Direção Hidráulica
Direção Hidráulica
Direção Hidráulica
DIREÇÃO HIDRÁULICA
2007
ã 2007. SENAI-SP
Direção Hidráulica
Publicação organizada e editorada pela Escola SENAI Conde José Vicente de Azevedo.
E-mail senaiautomobilistica@sp.senai.br
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
CONCEITOS 7
TEORIA HIDRÁULICA 11
FLUIDO HIDRÁULICO 12
Características típicas do fluido para direções hidráulicas 12
BOMBA HIDRÁULICA 16
Geração de vazão 17
Controle de vazão 18
Controle de pressão 20
Características básicas das bombas hidráulicas 21
DIREÇÃO ELETRO-HIDRÁULICA 29
Funcionamento 30
Sensor de Velocidade Angular 30
Luz de Controle da Direção Eletro-Hidráulica 31
Conjunto Bomba Hidráulica 32
Unidade de Comando de Direção 33
Eliminação de Ar no Sistema Hidráulico 36
DIREÇÃO ELÉTRICA 36
Vantagens da Direção Elétrica 36
Princípio de Funcionamento 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
INTRODUÇÃO
Desde o início, os veículos automotores passaram por várias modificações, sempre visando
melhorias em relação à segurança e conforto para os motoristas e passageiros que os
utilizam em diversas condições.
Essas modificações vão desde pneus, que garantem uma boa aderência em solos molhados
ou secos, até bancos mais anatômicos que possibilitam ao condutor dirigir por horas sem
se cansar, evitando com isso acidentes provocados por falhas humanas e garantindo um
maior conforto para os seus passageiros.
Um dos sistemas que com o passar dos anos também sofreu alterações foi o sistema de
direção. Esse sistema é um dos mais importantes encontrado no veículo, pois é ele que
confere o direcionamento do veículo em manobras, em tráfego de linha reta ou curva, tanto
em baixa como em alta velocidade, sem oferecer desgaste prematuro dos pneus e
componentes da suspensão.
Uma modificação que o sistema recebeu foi a adoção de um sistema hidráulico que auxilia
o funcionamento do sistema mecânico. Esse sistema hidráulico atualmente está sendo
substituído por sistemas eletro-hidráulico ou elétrico.
CONCEITOS
Antes de falarmos sobre a direção hidráulica, vamos comentar sobre as evoluções do sistema
de direção e geometria de direção para podermos entender melhor sobre a necessidade de
assistência hidráulica nesse conjunto.
Com o passar do tempo, o peso e a velocidade final dos veículos aumentaram, tornando
necessário que a direção ficasse mais precisa e conseqüentemente mais leve. Para isso, o
sistema de direção conta com relações de redução elevadas entre as engrenagens de
acoplamento para facilitar as manobras em velocidades baixas, mas isto aumenta muito o
ângulo de giro do volante e dificulta o controle do veículo em velocidades mais altas.
1910 - Surge o primeiro sistema de direção manual nos EUA pela empresa JAYCOX.
1958 - As primeiras caixas de direções com pinhão e cremalheira utilizadas no Brasil foram
no veículo DKW.
1980 - Surge o conceito de direção hidráulica pinhão e cremalheira (rack & pinion).
1993 - Surge na Europa, aplicado no RENAULT Clio, as direções EHPS (Eletric Hydraulic
Power Steering) onde o acionamento da bomba hidráulica é realizado eletricamente. Em
1997, utilizada pela OPEL na Alemanha e MANDO no Japão.
Década de 2000 - Início da utilização do sistema EPS (Eletric Power Steering), sistema de
direção totalmente elétrico já aplicado em alguns veículos na Europa como o Corsa da
OPEL, Punto da FIAT e Lupo da VW.
Com essas mudanças geradas pelo sistema de direção hidráulica, o veículo tornou-se
instável em altas velocidades e para corrigir este problema, o ângulo cáster foi corrigido
para valores mais positivos.
TEORIA HIDRÁULICA
Lei de Pascal
Uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido em equilíbrio transmite-se a
todos os pontos do fluido e às paredes que o contêm.
Exemplo
Todo líquido por ser incompressível pode ser aplicado como um meio de transmissão e/ou
multiplicação de forças.
FLUIDO HIDRÁULICO
Outras funções que o fluido deve possuir para determinar sua qualidade são as de:
manter a viscosidade estável em ampla faixa de temperatura;
possuir estabilidade térmica;
ser inibidor de ferrugem e corrosão;
impedir formação de lodo e goma (detergência);
diminuir formação de espuma;
separar a água (higroscópio);
ser compatível com as vedações.
RESERVATÓRIO DE ÓLEO
Tem como objetivo o depósito de óleo que está em circulação, refrigeração
e eliminação de impurezas que possam surgir no sistema. Alguns modelos
são providos de pastilha magnética ou filtros. Para qualquer que seja sua
aplicação, o reservatório deve obrigatoriamente estar instalado acima do
nível da instalação da bomba hidráulica devido sua alimentação por
gravidade, caso contrário está sujeito a problemas de cavitação ou aeração.
