Uso Pó de Pedra
Uso Pó de Pedra
Uso Pó de Pedra
ILHA SOLTEIRA – SP
Março 2004
Dedico este trabalho aos meus pais João Menossi e Edileuza Borges Menossi.
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof.Dr. Jefferson Sidney Camacho, pela zelosa orientação e pela
amizade que muito me honra.
Ao Eng. Flávio Moreira Salles, por suas valiosas sugestões para a execução deste trabalho.
À CESP, por permitir a realização de grande parte dos ensaios em seus laboratórios.
À Universidade Federal de Santa Catarina, pela realização dos ensaios de perda de massa ao
fogo e difração de raios-x.
Ao Prof. Dr. José Luiz Pinheiro Melges, pelas sugestões apresentadas com relação ao texto
final desta dissertação.
RESUMO ................................................................................................................................. v
ABSTRACT ............................................................................................................................ vi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
2. PÓ DE PEDRA ................................................................................................................. 6
3.1 Introdução................................................................................................................. 22
3.2 Método do CIENTEC............................................................................................... 23
3.3 Método do INT ......................................................................................................... 24
3.4 Método da ABCP ..................................................................................................... 25
3.5 Método do IPT/EPUSP............................................................................................. 26
3.5.1 Lei de Abrams .................................................................................................. 27
3.5.2 Lei de Lyse ....................................................................................................... 28
3.5.3 Lei de Molinari ................................................................................................. 28
4.1 Introdução................................................................................................................. 29
4.2 Primeiro Programa de Ensaios – Caracterizações .................................................... 31
4.2.1 Areia ................................................................................................................. 31
4.2.2 Pó de pedra ....................................................................................................... 31
4.2.3 Brita .................................................................................................................. 33
4.3 Segundo Programa de Ensaios – Verificação do Abatimento.................................. 34
4.3.1 Definição dos Traços de Concreto a serem Estudados..................................... 34
4.3.2 Confecção dos Traços e Verificação do Abatimento ....................................... 34
4.3.3 Moldagem e Cura dos Corpos-de-prova........................................................... 36
4.4 Terceiro Programa de Ensaios – Verificação da relação a/c .................................... 39
4.4.1 Ensaio de Perda de Abatimento........................................................................ 40
4.4.2 Determinação do Consumo de Cimento........................................................... 41
4.5 Quarto Programa de Ensaios – Dosagem e Incorporação de Aditivos..................... 43
4.5.1 Método de Dosagem Adotado .......................................................................... 43
4.5.2 Aditivo.............................................................................................................. 48
4.6 Quinto Programa de Ensaios - Ensaios de Durabilidade.......................................... 49
4.6.1 Índice de atividade pozolânica com cimento.................................................... 49
4.6.2 Índice de atividade pozolânica com cal............................................................ 51
4.6.3 Retração por secagem....................................................................................... 52
4.6.4 Reatividade com álcalis do cimento ................................................................. 54
4.6.5 Reatividade potencial álcali-agregado.............................................................. 55
6.1 Conclusões................................................................................................................ 90
6.2 Sugestões para trabalhos futuros .............................................................................. 92
Lista de tabelas
Resumo
O presente trabalho faz um estudo da substituição da areia natural existente no concreto por
um material alternativo: o pó de pedra.
Como método de dosagem, foi utilizado o método do IPT/EPUSP. Por meio deste método,
determinou-se um teor ideal de argamassa, que serviu de base para a elaboração de traços
ricos (1:3,2) e de traços mais pobres (1:8,5), que, por sua vez, auxiliaram na construção dos
diagramas de dosagem para cada uma das diferentes faixas de resistência do concreto.
Considera-se que o objetivo principal desta pesquisa foi plenamente alcançado, uma vez que
foi comprovada a viabilidade da completa substituição da areia pelo pó de pedra, em
concretos com finalidade estrutural.
Dissertação de Mestrado vi
Abstract
MENOSSI, RÔMULO T. (2004). Use of the basaltic stone powder in substitution to the
natural sand of the concrete. Ilha Solteira, 97p. Dissertation (Mastering). Ilha Solteira
Engineering College, São Paulo State University.
The present work makes a study of the substitution of the existent natural sand in the concrete
for an alternative material: the stone powder.
The stone powder is a reject of the exploration of quarries and its maximum diameter is less
than 4,8 mm. In function of the granulometric curve, it can be characterized as it being a
medium sand. Nowadays, the stone powder doesn't possess commercial value of market,
being considered a "marginal material", that it doesn't possess a defined destination, and that
it stays stocked at the patios of the quarries, forming enormous piles that can cause several
environmental impacts.
The first stage of the work consisted of characterizing the materials that compose the concrete
to be studied. After that phase, five different mixtures were used, so that the natural sand was
substituted gradually by the stone powder, in the proportions of 25%, 50%, 75%, and 100%.
For each mixture, the slump was measured and so the concrete axial compression resistance,
by 100 mm x 200 mm cylinders.
To characterize the stone powder, the following tests were accomplished: granulometric
curve, powdery materials, loss to the fire, diffraction for X-rays, specific mass, reactivity
potential alkali-attaché and pozolanicity of the fraction that pass in the sieve #200.
It was used, as dosage method, the IPT/EPUSP method. Through this method, it can be
determined an ideal tenor of mortar, that it served as base for the elaboration of rich mixtures
(1:3,2) and of poorer mixtures (1:8,5), that aided in the construction of the dosage diagrams
for each the different levels of resistance of the concrete.
The main objective of this research was fully reached, once it was proven the viability of the
complete substitution of the sand for the stone powder, in concretes with structural purpose.
Dissertação de Mestrado 1
1.INTRODUÇÃO
1.1 Generalidades
Uma das maiores preocupações que existe hoje em relação à qualidade do concreto está
associada à qualidade dos agregados empregados, em especial o agregado miúdo, mais
especificamente a areia natural. Com o crescente aumento da demanda de areia natural no
mercado nacional e a exaustão dessas reservas, principalmente próximas às grandes
metrópoles e, considerando-se ainda o incremento dos custos de transporte, limites de peso
transportados por eixo e aumento das distâncias de carga, a utilização deste insumo tem
impactado, de maneira crescente, os custos do concreto. O segmento concreteiro tem se
mostrado bastante especializado, modernizando-se por meio da constante busca por
equipamentos e sistemas automatizados, que permitam dosagens em centrais. Entretanto,
apesar desta evolução, a variação na qualidade dos insumos componentes do concreto é
preocupação constante das empresas do setor, mesmo daquelas que dispõem de fornecimento
próprio de agregados.
Dissertação de Mestrado 2
Atualmente, grande quantidade dos concretos estruturais tem sido confeccionada com
agregados naturais. Porém, a constante preocupação com a preservação do meio ambiente tem
incentivado a busca de diversas alternativas para a substituição destes agregados naturais e
também para a incorporação de certos rejeitos industriais na confecção de argamassas e
concretos. Neste contexto, o aproveitamento do rejeito da britagem das rochas (pó de pedra)
como substituição ao agregado miúdo utilizado na confecção do concreto é uma alternativa
interessante.
O aproveitamento dos finos gerados pelos processos de britagem não é um assunto inovador.
Conforme NUGENT (1979), esse material já era utilizado desde séculos passados em diversos
países, tendo-se, como exemplos, os Estados Unidos e o Canadá. Nos dias atuais, esses finos
podem ser utilizados na confecção de concretos com finalidade estrutural, na produção de
blocos de concreto, de camadas de sub-base asfáltica e de camadas de concreto compactado a
rolo (CCR). Destaca-se que o descarte de sua fração granulométrica (abaixo de 0,075 mm)
pode ocasionar uma série de impactos ambientais.
Pela inexistência de uma norma técnica que apresente especificações gerais, os finos possuem
diversas denominações nos meios técnico e comercial. Diante de seus produtores e de seus
consumidores, a nomenclatura mais utilizada é ainda pó de pedra. Esta nomenclatura não está
de acordo com a nomenclatura utilizada pela NBR 7225 da ABNT (1993), que define “pó de
pedra” como sendo um material proveniente do britamento de pedra, de dimensão nominal
máxima inferior a 0,075 mm. Existem ainda outras denominações tais como “areia artificial”
e “areia de brita”; no entanto, estes termos também podem gerar confusão, uma vez que,
nesses casos, ora se descarta a fração fina abaixo de 0,075 mm por meio de processos de
lavagem, ora rebritam-se os finos através da cominuição por impacto, utilizando-se de
rebritadores autógenos (tipo Barmac), com a finalidade de arredondar suas partículas e
melhorar sua distribuição granulométrica. Para que o uso do termo técnico não gere
confusão, tanto para o mercado comercial quanto para fins acadêmicos, estabeleceu-se que,
nesta pesquisa, esses finos serão chamados pelo seu nome de mercado, ou seja, pó de pedra.
Com o intuito de se reduzir ao máximo os impactos ambientais gerados pelos rejeitos das
pedreiras, será utilizado, neste trabalho, o pó de pedra sem o descarte da sua fração inferior
correspondente a 0,075mm, ou seja, este material será utilizado na forma em que se encontra
no pátio da pedreira.
