A Oração e A Vontade de Deus

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A Oração e a Vontade de Deus

Orar é o melhor remédio para todas as crises e carências humanas.

Sem oração, a vida cristã torna-se árida. Orar é a chave nas mãos da fé que pode abrir o celeiro do Céu,
onde estão os inesgotáveis recursos divinos.

É pela oração que nós abrimos o coração a Deus, por isso devemos empregar esforços e tácticas para
conservar aberta a comunhão entre Ele e nós.

(Salmo 42.8)

Através de todos os tempos os homens têm sentido a necessidade de orar, tornando-se piores ou
melhores, consoante o grau de intensidade e persistência com que o fazem. (Actos 10.1-4)

O grande pregador Moody disse o seguinte acerca da oração:

Ela é a porta pela qual Deus opera a sua vontade soberana em nossas vidas.

A vida sem oração é inconcebível:

Felicidade ou vitória, sem darmos graças.

Esforços diários coroados de êxito, sem Deus partilhar.

Problemas difíceis, sem Deus para aconselhar.

Impotência e fraqueza, sem pedir auxílio a Deus.

Desgostos, sem recorremos a Deus para consolação.

Aflições, sem o socorro divino.

Há muita solidão e tristeza numa vida sem oração.

Oração não é um argumento bem idealizado; não é uma imposição; não é um meio de persuação; não deve
ser um rol de pedidos para benefício pessoal.

Oração é trabalho e é poder.

A oração:

É uma solene correspondência entre nós e Deus.

Leva à mais íntima comunhão e convivência com Deus.

É a nossa respiração espiritual vitalizante.

É uma transacção entre nós e Deus.

É um refúgio para o fraco; e um reforço para o forte.

É a chave para a direcção divina.

É o factor mais importante para moldar o carácter em conformidade com o propósito divino.

É um mandamento.

É a essência da religião.
É o maior privilégio que nós possuímos.

É a expressão de necessidades e gratidão.

Um filho de Deus vê mais apoiado nos joelhos

do que um filósofo na ponta dos pés.

Isto é tão verdade que a própria experiência nos revela o grande alcance e o superior efeito da oração.

Jesus iniciou e terminou o seu ministério a orar; e no período que decorreu entre o seu início e o seu
término jamais descurou o contacto com o Pai.

Moody também dizia que não há registos de Jesus ter ensinado os seus discípulos a pregar, mas ensinou-os
a orar.

Como um pai tem prazer em que o filho o aborde e converse com ele, lhe faça confidências, lhe peça
conselhos ou fale dos seus problemas, também Deus tem prazer em que os seus filhos procedam do
mesmo modo.

A oração do homem íntegro é o seu contentamento (Provérbios 15.8).

Devemos dar-Lhe frequentemente este prazer.

Geralmente as orações são feitas sob o peso das necessidades. Mas, pondo os nossos interesses de parte,
oração deverá ser essencialmente desejo de conviver com Deus.

O anseio pelas coisas espirituais, a avidez de descobrir os mistérios divinos, a sensação interior que se
traduz por fome de Deus, é que determinam a frequência e intensidade que a oração tem nas nossas vidas
(Salmo 42.1-2).

Para chegar a Deus diz o filósofo brasileiro Hermogenes é simples: basta que tenhamos por Ele a
mesma avidez que o peixe fora de água tem por lá voltar.

O cristão deve ter a sensação permanente da presença de Deus.

Diz ainda Hermogenes:

Desculpa meu Deus se não me ajoelho cada vez que te vejo. Tenho que trabalhar, mover-me; e por isso não
posso viver ajoelhado.

Bom dia, meu Deus. Quero ser hoje melhor do que fui ontem. Ensina-me a pronunciar teu nome cada vez
que respirar. Quero ser teu companheiro o dia inteiro. Nisto estará minha alegria.

Que solidão pode existir para aquele que se entrega total e incondicionalmente ao Omnipotente?

Um fabricante de produtos de vitaminas, na sua campanha publicitária, chamou à avitaminose e falta de


elementos nutriciais na nossa estrutura física, fome oculta.

As pessoas podem saciar a fome com uma refeição abundante; mas nem sempre se alimentam, por isso ele
designou a avitaminose dessa maneira.

Infelizmente as pessoas hoje também padecem de fome espiritual oculta.

O mundo está cheio de desassossego, tristeza, sofrimento, ansiedade; e não precisa de mais religião, mas
de uma experiência espiritual autêntica diz o Dr.Logefeil; e acrescenta: Apresenta-te no lugar de oração!
Uma vida que tenha por alicerce uma experiência religiosa genuina, poderá resistir a qualquer temporal.

A presença de Deus na nossa vida é uma necessidade absoluta. Sem Deus presente na vida colectiva da
igreja ou na vida privada de cada membro, é impossível permanecer, prosperar e vencer. E nenhum cristão
poderá atingir apreciável crescimento espiritual sem intensiva oração, pois ela é o único veículo de
correspondência entre Deus e nós e a única forma de requerer e manter a sua presença.

Há os que contemplam o firmamento, as nuvens, procurando Deus. Outros veem-No no sol.

Elevo os meus olhos para os montes... será de lá que me vem o auxílio?

Cada um procura Deus à sua maneira: Na natureza, dentro do templo, na reunião solene, no carisma
pessoal de alguém.

Mas poucos são aqueles que O procuram onde deveria ser: Dentro de si próprio.

Porquê Orar?

Muitas vezes a forma, o lugar e a oportunidade de encontrarmos Deus, nem sempre é segundo os padrões
mais convencionais.

Afinal Jonas encontrou Deus no barco da desobediência, ou no peixe preparado por Deus? Na adversidade
e no castigo no ventre do peixe aprendeu a orar. Depois de tanto atraso e aflição teve de voltar ao
ponto de partida e começar tudo de novo.

Se tivermos que reformular os nossos métodos de oração e aprender do ponto zero o que é uma genuina e
frutuosa correspondência com Deus, não hesitemos em fazê-lo.

Isaac Singer diz que o seu avô, que era rabino na Polónia, um dia fez um sermão onde formulava as
seguintes perguntas:

Porque é que Deus precisa de tantos louvores por parte daqueles que O servem? Porque exige aos homens
tantas orações? Não conhece Ele as necessidades das suas criaturas?

O meu avô diz Isaac Singer deu respostas sucintas a estas perguntas:

Deus não precisa de ser glorificado pelos homens; mas sabe que quando estes deixam de louvá-Lo,
começam a louvar-se demasiado uns aos outros.

Também sabe que quando os homens não Lhe dirigem orações, pedem mais favores aos influentes e
poderosos. Aqueles que perderam a fé na perfeição de Deus tendem a acreditar cada vez mais na perfeição
dos falsos messias e suas promessas.

Os que negam Deus estão predestinados a atribuir as Suas qualidades aos seres humanos.

Os materialistas que contestam a sabedoria de Deus e a sua providência, atribuem essas qualidades a reis e
a ditadores ou a sistemas que parecem satisfazer todas as necessidades humanas.

