Processo Civil III - Manutenção de Posse

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível da Comarca de

Imbituba

Juarez da Silveira, solteiro, empresário, inscrito no CPF sob o nº 123.123.123-12,


residente e domiciliado na Av. Fernando Machado, Centro, nº 1000, na cidade de
Chapecó/SC, Cep: 89800-000, vem a presença de Vossa Excelência, por seu
representante constituído propor:

AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE

Em face de Adilson dos Anjos, comerciante, inscrito no CPF sob nº 123.456.789-10,


adilson.anjos@gmail.com, residente e domiciliado na Av. Porto Novo, Praia do Rosa,
nº 555, na cidade de Imbituba, CEP: 88780-000 pelos fatos e motivos que passa a expor
I.DOS FATOS

O autor exercia a posse, por mais de 10 nos, de um imóvel com área de


480m², sendo 12m de frente por 40m de fundo, localizado na Praia do Rosa, Município
e Comarca de Imbituba, o qual foi adquirido através de Escritura Pública de Compra e
Venda lavrada em 10 de fevereiro de 2010 e transcrita no livro nº 10 sob matrícula de nº
123456789, do Registro de imóveis da Comarca de Imbituba, conforme provam os
documentos anexos.
O requerente objetiva a manutenção de sua posse em face do réu, uma
vez que, no dia 20 de maio de 2020, portanto, há menos de ano e dia, o autor foi
informado por vizinhos de seu imóvel em Imbituba, que o Sr. Adilson havia invadido o
imóvel, pretendendo erguer uma construção no local, inclusive já depositando nos
arredores do imóvel materiais de construção.
Para que fossem depositados os referidos materiais de construção, parte
das cercas que guarnecem o imóvel foram arrancadas e construídas novas cercas que
estão trancadas com correntes e cadeado, e o terreno foi aplainado com o auxílio de
máquina.
Após tomar conhecimento do fato, o autor, que já conhecia o réu pelo
motivo do mesmo ser comerciante na cidade, contatou-o diversas vezes por telefone a
fim de conversar a respeito da invasão, porém em todas as oportunidades o réu negava a
invasão e a intensão de erguer uma edificação no local, o que não compacta com as
fotos, em anexo, tiradas pelos vizinhos.
Vale ressaltar, Excelência, que apesar da distancia entre o domicilio do
autor e o imóvel invadido, o requerente manteve a posse do imóvel nos últimos 10 anos,
sempre realizando as devidas manutenções no terreno.

II.DO DIREITO
Assim, a medida judicial apropriada para defesa do “jus possessório” do
autor, violado pelo réu, é a ação de manutenção de posse, senão vejamos:
“Considera-se possuidor todo aquele, que tem de fato o exercício, pleno,
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. (art. 1196 do Código Civil)
O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado. Art. 1210 do CC.
O objeto da ação de manutenção na posse é a desistência da turbação e a
indenização do dano causado.
Neste mesmo sentido, manifestam-se a doutrina e jurisprudência:
“São-lhes pressupostos; a posse; que não sucumba
com o ato turbativo; a turbação que é todo ato
praticado contra a vontade do possuidor, que lhe
perturbe o gozo da coisa possuída, sem dela a
desapossar.
A turbação pode ser Positiva, como a invasão do
terreno alheio, o corte de arvores nele praticado
sem direito; ou Negativa, como se o turbador
impede o possuidor de praticar atos decorrentes
de sua posse.” (CLÓVIS BEVILÁQUA – Direito
das Coisas, Vol. 1º, parág. 20, págs. 67 e 68).

“Não é necessário que o possuidor exerça efetiva


e permanentemente a sua posse em toda a
extensão do imóvel possuído para que ela seja
reconhecida. Nos grandes latifúndios e mesmo nas
menores propriedades essa exigência torna-se
impossível. É, aliás, conceito consagrado em nosso
direito, que para a conservação da posse basta a
continuação do possuidor na disponibilidade da
coisa.” (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO
PAULO – Anc. Um. da 2ª Câm. Cív., 6.6.1950, na
Apel. Nº 47.592, da Comarca de Votuporanga;
Rel. Des. Frederico Roberto, in Ver. Dos
Tribunais, vol. 187, págs. 714 a 716).

