MENDONÇA. A Etnografia Literária (INTRO)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 36

1

Campus de São José do Rio Preto

ELIZABETH DA SILVA MENDONÇA

A ETNOGRAFIA LITERÁRIA DE GUIMARÃES ROSA

São José do Rio Preto


2018
2

ELIZABETH DA SILVA MENDONÇA

A ETNOGRAFIA LITERÁRIA DE GUIMARÃES ROSA

Tese apresentada como parte dos requisitos


para obtenção do título de Doutora junto ao
Programa de Pós-Graduação em Letras, Área de
Concentração – Teoria e Estudos Literários, do
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio
Preto.

Orientadora: Profa. Dra. Flávia Nascimento


Falleiros

Financiadora: CAPES

São José do Rio Preto


2018
3

Mendonça, Elizabeth da Silva.


A etnografia literária de Guimarães Rosa / Elizabeth da Silva
Mendonça. -- São José do Rio Preto, 2018
291 f.

Orientador: Flávia Nascimento Falleiros


Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas

1. Literatura brasileira – História e crítica. 2. Rosa, João


Guimarães – 1908 – 1967 – Crítica e interpretação. 3. Literatura e
antropologia. I. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita
Filho". Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. II. Título.
CDU – B869.09

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE


Campus de São José do Rio Preto - UNESP
4

ELIZABETH DA SILVA MENDONÇA

A ETNOGRAFIA LITERÁRIA DE GUIMARÃES ROSA

Tese apresentada como parte dos requisitos


para obtenção do título de Doutora junto ao
Programa de Pós-Graduação em Letras, Área de
Concentração – Teoria e Estudos Literários, do
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio
Preto.

Orientadora: Profa. Dra. Flávia Nascimento


Falleiros

Financiadora: CAPES

Comissão Examinadora

Profª. Drª. Flávia Nascimento Falleiros


UNESP – São José do Rio Preto
Orientadora

Prof. Dr. Marcelo Totti


UNESP- Marília

Profª. Drª. Lúcia Granja


UNESP- São José do Rio Preto

Prof. Dr. Ulisses Infante


UNESP- São José do Rio Preto

Profª. Drª. Fabiana Buitor Carelli


USP- São Paulo
São José do Rio Preto
11 de junho de 2018
5

Para o meu pai (in


memoriam)
6

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, profa. Dra. Flávia Nascimento Falleiros

À CAPES.

Aos professores, Lúcia Granja e Marcelo Totti presentes na qualificação


e na defesa, pelas profícuas observações e sugestões.

Aos professores, Ulisses Infante e Fabiana Carelli presentes na defesa,


pelas contribuições e observações.

Aos funcionários da Biblioteca, em especial à Leila, do serviço de EEB,


como também aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação e do
serviço de cópias.

Aos professores com os quais tive oportunidade de cursar disciplinas no


Programa.
7

RESUMO

A partir de um conceito que chamamos de etnografia literária, procuramos demonstrar como o


sujeito-escritor Guimarães Rosa, voltado para a antropologia, em especial, a etnografia,
constrói-se ao longo de materiais como notas de viagem, cartas, anotações de diário e
reportagens poéticas; em seguida, demonstramos como essa construção contamina os
narradores posteriores de sua literatura. Nesta etnografia literária, consideramos o narrador
como um etnógrafo construído a partir da viagem, da observação que valoriza a sinestesia e
da empatia para com os personagens, o outro. Esta empatia pode ser vista através da fala
direta ou do discurso indireto livre, essenciais à etnografia literária, pois representam o acesso
à alteridade. Demostramos como noções de etnografia estão presentes nas narrativas de Ave,
Palavra, “Sanga Puytã”, “Cipango”, “Uns índios – sua fala”, “Ao Pantanal” e “Pé-duro,
chapéu-de-couro” como também “Entremeio: com o vaqueiro Mariano”, de Estas Estórias e
“O recado do morro” e “Uma estória de amor”, de Corpo de Baile. Recolhemos no diário de
viagem do escritor, A Boiada, tal visão etnográfica que dialoga com os demais textos lidos na
tese.

PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa; etnografia; etnografia literária; narrador;


narrador-etnógrafo; antropologia; alteridade.
8

ABSTRACT

Through a concept we call literary ethnography, we seek to demonstrate how the subject-
writer Guimarães Rosa, focused on anthropology, in particular, the ethnography, builds with
materials such as his travel notes, letters, notes of your diary and poetic reports and, through
them, showed how this construct contaminates the later narrators your literature. On
construction of literary ethnography, we called the narrator as an ethnographer built through
the travel, of the observation that values the synesthesia and of the empathy with the
characters, the other. This empathy can be seen through the direct speech or free indirect
speech, essential to the literary ethnography, because represent access to alterity. We
demonstrate how notions of ethnography are present in the narratives of Ave, Palavra,
"Sanga Puytã”, “Cipango", "Uns índios – sua fala", "Ao Pantanal”and “Pé-duro, chapéu-
de-couro as well " "Entremeio: com o vaqueiro Mariano”, of Estas Estórias and "O recado
do Morro" and "Uma estória de amor", of Corpo de Baile. We find the travel diary of a
writer, A Boiada, such ethnographic vision that converses with other texts studied in the
thesis.

KEYWORDS: Guimarães Rosa; ethnography; literary ethnography; narrator; narrator-


ethnographer; anthropology; alterity.
9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................10
2. OS NARRADORES EM GUIMARÃES ROSA................................................................17
2.1.O viajante......................................................................................................................18
2.1.1.A escrita da viagem..............................................................................................31
2.1.2. Alquiste e o narrador: dois viajantes..................................................................... 42
2.1.3. Alquiste................................................................................................................... 51
2.1.O sinestésico......................................................................................................................62
2.3. Em suspeição....................................................................................................................70
2.3.1. Com os vaqueiros....................................................................................................78
2.3.1.1. Manuelzão.......................................................................................................78
2.3.1.2. Mariano............................................................................................................85
2.3.1.3. Os pés-duros com chapéus de couro................................................................88

3. ROSA, NARRADOR ETNÓGRAFO.............................................................................99


3.1. Marcas, gestos e traços........................................................................................... 101
3.2. O etnógrafo Alquiste e o informante Pê-Boi........................................................... 117

4. A ETNOGRAFIA LITERÁRIA ROSEANA: A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE, A


ENTREVISTA E O DIÁLOGO..................................................................................... 126
4.1. A observação participante...............................................................................................126
4.1.1. Na festa de Manuelzão.......................................................................................... 132
4.1.2. No meio da boiada e no Pantanal.......................................................................... 134
4.1.3. A entrevista e o ponto de vista dos nativos.......................................................... 149
4.1.3.1. Gorgulho: o primeiro informante......................................................... 149
4.1.3.2. Pê-Boi: o segundo informante............................................................... 164
4.2. Entre e por meio de um vaqueiro: o diálogo e a entrevista...........................................171
4.2.1. O diálogo.............................................................................................................171
4.2.2 A entrevista...........................................................................................................183

5. ETNOGRAFIA POÉTICA DOS VAQUEIROS............................................................. 187


5.1. Entre a etnografia clássica e a poética........................................................................ 187
5.2. O vaqueiro ideal do clã pé-duro.................................................................................. 198
5.3. Visão poética do vaqueiro........................................................................................... 205
5.4. A coletividade..............................................................................................................208

6. A ETNOGRAFIA DE RESGATE: DO SALVACIONISMO A UMA NOVA PASTORAL


..........................................................................................................................................212

7. DESCRIÇÕES LITERÁRIAS E DESCRIÇÕES ETNOGRÁFICAS............................231


7.1. Na trilha de Humboldt com o olho no dicionário..........................................................232
7.1.1. O descritivo na viagem..........................................................................................240
7.2. A descrição etnográfica.................................................................................................. 250
7.2.1 O fazer descritivo................................................................................................... 252
7.2.2 A descrição densa.................................................................................................265

8. CONCLUSÃO..............................................................................................................273
9. BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................277
10

1. INTRODUÇÃO

Nos dez anos que separam Sagarana de Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas,
Guimarães Rosa produziu vários escritos que, após suas publicações em jornais, foram
recolhidos pelo autor em Ave, Palavra. Costa (2006) conta 23 textos. Dentre eles estão:
contos, relatos de viagens, notas de um diário, descrições de animais e o livro Com o vaqueiro
Mariano. A esmagadora maioria dos trabalhos de crítica literária sobre o autor concentra-se
no romance Grande Sertão: Veredas. Quando muito selecionam alguns contos e novelas. O
livro Ave, Palavra aguarda uma leitura crítica como um todo, pois muito de seus estudos,
assim como é o caso do nosso, são fragmentados e estão concentrados dentro de dissertações
e teses não publicadas. Há ainda estudos sobre o mencionado livro que se encontram
incorporados à análise do romance Grande Sertão ou de contos anteriores.
Deste Ave, Palavra, de publicação póstuma, separarmos “Sanga Puytã”, um conto-
crônica; “Cipango”, “Uns índios – sua fala” e “Ao Pantanal”, como exemplares de notas
poéticas de viagem; “Pé-duro, chapéu-de-couro”, reportagem poética mesclada a ensaio,
conto e crônica”; e, também, “Entremeio: com o vaqueiro Mariano”, publicado como livro de
tiragem mínima, e, posteriormente, republicado em Estas Estórias, a fim de estabelecer um
diálogo com duas narrativas de Corpo de Baile: “O recado do morro” e “Uma estória de
amor”. Incluímos também para fazer parte desse diálogo o diário de viagem A Boiada1..
O eixo norteador de nossa leitura está na presença de um tipo de narrador gestado nos
textos de Ave, Palavra como também em “Entremeio” e que nasce completamente nas
narrativas de Corpo de Baile. Desde o início, chama a atenção nestes textos de Ave, Palavra,
a presença de um olhar etnográfico poético presente nas notas de viagem recolhidas, bem
como na reportagem poética com o vaqueiro do Pantanal. Tal olhar passa por uma elaboração
mais sofisticada para voltar em “O recado do morro” e “Uma estória de amor”.
Guimarães Rosa, como expõe Santiago (1982), está dentro da tradição literária
brasileira de busca etnológica que teve em Mário de Andrade não apenas um “turista
aprendiz”, mas um pesquisador arguto. A crítica literária já apontou que o escritor paulista
valeu-se de farto material etnográfico para produzir Macunaíma. Tratava-se para a literatura,
naquela ocasião, de descobrir o Brasil para os outros redescobrirem, o que muito orientou a