E este neto dum judeu ilustre continua dizendo:

Para os materialistas e os racionalistas radicais, a oração nunca passou de um acto de fanatismo religioso.
Tenho visto mais fanatismo entre ateus convictos do que em qualquer grupo religioso. Alguns pensadores
materialistas atribuem à teoria da evolução mais milagres, mais coincidências improváveis e prodígios do
que todos os teólogos jamais poderiam ter imaginado.

Desde que me tornei escritor, tenho sido constantemente abordado para assinar petições pelas mais
variadas causas. As pessoas que o fazem raramente acreditam que seus pedidos lhes vão ser concedidos
pelos tiranos e ditadores a quem se dirigem. Há, no seu protesto, um substrato de resignação e ironia.

A oração a Deus é diferente das súplicas mundanas. A mera essência da oração é um alívio para a alma
perturbada. Os rostos de quem reza exprimem a ardente convicção de que a sabedoria de Deus não pode
existir lado a lado com a crueldade.
A prece constitui muitas vezes a única esperança e o único refúgio do homem, no meio das angústias da
vida. É um instinto que nenhuma lógica pode destruir.

A oração pode tornar-se uma força que controla não somente o nosso lado funcional, mas também o
orgânico. A oração exprime uma verdade tão antiga como a própria vida, que está sempre na iminência de
extinção, e no entanto parece resistir, como um milagre sempre repetido.

Se nisto tudo podemos encontrar uma resposta ao porquê orar, ainda podemos acrescentar o que um
cristão afirmou: Cristo é a nossa vida, portanto oramos a Deus como respiramos. Estas funções vitais, tanto
a espiritual como a física, quando interrompidas podem trazer problemas graves ou até a morte.

(1Tessalon. 5.17)

Assim poderemos apontar várias razões para o porquê orar:

1. Porque Deus requer as nossas orações.

(Jeremias 33.3+Salmo 50.15)

2. Porque Deus tem contentamento nas nossas orações.

(Provérbios 15.8)

3. Porque é pecado não orar.

(1Samuel 12.23)

4. Porque é muito importante louvar a Deus.

(Apocalipse 19.5 + Salmo 44.8 / 34.1)

5. Porque lhe devemos acções de graças.

(Colossenses 4.2 + 1Tessal.5.18 + Efésios 5.20)

6. Porque só ele pode satisfazer as nossas necessidades.

(Lucas 11.9-13 + Filipenses 4.6)

O Céu está sempre aberto às nossas preces (Lucas 3.21 + Salmo 99.6-8 + 1Pedro.3.12). A ciência criou meios
de surpreendente rapidez de comunicação. Qualquer mensagem chega a milhares de quilómetros em
escassos segundos; mas nada se compara à rapidez da oração. (Isaías 65.24 + Daniel 9.20-23)

Jesus exorta-nos à quietude e à confiança e que sejamos perserverantes e convictos, porque ele sabe que a
oração é o meio mais poderoso que Deus põe ao dispôr do homem. (Salmo 91.15)

Certo dia um garotinho tentava arranjar um brinquedo estragado; mas apesar de todos os seus esforços
não o conseguia. O pai, que o observava, disse entretanto:

- Tens a certeza de que estás usando toda a tua força?

- Estou sim respondeu o garoto.

- Não estás não replicou o pai tu ainda não me pediste para te ajudar.

Esta estória ilustra bem o que é afinal a oração. Quantos esforços baldados fazemos nós para resolver os
nossos problemas, alcançarmos aquilo que almejamos ou conseguir alívio para os males que nos afligem,
sem recorrermos àquele que tudo pode e está pronto a ouvir-nos e a abençoar-nos.

A oração também pode ser encarada como uma forma de combate.


Por isso alguém disse que os soldados do Senhor lutam melhor de joelhos.

(Colossenses 4.12 + Filipenses 6.18)

Como um filho, em face do perigo, procura a protecção do pai, assim deveremos fazer nós.

Se queremos ter protecção real e eficaz façamos o que sugere Jesus:

Mateus 26.41 + Lucas 6.12 + Actos 1.4,14 + 1Pedro 4.7

Um bispo português disse recentemente que se o mundo quer pôr-se de pé, a igreja terá de se pôr de
joelhos.

Efectivamente são esforços vãos aqueles que a humanidade faz para se soerguer do estado desolado em
que se encontra. Mas, se por outro lado, aqueles que constituem verdadeiramente o povo de Deus se
solidarizarem num esforço unânime através da oração, conseguirão efeitos de um alcance tão vasto que
dificilmente poderemos antever. (Actos 12.5)

Se quisermos avaliar o que é e tem sido a oração para nós, devemos interrogar-nos acerca destas cinco
questões:

Que lugar tem a oração na nossa vida particular?

Que significado atribuimos nós à oração?

No acto de orar sentimo-nos verdadeiramente na presença de Deus?

O que é que normalmente pedimos e que sentimentos exprimimos nas nossas orações?

Cremos verdadeiramente no acolhimento favorável das nossas orações?

Requesitos Para a Oração

Desde os primórdios do relacionamento entre Deus e o ser humano que se verifica a necessidade de haver
uma forma regulamentar e definida para contactar Deus.

O rasgar do véu que separa a vida terrena da celestial requer determinados requisitos, os quais, desde o
ofício sacerdotal do passado até aos cultos actuais, são como que uma plataforma de contacto entre o
Criador e a criatura.

Hoje essa plataforma está completamente espiritualizada e acessível a cada pessoa, mas não deixa de
obedecer a certas normas.

O anjo do Apocalipse (8.3-4) que faz chegar as orações dos santos junto de Deus (5.8), é um quadro bem
eloquente da acção sacerdotal daqueles que devem encaminhar o povo aos pés do Senhor. (Salmo 141.2)

A missão sacerdotal descrita em Exodo 30.1-8 + 2 Cronicas 29.11 / 30.27 + Lucas 1.9-10, transposta para o
novo concerto, não é mais nem menos do que a singela atitude de intervirmos em favor de outrem através
da oração. Era isso que a igreja primitiva fazia: Actos 16.13 / 1.14 + 1Timóteo 2.1 + Tiago 5.14.

Como acabámos de ver, o primeiro requisito a seguir é considerar a oração um ministério. Ministério a que
ninguém se deve furtar. (1Timóteo 2.8)

Vivemos na época das refeições rápidas, dos duches rápidos, das relações fugazes e...das orações
sintéticas, orações rápidas, feitas a correr.

Todavia, se quisermos tirar rendimento do acto de orar, é bom que procuremos uma forma de oração
sistemática e os requisitos que isso comporta:

A oração tem um espaço a abranger, tem âmbitos e assuntos nela contidos.


O apóstolo Paulo, dirigindo-se ao jovem presbítero Timóteo, pede-lhe que se suplique e se façam pedidos
por todos os homens, sem redutos ou preferências. (1Timóteo 2.1,4) a fim de que todos venham ao
conhecimento da verdade.

