Adoração No Antigo Testamento

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

ADORAÇÃ O NO ANTIGO TESTAMENTO

Por Joelson Gomes

Texto Base: Sl. 96

Texto áureo: Sl. 95. 6.

Objetivo da lição: Ao término da lição o aluno deverá conhecer os termos


usados para adoração, compreender sobre o desenvolvimento da prática, e
refletir sobre princípios atemporais da adoração na Antiga Aliança que podem
ser aplicados hoje.

A Bíblia na semana

Seg. Sl. 149


Ter. 2Cr. 5. 2-14
Qua. Êx. 3. 1-6
Qui. Is. 1. 10-17
Sex. Is. 58. 1-12
Sáb. Sl. 150
Dom. Sl. 96

INTRODUÇÃO

O tema da adoração no Antigo Testamento aparece desde seus capítulos


iniciais, já com os primeiros filhos do primeiro casal temos a noção de oferecer
sacrifícios em adoração ao Senhor (Gn. 4). O povo de Israel foi chamado para
ser um povo adorador no Antigo Testamento, a finalidade de Deus tirar o povo
da escravidão era para que este povo reunido em uma grande assemble
ia o “servisse” (adorasse) (Êx. 7.16; 8.20). Deus criou as pessoas para Sua
glória e é assim que se deve viver (Is. 43.7). 
Mas, se o Antigo Testamento fala de adoração, como era esta adoração? Seria
como eu penso? Tenho o conceito correto sobre ela? O que as pessoas fazem
hoje na maioria das igrejas e eventos ditos cristãos pode ser comparável a
adoração descrita nesta primeira parte da Bíblia?
Esta lição se propõe a lidar com o tema adoração de forma a oferecer
elementos para que você possa ao fim do estudo ter pistas para responder as
perguntas feitas acima. Tome uma posição confortável porque o assunto é
ótimo.

I- Conhecendo algumas palavras hebraicas.


Quando pensamos na adoração no Antigo Testamento existem alguns termos
hebraicos fundamentais que precisamos conhecer, aliás, a definição das
palavras é de importância crucial para que entendamos sua função e conteúdo.

a) Hishahawah. Esta palavra significa literalmente “curvar-se”. O uso dela


enfatiza a posição correta do adorador, na qual deve chegar diante da
divindade. “O significado pleno da palavra se vê quando empregada em
referência a um hebreu que se achega a Deus em total reverência,
reconhecendo-o como o grande Rei e Senhor soberano (Gn 24.52; 2Cr 7.3;
29.29)" (Ralph P. Martyn. Adoração na Igreja Primitiva, p. 18).

b) Abodâh. Aqui temos outro termo muito importante. É traduzida como serviço
e vem da mesma raiz de “ebed”: servo, escravo. O homem temente a Deus no
Antigo Testamento se deleitava em ser chamado servo dEle (veja Sl. 116.16).
Vale notar que esta palavra não significava ser rebaixado, cativo, mas tem a
conotação de relacionamento entre o Senhor bondoso e seu servo (Êx. 21.1-6).
Por isso os grandes líderes são chamados “servos de Deus” (Sl. 89. 3, 20).

c) Sachah. Este vocábulo significa prostrar-se, curvar-se (Lv. 26.1; Sl.


99.5),  dando com isso a entender uma atitude de total reverência.
Quando se observa com atenção as palavras usadas para o adorador e o ato
de adorar no Antigo Testamento, vemos que a pessoa é convocada a
comparecer diante de Deus e deve atender este chamado em total reverência
(veja Sl. 42; 43; 65; 84; 122).

II- Desenvolvimento da prática da adoração no período antigo.

Durante todo tempo as páginas do Antigo Testamento notamos uma evolução


na prática da adoração. Observe: 

a) Adoração primitiva. O primeiro registro de culto que temos está em


Gênesis 4.1-7. Ali os dois irmãos Caim e Abel vão juntos prestar culto ao
Senhor. E aqui Antônio Neves Mesquita faz uma observação importante; ele
supõe que a oferta de Caim foi rejeitada porque não foi acompanhada de um
espírito de adoração, mas ele estava apenas se conformando com a tradição
familiar. Caim traz apenas dos frutos, não há especificação; Abel traz do
melhor do rebanho, aqui há especificação. Caim é superficial, cumpre sua
religiosidade. Abel dá o melhor, intenso, homem de fé (Hb. 11.4), é adorador
(Estudo no Livro de Gênesis, pp. 114-116).

