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É um comportamento que envolve os movimentos do corpo, que são feitos de maneira intencional.
Desse modo, os movimentos involuntários, como respirar e fazer o coração bater, não contam.
Além disso, a atividade física também envolve uma relação com a sociedade e com o ambiente no qual a
pessoa está inserida. Isso quer dizer que: a sua atividade pode estar presente no lazer, nas tarefas
domésticas ou no deslocamento para a escola ou o trabalho. Por estar presente de uma forma mais
ampla no cotidiano, ela pode ser indicada por qualquer profissional da saúde.
Muitos dos diferentes processos que implicam na complicada estrutura esportiva atual, tem sua origem
na mais remota civilização. Desde o começo da aventura do homem sobre a terra, foi transmitida de
geração em geração uma série de práticas utilitárias, que observadas e imitadas, possibilitaram-lhe
vivendo em um meio hostil, apurar melhor seus sentidos. Iniciando pela pré-história, período onde o
homem primitivo tinha sua vida cotidiana, assinalada por duas grandes preocupações: atacar e
defender-se, passando pela antigüidade, na qual os povos do Oriente, Ocidente e Novo Mundo,
apresentavam um notável interesse em cuidar do “adestramento”, alimentação, regime de vida e
performance dos indivíduos, até atingir o rigor tecnológico e científico de nossos dias.
Percebe-se que o exercício físico, através dos jogos, da ginástica, do desporto, da dança, do
excursionismo, das massagens e saunas, já naquela época era orientado para os aspectos profiláticos,
estabilizadores e terapêuticos tendo por objetivo geral cooperar no desenvolvimento integral do
indivíduo.
Para TUBINO (1985), pode-se dizer que a preparação dos atletas helênicos em muito se assemelhava ao
treinamento empregado em nossos dias, com uma preparação bastante eclética (corridas, marchas,
lutas, saltos etc.), usavam sobrecargas para melhoria do rendimento, tinham um prepara psicológico
apoiado no sofrimento, utilizavam o aquecimento no início e a volta à calma acrescida de massagens ao
final da sessão de treino, e já possuíam a exemplo das concepções científicas modernas, os chamados
ciclos de treinamento, denominados na época de “tetras”, e ainda estabeleciam dietas especiais nos
períodos de treino e competições.
Por outro lado, os romanos na época “senhores do mundo”, atuando como conquistadores, desviaram
totalmente os objetivos propostos através do esporte pelos gregos. Aproveitando os conhecimentos
esportivos dos mesmos passaram a treinar seus soldados a fim de torná-los imbatíveis em combate, e
foi ainda sob a égide dos romanos que passou-se a profissionalizar o esporte de forma degradante.
Como nos relata HEGEDUS (1969), possivelmente inspirados no modelo já existente na Grécia, o povo
romano criou os Jogos Augustos e os Jogos Capitolinos, onde o suborno e a violação se tornaram fatos
comuns, transformando os jogos olímpicos em verdadeiras feiras esportivas, onde se apresentavam
espetáculos com características muito diferentes das de sua época de esplendor.
A era romana começou a ser superada, dando início a época cristã, atingindo um novo ápice cultural,
quando então as atividades físicas assumiram um outro direcionamento.
A partir do século XV, caracterizou-se a transição da mentalidade medieval para a moderna, através do
movimento renascentista originado na Europa, com amplo alcance intelectual atingindo os setores das
artes, ciências e filosofia, e suas implicações na construção de uma nova sociedade mais racional,
baseada no progresso das ciências e na difusão educacional dos conhecimentos entre os homens.
Para COTRIM (1987), com o advento do Renascimento surgiram os humanistas os quais encarregaram-
se de transmitir a seus contemporâneos a necessidade de desenvolver amplamente a capacidade do
homem, como também a interpretação da vida de uma maneira mais completa. Conseguiram ampliar, a
exemplo dos antigos gregos, horizontes verdadeiramente amplos conduzindo os propósitos dos
indivíduos como realmente era necessário: com amplitude e profundidade, compreendendo de forma
bastante criteriosa as mais importantes tendências da personalidade humana em todos os aspectos.
Dessa forma postulamos que este período se iniciou com os métodos arcaicos de preparação física das
antigas civilizações, que não passavam de práticas empíricas, tenso se finalizado com o surgimento do
Renascimento, onde a busca pelo conhecimento passou a ser uma constante. O que postulamos, tenha
influenciado também em importantes modificações na educação física e nos desportos.
A característica principal deste período foi a falta de qualidade nos treinamentos, justificando-se tal fato,
em função dos conhecimentos sobre biologia humana serem na época, sumamente insipientes.
HEGEDUS (1969), sugere que a valorização prática dos valores humanísticos destacou-se de maneira
diferente: os países europeus, evidentemente pelo fato de apresentarem aspectos culturais diferentes,
direcionaram-se de forma diferenciada às práticas esportivas em relação a outros países, originando na
época, duas principais “tendências” metodológicas com relação a dinâmica do treinamento desportivo,
as quais resumidamente relacionamos a seguir.
1.2.1- Tendência inglesa de treinamento desportivo
A Inglaterra foi o primeiro país a sentir a necessidade de orientar as massas para aspectos quase
inexistentes até então, do treinamento nos desportos competitivos. De todas as atividades esportivas
recomendadas pêlos ingleses, era notável a preferência dos mesmos às corridas atléticas, em especial as
de longa duração, as quais além de serem utilizadas como recreação passaram a integrar a preparação
do exército britânico, sendo utilizadas também para disputas entre entregadores de correspondência
que percorriam grandes distâncias no seu trabalho. A esses entregadores deram a denominação de
corredores profissionais, nos quais eram confiadas vultosas apostas em dinheiro.
Mais tarde, começaram a se interessar também pelas distâncias mais curtas, criando a corrida da milha
para incentivar as provas mais rápidas.
Neste período, alguns pesquisadores através de obras próprias orientaram o treinamento além das
questões desportivas, enfatizando os aspectos profiláticos da atividade física orientada, sendo
importante salientar a influência do médico Thomas Elyot (1490 - 1546), que através do livro “The
Governous” o qual foi dedicado ao rei Henrique VIII, catalogou exercícios físicos de diversas espécies
todos direcionados a promoção da saúde.
Nesse sentido, também merece destaque a obra do pedagogo Roger Asham (1516 - 1569), “The School
Master”, que propunha para as crianças a partir dos 14 anos de idade, o fortalecimento através de
exercícios de corrida, saltos, natação, boxe, esgrima, etc.
Por volta de 1850, os treinadores norte-americanos influenciados pelas formas de trabalho utilizadas
pelos ingleses, começaram a “experimentar” diversas combinações entre os métodos existentes.
Treinadores da época como Dean Cronwell, Lawson Robertson e Mike Murphy se destacaram no
panorama competitivo, quando propuseram dividir a distancia total da corrida em frações, as quais
eram percorridas em velocidades próximas a máxima, e entremeadas com um intervalo para
recuperação orgânica, orientando assim o treinamento mais para a capacidade velocidade,
estabelecendo uma corrente contrária a tendência inglêsa de treinamento. Surgia assim, os primeiros
conceitos do treinamento com princípios nos intervalos e as pausas entre as repetições de cada corrida,
que chamamos hoje de “treinamento fracionado”. Assim , os norte-americanos enriqueceram o método
inglês, criando o seu próprio método que constava da marcha / treinamento de duração / treinamento
de tempo, passando com isso a melhorar os recordes da época, o que levou os europeus a se ajustarem
a esse novo tipo de trabalho (FERNANDES, 1981).