De seguida refere-se às autoridades (1Timóteo 2.2) que devem merecer também as nossas intercessões,
independentemente de ditarem leis justas ou não; ou de estarem a governar bem e de acordo com o nosso
sentido ideológico. Se a igreja, no decorrer dos séculos, se tivesse dedicado à oração pelas autoridades, não
teriamos tantos países fechados ao evangelho, tanta injustiça social e tantos problemas económicos e
politicos.

Devemos orar também por todos os crentes em geral, os jovens e principalmente pelos que estão longe.
(Efésios 6.18).

Pela igreja local e universal (Colossenses 1.9-11).

Pelos que são chamados a exercer um ministério ou serviço (1Tessal.5.12-13) e todos os missionários em
todas as partes do mundo.

Pelo sucesso da acção evangélica e de todo o trabalho exterior. (Coloss 4.3-4)

Pelos desviados, tentados e agitados. Pelos idosos, desempregados e os que vivem dificuldades.

Pelos doentes, fracos e cansados, física, psíquica e espiritualmente (Tiago 5.13-14)

Pela preparação necessária para a proximidade do reino de Deus.

(Mateus 6.10 + Apocalipse 22.20)

Pelo povo de Israel e pela paz em Jerusalém. (Salmo 122.6)

Pelos nossos inimigos (Mateus 5.44 + Lucas 6.28)

Por nós próprios (Salmo 51.1-3,10,15), pelas nossas necessidades quotidianas (Mateus 6.11). Devemos orar
a Deus por tudo o que nos diga respeito. (Filipenses 4.6), pois quando nos incluímos nas nossas orações
mais fácil se torna levar perante Deus os pedidos pelos outros. Cada pormenor da nossa própria vida deve
ser apresentado junto de Deus.

Há exemplos que nos vêm do passado e que ilustram o dever que temos de apresentar a Deus os nossos
problemas pessoais:

Ezequias ora por uma vida mais longa (2Reis 20.5-6 = Isaías 38.1-5)

Bartimeu pediu a sua vista (Mateus 10.46-52).

Ana pediu a Deus um filho e foi atendida (1Samuel 1.27)

Jeremias pede a Deus que o livre dos seus inimigos (Jeremias 11.19-20).

Assim como Elias (1Reis 19.4,10).

Jacó reclama com tenacidade a benção de Deus e obtem-na. (Génesis 32.26)

Gedeão pede um sinal de confirmação (Juízes 6.36-40).

Muitas são também as orações pessoais de David. (Salmo 61.1-2 / 73.26 / 143.1).

Jonas confessa a Deus o seu ressentimento (Jonas 4.1-4) e obtem uma resposta benevolente.

Saulo deveria ter requerido duma forma muito intensa a misericórdia divina para si próprio (Actos 9.11)

Jabez recebeu de Deus o que pedira. (1Crónicas 4-10)


Não devemos preparar os nossos próprios planos e em seguida pedirmos a Deus para os abençoar. É
melhor uma fé simples, que consulta Deus primeiro; e depois formula planos de acordo com a Sua vontade.

Orar por tudo o que nos diz respeito significa que quando oramos procuramos conhecer a vontade do
Senhor em relação a nós e saber como viver para Ele, por Ele e com Ele.

Dificuldades da Oração

Como em tudo na vida, a actividade de oração apresenta determinadas dificuldades. A vida cristã é uma
marcha e uma batalha (Efésios 6.12 + 2Coríntios 2.10-11), e onde a luta se intensifica mais é precisamente
no campo da oração.

Uma das dificuldades mais comuns é o tempo disponível. Não tenho tempo é a desculpa que o cristão
moderno costuma apresentar. No entanto há sempre tempo para coisas bem menos importantes, para não
dizer: sem importância nenhuma.

A agitação a que a sociedade de hoje nos sujeita, por vezes deixa-nos pouco tempo e disposição para as
ocupações do espírito.

Quem não tem tempo para orar, não tem tempo para nada que diga respeito a Deus.

Como poderemos superar esta dificuldade e dar à nossa actividade de oração um sentido metódico?

Primeiro, é bom que estabeleçamos uma hora para orarmos (Salmo 55.17). Uma hora marcada faz com que
regulemos a oração em relação ao tempo e ela assim caiba dentro de determinados períodos da nossa vida.
Para não nos esquecermos da hora destinada à oração podemos usar memorizadores: um autocolante no
relógio, por exemplo, que está sempre visível e nos faz recordar; um apontamento na agenda; um sinal
convencional bem situado, onde nós ponhamos a vista, enfim, tudo aquilo que nos ajude a lembrar o
tempo certo que escolhemos.

Robert Cook diz no seu livro ‘Agora que creio’: se não tiveres horas certas para oração, em breve não terás
tempo para orar.

O melhor tempo para oração é sem dúvida o da manhã (Salmo 5-3), quando ainda não atingimos o período
do cansaço e da distracção. Pode-se argumentar que de manhã saímos a correr de casa, que o tempo não
chega, mas uma oração completa e bem feita precisa de 5 minutos apenas. Deitemo-nos 5 minutos mais
cedo, poderemos também levantar-nos 5 minutos mais cedo e ter assim o tempo indispensável para orar.

Orar deve ser um contacto estreito e directo com Deus, por isso é normal que se torne num acto contínuo,
passando a ser assim afinal um estado de espírito. Só assim é possível os nossos pensamentos estarem em
permanente consonância com o Céu.

Devemos estar sempre prontos para a oração instantânea sempre que se nos deparem aflições, lutas e
sofrimentos (Salmo 72.12 / 50.15).

Outra dificuldade que às vezes nos surge é a de arranjarmos um local propício para orar. (Marcos 1.35).
Embora o melhor local seja aquele que nos permite uma total evasão e concentração (Mateus 6.6), isso não
impede que oremos em qualquer situação. Não há tempo nem lugar impróprios para orar. Quando
Neemias está perante o rei Artaxerxes e este lhe faz uma pergunta crucial, ora instantaneamente sem se
coibir ou incomodar. (Neemias 2.4).

Podemos isolar-nos, concentrar o nosso pensamento em Deus e encontrar plena comunhão com Ele, em
meios adversos, através da oração.

A Bíblia narra diversas situações em que servos de Deus oraram.


No ventre de um grande peixe, em alto mar. Jonas 2.1.

Num terraço Actos 10.9

Voltado para uma parede 2Reis 20.2

Na prisão Actos 16.25

Sentados nas areias do deserto Génesis 21.16

Na montanha Marcos 6.46

De joelhos na praia Actos 21.5

Devemos estar preparados para que de uma forma prática oremos logo que necessário, face ao
inesperado. (Isaías 37.14-15)

As preocupações que nos afligem e não nos deixam concentrar, as distrações que fazem com que a mente
divague, são outro tipo de dificuldades.

Na oração devemos ausentar-nos de temas que ela não comporte e reconduzir sempre o pensamento ao
ponto em que nos encontravamos.

A oração não pode ser plenamente eficaz se o nosso espírito não estiver totalmente liberto de assuntos
que o possam perturbar. Para isto devemos contar com uma força poderosa que podemos desenvolver e
que falta a muita gente a vontade.