Dissertação de Mestrado 3
1.2 Objetivo
1.3 Justificativa
Atualmente, o meio ambiente vem sofrendo vários danos causados pela exploração do
homem. O concreto, por ser um produto consumido em grande escala e que se necessita de
matéria-prima encontrada diretamente na natureza, contribui em grande parte com esses
danos.
A escassez de areia natural é um fato que, hoje em dia, preocupa as indústrias do meio
concreteiro, que buscam, cada vez mais, uma melhor qualidade associada à produtividade.
As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes são essenciais para a
vida útil das estruturas (obras) em que são usados. São inúmeros os exemplos de colapso
estrutural nos quais é possível chegar à conclusão de que as causas principais do problema foi
a seleção e uso inadequados dos agregados, o que torna o pó de pedra uma boa alternativa,
por possuir uma maior uniformidade de suas propriedades.
Dissertação de Mestrado 5
2. PÓ DE PEDRA
2.1 Generalidades
Resistência mecânica
Textura superficial
Resistência Mecânica Limpeza
Forma dos grãos
Dimensão máxima
Módulo de elasticidade
Forma dos grãos
Retração Textura superficial
Limpeza
Dimensão máxima
Massa específica
Forma dos grãos
Massa unitária
Granulometria
Dimensão máxima
Forma dos grãos
Granulometria
Economia Dimensão máxima
Beneficiamento requerido
Disponibilidade
A NBR 7211 fornece quais são as características exigíveis para a recepção e produção de
agregados miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou resultante da
britagem de rochas. Ela define areia ou agregado miúdo como sendo areia de origem natural
ou resultante do britamento de rochas estáveis, podendo também ser uma mistura de ambas,
cujos grãos passam pela peneira ABNT de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,075
mm. No entanto, o pó de pedra possui material pulverulento passante na peneira #200, que é
considerado uma substância deletéria para o concreto, quando em quantidades superiores às
especificadas pela NBR 7211: 3% para concreto submetido a desgaste superficial e 5% para
concreto protegido do desgaste superficial.
Por outro lado, estudos mostram que pós de pedras que apresentam porcentagem de material
pulverulento variando de 7% a 20%, dependendo da litologia, podem ser utilizados pois
colaboram na melhoria da aglomeração das partículas maiores do concreto (Reportagem,
2000).
Dissertação de Mestrado 8
A utilização do pó de pedra como agregado miúdo no concreto, quer por motivos econômicos,
quer por aspectos relacionados à durabilidade, vem sendo analisada e tem gerado grande
interesse, não só pelos aspectos ambientais, mas também pelos aspectos econômicos, uma vez
que as pedreiras poderão comercializar um produto oriundo de rejeito que não tinha valor
algum, que causava transtornos no que diz respeito à estocagem e ao meio ambiente, e que
passou a ser um produto com um valor final mais acessível.
Um fator que contribui para a substituição da areia natural por pó de pedra é a disponibilidade
no mercado de novos equipamentos de britagem, como o impactador de eixo vertical, tipo
BARMAC, que supera a principal restrição apresentada pela areia artificial: a dificuldade de
trabalhabilidade do concreto, provocada pelo formato inadequado dos grãos, que geralmente
se apresentam na forma lamelar ou alongados. Esse tipo de britador proporciona a
fragmentação por meio de impacto, rocha contra rocha, utiliza um rotor de alta velocidade que
lança um fluxo continuo de pedras numa câmara de britagem recoberta pelo mesmo material
que é britado. A velocidade de saída das partículas do britador varia de 50 a 150 m/s. Esse
britador é adequado para a produção de pó de pedra quando se trabalha com alimentação (20 a
10 mm), onde o produto final (pó de pedra) é constituído por partículas equidimensionais
(ALMEIDA e SAMPAIO, 2002).
Portanto, um concreto com um agregado muito lamelar vai apresentar menor trabalhabilidade,
o que já não acontece com um agregado mais cúbico ou “arredondado”; este faz com que o
concreto fique mais trabalhável, pois seus grãos irão ter melhor interação, e
,conseqüentemente, apresentarão menor porcentagem de vazios no concreto.
A conseqüência desse fenômeno é que as pilhas de areia natural têm um ângulo de repouso da
ordem de 37° enquanto que as pilhas de britas e de areia de britagem (pó de pedra) alcançam
mais de 45°.
Dissertação de Mestrado 9
FERREIRA et al, (2002) realizaram estudos cujo objetivo foi a substituição parcial do
agregado miúdo por pó de pedra, analisando as características da argamassa ou do concreto,
preparados com porcentagens em sua composição variando de 5% à 30%.
Segundo GIAMMUSSO (1985), qualquer material mineral natural ou artificial, que seja
quimicamente inerte em relação ao cimento, pode ser usado como agregado para concreto.
Mesmo utilizando aqueles que podem reagir, segundo o referido pesquisador, pode-se recorrer
a formas de neutralizar os efeitos dessa reatividade.
Várias são as rochas aptas a serem exploradas para a produção de agregados industrializados.
Como exemplos, têm-se o granito, o basalto, o gnaisse, o calcário, o arenito, a hematita. No
presente trabalho, a rocha que dá origem ao pó de pedra explorado é o basalto, sendo este uma
rocha vulcânica básica, com aproximadamente 50% de sílica, de cor cinza escura.
Dissertação de Mestrado 10
2.2.1 Granulometria
Segundo BASÍLIO (1995), “... é especialmente na fração fina do agregado que se tem que
atuar para se obter um concreto mais econômico e de melhor qualidade”. RODRIGUES
(1984) afirma que, devido à sua elevada área específica, qualquer alteração do teor de areia no
concreto irá provocar alterações significativas no consumo de água e, conseqüentemente, no
de cimento. Concluindo, CARNEIRO e CINCOTTO (1997) afirmam que, de uma forma
geral, a heterogeneidade granulométrica da areia é altamente positiva, pois permite o
preenchimento completo de vazios e a conseqüente economia de cimento.
A NBR 7211, que trata de agregados para o concreto, classifica as areias em quatro faixas,
denominadas muito fina, fina, média e grossa. Essas faixas de classificação se diversificam
pelas diferentes porcentagens de tamanhos dos grãos.
Dissertação de Mestrado 11
Para o uso em concreto, a NBR 7211 estabelece que a curva granulométrica se desenvolva
entre os limites inferior e superior mostrados na tabela 2.2. São esses limites que definem os
fusos granulométricos.
Os módulos de finura para areia bem graduada, enquadrando-se na NBR 7211, variam entre
os seguintes limites:
Para uso geral em concretos, a faixa granulométrica de agregado miúdo mais usada é a faixa
3, que classifica o agregado miúdo como médio. O agregado deve respeitar certos limites,
para que sua granulometria e seu módulo de finura estejam compatíveis.
No presente trabalho, a faixa granulométrica 3 será usada como referência, assim como suas
especificações, pois o objetivo principal do trabalho é verificar a possibilidade da substituição
total da areia natural média por pó de pedra. A figura 2.1 mostra os limites impostos pela
NBR 7211 para agregados miúdos com granulometria média.
Dissertação de Mestrado 12
100
90
80
70
% retida acumulada
60
50
40
Especificação Superior
Especificação Inferiior 30
20
10
0
0,01 0,1 1 10
abertura (mm)
Além disso, esse material impalpável pode eventualmente criar sobre os grãos do agregado
graúdo uma camada de material pulverulento, que viria a prejudicar a aderência da argamassa,
e que afetaria o do desempenho do concreto com relação à sua resistência.
Por outro lado, concretos sem a presença de finos (sem a fração 0,075/2,4) são pouco
trabalháveis, sujeitos a maior exudação, com grande permeabilidade e muito sujeitos à
agentes agressivos.
Dissertação de Mestrado 13
A NBR 7211 fornece qual o percentual de substâncias nocivas que se pode ter para uma
determinada quantidade de agregado, sejam elas compostas por torrões de argila (NBR 7218),
material pulverulento (NBR 7219) ou materiais carbonosos, sendo, neste caso, definidos pela
“American Society for Testing and Materials-ASTM” (C123).
Dissertação de Mestrado 14
Tabela 2. 4 - Limites da NBR 7211 para substâncias nocivas presentes nos agregados
2.2.6 Durabilidade
As diferentes formas de ação podem ser mecânicas ou químicas. As ações mecânicas referem-
se a impactos, abrasão, erosão, cavitação e fissuração; elas podem ser devidas à pressão de
cristalização de sais, gradientes normais de temperatura e umidade, carga estrutural,
temperaturas extremas e corrosão de armaduras. As tensões internas geram fissuras no
Dissertação de Mestrado 15
concreto, tornando-o mais permeável e facilitando o ingresso dos agentes agressivos no seu
interior.
Acrescenta-se ainda que a água pode causar danos ao concreto em função de sua simples
movimentação ou de mudanças da sua estrutura molecular. O congelamento causa o aumento
de volume da água, assim como a secagem causa tensões de tração. A pressão osmótica,
devido à diferença de concentração iônica, também pode causar altas tensões internas em um
sólido úmido.
