantagens pessoais para seus governantes. Nas democracias, mecanismos
de controle são criados para impedir o uso político dos serviços de Inteligência,
porém nem sempre estes controles são efetivos e a frágil barreira ética que impede seu
mau uso é constantemente rompida. (Negritou-se).

1 AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA, Conselho Consultivo do Sisbin. Manual de inteligência:


doutrina nacional de inteligência: bases comuns. Brasília, 2004.
2
DANTAS, George Felipe de Lima e outro. As bases introdutórias da análise criminal na inteligência policial.
Disponível em: <https://acervodigital.ssp.go.gov.br/pmgo/bitstream/123456789/351/30/Artigo%20-
%20As%20bases%20introdut%C3%B3rias%20da%20an%C3%A1lise%20criminal%20na%20Intelig%C3%AAncia
%20Policial.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.
Note-se que há uma diferença entre a atividade de inteligência de Estado e a atividade de
inteligência policial. Enquanto a primeira prima pelo assessoramento das autoridades de
Governo, no processo decisório, a segunda busca a produção de provas da materialidade e da
autoria de crimes. A Inteligência policial é, em suma, voltada para a produção de conhecimentos
a serem utilizados em ações e estratégias de polícia judiciária, com o objetivo de identificar a
estrutura e áreas de interesse da criminalidade organizada, por exemplo.
A inteligência policial, na área de segurança pública deve estar voltada, especialmente,
para a produção de prova criminal, a ser utilizada em ação penal cujo caráter é público contra
organizações criminosas. É preciso, para que não se distancie desse norte, reconfigurar o papel
da inteligência policial quanto ao seu desempenho, sua ação, em um contexto democrático, suas
possibilidades e limites, bem como as formas de sistematização e armazenamento dos dados
respectivos.
Para aprimoramento dos sistemas de inteligência e de combate ao crime organizado, o
Estado tem que promover o compartilhamento de dados com estabelecimento de canais formais.
Há bancos de dados institucionais da Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar,
Exército, Marinha, Aeronáutica, ABIN, Detran, bancos de dados policiais das delegacias
especializadas em lavagem de dinheiro, imigração ilegal, assalto a banco e, ainda, os não
policiais como os da Receita Federal, Dataprev/INSS, CNIS. Isto determina que os setores
responsáveis pelo gerenciamento dos dados respectivos interajam com mais determinação, a fim
de evitar enorme quantidade de dados perdidos e pouco trabalhados. Outro fator importante é a
necessidade de evitar-se a perda do conhecimento quando o detentor do banco de dados não
providencia uma interface amigável de comunicação com outros cadastros e quando um policial
interessado monta sua própria base de dados, com dedicação própria exclusiva e amor ao que
faz.3

3.2 Terminologia essencial utilizada na atividade de inteligência


 Acesso: é a possibilidade e/ou a oportunidade de uma pessoa obter dados ou conhecimentos
sigilosos que devem ser protegidos. Em consequência, deriva de autorização oficial emanada de
autoridade competente – o credenciamento – ou da superação das medidas de salvaguarda
aplicadas aos documentos sigilosos.
 Ação criminosa complexa: aquela praticada por indivíduos e/ou organizações criminosas
que utilizam recursos tecnológicos, forma de execução planejada, dissimulada ou disfarçada,
com emprego de ardil, poder econômico e sofisticados métodos para burlar a ação da justiça.