A vontade rege tanto o coração como a mente; e era bom que tudo em nós fosse regido pela vontade.
Querer, ter vontade e operar, desenvolve acção; enquanto que os simples desejos são inactivos.

A vontade deve reger também as nossas orações. Se orarmos usando esta força poderosa, o pensamento
não fica erradio e fixamo-lo no ponto onde queremos. Muitas orações são simples expressões de desejos
emitidos diariamente, sem haver uma vontade firme.

Não conseguimos encontrar respostas para os nossos pedidos porque não definimos aquilo que queremos.
Os pedidos são vagos e limitamo-nos a repetições sem haver uma oração específica.

Costumamos dizer: Senhor abençoa-me, Senhor dá-nos uma benção; mas não especificamos o que
queremos realmente receber. Jesus perguntava às pessoas: O que queres que te faça? E ele sabia bem o
que eles queriam. Mas queria ouvir das suas bocas o seu pedido expresso.

Os Músculos do Espírito

Os nossos hábitos são os músculos do espírito e podem ser fortalecidos como os músculos do corpo, se
empregarmos tempo e diligência em fazê-lo; e por um uso activo e sensato.

Tal qual os músculos do corpo, os hábitos do espírito fortalecem-se pelo exercício, ou afrouxam e gastam-
se pela incúria. Quanto mais uso se lhes dá, mais poderosos se tornam.

Se nos habituarmos a trazer o espírito sempre erradio, indiferente e distraído, o resultado será possuirmos
um espírito incapaz de se concentrar num determinado assunto; um espírito sem grande ânsia de saber;
um espírito, enfim, que nunca poderá apreciar os mais belos tesouros do pensamento porque estes lhe
passarão despercebidos.

A falta de imaginação pode ser outra das dificuldades que encontramos.

Uma imaginação santificada é um dom de Deus para ver o invisível por um esforço da mente.
Algumas pessoas são tão obtusas e limitadas em relação às coisas celestiais, que dificilmente as conseguem
imaginar com propriedade. A sua imaginação é tão curta e terrena, que Deus e tudo o que diz respeito ao
mundo espiritual não passa dum mosaico ingénuo de fantasias, onde tudo se afigura à medida da sua
imaginação carnal.

Para irmos até ao Céu primeiro teremos de descer à Terra: É necessário fixar os olhos em Jesus de Nazaré e
partir daí para tudo o que diga respeito à nossa elevação espiritual. Imaginá-lo tal como ele era. Imaginar-
nos a conviver com ele, operando com ele. Imaginarmos a sua morte, ressurreição e ascensão; pois só
assim poderemos ressuscitar e ascender com ele e crer que intercede por nós hoje; e que um dia
regressará em glória. (Salmo 16.8)

Outra dificuldade que às vezes nos assalta é a falta de disposição.

Nós vivemos pela fé; não pela nossa disposição!

Se tivermos uma entrevista, um compromisso com alguém, nós compareceremos, mesmo que não
tenhamos disposição para isso.

Ora com mais força, quando for preciso mais força para orar.

Mesmo quando não estamos dispostos, e talvez mesmo por não estarmos dispostos devemos orar,
contrariando esse estado.

A oração é um barómetro que mostra a nossa condição espiritual. Se não temos tendência natural para a
oração, é porque o nosso espírito está enfermo.

Mecânica da Oração

Depois de tudo o que foi exposto é possível criar uma anatomia para a oração.

Primeiro vejamos a sua mecânica:

A oração funciona duma maneira muito precisa, sendo o desejo a mola impulsionadora, a fé o suporte e a
resposta uma consequência natural.

Se tudo isto funcionar, então poderemos dizer que estamos orando convenientemente, como Manassés,
que orou deveras (2Crónicas 33.12-13)

Em relação à resposta deveremos ter em conta determinados factores, para não ficarmos confundidos.
Deus responde de maneira multiforme às nossas orações:

Temos respostas directas e imediatas (2Crónicas 7.1 + Génesis 25.21).

Temos respostas diferentes do previsto. (2Crónicas 12.7-9).

Quantas vezes Deus actua em nosso proveito de maneiras imprevistas.

Alguém disse: Pedimos força, e Deus envia-nos dificuldades que nos tornam fortes; pedimos prosperidade,
e Deus concede-nos capacidade intelectual e disposição de trabalho proveitoso; pedimos coragem, e Deus
expõe-nos ao perigo a fim de vencermos; pedimos favores, e Deus concede-nos oportunidades.

Temos também respostas demoradas (Lucas 18.1-7)

Tardar não é negar. Por vezes Deus é tardio em responder, para nos provar, ou para nos preparar para a
resposta. (Romanos 12.12). Perseverança é a palavra de ordem.
Mesmo que não recebamos exactamente e no tempo desejado o que pedimos, devemos crer que o Senhor
nos ouve, então poderemos orar assim:

Obrigado, Senhor

Por não me dares o pouco que te peço

E não ter que te pedir

O muito que me dás.

E embora nos possa parecer paradoxal, às vezes também temos recusas.

(Jonas 4.1-11)

Pedimos coisas inoportunas e descabidas; e Deus, como bom Pai que é, recusa esses nossos pedidos. (Tiago
4.3)

Somos tão falíveis e curtos de vista, que muitas vezes pedimos coisas erradas.

Componentes da Oração

Vejamos agora quais devem ser os componentes de uma oração:

O contacto, que é como o fumo do incenso e estabelece a ligação com Deus. Normalmente estabelece-se
contacto entoando os nomes pelos quais Deus é conhecido: YAHWEH; Senhor, nosso Deus e nosso Pai;
Deus de Abraão, Isaac e Jacó, etc.

É evidente que não devemos iniciar uma conversa ao telefone sem nos certificarmos que do outro lado está
a pessoa certa. Assim evitam-se equívocos. Mas às vezes acontece começarmos a falar sem identificarmos
a pessoa que fala connosco, e às vezes falar-se sem confirmar que se está a ser ouvido. Para que isto não
aconteça na oração, façamos a nossa introdução.

Mas como é que poderemos dar conta de que o contacto foi estabelecido?

Através da meditação que é o segundo componente da oração.

O filósofo brasileiro Hermogenes diz que Deus fala mais fácil e mais fundo, não quando ansiosamente lhe
pedimos que fale; mas quando, humildes, nos calamos em espera tranquila.

François Mauriac diz também: Não te queixes que Deus não fala. Tu é que és surdo. Muitas vezes pensamos
que Deus não ouve as nossas perguntas; nós é que não escutamos as suas respostas.

Outro componente que não deve faltar na oração é a acção de graças. Às vezes pedimos, pedimos muito e
esquecemo-nos de agradecer. (Filipenses 4.6)

E claro, outro componente e este ninguém esquece que é a prece

(Mateus 26.39).

Um dos componentes mais preciosos, mas raramente usado, porque o tempo e lugar da oração nem
sempre são favoráveis, é a contemplação.