A durabilidade das estruturas de concreto tem uma íntima relação com o movimento de
líquidos, gases e íons por sua estrutura porosa, principalmente através de mecanismos
conhecidos como absorção e permeabilidade. A intensidade, a magnitude, a velocidade e a
freqüência de ocorrência de alguns dos principais processos de deterioração que atuam nas
estruturas são determinadas pela relativa facilidade com que os agentes agressivos penetram e
movimentam-se pela rede de poros do material.
2.2.7 Pozolanicidade
O efeito pozolânico está relacionado com a atividade pozolânica, ou seja, com a capacidade
de reação da pozolana com a cal. NEVILLE (1982) afirma que a pozolanicidade ainda não foi
perfeitamente compreendida, pois tanto a área superficial específica como a composição
química têm um papel importante e estão relacionadas entre si, o que torna o problema mais
complexo. WOLF (1991) ratifica tal afirmação salientando que o termo atividade pozolânica
pode ser visto em sentido mais amplo, onde, além da reatividade química da pozolana, são
consideradas também a morfologia das partículas, finura e resistência mecânica dos produtos
da reação da pozolana com a cal ou cimento.
A NBR 12653 define pozolana como sendo um material que, por si só, possui pouca ou
nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente dividido e na presença de água,
reage com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos com
propriedades aglomerantes. O termo reação pozolânica é empregado para designar a reação
sílica-cal nos sistemas cimentícios.
Materiais pozolânicos normalmente são utilizados em concreto massa, devido aos benefícios
que trazem para o concreto, melhorando a trabalhabilidade, reduzindo a temperatura e
conseqüentemente aliviando os riscos de fissuração, reduzindo expansões, aumentando a
resistência do concreto contra águas ou solos agressivos, etc. Algumas das desvantagens que
podem ocorrer com o emprego de materiais pozolânicos no concreto são: aumento da água
Dissertação de Mestrado 17
requerida para uma mesma trabalhabilidade, aumento da retração por secagem e redução da
resistência à compressão nas primeiras idades.
A NBR 12653, por meio das tabelas 2.5 e 2.6, estabelece, respectivamente, as exigências
químicas e físicas para que um material possa ser considerado pozolânico.
A NBR 12653 indica também outros requisitos facultativos para que um material possa ser
considerado pozolânico, conforme mostra tabela 2.7.
Dissertação de Mestrado 18
A reação álcali-agregado (RAA) é um termo geral utilizado para descrever a reação química
que ocorre internamente em uma estrutura de concreto envolvendo os hidróxidos alcalinos,
provenientes principalmente do cimento, com alguns minerais reativos presentes nos
agregados utilizados. Como resultado desta reação, são formados produtos que, na presença
de umidade, são capazes de expandir, gerando fissurações, deslocamentos e
conseqüentemente um comprometimento das estruturas afetadas. A utilização de adições
minerais em concretos submetidos a este tipo de reação tem sido apontada como uma
alternativa eficaz na redução da expansão.
em estruturas de concreto, nas últimas décadas, vêm servindo de alerta ao meio técnico no
controle dos fatores responsáveis pela falta de durabilidade. Embora apresente uma longa vida
útil, na maioria dos ambientes naturais ou industriais em que se insere, quando
adequadamente dosado, curado e executado, o concreto é um material vulnerável à ação de
processos físicos e químicos de deterioração.
Há registros de casos em que a expansão causada por RAA tenha alterado a forma dos
componentes estruturais de barragens, obrigando a que fossem tomadas medidas reparadoras
emergenciais. As dificuldades encontradas até os dias de hoje para evitar ou minimizar os
efeitos desta reação, além do esforço despendido na recuperação de estruturas atingidas,
justificam os estudos que vêm se desenvolvendo em todo o mundo, visando a esclarecer este
aspecto do comportamento do concreto.
Esta técnica tem sido utilizada para identificar e quantificar fases de compósitos, ou seja, por
meio da difração de raios x em uma amostra, obtém-se todos os seus componentes químicos.
Ela consiste na emissão de raios X de comprimento de onda (l) conhecido, que incide sobre a
amostra do material a ser estudado. Varia-se o ângulo de incidência do feixe de raios X sobre
a superfície da amostra, que se difratam em diferentes direções. Há um detetor de raios X que
gira junto com a amostra para captar os raios que difratam num ângulo igual ao ângulo de
incidência. À medida que a amostra gira θ, o detetor gira 2θ, isto é, para um ângulo de
Dissertação de Mestrado 20
Um feixe de raios X, em uma determinada freqüência, incide sobre um átomo. Este átomo se
comporta como um centro de espalhamento e vibra na mesma freqüência do feixe incidente,
espalhando-o para todas as direções. Quando os átomos estão organizados num reticulado,
esse feixe incidente sofrerá interferência construtiva em certas direções e destrutiva em outras.
A interferência construtiva da radiação espalhada ocorre quando a diferença de percurso do
feixe espalhado por planos sucessivos for igual a um número inteiro de λ. A lei de Bragg é
uma interpretação geométrica do fenômeno de difração num reticulado organizado de átomos,
conforme está representado na figura 2.3. Essa lei é uma conseqüência da periodicidade da
rede e não está associada a cada átomo em particular, ou a diferentes números atômicos. A
condição para haver difração, segundo Bragg, é:
n θ =2d.sen θ
Dissertação de Mestrado 21
Onde:
n = número inteiro de comprimento de onda;
λ = comprimento de onda da radiação incidente;
d = distância interplanar dos sucessivos planos do cristal;
θ = ângulo entre o plano atômico e os feixes incidente e refletido.
3.MÉTODOS DE DOSAGEM DO
CONCRETO
3.1 Introdução
A heterogeneidade dos materiais que compõem o concreto, bem como a complexidade de seu
comportamento, tanto no estado fresco como no estado endurecido, representam sempre um
desafio aos técnicos responsáveis pela fabricação e emprego dos concretos.
Em princípio, cada concretagem implica em uma dosagem própria, pois depende de vários
fatores que variam em cada circunstância, tendo-se, como exemplos:
Para que se pudesse adotar um método de dosagem seguro, econômico e que se adequasse
bem às características do pó de pedra, foram estudados alguns métodos experimentais, tais
como: Método do CIENTEC, Método do INT, Método da ABCP e o Método do IPT-EPUSP.
Dissertação de Mestrado 23
A primeira etapa do método consiste em caracterizar todos os materiais que serão utilizados
no concreto. A seguir, deve-se fixar o Índice de Remoldagem de Powers, adequado para a
obra. A fase seguinte é a fixação dos traços experimentais para a determinação do teor ótimo
de areia e da porcentagem de água recomendada.
Adota-se então, um valor m (soma dos traços dos agregados) que se sabe, por experiências
anteriores, ser próximo do definitivo. Normalmente utiliza-se m=5. A seguir, calculam-se os
traços secos com proporções variadas de areia, mantendo-se sempre m=5. Para concretos
executados com brita, adotam-se 25%, 30%, 35%, 40% e 45% de areia; já os executados com
seixo, adotam-se 20%, 25%, 30%, 35% e 40% de areia.
Determinam-se três quantidades de água, a serem adicionadas a cada traço. Para concretos
cujo agregado graúdo é a brita, recomenda-se adotar 8%, 9% e 10% de água; quando o
agregado é o seixo adota-se 7,5%; 8,5% e 9,5% de água.
Onde:
A e B: coeficientes que dependem do cimento empregado;
x: relação água/cimento.
Lobo Carneiro propôs uma tabela, fundamentada na Lei de Lyse, que interpola o diâmetro
máximo do agregado e o adensamento a ser utilizado, denotando assim, a relação
água/mistura seca (VERÇOZA, 1995).
Com esse valor, com o diâmetro máximo do agregado disponível e com as condições de
vibração do concreto é estabelecida uma relação cimento/agregados (1:m), de acordo um uma
tabela de valores aproximados definida através de ensaios realizados pela ABCP.
p
A= (Equação 2)
γg
Onde:
A: coeficiente;
p: traço em peso do agregado graúdo;
γg: massa específica real do agregado graúdo.
Uma das fases mais importante do estudo de dosagem é a determinação do teor ideal de
argamassa, através de tentativas e observações práticas. A falta de argamassa na mistura
acarreta porosidade no concreto ou falhas de concretagem. O excesso proporciona um
concreto de melhor aparência mas aumenta o custo por metro cúbico, como também o risco
de fissuração por origem térmica e por retração por secagem.
Após a primeira betonada retira-se todo o material aderido às pás e superfície interna, passa-se
a colher de pedreiro sobre o concreto fresco e introduz-se a colher dentro da massa para
verificar se a superfície exposta está com vazios, indicando falta de argamassa.
Dissertação de Mestrado 27
Acrescenta-se areia e cimento à mistura, até que se obtenham concretos sem vazios e sem
desprendimento de agregados, ou seja, uma massa homogênea e compacta. Somente neste
momento deve-se realizar o ensaio de abatimento do concreto.
A etapa seguinte do estudo de dosagem é produzir mais dois traços auxiliares (1:3,5 e 1:6,5),
para possibilitar a montagem de um diagrama de dosagem que correlacione as 3 leis básicas
para dosagens: Lei de Abrams, Lei de Lyse e Lei de Molinari.