Como sugere TUBINO (1985), observa-se já neste período, que as novas concepções de treinamento
sempre surgiram no atletismo, estendo-se depois, para os demais desportos individuais, para muito
mais tarde chegar aos desportos coletivos.
Dessa forma postulamos que este período se iniciou com o surgimento do Renascimento e durou até as
I Olimpíadas da Era Moderna (1896 - Atenas).
Este processo foi facilitado, uma vez que apesar das dificuldades de comunicação na época, o
continente europeu adaptou seus métodos de treinamento de acordo com as “inovações” norte-
americanas, emergindo neste período outras tendências de treinamento desportivo.
HEGEDUS (1969), postula que o primeiro país a tomar a iniciativa neste aspecto foi a Finlândia,
destacando-se o treinador Lauri Pihkala que por volta de 1912 desenvolveu o sistema finlandês de
treinamento. Suas idéias se voltaram para o treinamento multilateral, aplicando o conceito ondulatório,
que é o aumento da intensidade do trabalho, partindo do trote lento até a velocidade máxima. Seus
alunos faziam 4-5 vezes 100 a 200 metros com esforços intensos e pausas de 10-20 min; por esse
motivo, muitos dizem que foi Pihkala o criador do interval-training. O seu método apresentava as
seguintes características:
b) Alternar corridas curtas e intensas com intervalos longos para recuperação orgânica;
Por volta de 1920, na Alemanha os estudos de Krummel, estudioso seguidor da tendência norte-
americana, em seus trabalhos constatava:
a) Existir diferenças entre resistência e endurance;
A partir de 1930 na Suécia, começou a ser criado o método dos finlandeses, com várias correntes de
trabalho surgindo tendo o mesmo denominador comum, que era a adaptação aos meios que a natureza
oferece, a fim de desenvolver as reservas naturais do homem por meio de esforços prolongados.
Com essa intenção, precisamente na cidade sueca de Bosöm, O treinador Gosse Holmer desenvolveu o
“Fartlek”, partindo do princípio de que os atletas deveriam evitar em seus treinamentos, o contato
direto com os locais de competição como as pistas, utilizando os bosques, campos, etc., que seriam os
locais mais favoráveis para o desenvolvimento das capacidades funcionais como a velocidade e a
resistência.
a) Esforços realizados em plena natureza, portanto longe da pista de corridas com 1 ou 2 horas de
duração;
b) Existência de uma combinação de todos os tipos de distâncias durante o seu transcorrer, com uma
variação de 50 até 3.000 metros;
d) A pausa entre os esforços de acordo e em relação com as características das corridas, realizadas de tal
maneira que o intervalo de recuperação fosse realizado em forma de marcha ou trote.
Este método de treinamento após passar para várias modificações ao longo dos anos, ainda hoje é
largamente utilizado em todas as modalidades desportivas.
Ainda em 1930 também na Suécia, na cidade de Valadalen Gosta Olander avultava o cenário esportivo
da época, criando um método que recebeu o nome de Treinamento de Valadalen, o qual era
caracterizado por:
A escolha do tipo de trabalho que deveriam executar, provocou uma divisão entre os atletas de acordo
com suas preferências por um desses dois treinadores suecos. Holmer primava pelo trabalho
relativamente prolongado com variação de esforço, ao passo que Holander fazia um trabalho mais curto
onde observava algumas sessões com grande intensidade, uma vez que ele dava preferência ao
princípio da intensidade em relação à quantidade.
Mesmo com essa divisão de preferência, o progresso no rendimento dos atletas foi muito satisfatório e
a contribuição desses treinadores é notada na atualidade, cuja tendência se volta para uma mescla dos
dois tipos de treinamento preconizados na Suécia.
Postulamos que este período se iniciou com a primeira olimpíada da era moderna (1896 – Atenas),
durando até as XI olimpíadas (1936 – Berlim), quando Adolf Hitler promoveu a primeira grande
manifestação ideológico-político dos jogos olímpicos, construindo toda uma estrutura que permitisse
tentando mostrar ao mundo a pseudo supremacia dos alemães arianos sobre os outros povos e raças.
Acreditamos que este período iniciou-se um pouco antes da II Guerra Mundial, durando alguns anos
após o final da mesma. Caracterizam esta época, o surgimento das primeiras tentativas de experimentos
científicos relacionados a preparação física, tendo como fundamentação, as observações empíricas até
então vigentes. Estes ensaios foram sensivelmente prejudicados pela escassez de recursos financeiros,
uma vez que o mundo voltava suas atenções para o advento da guerra, estabelecendo-se nesta época
uma profunda recessão econômica, o que não impediu o surgimento de novas tendências de trabalho
com relação ao treinamento desportivo.
Apesar da escassez de recursos financeiros, vários cientistas continuaram contribuindo para que a
evolução do treinamento desportivo não fosse estagnada, desenvolvendo outros métodos de trabalho.
Destaca-se o treinamento proposto pelo fisiologista alemão Woldemar Gerschller em 1936 na cidade de
Friburgo, cujas características principais eram:
Com esta proposta metodológica, Woldemar Gerschller foi o primeiro cientista a enfocar o princípio da
especificidade do treinamento, realizando as sessões de treino dos corredores em épocas próximas as
competições importantes, na pista de atletismo. Com isto, obtinha um elevado nível de adaptabilidade
funcional às exigências específicas da performance.
Outro estudioso a destacar-se ainda neste período, é o alemão Toni Nett, que aborda em seus estudos
datados de 1940, questões relacionadas ao que hoje consideramos aspectos fundamentais dentro de
uma estrutura técnico-organizacional de treinamento desportivo os quais resumidamente citamos a
seguir:
Muito embora as primeiras concepções organizacionais de treinamento desportivo não sejam originárias
deste período, uma vez que na antiga Grécia, o tempo total do treinamento físico era dividido em
partes, aplicando-se 3 dias de cargas crescentes de trabalho, intercalados por um dia de repouso, ao que
os gregos chamavam de “tetras”, pode-se sugerir que Toni Nett foi o precursor da periodização, pelo
fato do mesmo compor uma perfeita organização do tempo disponível para treinamento, estabelecendo
objetivos a serem alcançados a curto, médio e longo prazo, obtendo uma eficiência no treinamento
inimaginável nos períodos anteriores.
Constata-se a contribuição do corredor tcheco Emil Zatopeck, o qual por volta de 1945, a partir dos
conhecidos trabalhos de Toni Nett, modificou paulatinamente sua forma de treinar, começando a
utilizar intervalos de recuperação entre as corridas. Posteriormente promoveu algumas mudanças na
proposta original preconizada, até desenvolver seu próprio método que constava de:
Surgia assim o treinamento de intervalos, com o qual Zatopeck, surprenderia o mundo desportivo da
época com resultados considerados fantásticos, apesar de hoje tornarem-se absoletos a ponto de serem
conseguidos com facilidade por vários atletas.