3
GOMES, Rodrigo Carneiro; MENEZES, Rômulo Fisch de Berrêdo. Integração dos sistemas de inteligência: por
uma mudança de paradigmas e mitigação da síndrome do secretismo. Trabalho apresentado no Núcleo de
Segurança Pública da UPIS, fev. 2006, Brasília/DF.
 Ação policial: como regra geral, as equipes que realizam ações de Inteligência de segurança
pública não executam ações ostensivas, prisões ou flagrantes, visando preservar a segurança de
seus integrantes e garantir o sigilo e a compartimentação. Tais ações ostensivas ficam a cargo de
equipes policiais especialmente designadas para o seu cumprimento.
 Agências de imposição da lei ou de provimento de ordem pública: órgãos policiais e
forças constabulares (e.g. guarda costeira) de vários formatos em cada país.
 Análise criminal: genericamente, é a coleta e análise da informação pertinente ao fenômeno
da criminalidade. Sua finalidade é a produção de conhecimento relativo à identificação de
parâmetros temporais e geográficos do crime e eventuais cifras obscuras, detecção da atividade e
identidade da delinquência correspondente, subsidiando as ações dos operadores diretos do
sistema (análise criminal tática) bem como dos formuladores de políticas de controle (análise
criminal estratégica e administrativa). As informações são utilizadas para o dimensionamento e
posicionamento de recursos, bem como para a realização de ações gerais de gestão em relação a
patrulhamento e investigação policial.
 Características: aspectos distintivos e particularidades que identificam e qualificam a ISP.
 Categorias de Inteligência: utilizadas para direcionar o processo de aquisição de
informação, organizar o trabalho de análise e classificar produtos.
 Cifras e códigos: recursos essenciais para a transmissão de mensagens seguras e/ou
abreviadas. A diferença básica entre uma cifra e um código, na reescrita de um "texto plano"
enviado às claras, é que uma cifra se baseia no princípio da substituição de cada letra, enquanto
um código substitui palavras ou frases inteiras por grupos arbitrários de símbolos. Nos dois
casos, a segurança da comunicação depende de que somente os transmissores e os receptores
possam ler as mensagens codificadas/cifradas, o que é feito utilizando-se uma chave de
decifração ou dicionários de códigos.
 Classificação: atribuição, pela autoridade competente, de grau de sigilo a dado,
conhecimento, documento, material, área ou instalação.
 Comprometimento: perda de segurança de dados ou conhecimentos, provocada por fatores
humanos, naturais e acidentais.
 Comunidade de ISP: conjunto de integrantes de AI que têm missões análogas ou que atuam
em uma mesma área territorial. Por intermédio da comunidade, aparam-se as arestas e quebra-se a
rigidez do sistema, criando-se uma informalidade e uma confiança absolutamente necessária para as
ligações entre as pessoas.
 Conceito: atribuição de significado emitida em função das características gerais de
determinado objeto, ação ou de relações fundamentais previstas pela doutrina.
 Credencial de segurança: certificado que materializa o credenciamento.
 Crise de segurança pública: evento ou situação crucial que exige uma resposta especial da
polícia, a fim de assegurar a melhor solução viável.
 Desclassificação: o cancelamento, pela autoridade competente ou pelo transcurso de prazo,
da classificação, tornando ostensivos dados ou conhecimentos.
 Disponibilidade: a facilidade de recuperação ou acessibilidade de dados e conhecimentos.
 Estratégia policial: a formulação planejada de diretrizes, processos, métodos e metas para o
desempenho do trabalho policial, considerando o emprego dos recursos disponíveis para o
desencadeamento de operações e/ou ações policiais conjuntas e/ou combinadas, delineando-se
alternativas e avaliando-se a relação ação/resultado provável, visando a alcançar objetivos
específicos ou múltiplos, norteada por preceitos legais e éticos.
 Espionagem: ação clandestina voltada para a obtenção de informações relevantes, secretas
ou pelo menos reservadas sobre determinado alvo, com o objetivo de beneficiar Estados, grupos
de países, organizações, facções, empresas, personalidades ou indivíduos.
 Grau de sigilo: gradação atribuída a dados, conhecimentos, áreas ou instalações
consideradas sigilosas em decorrência de sua natureza ou conteúdo.
 Informática: ciência e tecnologia que se ocupa do armazenamento e tratamento da
informação, mediante a utilização de equipamentos e procedimentos da área de processamento
de dados.
 Integridade: incolumidade de dados ou conhecimentos na origem, no trânsito ou no
destino.
 Inteligência externa: está relacionada às capacidades, intenções e atividades de Estados,
grupos ou indivíduos estrangeiros.
 Inteligência militar: é responsável por estudar, em particular, fatores do poder bélico dos
países que potencialmente são considerados adversários  ou que neles podem vir a se converter
 a fim de satisfazer às necessidades da condução de estratégia militar. Nesse campo,
contrainteligência refere-se a toda inteligência sobre as capacidades, intenções e operações dos
serviços de inteligência militares estrangeiros, o que envolve a implementação de medidas ativas
no estrangeiro e a elaboração de mecanismos de proteção de informações e materiais sensíveis à
defesa nacional.
 Investigação para credenciamento: averiguação sobre a existência dos requisitos
indispensáveis para concessão de credencial de segurança.
 Investigação policial: atividade de natureza sigilosa exercida por policial ou equipe de
policiais, determinada por autoridade competente, que, utilizando metodologia e técnicas
próprias, visa à obtenção de evidências, indícios e provas da materialidade e autoria do crime e
que podem desdobrar-se em ações policiais de controle, prevenção ou repressão.
 Linguagem de Inteligência: doutrina de Inteligência preconiza o uso de uma linguagem
especializada entre os profissionais da atividade e, em alguns casos, entre estes e os usuários de
seus trabalhos. Essa linguagem singular é naturalmente construída com base na linguagem
comum, mas os termos têm significado próprio, sem romper com o processo de comunicação
utilizado pela sociedade, garantindo o entendimento essencial ao exercício da atividade de