A Lei de Lyse, utilizada no Brasil, enuncia que a consistência de um concreto, medida pelo
abatimento do tronco de cone (slump), permanece constante independentemente da riqueza da
mistura caso sejam mantidos constantes o tipo e a graduação dos agregados, o teor de
argamassa e a relação água / materiais secos (H). A partir desta consideração, o método
admite que a relação entre a variação do traço (m) em função da relação água/cimento é
linear, apresentando uma reta para cada valor de H.
A Lei de Molinari relaciona o consumo de cimento por metro cúbico com o traço utilizado
para os concretos.
Dissertação de Mestrado 29
4.MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Introdução
Este capítulo é de suma importância para a análise experimental, pois aqui se encontra toda a
descrição do trabalho realizado, que envolve a descrição dos métodos de ensaios adotados,
assim como a especificação das normas, equipamentos utilizados, procedimentos adotados e a
caracterização dos materiais envolvidos.
Para melhor organização das atividades experimentais, foram definidos cinco programas de
ensaios, como segue:
4.2.1 Areia
A areia utilizada nos traços é proveniente do município de Castilho (SP). Para poder
caracterizá-la, ela foi secada no pátio do laboratório de Engenharia Civil da CESP, à
temperatura ambiente e exposta ao sol; seu resfriamento foi feito à temperatura ambiente,
dentro de tambores isolados de umidade e de fontes de calor.
Já com os materiais secos e prontos para serem utilizados, foram realizados os seguintes
ensaios: granulometria, que seguiu os procedimentos da NBR 7217 – “Agregados –
Determinação da composição granulométrica – Método de ensaio”, que prescreve o método
para análise granulométrica de agregados para concreto; massa especifica absoluta, cujo
ensaio é preconizado pela NBR 9776 – “Agregados – Determinação da massa específica de
agregados miúdos – Método de Ensaio”; massa especifica aparente, cujo ensaio é preconizado
pela NBR-7251 – “ Agregado em estado solto – Determinação da massa unitária”; material
pulverulento, cujo ensaio é preconizado pela NBR-7219 – “ Determinação do teor da
materiais pulverulentos nos agregados”.
4.2.2 Pó de pedra
O ensaio de perda de massa ao fogo tem como objetivo verificar existência de matéria
orgânica na amostra. Este ensaio foi realizado no Laboratório de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Este ensaio é dividido em
duas partes. Na primeira, uma determinada quantidade de amostra de pó de pedra é levada a
uma mulfa, permanecendo, por um período de tempo de 60 minutos, a uma temperatura de
600°C. Na segunda parte do ensaio, eleva-se a temperatura a 900°C e amostra permanece na
mulfa por um período de tempo de 20 minutos.
4.2.3 Brita
A brita utilizada tem a mesma origem do pó de pedra e a sua caracterização foi composta dos
seguintes ensaios: granulometria verificado pela NBR-7217, massa especifica verificado pela
NBR-9937, material pulverulento verificado pela NBR-7219.
Dissertação de Mestrado 34
Decidiu-se pela utilização de agregados e de um tipo de cimento que fossem de uso corrente
para a produção de concretos na região noroeste do estado de São Paulo, com materiais de
fácil obtenção. Por isso, utilizou-se areia média, brita 16 mm e cimento CPII-F 32.
Para a realização desta etapa do trabalho fez-se uma investigação para definir qual seria a
relação a/c a ser utilizada na elaboração dos traços, pois, se fosse estimada uma relação a/c
muito baixa para o primeiro traço, que é o traço padrão sem adição de pó de pedra,
provavelmente não seria possível obter um valor adequado para o abatimento do quinto traço,
que é o traço com 100% de substituição de areia por pó de pedra.
Após as investigações chegou-se à conclusão de que, para uma relação a/c de 0,70, foi
possível obter abatimentos em todos os traços. A tabela 4.1 mostra a relação dos traços que
foram confeccionados.
Dissertação de Mestrado 35
Pó-de-pedra Brita
Traço Cimento a/c Areia (%)
(%) 16mm
1 constante constante 100 0 constante
2 constante constante 75 25 constante
3 constante constante 50 50 constante
4 constante constante 25 75 constante
5 constante constante 0 100 constante
Depois de definidos os traços a serem estudados, foi discutido como seria feita a mistura dos
materiais. Todos os traços foram confeccionados no Laboratório de Engenharia Civil da
CESP e a mistura dos mesmos seguiu a metodologia utilizada pela CESP.
O capeamento foi feito com enxofre, tendo sido realizado no Laboratório de Engenharia Civil
da CESP, o qual possui uma sala própria para capeamento, diminuindo, assim, os males que
esta substância faz ao organismo humano. A figura 4.4 mostra um detalhe da sala de
capeamento do laboratório da CESP.
Dissertação de Mestrado 38
Na etapa anterior, foram determinados os traços a serem estudados, fixando-se uma relação
a/c e verificando-se o abatimento para cada traço. Também foi realizado um ensaio que
mostrou a perda do abatimento em relação ao tempo. Por fim, foi feita uma estimativa do
consumo de cimento para cada traço.
Nesta etapa do trabalho, foi feito o contrário da etapa anterior, ou seja, fixou-se um
determinado abatimento e mediu-se a variação da relação a/c. Para determinar o abatimento
padrão levou-se em conta alguns fatores, como, por exemplo, o abatimento mais usado em
obras correntes.
Considerando-se obras usuais, a tabela 4.3 fornece as faixas de abatimento dadas em função
do tipo de elemento estrutural que será concretado (ANDOLFATO, 2002).
Dissertação de Mestrado 40
Pavimentos 3a5
Com base nos dados mostrados na tabela 4.3, foi determinado um abatimento médio de 6 ±
0,5 cm, para todos os 5 traços em estudo. A tabela 4.4 mostra um resumo do que foi feito
nesta etapa do trabalho.
A realização deste ensaio foi motivada pela suspeita de que pudesse haver uma perda de
consistência muito rápida para o concreto com pó de pedra, decorrente da alta absorção de
água pelos finos presentes neste material. Este fato poderia inviabilizar a utilização de tais
agregados para a produção de concretos. Por esta razão, o ensaio foi realizado para os cinco
traços pré-definidos, de acordo com a NBR 10342 - “Concreto – Perda de abatimento –
Método de ensaio”.
Para cumprir com todas as condições exigidas para este ensaio, seria necessária a utilização de
uma câmara climatizada, visto que as condições de temperatura e umidade relativa do ar têm
Dissertação de Mestrado 41
uma forte influência nos resultados. A norma NBR 10342 prescreve que, para efeitos
comparativos, a temperatura ambiente não deve apresentar variações superiores a 2°C e a
umidade relativa do ar não deve apresentar variações superiores a 5%. Em virtude da falta de
uma câmara climatizada à disposição, realizou-se este ensaio com temperatura ambiente e
umidade relativa do ar ambiente. A análise de seus resultados deve, portanto, ser feita com
cautela, considerando-se as condições climáticas existentes no momento do ensaio. Após o
acerto da consistência pré-determinada de cada concreto, de acordo com a NBR 7223 -
“Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone – Método de
ensaio”, e feita a primeira leitura de abatimento, foram efetuadas medições a cada 15 minutos,
durante o período de 1 hora.
Foram medidas, durante o intervalo de tempo mencionado, por meio de um termômetro com
sensibilidade de ± 0,10°C, as temperaturas e os respectivos abatimentos das misturas.
Destaca-se que as medições foram feitas próximas à betoneira. A figura 4.6 mostra o
momento de medição do abatimento.
1000
O consumo de cimento foi calculado através da seguinte fórmula: C =
1 a p
+ + + a/c
dc da dp
Dissertação de Mestrado 42
Onde:
a = kg de agregado miúdo por kg de cimento;
p = kg de agregado graúdo por kg de cimento;
a/c = relação água/cimento;
dc = massa específica do cimento;
da = massa específica do agregado miúdo;
dp = massa específica do agregado graúdo.
Optou-se por realizar esse cálculo para poder comparar, posteriormente, as resistências com
relações a/c diferentes.
Dissertação de Mestrado 43
O pó de pedra, por ser um material diferente da areia natural usada no concreto, poderia não
se ajustar a nenhum dos métodos citados anteriormente, com exceção do Método IPT/EPUSP,
que, por ser um método que utiliza critérios visuais, como no exemplo da determinação do
teor de argamassa, foi considerado o mais indicado para o presente estudo.
Dissertação de Mestrado 44
HELENE e TERZIAN (1995) afirmam que essa é uma das fases mais importantes do estudo
de dosagem, pois é a que determina a adequabilidade do concreto quando lançado na fôrma.
Para a determinação do teor ideal de argamassa deve-se seguir uma seqüência de atividades
que serão descritas a seguir. O procedimento a seguir é proposto para betoneiras de
aproximadamente 200 litros.
Seqüência de atividades:
1) Imprimar a betoneira com uma porção de concreto (≥ 6kg), com o traço 1:2:3, a/c =0,65.
Deixar o material excedente cair livremente, quando a betoneira estiver com a abertura para
baixo e em movimento. A figura 4.7 mostra a retirada do concreto utilizado para imprimar a
betoneira.