Consideramos que este período tenha durado das XI Olimpíadas (1936 - Berlim), até as XIV Olimpíadas
(1948 – Londres).
Este período apesar de iniciar-se ainda sobre os resquícios pouco fundamentados do período anterior
evoluiu rapidamente, com o mundo desportivo sendo estimulado por uma multiplicação impressionante
de laboratórios de investigações científicas do esforço físico, e se constituindo de três grandes
tendências desportivas.
No início da década de 50, a Austrália inicia uma época inovadora no treinamento desportivo, através da
proposta de Percy Cerutty, que em 1952 foi a Helsinque, a fim de assistir aos Jogos Olímpicos, quando
aproveitou a oportunidade para visitar Gosta Holander e aprender seu sistema de treinamento. De volta
à Austrália, procurou adequar a metodologia de Holander às possibilidades naturais de seu país. Para
isso escolheu um local da costa oceânica entre Melbourne e Portsea, com um extensão de 80 a 100
quilômetros, que passou a ser o centro de treinamento do qual participaram corredores australianos e
de outros países.
Cerutty foi partidário de um trabalho muito intenso e até esgotador. Seus mais destacados atletas
percorriam até 150 quilômetros semanais no período de preparação geral e 100 quilômetros no período
de competições. Utilizava as dunas de areia, buscando a aquisição da resistência muscular localizada,
para a qual os americanos e alemães recorriam ao treinamento de tempo (time-training) realizado na
pista de corridas.
O argumento utilizado por Cerutty era de que, nas dunas o atleta necessita desenvolver maior esforço
na unidade de tempo, superior às solicitações de uma competição. O corredor desenvolveria dessa
maneira, uma condição física muito especial, perante o sofrimento provocado por semelhantes
esforços.
Indubitavelmente, seu método se ajusta perfeitamente a um dos princípios do atual treinamento de
duração, cujos esforços prolongados são realizados sob um ritmo e intensidade especiais.
Resumindo, Cerutty não era favorável ao treinamento de intervalos porque julgava ser um sistema
oriundo de laboratório, cujos resultados nem sempre estavam de acordo com a prática. Achava que
para se adquirir a resistência geral e a específica, era necessário executar trabalhos prolongados e
extensos e nunca esforços rápidos e breves (HEGEDUS, 1969; FERNANDES, 1981).
1 – Etapa Pós-competitiva
No final da temporada de competições dava-se início a esta etapa do treinamento. Nela, os corredores
treinavam 6 vezes por semana, correndo em estradas e bosques, realizando um trote de 1 hora de
duração, no qual gastavam uma média de 7 minutos por milha, durante 2 ou 4 semanas.
Nesta etapa era exigido do corredor um trabalho feito nas mais diversas condições de terreno (areia,
lama, pedras, etc.), bem como nas mais diversas condições climáticas.
Na primeira metade da semana eram feitos apenas trotes, para em seguida ser intensificado o trabalho,
incluindo uma grande variação de esforços, que iam desde as 50 jardas até a milha, chegando às
grandes quilometragens feitas aos domingos. Isto era feito durante 12 semanas, quando começavam as
competições de cross-country;
Totalizando 6 semanas, esta etapa dava continuidade ao período anterior, onde o local utilizado se
constituía em um terreno bastante acidentado com longos aclives, intercalando com partes planas e
também descidas, para exigir uma grande variedade de ritmos para a corrida. O percurso possuía uma
distância de 3.200 metros e o total percorrido em cada dia atingia uma média de 20 quilômetros. No
final da semana, era feito um treinamento de maratona de 2 a 2,5 horas de duração.
Após todo a etapa de preparação que antecedia as competições, iniciava-se o treinamento de pista,
com uma duração de 12 semanas, período que eram realizadas as competições.
Lydiard não utilizava o treinamento de intervalos porque considerava as pausas muito lentas, o que
acreditava não levar a resultados. Preferia uma mescla da velocidade pura, velocidade prolongada e
longas distâncias. Assim, seus corredores de meio-fundo faziam tanto velocidade prolongada quanto
devia fazer um meio-fundista e o mesmo número de quilômetros que fazia um corredor de fundo.
Por volta de 1952, estabeleceu-se uma corrente totalmente contrária aos métodos continuados
adotados pelas tendências australiana e neozelandesa de treinamento desportivo. Assombrados pelos
fantásticos resultados alcançados por Zatopeck com o treinamento intervalado, Gerschller, em conjunto
com Herbert Heindel e seus colaboradores Helmut Roskamm e Joseph Keul, realizaram várias
investigações clinico-médicas, observando as alterações fisiológicas ocorrentes nos atletas quando
submetidos a diferentes variações desta forma de treinamento
Assim, Gerschller, que já havia sistematizado o treinamento de intervalos, voltou a modificar esse
método de treinamento. Encurtou a distância dos esforços, controlou rigidamente as pausas, a
frequência cardíaca, a intensidade das corridas, bem como o número de repetições das mesmas. Fez
com que o atleta caminhasse ou deitasse de costas durante as pausas e eliminou o trote de recuperação
utilizado por Zatopek.
Em resumo, Gerschller passou a utilizar as distâncias de 100-200 metros, com 100 repetições e pausas
de 45-60 segundos onde o atleta deitava ou caminhava; enquanto Zatopek realizava corridas de 200-400
metros, em 70 repetições com pausas de 60 segundos em forma de trote. Portanto, houve um
encurtamento das distâncias com aumento do número de repetições e diminuição das pausas para
descanso.
Dessa forma, os estudos constataram que o mais importante no treinamento de intervalos é o fato de
haver um maior proveito ou benefício do treinamento, produzido durante as pausas e não durante os
esforços. Por esse motivo, essas fases intermediárias entre cada esforço (corrida) foram denominadas
de “pausas ativas ou proveitosas”, o que levou o método a ser chamado de treinamento de intervalos
ou interval-training. A partir desse embasamento fisiológico o método passou a ter significado científico.
Evidencia-se neste período, que além do surgimento de vários métodos de treinamento físico
cientificamente comprovados em laboratórios de fisiologia do exercício como: cross-country, marathon-
training, power-training, cross-promenade, aerobics, hipoxing-training entre outros, que diversas outras
concepções sistêmicas sobre treinamento físico de rendimento foram enunciadas em diferentes partes
do mundo. Neste aspecto destaca-se o belga Raul Mollet em 1963, que foi o primeiro a considerar o
processo de treinamento desportivo dentro de uma globalidade, enunciando-o como:
“Uma filosofia de apreciação de atividade desportiva, em função de todas as suas componentes que,
através de uma programação racional, procura desenvolver as técnicas, as táticas e as qualidades
físicas, apoiando-as na alimentação apropriada, numa atitude psicológica favorável, nos regramentos
dos hábitos de vida, na adaptação social adequada e no planejamento das horas de lazer”.