“Intentando ação, pode o autor requerer desde


seja mantido na posse in limine litis, mediante a
expedição do competente mandado pelo juiz. Pode
este conceder de plano o mandado de manutenção,
diante da prova que acaso tenha sido oferecida
com a inicial...
Julgada procedente a ação, o possuidor
manutenido, no caso de nova turbação, deverá
cobrar pena pecuniária cominada, pena que,
apesar de omisso o estatuto processual não foi
abolida pela lei.” (WASHINGTON DE BARROS
MONTEIRO – “Curso de Direito Civil” – Direito
das coisas, págs. 49 e 50).
III.DO RITO ESPECIAL
Conforme positivado a turbação de menos de um ano e dia possui
processamento através de rito próprio conforme se denota a parti da leitura da redação
do Art. 558 do Código de Processo Civil. Faz-se imprescindível sua transcrição;
“Art. 558. Regem o procedimento de manutenção
e de reintegração de posse as normas da Seção II
deste capítulo quando a ação for proposta dentro
de ano e dia da turbação ou do esbulho firmado
na petição inicial.” (Grifo nosso)
Trata-se as disposições da seção II do capítulo das ações possessórias a
qual o artigo em epigrafe encontra-se dos procedimentos a respeito da ação de
manutenção de posse dentro do prazo de ano e dia.
No caso em apreço conforme comprova o conjunto probatório e fático, o
período de tempo da turbação está dentro de ano e dia, assim, a presente demanda goza
das benécias do rito especial da seção II do Código de Processo Civil, como a concessão
da liminar tão importante com a urgência que tem o Requerente de ser livre da turbação.
Nesta toada, fazendo jus ao rito previsto em lei faz-se necessário que
Vossa Excelência processe a demanda nos ditames do rito especial.
É necessário que sejam preenchidos os requisitos objetivos do art. 561 do
CPC para que tanto o processamento em via especial quanto a liminar seja concedida,
como corrobora para a jurisprudência que segue:

TJ-RS – Agravo de Intrumento AI 79958363110


RS Data de publicação: 23/04/2014
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSE
(BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE
POSSE. ÁREA PÚBLICA. MINICÍPIO DE
PORTO ALEGRE. ALEGAÇÃO DE TURBAÇÃO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA
DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE
LIMINAR. – Nos bens públicos a posse é inerente
ao domínio, sendo considerado mero detentor o
particular que ali se encontra. – Para a concessão
de liminar na ação de manutenção de posse,
mister a observância dos requisitos do artigo 927
(Atual 561), do Código de Processo Civil, a saber:
a) posse anterior; b) a turbação; c) a manutenção
da posse; e, d) a data em que ocorreu o ilícito. –
In casu não obstante a ausência da
verossimilhança das alegações, quanto ao
reconhecimento da posse e da turbação sobre a
fração de área objeto do pedido, o agravante não
comprovou o periculum in mora, pois passado
quase um ano do ocorrido quando da interposição
do presente recurso, o que descaracteriza a
necessidade de provimento urgente. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO EM PARTE, E
NESTA, DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento
nº 70058363110, Décima Sétima Câmara Cível.
Tribunal de Justiça do RS, TRelator: Gelson Rolim
Stocker, Julgado em 17/04/2014). (Grifo nosso)

Como bem observou o tribunal que proferiu a decisão, faz-se mister o


preenchimento dos requisitos grifados para que haja a comprovação.
Neste caso, mediante aos fatos narrados como também as provas
acostadas ficam, perfeitamente, compreendidos que todos os requisitos foram
preenchidos no presente caso, assim, não há qualquer obscite a concessão do rito
especial.

IV.DA CONTINUAÇÃO DA POSSE


De todo o relato fático cumulado com provas documentais, carreados
nesta peça inaugural, aponta que a parte autora ainda detém a posse do imóvel. Desse
modo, em que pese a turbação, este segue na fruição do bem.