1
A obra de Guimarães Rosa é relativamente vasta. Outras narrativas do escritor poderiam ser analisadas à luz da
etnografia literária. Porém privilegiamos, nesse estudo, narrativas menos estudadas do autor; por outro lado, por
se tratar de um estudo interdisciplinar, julgamos apropriado limitar o corpus.
11

ideologia da Semana de 22 paulista. De modo similar, Rosa também atua como pesquisador.
Mas isso não é tão evidente como Mário de Andrade em sua rapsódia. É mais sutil, ao deixar
marcas desse caráter nos textos provenientes de sua viagem ao Pantanal mato-grossense e no
diário A Boiada, em que se dá a construção de um narrador etnógrafo ligado à antropologia2.
Considerando essas observações, argumentamos que literatura e antropologia estão em
diálogo, uma vez que a onisciência total não é mais possível na literatura nesse período. Não
há mais espaço para os narradores que controlavam todo o escrito, falando pelos personagens.
Na antropologia contemporânea, na sua virada epistemológica, conforme aponta Teresa
Caldeira (1988), a voz do antropólogo como produtor único e controlador da textualidade
etnográfica resultaria num apagamento do informante e de toda a subjetividade que a sua
presença poderia trazer ao texto etnográfico. O etnógrafo passa, segundo a antropóloga
brasileira, a ser igualado ao nativo, não sendo mais o único produtor de conhecimento sobre a
sociedade que estuda. Assemelha-se assim ao o narrador onisciente da literatura que estava
por detrás de tudo o que estava sendo contado, apagando muitas vozes dos personagens. Se a
polifonia invadiu a literatura há muito tempo, na antropologia atual as vozes também se fazem
ouvir. Nos textos de Rosa mencionados, as vozes são escutadas ora em discurso direto, ora em
indireto livre. Em “Entremeio”, por exemplo, o informante não subsumiu a voz do narrador.
Eles partilham a narrativa, por isso temos a conversa, o diálogo que resultaria no relato de
Mariano e não numa entrevista formal. São importantes as palavras de Walter Mignolo sobre
a literatura que parece antropologia ou a antropologia que parece literatura:

a técnica da entrevista remete-nos às normas de trabalho da antropologia como


disciplina, enquanto que o relato em forma (auto) biográfica pode ser aceito com
mais facilidade pelas normas da prática literária do que pela antropologia, enquanto
disciplina das ciências humanas. Essa é uma das instâncias específicas em que, não
só as fronteiras entre os gêneros tendem a desaparecer, mas também a imagem do
papel social e de sua filiação especializada (MIGNOLO, 1993, p. 130).

Se o relato de Mariano que ocupa parte da narrativa é literário, ele não deixa de ser

2
Na Tese, tomamos como base as diferenciações que Lévi-Strauss faz, em Antropologia Estrutural, sobre
etnografia, etnologia e antropologia. Acompanhemos suas palavras: “etnografia corresponderia aos primeiros
estágios da investigação: observação e descrição, trabalho de campo. [...] também inclui os métodos e técnicas
relativos ao trabalho de campo, a classificação, a descrição e a análise de fenômenos culturais particulares. [...]
Etnologia representa, em relação à etnografia, um primeiro passo em direção à síntese. Sem excluir a observação
direta, ela tende a conclusões suficientemente amplas para que seja difícil fundamentá-las exclusivamente num
conhecimento de primeira mão. [...] Quer se declare ‘social’ ou ‘cultural’, a antropologia sempre aspira ao
conhecimento do homem total, considerado a partir de suas produções num caso, e de suas representações, no
outro. [...] Etnografia, etnologia e antropologia não constituem três disciplinas diferentes, ou três concepções
diferentes das mesmas investigações. São, na verdade, três etapas ou três momentos de uma mesma pesquisa”
(LÉVI-STRAUSS, 1975, p. 378-379).
12

antropológico também, pois a busca do narrador pela alteridade, deixando o outro, o vaqueiro
experiente do Pantanal assumir o controle da entrevista, transformando-a em um relato
autobiográfico, aproxima à literatura da antropologia. Está criado, portanto, o narrador
etnógrafo que passa a estar no texto literário de Guimarães Rosa, que se constitui assim como
uma etnografia literária.
Na teoria antropológica, Lévi-Strauss (1976) assinala a redução de distância entre o
antropólogo e o nativo, chegando a uma identificação com o outro para assim compreender o
funcionamento da cultura daquele que é estudado, uma vez que a integração é fundamental na
perspectiva antropológica. Para se identificar com o outro, o narrador tenta reduzir tal
distância, estando no lugar. A isso se presta muito bem o discurso indireto livre, pois ele, por
exemplo, pode saber o que pensa o personagem Manuelzão, de “Uma estória de amor”. Tal
narrador acessa a mente do outro, realizando a utopia do etnógrafo ideal proposta por Lévi-
Strauss (1976).
Para isso é fundamental na etnografia literária de Guimarães Rosa que o narrador seja
um viajante, aquele que se desloca em busca do outro. De acordo com Lévi-Strauss (1976), a
procura pela universalidade humana é o principal objetivo da etnografia. Para tanto, é
necessário que o profissional especializado esteja nos lugares remotos do globo, que viaje,
separando-se assim de sua cultura, daquela da qual saiu e se integre plenamente à cultura do
outro. Em sua etnografia literária, Guimarães Rosa emprega portanto, o discurso indireto
livre, um dos mais adequados, ao lado do discurso direto, para simular a integração à cultura
do outro. Um narrador culto, aquele que assumiria totalmente o contar, não daria conta de tal
aspecto. Por isso, em muitas de suas narrativas, o citadino, o “culto” é silenciado ou é
marcado por aquele que veio de fora e entra em contado com o outro, em um diálogo. É
importante ressaltar, porém, que nos textos de Ave, Palavra e em “Entremeio”, o narrador
etnógrafo é, claramente, alguém de fora. Em “Uma estória de amor” e em “O recado do
morro”, ele se camufla, mas deixa marcas, traços e gestos que revelam ser os de um citadino,
alguém de fora, que faz a mediação entre dois mundos. As duas narrativas são marcadas pelas
descrições pormenorizadas, pela valorização daquilo que seria comum para o morador local,
no caso, o capataz da fazenda Samarra, o vaqueiro Manuelzão e o guia-roceiro Pê-Boi.
Sabiamente, para fazer a mediação entre o mundo do qual veio o narrador etnógrafo e o
mundo do personagem destas mencionadas narrativas de Corpo de Baile, o recurso usado pela
etnografia literária é a projeção da visão dos personagens, numa tentativa de apagamento do
narrador etnógrafo, cujas pegadas podem, contudo, ser seguidas pelas narrativas.
É importante ressaltar que uma das características fundamentais da etnografia literária
13

de Guimarães Rosa é a valorização do ponto de vista do nativo, do morador local. Um


exemplo de tal mecanismo é a singularização do protagonista e guia Pê-Boi, através da
descrição que ele faz do espaço em que mora. O seu olhar é valorizado pelo narrador em
detrimento do olhar científico e econômico dos outros da expedição. Na etnografia literária, o
narrador confronta as visões de mundo e destaca a do guia, pois só ele tem acesso total ao
personagem, se aproxima dele, está integrado à sua cultura, conforme preconiza utopicamente
Lévi-Strauss (1976) em relação ao trabalho do etnógrafo. Quando o protagonista deixa de ser
o guia, tornando-se apenas o roceiro Pê-Boi, o narrador, através do discurso indireto livre que
invade o conto, lhe devassa a mente que está em repouso. É a visão dele que parece interessar
ao narrador, pois, ao confrontá-la com as visões economicista, religiosa e científica, apenas a
sua tem acesso à poesia do lugar, ao indevassável, às ninharias, uma vez que Pê-Boi não tem
uma visão limitada que mede, esquadrinha, examina e converte. O personagem é o guia do
leitor no conto tanto quanto é da expedição. Isso faz que com que o contato intercultural
encenado em “O recado do morro” nos dê acesso ao ponto de vista do nativo, o que só é
possível através de uma etnografia literária.
Assim, na etnografia literária, o narrador media a cultura dos vaqueiros, do povo
“roceiro serrânio”, com o mundo, por isso dá voz ao outro. Para tanto, há todo um processo de
pesquisa sobre tal cultura. É essencial apresentar o outro de dentro de seu mundo, fazendo
dele o exegeta de sua própria cultura, mas o narrador, assim como o antropólogo, controla a
escrita, a textualidade.
Outro aspecto importante da etnografia literária de Guimarães Rosa é a filosofia por
detrás do pastor do boi ou, em outras palavras, a construção de uma ontologia3 de vaqueiro
ideal. “Entremeio” e “Pé-duro, chapéu-de-couro” estão em diálogo nesse caso. O primeiro
texto decorre da ida do escritor ao Pantanal, em 1947; o segundo, de sua viagem a Caldas do
Cipó, no sertão baiano, em 1952. É através da fala direta de Mariano, o discurso autêntico,
que temos, na etnografia literária, o cerne da filosofia do pastor do boi, aquela que liga o
homem ao mundo natural, beatificando o animal. Nos dois textos de Guimarães Rosa
mencionados, aparece o resgate de uma ecologia proveniente de civilizações tradicionais
ameríndias e africanas cujas cosmologias marcam a convivência e a interdependência entre o
homem e o mundo natural. O boi e o seu pastor são assim essenciais na etnografia literária
roseana.
Na sua construção da ontologia do vaqueiro ideal, Rosa valoriza o individual com