Passou-se então, a considerar, o atleta como um ser social inteligente, interagindo não só com outras
partes envolvidas no processo de treinamento, mas também com o meio ambiente, instituindo-se assim
o “Treinamento Total”:
Postulamos que este período começou com as XIV Olimpíadas (1948 - Londres), finalizando-se com as
XXI Olimpíadas (1972 - Munique), onde registra-se pela primeira vez a utilização de computadores nas
provas de atletismo e natação das e os estudos biomecânicos das referidas modalidades com o corredor
Pietro Menéa e o nadador Mark Spitz, dois fenômenos desportivos da época.
Não obstante a tudo isso, constata-se que o uso da informática passou a ser fundamental no diagnóstico
morfo-funcional e psicológico dos indivíduos, na planificação do treinamento, na prescrição dos
exercícios sobre as linhas guias de volume e intensidade, bem como na correção de gestos técnicos e
análise tática das situações de competição. Tais fatores podem ser considerados determinantes, em se
tratando da moderna ciência da preparação física.
A partir daí os meios esportivos passaram de acordo com suas tradições, a utilizar as mais variadas
formas de pesquisas que pudessem trazer algum benefício em prol do desporto de competição. Iniciou-
se assim uma nova etapa dentro do processo de evolução do treinamento, com o aparecimento de
diferentes filosofias orientando de formas diferenciadas as direções quando da preparação dos atletas.
Tinha como líder os Estados Unidos, seguido pelo Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, onde
a universidade se constituia na principal fonte de pesquisas dentro da mais sofisticada condição
tecnológica, oferecendo total apoio aos seus atletas, os quais recebiam em troca os estudos na própria
universidade, além da orientação dos melhores técnicos desportivos do país, bem como utilizavam uma
tecnologia e material desportivo de alto-nível. (FERNANDES, 1981;TUBINO, 1985).
Liderada pela União soviética, abrangia todos os demais países do bloco socialista, onde o Estado tinha a
completa responsabilidade sobre a educação física e o desenvolvimento desportivo, encaminhando
desde muito cedo a criança para a atividade desportiva em que a mesma pudesse ter maiores
possibilidades de sucesso no futuro.
Esses países possuíam a exemplo da tendência capitalista, importantes centros de investigação científica
dirigidos para a ciência dos desportos além da orientação dos melhores técnicos desportivos do país,
bem como utilizavam uma tecnologia e material desportivo de alto-nível. (FERNANDES, 1981;TUBINO,
1985).
1.6.3 – Tendência européia-ocidental de treinamento desportivo
Comandada pela antiga Alemanha Ocidental, tinha nos países europeus não-socialistas os seus
principais componentes. Esta tendência tinha o intercâmbio técnico-científico facilitado pela situação
geográfica dos países europeus, com o Brasil muito se beneficiando mediante estágios realizados em
seus principais centros de treinamento e pesquisas científicas, como Colônia e Mainz e outros situados
nos demais países partidários de sua doutrina (FERNANDES, 1981;TUBINO, 1985).
Dentre os países que faziam parte esta escola destacavam-se principalmente o Japão, as Coréias e ainda
a China. Nesses países, além do estrito planejamento educacional, o desporto já recebia uma grande
ajuda das numerosas indústrias lá existentes, com as fábricas se formando equipes desportivas. A
característica mais marcante dessa tendência, é que naquela época já evidenciava-se aspectos
capitalistas, e a cultura era usada como meio de motivação (TUBINO 1985). Os principais centros de
investigação científica localizavam-se nas universidades, principalmente em Tóquio (FERNANDES,
1981;TUBINO, 1985).
O esporte se tornou sem dúvida um dos mais eficientes produtos para divulgação do nome e marca de
seus anunciantes e patrocinadores, porque lhes permite aproximarem-se dos seus clientes e do
mercado. O sucesso que o esporte transmite aos seus participantes é inconscientemente atribuído às
empresas que o promovem e, o que é mais importante, aos seus produtos (NETO,1986).
Dessa forma atualmente não existem mais relutâncias: é notório o surgimento do desporto-espetáculo,
e investir no esporte se consolidou um excelente negócio com grandes retornos publicitários em termos
de divulgação, melhoria de imagem, lucros financeiros e vantagens fiscais.
É dentro desse enfoque que as empresas passaram a se interessar pela promoção institucional do
esporte, consolidando na atualidade a existência de apenas duas grandes orientações de treinamento
desportivo, independente das condições sócio econômicas, opções políticas, tradições ou mesmo
posições geográficas, as quais a seguir descrevemos resumidamente.
Tem como componentes os países capitalistas do globo, independente de sua situação geo-política, com
os clubes e associações, quase sempre subsidiadas pelas empresas oferecendo total apoio aos atletas,
que recebem em troca além de salários considerados, outras vantagens financeiras.
A característica mais marcante dessa tendência, é que as competições de alto nível tornaram-se
verdadeiros shows, independente do nível profissional ou pseudo-amador das mesmas, nas quais
utilizando-se de estratégias promocionais as grandes empresas interessadas na divulgação de seus
produtos, investem orçamentos milionários no financiamento da preparação de atletas ou equipes, (que
são considerados verdadeiros astros) bem como, promovem e administram eventos desportivos.
Abrange todos os países do bloco socialista, onde o estado tem a completa responsabilidade sobre a
educação física e o desenvolvimento desportivo. A base dessa tendência é o regime de governo que
entrega ao estado a educação integral das crianças.
Esses países possuem importantes centros de investigação científica dirigidos para a ciência dos
desportos (FERNANDES, 1981;TUBINO, 1985).
Todos nós sabemos que praticar esportes regularmente beneficia diretamente a nossa saúde. Também
já foi comprovado que o exercício físico tem uma influência positiva na nossa saúde mental. Praticar
esportes traz muitos benefícios para a nossa mente, incluindo uma maior atenção, maior capacidade de
trabalhar em equipe e um aumento da nossa autoconfiança.
Por outro lado, os fatores psicológicos que mais influenciam o desempenho esportivo são: a
autoconfiança, a motivação, o controle emocional e concentração.
Controle emocional: desenvolver exercícios de treinamento mental que ajudem a controlar as emoções
ou as dúvidas pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso de um esportista. Muitas vezes o
desempenho de um atleta é afetado pelo baixo controle emocional e porque ele deixou as emoções
afetarem a sua concentração.
Autoconfiança: a confiança nas próprias habilidades pessoais para realizar uma ação é uma condição
essencial para alcançar a vitória
10- Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a capacidade de
adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias espécies de vida não teriam
sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O próprio homem
conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação.
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações
biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob
“adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que
aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):
Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o genótipo é
completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro. Para este autor, fases
de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os fatores de desempenho de
coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A zona limite destas fases sensitivas,
isto é, o período em que justamente ainda é possível uma melhor expressão das características,
geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem, 1991).
Para Tubino, este princípio do Treinamento Esportivo está intimamente ligado ao fenômeno do stress.