Inteligência, sem distorções ou incompreensões.
 Métodos: conjunto de procedimentos, medidas e ações para a produção e salvaguarda do
conhecimento.
 Missão policial: incumbência ou encargo determinado, pela autoridade policial competente,
a um policial ou a uma equipe de policiais especialmente designados para o seu cumprimento.
 Necessidade de conhecer: condição inerente ao efetivo exercício de cargo, função, emprego
ou atividade, indispensável para que uma pessoa possuidora de credencial de segurança tenha
acesso a dados ou conhecimentos sigilosos. Dessa maneira, a necessidade de conhecer constitui
fator restritivo do acesso, independentemente do grau hierárquico ou do nível da função exercida
pela pessoa.
 Normas: disposições que regulam os conceitos e procedimentos estabelecidos na doutrina.
 Operação policial: conjunto de ações policiais que emprega técnicas de investigação,
visando à obtenção de indícios, evidências ou provas da materialidade e autoria de um crime,
para a instrução de um procedimento e/ou processo criminal.
 Organização criminosa: toda e qualquer associação estruturalmente organizada,
caracterizada por hierarquia, divisão de tarefas e diversificação de áreas de atuação, com o
objetivo precípuo de delinquir, visando à obtenção de lucro financeiro e, eventualmente,
vantagens político-econômicas e controle social, adquirindo dimensão e capacidade para
ameaçar a sociedade e as instituições nacionais.
 Ostensivo: documento sem classificação; o acesso pode ser franqueado, pois não há
restrição.
 Propaganda adversa: configura-se pela manipulação planejada de quaisquer informações,
ideias ou doutrinas para influenciar grupos e indivíduos, com vistas a obter comportamentos pré-
determinados que resultem em benefício de seu patrocinador.
 Princípios: são diretrizes gerais destinadas a orientar o desenvolvimento de um corpo
doutrinário.
 Procedimentos: conjunto de regras e diretrizes para intercâmbio de informações, entrada,
gestão e exclusão de dados dos acervos informacionais do SISP.
 Reclassificação: alteração do grau de sigilo atribuído a dado, conhecimento, material, área
ou instalação.
 Reconhecimento: missão ou operação para obter, por meio de contato visual ou outros
meios de detecção, informações sobre atividades e recursos de um inimigo ou possível inimigo;
utiliza-se também para missões designadas para a obtenção de dados confiáveis sobre relevo,
aspectos meteorológicos, hidrográficos e outras características geográficas e morfológicas de
uma área específica.
 Responsabilidade: obrigação legal, individual e coletiva, em relação à preservação da
segurança.
 Sabotagem: o ato deliberado, de efeitos físicos e/ou psicológicos, executado por agentes
adversos, vinculados ou não a serviço de Inteligência, com o objetivo de inutilizar ou de
adulterar conhecimento, dado, material, equipamento e instalações. A sabotagem poder ser,
ainda, empregada para a destruição das ideias ou da reputação de instituições e de pessoas.
 Segredo: um saber de acesso particularizado a uma informação restrita, que cria alianças e
divisões sociais e espaciais por aqueles que o compartilham.
 Segredos estratégicos: são segredos retidos com uma motivação particular de alterar as
ações e os pensamentos dos outros. Eles não são um fim em si mesmo, são meios realizados para
alcançar outros fins e ocorrem quando os interesses dos atores envolvidos não são coincidentes,
quando há uma assimetria de interesses relevantes.
 Segredos governamentais: informações reguladas e classificadas pelo Estado como
sensíveis para a proteção individual e para os interesses da segurança institucional. Quando nos
referimos a segredos governamentais, estamos falando de informações que são retidas
compulsoriamente e que acarretam algum tipo de punição a quem os deixar vazar.
 Segurança: uma situação percebida como livre de ameaças ou de quaisquer outros fatores
conflitantes. Na presença de ameaças ou conflitos identificáveis, a segurança, do ponto de vista
institucional, é percebida como a possibilidade de articulação de mecanismos institucionais
capazes de neutralizar essas ameaças ou conflitos, a fim de se alcançar determinado ordenamento
e assegurar o conjunto de garantias e direitos constitucionais, bem como de assegurar o
funcionamento integral das instituições políticas.
 Segurança cidadã: situação baseada no Direito Constitucional, na qual o cidadão comum
tem sua liberdade, sua vida, seu patrimônio, seus direitos e garantias resguardados, bem como a
plena vigência das instituições do sistema constitucional. A promoção da defesa desses valores e
garantias é realizada através da ação integrada entre todos os segmentos sociais federais,
estaduais e municipais e da indispensável participação comunitária, com a assunção das
responsabilidades coletivas e individuais.
 Segurança institucional: formulação de um ordenamento social, político e econômico; a
identificação de um conjunto de fatos – percebidos como ameaças, riscos ou como fatores
conflitantes; a articulação de um conjunto de mecanismos e procedimentos institucionais –
tendentes a canalizar ações que apontem tanto para o conhecimento das ameaças, riscos ou
conflitos identificados, como para sua prevenção e neutralização. Estar seguro significa viver em
um Estado minimamente capaz de neutralizar ameaças por meio de negociações, de obter
informações sobre capacidades e intenções dos interesses adversários por meio dos recursos que
lhe estão disponíveis e legitimados pelo exercício soberano e exclusivo do monopólio da força
física.
 Terrorismo: tipo de uso ou ameaça de uso da força caracterizado pela indiscriminação dos
alvos, pela centralidade do efeito psicológico que se busca causar e pela virtual irrelevância para
a correlação de forças entre as vontades antagônicas envolvidas no conflito, da destruição
material e humana efetivada pela ação terrorista. Nesse sentido é que se pode dizer que o
terrorismo configura um tipo específico de emprego da força: o terror.
 Valores: disposições que visam fixar padrões de conduta adequados às normas impostas
pela Doutrina.
 Vazamento: divulgação não autorizada de dados ou conhecimentos sigilosos.
 Visitante: pessoa cuja entrada foi admitida, em caráter excepcional.