3
Estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, real e verdadeiramente.
(Cf. Chauí, 2003).
14

Mariano e Manuelzão, mas não perde de vista a coletividade presente em “Pé-duro, chapéu-
de-couro”. O escritor não está interessado no nacionalismo redutor marcado dentro de
fronteiras geográficas e ideológicas e que está presente, muitas vezes, na noção de
coletividade. A figura de seu vaqueiro ideal cavalga por todas as paragens do mundo, é,
portanto, universal.
Na etnografia literária roseana, também há um discurso marcado pela busca de um
mundo com elementos culturais como também àqueles ligados à fauna e à flora que
chamamos de etnografia de “resgate”, a partir da definição do historiador e antropólogo
estadunidense James Clifford. Tendo necessidade de fixar mundos em vias de extinção, a
descrição pormenorizada, num exercício intenso de pesquisa e de memória, a estrutura do
“resgate”, é importante para a etnografia literária do escritor.
Na construção de nossa proposta de leitura para os textos escolhidos de Guimarães
Rosa, ou seja, para o que estamos chamando de etnografia literária, é necessário
apresentarmos as várias etapas percorridas pelos narradores na constituição do narrador
etnógrafo. Portanto, no Capítulo I, intitulado “Os narradores em Guimarães Rosa”,
apresentamos um viajante que possui como recurso um sensorialismo apurado capaz de
capturar, nos espaços percorridos, a essência das coisas, tão cara a Guimarães Rosa. Para
tanto, a visualidade é explorada ao extremo e, através dela, resulta a composição de imagens
poéticas. Tal observação sensorial é fugaz, pois tudo foge pela velocidade imposta na viagem.
Já o encontro com o outro, com a diversidade, apresentado como a busca pela alteridade tão
cara à antropologia, é explorada no repouso, na parada, uma vez que a presença humana é
valorizada e é com ela que se pode aprender.
Nas notas de viagem de Ave, Palavra percebe-se que a tentativa de aproximação com a
alteridade é falha, pois o narrador viajante vê apenas a exterioridade. Já na marcha lenta dos
bois, no diário A Boiada, verifica-se a preocupação com a alteridade nas anotações da
cosmovisão dos vaqueiros, uma vez que o sujeito escritor, um etnógrafo amador, coleta
informações em uma viagem cuidadosamente planejada para a construção de futuros
narradores, considerando a perspectiva da etnografia literária.
A visão e a audição trazem uma das marcas mais significativas da textualidade em
Guimarães Rosa: a descrição pormenorizada. As descrições funcionam nos textos como um
constituinte da visão tanto dos personagens como do narrador. Há muito cuidado na atribuição
da visão da paisagem aos personagens. Como eles são essenciais no desenrolar das narrativas,
ao recolher a visão dos personagens, descreve-se o que eles veem, apresentando o seu ser.
Na etnografia literária, há uma espécie de arquivo poético, uma vez que a catalogação
15

evoca uma espécie de detalhismo funcional que tem na figura do viajante o seu principal
requisito. Tanto que ele, o viajante-narrador, está integrado à fauna e à flora, pois nada lhe
escapa. Não é, portanto, uma catalogação natural, mas um arquivo poético. Esse narrador
maneja também os discursos das ciências naturais, mas traz com ele o literário.
É interessante ressaltar que temos aspectos da viagem física para se chegar à
alteridade. Ambos são constituintes da construção do narrador. Por vezes, existem
deslizamentos constantes entre o olhar científico e a criação literária, e, muitas vezes, é difícil
definir onde termina o narrador viajante e começa o etnógrafo.
O acesso à alteridade, para o viajante, está no conhecimento da língua do outro, na
focalização múltipla que traz pontos de vistas díspares, um dos recursos essenciais em “O
recado do morro.”
Já o narrador sinestésico, outra faceta do narrador etnógrafo, recurso fundamental da
etnografia literária, está concentrado no jogo de andar e ver, uma vez que o seu olhar tátil, ao
imbricar-se com o narrador viajante, faz, por vezes, elidir as fronteiras entre eles. Assim, um
não funciona sem o outro, não há entre eles contornos definidos. O aparato fundamental do
narrador sinestésico está na descrição, assim como o do viajante.
O narrador em suspeição, cujo discurso direto e indireto livre são recursos para o
acesso ao outro, não o distanciando, procura na filosofia do vaqueiro, do pastor do boi, criar
uma ontologia. O seu olho está colado a Manuelzão, Mariano e os chapéus-de-couro numa
afetividade que o coloca em suspeição pela simpatia para com os seus personagens e para com
a figura do vaqueiro rústico.
Para estar junto a seus personagens vaqueiros, com os quais mantém uma relação de
simpatia, é necessário que o narrador etnógrafo, apresentado no Capítulo 3, o último que se
desenvolve a partir do viajante, do sinestésico e daquele que está em suspeição, marque sua
presença física no local, filiando-se ao lema tão caro à antropologia: o estudo do homem
estando com ele. Em “Uma estória de amor”, pode-se ver sua presença na festa. Ela é um bom
índice para a observação etnográfica, pois funciona como uma espécie de cerimonial que
reúne inúmeras pessoas, apresentando várias representações díspares de uma mesma cultura.
Tal narrador atua como um arquivista tanto da cultura material quanto de tipos humanos, uma
vez que os usos e costumes são essenciais para se entender a cultura, pois os detalhes
encontram-se nas pequenas relações, no dia a dia, no desenrolar da festa. Há um cuidado na
recolha da cultura imaterial, pois ela é interpolada às narrativas, como no caso de “Uma
estória de amor” e “O recado do morro”, que funciona como um todo, uma unidade.
16

No Capítulo 4, “A etnografia literária roseana: a observação participante, a entrevista e


o diálogo”, apresentamos os desdobramentos do narrador na composição da etnografia
literária. Rosa, enquanto sujeito escritor, é ávido por material etnográfico, os ditos usos e
costumes. Uma de suas fontes é o seu pai Florduardo, com quem troca cartas com pedidos
deste tipo. Outra fonte é a própria viagem de 10 dias pelo interior mineiro, em que o etnógrafo
Guimarães Rosa faz uso do método indutivo, pois separa um grupo particular para estudá-lo
através de observações de tudo que cerca e compreende o mundo dos vaqueiros. Há uma
experiência física de imersão na boiada que traz uma perspectiva etnográfica, pois ela é palco
para a observação material.
Os recursos usados pelos etnógrafos em seus trabalhos de campo aparecem na
etnografia literária quando, no conto “O recado do Morro,” acontece uma entrevista
etnográfica. Tal método visa à compreensão do outro, com o Gorgulho e Pê-Boi que atuam
com informantes, através de um questionário simples e objetivo com respostas subjetivas,
ricas, imensas. A estrutura da entrevista também aparece em “Entremeio”, mas desaparece ao
longo da narrativa, dando lugar ao diálogo em que, por vezes, o entrevistado assume
totalmente o narrado.
Apresentamos também, no capítulo 5, a estrutura de uma etnografia clássica na
organização de “Pé-duro, chapéu-de-couro”, de onde podemos colher uma visão
antropológica profundamente humana sobre o vaqueiro, nunca heroicizado.
No capítulo 6, temos a estrutura do “resgate” na etnografia literária de Guimarães
Rosa, que vai do salvacionismo de mundos em vias de extinção até uma nova pastoral.
Já no último capítulo, intitulado “Descrições literárias e descrições etnográficas”,
abordamos a descrição como recurso etnográfico. Em alguns textos, ela é inserida nas
narrativas pelos olhos do personagem, pois descrever para Rosa é contar a paisagem que os
olhos de seus personagens veem, pois o personagem, ao contar a paisagem, ao descrevê-la,
nos apresenta também sua cosmovisão de mundo. Em outros textos, o narrador de Rosa se
torna um catalogador da palavra, um herborizador, um arquivista.
Apresentamos a filiação de Guimarães Rosa à descrição da paisagem preconizada pelo
geógrafo alemão Alexander Von Humboldt e a “descrição densa” proposta pelo antropólogo
estadunidense Clifford Geertz, ambas presentes na etnografia literária.
273