As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com Cânon e Hussay, tendo uma grande ênfase
no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma literatura científica básica sobre este
fenômeno (TUBINO, 1984). Segundo Tubino:
“Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equilíbrio estável do organismo humano
em relação ao meio ambiente, e sabendo-se que esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração
ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor, os
exercícios físicos, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base num grande número de
experiências e observações de diversos autores, que em relação ao organismo humano:
Segundo Dantas, o conceito de Homeostase, que é necessário para compreender este princípio, é:
“Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo
vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.” (DANTAS, 1995, p. 40). Para este autor, a homeostase
pode ser rompida por fatores internos, geralmente oriundos do córtex cerebral, ou externos, como:
calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e, variação da pressão, esforço físico,
traumatismo, etc. Dantas diz que, sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um
mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca
reação no organismo acarretando uma resposta adequada (ibidem, 1995). Neste sentido, o organismo,
buscando o equilíbrio constante, estaria sempre em um estado constante de equilibração.
“Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG), segundo SELYE (1956) é a reação do organismo aos
estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo, sendo que esses estímulos são denominados
agentes stressores ou stressantes.” (TUBINO, 1984, p. 102).
A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o agente stressante na sua ação
atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo: 1ª Fase: Reação de alarme; 2ª
Fase: Fase da resistência (adaptação) e; 3ª Fase: Fase da exaustão (ibidem, 1984).
Para este autor, na fase de reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados para manter
ávida, a fim de que a reação não se dissemine. É caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas
partes choque e contrachoque:
“sendo o choque a resposta inicial do organismo a estímulos aos quais não está adaptado,
provocando a diminuição da pressão sanguínea, enquanto o contrachoque ocasiona uma inversão de
situação, isto é, ocorre um aumento da pressão sanguínea.” (ibidem, 1984, p. 102).
A fase da resistência é a fase da adaptação, a qual é obtida pelo desenvolvimento adequado dos
canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo
resistindo ao agente stressante inicial, sendo a fase que realmente mais interessa ao treinamento
desportivo.
12-. O Princípio da Individualidade Biológica
De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica a variabilidade
entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si.”
(TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui uma estrutura e formação física e psíquica própria,
neste sentido, o treinamento individual tem melhores resultados, pois obedeceria as características e
necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também facilitam o treinamento desportivo. Cabe ao
treinador verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um
real desenvolvimento. Há vários meios para isso, além da experiência do treinador, que conta muito, os
testes específicos são primordiais.
Segundo Benda & Greco, uma das Capacidades do Rendimento Esportivo é a Capacidade
Biotipológica, que está dividida em Capacidade constitucional Fenótipo e Capacidade constitucional
Genótipo:
“O genótipo é o responsável pelo potencial do atleta. Isso inclui fatores como composição corporal,
biótipo, altura máxima esperada, força máxima possível e percentual de fibras musculares dos
diferentes tipos, dentre outros. O fenótipo é responsável pelo potencial ou pela evolução das
capacidades envolvidas no genótipo. Neste se inclui tanto o desenvolvimento da capacidade de
adaptação ao esforço e das habilidades esportivas como também a extensão da capacidade de
aprendizagem do indivíduo.” (BENDA & GRECO, 2001, p. 34).
Princípio da Adaptação
Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a capacidade de
adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias espécies de vida não teriam
sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O próprio homem
conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação.
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações
biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob
“adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que
aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):
“Na biologia, compreende-se “adaptação” fundamentalmente como uma reorganização orgânica e
funcional do organismo, frente a exigências internas e externas; adaptação é a reflexão orgânica, adoção
interna de exigências. Ela ocorre regularmente e está dirigida à melhor realização das sobrecargas que
induz. Ela representa a condição interna de uma capacidade melhorada de funcionamento e é existente
em todos os níveis hierárquicos do corpo. Adaptação e capacidade de adaptação pertencem à evolução
e são uma característica importante da vida. Adaptações são reversíveis e precisam constantemente ser
revalidadas (Israel 1983, 141).” (ibidem, 1991, p. 22).
Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o genótipo é
completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro. Para este autor, fases
de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os fatores de desempenho de
coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A zona limite destas fases sensitivas,
isto é, o período em que justamente ainda é possível uma melhor expressão das características,
geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem, 1991).
O Princípio da Sobrecarga
De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma
recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase” (DANTAS, 1995, p. 43).
“Segundo HEGEDUS (1969), os diferentes estímulos produzem diversos desgastes, que são repostos
após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o
organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas pelos diversos desgastes, e ainda preparar-
se para uma carga de trabalho mais forte, chamando-se este fenômeno de assimilação compensatória.
Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as energias perdidas como também são criadas maiores
reservas de energia de trabalho. A primeira fase, isto é, a que recompões as energias perdidas, chama-se
período de restauração, o qual permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo. A
segunda fase é chamada de período de restauração ampliada, após o qual o organismo possuirá uma
maior fonte de energia para novos estímulos” (ibidem, 1984, p. 105 e 106).
Para Tubino, estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados por ocasião do final da assimilação
compensatória, justamente na maior amplitude do período de restauração ampliada para que seja
elevado o limite de adaptação do atleta. Este é o princípio da sobrecarga, também chamado princípio da
progressão gradual, e será sempre fundamental para qualquer processo de evolução desportiva.
84). Segundo Tubino: “Antes de passar ao estudo de cada princípio, é importante enfatizar que os 5
princípios se interrelacionam em todas as suas aplicações.” (ibidem, 1984, p. 99).
Estélio Dantas atualizando o elenco dos cinco princípios preconizados por Tubino, incluiu mais um: O
Princípio da Especificidade (DANTAS, 1995), que veremos após a abordagem dos cinco primeiros. Após
estes seis primeiros princípios veremos mais dois princípios levantados por Marcelo Gomes da Costa: O
Princípio da Variabilidade e O Princípio da Saúde, totalizando oito princípios. Ao final trataremos da
inter-relação entre os Princípios.
De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica a variabilidade
entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si.”
(TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui uma estrutura e formação física e psíquica própria,
neste sentido, o treinamento individual tem melhores resultados, pois obedeceria as características e
necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também facilitam o treinamento desportivo. Cabe ao
treinador verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um
real desenvolvimento. Há vários meios para isso, além da experiência do treinador, que conta muito, os
testes específicos são primordiais.
Segundo Benda & Greco, uma das Capacidades do Rendimento Esportivo é a Capacidade
Biotipológica, que está dividida em Capacidade constitucional Fenótipo e Capacidade constitucional
Genótipo:
“O genótipo é o responsável pelo potencial do atleta. Isso inclui fatores como composição corporal,
biótipo, altura máxima esperada, força máxima possível e percentual de fibras musculares dos
diferentes tipos, dentre outros. O fenótipo é responsável pelo potencial ou pela evolução das
capacidades envolvidas no genótipo. Neste se inclui tanto o desenvolvimento da capacidade de
adaptação ao esforço e das habilidades esportivas como também a extensão da capacidade de
aprendizagem do indivíduo.” (BENDA & GRECO, 2001, p. 34).
Segundo Dantas: “O indivíduo deverá ser sempre considerado como a junção do genótipo e do
fenótipo, dando origem ao somatório das especificidades que o caracterizarão.” (DANTAS, 1995, p. 39),
“deve-se entender o genótipo como a carga genética transmitida à pessoa e que determinará
preponderantemente diversos fatores” (ibidem, 1995, p. 39) e, “os potenciais são determinados
geneticamente, e que as capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do fenótipo.” (ibidem,
1995, p. 39). Para este autor, o campeão seria aquele que nasceu com um “dom da natureza” e que,
aproveitando totalmente esse dom, o desenvolve através de um perfeito treinamento (ibidem, 1995, p.