3.3 Papel do policial como fonte


O policial é um cidadão que desempenha uma atividade como outra qualquer, como um
médico, como um professor, como um agente comunitário de saúde, como um advogado, como
um juiz. O policial é um pouco de tudo isso, e a população quer assim: quer que seja preciso na
decisão, como um médico na hora da cirurgia; que seja paciente nas suas explicações, assim
como um professor; quer também que seja uma pessoa confiável, a ponto de deixá-los
adentrarem em nossos lares, assim como fazemos com os agentes comunitários; que seja um
defensor de nossos direitos, como são os advogados e que seja imparcial, mas justo, do mesmo
jeito que é um juiz.
O policial não é apenas um servidor a serviço do Estado, acima de tudo, está a serviço da
população e deveria ser garantidor do bem-estar de todos/as, não só em razão de um juramento
profissional, de uma norma jurídica, mas por lidar com pessoas, cujos anos de lutas resultaram
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Federal, documentos que
objetivam proteger as pessoas e seus direitos, entendendo-as como seres humanos detentores de
dignidade. O policial está inserido nesse contexto e pode ser protagonista nessa proteção, agindo
inclusive como multiplicador dos direitos humanos.
Uma sociedade que se pretende democrática deve almejar atender, minimamente, os
principais anseios da sua população: distribuição de renda, serviços públicos de qualidade na
saúde, educação e segurança pública. Demandas básicas de qualquer povo, principalmente dos
menos abastados, desprovidos de recursos capazes de suprir as deficiências do Estado nessas
áreas.
Os problemas relacionados à segurança pública vêm ganhando dimensões epidêmicas no
Brasil, onde pessoas e instituições dedicadas a estudá-los seriamente são poucas ainda, assim
como são muito precários os dados disponíveis para subsidiar análises precisas e políticas
eficazes na diminuição do crime e da violência.
A obsessão social pelo crime é traduzida na vida cotidiana, onde até nos momentos de
lazer, reservamos grande parte do tempo para assistirmos aos filmes de ação e às matérias
relacionadas à violência e criminalidade frequentemente abordadas nos principais telejornais –
em horário nobre (Eloá, Cravinhos, etc.). Neste cenário, um dos temas mais avaliados por
estudiosos da área de segurança, formuladores de políticas públicas, autoridades de governo,
acadêmicos especialistas e pelos próprios policiais é a necessidade de profissionalizar a polícia
brasileira como um recurso para capacitá-la, visando a um desempenho mais eficiente,
responsável e efetivo na realização de sua missão.
Notadamente, sabe-se que a questão da qualificação não resolverá o problema da
segurança da população. A questão é mais complexa do que se imagina, tendo em vista que ao
levar em consideração as palavras do grande sociólogo Emile Durkheim quando afirmou no
início do século passado que “o crime é um fato normal em qualquer sociedade”.
Apesar de óbvia, a afirmação costuma chocar as pessoas que imaginam ser o papel da
polícia acabar com o crime. Entende-se, portanto, que se a polícia auxiliasse na redução drástica
dos roubos diários nas grandes metrópoles, e hoje, também nas pequenas cidades, ainda assim,
centenas de pessoas seriam vítimas, todos os dias. Vítimas sempre existirão independentemente
da eficiência da polícia, o que se traduz na responsabilidade das pessoas de reduzir as
possibilidades de sofrerem algum ato ilícito.
Importante ressaltar que é na fase preventiva que o policial militar pode colaborar muito,
apesar da maior parte das pessoas pensarem que policiais e bombeiros só trabalham no momento
da emergência, na iminência ou após a ocorrência de um desastre. Essa participação não traz
ônus adicional ao policial militar ou bombeiro, pelo contrário, trata-se de uma forma de
aproximá-lo ainda mais da comunidade onde atua, angariando a confiança e simpatia das
lideranças comunitárias e promovendo uma mobilização social positiva, quando conscientiza e
desperta na população o espírito de colaboração na gestão da auto segurança.
Durante o patrulhamento preventivo e ostensivo, o policial militar acaba tendo contato
com realidades que, muitas vezes, são desconhecidas para vários outros órgãos públicos. É o
policial militar que, no cumprimento de sua missão, adentra em áreas de risco quase inacessíveis,
percorre por inteiro todo um perímetro de atuação que lhe é destinado e acaba por conhecer as
pessoas e as peculiaridades da área onde atua.
Um policial bem treinado e sensibilizado para a identificação de sinais de risco, que saiba
detectar as ameaças e as vulnerabilidades da região onde trabalha, pode salvar centenas de vidas
com a simples e oportuna comunicação de um desastre iminente.
Após esse breve resgate histórico, percebe-se que, se o serviço de Inteligência do Brasil
passou por todas essas mudanças e transformações, é compreensível que o perfil exigido de seus
profissionais também tenha sofrido alterações ao longo da história.
Dessa maneira, o perfil do profissional de policia militar e a forma de ingresso na carreira
também se modificaram, pois foi instituído, por força de preceito constitucional, concurso
público para preenchimento dos quadros efetivos. Em seguida, teve início lento processo de
transformação de hábitos de antigos servidores, para que se adaptassem às novas diretrizes e
características do serviço de Inteligência e da preservação da ordem público e o exercício da
polícia ostensiva no regime do estado democrático de direito.
O papel do policial como fonte de dados e conhecimentos de inteligência, reveste-se na
necessidade de ele conhecer bem seus postos de trabalho. Tal necessidade traduz-se na
investigação minuciosa sobre a integridade moral e ética, e no comportamento das pessoas que
estão a sua volta, a fim de alcançar ao agente de inteligência as informações necessárias na
formulação dos procedimentos operacionais e de análise necessários.
A importância dessa análise detalhada baseia-se na necessidade de certificar- se de que o
servidor militar que trabalhará com assuntos sigilosos e de interesse do Estado seja confiável,
íntegro e capaz de desempenhar seu trabalho com a discrição exigida, mas com ação de presença
efetiva, eficaz e eficiente, a fim de que, como fonte, garanta a segurança no trabalho e a seleção
de pessoas discretas e idôneas capazes de lhe disporem dos dados necessários para auxiliar no
combate a criminalidade, como requer o perfil do profissional de segurança pública.