Nesta cena quem vai oferecer os sacrifícios são os próprios sacrificantes, não
existe sacerdote intermediário, é tudo muito simples. Nos inícios da adoração
no Antigo Testamento é sempre assim, há uma grande ênfase na adoração
doméstica, é o pai de família quem invoca Deus, constrói altares, oferece
sacrifícios (Gn. 8.20; 12.7; 26.25; 35. 1; Êx. 17.15). Esta adoração doméstica,
mesmo depois da construção do Tabernáculo não perece, a Páscoa que a
família israelita celebrava em casa é seu exemplo (Êx. 12), mas a ênfase vai
recair na adoração coletiva.

b) Adoração coletiva. O povo saiu da adoração particular para o culto coletivo


no templo, com muito simbolismo e liturgia rebuscada (1Cr. 29. 20-36; Sl. 42.4).
A construção da Tenda da Congregação estabelece todo um sistema de
adoração coletiva. Este sistema comportava:

1- Sacerdotes. Estes agiam como intermediários entre o povo e Deus (Êx. 28);


2- Sacrifícios. Desde o começo os holocaustos faziam parte da adoração
bíblica. O livro de Levítico divide-os em diversas categorias (Lv. 1-6).
3- Festas. A adoração do povo quase toda se concentrava em torno de
grandes festas (Lv. 23). Nestes dias todos os fieis deveriam se apresentar
diante de Deus com ofertas apropriadas; ninguém deveria ir a presença do
Senhor de mãos vazias (Dt. 16. 16-17). O sistema de culto visto no
Tabernáculo e depois no templo restringia a adoração a um lugar (templo), e a
uma casta de pessoas (sacerdotes), mostrando com isso a imperfeição que
permeava aquela dispensação (não se assuste dispensação é termo bíblico
(Ef. 3.2)). O autor de Hebreus diz que tudo aquilo tinha prazo de validade, e
acabaria quando Cristo, a realidade que cumpriu aqueles símbolos chegasse
(Hb. 8-10).

c) Adoração na sinagoga. Quando o povo do Reino do Sul foi levado ao


cativeiro para a Babilônia (o Reino do Norte já havia ido para a Assíria (2Rs.
17; 25)) perdeu seu templo, seu centro de culto. Então desenvolve-se nesta
situação as sinagogas, casas de instrução da Lei do Senhor, onde o povo se
reunia mesmo no exílio para estudar a Lei e adorar a Deus (veja André
Paul. Judaísmo Tardio, p. 170). O povo a terra, perde a liberdade, mas não
perde a adoração, ela é essencial na vida e é Deus quem o exige.

III- Princípios de adoração do Antigo Testamento.

É claro que a adoração do Antigo Testamento estava carregada de coisas que


foram postas “até ao tempo oportuno de reforma” (Hb. 9.10). “Quando, porem,
veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados” (Hb. 9.11), o que
estava envelhecido e prestes a desaparecer, passou (Hb. 8. 13), mas a tudo
subjaz alguns princípios atemporais que queremos observar.

a) A adoração deve ser verdadeira. Sim, no Antigo Testamento Deus deve


ser adorado do mais profundo do coração (Abel e sua fé), e não religiosamente
apenas (Caim e seus frutos). Os profetas condenavam veementemente o
formalismo religioso (1Sm. 15.22). A aparência vazia é recusada (Dt. 6.5; Is. 1.
10-17; 58; Ml. 1), e a retidão do povo é exigida (Am. 5. 24-27).

b) A Adoração deve ser só a Deus. O texto áureo do povo do Antigo


Testamento, os Dez Mandamentos, começa com a ordem expressa: “Não terás
outros deuses diante de mim” (Êx. 20. 3).  A idolatria, o ato de colocar qualquer
coisa no lugar, ou ao lado de Deus é expressamente condenada (Êx. 20.4-6;
1Rs. 13. 1ss; 14. 7ss; 18; Am. 4. 15; Os. 8.1; Mq. 5. 13ss).

c) A adoração deve ser sacrificial. O princípio do sacrifício: substituição pelo


pecado, ou oferta pacifica está estabelecido no culto do Antigo Testamento.
Ninguém se aproximava de Deus a seu bel prazer, o sacerdote era o
intermediário para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, bem como
ofertas de adoração (Lv. 1-6). O grande cume da adoração nacional era o Dia
da Expiação nacional (Lv. 16), onde o sumo sacerdote entrava no Santo dos
Santos, oferecendo um sacrifício por ele, e depois no Propiciatório (a tampa da
Arca da Aliança), oferecia um sacrifício pelo pecado nacional. Os pecados
devem ser expiados para se chegar a presença de Deus.
  