8. CONCLUSÃO

Neste arremate final, podemos afirmar que o sujeito-escritor Guimarães Rosa voltado
para a antropologia, em especial, a etnografia, constrói-se ao longo de suas notas de viagens,
cartas, anotações de seu diário e reportagens poéticas. Além disso, esse seu fazer contamina
os narradores posteriores de sua literatura, conforme constatamos ao longo deste trabalho.
A postura de um narrador enquanto etnógrafo, arquitetado dentro do que
denominamos de etnografia literária, é encontrada em embrião no percurso da viagem, cuja
técnica é a de recolha de tudo o que observa, pois necessita para isso andar e ver, numa
catalogação, fazendo uma espécie de arquivo do mundo natural. Neste mesmo mundo, está o
elemento humano para quem o narrador lança um olhar antropológico cuja observação direta
da realidade lhe dá o acesso à alteridade, e, sobretudo, a valoriza sob o ponto de vista do
outro, fazendo desta literatura examinada uma etnografia literária. Desta maneira, Guimarães
Rosa se aproxima da antropologia cultural, pois é através do ponto de vista dos personagens
que nos é apresentada a cultura deles.
Este narrador “está lá”. É um etnógrafo, age como um, deixa marcas, traços e gestos
que se camuflam dentro das narrativas estudadas de Corpo de Baile. Difere do narrador que
veio de fora, uma espécie de etnógrafo afastado da cultura, visto nos textos de Ave, Palavra
referentes à viagem ao Pantanal mato-grossense, o qual tem, portanto, dificuldade de acesso à
alteridade. Por isso, nestes textos abundam muita paisagem, uma vez que o narrador não
consegue chegar totalmente ao elemento humano, que visita em “Entremeio”. Há, no
mencionado texto, uma separação entre o narrador e o vaqueiro através de marcas textuais e
na própria estrutura da narração, diferentemente do narrador de Corpo de Baile, que tenta
desaparecer para mostrar a etnografia literária, a cultura do outro. Geertz (2009) afirma que o
trabalho antropológico revela as bases da vida social e, a rigor, para além delas, as bases da
existência humana como tal. Esta é a busca da etnografia literária roseana.
Quando falamos de etnografia literária, não podemos perder de vista que Guimarães
Rosa está inserido numa tradição de crítica à sociedade moderna. Portanto, sua preferência
pela vida rústica para ambientar as narrativas, como também pelo arcaico em detrimento do
moderno, que vai desde a língua até os mitos, é uma busca político-estética perpassada por um
olhar antropológico. Recolher a cultura do outro na etnografia literária não é mera recolha
etnográfica, mas sim uma forma de acesso à cosmovisão do vaqueiro através de seus mitos.
Guimarães Rosa mergulha no espaço interiorano, mas não pode falar como um local,
uma vez que um dos princípios literários é transfiguração da realidade. Se tentar falar da
274

realidade tal qual é, de maneira descritivista, reforçaria preconceitos entre o narrador culto e o
homem rústico, como bem problematiza Candido (1972). Faria com isso uma caricatura do
outro, pois este lhe é inacessível. O escritor é, nesse aspecto, essencialmente cosmopolita,
pois se adapta facilmente ao próximo, ao ambiente e ao outro como pode ser visto em seu
diário A Boiada. Tal atitude seria impossível a um vaqueiro limitado ao seu espaço local. Por
isso, ao voltar de seu mergulho na sociedade visitada, Guimarães Rosa criou um tipo de
linguagem única que marca o distanciamento e não a identificação com o outro, uma vez que
a identificação só reproduziria os estereótipos das representações literárias sobre o homem do
interior. Esta é a linguagem dos seus personagens na sua etnografia literária. O que resta do
outro é apenas a intepretação filtrada de sua mentalidade através de sua fala direta ou ainda
pela presença do discurso indireto livre.
Na etnografia literária, o narrador pode ser visto através de uma visão salvacionista – e
por que não ecológica? –, pois tenta preservar, “resgatar”, pelo menos enquanto memória,
uma região geográfica em que todos os elementos de fauna e flora se embaralham, criando
aquilo que Candido (1942) qualificou de Arca de Noé. Vasconcelos (1997) assinala que o
resgate do universo arcaico que sucumbiu a paisagem moderna faz com que o narrador de
Guimarães Rosa recupere a experiência dos sentidos, valorizando a escuta. Há o interesse na
etnografia literária pelo salvacionismo do mundo falado, ouvido e cheirado, uma volta
sinestésica a um tempo harmonioso, uma época em que era necessário ao homem ouvir e
compreender os sinais da natureza.
Lukács (1936) observa que Flaubert e Zola foram escritores que não participaram
ativamente das transformações políticas e sociais francesas, mas que se tornaram
observadores críticos, pois
a alternativa participar ou observar corresponde, então, a duas posições socialmente
necessárias, assumidas pelos escritores em dois sucessivos períodos do capitalismo.
A alternativa narrar ou descrever corresponde aos dois métodos fundamentais de
representação próprios destes dois períodos (LUKÁCS, 1936, p. 57).

Na etnografia literária de Guimarães Rosa, descrever tem um caráter de etnografia de


“resgate,” de salvacionismo, do que vai ser perdido pela modernização econômica. Um
exemplo disso está em A Boiada, a literatura em embrião, um mundo particular metaforizado
pelo som do gado, pela harmoniosa convivência entre homem e animal que invade a literatura
de Corpo de Baile e, antes, em “Entremeio”. Outro exemplo pode ser encontrado na viagem
econômica de seo Jujuca do Açude em “O recado do morro”. A todo momento, o escritor
mineiro quer expulsar de sua literatura qualquer sinal de modernização, embora a sua sombra
esteja sempre lá, e é necessária para que se tenha um mundo a ser expulso. Rosa, antes de
275

mergulhar na sua viagem de 10 dias pelo interior mineiro, vem do mundo da modernização e
da modernidade no qual ocupava o papel de diplomata. Tal universo sofre uma tentativa de
apagamento em sua literatura, mas há vestígios que mostram tal tentativa. Nisso, há um gosto
em sua etnografia literária pelo primitivismo, o que aproxima a sua literatura da antropologia.
Dissertando sobre a literatura da segunda metade do século XIX, Lukács (1936)
assinala que a descrição realista quer mostrar objetivamente a decadência do capitalismo
responsável por gerar o estado dos personagens. A descrição em Rosa parece ser o contrário.
O autor descreve fotografando para dizer que este mundo é melhor do que o outro, por isso há
a expulsão de vestígios do outro mundo, embora suas sombras sejam mantidas para reforçar o
outro, o escolhido, o vaqueiro. É esta figura que está no cerne da filosofia que sustenta a
visada antropológica do escritor.
Este “resgate” do mundo arcaico traz o exemplarismo ligado à idealização dos
vaqueiros, que tem em Mariano, de “Entremeio”, um representante, pois, na introdução do
texto que nos remete a uma crônica, o narrador já descortina o vaqueiro, determinando-o.
Toda a sua performance, seja ela enquanto fala ou cavalga, confirmam a essência do
personagem quando ele é apresentado para o leitor. Mariano está fechado desde o início,
portanto, é imutável. É o exemplo que o narrador quer, tal qual as estórias exemplares que o
personagem conta. Toda a narrativa é assim duplamente exemplarista.
Rosa, em sua ontologia do vaqueiro, tem um papel que é tão político quanto o de
Assis Chateaubriand, que ele deprecia em “Pé-duro, chapéu-de-couro”. Tanto o escritor
quanto Chateaubriand impõem uma visão política de mundo. A sua é a do vaqueiro ideal,
universalizado, numa ontologia. Para tanto, cria esse vaqueiro. Já o outro, parte do
nacionalismo enquanto projeto para criar o seu vaqueiro. O escritor é assim sempre muito
ambíguo, escorregadio, pois ao mesmo tempo em que critica a intenção folclórica e ideológica
de Chateaubriand, é a partir dela que transforma o vaqueiro em pastor do boi. Portanto, não
em uma figura qualquer, mas em uma que tem origem na tradição bíblica, que se espalhou
amplamente pelo mundo. É com essa figura que Rosa constrói a sua filosofia.
Em “Pé-duro, chapéu-de-couro”, há um apagamento do ciclo do gado em terras
brasileiras, que foi uma das grandes vitórias da colonização. O gado servia mais ao
colonizador do que ao colonizado. Foi uma forma de extermínio das populações indígenas,
que, sendo massacradas no litoral, fugiam para o sertão. Contrariando este apagamento, em
“Uma estória de amor”, percebemos que o tema da criação bovina de forma extensiva foi feita
a custa de massacres de indígenas e percebemos também o quanto é sofrida a vida do
vaqueiro Manuelzão, que oscila entre o herói e o explorado. Rosa, no ensaio, parece enaltecer
276

a colonização do boi, a qual é mostrada criticamente em sua literatura. Por fim, a ordem do
vaqueiro recebida por Getúlio Vargas em pleno sertão baiano nada mais é que uma pastoral
moderna que explora o sentido medieval de dar título de vaqueiros aos nobres, mas com todo
o fundo nacionalista brasileiro e midiático. O que Rosa faz é inverter a pastoral moderna e dar
o título aos vaqueiros. Assim, o escritor eleva a figura de seus vaqueiros a uma condição
utópica, em que todos vencem, não são vencidos.
Tal figura é criada a partir de um vaqueiro individual que representa uma coletividade.
Neste aspecto, temos Pê-Boi, Manuelzão e Mariano como indivíduos que carregam em si
dramas humanos, mas cujas configurações representam a filosofia de vaqueiros ideais. Assim,
através desta filosofia, o individual tende para o coletivo, pois, na sua etnografia literária, é a
partir de um vaqueiro universal, de uma ideia de base, que Rosa cria os seus personagens.
277

9. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Guilherme de. Parecer sobre Magma. In: ANDRADE, Carlos Drummond... [et
al.] Em memória de João Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968. p. 234-
236.

AMOSSY, Ruth. Da noção retórica de ethos à análise do discurso. Trad. Dilson Ferreira da
Cruz. In:______ (Org.) Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo:
Contexto, 2005. p. 9-28.

______. O ethos na intersecção das disciplinas: retórica, pragmática, sociologia dos campos.
Trad. Dilson Ferreira da Cruz. In:______ (Org.) Imagens de si no discurso: a construção do
ethos. São Paulo: Contexto, 2005. p. 119-144

ANDRADE, Mário. O turista aprendiz. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1983.

ARRIGUCCI JR. Davi. O mundo misturado: romance e experiência em Guimarães Rosa.


Novos Estudos, CEBRAP, São Paulo, n. 40, 1994, p. 7-29.