40).
2. O Princípio da Adaptação
Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a capacidade de
adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias espécies de vida não teriam
sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O próprio homem
conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação.
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações
biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob
“adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que
aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):
Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o genótipo é
completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro. Para este autor, fases
de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os fatores de desempenho de
coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A zona limite destas fases sensitivas,
isto é, o período em que justamente ainda é possível uma melhor expressão das características,
geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem, 1991).
““Capacidade de adaptação” ou “adaptabilidade” é o nome que se dá à diferente assimilação dos
estímulos, frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios ou carga de treinamento. Ela pode ser
atribuída à correlação organismo/ambiente, sob o ponto de vista da predisposição hereditária e sua
expressão (genética) (Gürtler 1982, 35).” (ibidem, 1991, p. 23).
Para Tubino, este princípio do Treinamento Esportivo está intimamente ligado ao fenômeno do stress.
As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com Cânon e Hussay, tendo uma grande ênfase
no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma literatura científica básica sobre este
fenômeno (TUBINO, 1984). Segundo Tubino:
“Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equilíbrio estável do organismo humano
em relação ao meio ambiente, e sabendo-se que esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração
ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor, os
exercícios físicos, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base num grande número de
experiências e observações de diversos autores, que em relação ao organismo humano:
Segundo Dantas, o conceito de Homeostase, que é necessário para compreender este princípio, é:
“Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo
vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.” (DANTAS, 1995, p. 40). Para este autor, a homeostase
pode ser rompida por fatores internos, geralmente oriundos do córtex cerebral, ou externos, como:
calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e, variação da pressão, esforço físico,
traumatismo, etc. Dantas diz que, sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um
mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca
reação no organismo acarretando uma resposta adequada (ibidem, 1995). Neste sentido, o organismo,
buscando o equilíbrio constante, estaria sempre em um estado constante de equilibração.
Tubino pensa que, quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de
compensação para responder a um aumento de necessidades fisiológicas. Assim, constata-se que existe
uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e o fenômeno de stress, o que é explicado
pelo princípio científico da adaptação. A definição dada ao stress por Tubino é a seguinte:
“Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG), segundo SELYE (1956) é a reação do organismo aos
estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo, sendo que esses estímulos são denominados
agentes stressores ou stressantes.” (TUBINO, 1984, p. 102).
A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o agente stressante na sua ação
atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo: 1ª Fase: Reação de alarme; 2ª
Fase: Fase da resistência (adaptação) e; 3ª Fase: Fase da exaustão (ibidem, 1984).
Para este autor, na fase de reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados para manter
ávida, a fim de que a reação não se dissemine. É caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas
partes choque e contrachoque:
“sendo o choque a resposta inicial do organismo a estímulos aos quais não está adaptado,
provocando a diminuição da pressão sanguínea, enquanto o contrachoque ocasiona uma inversão de
situação, isto é, ocorre um aumento da pressão sanguínea.” (ibidem, 1984, p. 102).
A fase da resistência é a fase da adaptação, a qual é obtida pelo desenvolvimento adequado dos
canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo
resistindo ao agente stressante inicial, sendo a fase que realmente mais interessa ao treinamento
desportivo.
De acordo com Tubino, é importante a utilização correta do princípio de adaptação, onde se deve
haver cuidado na aplicação das cargas de treinamento, agentes stressantes.
Mas não só de modo pragmático devemos enxergar o Princípio da Adaptação. Acredito que em
termos de treinamento, o critério adaptação pode ser estendido a vários outros fatores além do
treinamento fisiológico propriamente dito. Um bom exemplo são as capacidades de adaptações
emocionais, ambientais, entre outras, além da comum capacidade do treinador ou professor se adaptar,
às vezes com um “jeitinho brasileiro”, às péssimas condições de trabalho ou dificuldades encontradas
em condições sociais desfavorecidas. O treinador ou professor deve ter em mente que é preciso se
adaptar à atitude de adaptação, uma atitude consciente e crítica, pois, com a velocidade da dinâmica
das mudanças hodiernas e a possível e quase certa aceleração que deve vir adiante em tempos futuros,
a capacidade de adaptação será cada vez mais necessária e requisitada.
3. O Princípio da Sobrecarga
De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma
recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase” (DANTAS, 1995, p. 43).
Segundo Tubino, o momento exato em que se produz à adaptação aos agentes stressantes
(estímulos), é, sem dúvida, um dos pontos mais discutíveis do Treinamento Esportivo. Existem pontos de
vista que estabelecem a adaptação durante intervalos intermediários dos treinos, enquanto que outras
pesquisas defendem a tese da adaptação após o último intervalo da sessão de treino (TUBINO, 1984).
Tubino comenta que:
“Segundo HEGEDUS (1969), os diferentes estímulos produzem diversos desgastes, que são repostos
após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o
organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas pelos diversos desgastes, e ainda preparar-
se para uma carga de trabalho mais forte, chamando-se este fenômeno de assimilação compensatória.
Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as energias perdidas como também são criadas maiores
reservas de energia de trabalho. A primeira fase, isto é, a que recompões as energias perdidas, chama-se
período de restauração, o qual permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo. A
segunda fase é chamada de período de restauração ampliada, após o qual o organismo possuirá uma
maior fonte de energia para novos estímulos” (ibidem, 1984, p. 105 e 106).
Para Tubino, estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados por ocasião do final da assimilação
compensatória, justamente na maior amplitude do período de restauração ampliada para que seja
elevado o limite de adaptação do atleta. Este é o princípio da sobrecarga, também chamado princípio da
progressão gradual, e será sempre fundamental para qualquer processo de evolução desportiva.
Tubino (1984) cita algumas indicações de aplicação do Princípio da Sobrecarga, referenciado nas
variáveis: Volume (Quantidade) e Intensidade (Qualidade); em vários Tipos de Treinamento, como:
Contínuo, Intervalado, em Circuito, de Musculação, de Flexibilidade e Agilidade, e Técnico.
O quê o professor ou o treinador deve ter é o bom senso ao definir a sobrecarga que vai trabalhar
com o seu aluno ou atleta, observando todos os outros Princípios do Treinamento Esportivo, sempre
respeitando as necessidades e anseios do atleta e, principalmente, os limites éticos do treinamento.
4. O Princípio da Continuidade
Este princípio está intimamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao longo do tempo é
primordial para o organismo, progressivamente, se adaptar.
Compartilho com Tubino, a idéia de que a condição atlética só pode ser conseguida após alguns anos
seguidos de treinamento e, existe uma influência bastante significativa das preparações anteriores em
qualquer esquema de treinamento em andamento. Para Tubino (1984), estas duas premissas explicam o
chamado Princípio da Continuidade.
“Pode-se acrescentar que este princípio compreenderá sempre no treinamento em curso uma
sistematização de trabalho que não permita uma quebra de continuidade, isto é, que o mesmo
apresente uma intervenção compacta de todas as variáveis interatuantes. Em outras palavras,
considerando um tempo maior, o princípio da continuidade é aquela diretriz que não permite
interrupções durante esse período.” (ibidem, 1984, p. 110).