Hermogenes, diz no seu livro Mergulho na Paz: Desde que saibas gozá-la, a paisagem é tua. Não importa
que o proprietário diga que lhe pertence. Tu, que tens o poder de descobrir mistério e beleza, fica sabendo:
és dono de todas as serras, dos caminhos ensolarados, dos remansos dos rios, das praias, do horizonte, do
colorido de todos os crepúsculos, do frescor das madrugadas, de todos os rosais, de pedregulhos,
arvoredos, das cascatas, do refrigério do oásis; enfim, de todas as paisagens que os olhos ávidos de
maravilha vierem a captar. Se tens tempo e dedicação para sentir beleza, são teus todos os lugares que te
convidem a ficar em contemplação e oração.

Alguém disse: Aquele que contempla a natureza, conversa com Deus.

Usemos algum do nosso tempo para estabelecermos esta forma de diálogo tão edificante.

Regras Para Oração

Vamos ver agora as normas que devem nortear o nosso acto de orar:

Devemos pedir tudo ao Pai, em nome de Jesus. Isto exclui qualquer outro mediador, que não seja ele.
(1Timóteo 2.5 + Hebreus 7.25)

Jesus, o Filho de Deus, concedeu-nos o acesso directo ao Pai; e é possível, desde que nos apresentemos em
seu nome, que Deus nos atenda (Mateus 6.9 + João 16.23-24 / 14.13-14)

Devemos acompanhar a nossa prece com louvor, num acto de adoração e reverência.

Não devemos usar de vâs repetições (Mateus 6.7)

Deve ser criado um ambiente calmo e propício. (Mateus 6.6+16.13)

Devemos usar uma linguagem proveniente do pensamento; e não rotineira recitação de palavras, uma
ladaínha que nenhum efeito produz junto de Deus.

Há membros de igreja que são notados por dar muita ênfase ao falar e dizerem sempre as mesmas coisas.
Isto denota pouco envolvimento com o acto de orar. É bom deixarmos que Deus fale primeiro (Salmo 85.8);
é nisto que consiste a meditação. É necessário que falemos com o coração.

Vale mais pôr o coração na prece, sem encontrar palavras

Do que enconrar palavras sem pôr nelas o coração.

A oração deve ser feita também duma forma explícita, definida e perceptível (1Coríntios 14.14-16),
sobretudo quando é pública, de modo a que todos entendam as ideias nela contidas.

Deve processar-se como se fosse uma conversa com os nossos pais ou alguém que nos seja querido; como
um diálogo.

Devemos sentir a presença de Deus. O cristão tem de ter a sensibilidade de notar se Deus está presente.
Isto tem a ver com um dos componentes da oração, que é o contacto.

Não deve haver lugar a exibicionismos (Mateus 6.5). Alguns crentes infelizmente servem-se da oração para
mostrarem que são eloquentes e que têm ideias brilhantes e inspiradas. A oração deve ser feita com
simplicidade.

A simplicidade é a marca de fabrico da verdadeira grandeza. E quanto mais simples nós formos a orar,
maior grandeza nós daremos a esse acto tão transcendente. (Eclesiastes 5.2)

Simplicidade na vida de oração significa total ausência de artifícios, palavreado, tensão, pretenciosismo e
esforço pessoal. A oração deve libertar-nos de todos os esforços.

Por isto mesmo é que devemos orar no Espírito, pois é ele que ajuda as nossas fraquezas. (Efésios 6.18). O
Espírito Santo é que dá verdadeira vida às nossas orações. Ele é a fonte de toda a energia que usamos ao
orar (Judas 20 + Romanos 8.26-27). Sem o Espírito de Deus a oração torna-se árida, fria e formal. (Efésios
5.18 + Zacarias 12.10)
E finalmente devemos ser naturais.

Os homens e mulheres de Deus eram naturais nas suas preces. Moisés, que viveu com Deus em verdadeira
intimidade, teve frases que se tornaram famosas:

Rogo-te que me mostres a tua glória (Exodo 33.18)

Perdoa o seu pecado, se não risca-me do teu livro que tens escrito. (Exodo 32-32)

Rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho. (Exodo 33.13)

Eram pedidos directos e sem rodeios.

Lembremos também a conversa de Abraão com Deus. (Génesis 18.23)

As súplicas desses nossos antepassados eram impetuosas, directas e simples. E Deus nunca os repreendeu
por isso. Não perdiam tempo a falar da sua própria indignidade, nem empregavam deferências absurdas e
palavrosas. Deve existir entre nós e Deus uma intimidade natural, sem constrangimentos, mas sem
irreverência uma santa familiaridade de amor. Uma regra envolvente e que, quando não observada, pode
criar uma situação de indecência é a de que o homem descubra a cabeça, enquanto a mulher a deve cobrir.
(1Coríntios 11.4-5).

Condições para a Oração

Continuando a nossa anatomia da oração, analisemos as condições que lhe são inerentes e sem as quais
pode haver lugar a impedimentos:

Pedir, apesar de sabermos que Deus conhece as nossas necessidades, antes de lhe pedirmos. (Mateus 6.8)

Para termos comunhão com Deus é preciso ter algo que lhe dizer, mesmo que seja algo que Ele já sabe. Isto
é o mesmo que conversar sobre assuntos já tratados. Afinal esta condição leva-nos a sentir necessidade do
seu auxílio. (Mateus 7.7 + Salmo 107.4-6)

Pedir com fé. É preciso que creiamos nas promessas de Deus, na sua misericórdia e no alcance do seu
poder. (Hebreus 11.6 + Mateus 21.21-22 = Marcos 11.24 / 9.23 + Tiago 1.6)

Pedir com a consciência limpa (1João 3.21 + 1Timóteo 3.9 / 1.19 + Salmo 66.18)

É preciso também estar em Cristo (João 15.7); e ser praticante da Palavra. (1João 3.22,24 + Romanos 2.13 +
Tiago 1.23-25 + Provérbios 28.9)

É indispensável que tenhamos um conhecimento prévio da Palavra de Deus, para que as nossas orações
sejam baseadas nela, a fim de não pedirmos erradamente. A leitura da Bília e a oração devem andar juntas,
captando a mensagem divina e meditar sobre a coisa certa.

Quando oramos pelas autoridades, por exemplo, devemos saber antecipadamente o que Deus pensa sobre
o assunto. (Romanos 13.1-7 + Tito 3.1-2 + 1Pedro 2.13-17 + Daniel 4.17).

Se orarmos pelos irmãos devemos ter também um critério sobre o assunto.

Se orarmos por eles baseados na nossa própria compreensão, na nossa compaixão ou afeição por eles,
poderemos cometer erros. Mas se intercedermos por eles baseados nas Escrituras, estaremos promovendo
a sua edificação e avanço espiritual.

Se virmos um dos nossos irmãos em dificuldade e nos apressarmos a pedir a Deus que o livre
imediatamente, estaremos a impedir que se cumpra algo que está escrito, (2Coríntios 4.17)
Paulo não foi libertado de todas as suas aflições, mas foi sustentado nelas.