Dissertação de Mestrado 45
3) Para a introdução dos materiais de modo individual dentro da betoneira, deve-se obedecer a
seguinte ordem: água (80%); agregado graúdo (100%); agregado miúdo (100%); cimento
(100%), restante da água.
a) com a betoneira desligada, retirar todo material aderido nas pás e superfície interna;
b) com uma colher de pedreiro, trazer todo material para a região inferior da cuba da
betoneira, introduzindo os agregados soltos no interior da mistura;
c) passar a colher de pedreiro sobre a superfície do concreto fresco, introduzir dentro da
massa e levantar no sentido vertical. Verificar se a superfície exposta está com vazios,
indicando falta de argamassa;
d) introduzir novamente a colher de pedreiro no concreto e retirar uma parte do mesmo,
levantando-o até a região superior da cuba da betoneira. Com o material nesta posição,
Dissertação de Mestrado 47
7) Realizar uma nova mistura com o traço 1:5,0, com o teor de argamassa definitivo e
determinar todas as características do concreto fresco,
- relação água/cimento, necessária para obter a consistência desejada;
- consumo de cimento por metro cúbico de concreto;
- consumo de água por metro cúbico de concreto;
- massa especifica do concreto fresco;
- abatimento do tronco de cone.
4.5.2 Aditivo
O aditivo utilizado na pesquisa foi um aditivo multi-funcional. A escolha desse aditivo foi
feita com base em pesquisa feita em campo, ou seja, nas concreteiras da região. Constatou-se
que grande parte das concreteiras utiliza o aditivo mencionado.
O TEC-MULT 420 é um aditivo líquido pronto para uso, isento de cloretos e destinado a
plastificar o concreto. Ele proporciona ao concreto os seguintes benefícios:
f cB
IAP = × 100(%)
f cA
Onde:
fcB = Resistência à compressão média, aos 28 dias, dos corpos-de-prova moldados com
cimento e material pozolânico (argamassa B).
fcA = Resistência à compressão média, aos 28 dias, dos corpos-de-prova moldados só com
cimento (argamassa A - Controle).
Dissertação de Mestrado 50
Este ensaio consiste em avaliar a resistência mecânica aos 7 dias da argamassa confeccionada
com o traço de 1 cal : 9 areia : 2 material pozolânico, em volume.
Dissertação de Mestrado 52
Este ensaio mostra a variação de retração por secagem através da medição de barras de
argamassa prismáticas. A argamassa utilizada no ensaio possui um traço em massa de 1:2,75.
Foram produzidas duas argamassas: uma delas para servir de controle e a outra com 9% de
substituição da areia por pó de pedra (fração fina).
Após moldadas, as barras vão para cura em câmara úmida durante 07 dias, e no sétimo dia é
realizada a primeira medição do comprimento das barras, que será denominada leitura inicial.
Uma segunda leitura é realizada aos 28 dias, que será a leitura final.
As figuras 4.14 à 4.16 mostram a moldagem das barras de argamassa e a medição das
mesmas.
Dissertação de Mestrado 53
Primeiramente é produzida uma argamassa com o traço em massa de 1:2,25 (cimento : vidro
pyrex), que será argamassa de controle; em seguida, produz-se uma outra argamassa, com
25% de substituição do cimento por pó de pedra, em volume absoluto.
A granulometria do vidro pyrex utilizado no ensaio deve estar dentro das especificações
mostradas na tabela 4.5.
São vários os métodos usados para se medir a reatividade potencial álcali-agregado. O método
utilizado na presente pesquisa foi o Método Acelerado NBRI (Sul-Africano). A escolha por
esse tipo de método foi devido ao tempo de ensaio, que são 28 dias, enquanto que outros
métodos levam meses ou até anos.
Adotado como procedimento de ensaio pelo National Building Research Institute (NBRI) da
África do Sul e normatizado como ASTM C-1260, este método torna possível, em curto
prazo, a análise do comportamento dos agregados em face da reatividade potencial, e o estudo
para combater uma eventual expansibilidade.
O método consiste basicamente em submeter barras prismáticas moldadas com cimento e com
o agregado em análise, por determinado período de tempo, em uma solução a 80°C, de
hidróxido de sódio de concentração 1N.
As barras são moldadas com um traço fixo de 1:2,25 (cimento e agregado em frações
granulométricas definidas pela NBR 9773), e relação água/cimento igual 0,47 em massa.
As medidas das expansões das barras foram feitas em intervalos de tempo regulares, sendo
que a primeira medida, que serve como referência para a determinação dos valores de
expansão, é realizada após 24 horas de imersão em água a 80°C. Após essa medição, as barras
são imersas em solução de hidróxido de sódio 1N a 80°C, para medições posteriores, que
serão realizadas diariamente durante 28 dias consecutivos. Os resultados são expressos em
porcentagem de expansão.
A figura 4.17 mostra o recipiente de estocagem contendo a solução de hidróxido de sódio 1N,
a 80°C.
Dissertação de Mestrado 56
A norma estabelece que expansões inferiores a 0,1%, aos 16 dias, indicam um comportamento
inócuo; expansões superiores a 0,2%, aos 16 dias, indicam expansões potencialmente
deletérias. As expansões ocorridas entre os dois limites, aos 16 dias, indicam a possibilidade
da presença de agregados que podem ter comportamento inócuo ou deletério.
Nesta etapa do trabalho, além de verificar a reatividade do basalto em estudo, também foi
verificado o quanto a fração fina do pó de pedra pode inibir a reação. Para isso, utilizou-se,
como um parâmetro de comparação, um basalto já conhecido que apresenta uma reatividade
muito grande. Foram feitos os seguintes ensaios:
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos nos ensaios dos materiais
utilizados e os resultados de desempenho dos concretos produzidos.
100
90
80
70
50
40
30
Especificação Superior
Especificação Inferior 20
Areia
10
0
0,01 0,1 1 10
abertura (mm)
De acordo com os limites da NBR 7211, pode-se classificar a areia utilizada como sendo uma
areia média (zona 3 de classificação).
A tabela 5.2 mostra os resultados da composição granulométrica do pó de pedra utilizado em
toda a pesquisa.
Dissertação de Mestrado 59
100
90
80
70
% retida acumulada
60
50
40
30
Especificação Superior
Especificação Inferior 20
Pó de Pedra
10
0
0,01 0,1 1 10
abertura (mm)
Como se pode observar nas tabelas e nos gráficos apresentados, o pó de pedra possui uma
granulometria adequada para o concreto, estando dentro dos limites impostos pela NBR 7211
para zona 3, podendo ser classificado como uma areia média.
Outro fator que o difere da areia é a absorção de água: enquanto a areia natural apresenta uma
absorção de 0,29%, o pó de pedra apresenta uma absorção de 2,71%, o que explica a perda de
trabalhabilidade devido à presença dos finos.
Com base nos dados apresentados na tabela 5.3, detectou-se a presença de matéria orgânica na
areia e no pó de pedra em quantidades inferiores à máxima permitida pela NBR 7220, ou seja,
300ppm.
Outro ensaio de caracterização realizado com o pó de pedra foi o de perda de massa ao fogo,
que apresentou uma perda de aproximadamente 2,50%, tanto para a temperatura de 600°C
como para 900°C, confirmando, assim, a inexistência de matéria orgânica no material.
Por fim, foi realizado um ensaio que visa obter os componentes químicos existentes no pó de
pedra através da difração por raios-x. A tabela 5.4 mostra os componentes químicos presentes
na amostra de pó de pedra.
SiO2 46,19
Al2O3 15,30
Fe2O3 14,80
CaO 12,62
MgO 3,24
Na2O 2,70
K2O 2.33
TiO2 2.28
MnO 0.24
V2O5 0.12
SrO 0.08
RuO2 0.05
ZrO2 0.03
ZnO 0.02
Dissertação de Mestrado 62
A brita utilizada em todos os ensaios foi a brita de diâmetro máximo 16 mm, que não aparece
na tabela 5.5 por não ter sido usado a peneira referente a essa malha. Pode-se perceber que, na
peneira com abertura de 12,7 mm, a porcentagem retida acumulada é bem grande, ou seja, de
21%; já na peneira com abertura de 19 mm não é retido nada, o que mostra que a brita possui
um diâmetro máximo de 16 mm.
A tabela 5.7 mostra os valores de resistência à compressão axial alcançados pelos corpos-de-
prova aos 7, 28 e 91 dias, bem como o teor de substituição referente à segunda etapa do
trabalho, na qual se manteve constante a relação a/c igual a 0,70.
Para uma melhor visualização e entendimento dos valores explícitos na tabela 5.7, a figura 5.3
mostra os valores agrupados, onde é visível o crescimento de resistência ao longo do tempo.
Dissertação de Mestrado 64
40,00
35,00
30,00
25,00
Resistência (MPa)
Traço 1
Traço 2
20,00 Traço 3
Traço 4
Traço 5
15,00
10,00
5,00
0,00
7 dias 28 dias 91 dias
A figura 5.4 mostra os abatimentos medidos para cada traço, com a relação a/c constante e
igual à 0,70.