ATAÍDE, Tristão de. O transrealismo de Guimarães Rosa. In: COUTINHO, Eduardo F. (Org.).
Guimarães Rosa: fortuna crítica. RJ: Civilização Brasileira, 1983. p. 142-143.

ÁVILA, Myriam. Guimarães Rosa e os viajantes. In: MENDES, Eliana A. M.; OLIVEIRA,
Paulo M.; BENN-IBLER, Veronika. (Orgs.) O novo milênio: interfaces linguísticas e
literárias. Belo Horizonte; UFMG/FALE, 2001. p. 543-549.

BAKHTIN, Mikhail M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do


método sociológico na ciência da linguagem. Trad. de Michel Lahud; Yara Frateschi Vieira;
Lúcia T. Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. São Paulo: Hucitec, 1988.

BALDAN, Ude. O tecido da festa de Manuelzão. Itinerários, Araraquara, n. 25, p. 207-222,


2007.

BALDUS, Herber. Adolf Bastian. Revista de Antropologia, Universidade de São Paulo, v.


14, 1966. p. 125-130

BARTHES, Roland. Efeito de real. In: ______. O rumor da língua. Trad. Mario Laranjeira.
2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. [Texto originalmente publicado em 1968]

BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes. São Paulo: Metalivros;
Salvador: Fundação Emílio Odebrecht, 1994. 3 v.

BENJAMIM, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:______.


Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad.
Sergio Paulo Rouanet. 2. ed. SP: Brasiliense, 1994.[1936] p.165-196.

BERND, Zilá. Longevidade e sabedoria afro-brasileiras na obra de João Ubaldo Ribeiro. In:
BARBOSA, Maria J. Somerlate. (Org.) Passo e Compasso: nos ritmos de envelhecer. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2003 (Memória das Letras, 17). p.51-62.
278

BIZZARRI, Edoardo. J. Guimarães Rosa: correspondência com seu tradutor italiano. São
Paulo: T. A. Queiroz, Instituto Cultural Ítalo-brasileiro, 1972.

BOAS, Franz. Antropologia cultural: textos selecionados. Trad. Celso Castro. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

BOLLE, Willi. grandesertão.br. São Paulo: Editora 34, 2004.

______. Representação do povo e invenção de linguagem em Grande Sertão: Veredas.


SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 5, n. 10, p. 352-366, 2002.

______. Fórmula e fábula. São Paulo: Perspectiva, 1973.

BOOTH, Wayne. A retórica da ficção. Trad. Maria Tereza H. Guerreiro. Lisboa: Ed. Arcádia,
1980.

BOSI, Alfredo. Céu, inferno. In: ______. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e
ideologia. SP: Ática, 1988. p. 10-32.

______. Fenomenologia do olhar. In: NOVAES, Adauto (Org.) O Olhar. São Paulo:
Companhia da Letras, 1988, p.65-87.

______. As letras na primeira república. In: FAUSTO, Boris (Org.) História Geral da
Civilização Brasileira: O Brasil Republicano. São Paulo: Difel, 1977, v. 1. p. 293-319.

______. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras,1992.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Memória sertão: cenários, cenas, pessoas e gestos nos
sertões de João Guimarães Rosa e de Manuelzão. São Paulo: Cone Sul; Uniube, 1998.

BRITO, Maristella. Hilgard O’Reilly Sternberg. Espaço Aberto, PPGG - UFRJ, v. 1, n.1, p.
189-192, 2011.

BROWN R. A. Radcliffe. A posição atual dos estudos antropológicos. Trad. Luis Fernando
D. Duarte. In: GUIMARÃES Alba Zaluar. (Org.). Desvendando Máscaras Sociais. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1990. p. 177-194. [Texto originalmente publicado em 1931]

BURTON, Richard Francis. Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico. Trad.


David Jardim Junior. Belo Horizonte Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1977.

CALDEIRA, Tereza Pires do R. A presença do autor e a pós-modernidade em antropologia.


Novos Estudos, São Paulo, n. 21, p. 133-157, jul. 1988.

CALLADO, Antonio; CANDIDO, Antonio; PIGNATARI, Décio… [et al]. Depoimentos


sobre João Guimarães Rosa e sua obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

CALOBREZI, Edna Tarabori. Morte alteridade em “Estas estórias”. São Paulo: EDUSP,
2001.
279

CAMACHO, Fernando. Entrevista com Guimarães Rosa. Revista Humboldt, Munique, n.


37, p.42-53, 1978.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: ______. Textos de


intervenção. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002. p. 77-92.

______. Jagunços mineiros de Cláudio a Guimarães Rosa. In:______. Vários escritos. 2.ed.
São Paulo: Duas cidades, 1977. p. 134-160.

______. Literatura e subdesenvolvimento. In:______. A educação pela noite e outros


ensaios. 2.ed. SP: Ática, 1989. p. 140-162. [Texto originalmente publicado em 1970]

______. Sagarana. In: COUTINHO, Eduardo F.. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica.
2.ed. RJ: Civilização Brasileira, 1991. (Fortuna Crítica, 6) [ Texto originalmente publicado
em 1946].

______. Estímulos da criação literária. In:______. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de


Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. [1965].

______. A literatura e a formação do homem. In: ______. Textos de intervenção. São Paulo:
Duas Cidades; Ed. 34, 2002. p. 77-92.

CANNABRAVA, Euryalo. Guimarães Rosa e a linguagem literária. In: COUTINHO,


Eduardo F.. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. 2.ed. RJ: Civilização Brasileira, 1991.
(Fortuna Crítica, 6)

CARDOSO, Marília Rothier. Uma aprendizagem transcultural nos cadernos de Guimarães


Rosa. In: KRIEGER, Olinto; SCHØLLHAMMER, Karl Erik. (Org.) Literatura e Cultura.
Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2008. p. 147-157.

CARDOSO, Wilton. A estrutura da composição em Guimarães Rosa. In: LISBOA,


Henriqueta... [et al.] Ciclo de conferências sobre Guimarães Rosa. Belo Horizonte:
UFMG/Centro de Estudos Mineiros, 1966. p. 33-49.

CARVALHAL, Tania F. Literatura comparada. São Paulo: Ática, 1991.

CARVALHO, Alfredo Leme C. Foco narrativo e fluxo da consciência: questões de teoria


literária. SP: Pioneira, 1981.

CASTRO, Manuel Antônio de. Grande Ser - Tão: diálogos amorosos. In: SECCHIN, Antonio
Carlos (Org.). Veredas no sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. p. 142-177.

______. O narrador e a obra: a linguagem como medida. In: MARCHEZAN, Luiz;


TELAROLLI, Sylvia (Org.). Cenas literárias: a narrativa em foco. Araraquara: Cultura
Acadêmica Ed., 2002. p. 57-74.

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.


280

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos; coordenação Carlos


Sussekind; Tradução de Vera da Costa e Silva... [et al.]. 22. ed. revista e aumentada. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2008.

CHIAPPINI, Ligia. O direito à interioridade em João Guimarães Rosa. In:______;


VEJMELKA, Marcel. (Org.). Espaços e caminhos de Guimarães Rosa: dimensões
regionais e universalidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. p. 190-204.

______. A vingança da megera cartesiana: notas sobre Estas estórias. SCRIPTA, Belo
Horizonte, v. 5, n. 10, p. 218-233, 1º sem. 2002.

CICOUREL, Aaron. Teoria e método em pesquisa de campo. Trad. Alba Zaluar Guimarães.
In: GUIMARÃES Alba Zaluar. (Org.). Desvendando Máscaras Sociais. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1990. p. 87-121.

CINTRA, Ismael. A. Teorias representativas sobre o foco narrativo - uma questão de ponto de
vista. Revista Stylos, n. 52, UNESP - IBILCE, SJRP, 1981. p. 1-39.

CLASTRES, Pierre. Crônica dos índios Guayaki: o que sabem os Aché, caçadores
nômades do Paraguai. Tradução de Tânia Stolze Lima e Janice Caiafa. São Paulo: Editora
34, 1995.

CLIFFORD, James. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX.


Trad. Patrícia Farias. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. [1998]

______. Dilemas de la cultura antropología. literatura y arte en la perspectiva pós-


moderna. Trad. Carlos Reynoso. Barcelona: Editorial Gedisa, 1995.

______. Introducción: verdades parciales. In: ______; MARCUS, George E. (Org.) Retóricas
de la antropología. Trad. José Luis Moreno-Ruíz. Madrid: Ediciones Júcar, 1991. p. 25-60.

______. Itinerarios transculturales. Tradución Mireya R. de Fayad. Barcelona: Gedisa, 1999.

______; MARCUS, George E. Writing culture: the poetics and politics of ethnography.
University of California Press Berkeley and Los Angeles, California University of California
Press, Ltd. London, England, 1986.

COELHO, Nelly Novaes. Guimarães Rosa e o “Homo Ludens”. In: COUTINHO, Eduardo F..
(Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
(Fortuna Crítica, 6), p. 253-266. (Texto originalmente publicado em 1974)

______. Guimarães Rosa: um novo demiurgo. In: VERSIANI, Ivana; COELHO, Nelly
Novaes. Guimarães Rosa: dois estudos. São Paulo: Edições Quíron; Brasília: INL, 1975. p.
1-72.

COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o


testamento. Trad. Milton Person. 5. ed. Porto Alegre: L&PM, 1991.
.
COSTA, Ana Luiza Martins. João Rosa, viator. In: FANTINI, Marli (Org.) A poética
migrante de Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.
281

______. Rosa, ledor de Homero. Revista USP. São Paulo n. 36, dez/fev, 1997/1998, p. 46-
73.

______. Rosa, ledor de relatos de viagem. In: I Seminário Internacional Guimarães Rosa,
1998, Belo Horizonte. Revista Veredas de Rosa I, Belo Horizonte, n. 1, 2000. p. 40-45.