Se estudarmos as Escrituras concluiremos facilmente que:

Os que estavam doentes não foram todos curados (1Timóteo 5.23)

Os que estavam presos não foram todos libertados. (Hebreus 11.36)

Os que serviram a Deus zelosamente não escaparam todos ao martírio.

(Hebreus 11.37 + Actos 12.2)

Sabendo que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus. (Romanos
8.28)

Há uma outra condição que quando não observada, pode ser impeditiva de as nossas orações terem um
bom acolhimento por parte de Deus a nossa relação com o próximo.

(Mateus 5.23-24 + 1Timóteo 2.8 + Mateus 11.25)

Obstáculos à Oração

Existem muitas coisas que paralisam a arma da fé e impedem que recebamos de Deus os seus inesgotáveis
recursos que Ele está sempre pronto a conceder-nos.

A essas coisas chamaremos obstáculos:

O primeiro obstáculo é o espírito farisaico, a hipocrisia, que faz com que Deus nos volte o rosto. (Lucas
18.9-14 + Mateus 16.6,12)

O segundo obstáculo é a desobediência orgulhosa, a obstinação. Quando não nos humilhamos sob a
potente mão de Deus é difícil que Ele olhe para nós com benevolência. (Isaías 59.2 + 2 Crónicas 7.14 +
Ezequiel 2.8)

A essência da rebelião é cada um fazer as coisas à sua maneira.

A falta de confiança em Deus é também outro obstáculo ao bom acolhimento das nossas preces.

Elias foi chamado o gigante da oração, porque ele recorria a ela ousadamente e fazia dela a sua maior
arma.

(1Reis 17.1-7, 14-24 / 18.36-37, 42-46 + Tiago 5.17-18)

Como poderemos orar, sem confiarmos que seremos atendidos? Por vezes olhamos muito para nós, para
as nossas misérias, questionamos acerca dos nossos méritos; e não confiamos na misericórdia divina.
Somos muito calculistas e não confiamos plenamente nas promessas que Jesus nos faz. (Salmo 37.5 / 34.8 +
Hebreus 4.16)

Um grande obstáculo também é o egoismo.

Quando só pensamos em nós e nas coisas terrenas que nos dão prazer, Deus escusa-se a atender-nos.
(Tiago 4.3)

E finalmente temos o obstáculo da contradição da vontade divina, que tem uma relação directa com uma
das condições:

A que diz respeito ao conhecimento antecipado daquilo que Deus quer


(1João 5.14-15)

Deus promete responder somente às orações daqueles que estiverem identificados com Ele. Deus nunca
recusa responder a uma só petição, desde que observemos as suas condições (Actos 8.22 + 2 Timóteo 2.22
+ Isaías 1.15)

Todas as cartas têm uma resposta. Favorável ou não, recusando algo ou concedendo, agradável ou
desagradável, cada carta merece uma resposta, Assim sucede também com Deus. Se a oração não obtem
resposta é porque não chegou ao Céu. E se chegou, Deus dá-nos uma resposta.

A completa rendição das nossas vidas dá o privilégio de se pedir tudo quanto se quiser, porque não há
possibilidade de o verdadeiro consagrado pedir erroneamente.

E nunca esqueçamos: Pedi o que quiserdes diz o Senhor e não pedi o que vos apetecer...

O profeta Isaías (5.8.9) apresenta-nos também 3 obstáculos a ter em conta:

O jugo, e claro que não é o jugo de Jesus (Mateus 11.28-30), que consiste na paciência, honestidade,
justiça, temperança, abnegação, confiança, amor, paz e santidade; mas o jugo dos homens que ele refere
como fardos pesados (Mateus 23.2-4, 13, 15, 23-24).

O estender do dedo, ou o gesto ameaçador, compulsivo e condenatório. Esta é uma das razões porque
muitos que se dizem cristãos nunca recebem respostas satisfatórias às suas orações. (Mateus 7.1-5 + Lucas
6.36-38).

A linguagem iníqua ou o falar vaidade, tem muito a ver com o uso que damos ao orgão mais perigoso que
temos no nosso corpo. (Mateus 15.11 + Provérbios 10.14 / 18.7 + 1Coríntios 5.11 / 6.10).

Quando pensamos e falamos de moralidade, associamo-la vulgarmente à castidade. Mas moralidade não
tem só a ver com os costumes sexuais; ela é também equidade, prudência, compaixão e benedicência.

Nenhuma oração de um maldizente passa pelas portas do Céu, nem tampouco pelas janelas...

As Modalidades da Oração

Podemos dividir a oração em duas modalidades:

A oração privada e a oração pública.

Sem existirem grandes diferenças entre uma e outra no que respeita à forma e ao conteúdo, achamos que
a oração pública merece alguns cuidados e comporta regras a que devemos dar atenção.

Enquanto que a oração privada pode ser feita quase sem palavras, a pública já deve conter a expressão
verbal das ideias, de modo a que o nosso irmão, que participa dela, possa dizer o amen.

Nas nossas orações secretas, as quais são a energia da alma, levamos a Deus as nossas preplexidades,
dúvidas, ansiedades, tribulações, decepções e desabafos como o fez Neemias (1.4-6), Jesus Cristo (Lucas
9.18), Ana (1Samuel 1.13) e outros servos de Deus.

Nas orações públicas é evidente que os assuntos devem ser mais genéricos e que digam respeito a toda a
congregação; as palavras devem ser explícitas e as ideias claras. Mesmo que não encontremos as palavras
certas, na oração privada, Deus entende muito bem qual é a nossa intenção; agora, em relação à oração
pública, é preferível dizer coisas simples, em vez de rebuscar ideias e referir assuntos que ninguém entende
o que seja.
É também importante sabermos que a intensidade da oração não depende do nosso tom de voz. Não é a
gritaria e o aparato que chegam ao Céu. Qualquer oração pode ser intensa e sentida, mesmo feita nos
moldes mais sóbrios e serenos.

É natural que clamemos (Salmo 39.12 / 17.1-6), mas sem pieguices e sem muito alarde. (1Crónicas 5.20)

Deus precisa de ouvir as nossas preces (Salmo 65.2 / 66.19), mas não é surdo; não precisamos de gritaria
para chegarmos aos seus ouvidos.

Decerto que quando os nossos antepassados irmãos levantavam a voz a Deus, o faziam com singeleza e
solenidade; e não alacremente e a tocar as raias da irreverência.

Falavam, e a prova de que falavam é que pôde ficar registado o que disseram (Actos 1.24 + Marcos 14.39)
mas falavam comedidamente.

Quando Paulo ora no templo e é arrebatado para fora de si (Actos 22.17), concerteza que orava
intensamente, o que não impedia que o fizesse de maneira discreta. Naturalmente quem estava ao seu
redor nem se apercebeu do que se estava a passar. Orar no Espírito, não significa agitação.

A oração em privado, no silêncio do nosso aposento, ou na montanha, é uma fonte inesgotável de bençãos.
Mas a oração pública na igreja também é necessária.

Quando saímos da esfera de convivência dos nossos irmãos, as nossas orações tornam-se pessoais e
egoistas. Quando oramos isolados, as nossas orações tornam-se formais e rotineiras.

