Atividade de Direito Processual Civil V

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ATIVIDADE DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL V

CASO CONCRETO:

José, residente e domiciliado em Guaxupé, pretendendo adquirir um imóvel em São Carlos,


encontrou uma casa que lhe agradou e celebrou um compromisso particular de compra e venda com
Antônio, seu proprietário. Logo que tomou posse do imóvel em questão, José fechou uma passagem
que dava acesso ao imóvel vizinho de Pedro. Ciente disso, Pedro foi reclamar com José, que se recusa
a abrir esta passagem novamente. Pedro alega que tem um contrato assinado com Antônio em que
este se comprometia a permitir a sua passagem sempre que quisesse, pois assim chega muito mais
rápido à rua. Caso contrário, será obrigado a dar uma volta maior para chegar em sua casa. Afirma,
inclusive, que pagou por isso e que o contrato está devidamente registrado no Cartório de Registro
de Imóveis. José respondeu que não tem nada com isso e que não vai permitir a passagem de Pedro.

Questão: Na qualidade de advogado de Pedro, justifique qual medida


judicial cabível para a defesa de seus interesses, justifique. (2,0)
1 – Indicar qual é a Ação cabível e o local de sua propositura.

R- A Ação cabível será a AÇÃO DE SERVIDÃO DE PASSAGEM COM PEDIDO LIMINAR. O


local de propositura será na Comarca de São Carlos, onde se encontram os imóveis do Pedro e do
José.

2 – Existe servidão? Se sim, justificar a existência legítima da servidão.

R- Sim. Existe a servidão de passagem que dá direito real ao Pedro, e lhe permite que se utilize da
área do imóvel do José para ter acesso a outra rua, pois havia um acordo, devidamente assinado em
Cartório de Registro de Imóveis, antes da compra efetuada por José.

Em resumo, o direito de acesso de um imóvel encravado à via pública, através de imóvel de


terceiro, pode ser obtido por “servidão de passagem”, que é um Direito Real estabelecido de forma
consensual, via escritura pública ou testamento (art. 1,378 c/c 108, do CC) ou declarada através de
usucapião, com título aquisitivo (contrato particular) (art. 1.379, caput) ou sem título aquisitivo
(art. 1.379, parágrafo único);

3 – Mencionar e fundamentar a existência ou não de posse, como também a posse de boa-


fé.
Há existência comprovada de posse, pois existe documento registrado em Cartório que garante
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ao Pedro o direito à passagem pelo imóvel de José.

Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio
serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Consubstanciado no art. 1.383 do Código Civil, poderá o proprietário do imóvel dominante


acionar o proprietário ou possuidor do prédio serviente quando este criar dificuldades à servidão.

4 – Argumentar da forma fundamentada a aquisição pelo registro e as suas


consequências.

A aquisição da servidão de passagem foi registrada junto ao Registro de Imóveis, em


comum acordo firmado entre Antônio (antigo proprietário) e o Pedro, de forma que possui todos os
seus efeitos.

Nesse sentido, está fundamentado no art. 108 do Código Civil, nesse caso de instituição por
contrato entre as partes:

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais
sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Nesse caso o imóvel tinha valor superior a 30 salários-mínimos, razão pela qual foi feita escritura
pública pelas partes em ofício de notas. Pois, conforme a Lei, “seja feita por contrato particular (se
possível) ou por escritura pública, a servidão de passagem deverá ser levada à registro junto ao
registro de imóveis competentes”.

5 – Justificar o procedimento especial demonstrando que o Autor preenche todos os


requisitos do art. 554 e seguintes, do CPC (posse; esbulho; esbulho praticado; data da turbação
do esbulho; perda da posse).

R - Pedro preenche todos os requisitos do art. 554, do CPC, pois houve a formalização que a
servidão de passagem requer, de forma escrita, através de Escritura Pública de Cessão de Servidão
de Passagem, a qual foi firmada no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 554 ao art. 559 do Novo CPC:


Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
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conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação
por edital dos demais, determinando-se, ainda, a in mação do Ministério Público e, se
envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.

§2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de jus ça procurará os ocupantes
no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.

§3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no § 1º e dos respec vos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios
em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros
meios.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I – condenação em perdas e danos;

II – indenização dos frutos.

Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e


adequada para:

I – evitar nova turbação ou esbulho;

II – cumprir-se a tutela provisória ou final.

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho come do pelo autor.

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face
de terceira pessoa.

Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de


propriedade ou de outro direito sobre a coisa.

Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas


da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou
do esbulho afirmado na pe ção inicial.

Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.

Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente man do ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência,
responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer
caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa li giosa, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
6 – Cabe pedido de liminar, com fundamento no art. 554 e seguintes?
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R – Sim. Pois, ao requerer a concessão de liminar, pede-se a imediata desobstrução do acesso,
mantendo-se assim a servidão de passagem existente, com a consequente utilização da área de
passagem. No mérito, pode-se pedir a manutenção da servidão de passagem e até a condenação do
vizinho por perdas e danos, se houver geração de prejuízos em decorrência dessa proibição
repentina.

Requisitos para a concessão de liminar em ações possessórias:

Para concessão de liminar em ações possessórias, incumbe ao requerente provar a sua posse,
o esbulho praticado pelo réu, a data do esbulho e a perda da posse, conforme artigo 561 do CPC .
Ausente qualquer dos requisitos, o indeferimento da liminar é medida impositiva.

7 – Cabe fixação de pena cominatória (com multa diária)?

Sim. Cabe, pois os pedidos cominatórios são aqueles que tenham por objetivo fixar uma medida
judicial que force o réu a cumprir a sentença.
Essa possibilidade está prevista no art. 287 do CPC:
Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar
alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária
para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o,
e 461-A).

Nesse caso, o autor Pedro, deverá, primeiramente, fazer seu pedido principal, como, por exemplo, a
condenação do réu, e pedir, além disso, em caso de descumprimento, que seja aplicada pena
pecuniária, ou seja, estipulação de um valor em dinheiro a ser pago diariamente pelo réu.

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