3.4 A importância da atividade de Inteligência em relação ao desempenho policial


A sociedade da informação e do conhecimento obriga as instituições a realizar uma
atividade constante de obtenção, análise e formalização de conhecimento especializado para a
tomada de decisões como resposta aos desafios de um mundo crescentemente interconectado e
em constante modificação.
Para satisfazer essa necessidade, é fundamental a formação de profissionais capazes de
trabalhar como analistas em unidades de produção de Inteligência, na área pública ou privada.
Dessa maneira, observa-se que a importância da atividade de Inteligência em relação ao
desempenho policial visa a fornecer os conhecimentos fundamentais ao desempenho da função,
pois o profissional de segurança pública é indispensável em qualquer organismo sério que se
proponha a produzir conhecimentos necessários à tomada de decisões por parte dos gestores
públicos, ou privados.
O profissional de segurança pública deve perceber a importância da atividade de
inteligência em seu desempenho e vice-versa, pois sua atitude contribui para a discussão sobre a
atividade de Inteligência como ferramenta do aperfeiçoamento do Estado Democrático de
Direito, no Brasil, assim como sobre as questões éticas que envolvem a atividade, com vistas ao
desempenho da função de protetor da sociedade, em obediência aos princípios constitucionais
em vigor.
Visa, também, a aperfeiçoar profissionais de Inteligência que já participem do processo
decisório de suas instituições. Nesse sentido, considerando que os sistemas e as atividades de
inteligência “nada mais são do que sistemas de gestão da informação, ou, numa visão mais ampla
e atual, sistemas de gestão do conhecimento”, Pacheco (2006) aborda a necessidade do uso da
atividade pelo Ministério Público como pressuposto para uma atuação mais eficiente do órgão.
Sobre esse assunto, vale destacar o posicionamento do autor (PACHECO, 2006): Há uma imensa
“massa de informação” com a qual o Ministério Público tem que lidar cotidianamente, seja
quanto ao seu trabalho forense, seja quanto ao estabelecimento e execução de suas políticas e
estratégias institucionais (execução orçamentária, gestão de seus recursos humanos, financeiros e
materiais, planos gerais de atuação, relacionamento com outras instituições etc.).
Espera-se do profissional de Inteligência, de maneira geral, e do analista de Inteligência
de modo particular, que apresente as seguintes características:
 Discrição, por ser uma atividade que trabalha, essencialmente, com assuntos sensíveis e que
requer anonimato nas ações.
 Ajustamento ao trabalho, uma vez que a atividade é atípica e requer aprendizado específico
para a realização do ofício.
 Conhecimento profissional, ou seja, domínio das atividades que estão sob sua
responsabilidade, muitas delas extremamente sensíveis e com elevado grau de
responsabilidade.
 Flexibilidade de raciocínio, pois, ao se ter em conta as transformações de toda natureza pelas
quais o mundo está passando, é fundamental que o profissional tenha capacidade de
reavaliar posturas, reconsiderar ideias pré-concebidas e ter um pensamento bem articulado
com a realidade.
 Fluência e compreensão oral e escrita, devido à necessidade de efetuar constantes contatos
interpessoais e elaborar relatórios que servirão como instrumentos de decisões por parte de
representantes do Estado exige que o profissional tenha clareza nas suas formas de
expressão, compreenda e se faça compreender, de modo a minimizar, o máximo possível, as
distorções inerentes aos contatos humanos. Diretamente relacionado ao item anterior, estão
capacidade de síntese, objetividade e raciocínio lógico.
Outros atributos que se identificam como valorosos ao bom desempenho do profissional
de Inteligência são:
 capacidade de suportar frustrações;
 capacidade de trabalhar em grupo;
 facilidade de relacionamento interpessoal;
 iniciativa;
 controle emocional;
 proatividade;
 memória auditiva e visual;
 curiosidade para com o novo;
 busca constante de aperfeiçoamento profissional;
 lealdade4.