Por outro lado se a oração não for a nossa atitude habitual na vida particular, nunca poderemos orar com
propriedade perante a igreja.

Se nos habituarmos a falar com Jesus Cristo em privado e em convívio, sentiremos muito mais a sua
presença.

Recomendações para a oração pública:

Não exortes, nem menciones os defeitos dos outros. Não ensines.

Não procures palavras escolhidas, nem frases muito pomposas.

Não mistures palavras e expressões bíblicas que significam coisas diferentes.

Não faças presunçosas meditações nem discursos, expondo as verdades da Palavra de Deus. Lembra-te que
estás a falar para Deus e não para os circunstantes. Não faças citações despropositadas.

Não percas tempo a repetir sempre as mesmas coisas, ainda que de forma diferente.

Ora com um fim determinado, evitando coisas de carácter pessoal. Pensa sobretudo na glória de Deus, na
Sua obra e acção na igreja, o Seu povo, na salvação das almas e nas necessidades colectivas da igreja.

Não digas demasiadas vezes: Ó Senhor, bendito Deus, Senhor Jesus, Pai, etc. Isto chega a tornar-se
irreverente.

Não estendas a oração por muito tempo. Sê sucinto e objectivo. Diz com precisão e sem rodeios o que
pretendes.

Sê natural. Nunca procures fazer a oração com eloquência.

Ora em voz distinta, de modo a que todos te ouçam e compreendam; mas não grites.
Posição e Gesto

Uma questão que por vezes se coloca é a de qual a postura correcta para nos dirigirmos a Deus.

É evidente que a própria cultura hebraica, os seus costumes e preceitos litúrgicos nos levarão a concluir
que a posição mais correcta é de joelhos.

O Salmo 95.6, os textos de Actos 21.5, Efésios 3.14 e Lucas 22.41 dão-nos uma informação precisa acerca
da postura que os antigos usavam para a oração.

Retirando a estes casos toda a carga de tradição, de usos e costumes até de outras religiões congéneres,
somos levados a crer que efectivamente o cristão deve orar de joelhos. Não que isto seja uma norma
absolutamente obrigatória, mas porque a tradição no-lo recomenda.

Quando oro de joelhos é porque estou postado perante um objecto. E Deus deixa de ser um objecto no
culto cristão, para passar a ser adorado em espírito e em verdade. E o espírito não tem joelhos. Não é
portanto condição obrigatória postar-me dessa maneira.

Do texto que está em 1Timóteo 4.8 depreenderemos também que um gesto que deve acompanhar as
orações é o de levantar as mãos. Gesto que infelizmente tem perdido o uso em muitas igrejas. Há até quem
diga que levantar as mãos a Deus em acção de louvor, não é correcto.

Mas não é isto que a Sagrada Escritura nos dá a entender.

(Salmo 143.6 / 134.2 / 141.2 / 28.2)

Habituemo-nos a levantar as nossas mãos em acto de homenagem quando pronunciamos as nossas


orações. Essa é uma atitude que agrada a Deus, pois assim o faziam os homens santos de antigamente.

Sempre que possível, ajoelhemos, postremo-nos ante Aquele que nos criou.

Mas quer façamos as nossas preces de joelhos ou em pé; de mãos levantadas na assembleia ou no maior
acolhimento; em viagem ou parados, façamo-lo com toda a carga sentimental e espiritual que a oração
merece. Isto é que é importante e não a postura que assumimos.

O Jejum

Não podemos falar de oração sem falarmos de jejum; tal como não podemos falar de abelhas, sem
falarmos de flores.

O jejum é um poderoso auxiliar da oração.

Esta prática consiste na abstinência de qualquer alimento, seja sólido ou líquido, durante um determinado
período.

O jejum favorece a nossa relação com Deus porque é um exercício de auto renúncia que nos faz aproximar
mais da vontade divina. Seja feita a tua vontade é parte integrante do Pai Nosso, e nela expressamos a
mais importante faceta da oração.

Jejuar é uma acção da nossa própria vontade; Deus não intervem directamente nela. Mas quando o
fazemos submetemo-nos a uma prática recomendada por Ele e isso é-Lhe agradável.

A nossa mente e o nosso espírito são também beneficiados pelo jejum. Até o nosso corpo o é.
Os nossos orgãos precisam de descanso, tal como os nossos membros. Quando ao fim de um dia de
trabalho o nosso corpo pede descanso, nós descansamos. Se passarmos 24 horas sem comer, o nosso
estômago, fígado, rins e intestinos também nos agradecem. E não morremos por isso.

O nosso cérebro trabalha melhor quando o nosso estômago está vazio. A irrigação sanguínea que por vezes
nos falta na cabeça, está concentrada na nossa digestão; daí o benefício mental do jejum.

Jejuar nunca deve ser uma tentativa de persuadir Deus. Não interpretemos mal os dados bíblicos neste
sentido. (2Crónicas 20.1-4 + Esdras 8.21)

Quando se proclamavam jejuns nestes casos era com objectivo de complementar a súplica e de a tornar
mais efectica; nunca com intenção de convencer Deus de alguma coisa.

A igreja primitiva procedia do mesmo modo. (Actos 13.2-3 / 14.23).

O jejum como rejeição da nossa vontade carnal é um poderoso auxiliar na oração. Traz mais dedicação,
aplicação e predisposição às nossas almas, dando-nos a força necessária para a resolução de muitas
dificuldades.

A Oração Modelo

Tal era a necessidade e importância da oração que os discípulos de Jesus um dia desejaram ser instruídos
sobre isso, de maneira especial.

A oração modelo daí resultante o Pai Nosso, como é vulgarmente conhecida tem uma idade
aproximada de 2000 anos e é ainda hoje conhecida de quase todas as pessoas e pronunciada por milhares
de bocas diariamente.

Não deve contudo ser encarada nem usada como uma reza ou ladaínha.

Quando os discípulos dizem a Jesus: Ensina-nos a orar, decerto estavam procurando do Mestre uma
fórmula para a oração.

Jesus fornece-lhes então os tópicos que deveriam nortear as orações, ou as linhas gerais que as devem
reger. Se lhes fornecesse o Pai Nosso como uma reza estaria contrariando tudo o que sabemos acerca do
acto de orar. Assim o Pai Nosso surge como a oração modelo que Jesus apresenta para nos guiarmos. Logo,
quando oro, devo orar segundo esses moldes, não omitindo nenhuma das ideias que estão associadas a
cada trecho:

Mateus 6.9-13 = Lucas 11.24

Pai Nosso

Este simples enunciado destroi a vida do eremita e todo o sentimento de misantropia e egoismo, de
isolamento, individualismo ou exclusivismo. Esta é uma oração plural, não de um filho único, mas de
alguém que se sente incluído numa família, pela qual é necessário interceder. Isto estabelece o princípio da
fraternidade cristã e também o da nossa condição de filhos (1João 3.1-2 + João 20.17).