70
70 60
60 50
Traço 1
50 40
Traço 2
40 Traço 3
Abatimento (mm) 25
30 Traço 4
Traço 5
20
10
0
Figura 5. 4 – Abatimentos Obtidos e Seus Respectivos Traço
Dissertação de Mestrado 65
Com base nos dados mostrados acima, observa-se que o traço 5, com 100% de pó de pedra,
apresentou, em todas idades, a maior resistência; em contra partida, apresentou um abatimento
muito baixo. Essa alta resistência não está associada somente a um abatimento baixo, mas
também com a presença dos finos, que proporcionam uma maior compacidade no concreto,
diminuindo assim sua porosidade, que o torna mais resistente. O concreto com adição de pó
de pedra apresentou um ganho de resistência em todos os traços como mostra a tabela 5.8.
Um fato que se destacou nesta etapa do trabalho foi o alto ganho de resistência com o tempo.
Comparando-se o traço 1, que é o traço de referência, ao traço 5, que possui 100% de adição
de pó de pedra, percebe-se que a diferença de resistência dos 7 para os 28 dias é significativa.
Aos 7 dias, essa diferença está na ordem de 30,9%, aos 28 dias está em 66% e com 91 dias
está em 70,0%. Este é um acréscimo relativamente alto, uma vez que foram mantidos
constantes o cimento, água e a proporção de argamassa.
40,0
39,0
38,0
37,0
36,0
35,0
34,0
33,0
32,0
31,0
Resistência (MPa)
30,0
29,0
28,0
27,0
26,0
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
19,0
18,0 Crescimento de Resistência aos 07 dias
17,0 Crescimento de Resistência aos 28 dias
16,0 Crescimento da Resistência aos 91 dias
15,0
1 2 3 4 5
Traços
Para melhor investigação sobre o uso de pó de pedra, foi feito um ensaio de cura ao tempo,
onde ficaram expostos ao ar livre e ao sol, sem qualquer proteção, corpos-de-prova referentes
ao traço 1 e ao traço 5, que foram moldados conjuntamente com os analisados nesta etapa.
Dissertação de Mestrado 67
A tabela 5.9 mostra as resistências obtidas dos corpos-de-prova com cura em câmara úmida e
com cura ao ar livre aos 28 dias.
Nota-se na tabela 5.9 que o traço 5 mesmo curado ao ar livre, ou seja, sem qualquer tipo de
cura especifica, apresentou resistência superior ao traço 1, curado em câmara úmida. Esse fato
é de grande importância, pois, no Brasil, a maioria das pequenas obras não possui qualquer
tipo de controle de cura para o concreto, ficando o pedreiro, quando muito, responsável em
molhar a superfície desses concretos algumas vezes ao dia. Logo, o concreto com pó de pedra
mostra mais uma vantagem, que é alcançar resistências superiores mesmo sem receber
qualquer tipo de cura.
5.3 Resultados das relações a/c e resistência à compressão com abatimento fixo
A figura 5.6 mostra os valores das relações a/c obtidas com o abatimento pré-fixado em 6,0 ±
0,50cm.
0,77
0,78
0,76
0,73
0,74 a/c Traço 1*
0,72 a/c Traço 2*
0,69
Relação a/c 0,7 a/c Traço 3*
0,67
Slump 6 cm 0,68 0,66 a/c Traço 4*
0,64
0,62
0,6
Com base na figura 5.6, observa-se o que já era esperado, ou seja, um aumento na relação a/c
com o aumento da proporção de pó de pedra no concreto. Um detalhe que chamou a atenção é
que, na etapa anterior, o traço 2, com 25% de substituição e relação a/c constante em 0,70,
obteve um abatimento de 6 cm; já nessa segunda etapa, ele apresentou, para o mesmo
abatimento de 6 cm, um fator a/c de 0,67. Esse fato deve-se às condições ambientais, que não
foram as mesmas nos dois ensaios, uma vez que esses concretos não foram fabricados em
salas com controle de temperatura e de umidade, o que pode levar a grandes variações na
consistência do concreto.
A tabela 5.10 mostra a perda de abatimento com o tempo, bem como suas respectivas relações
a/c.
A figura 5.7 mostra uma comparação da perda de trabalhabilidade entre os cinco traços
analisados.
7,0
6,0
Abatimento (cm)
5,0 Traço 1*
Traço 2*
4,0
Traço 3*
3,0
Traço 4*
2,0
Traço 5*
1,0
0,0
0 20 40 60 80
Tempo (min)
Figura 5. 7 – Perda de Trabalhabilidade com Tempo
De acordo com a figura 5.7, nota-se que o traço 1*, que é o traço referência, apresentou em
sessenta minutos, uma perda de abatimento de 1,5 cm, que equivale a 27,0%; já o traço 5*,
que é o traço com 100% de substituição, apresentou uma perda de abatimento de 4,0 cm,
equivalente a 66,0%.
Vale ressaltar que não houve controle de umidade relativa do ar e de temperatura. Por outro
lado, os ensaios foram realizados em curto intervalo de tempo, onde as variações, tanto da
umidade quanto da temperatura, mantiveram-se próximas, facilitando as comparações dos
resultados.
MEHTA e MONTEIRO (1994) citam ainda a precaução quanto à utilização de cimentos com
altos teores de C3A, pois este composto tem pega instantânea e desenvolve altíssimo calor de
hidratação.
Além do cuidado que se deve ter com os cimentos que possuem elevados teores de C3S e com
os que apresentam alta resistência inicial, deve-se também tomar cuidado com a utilização de
aditivos aceleradores de pega.
A tabela 5.11 mostra os valores de resistência à compressão axial alcançados pelos corpos-de-
prova aos 7 e 28 dias, bem como o teor de substituição referentes à terceira etapa do trabalho,
na qual se manteve constante o abatimento em 6,0cm.
Para uma melhor visualização e entendimento dos valores mostrados na tabela 5.11, a figura
5.8 mostra os valores agrupados, onde é visível o crescimento de resistência ao longo do
tempo.
Dissertação de Mestrado 71
35,00
30,00
25,00
Resistência (MPa)
20,00 Traço 1*
Traço 2*
Traço 3*
Traço 4*
15,00
Traço 5*
10,00
5,00
0,00
7 dias 28 dias 91 dias
Novamente, pode-se observar que os concretos com pó de pedra apresentaram um alto ganho
de resistência com o tempo. Mesmo para o traço 5*, que apresentou uma relação a/c maior
que a relação a/c relativa ao traço 1*, observou-se um acréscimo de resistência maior. Este
aumento de resistência com o tempo pode estar indicando que o pó de pedra fornece ao
concreto maior compacidade e também pode indicar que os finos presentes neste material
podem possuir propriedades pozolânicas.
Dissertação de Mestrado 72
A figura 5.9 mostra o ganho de resistência com o tempo para os traços analisados.
40,0
39,0
38,0
37,0
36,0
35,0
34,0
33,0
32,0
31,0
Resistência (MPa)
30,0
29,0
28,0
27,0
26,0
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
19,0
18,0 Crescimento de Resistência aos 07 dias
17,0 Crescimento de Resistência aos 28 dias
16,0 Crescimento da Resistência aos 91 dias
15,0
1 2 3 4 5
Traços
A tabela 5.13 mostra o consumo de cimento dos traços com abatimentos definidos em 6±0,50
cm.
Com os dados da tabela 5.13, nota-se que o consumo de cimento cresce de maneira linear com
aumento da porcentagem de substituição da areia por pó de pedra. Este fato se deve à
necessidade de uma maior demanda de água para os concretos com pó de pedra, para se possa
obter uma melhor trabalhabilidade, ocorrendo, assim, um aumento da relação a/c de 0,66 do
traço 1* para 0,77 do traço 5*.
Dissertação de Mestrado 73
Depois de efetuada toda a sistemática imposta pelo método de dosagem IPT/EPUSP para a
determinação do teor ideal de argamassa, obteve-se um teor ótimo de argamassa para o
concreto produzido com pó de pedra de 55%. O concreto obtido com esse teor de argamassa
estava com uma ótima coesão e sem desprendimento dos agregados graúdos, o que indica que
55% é o teor de argamassa ideal para esse tipo de concreto. A partir desse valor e com o
abatimento de tronco de cone fixo em 7±1 cm, foram elaborados os traços de concreto para os
quais foram montados os diagramas de dosagem.
Para a obtenção do diagrama de dosagem foram realizados 4 traços: 1:3,5 (:Traço Rico), 1:5
(Traço Normal), 1:6,5 (Traço Pobre) e 1:8,5(Traço Auxiliar). O traço auxiliar, como o próprio
nome diz, foi um traço elaborado para auxiliar na construção do diagrama de dosagem, uma
vez que se entende, por traço pobre (1:6,5), aqueles que proporcionem resistências da ordem
de 15 MPa. No entanto, como o traço pobre, feito com pó de pedra, apresentou resistência da
ordem de 22 MPa, bem superior a 15 MPa, optou-se por se fazer mais um outro traço que
atingisse uma resistência de aproximadamente 15MPa. Deste modo, com os resultados
obtidos, ter-se-iam resistências desde 15MPa até aproximadamente 40MPa, que são as
resistências mais usuais no meio concreteiro.
A tabela 5.14 mostra os valores das resistências aos 7, 28 e 91 dias do concreto dosado com
100% de pó de pedra e com teor de argamassa de 55%.
40,00
35,00
30,00
25,00
Resistência (MPa)
Traço Rico
Traço Normal
20,00
Traço Pobre
Traço Auxiliar
15,00
10,00
5,00
0,00
7 dias 28 dias 91 dias
Figura 5. 10 – Valores das resistências aos 7, 28 e 91 dias para o concreto com pó de pedra
A tabela 5.15 mostra um dado muito interessante, que foi o alto ganho de resistência dos
traços mais pobres, 1:6,5 e 1:8,5, em relação aos traços mais ricos, com relação à idade.
Tabela 5. 15 – Porcentagens de resistência à compressão alcançadas aos 7 e 91 dias, em relação aos 28 dias
Porcentagem de
Traço Idade (Dias) Resistência
resistência em relação
Média (MPa)
à 28 dias (%)
7 29,60 81,5
1:3,5 28 36,30 100
91 39,30 108,2
7 22,10 85,3
1:5,0 28 25,90 100
91 30,60 118,1
7 15,90 70,3
1:6,5 28 22,60 100
91 28,10 124,3
7 9,30 68,4
1:8,5 28 13,60 100
91 16,30 119,8
Dissertação de Mestrado 75
A figura 5.11 mostra as relações a/c obtidas na confecção do concreto dosado com pó de
pedra, com um abatimento fixo em 6±1cm.
0,98
1,00
0,90 0,78
Traço Rico
0,80 0,66
Traço Normal
0,70
0,50 Traço Pobre
0,60
Relação a/c Traço Auxiliar
0,50
Slump 6 cm
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
Os consumos de cimento por m3 e a massa especifica de cada traço do concreto, dosado com
pó de pedra, e seus respectivos módulos de deformação são mostrados na tabela 5.16.
Com os dados de resistência aos 28 dias, relação água/cimento e consumo de cimento por m3,
deu-se procedimento à construção do diagrama de dosagem, que é composto pela curva de
Abrams, Lei de Lyse e Lei de Molinari.
Dissertação de Mestrado 76
40
35
Diagrama de Dosagem 30
Idade 28 dias 25
Abatimento 6±1cm. 20
y = 28,268x 2 - 87,88x + 72,821
Teor de argamassa de 55%. 15
R2 = 0,9887
10
0,3 0,5 0,7 0,9 1,1
Relação a/c
4 4
5 5
6 6
m
7 7
y = 6E-05x2 - 0,0614x + 19,396
R2 = 0,9996 8 8
y = 10,546x - 1,8233
9 9
R2 = 0,9977
10 10
Com base no diagrama de dosagem da figura 5.12, pode-se obter traços de concretos com
resistências variando desde aproximadamente 14 a 36 MPa, para concretos dosados com pó
de pedra. Ao final do capitulo está mostrado um exemplo numérico onde se pré determinou
uma resistência e obteve-se um traço para cada tipo de dosagem, sendo uma feita com pó de
pedra, outra com areia natural e uma última com pó de pedra adicionando-se aditivo
plastificante.
Para o concreto dosado com areia natural, também se utilizou um teor de argamassa de 55%,
tendo-se, como objetivo, poder compará-lo com o concreto dosado com pó de pedra. Foram
realizados 3 traços para a confecção das curvas do diagrama de dosagem, sendo estes: 1:3,5
(Traço Rico), 1:5 (Traço Normal), 1:6,5 (Traço Pobre). Não foi necessário realizar um traço
Dissertação de Mestrado 77
auxiliar porque o traço 1:6,5 apresentou uma resistência próxima de 15 MPa, como mostra a
tabela 5.17.
50,00
45,00
40,00
35,00
Resistência (MPa)
30,00
Traço Rico
25,00 Traço Normal
Traço Pobre
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
7 dias 28 dias 91 dias
Figura 5. 13 – Valores agrupados das resistências aos 7, 28 e 91 dias para o concreto com areia natural
A figura 5.14 mostra as relações a/c do concreto dosado com areia natural.
Dissertação de Mestrado 78
0,73
0,8
0,7 0,58
Traço Rico
0,6 Traço Normal
0,42
0,5 Traço Pobre
Relação a/c
0,4
Slump 6 cm
0,3
0,2
0,1
0
Para que se possa realizar uma analogia entre os ganhos de resistência do concreto dosado
com pó de pedra e o concreto dosado com areia natural, a tabela 5.18 mostra as porcentagens
de resistências em relação aos 28 dias do concreto dosado com areia natural.
Tabela 5. 18 - Porcentagens de resistência à compressão alcançadas aos 7 e 91 dias, em relação aos 28 dias
Porcentagem de
Resistência
Traço Idade (Dias) resistência em relação
Média (MPa)
à 28 dias (%)
7 32,70 86,0
1:3,5 28 38,00 100
91 48,00 126,3
7 25,10 85,0
1:5,0 28 29,50 100
91 38,10 129,1
7 13,90 76,40
1:6,5 28 18,20 100
91 19,80 108,8
Com base nos dados apresentados na tabela 5.18, pode-se concluir que, para os traços mais
pobres, o pó de pedra mostrou-se mais eficiente que a areia natural; por exemplo, para o traço
1:6,5, o concreto dosado com areia natural apresentou, aos 7 dias, uma resistência equivalente
a 76,40% daquela que seria obtida aos 28 dias; já o pó de pedra apresentou, para o mesmo
traço, aos 7 dias, uma resistência equivalente a 70,30%. Para idades mais avançadas, como,
por exemplo, 91 dias, o concreto com pó de pedra apresentou um ganho bem maior que o
concreto com areia, sendo este da ordem de 8% e aquele da ordem de 24%, em relação aos 28
Dissertação de Mestrado 79
dias. Esses dados mostram que a fração fina do pó de pedra que atua na mistura pode ter
propriedades pozolânicas.
Para se ter uma comprovação mais eficiente da função dos finos em relação à resistência dos
concretos dosados com pó de pedra, foi realizado um traço com pó de pedra, mas sem a
presença da fração fina corresponde à peneira #200, retirada por meio de peneiramento. A
tabela 5.19 mostra os resultados obtidos para o concreto dosado sem a presença de finos.
Como se pode observar, o concreto produzido sem a presença de finos apresentou resistências
inferiores em relação ao concreto produzido com finos. No concreto sem finos, a resistência
aos 7 dias foi equivalente a 76,4% em relação aos 28 dias e a resistência aos 91 dias teve um
crescimento de apenas 8%, que é o equivalente ao crescimento obtido para a areia natural.
Outro fato que mostrou a eficiência da presença de finos foi a relação a/c, que foi da ordem de
0,87, enquanto que o concreto com finos apresentou uma relação a/c de 0,78, que é 10,4%
menor, demonstrando assim que a fração fina aumenta a trabalhabilidade e a coesão do
concreto.
A tabela 5.20 mostra os valores do consumo de cimento por m3, massa especifica e módulo de
deformação dos concretos dosados com areia natural.
Com os dados das resistências à compressão, relações a/c e consumos de cimento, montaram-
se as curvas características do diagrama de dosagem para o concreto dosado com areia
natural.
40
35
Diagrama de Dosagem 30
Idade 28 dias 25
Abatimento 6±1cm. 20
y = -99,078x 2 + 50,069x + 34,448
R2 = 1
10
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Relação a/c
4 4
5 5
6 m 6
2
y = 4E-05x - 0,0487x + 16,947 y = 9,6473x - 0,5954
7 7 R2 = 0,9969
R2 = 1
8 8
9 9
A tabela 5.21 mostra os valores das resistências aos 7, 28 e 91 dias do concreto dosado com
aditivo plastificante e pó de pedra, com teor de argamassa de 55%.
Dissertação de Mestrado 81
A figura 5.16 mostra os valores da tabela 5.21 agrupados em forma de coluna para uma
melhor visualização.
50,00
45,00
40,00
35,00
Resistência (MPa)
30,00
Traço Rico
Traço Normal
25,00
Traço Pobre
Traço Auxiliar
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
7 dias 28 dias 91 dias
Figura 5. 16 – Valores agrupados das resistências aos 7, 28 e 91 dias para o concreto aditivado com pó de
pedra
A figura 5.17 mostra as relações a/c obtidas do concreto dosado com aditivo plastificante e pó
de pedra.
Dissertação de Mestrado 82
0,88
0,9
0,71
0,8 Traço Rico
0,7 0,59 Traço Normal
0,6 Traço Pobre
0,43
Relação a/c 0,5 Traço Auxiliar
Slump 6 cm 0,4
0,3
0,2
0,1
0
Porcentagem de
Resistência
Traço Idade (Dias) resistência em relação
Média (MPa)
à 28 dias (%)
7 34,50 82,70
1:3,5 28 41,70 100
91 46,70 111,0
7 24,60 82,50
1:5,0 28 29,80 100
91 34,80 116,7
7 18,20 71,0
1:6,5 28 25,60 100
91 31,70 123,8
7 12,30 64,7
1:8,5 28 19,00 100
91 22,90 120,5
A tabela 5.22 mostra o consumo de cimento bem como a massa específica do concreto dosado
com aditivo plastificante.
Tabela 5. 22 – Consumo de cimento e massa especifica do concreto com aditivo e com pó de pedra
A figura 5.18 mostra as curvas de Abrams, Lyse e Molinari que compõem o diagrama de
dosagem do concreto dosado com aditivo plastificante e pó de pedra.
45
40
Diagrama de Dosagem
35
Idade 28 dias 30
Abatimento 6±1cm. 25
y = 61,147x 2 - 129,48x + 85,819
15
10
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Relação a/c
4 4
5 5
6 6
m
7 7
y = 6E-05x 2 - 0,0614x + 19,602
R2 = 0,9992
8 8
y = 11,212x - 1,441
R2 = 0,9963
9 9
10 10
Figura 5. 18 – Diagrama de dosagem para o concreto amassado com aditivo plastificante e pó de pedra
Dissertação de Mestrado 84
Como exemplo, pode-se fazer uma analogia entre os diagramas de dosagem para os três tipos
de concretos produzidos. Para se fazer essa analogia, determinou-se uma resistência de 20
MPa e calculou-se o traço teórico, com seu respectivo consumo de cimento. Destaca-se, no
entanto, que para se ter a comprovação do mesmo, seria necessário produzi-lo e analisar suas
características, sendo, necessário, às vezes, um pequeno ajuste.
Para uma resistência de 20MPa, foram obtidos os resultados mostrados na tabela 5.23.
Consumo de
Concretos Relação a/c Agregado (m)
cimento (kg/m3)
Areia natural 0,71 6,3 300
Pó de pedra 0,82 6,8 280
Aditivado com
0,85 8,2 235
pó de pedra
Como se pode notar na tabela 5.23, o concreto dosado com pó de pedra apresentou uma
economia no consumo de cimento, para uma resistência de 20 MPa, de aproximadamente 20
kg de cimento, o que equivale, em termos percentuais, a uma redução de 7%. Já para o
concreto produzido com a utilização de aditivo plastificante, a redução foi ainda mais
significativa, chegando a 65 kg, que, em termos percentuais, representa uma redução de 22%.
Nota-se que o concreto dosado com pó de pedra apresenta resultados satisfatórios para
concretos com um teor de agregados acima de 6, ou seja, concretos pobres em consumo de
cimento.
Dissertação de Mestrado 85
Conforme os dados já apresentados na tabela 5.10, o concreto com pó de pedra apresenta uma
perda de trabalhabilidade com o tempo. Em virtude desse fato, foi realizado, para o traço
1:8,5, referente ao concreto com aditivo plastificante, um teste que visou obter a perda de
abatimento com o tempo. Constatou-se, neste teste, uma perda significativa de
trabalhabilidade. Em duas horas, o concreto dosado com o aditivo plastificante possuía um
abatimento de 1,5 cm. Adicionou-se água até que o abatimento voltasse ao valor inicial de
6±1 cm. A tabela 5.24 mostra os valores obtidos na redosagem do concreto.
Resistência 28
Traço Relação a/c
dias (MPa)
1:8,5 0,98 17,50
Baseado na tabela 5.24, observa-se que o concreto, após a adição de água para retornar ao seu
abatimento inicial, obteve uma relação a/c de 0,98, que equivale ao concreto sem a utilização
de aditivos, observando-se um aumento no consumo de água da ordem de 14%. Já a
resistência aos 28 dias apresentou uma queda de aproximadamente 7,5% em relação à
resistência inicial, enquanto que o mesmo concreto dosado sem aditivo plastificante
apresentou a mesma relação a/c de 0,98, mas uma resistência aos 28 dias de 13,60 MPa, que
significa, em relação ao concreto com aditivo, uma redução de 20% .
Essa pequena perda de resistência apresentada pelo concreto redosado deve-se à alta absorção
de água pelos agregados, em especial pelo pó de pedra, que, ao absorver água, reduz a
quantidade de água de amassamento, reduzindo, deste modo, a trabalhabilidade do mesmo.
Devido a essa absorção por parte dos agregados, torna-se possível uma redosagem sem
grandes perdas de resistência.
Dissertação de Mestrado 86
A tabela 5.25 mostra os valores obtidos nos ensaios de pozolanicidade, bem como as
especificações da NBR-12653, que estabelece as exigências químicas e físicas para que um
material possa ser considerado pozolânico.
Conforme pode ser observado na tabela 5.25, o pó de pedra não se enquadrou em todos os
itens especificados pela NBR 12653. Deste modo, o pó de pedra não pode ser classificado
como sendo um material pozolânico. Como exemplo, tem-se que, com relação ao índice de
atividade pozolânica com cimento, o pó de pedra apresentou um valor de 61,3%, que está
abaixo do mínimo estabelecido pela NBR 12653. Vale salientar, no entanto, que várias
pozolanas comerciais apresentam valores em torno de 65% e são utilizadas em grande escala.
No item 5.5.2, mostrado a seguir, são mostrados os resultados dos ensaios de reatividade
potencial álcali-agregado. Nestes ensaios, a fração fina do pó de pedra foi usada para inibir a
reação de um agregado reativo, em porções de 10% e de 15%.
Dissertação de Mestrado 87
Com todo esse embasamento, conclui-se que a fração fina do pó de pedra pode possuir uma
potencialidade pozolânica, no que tange ao aspecto de resistência mecânica, uma vez que
foram observados, nos concretos com pó de pedra, elevados ganhos de resistência em idades
mais avançadas. Além disso, a presença de finos também inibiu prováveis reações álcali-
agregados.
0,700
Basalto Reativo 100%
Dissertação de Mestrado
EXPA N SÃ O (% )
0,300
0,200
0,100
0,000
0 4 8 12 16 20 24 28
Baseado na figura 5.19, observa-se que o basalto que constitui o pó de pedra apresentou um
comportamento inócuo; já o basalto reativo utilizado para o estudo de inibição da reação
mostrou ter um comportamento totalmente deletério, ultrapassando os limites impostos pela
norma no sexto dia de ensaio.
6.1 Conclusões
De um modo geral, todas as etapas propostas para a realização do presente trabalho foram
realizadas com sucesso, demonstrando a viabilidade e as vantagens da substituição da areia
natural pelo pó de pedra nos concretos usuais.
De um modo mais específico, as conclusões que podem ser apresentadas, a partir dos
resultados obtidos nos ensaios que foram realizados, são as seguintes:
O pó de pedra:
Resistência à compressão:
9 Outro aspecto interessante foi a evolução da resistência à compressão com a idade, fato
importante em algumas situações. Aos 7 dias, o concreto com 100% de pó de pedra obteve
um acréscimo de aproximadamente 31% em relação ao concreto normal, sendo que esses
valores evoluíram para 66% aos 28 dias e 70% aos 91 dias de idade.
9 Destaca-se também que o aumento de resistência observado nos concretos com 100% de
substituição compensou as condições desfavoráveis de cura a que o concreto possa estar
submetido. Os ensaios mostraram um acréscimo de aproximadamente 26% de resistência
no concreto com pó de pedra curado em condições desfavoráveis, em relação ao concreto
normal com cura em câmara úmida.
9 Quando se fixou o teor de argamassa em 55%, observou-se que para os traços mais pobres
em cimento houve um expressivo aumento de resistência com o tempo em relação aos
traços mais ricos
Consumo de cimento:
9 Foi verificado, através dos diagramas de dosagem que correlaciona as leis de Abrams,
Lyse e Molinari, que para um concreto produzido com areia natural, em relação a um
Dissertação de Mestrado 92
Trabalhabilidade:
9 No que diz respeito à trabalhabilidade, o concreto com pó de pedra, sem aditivo, exigiu
uma demanda maior de água para que pudesse apresentar um mesmo abatimento que um
concreto produzido com areia natural, sem, contudo, que esse fato prejudicasse sua
resistência à compressão em relação ao concreto normal.
Durabilidade:
Pode-se concluir que o pó de pedra é um material alternativo à areia natural, pois apresentou
todos os requisitos necessários a um agregado miúdo, melhorou significativamente a maioria
das propriedades do concreto, além de contribuir com a redução de impactos ambientais no
processo de produção do concreto.
Tendo-se em vista que o presente trabalho limitou-se a concretos com resistências usuais e
que seu objetivo principal era qualificar o pó de pedra como sendo um agregado miúdo para
Dissertação de Mestrado 93
concreto, são inúmeros os estudos que podem ser realizados a partir das conclusões aqui
apresentadas, dos quais podem ser citados:
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1992, 2p.
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7251. Rio de Janeiro, 1982.
Dissertação de Mestrado 95
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1p.
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1260/94-Standard Test Method for potencial alkali reactivity of aggregates (mortar-bar
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ALMEIDA, S.L.M. e SAMPAIO, J.A.; Obtenção de Areia Artificial com Base em Finos de
Pedreiras. Areia e Pedra, n.20, p.32-36, Dezembro de 2002.
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Concrete Research, v. 24, n. 3, p. 580-590, Jan. 1994.
GRIGOLI, Ademir Scobin; HELENE, Paulo. Concretos com Adições Inertes. Instituto
Brasileiro do Concreto, IBRACON, 44° Congresso Brasileiro.
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251, p. 25-30, ago. 2000.
Reportagem. Areia artificial reduz impacto ambiental de construção civil. Jornal da Ciência,
03 de fevereiro de 2003.
Dissertação de Mestrado 97
RODRIGUES, Públio Penna Firme. Parâmetros de dosagem do concreto. São Paulo: ABCP,
1984. 29 p.