V.DA LIMINAR
Conforme foi exposto na narração fática, a posse do Requerente
encontra-se atualmente sofrendo agressão incessante com o avanço das obras realizadas
pelo requerido.
Essa intenção de construir e o fato de o terreno já ter sido aplainado cessa
o pleno gozo do imóvel que o requerente é possuidor e proprietário pois o avanço é
significativo.
Ainda, com base nos fatos narrados, como também no boletim de
ocorrência anexo, percebe-se que há resistência do requerido em retirar os materiais do
local e, no mais, todas as tentativas de acordo com o requerido não lograram êxito haja
vista sua relutância para com o caso.
Deste modo, encontra-se o requerente limitado no que tange ao uso do
seu imóvel, pois este está sendo tomado de forma que ao final da construção o
requerente passe a dispor somente de sua residência e não mais do resto do seu terreno.
Para a concessão de medida liminar, se faz necessário a comprovação de
dois requisitos: Fumus Boni Iuris e o Periculum in Mora. O que ficará devidamente
comprovado.
É clarividente que o que se solicita é mais do que uma simples aparência
de um bom direito, haja vista a comprovação de que é ao mesmo tempo proprietário e
possuidor do bem que está sendo turbado com todos os documentos que comprovam o
alegado, como ficou evidente na leitura desta exordial até aqui e que este por figurar
como possuidor do bem tem total proteção legal quanto a permanência na posse do bem
e a proteção deste contra qualquer tipo de perturbação que possa vir a ocorrer.
Deste modo, é um direito do requerente se ver livre desta turbação por
ser dele a coisa em que seu uso produz efeitos Erga Ominis. Fazendo assim
concretizado o fumus boni iuris.
Ao decorrer do lapso temporal em que fica restringido de sua posse
completa, o Requerente não pode efetuar qualquer mudança no terreno como edificar
uma construção, reforma do bem etc, pois se encontra obstado pelo turbador.
Não bastasse esta situação, o bem pode sofrer desvalorização em razão
da construção o que pode limitar fisicamente quanto ao uso por seu possuidor e
proprietário e economicamente, pois o requerente terá sérios prejuízos quando for, de
alguma forma, demolir a construção caso ela seja edificada, ou tentar vender ou praticar
qualquer negócio jurídico que tenha como objeto este imóvel que sofre de turbação.
Faz-se assim, presente o periculum in mora.
Dessa forma, a resposta tardia do judiciário faz o requerente suportar
resultados negativos que não deveria, desta toada, faz-se imprescindível a concessão de
liminar ordenando a manutenção da posse conforme supedâneo no art. 562. Posto que
fora preenchidos os pressupostos do art. 561 do CPC.

VI.DO PEDIDO
Estando a inicial devidamente instruída, o autor solicita que Vossa
Excelência se digne de tomar as seguintes providencias:
a)Que Vossa Excelência dê total procedência a ação condenando a liminar de
manutenção da posse, e, em caso de haver alguma edificação no local, a demolição da
construção;
b)Que depois de cumprida a liminar, insta a citação do requerido para, no prazo de 15
dias, querendo, conteste a ação;
c)Que seja condenada a parte requerida a não fazer novas turbações, sob pena de
pagamento de multa, por cada uma, no importe de R$ 1.000,00 (mil reais);
d)Pede, outrossim, que seja o requerido condenado o pagamento de honorários
advocatícios e custas processuais, esses arbitrados no percentual de 20% (vinte por
cento) sobre o valor do proveito econômico advindo ao autor (CPC, art. 85, §2º);
e)Entende o autor que o resultado da demanda prescinde de produção de provas, tendo
em conta a prova documental colacionada aos autos. Todavia, ressalta o mesmo que,
caso esse não seja o entendimento de Vossa Excelência, protesta provar o alegado por
todos os meios de prova em direito admitido, sobretudo com a oitiva das testemunhas
ora arroladas, perícia, depoimento pessoal do Promovido, o que desde já requer.
Concede-se à causa o valor de 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), correspondente
ao valor do imóvel em questão (CPC, art. 292, inc. III)

Termos em que pede deferimento.

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