No sentido geral Deus é Pai da humanidade, como Criador (Actos 17.28 + Malaquias 2.10), mas Ele é
verdadeiramente Pai de todos aqueles que O aceitam. (Efésios 1.5 + Gálatas 4.6)

Quando pronunciamos as palavras iniciais da oração ensinada por Jesus, devemos estar certos que o nosso
Pai cuidará de nós (Salmo 103.13 + Malaquias 3.17); portanto devemos também vigiar para que em tempo
algum nos afastemos Dele. (Jeremias 3.19).
Que Estás nos Céus

Este mundo é de Deus, mas ainda não é a sua casa. O seu reino ainda não foi estabelecido na Terra (Salmo
103.19). O reconhecimento da soberania de Deus advem precisamente da ideia que temos dele
entronizado nos Céus. (Salmo 11.4 + Eclesiastes 5.2).

Santificado seja o teu nome

Este enunciado faz de nós adoradores (João 4.23). Devemos desejar que o nome de Deus seja exaltado
entre as nações (Salmo 46.10). Para isso é necessário o nosso contributo, santificando-o através das nossas
vidas, nos nossos actos e palavras. As evidências de Deus em nós é que dão brilho ao seu nome (Mateus
5.14-16 + 1Pedro 2.12). Portanto, quando oramos e dizemos santificado seja o teu nome, isto não deve ser
a expressão dum mero desejo, mas sim o reconhecimento de que em todas as circunstâncias o seu nome
deve ser exaltado.

Venha o teu reino

Esta petição refere-se ao reino literal e visível, o reino constatável. O mesmo a que se referiu o malfeitor na
cruz (Lucas 23.42) e João no Apocalipse (11.15).

Desejar o seu reino faz de nós subditos, e nessa qualidade devemos-lhe obediência para que um dia com
ele reinemos. (Lucas 12.32 + Mateus 6.33 + Coloss. 3.1-2).

Seja feita a tua vontade

Quando oramos assim, assumimos a qualidade de servos (João 12.26). A sua vontade é feita no Céu (Salmo
103.20-21). Seria bom que assim fosse feita na Terra (Mateus 26.39,42 + João 6.38 + Actos 21.10-14 + 1Reis
8.61).

Mas os homens não acatam a autoridade divina e insurgem-se contra o domínio de Deus, não aceitando a
sua vontade de boa-mente. Por isso nos diz o apóstolo Paulo que devemos orar pelas autoridades a fim de
que os propósitos de Deus sejam minimamente cumpridos na Terra.

Quando reconhecemos a soberania, o domínio, o poder, a autoridade e a vontade de Deus, colocamo-nos


numa posição de humildade diante dele, que nos faculta a condição de servos do Rei dos reis.

Cada vez que pronunciamos a frase seja feita a tua vontade, devemos primeiramente avaliar se nós
próprios nos submetemos á sua vontade nas nossas vidas. (Romanos 8.28).

Isto torna-nos dependentes (Mateus 7.8-11). A dependência, seja do que for, não é uma coisa
recomendável; todavia quando se trata da dependência de Deus é a maior exigência da vida. Alguém disse
que a melhor fonte de pão é o altar onde os homens se ajoelham. Esta suprema verdade refere-se não só
ao alimento, mas a tudo o que nos sustenta diariamente,

Nos dá hoje, exclui todos os pedidos para amanhã (Exodo 16.4). A nossa vontade é receber tudo de uma
vez. Mas se Deus nos desse tudo hoje, amanhã não teríamos necessidade de invocá-lo e levar-lhe as nossas
preces. (Provérbios 30.7-9) Deus quer que o seu povo tenha fé que ele supre as suas necessidades todos os
dias. (1Timóteo 6.8-10).

Somos dependentes tanto do pão material (Salmo 127.2 + Mateus 6.25,31-32 + Salmo 67.6), como do pão
espiritual (Amós 8.11 + Mateus 4.4 + Jeremias 15.16 + Isaías 55.10-11).
Este é o nosso reconhecimento de que somos pecadores (1João 1.8-9). A confissão da culpa é um sinal de
nobreza e reconhecê-la e pedir a Deus perdão torna-nos agradáveis aos seus olhos. Os nossos pecados são
como um débito diante dele; e quando somos devedores não temos verdadeira alegria (Salmo 32.1-5).
Quem não se sente perdoado não tem esperança quanto ao futuro, por isso nos expressamos dessa
maneira no Pai Nosso (Salmo 103.8-14 + Isaías 43.25). E reconhecendo a culpa, também afirmamos o nosso
propósito em nos despojarmos de tudo o que nos culpabilize. (Ezequiel 33.19)

O perdão divino é proporcional (Mateus 6.14-15). Quem não pode ou não quer perdoar, não pode oferecer
a Deus um culto aceitável e muito menos pode esperar perdão. Por isso dizemos:

Assim como nós perdoamos a quem nos ofende

(1Pedro 3.9 + Mateus 18.21-35 + Efésios 4.32)

Não nos deixe cair em tentação

E assim admitimos que somos fracos (2Pedro 2.9). Não está na nossa mão resistir ao mal. Só a protecção
divina nos pode levar a bom termo. Vulgarmente interpreta-se este pedido do Pai Nosso como sendo um
apelo para que Deus não nos deixe incorrer na tentação. Mas esta petição deve antes ser interpretada
como: Não nos deixes cair quando tentados. Não é pecado ser tentado. Não podemos contar com isenção
de tentações (1Pedro 4.12-13), pois isso faz parte do caminho cristão; mas podemos contar com a
protecção e ajuda divinas.

Versões mais modernas dizem: Permite, Senhor, que não falhemos no momento da prova. E este pedido é
mais lógico do ponto de vista cristão. É isto mesmo que devemos pedir a Deus.

A tentação deriva da nossa inclinação para o mal; e isso chama-se concupiscência (Tiago 1.13-14). É disso
mesmo que Deus nos quer livrar. Devemos pedir-lhe protecção contra a nossa própria tendência
pecaminosa: a nossa inveja, cobiça, maldade.

Relativamente ao passado já pedimos perdão dos nossos pecados. Quanto ao futuro, pedimos a protecção
divina para nos livrar de pecar.

Deus permite a tentação como meio de prova e disciplina. Quando tentados, jogamos com o nosso bom-
senso, sabedoria, tenacidade, discernimento e vontade. A tentação serve para exercitarmos estas nossas
capacidades. Mas a melhor maneira de evitar as tentações é não incorrermos em situações de risco. Por
isso, unido o nosso espírito ao Espírito de Deus, finalizamos dizendo:

Livra-nos do mal

É aqui que nós assumimos a nossa qualidade de protegidos

(Salmo 34.7,17-19 / 17.8 + Isaías 43.2)

O PAI NOSSO, por conseguinte, revela a nossa posição de filhos, adoradores, súbditos, servos,
dependentes, pecadores, fracos e protegidos; e sobretudo ensina-nos como devemos apresentar-nos
diante de Deus.

Esta oração aparentemente tão curta e singela é afinal dum tão elevado sentido revelador daquilo que
Deus é e nós somos para ele.

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