Psicologia E A Pessoa Com Deficiência: Vania Aparecida Maques Leite
Psicologia E A Pessoa Com Deficiência: Vania Aparecida Maques Leite
Psicologia E A Pessoa Com Deficiência: Vania Aparecida Maques Leite
A PESSOA COM
DEFICIÊNCIA
Vania Aparecida
Maques Leite
O plano de atendimento
educacional especializado
e os desafios para a inclusão
do aluno com deficiência,
no currículo geral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A matrícula de alunos com necessidades especiais na escola regular não é
garantia de educação inclusiva, apesar de ser um passo importante nessa
direção. Estar incluído implica apropriar-se do saber e das oportunidades
educacionais oferecidas à totalidade dos alunos. Isso requer dos governos
e gestores escolares ações que façam valer os direitos resguardados pela
política nacional de educação especial na perspectiva da educação
inclusiva. Mas o que precisa ser feito para que a educação inclusiva se
efetive nas escolas? O que caracteriza um currículo inclusivo? Como as
necessidades educacionais desses alunos podem ser atendidas?
Neste capítulo, você vai encontrar respostas para essas questões.
Inicialmente, abordaremos as diretrizes nacionais para a inclusão desses
alunos no currículo regular; em seguida, trataremos das diretrizes para o
atendimento educacional especializado (AEE). Por fim, apresentaremos
alguns elementos que devem compor um Plano de Atendimento Edu-
2 O plano de atendimento educacional especializado e os desafios...
Para ler mais casos como este, acesse o documento “Educação inclusiva: o que o
professor tem a ver com isso?”, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/jPbHiQ
Acessibilidade atitudinal
Uma das demandas mais prementes no atual cenário da educação é a cons-
trução de uma cultura curricular comprometida com a ética e o respeito aos
direitos humanos. Para Sassaki (2009), a acessibilidade atitudinal se insere no
modo como a escola oportuniza a construção dessa cultura. Nesse sentido, é
importante que o currículo escolar contemple a formação humanista, por meio
da abordagem de conteúdos atitudinais, que possam combater a discriminação
e o preconceito, assim como valorizar atitudes mais inclusivas e abertas ao
acolhimento da diversidade em todas as suas formas de expressão.
Acessibilidade arquitetônica
Ao tratar dessa dimensão, Sassaki (2009) reitera os dispositivos da Portaria
nº. 3.284, de 7 de novembro de 2003 (BRASIL, 2003), que dispõe sobre requi-
sitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências. Da mesma forma,
o Decreto nº. 5.296, de 2 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004) estabelece
as normas gerais e os critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
O plano de atendimento educacional especializado e os desafios... 9
Acessibilidade comunicacional
Em conformidade com a Resolução CNE/CEB nº. 2/2001, art. 12, § 2º (BRA-
SIL, 2001), o autor chama atenção para a necessidade de a escola eliminar as
barreiras comunicacionais, servindo-se de recursos e serviços que propiciem
e/ou ampliem habilidades funcionais de pessoas com deficiência nessa área.
Acessibilidade metodológica
Segundo Sassaki (2009), a acessibilidade metodológica indica a supressão das
barreiras nos métodos e nas técnicas de ensino. Essa forma de acessibilidade
defende como princípio a diferenciação dos dispositivos de aprendizagem,
adequando estratégias e recursos para ensinar de forma diferente aqueles que
necessitam de algumas diferenciações para aprender com equidade.
Acessibilidade instrumental
De acordo com Sassaki (2009), a acessibilidade instrumental se refere à pro-
visão de recursos materiais específicos para atender às necessidades de apren-
dizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais. Tais materiais
podem ser adquiridos ou adaptados, conforme a demanda pedagógica. Em
ambos os casos, a escola deve contar com o apoio do atendimento educacio-
nal especializado, que ajudará os professores na identificação dos recursos
necessários, bem como na sua aquisição.