Este princípio está intimamente ligado ao da sobrecarga, pois o aumento das cargas de trabalho é um
dos fatores que melhora a performance. Este aumento ocorrerá por conta do volume e devido à
intensidade.
Para Tubino (1984), pode-se afirmar que os êxitos de atletas de alto rendimento, independente da
especialização esportiva, estão referenciados a uma grande quantidade (volume) e uma alta qualificação
(intensidade) no trabalho, sendo que, estas duas variáveis (volume e intensidade) deverão sempre estar
adequadas as fases de treinamento, seguindo uma orientação de interdependência entre si. Ainda
segundo Tubino: “Na maioria das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis é
acompanhado da diminuição da abordagem em treinamento da outra” (ibidem, 1984, 110).
Nem sempre as variáveis volume e intensidade estão claramente explícitas ao treinador para que este
possa definir um treinamento ou ação baseado na relação entre estas. Portanto, utilizando o bom senso,
na dúvida nunca se deve arriscar ou colocar o atleta ou praticante em risco. Um bom treinador consegue
enxergar com maior clareza a relação de interdependência entre volume e intensidade de um
treinamento ou ação de atividade.
6. O Princípio da Especificidade
De acordo com Dantas (1995), a partir do conceito de treinamento total, quando todo o trabalho de
preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integrada e voltada para objetivos claramente
enunciados, a orientação do treinamento por meio de métodos de trabalho veio, paulatinamente,
perdendo a razão de ser. Hoje em dia, nos grandes centros desportivos, esta forma de orientação do
treinamento foi totalmente abandonada em proveito da designação da forma de trabalho pela
qualidade física que se pretende atingir. Associando-se este conceito à preocupação em adequar o
treinamento do segmento corporal ao do sistema energético e ao gesto esportivo, utilizados na
performance, ter-se-á o surgimento de um sexto princípio esportivo: o princípio da especificidade, que
vem se somar aos já existentes. Podemos dizer que este princípio sempre esteve intrínseco em todo o
treinamento esportivo, desde o mais rústico nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio norteador
e como um dos parâmetros que devem ser levados em consideração é essencial ao estudo e
planejamento crítico e consciente nos treinamentos contemporâneos.
“O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser
montado sobre os requisitos específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física
interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras
utilizados” (ibidem, 1995, p. 50).
“Isto serve, cada vez mais, para firmar na consciência do treinador que o treino, principalmente na
fase próxima à competição, deve ser estritamente específico, e que a realização de atividades diferentes
das executadas durante a performance com a finalidade de preparação física, se justifica se for feita
para evitar a inibição reativa (ou saturação de aprendizagem).” (ibidem, 1995, p. 50).
De acordo com Dantas (1995), o segundo componente dos aspectos neuromusculares é controlado,
principalmente pelo sistema nervoso central ao nível de cérebro, bulbo e medula espinhal e pressupõe
que todos os gestos esportivos, realizados durante a performance, já estejam perfeitamente
“aprendidos” de forma a permitir que, durante a performance, não se tenha que criar coordenações
neuromusculares novas, mas tão somente “lembrar-se” de um movimento já assimilado e executá-lo. A
psicologia da aprendizagem ensina que o conhecimento, ou movimento, uma vez aprendido fica
armazenado no neocórtex sob forma de engrama, que consiste num determinado padrão de ligação
entre os neurônios. O engrama, que é sempre utilizado, fica cada vez mais “nítido” e “forte” ao passo
que aquele que não é utilizado se enfraquece e pode até se extinguir. Se um gesto esportivo for repetido
com constância, seu engrama ficará tão forte a ponto de permitir a execução do gesto de forma reflexa,
através de uma rápida comparação, pelo bulbo, entre as reações neuromusculares e o engrama. Este
aspecto está ligado a mielinização das fibras nervosas e à velocidade de condução dos impulsos, e à
caracterização dos tipos de movimentos.
Finalizando, Dantas (1995) nos diz que, o aprimoramento da habilidade técnica e a execução de todos
os movimentos possíveis durante o treinamento, visando a aquisição e reforço dos engramas requeridos
pelo esporte considerado, tomarão tanto mais tempo quanto mais complexo ele for em termos
neuromotores.
7. O Princípio da Variabilidade
“Quanto maior for a diversificação desses estímulos – é obvio que estes devem estar em
conformidade com todos os conceitos de segurança e eficiência que regem a atividade – maiores serão
as possibilidades de se atingir uma melhor performance.” (ibidem, 1996, p. 357).
A atenção a este princípio diminui a possibilidade do aparecimento de um Plateu no treinamento, ou
mesmo o aparecimento de fatores desestimulantes, agindo de forma contrária, atuando na motivação e
o mais importante, na possibilidade de possibilitar o surgimento de novas técnicas de treinamento, de
estratégia, táticas, entre outras, inclusive de novos gestos específicos, que sob um determinado ponto
de visão, sob um treinamento não variável, não seria possível ser identificado ou ter aparecido. Um dos
alicerces deste princípio é a criatividade, tanto do atleta, quanto do treinador.
8. O Princípio da Saúde
Segundo Gomes da Costa (1996), esse princípio encontra-se diretamente ligado ao próprio objetivo
maior de uma atividade física utilitária que vise à saúde do indivíduo:
Baseado na citação acima posso colocar que este princípio está fundamentado na
interdisciplinaridade. No entanto, nem sempre o Princípio da Saúde tem sido o principal norteador, ou
mesmo um dos princípios norteadores. Em práticas de atividades físicas hodiernas, verificamos não
somente aquelas ligadas à aquisição e manutenção da saúde do praticante, mas também aquelas de alta
performance, que podem trazer malefícios devido ao compromisso com o alto rendimento e resultados,
e ainda, as atividades que não têm compromisso algum com o aspecto saúde. Atualmente pessoas
colocam a vida em risco em esportes extremamente radicais, quando tentam ultrapassar os limites
físicos. Portanto, cabe perguntar: os treinamentos destas atividades estariam sob o Princípio da Saúde?
De certo modo, em relação ao preparo para a execução da atividade sim, pois, é necessário um certo
nível de condicionamento e saúde para tais práticas, e também, pelo fato dos praticantes estarem
fazendo algo que gostam, que é importante para a vida delas e lhes dá prazer.
A correlação entre este princípio e outras perspectivas do esporte é um ponto interessante para
ampliar os estudos.
9. A inter-relação dos Princípios
De acordo com Gomes da Costa (1996), se faz lógico e transparente que essas leis não existem apenas
por existir. Cada princípio, considerado individualmente, possui seu valor e função próprios, entretanto,
a integração entre esses princípios adquire inestimável importância. “Aqui acontece aquela “historinha”
de que o todo é sempre maior do que a soma de suas partes.” (ibidem, 1996, p. 358). Assim cada
Princípio assume uma importância maior, um papel mais destacado quando associado aos outros
princípios, segundo este autor, que ainda comenta:
16-Séries e repetições são apenas duas das muitas variáveis que têm impacto na matemática dos seus
treinos. Pegar leve (a ponto de não sentir fadiga no fim da sequências) ou exagerar na dose (e lesionar
um músculo ou articulação) não entram nessa equação, combinado? Preparamos um guia com
orientações básicas sobre o número de séries e repetições ideais para você. Pode começar a contar!