Capítulo 4 - Legislação aplicada à atividade de inteligência policial

A Brigada Militar é integrante permanente do Sistema Brasileiro de Inteligência e do Subsistema


de Inteligência de Segurança Pública, para o perfeito desenvolvimento das ações de polícia ostensiva e da
preservação da ordem pública. Para tanto, cabem aos agentes de Inteligência observar as seguintes
afirmações:
 Segurança pública é a garantia que o Estado - União, Unidades Federativas e Municípios -
proporcionam à Nação, a fim de assegurar a ordem pública, contra violações de toda espécie, que
não contenham conotação ideológica.
 Ordem pública é o conjunto de regras formais, coativas, que emanam do ordenamento jurídico da
Nação, tendo por objetivo regular as reações sociais em todos os níveis e estabelecer um clima de
convivência harmoniosa e pacífica, e sendo necessária para que todos possam desenvolver atividades
com o máximo de produtividade, resultante de um conjunto de princípios de ordem superior, ou seja,
princípios políticos, econômicos, morais e, algumas vezes, religiosos, que a sociedade brasileira
considera estritamente vinculados à existência e conservação da organização social estabelecida.
 Manutenção da ordem pública é o exercício dinâmico do poder de polícia, no campo da segurança
pública, manifestado por atuações predominantemente ostensivas, visando a prevenir e/ou coibir
eventos que alterem a ordem pública - os delitos - e a dissuadir e/ou reprimir os eventos que violem
essa ordem para garantir sua normalidade.

4 REVISTA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Brasília: Abin, v. 2, n. 3, set. 2006.


 Preservação da ordem pública é a função atribuída, em sentido estrito, às policiais
militares, que implica na manutenção da ordem no estado de normalidade, seu
restabelecimento quando rompida e seu aperfeiçoamento quando necessário.
 Grave perturbação ou subversão da ordem corresponde a todos os tipos de ação,
inclusive as decorrentes de calamidade pública, que por sua, natureza, origem, amplitude,
potencial e vulto superem a capacidade de condução das medidas preventivas e repressivas
tomadas pelos governos estaduais; sejam de natureza tal que, a critério do governo federal,
possam vir a comprometer a integridade nacional, o livre funcionamento de poderes
constituídos, a lei, a ordem e a prática das instituições; impliquem na realização de
operações militares.
 Polícia é a atividade de assegurar a segurança das pessoas e bens, sobretudo através da
aplicação da Lei, por meio do conjunto de poderes coercitivos, exercidos pelo Estado, sobre
as atividades dos administrados, através de medidas impostas a essas atividades, a fim de
assegurar a Ordem Pública, com observância ao seguinte:
 Polícia também designa as corporações e as pessoas que têm como principal função o
exercício da atividade de seguranças das pessoas e do patrimônio.
 o termo polícia está normalmente associado aos serviços e agentes do Estado nos quais o
mesmo delega a autoridade para o exercício dos seus poderes de polícia, dentro de um limite
definido de responsabilidadade legal, territorial ou funcional.
 a função de autoridade policial implica normalmente a aplicação da Lei, a proteção das pessoas e
da propriedade e a manutenção, restabelecimento e aperfeiçoamento da ordem pública.
 a atividade policial abrange além da preservação da lei e da ordem, dando a polícia poder para
exercer outras atividades como o socorro em situações de acidente ou catástrofe, o
planeamento urbano, a educação de menores e até a assistência social, entre outras.
 Poder de polícia é a faculdade discricionária da Administração de limitar a liberdade individual em
prol do interesse coletivo.
 Polícia militar é o órgão do sistema de segurança pública a quem compete, nos termos do
art. 144, CF, as funções de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.
 Polícia judiciária é a função de polícia voltada a dar efetividade a requisições feitas pelas
autoridades judiciárias ou do Ministério Público, expressas por meio de mandados de busca e
apreensão, mandados de prisão, mandados de reintegração de posse, mandados de interdição,
diligências, etc., cumprida, em relação à União, com exclusividade pela polícia federal, e, em relação
aos estados, tanto pelas polícias civis quanto pelas militares, eis não haver, na Constituição Federal, a
reserva da exclusividade à primeira.
 Apuração de infrações penais é a atividade apuratória de autoria e materialidade em relação a
infrações penais já ocorridas, para o que são empregadas técnicas de investigação criminal próprias.
 Investigação policial criminal é um processo de produção de conhecimento que dá suporte às
atividades operacionais de apuração de infrações penais, quer em ocorrência, quer já ocorridas, assim
como à gestão de elementos operacionais, por meio da determinação de padrões e tendências
criminais num determinado espaço geográfico-temporal.
 Polícia ostensiva é a função de vigilância das atividades normais da sociedade e de intervenção
naquilo que se apresente como anormal, independentemente da ocorrência ou não de ilícito penal.
Sua atuação assume caráter preventivo - na medida em que, por meio do policiamento ostensivo,
busca inibir práticas infracionais - assim como repressivo – na razão de sua pronta resposta a fatos
criminais em situação de flagrância, caracterizando a chamada repressão penal imediata. A polícia
ostensiva atua nas quatro fases da atividade estatal policial, destacadas em ordem de polícia, o
consentimento de polícia, a fiscalização de polícia e a sanção de polícia, tendo, portanto, suas
atribuições preventivas e de repressão penal imediata, alcance pleno, devendo, nos termos do art. 4°
do CPP, formalizar os atos que pratica.
 Policiamento ostensivo é um conjunto de ações policiais que se caracteriza pela
dissuasão, própria do policial fardado, mas que incide, apenas, em uma das fases da
atividade policial-estatal: a fiscalização.
 Na preservação da ordem pública cabe à Brigada Militar operar serviços de informações que se
refiram exclusivamente ao que a lei defina como delinquência.
 Entende-se por delinquência as atitudes contrárias ao ordenamento jurídico e social, bem como a
ação ou a omissão típica e ilícita combatida por ações de polícia que constitui ofensa, dano ou perigo
a um bem jurídico individual ou coletivo.
 Prevenção criminal primária é a fase da prevenção criminal onde os programas se
orientam às causas, à raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se
manifeste, criando os pressupostos necessários para resolver as situações carenciais
criminógenas, em que a educação, a socialização, a moradia, o trabalho, o bem-estar social e
a qualidade de vida são os âmbitos essenciais, correspondendo, tais exigências, a estratégias
de política cultural, econômica e social, cujo objetivo último é o de dotar os cidadãos de
capacidade social para superar de forma produtiva eventual conflitos.
 Prevenção criminal secundária funda-se em políticas de ordem legislativa, em
programas de prevenção policial, ordenação e ocupação do espaço urbano, etc., e atua não
quando e onde o conflito criminal é gerado, mas quando e onde ele se exterioriza.
 Prevenção criminal terciária tem por foco o apenado, a quem devem ser dirigidas
ações que visem a evitar a reincidência criminal.