O plano de atendimento educacional especializado e os desafios... 11
Acessibilidade programática
Sassaki (2009) afirma que a acessibilidade programática diz respeito à eli-
minação de barreiras relacionadas às políticas públicas e à legislação. Para
que essas barreiras sejam rompidas, faz-se necessária a conscientização de
todos os agentes responsáveis direta e indiretamente pela educação, sobre os
direitos assegurados à inclusão educacional.
O Decreto nº. 6.571 (BRASIL, 2008a) afirma o direito desses alunos de serem
matriculados em classe comum da rede regular de ensino e também no AEE. Isso
é reiterado na Resolução CNE/CEB 04/2009 (BRASIL, 2009), que preconiza
que a educação especial deve ser institucionalizada no projeto pedagógico da
escola e que os sistemas de ensino devem matricular esses alunos nas classes
comuns do ensino regular e no atendimento educacional especializado (Art. 29).
O AEE, segundo as Diretrizes Operacionais referidas, deve ser transversal
ao currículo geral, com caráter complementar ou suplementar, devendo ocorrer
no contraturno da educação regular. Ele não substitui o trabalho realizado
na sala de aula, mas complementa e suplementa esse trabalho, com vistas ao
pleno desenvolvimento do aluno.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008b) destaca que o AEE deve ser ofertado em todos os níveis
de educação, contemplando desde a educação infantil até o ensino superior.
De acordo com a Resolução 04/2009, em seu art. 2º, o AEE deve promover a
inclusão, por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade
e estratégias para eliminar os obstáculos que possam interferir no desenvol-
vimento da aprendizagem e na plena participação dos alunos que fazem parte
do seu público-alvo na sociedade (BRASIL, 2009).
O professor do AEE
A Política Nacional de Educação Especial (2008b) reafirma a necessidade de que
as duas modalidades de ensino — educação especial e educação regular — dialo-
guem. Nesse sentido, o professor do AEE tem um papel de articulação e suporte
ao projeto pedagógico da escola, e deve buscar constantemente esse diálogo.
Em seu artigo 12º, a Resolução CNE/CEB 04/2009 indica que esse pro-
fissional deve ser habilitado para o exercício da docência e possuir formação
específica na educação especial. O documento destaca ainda as atribuições
desse profissional, descritas a seguir (BRASIL, 2009):
devem atender alguns critérios e realizar um cadastro, que será avaliado pela
Secretaria de Educação e encaminhado para as providências junto ao MEC.
[...] com base nos dados coletados na avaliação, o professor é capaz de planejar
e oferecer respostas educativas específicas adequadas e diversificadas, que
proporcionam para o aluno, formas de superar ou compensar as barreiras de
aprendizagem existentes nos diferentes âmbitos (POKER et al., 2013, p. 22).
Saiba mais sobre a avaliação do aluno com deficiência nos tópicos a seguir.
a) Condições gerais de saúde: verificar se há presença de deficiência ou problemas
de saúde, indicar se há laudos ou avaliações de diagnóstico, verificar as recomen-
dações de outros profissionais e se o aluno faz uso de medicação controlada, se o
medicamento interfere no aprendizado, se apresenta algum comprometimento
sensorial (visual e auditivo), motor ou comportamental.
b) Necessidades educacionais específicas: identificar e avaliar indicadores que
possivelmente apontem para a presença de alguma deficiência ou suspeita de
deficiência. Devem ser avaliados o tipo de sistema linguístico utilizado pelo aluno
para se comunicar, se faz uso ou depende de algum equipamento ou tecnologia
assistiva para mobilidade e/ou participação nas atividades escolares, bem como
as acessibilidades que precisam ser providenciadas.
c) Desenvolvimento: para avaliar o desenvolvimento do aluno, devem ser observa-
dos aspectos como afetividade e sociabilidade, cognição, linguagem, percepção,
atenção, memória, raciocínio lógico e função motora.
O plano de atendimento educacional especializado e os desafios... 19
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