______. Vias e viagens. Cadernos de literatura brasileira: João Guimarães Rosa. Rio de
Janeiro: Instituto Moreira Salles, números 20-21, dez./ 2006.

______. Homero no Grande Sertão. Revista de Filosofia Antiga Kléos, Rio de Janeiro, n.5/6,
2001, p. 79-124.

COUTINHO, Eduardo F. Grande Sertão: Veredas (Travessias). São Paulo: Realizações


Editora, 2013.

COVIZZI, Lenira; NASCIMENTO, Edna Maria F. S. João Guimarães Rosa, homem plural
escritor singular. São Paulo: Atual, 1988.

CRAPANZANO, Vincent. El dilema de Hermes: la máscara de la subversión en las


descripciones etnográficas. In: CLIFFORD, James; MARCUS, George E. (Org.). Retóricas
de la antropología. Trad. José Luis Moreno-Ruíz. Madrid: Ediciones Júcar, 1991. p. 91-122.

______. Diálogo. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. Anuário Antropológico/88, Brasília,


Editora Universidade de Brasília, 1991. p. 59-80.

CUNHA, Euclides da. Os sertões. Rio de Janeiro: Record, 1998. [1901]

DA MATTA, Roberto. A obra literária como etnografia: notas sobre as relações entre literatura
e antropologia. In:______. Conta de mentiroso: sete ensaios de antropologia brasileira.
Rio de Janeiro, Rocco, 1993. p. 35-58.

______. O ofício de etnólogo, ou como ter “anthropological blues”. In: NUNES, Edson de
Oliveira (Org.) A aventura sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na
pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

DAL FARRA, Maria Lúcia. O narrador ensimesmado: o foco narrativo em Vergílio


Ferreira. São Paulo: Ática, 1978.

DANTAS, Paulo. Sagarana emotiva: cartas de J. Guimarães Rosa. SP: Duas cidades,
1975.

DEWULF, Jeroen. Pintar os trópicos com palavras. In: HOMEM, Rui Carvalho; LAMBERT,
Maria de Fátima. (Orgs.) Olhares e escritas: ensaios sobre palavra e imagem. Porto: FLUP
e-Dita, 2005. p. 235-248.

D’ESCRAGNOLEE- TAUNAY, Alfred. A retirada de Laguna: episódio da Guerra do


Paraguay. Trad. Ramiz Galvão. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1915.

ESPINHEIRA, Ariosto. Viagem através do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1940. v. 4


282

EVANS-PRITCHARD, Edward E. Os nuer: uma descrição do modo de subsistência e das


instituições políticas de um povo nilota. Trad. Ana Maria G. Coelho. SP: Perspectiva, 2013.
[1940]

______. Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Tradução de Eduardo Batalha


Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. [1937]

FANTINI, Marli. Guimarães Rosa: fronteiras, margens, passagens. São Paulo: Ateliê
Editorial; São Paulo: Ed. SENAC, 2003.

______. Legado de Rosa. Scripta, Belo Horizonte, v. 9. n. 17, 2005, p. 263-280.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa.


Coord. Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos. 4. ed. Curitiba: Positivo, 2009.

FIORIN, José Luiz. Língua, modernidade e tradição. Diversitas, USP, São Paulo, 2014, p.
62-95.

FISCHER, Michael M. J. El etnicismo y las artes postmodernas de la memoria. In:


CLIFFORD, James; MARCUS, George E. (Org.). Retóricas de la antropología. Trad. José
Luis Moreno-Ruíz. Madrid: Ediciones Júcar, 1991. p. 269-319.

FORTUNA, Felipe. Guimarães Rosa, viajante. In: SILVA, Alberto da Costa e (Org.). O
Itamaraty na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Rio Branco, 2001.

FRANK, Erwin H. Viajar é preciso: Theodor Koch-Grünberg e a Völkerhunde alemã do


século XIX. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 48, n. 2, 2005, p. 559-584.

GALVÃO, Walnice Nogueira. O mago do verbo. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 5, n. 10, p.


343-351, 1º sem. 2002.

______. As formas do falso. SP: Perspectiva, 1972.

GEERTZ, Clifford. Nova luz sobre a antropologia. Trad. Vera Ribeiro; rev. téc. Maria
Cláudia Pereira Coelho. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

______. Obras e vidas: o antropólogo como autor. 3.ed. Trad. Vera Ribeiro. RJ: Editora da
UFRJ, 2002.

______. A interpretação das culturas. Trad. Fanny Wrobel. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1978.

GENETTE, Gérard. Discurso da narrativa. Trad. Fernando C. Martins. Lisboa: Vega LTDA,
s/d.

_______. Fronteiras da narrativa. In: BARTHES, Roland... [ et al.] Análise estrutural da


narrativa. Trad. Marica Zélia Barbosa. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 265-284.
89, p. 185-211, 1973.
283

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1999.

GOLDMAN, Marcio. O fim da antropologia. Novos Estudos, CEBRAP, São Paulo, n.89, p.
185-211, 2011.

GONÇALVES, José Reginaldo S. Prefácio. In: CLIFFORD, James. A experiência


etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Trad. Patrícia Farias. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 2008. [1998]

GONÇALVES, Marco Antônio. Traduzir o outro: etnografia e semelhança. Rio de Janeiro:


7Letras, 2010.

______. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de


Janeiro: Topbooks, 2008.

GOTHCHALK, Joana D’Arc Mendes. Guimarães Rosa: narrativas híbridas (Cipango,


Entremeio com o vaqueiro Mariano e Sanga Puytã). 2009. 147 f. Dissertação (Mestrado
em Estudos de Linguagens). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,
2009. Disponível em:
<https://posgraduacao.ufms.br/sigpos/portal/trabalhos/buscarPorCurso/page:18/cursoId:82>.
Acesso em: 03 mar. 2016.

GOULART, Eugênio Marcos Andrade. O viés médico na literatura de Guimarães Rosa.


Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da UFMG, 2011.

GRIAULE, Marcel. El método de la etnografía. Trad. José Sazbón. Buenos Aires,


Argentina: Editorial Nova, 1969.

GUIMARÃES, Vicente de Paulo. Joãozito: infância de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro:


José Olympio, INL, 1972.

HAMON, Philippe. O que é uma descrição? In: ROSSUM GUYON, Françoise Van;
HAMON, Philippe; SALLENAVE, Daniele. Categorias da narrativa. Trad. Fernando
Cabral Martins. Lisboa: Arcádia, 1976.

HEBERLE, Afonso de Guaíra. A Gruta de Maquiné e seus arredores. Revista Brasileira de


Geografia, abril-junho, 1941, p. 270-317.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento
e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.

HUIZINGA, JONHAM. Nas sombras do amanhã: diagnóstico da enfermidade espiritual


de nosso tempo. São Paulo: Livraria Acadêmica, 1946.

HUMBOLDT, Alexander von. Quadros da natureza. Trad. de Assis Carvalho. Rio de


Janeiro: W. M. Jackson, 1952. 2 v.

______. Cosmos. Ensayo de una descripción física del mundo. Trad. J. A. P. Buenos Aires:
Editorial Glem, 1944.
284

IANNI, Octávio. A metáfora da viagem. In:______. Enigmas da modernidade-mundo. 3.


ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 11-32.

JAMESON, Frederic. O inconsciente político: a narrativa como ato socialmente


simbólico. Trad. Valter Lellis Siqueira; rev. téc. Maria Elisa Cevasco. SP: Editora Ática,
1992.

JITRIK, Noé. Destruição e formas narrativas. In: MORENO, César Fernández. (Org.).
América Latina em sua literatura. Trad. Luiz João Gaio. São Paulo: Perspectiva, 1979. p.
217-242.

KAYSER, Wolfgang J. Fundamentos da interpretação e da análise literária. São Paulo:


Livraria Acadêmica Saraiva/SA, 1948. v. 1

KELLER, Francisca I. Vieira. Carmosa e seu vaqueiro: um caso famoso no sertão. Anuário
Antropológico. n. 77 . Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977. p. 39-70.

KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada
etnográfica. RJ: 7 Letras, 2007.

KOHLHEPP, Gerd. Pioneiros brasileiros nas pesquisas geográficas de desenvolvimento


regional: Orlando Valverde e Hilgard O’Reilly Sternberg. Revista Brasileira de
Desenvolvimento Regional. FURB, Blumenau, 3, out/2015, p. 27-54.

LAET, Carlos Rocha Mafra de. Há títulos e brasões também no mundo dos bichanos. Flan –
O Jornal da Semana, Rio de Janeiro, 1953. Disponível
em:<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=100331&PagFis=305> Acesso em:
14 mar. 2016.

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Trad. Marie-Ágnes Chauvel. 6ª ed. São


Paulo: Brasiliense, 1993.

______. A descrição etnográfica. Trad. João Manuel R. Coelho e Sérgio Coelho. SP:
Terceira Margem, 2004.

LEFEBVE, Maurice-Jean. Estrutura do discurso da poesia e da narrativa. Trad. José


Carlos S. Pereira. Coimbra: Almedina, 1980.

LEITE, Fábio. Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas. África: Revista do


centro de Estudos Africanos, São Paulo, n.18-19, 1995-1996, p. 103-118.

LEITE, Ilka Boaventura. Antropologia da viagem: escravos e libertos em Minas Gerais no


século XIX. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1996.

LEITE, Miriam Moreira. Naturalistas viajantes. Manguinhos. Vol. I (2), nov. 1994, fev.
1995. p. 7-19.

LEONEL, Maria Célia de Moraes. Viagens rosianas. MARCHEZAN, Luiz Gonzaga;


TELAROLLI, Sylvia. (Org.) Cenários literários: a narrativa em foco. Araraquara:
Laboratório Editoral, FCL, UNESP; SP: Cultura Acadêmica, 2002.
285

______. Guimarães Rosa alquimista: processos de criação do texto. 1985. Tese (Doutorado
em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1985.

LÉVI-STRAUSS. Claude. Tristes Trópicos. Trad. Rosa Freire d'Aguiar. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.

______. O campo da Antropologia. Trad. Sonia Wolosker. In: ______. Antropologia


Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976. p. 11-40.

______; ERIBON, Didier. De perto e de longe. Trad. Léa Mello e Julieta Leite. SP: Cosac
Naify, 2005.

______. O pensamento selvagem. Trad. Tânia Pellegrini. 2.ed. Campinas: Papirus, 1997
[1962]

LEWIS, Oscar. Os filhos de Sánchez. Trad. Maria Cardoso. Lisboa: Moraes Editores, 1970.

LIENHARDT, Martin. Etnografia e ficção na América Latina. Trad. Ana Vieira Pereira.
Literatura e Sociedade, n. 4, 1999, p. 103-115.

LIMA, Deise Dantas. Encenações do Brasil rural em Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Ed.
da UFF, 2001.

LIMA, Sônia Maria van Dijck. Ascendino Leite entrevista Guimarães Rosa. João Pessoa:
Editora Universitária, 1997. [1946]

LISBOA, Henriqueta. O motivo infantil na obra de Guimarães Rosa. In: ______ [et al] Ciclo
de conferências sobre Guimarães Rosa. Belo Horizonte: UFMG/Centro de Estudos
Mineiros, 1966. p. 19-30.

LOPES, Ana Cristina M.; REIS, Carlos. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo:
Ática, 1988.

LORENZ, Günter. Diálogo com Guimarães Rosa. In: COUTINHO, Eduardo F.. (Org).
Guimarães Rosa: fortuna crítica. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
(Fortuna Crítica, 6). p. 62-97. (Texto originalmente publicado em 1973)

LOURENÇO, Claudinei; SILVA, Fábio Borges da. Paisagens do morro: recados de Rosa. In:
CAMARGO, Fábio F.; TONDINELI, Patrícia G.; BORGES, Telma. Ser tão João. São Paulo:
Annablume; Belo Horizonte, Fapemig, 2012. p. 85-103.

LUBBOCK, Percy. A técnica da ficção. Trad. Otávio Mendes Cajado. São Paulo:
Cultrix/EDUSP, 1976. [1921]

LUKÁCS, György. A teoria do romance. Trad. José Marcos M. de Macedo. São Paulo:
Duas Cidades; Ed. 34, 2010. [1965]

______. Narrar ou descrever? In: ______. Ensaios sobre literatura. Trad. Giseh Viana
286

Konder. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 47-99. [1936]

LYRA, Maria de Lourdes Viana. Guimarães Rosa: uma reflexão sobre a questão da identidade
nacional. Revista de Letras, Rio de Janeiro, v. 1/2, n. 28, 2006. p. 144-148..

MACHADO, Ana Maria. Recado do nome: leitura de Guimarães Rosa a luz do nome de
seus personagens. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MACHADO, José Pedro. Dicionário etimológico da Língua Portuguesa. 1. ed. Lisboa:


Editorial Confluência, 1956. v. 2

MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor,


sociedade. Trad. Marina Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

MALINOWSKI, Bronislaw. Um diário no sentido estrito do termo. Trad. Celina Cavalcante


Falck; rev. Lygia Sigaud. Rio de Janeiro: Record, 1997.

______. Argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura


dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia. Traduções de Anton P. Carr e
Lígia Aparecida Cardieri Mendonça; rev. Eunice Ribeiro Durham. SP: Abril Cultural, 1978.
[1922]

MARTINS, Luciana de Lima. O Rio de Janeiro dos viajantes. (o olhar britânico 1800-
1850), Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores , 2001.

MARTINS, Nilce. O Léxico de Guimarães Rosa. 3. ed. revista. São Paulo: EDUSP, 2008.

REIS, Carlos Antonio Alves dos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de teoria da
narrativa. São Paulo: Ática, 1988.

MAUSS, Marcel. Manual de etnografia. Trad. Maria Luísa Maia. Lisboa: Pórtico, 1972.
[1947].

MAYBURY-LEWIS, David. O selvagem e o inocente. Trad. Mariza Corrêa. Campinas: Ed.


Unicamp, 1990.

MEYER, Mônica Angela de Azevedo. Ser-tão natureza: a natureza de Guimarães Rosa.


1998. 219 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000134721>. Acesso em: 12
abr. 2016.

MIGNOLO, Walter. Lógica das diferenças e política das semelhanças da literatura que parece
história ou antropologia, e vice versa. Trad. Joyce Rodrigues Ferraz. In: CHIAPPINI, Ligia;
AGUIAR, Wolf. (Org.) Literatura e História na América Latina. São Paulo: EDUSP,
1993. p. 115-161.

MIYAZAKI, Tieko Yamaguchi. Nas veredas: uma história de amor. In: ______. Um tema
em três tempos: João Ubaldo Ribeiro, João Guimarães Rosa, José Lins do Rego. São
Paulo: Ed. da UNESP, 1996. p. 133-206.
287

MONEGAL, Emir Rodríguez. Em busca de Guimarães Rosa. Trad. Selma Calasans


Rodrigues. In: COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. RJ:
Civilização Brasileira, 1983. p. 47-61.

NARDY, Manuel. As margens de Rosa: depoimento. In: GALVÃO, Walnice Nogueira (Org.);
COSTA, Ana Luiza Martins (Cons.). Cadernos de literatura brasileira: João Guimarães
Rosa. Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles, números 20-21, dez./ 2006. p. 61-63.

NOVAES, Adauto. (Org.) O olhar viajante do etnógrafo. In:______. O Olhar. São Paulo:
Companhia da Letras, 1988, p.347- 360.

NOYES, John Kenneth. Colonial Space: Spatiality in the discourse of German South
West Africa 1884-1915. Harwood: Gordon & Breach, 1992.

NUNES, Benedito. O dorso do tigre. SP: Perspectiva, 1976.

______. Bichos, plantas e malucos no sertão rosiano. SECCHIN, Antonio Carlos (Org.)
Veredas no sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007. p. 19-28.

OLIVEIRA, Franklin de. A degradação de Riobaldo. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 14


de abril de 1968.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O ofício do antropólogo, ou como desvendar evidências


simbólicas. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006. p. 9-30.

______. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. In:______. O trabalho do


antropólogo. São Paulo; Ed. Unesp; Brasília: Paralelo, 2000. p. 17-35.

PEIRANO, Mariza G.S. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.

______. Uma antropologia no plural: três experiências contemporâneas. Brasília: Editora


da Universidade de Brasília, 1992.

PELINSER, André Tessaro; MALLOY, Letícia. Ave, a palavra do sertanejo na Literatura


Brasileira. Millenium, 46-A. Número Especial temático sobre Literatura. 2014, p. 121-137.

POUILLON, Jean. Os modos da compreensão. In:______. O tempo no romance. Trad.


Heloysa de Lima Dantas. São Paulo: Cultrix, 1974. p. 51-108.

PRATT, Mary Louise. Trabajo de campo en lugares comunes. In: CLIFFORD, James;
MARCUS, George E. (Org.) Retóricas de la antropología. Trad. José Luis Moreno-Ruíz.
Madrid: Ediciones Júcar, 1991. p. 61-90.

______. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação. Tradução Jézio


Hernani Bonfim Gutierre. Bauru: Edusc, 1999.

RAMA, Ángel Transculturación narrativa en América Latina. 2.ed. Buenos Aires:


Ediciones El Andariego, 2008.
288

RAMOS, Graciliano. Conversa de Bastidores. In: ______. Linhas tortas. Rio de Janeiro:
Record; São Paulo: Martins, 1975. p. 246-249.

RICOEUR, Paul. Ponto de vista e voz narrativa. In: ______. Tempo e Narrativa. Trad.
Marina Appenzeller; rev. Téc. Maria da Penha Villela-Petit. Campinas: Papirus, 1995 v. 2, p.
147-179.

______. A identidade pessoal e a identidade narrativa. In:______. O si mesmo como um


outro. Trad. Lucy Moreira César: Campinas: Papirus, 1991. p. 137-166.

RIVERS, William H. R. A análise etnológica da cultura. In: CARDOSO de Oliveira, Roberto


(Org.) A Antropologia de Rivers. Campinas: UNICAMP, 1991. [1912]

ROCHA, Luiz Otávio Savassi. Guimarães Rosa. Imprensa Universitária, Belo Horizonte,
UFMG, 1981.

RODRIGUES, André Figueiredo; AGUIAR, José Otávio; SILVA, Wilton Carlos da Silva.
Literaturas de viagem: fauna, flora e etnografia brasileira. São Paulo: Humanitas, 2013.

RÓNAI, Paulo. Rondando os segredos de Guimarães Rosa. In: ______. Encontros com o
Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1958. p. 139-149.

ROSA, João Guimarães. “Uma estória de amor (A festa de Manuelzão)”. In:______.


Manuelzão e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. [1956]

_____. “Entremeio: com o vaqueiro Mariano”. In:______. Estas estórias. 3. ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

______. “Cipango”. In:_____. Ave, palavra. 6. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009. [1970]

______. “Uns índios (sua fala)”. In:______. Ave, palavra. 6. ed. Rio de Janeiro: Ediouro,
2009. [1970]

______. “Sanga Puytã”. In:______. Ave, palavra. 6. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.
[1970]

______. “Ao Pantanal”. In:______. Ave, palavra. 6. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.
[1970]

______. “Meu tio o iauaretê”. In:______. Estas estórias. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

______. “O recado do Morro”. In:______. No Urubuquaquá, no Pinhém. 4.ed.Rio de


Janeiro: Livraria José Olympio, 1969.