4.1 Legislação constitucional que regula a atividade de inteligência policial na BM


 Constituição Federal - Art. 144;
 Constituição Estadual - Art. 125;
 Lei Complementar n° 10.991/97 – Lei de Organização Básica da Brigada Militar - Art. 12;
 Decreto n° 42.871/04 – Decreto Regulamentador – Art. 8º.

4.2 Legislação infraconstitucional que regula a atividade de inteligência policial na BM


 Lei nº. 8.159, de 8 de janeiro de 1991 - Dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos
Públicos e Privados e dá outras providências.
 Lei nº. 9.883, de 7 de dezembro de 1999 - Instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência e
criou a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN.
 Decreto nº. 3.505, de 13 de junho de 2000 - Institui a Política de Segurança da Informação
nos órgãos e entidades da Administração Pública Federal.
 Decreto nº. 3.695, de 21 de outubro de 2000 - Cria o Subsistema de Inteligência de
Segurança Pública, no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência.
 Decreto nº. 4.376, de 13 de setembro de 2002 - Dispõe sobre a organização e o
funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, instituído pela Lei n. 9.883, de 7 de
dezembro de 1999.
 Lei nº. 12.527, de 18 de novembro de 2011 - Regula o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 226 da Constituição;
altera a Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº. 11.111, de 5 de maio de
2005, e dispositivos da Lei nº. 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
 Decreto nº. 7.724, de 16 de maio de 2012 - Regulamenta a Lei nº. 12.527, de 18 de novembro
de 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art.
5º, no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 226 da Constituição.
 Decreto nº. 7.845, de 14 de novembro de 2012 - Regulamenta procedimentos para
credenciamento de segurança e tratamento de informação classificada em qualquer grau de
sigilo, e dispõe sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento.
 Decreto nº. 49.111, de 16 de maio de 2012 - Regulamenta, no âmbito da Administração
Pública Estadual, a Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regula o acesso a
informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do
art. 216 da Constituição Federal, cria a Comissão Mista de Reavaliação de Informações da
Administração Pública Estadual – CMRI/RS, e dá outras providências.
 Decreto nº. 53.164, de 11 de agosto de 2016 - Regulamenta, no âmbito da Administração
Pública Estadual, os procedimentos para a classificação de informações, prevista na Lei
Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e no Decreto nº 49.111, de 16 de maio de
2012, e dá outras providências.
Capítulo 5 - Atividades de operações

5.1 Operações de inteligência


São o exercício de uma ou mais ações e técnicas operacionais executadas para obtenção
de dados negados de difícil acesso e/ou para neutralizar ações adversas que exigem, pelas
dificuldades e/ou riscos iminentes, um planejamento minucioso, um esforço concentrado e o
emprego de pessoal, técnicas e material especializados.

5.1.1 Reunião de dados: é a etapa da metodologia da produção do conhecimento (MPC) em


que se preocupa obter dados e/ou conhecimentos, que respondam e/ou complementem os
aspectos essenciais a conhecer.

5.1.2 Ações de inteligência: são todos os procedimentos e medidas realizadas por uma AI para
dispor dos dados necessários e suficientes para a produção do conhecimento, centrados, de um
modo geral, em dois tipos de ações de inteligência: ações de coleta e ações de busca.

5.1.3 Ações de Coleta: são os procedimentos realizados a fim de obter dados depositados em
fontes disponíveis, sejam elas originadas ou disponibilizadas por indivíduos e órgãos públicos ou
privados.
a. Coleta primária: envolve o desenvolvimento de ações de ISP para obtenção de dados e/ou
conhecimentos disponíveis.
b. Coleta secundária: envolve o desenvolvimento de ações de ISP, por meio de acesso
autorizado, por se tratar de consulta a bancos de dados protegidos.

5.1.4 Ações de busca: são todos os procedimentos realizados pelo elemento de operações,
envolvendo ambos os ramos da ISP, a fim de reunir dados protegidos ou negados, em um
universo antagônico.