*Os dois altares. O caminho entre o altar do holocausto e o altar do incenso
(adoração) era salpicado com sangue do sacrifício. Sem o sangue do
holocausto ninguém chegaria ao altar do incenso. Este belo símbolo mostra
que a adoração tem que ser sacificial; só adora (altar do incenso) quem já foi
aspergido com o sangue (altar do holocausto). Deus só aceita adoração de
quem já foi lavado; culto só faz quem já foi purificado. Quem é convertido
encontrou não um altar, mas dois altares, em um está a sua purificação, no
outro a sua adoração (veja Sl. 84. 3).

d) A adoração deve ser reverente. Moisés quando teve uma visão de Deus
na Sarça foi advertido que até as sandálias tirasse (Êx. 3.1-5). No Sinai, o povo
na presença de Deus não podia se aproximar do monte, e o temor tomou conta
de todos (Êx. 19. 16-25; 20. 18-19). No Tabernáculo e no Templo só os
sacerdotes oficiavam e o manuseio dos objetos era para ser feito com o
máximo de cuidado. A presença de Deus sempre resulta em temor e
prostração (1Rs. 18. 38-39; 2Cr. 7.1-3; Sl. 95. 6; Is. 6. 1-5). O adorador ao
aproximar-se da Majestade divina deve fazer sabendo onde está pisando, ali é
lugar sagrado (Ec. 5. 1-20).

e) A adoração deve ser alegre. A reverência não exclui alegria. Não se pode
confundir reverência com morte, formalismo, frieza. O culto no Antigo
Testamento tinha muita movimentação, festa. O povo tocava, cantava,
dançava, se alegrava na presença de Deus (2Sm. 6; Sl. 95. 1-7; 100; 150). Os
Levitas eram encarregados da execução do canto e de tocar os instrumentos
(1Cr. 15.16; 16.4-6; 2Cr. 5. 12-14). O culto deve ser celebrativo, e exultante.

f) A Santa Convocação deve ser respeitada. Todo povo tinha o dever de


atender as “santas convocações” de Deus para coletivamente se unirem em
adoração (Lv. 23). Do mesmo jeito que a adoração particular tinha importância
na vida deles, a adoração coletiva, no Tabernáculo ou Templo, não poderia ser
descuidada. Uma não eliminava a outra. Quanto mais contrito com sua família
o homem fosse, mais deveria se unir aos outros na adoração.

CONCLUSÃO

Nossa rápida analise da adoração no Antigo Testamento, mesmo eivada pelas


enormes limitações deste autor, nos abre os olhos para muitas coisas a
respeito deste tema. As palavras usadas demonstram a atitude de respeito e
reverência que todos devem ter para com Aquele que chama desde o principio
(começando com a primeira família da terra) adoradores. Encontramos todo
tipo de adoração (particular, coletiva) fazendo parte da vida as pessoas
naquela época, e princípios eternos são extraídos da maneira como Deus
organizou sua adoração.
A adoração bíblica tem o padrão de Deus, não se deve as preferências do
adorador, mas as diretrizes divinas. Assim, não está baseada nas emoções
(ainda que emotiva) do ser humano, mas na sadia Teologia de quem conhece
a Deus e a Sua palavra.
Precisamos hoje moldar nosso culto ao culto bíblico e creio que aqui tivemos
muitos princípios a serem seguidos em nossas vidas particulares e em nossas
igrejas.

Aprofundando.

1- Como você entende o culto?


2- Você acha que o que estudamos da adoração no AT pode ajudar? Em que?
3- Cite 03 características que vimos na adoração do AT.
4- Deus aceita culto de quem não é convertido?

Você também pode gostar