Resumo Bleger
Resumo Bleger
Resumo Bleger
A entrevista psicológica
Seu emprego no diagnóstico e na investigação
A diferença básica, neste sentido, entre entrevista e qualquer outro tipo de relação
interpessoal (como a anamnese) é que a regra fundamental da entrevista sob este
aspecto é procurar fazer com que o campo seja configurado especialmente (e em
seu maior grau) pelas variáveis que dependem do entrevistado.
Uma diferença fundamental entre entrevista e anamnese,no que diz respeito à
teoria da personalidade e à teoria da técnica, reside em que, na anamnese,
trabalhasse com a suposição de que o paciente conhece sua vida e está
capacitado, portanto, para fornecer dados sobre ela, enquanto a hipótese da
entrevista é que cada ser humano tem organizada uma história de sua vida e um
esquema de seu presente, e desta história e deste esquema temos de deduzir o
que ele não sabe.
ENQUADRAMENTO RÍGIDO
Transformar um conjunto de variáveis em constantes. Dentro deste
enquadramento, incluem-se não apenas a atitude técnica e o papel do
entrevistador tal como assinalei, como também os objetivos, o lugar e o tempo da
entrevista.
Cada entrevista tem um contexto definido (conjunto de constantes e
variáveis) em função do qual ocorrem os emergentes, que só têm sentido em
função de tal contexto!.
O campo da entrevista também não é fixo e sim dinâmico, o que significa
que ele está sujeito a uma permanente mudança e que a observação se deve
estender do campo específico existente em cada momento à continuidade e
sentido destas mudanças.
deve-se dizer que o campo da entrevista cobre a sua totalidade, embora
"cada campo não seja senão um momento desse campo totale da sua dinâmica
(Gestalting)
CONCORDÂNCIAS E DIVERGÊNCIAS
A simulação perde o valor que tem na anamnese como fator de
perturbação, já que na entrevista a simulação deve ser considerada como uma
parte dissociada da personalidade que o entrevistado não reconhece totalmente
como sua.
Pode acontecer que o mesmo entrevistador ou diferentes entrevistadores
recolham, em momentos diferentes, partes distintas e ainda contraditórias da
mesma personalidade.
deduz-se facilmente que a técnica e sua teoria estão estreitamente
entrelaçadas com a teoria da personalidade com a qual se trabalha; o grau de
interação que um entrevistador é capaz de conseguir entre elas dá o modelo de
sua operacionalidade como investigador.A entrevista não consiste em "aplicar"
instruções, mas em investigar a personalidade do entrevistado, ao mesmo tempo
que nossas teorias e instrumentos de trabalho.
Para Bleger:
Na sua atuação, o entrevistador deve estar dissociado: em parte, atuar com uma
identificação projetiva com o entrevistado e, em parte, permanecer fora desta iden
tificação, observando e controlando o que ocorre, de maneira a graduar o impacto
emocional e a desorganização ansiosa.
Outro perigo é o da projeção dos próprios conflitos do terapeuta sobre o
entrevistado e uma certa compulsão a centrar seu interesse, sua investigação ou a
encontrar perturbações justamente na esfera na qual nega que tenha
perturbações. A rigidez e a projeção levam a encontrar somente o que se busca e
se necessita, e a condicionar o que se encontra tanto como o que não se encontra.
Quanto mais psicopata for o entrevistado, maior a possibilidade de que o
entrevistador assuma e represente os papéis.