______. “Pé-duro, chapéu-de-couro”. In:______. Ave, palavra. 6. ed. Rio de Janeiro:


Ediouro, 2009. [1970]
289

______. A Boiada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

______. Entrevista. [novembro, 1966]. Entrevistador: Arnaldo Saraiva. Conversas com


Escritores Brasileiros, Porto: ECL, 2000.

______. João Guimarães Rosa: correspondência com seu tradutor alemão Curt Meyer-
Clason. Trad. Erlon José Paschoal; organização e notas Maria Aparecida Faria Marcondes
Bussolotti; Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Academia Brasileira de Letras; Belo Horizonte:
Editora da UFMG, 2003.

______. Cartas a William Agel de Mello. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

______. Pequena palavra (Prefácio). In: RÓNAI, Paulo. Antologia do Conto Húngaro.
Seleção, tradução, introdução e notas de Paulo Rónai. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1958. p.11-34.

______. Orelha. In: LIMA, Geraldo França de. Serras azuis. Rio de Janeiro: GRD, 1965.

______. Dezesseis vezes Minas Gerais (Prefácio) In: BARREIROS, Eduardo Canabrava. O
segredo de Sinhá Ernestina. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 14-15.

______. Simples passaporte (Prefácio). In: COSTA, Vasconcelos. De sete lagoas aos sete
mares Belo Horizonte: Itatiaia, 1957. p. 09-17.

______. Minas Gerais tem suas coisas. Belas, como um copo de ouro (Prefácio). Revista do
Brasil. Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, 1984, p. 30-35.

______. Tutameia: terceiras estórias. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. [1967]

______. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1965.

______. Sagarana. 42 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

______. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1967

______. Discurso de Posse do Dr. João Guimarães Rosa. Revista da Sociedade Brasileira de
Geografia, Rio de Janeiro, Tomo LIII, 1946, p. 96-97. Disponível em: <
http://memoria.bn.br/pdf/181897/per181897_1946_00001.pdf>. Acesso em 30 mar. 2016.

______. O verbo & o logos. In: ANDRADE, Carlos Drummond de... [ et al.] Em memória
de João Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.

ROSA, Vilma Guimarães. Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai. 3. ed. rev. e
ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

ROSALDO, Renato. Cultura y verdad: nueva propuesta de análisis social. México:


Grijalbo, 1991a.
290

______. Desde la puerta de la tienda de campaña: el investigador de campo y el inquisidor. In:


CLIFFORD, James; MARCUS, George E. (Org.) Retóricas de la antropología. Trad. José
Luis Moreno-Ruíz. Madrid: Ediciones Júcar, 1991b. p. 123-150.

ROSENFIELD, Kathrin Holzermayr. Desenveredando Rosa: a obra de João Guimarães


Rosa e outros ensaios. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.

______. Fingir a verdade. In: ALVES, Maria Theresa Abelha; DUARTE, Lélia Parreira
(Org.). Outras margens: estudos da obra de Guimarães Rosa. Belo Horizonte:
Autêntica/PUC Minas, 2001. p. 87-97

______. Rosa e a invenção de uma aura poética para as “raízes do Brasil”. In: SECCHIN,
Antonio Carlos (Org.) Veredas no sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007. p. 128- 141.

SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Tradução Vivaldi Moreira. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975.

SALGADO, João Amílcar. Riobaldo embosca Jeca Tatu ou da tolerância em Guimarães Rosa.
In. SALLES, Carlos Alberto C. (Org.) Nos sertões de Guimarães Rosa. Curitiba. Editora
CRV. 2011, p. 37-90.

SANTIAGO, Silviano. O narrador pós-moderno. In:______. Nas malhas da letra. São


Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 38-52.

______. A ficção brasileira modernista. In: ______. Vale quanto pesa: ensaios sobre
questões político-culturais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 25-40.

SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Além do visível: o olhar da literatura. Rio de Janeiro:


7Letras, 2007.

SEEGER, Anthony. Pesquisa de campo: uma criança no mundo. Trad. Ivo Frigério. Os índios
e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras. RJ: Editora Campus, 1980. p. 25-40.

SILVA, Álvares da. Um escritor entre os seus personagens. In: O Cruzeiro, Rio de Janeiro.
21 de junho de 1952.

SILVA, Hélio R. S. A situação etnográfica: andar e ver. Horizontes Antropológicos, Porto


Alegre, ano 15, n. 32, 2009, p. 171-188.

SILVEIRA, Flávio Azeredo da (Org.) 24 cartas de João Guimarães Rosa a Antonio


Azeredo da Silveira. Editionfads. s.d.

SINDER, Valter. A (autor) idade da escrita: etnografia e narrativa. Travessia – Revista de


Literatura, n. 29/30, Florianópolis, UFSC, ago 1994/jul 1995, p. 191-323.

SOETHE, Paulo Astor. A imagem da Alemanha em Guimarães Rosa como retrato auto
irônico. Scripta, Belo Horizonte, v. 9. n. 17, 2005, p. 287-301.

SONTAG, Susan. O antropólogo como herói. In:______. Contra a interpretação e outros


ensaios. Tradução de Ana Maria Capovilla. Porto Alegre: L&PM, 1987, p. 86-100.
291

______. Contra a interpretação. In:______. Contra a interpretação e outros ensaios.


Tradução de Ana Maria Capovilla. Porto Alegre: L&PM, 1987, p. 11-49.

SOUZA, Ronaldes de Melo e. A origem musal da saga rosiana em “O recado do morro”. In:
SECCHIN, Antonio Carlos (Org.) Veredas no sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
p. 188-207.

STOCKING JR., George W. (Org.) A formação da antropologia americana, 1883-1911:


antologia Franz Boas. Trad. Rosaura Maria C. L. Eichenberg; rev. téc. Marcos Antônio T.
Gonçalves e César Benjamim. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora da UFRJ, 2004.

STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia. Trad.


Iracema Dully. In:______. O efeito etnográfico e outros ensaios. Trad. Iracema Dulley,
Jamile Pinheiro e Luísa Valentini. São Paulo: Cosac Naify, 2014. p. 159-209.

______. O efeito etnográfico. Trad. Luisa Valentini. In:______. O efeito etnográfico e


outros ensaios. Trad. Iracema Dulley, Jamile Pinheiro e Luísa Valentini. São Paulo: Cosac
Naify, 2014. p. 345-405.

SÜSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui: o narrador, a viagem. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990.

TACCA, Oscar Ernesto. O narrador. In:______. As vozes do romance. Trad. Margarida


Coutinho Gouveia. Coimbra: Almedina, 1983. p. 61-103.

TELES, Gilberto Mendonça. Retórica do silêncio: teoria e prática do texto literário. Rio
de Janeiro: José Olympio, 1989.

TODOROV, Tzvetan. Nós e os outros: a reflexão francesa sobre a diversidade humana.


Tradução Sérgio Góes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 2 v.

______. As estruturas narrativas. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva,


2008.

TOLLENDAL, Eduardo José. Entremeio metapoético com o Vaqueiro Mariano. In: I


Seminário Internacional Guimarães Rosa, 1998, Belo Horizonte. Revista Veredas de Rosa I,
Belo Horizonte, n. 1, 2000. p. 211-214.

TRAJANO FILHO, Wilson. Que barulho é esse, o dos pós-modernos? Anuário


Antropológico, n. 86, Brasília, Editora Universidade de Brasília, Tempo Brasileiro, 1988,
p.133-151.

URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe
[online], 11, 2012, posto online no dia 01 Dezembro 2012, consultado em 09 setembro 2014.
URL : http://pontourbe.revues.org/300 ; DOI : 10.4000/pontourbe.300

VASCONCELOS, Sandra Guardini T. Os mundos de Rosa. Revista USP, n. 36, dez/fev,


1997-1998, p. 78-87.
292

______. Puras misturas: estórias em Guimarães Rosa. São Paulo: Hucitec: FAPESP,
1997.

______. Sertão e memória: as cadernetas de campo de Guimarães Rosa. In: ROSA, João
Guimarães. A boiada. RJ: Nova Fronteira, 2011. p. 187-202.

______. Vozes do centro e da periferia. In: FANTINI, Marli (Org.) A poética migrante de
Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. Trad. Marcela Coelho de Souza e Alexandre


Morales. ed. revista e ampliada. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. [1975].

WERNECK, Mariza. Claude Lévi-Strauss e o aprendizado do delírio. IN: MARQUES, José


Oscar de Almeida (Org.) Verdades e mentiras: 30 ensaios em torno de Jean-Jacques
Rousseau. Ijuí: Editora Unijuí, 2005. p. 237-247.

WHYTE William Foote. Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana
pobre e degradada. Tradução de Maria Lucia de Oliveira. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005.

______. Treinando a observação participante. Trad. Cláudia Meneses. In: GUIMARÃES Alba
Zaluar. (Org.). Desvendando Máscaras Sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. p.
77-86. [Texto originalmente publicado em 1943]

WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. Trad. Paulo


Henriques Britto. SP: Cia. das Letras, 1989. [1973]

WILLIAMS, Thomas Rhys. Métodos de campo en el estudio de la cultura. Trad. María del
Carmen Márquez. Madrid: Taller de Ediciones Josefina Betencor, 1973.

ZILBERMAN, Regina. O recado do morro: uma teoria da linguagem, uma alegoria do Brasil.
O eixo e a roda, Belo Horizonte, v. 12, 2006, p. 93-106.

Você também pode gostar