Sua aplicação pode ser diretamente acoplada à bomba hidráulica, conhecida como integrada
ou aplicada separadamente da bomba, conhecida como remoto.
MANGUEIRA DE PRESSÃO
É a responsável pela circulação de óleo da bomba hidráulica para o mecanismo de direção,
trabalha em condição de altíssima pressão e temperatura. Dentro de suas características
de trabalho está a absorção de ruídos provocados pelas elevações de pressão do sistema.
BOMBA HIDRÁULICA
É composta por rotor, palhetas, válvula controladora de vazão e pressão que tem por função
gerar vazão e controlar a pressão do sistema. A bomba é acionada pelo motor do veículo
através de uma correia e uma polia montada por interferência no seu eixo.
MANGUEIRA DE RETORNO
É a responsável pela circulação de óleo do mecanismo de direção
para o reservatório de óleo.
BOMBA HIDRÁULICA
GERAÇÃO DE VAZÃO
Com o conjunto fechado por duas placas (pratos de encosto e pressão) formam-se câmaras
de bombeamento entre as palhetas, o rotor e o anel.
Na abertura de entrada, um vácuo parcial é criado quando aumenta o espaço entre o rotor e
o anel. O óleo que entra nestes espaços fica confinado nas câmaras, sendo empurrado
para abertura de saída quando este espaço diminui. A velocidade de deslocamento do óleo
depende da rotação da bomba. Após a saída do óleo do conjunto rotativo, ele é direcionado
à zona de controle de vazão através das placa inferior e dos canais no fundido da carcaça.
Neste tipo de bomba, o anel elíptico possui duas aberturas de entrada e duas de saída,
dispostas a 180° de forma que as forças de pressão ou sucção no rotor se anulem, evitando
o surgimento de uma força radial no eixo e na bucha, prolongando assim a durabilidade da
bomba.
Porém, para este tipo de bomba é necessário que a carcaça possua um canal para a
lubrificação da bucha. Nas bombas com rolamento, este canal não existe.
CONTROLE DE VAZÃO
Esse controle determina a vazão fornecida ao sistema em função do volume do cilindro do
mecanismo de direção e do tempo de resposta (sensibilidade) requerido para a mesma.
Vazão constante
A vazão do óleo direcionada do grupo rotativo será determinada por um furo calibrado no
conjunto regulador de vazão. Por não existir uma variação de diâmetro por onde passa o
óleo, será obtida uma vazão constante em diferentes faixas de rotação da bomba.
Controle eletrônico - este tipo de controle é formado por um módulo eletrônico e uma
válvula eletrônica. De acordo com a velocidade do veículo que é informada ao módulo,
este faz variar a tensão de alimentação da válvula controladora, variando assim a vazão
do óleo para o sistema.
CONTROLE DE PRESSÃO
Em função das forças de reação do sistema de direção, geometria de direção, suspensão,
carga sobre o eixo e pneus entre outros fatores, existirá no sistema hidráulico uma elevação
de pressão que atendendo as especificações de cada projeto auxiliará no esforço de
acionamento da direção.
Quando ocorrer variação de resistência, como por exemplo, num final de curso de direção
haverá uma súbita elevação da pressão que é limitada e controlada por uma válvula de alívio
existente no interior da bomba. Essa pressão controlada é chamada de pressão de alívio.
Essa válvula com função de um by-pass evita que a bomba continue comprimindo o óleo
podendo causar danos a algum componente do sistema como uma mangueira, mecanismo
de direção ou a própria bomba.
Vazão x Pressão
Potência =
426 (constante)
onde:
Potência - CV (1CV = 0,986 HP)
Vazão - LPM
Pressão - Kgf/cm² (Bar)
Exemplo de uma bomba com capacidade para 8,0 LPM estando com uma pressão de 98
Bar (1.400PSI)
8 x 98
Potência =
426
PINHÃO E CREMALHEIRA
Um mecanismo de direção tipo pinhão e cremalheira (rack & pinion) consiste de um sistema
de engrenamento entre um pinhão e uma cremalheira com finalidade de converter o
movimento rotativo do volante em um movimento linear da cremalheira, que com suas
articulações nas extremidades provocam mudanças no posicionamento das rodas.
C.T.O (CENTER TAKE-OFF) - caracterizado pela montagem das barras de direção (tie
rods) no centro do conjunto cremalheira.
E.T.O (END TAKE-OFF) - caracterizado pela montagem das barras laterais (inner tie
rods) em cada extremidade da cremalheira.
Esse sistema é constituído de eixo sem fim e esferas recirculantes, sendo que com o
acionamento do eixo de entrada ocorre um deslocamento linear no pistão que está engrenado
a um eixo pitman, que por sua vez articula o barramento de direção.
A válvula rotativa está dividida em duas partes, uma de ação e a outra resistiva interligadas
por uma barra de torção.
Lado de ação - está ligado ao volante de direção e é formado pelo corpo externo da válvula
rotativa onde estão alojados os anéis de vedação.