5.1.5 Operações de Inteligência: conceitos básicos


a. Ambiente operacional: é o local onde se desenvolve uma operação de ISP e que,
normalmente, determina os recursos empregados.
b. Alvo: é o objetivo principal das ações de busca. Pode ser um assunto, uma pessoa, uma
organização, um local ou um objeto.
c. Elemento de operações (ELO): é o setor que planeja e executa as operações de ISP.
d. Pessoal:
 Agente – É um profissional de ISP da AI que possui capacitação especializada em ações e
técnicas operacionais.
 Colaborador - É uma pessoa recrutada operacionalmente ou não  que, por suas ligações
e conhecimentos, cria facilidades até mesmo fora de sua área normal de atuação. Não
possui treinamento especializado.
 Informante - É uma pessoa recrutada operacionalmente, que trabalha em sua área normal
de atuação. Poderá ser treinada ou não.
 Rede – É a designação dada ao conjunto de pessoas não orgânicas, colaboradores e
informantes, controladas pela AI.
 Controlador - É o agente responsável pelo controle de componentes da rede.

5.2 Técnicas operacionais e ações de busca


5.2.1 Ações de Busca: são operações de inteligência:
 Reconhecimento é a Ação de Busca realizada para obter dados sobre o ambiente operacional
ou identificar visualmente uma pessoa. Normalmente é uma ação preparatória que subsidia o
planejamento de uma Operação de Inteligência.
 Vigilância é a ação de busca que consiste em manter um ou mais alvos sob observação.
 Recrutamento operacional é a ação de busca realizada para convencer uma pessoa não
pertencente à AI a trabalhar em benefício desta.
 Infiltração é a ação de busca que consiste em colocar uma pessoa junto ao alvo.
 Desinformação é a ação de busca  muito utilizada no ramo da contrainteligência  realizada
para, intencionalmente, confundir alvos (pessoas ou organizações), a fim de induzir esses
alvos a cometer erros de apreciação, levando-os a executar um comportamento pré-
determinado.
 Provocação é a ação de busca, com alto nível de especialização, realizada para fazer com
que uma pessoa/alvo modifique seus procedimentos e execute algo desejado sem que o alvo
desconfie da ação.
 Entrevista é a ação de busca realizada para obter dados por meio de uma conversação,
mantida com propósitos definidos, planejada e controlada pelo entrevistador.
 Entrada é a ação de busca realizada para obter dados em locais de acesso restrito e sem que
seus responsáveis tenham conhecimento da ação realizada.
 Interceptação de sinais [eletromagnéticos, óticos e acústicos] e de dados é a ação de busca
realizada por meio de equipamentos adequados, operados por integrantes da inteligência
eletrônica.
 Observação: as ações de infiltração, entrada e interceptação de sinais, comunicações, dados
e imagens podem envolver quebra de sigilo legal e autorização judicial.
5.2.2 Técnicas Operacionais de ISP (TOI): são as habilidades desenvolvidas por meio do
emprego de técnicas especializadas que viabilizam a execução das ações de busca, maximizando
potencialidades, possibilidades e operacionalidades. As principais TOI são:
 processos de Identificação de Pessoas é o conjunto de TOI  considerada a constante evolução
tecnológica  destinado a identificar ou a reconhecer pessoas: fotografia, fotometria, retrato
falado, datiloscopia, documentoscopia, DNA, arcada dentária, voz, íris, medidas corporais,
descrição, dados de qualificação;
 observação, memorização e descrição são a TOI na qual os profissionais de ISP examinam,
minuciosa e atentamente, pessoas, locais, fatos, ou objetos, por meio da máxima utilização
dos sentidos, de modo a transmitir dados que possibilitem a identificação;
 estória-cobertura é a TOI de dissimulação utilizada para encobrir as reais identidades dos
agentes e das AI, a fim de facilitar a obtenção de dados (e dos propósitos) e preservar a
segurança e o sigilo;
 disfarce é a TOI pela qual o agente, usando recursos naturais ou artificiais, modifica sua
aparência física, a fim de evitar o seu reconhecimento, atual ou futuro, ou de adequar-se a
uma estória-cobertura;
 comunicação sigilosa é a TOI que consiste no emprego de formas e processos especiais,
convencionados para a transmissão de mensagens ou para passar objetos, no decorrer de
uma operação;
 leitura da fala é a TOI na qual um agente, á distância, identifica diversos fatores
relacionados a questões tratadas em uma conversação, que viabilizam a compreensão do
assunto;
 análise de veracidade é a TOI utilizada para verificar, por meio de recursos tecnológicos ou
metodologia própria, se uma pessoa está falando a verdade sobre fatos ou situações;
 emprego de meios eletrônicos é a TOI que capacita os agentes integrantes da Inteligência
Humana a utilizarem adequadamente os equipamentos de captação, gravação e reprodução
de sons, imagens, sinais e dados;
 fotointerpretação é a TOI utilizada para identificar os significados das imagens obtidas.

Referências bibliográficas

AFONSO, Leonardo Singer. Fontes abertas e inteligência de Estado, Revista Brasileira de


Inteligência, 2-2/49-62. Brasília: Abin, abr. 2006. p. 49.

AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Revista Brasileira de Inteligência. Vol. 1, nº.


1. Brasília: 2005.
AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA, Conselho Consultivo do Sisbin. Manual de
inteligência: doutrina nacional de inteligência: bases comuns. Brasília: 2004.

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