Primeiramente, a repetição tem a ver com o movimento em si. Ela se refere à execução completa de um
exercício e, de maneira geral, possui duas etapas: o levantamento da carga e o retorno à posição inicial.
Para ilustrar, pense em uma flexão de braço: você começa em posição pracha alta, então flexiona os
cotovelos, levando o peitoral em direção ao chão e, depois, estende os cotovelos, subindo o corpo todo
de uma vez. Esta é uma repetição.
Conforme adiantamos, usar séries e repetições para organizar os treinos traz benefícios. Entre eles,
perceber nossa evolução (uma motivação das boas, não é?). Para isso, entretanto, é importante voltar
um pouquinho e entender um outro conceito.
Os experts tratam da organização dos treinos com o que chamam de “periodização” – a variação do tipo
de estímulo dado ao corpo em certo intervalo de tempo. É ela que explica por que insistir no mesmo
esquema de exercícios por meses não é uma estratégia eficaz.
Uma vez que o organismo tem uma habilidade incomparável de adaptação aos estímulos recebidos
durante a prática de atividade física, a resposta dos músculos a um treinamento novinho em folha
costuma ser a melhor possível nas primeiras vezes. Depois, a tendência é de estagnação. Além disso,
você corre o risco de estressar grupos musculares e articulações e causar uma lesão.
Por isso, os educadores físicos estipulam as séries e repetições do aluno levando a periodização em
conta: mesclar diferentes estímulos obriga o corpo a realizar esforços desconhecidos com frequência.
“Séries e repetições são formas de dosar a intensidade e o volume do treino”, diz Guilherme Micheski,
gerente do departamento técnico da Smart Fit. “Apenas saindo da zona de conforto, variando séries,
repetições e carga, você irá gerar o aprimoramento na capacidade física que deseja treinar”.
18-Carboidrato – A primeira etapa consiste em repor a energia que o músculo gastou durante o
exercício. Isso é feito por meio da ingestão de carboidrato, absorvido pelas células em forma de
glicogênio. P...
ATLETISMO
A fadiga muscular representa um problema complexo em nosso meio, causada por fatores ainda não
totalmente esclarecidos. A literatura científica atual aponta possíveis causas provenientes de alterações
deletérias no próprio músculo (fadiga periférica) ou mudanças na comunicação neural para o músculo
(fadiga central). A fadiga central é caracterizada por mecanismos biológicos que alteram o esforço
subjetivo, motivação, comportamento e tolerância à dor, bem como aqueles que diretamente inibem a
ativação motora nos centros superiores do cérebro e nos neurônios (células nervosas) que transmitem
os impulsos nervosos.
O grau e a causa da fadiga muscular são dependentes da duração, intensidade e natureza dos exercícios,
composição do tipo de fibra muscular, nível de condicionamento físico e fatores ambientais como
altitude, umidade e temperatura.
Exercícios de alta intensidade – A fadiga muscular pode ser definida como uma perda de força que
acarreta na redução do desempenho em uma determinada tarefa. A fadiga após exercícios de alta
intensidade e curta duração pode resultar a partir de falhas na ativação do sistema nervoso central
(SNC), assim como a falta de manutenção da freqüência adequada de ativação dos neurônios motores
transmitindo os impulsos nervosos.
Este tipo de exercício envolve uma demanda energética que ultrapassa a potência aeróbica máxima do
indivíduo, solicitando um alto grau de metabolismo anaeróbico. Conseqüentemente diminuem os
fosfatos de alta energia do músculo, trifosfato de adenosina (ATP) e fosfocreatina (CP), enquanto que
fosfato inorgânico (Pi), difosfato de adenosina (ADP), lactato e íons hidrogênio (H+) aumentam na
medida em que a fadiga se instala.
O acúmulo desses metabólitos tem sido apontado como um fator importante na gênese da fadiga
muscular e na predisposição às câimbras. Para evitá-las, concentrações adequadas de ATP devem ser
mantidas pelo organismo, pois esse substrato é um dos responsáveis pela fonte imediata de energia
para as contrações musculares. A fosfocreatina também diminui com a atividade contrátil do músculo, e
alguns estudos têm sugerido que concentrações baixas de CP podem também induzir à fadiga muscular.
O hidrogênio é particularmente interessante como agente causal, pois pode atuar de várias formas na
célula: inibição da atividade de enzimas das vias produtoras de energia, inibição da utilização do cálcio
(Ca+) pelas células musculares, e alteração do perfil iônico intracelular. Uma fonte importante dos íons
de hidrogênio durante a atividade muscular intensa é a produção anaeróbica de ácido lático, que em sua
maior parte se dissocia em íons lactato e H+. Atualmente, já está bem estabelecido que a fadiga ocorra
pela elevada concentração de H+ (íons hidrogênio) e não pelo aumento de lactato ou ácido lático não
dissociado, devido à inibição das vias metabólicas produtoras de energia.
Exercícios de endurance – Inúmeros fatores têm sido apontados como causadores de fadiga resultante
de atividades físicas de longa duração. Entre eles estão incluídos a depleção de glicogênio muscular e
hepático (do fígado), a diminuição da glicose sanguínea, a desidratação, e o aumento da temperatura
corpórea.
O ritmo de utilização de carboidratos (CHO) é dependente não somente da intensidade do trabalho
físico, mas também da condição física do indivíduo. O fato que esportistas treinados metabolizam
carboidratos mais lentamente do que os não treinados corrobora a hipótese de que a depleção dos
estoques de CHO seja uma das causas de fadiga muscular durante a atividade física prolongada.
Parte das metas ou objetivos traçados no início do programa de treinamento podem não ser alcançadas,
ou sofrer um atraso.
Sem seguir os princípios, os riscos de lesão também aumentam, bem como a probabilidade de outras
consequências indesejáveis, como desmotivação, dores e afastamento dos treinos. Segundo os
especialistas, em casos de desistência dos treinos é comum observar que os princípios não foram
seguidos.
Entender como cada princípio do treinamento pode interagir com o corpo de cada indivíduo é a fórmula
mágica do sucesso no treinamento esportivo.
Fontes: Ana Paula Silva, professora do Laboratório de Biomecânica da EEFE-USP (Escola de Educação
Física e Esporte da Universidade de São Paulo); Saulo Oliveira, mestre e doutor em educação física,
professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e do Centro Acadêmico de Vitória; Jeferson
Luis da Silva, profissional de educação física, doutor em musculação e fisiologia do exercício na saúde, na
doença e no envelhecimento pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e
coordenador e treinador de corrida na Run&Fun ABC, em São Paulo; Cacá Ferreira, profissional de
educação física e gerente técnico corporativo da rede de academia Cia. Athletica; e Rodrigo Lobo;
profissional de educação física formado pela USP (Universidade de São Paulo), triatleta e treinador da
Lobo Assessoria Esportiva.
MOVIMENTO