Lado resistivo - está engrenado à cremalheira e é formado pelo pinhão e pelo carretel
interno da válvula rotativa.
Barra de torção - a barra de torção é uma fina haste metálica que se torce quando um
torque é aplicado a ela. A quantidade de torque que atua na barra de torção é igual à quantidade
de torque que o motorista utiliza para virar as rodas. Quanto mais torque o motorista usa
para girar as rodas, maior será a torção da barra. À medida que a barra se torce, ela gira o
interior da válvula em relação ao lado externo abrindo passagens para o óleo de acordo com
a necessidade.
As condições que determinam as passagens que devem ser abertas surgem quando o
veículo está em linha reta ou em manobras.
Veículo em manobras
Na condição de manobra ocorre o torque na barra de torção que causa um desalinhamento
dos furos da válvula rotativa direcionando a vazão do óleo para um dos lados do cilindro no
mecanismo de direção. Neste momento devido às resistências do sistema (pneus no solo,
geometria de suspensão, etc.) ocorre uma elevação de pressão que agindo sobre a área do
pistão resulta numa força auxiliar para o esterçamento da roda para o lado desejado.
O deslocamento do pistão empurra o óleo que não está pressurizado de volta ao reservatório,
através da válvula rotativa e mangueira de retorno.
Se o esforço do volante é mantido em final de curso, a pressão continua a subir até que
ocorra o acionamento da válvula de alívio no interior da bomba, que mantém assim a pressão
controlada.
Quando o esforço é aliviado no final de curso, a válvula rotativa volta para a posição de
repouso e o sistema trabalha em condição de livre circulação, que provoca queda de pressão.
Um outro tipo de válvula rotativa formada por uma válvula com dois pistões também é utilizada.
No momento do seu acionamento, gera o movimento de dois pistões montados internamente
na válvula que alimentam o cilindro no momento do esterçamento da direção.
Com o veículo trafegando em linha reta, os pistões estão alinhados permitindo uma vazão
igual para os dois lados do cilindro.
DIREÇÃO ELETRO-HIDRÁULICA
A principal diferença desse sistema para o sistema convencional é que a pressão necessária
para o funcionamento do sistema de direção é gerada por uma bomba hidráulica acionada
por um motor elétrico. Esse sistema é composto, além do motor elétrico, por um sensor de
velocidade angular e uma unidade de comando de direção eletro-hidráulica (módulo).
FUNCIONAMENTO
O esforço necessário para girar o volante depende do ângulo de direção e da velocidade do
veículo. O sensor de velocidade angular localizado na caixa de direção informa à unidade de
comando a velocidade angular da coluna de direção. A unidade de comando compara o
ângulo da direção com a velocidade do veículo informada através da rede CAN. Com essas
informações, determina a força auxiliar que irá reduzir o esforço necessário para girar o volante.
Quando o ímã do rotor está diretamente na área do sensor, é gerada uma tensão. O valor
desta tensão é proporcional à tensão de alimentação do sensor e dos ímãs permanentes.
Com o movimento rotacional, esse ímã que estava na área do sensor, sai de posição e
causa uma inversão no campo magnético do sensor, reduzindo a tensão.
Avaliação do sinal
O sinal do sensor é necessário para a unidade de comando reconhecer os movimentos da
direção. Quanto maior a velocidade angular da direção, maior será o número de rotações da
bomba e conseqüentemente o volume de óleo (desconsiderando a velocidade do veículo).
Este conjunto não permite reparos pois não é desmontável. A lubrificação interna é realizada
pelo próprio óleo hidráulico. A união da bomba com a caixa de direção é feita por um tubo de
pressão. O tubo de retorno do óleo hidráulico está fixado no reservatório.
Esta unidade possui proteção de altas temperaturas e tem função de reativação após falhas.
A aeração pode surgir também por uma falha de vedação em regiões de trabalho do óleo
com pressão negativa, geralmente na linha de alimentação.
Com o sistema em repouso, as micro bolhas ficam agrupadas e isto facilita sua eliminação.
Em alguns casos de aeração é necessário esgotar todo o sistema para substituição do
óleo.
DIREÇÃO ELÉTRICA
Este sistema tem por finalidade utilizar um equipamento eletromecânico para reduzir o esforço
do motorista, tanto em baixa quanto em alta velocidade. Esse sistema também utiliza sinais
da velocidade do veículo e da velocidade do ângulo de esterçamento para atuar.
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
O equipamento é composto por um motor elétrico, uma unidade de comando eletrônica e
sensores ópticos de torção.
Para realizar essa modulação, a unidade de comando faz a leitura dos sinais do sensor
óptico de torção e do sensor de velocidade do veículo.
A coluna de direção possui uma barra de torção que é acionada de acordo com o movimento
gerado pelo motorista e dois sensores ópticos que verificam a torção da barra no momento
do esterçamento.
Este sistema possibilita também um auxílio no retorno de direção, fazendo com que este
seja muito mais rápido se comparado com o sistema servo-hidráulico. Essa correção varia
de acordo com a velocidade do veículo, máxima em baixa velocidade e mínima em alta
velocidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS