Seleção de Julgados STF e STJ (Administrativo) 2013 A 2019
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Sumário
DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................................................... 1
1.Princípios do direito administrativo: noção; relevância; tipologia; princípios constitucionais e infraconstitucionais
que regem a atividade administrativa; legalidade; impessoalidade; moralidade; publicidade; eficiência; p
reponderância e indisponibilidade do
interesse público; proporcionalidade; razoabilidade; motivação; continuidade; presunção de veracidade e de legalidad
e; autoexecutoriedade; autotutela; segurança jurídica; proteção à confiança; boa‐fé…………….............................………..2
2.Administração Pública: noção; relação com legislação e jurisdição; governo; constituição; federação; personalidade
jurídica; estrutura fundamental no Brasil; desconcentração; descentralização; órgãos públicos; hierarquia; delegação; a
vocação................................................................................................................................................................................. 4
3.Administração direta e indireta: noções; características; autarquias; fundações públicas; empresas públicas;
sociedades de economia mista; entes com situação peculiar (ordens e conselhos profissionais, fundações de apoio,
empresas controladas pelo poder público, serviços sociais autônomos, organizações sociais, organizações da s
ociedade civil de interesse público). ....... ............................................................................................................................ 5
4.Atividades da Administração Pública: tipologia; poder e função; poder normativo; poder disciplinar; poder
decorrente de hierarquia; poder vinculado; poder discricionário (evolução conceitual, mérito, justificativa, campos de
exercício, parâmetros, conceitos jurídicos indeterminados); poder regulamentar; poder normativo; poder hierárquico;
poder disciplinar.. ............................................................................................................................................................... 12
5.Poder de polícia: noções gerais; síntese evolutiva; fundamentos e finalidades; polícia administrativa; regime jurídico
geral; campo de atuação; meios de atuação; limites; possibilidade de delegação; características (
discricionariedade/vinculação, autoexecutoriedade e coercibilidade); requisitos de validade; proporcionalidade; s
anções; prescrição. ............................................................................................................................................................. 14
6.Ato administrativo; estado de direito; noção; elementos (agente competente, objeto, forma, motivo, finalidade); a
tributos (presunção de legitimidade/veracidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade); perfeição, vi
gência e eficácia; retroatividade e irretroatividade; tipologia; legalidade; mérito; ato de governo; “não ato”; vícios e
defeitos; desfazimento; nulidades; anulação e revogação; cassação; preservação (convalidação, ratificação e co
nversão). ............................................................................................................................................................................. 16
7.Processo Administrativo: tratamento constitucional e infraconstitucional; finalidades; devido processo legal no
âmbito administrativo; princípios específicos (contraditório, ampla defesa, duração razoável, formalismo moderado,
verdade material, oficialidade, gratuidade, pluralidade de instâncias, participação popular); tipologia; fases; Lei nº 9.78
4/1999 e suas alterações; reformatio in pejus; processo administrativo disciplinar; processo sumário; sindicância; ve
rdade sabida.. ..................................................................................................................................................................... 18
8.Licitação: noções gerais; tratamento normativo; legislação básica; princípios; modalidades (concorrência, tomada de
preços, convite, concurso, leilão e pregão); registro cadastral; registro de preços; comissão de licitação; fases do p
rocesso licitatório; instauração; habilitação; classificação; julgamento; homologação; adjudicação; inversão de fases; di
spensa e inexigibilidade; anulação e revogação; controle; aspectos penais.. ..................................................................... 25
9.Contratos da administração: tipologia; contratos clássicos (obras, serviços, compras, concessões e permissões); r
egime jurídico; mutabilidade; prerrogativas da Administração; cláusulas exorbitantes; alteração unilateral; e
quilíbrio econômico
financeiro; fiscalização; não invocação da exceção do contrato não cumprido; imposição de sanções; rescisão
unilateral; ocupação provisória de bens e serviços; duração; prorrogação; garantias; formalização; alteração;
imprevisão; fato do príncipe; recebimento do objeto; rescisão (por ato unilateral e escrito da Administração,
amigável e judicial); pagamento; contratos parcialmente regidos pelo direito privado; novas figuras contratuais;
terceirização.. ................................................................................................................................................................... 28
10.Servidores públicos: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado da Bahia; Regime Próprio de Previdência do
Estado da Bahia; terminologia; vínculos de trabalho (funções, cargos e empregos); noção; acessibilidade; cargos
públicos; regime jurídico; vencimento, remuneração e subsídio; estabilidade; vitaliciedade; acumulação de cargos; e
xercício de mandato eletivo; férias, décimo terceiro salário, licenças e direito de greve; sindicalização; aposentadoria e
pensão; limites de despesas com pessoal. responsabilidade dos servidores; poder disciplinar; regime disciplinar; proc
esso administrativo disciplinar; comunicabilidade de instâncias. ....................................................................................... 29
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11.Bens públicos: terminologia; síntese evolutiva; noção; tipologia; classificação; domínio do Estado; domínio privado;
uso de bem público por particular (normal, anormal, comum e privativo); alienação; afetação e desafetação;formação
do patrimônio público; regime jurídico geral; aquisição; terras devolutas; terrenos de marinha; terrenos marginais ou r
eservados; terras indígenas; ilhas; águas públicas; minas e jazidas. . ................................................................................. 61
12. Serviços públicos: caracterização; princípios específicos; tipologia; modos de prestação; concessão de serviço
público; conceito; características; concessão de serviço precedida de obra pública; Lei nº 8.987/1995 e suas alterações;
serviço adequado; direitos e deveres dos usuários; política tarifária; licitação; contrato; encargos do concedente e da
concessionária; intervenção; extinção; permissão e autorização de serviço público; arrendamento; franquia; parcerias
público‐privadas. ................................................................................................................................................................ 63
13.Intervenção na propriedade: noções gerais; tipologia; função social da propriedade; restrições e limitações a
dministrativas em geral; tombamento; ocupação temporária; requisição; servidão administrativa;desapropriação;
DIREITO ADMINISTRATIVO
- NEPOTISMO (952/2019): O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política,
como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em caso de cargos políticos, será possível
considerar a nomeação indevida nas hipóteses de: • nepotismo cruzado; • fraude à lei e • inequívoca falta
de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral do
nomeado.
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+ NEPOTISMO (914/2018): A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se
tratar de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa.
Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique
demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação
técnica ou inidoneidade moral do nomeado. Vale ressaltar que a simples dissonância entre a área de
formação e a área fim do cargo não é suficiente, por si só, para se afirmar a inequívoca ausência de
razoabilidade da nomeação.
o A palavra nepotismo “vem da raiz indo-europeia nepot, que significa neto e, também, sobrinho, uma
ambiguidade que se transmitiu ao latim, língua na qual nepos, nepotis também denotava tanto neto
como sobrinho. (...) A palavra nepotismo surgiu nos primeiros séculos do cristianismo, quando os
papas, que não tinham filhos ou não admitiam tê-los, concediam os melhores empregos e os favores
de Estado a seus sobrinhos, que com frequência eram, na realidade, seus filhos ilegítimos.
o O Min. Dias Toffoli definiu quatro critérios objetivos nos quais haverá nepotismo. Veja:
o ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação de parentesco entre a
autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou função
comissionada;
o relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante;
o relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou
assessoramento a quem estiver subordinada e
o relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce ascendência
hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante.
- NEPOTISMO (2016) - Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem
influência hierárquica sobre a nomeação.
o A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não decorre diretamente da
existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor público, mas
de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento tenha sido
direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo
de seleção.
- NEPOTISMO (706/2013) - É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo,
permitindo que sejam nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das
autoridades estaduais, além do cônjuge do Governador.
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o O nepotismo é vedado em qualquer dos Poderes da República por força dos princípios constitucionais
da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade, independentemente de previsão expressa em
diploma legislativo.
o Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal proibindo a sua prática, uma vez que tal
vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88 (STF. Rcl nº 6.702/PR-
MC-Ag).
o Nesse passo, a previsão da Lei goiana, ao permitir (excepcionar) a nomeação, a admissão ou a
permanência de até dois parentes das autoridades e do cônjuge do Chefe do Poder Executivo, ofende
diretamente a Constituição Federal.
- AUTOTUTELA (763/2014): A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-
se necessária a instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla
defesa. Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a
observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo.
- AUTOTUTELA (956/2019): Mesmo depois de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pública
pode anular a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, desde que
respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já recebidas.
o Segundo o princípio da autotutela (ou poder de autotutela), a Administração tem o poder-dever de
controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que forem ilegais e revogar os que se
mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Existem duas súmulas
do STF que preveem esse princípio:
o Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
o Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
o Autotutela não viola segurança jurídica nem direito líquido e certo. O poder-dever de autotutela
autoriza a Administração a proceder a revisão da condição de anistiado político, não havendo que se falar em
desrespeito ao princípio da segurança jurídica ou a direito líquido e certo.
o Não devolução dos valores já recebidos. Vale ressaltar que o anistiado político recebe uma reparação
econômica mensal, permanente e continuada. Desse modo, João recebeu, de 2003 a 2012, valores na
condição de anistiado político. Apesar de o ato de concessão ter sido anulado, o STF entendeu que João não
precisaria devolver as verbas já recebidas.
2 Administração Pública: noção; relação com legislação e jurisdição; governo; constituição; federação; perso
nalidade jurídica; estrutura fundamental no Brasil; desconcentração; descentralização; órgãos públicos;
hierarquia; delegação; avocação.
3.Administração direta e indireta: noções; características; autarquias; fundações públicas; empresas públicas
; sociedades de economia mista; entes com situação peculiar (ordens e conselhos profissionais, fundações d
e apoio, empresas controladas pelo poder público, serviços sociais autônomos, organizações sociais, or
ganizações da sociedade civil de interesse público).
- SANÇÕES: Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros
restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as
providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
CONSELHOS PROFISSIONAIS
- FUNDAÇÃO (946/2019): RE - A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime
público ou privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e ii) das atividades por ela
prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como
objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se
submeter ao regime jurídico de direito privado.
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- ORGANIZAÇÃO (944/2019): É proibida a extinção, por ato unilateralmente editado pelo chefe do Poder
Executivo, de colegiado cuja existência encontre menção em lei em sentido formal, ainda que ausente a
expressa referência “sobre a competência ou a composição. O STF, em medida cautelar, declarou a
inconstitucionalidade dessa previsão, considerando que a extinção desses colegiados mencionados em lei
somente poderia ocorrer também mediante lei (e não por decreto).
- AGÊNCIA REGULADORA (889/2018): É CONSTITUCIONAL a previsão de que a ANVISA pode proibir produtos
e insumos em caso de violação da legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive cigarros com sabor e
aroma. Além disso, o STF, após empate na votação, manteve a validade da Resolução RDC 14/2012-ANVISA,
que proíbe a comercialização no Brasil de cigarros com sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não possui
eficácia erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer que, provavelmente, as empresas continuarão
ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a Resolução é inconstitucional e pedindo a
liberação da comercialização dos cigarros com aroma. Os juízes e Tribunais estarão livres para, se assim
entenderem, declararem inconstitucional a Resolução e autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas
decisões nesse sentido e que continuam valendo.
o A Ministra Relatora Rosa Weber, RELATORA, A despeito do direito fundamental à liberdade de iniciativa,
o Estado pode impor condições e limites para exploração de atividades privadas, tendo em vista a
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necessidade de sua compatibilização com os demais princípios, garantias e direitos fundamentais. No
caso do controle do tabaco, a saúde e o direito à informação devem ser protegidos. Assim, é possível à
ANVISA tomar medidas repressivas concretas para suspender ou evitar risco iminente à saúde.
o CORRENTE VENCIDA: O Min. Alexandre de Moraes, acompanhado por outros QUATRO Ministros,
entendeu que a ANVISA extrapolou suas atribuições legais ao proibir a venda dos cigarros
aromatizados. “A agência tem como função controlar, fiscalizar, dentro dos parâmetros legais. Em
momento algum a legislação de criação da agência permitiu que ela proibisse qualquer espécie de
produto derivado do tabaco", argumentou o Ministro.
- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (609/2017): Associação de Municípios e Prefeitos NÃO possui legitimidade ativa
para tutelar em juízo direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público. A representação judicial
dos Municípios, ativa e passivamente, deve ser exercida por seu Prefeito ou Procurador
o A representação do ente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado, haja vista
que se submete às normas de direito público. Assim sendo, não se pode admitir que haja uma
delegação para que uma pessoa jurídica de direito privado (associação) possa tutelar interesses de
pessoa jurídica de direito público (Município).
o Em qualquer tipo de ação, permitir que os Municípios sejam representados por associações equivaleria
a autorizar que eles dispusessem de uma série de privilégios materiais e processuais estabelecidos pela
lei em seu favor. E, como esses privilégios visam a tutelar o interesse público, não há como os
Munícipios disporem deles ajuizando suas ações por meio de associações, pois o interesse público é
indisponível.
- MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO POR TJ (848/2016): O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo
personalidade jurídica própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato
do Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. Ex: mandado de segurança contra ato do
Governador que está atrasando o repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
+ EMPRESA PÚBLICA (919/2018): REPERCUSSÃO A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o
dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados. Quanto às demais empresas
públicas e sociedades de economia mista, o STF afirmou que ainda não decidiu o tema, ou seja, terá que ser
analisado caso a caso. Assim, por enquanto, essa decisão, ao menos formalmente, só se aplica para os
Correios (retificou decisão de 2013 em sede de ED).
o Os servidores dos Correios, mesmo admitidos por concurso público, não gozam da estabilidade
preconizada no art. 41 da CF/88. No entanto, apesar de não possuírem estabilidade, somente podem
ser demitidos por meio de um procedimento formal, assegurado ao empregado o direito ao
contraditório e à ampla defesa, e ao final, esta demissão deverá ser sempre motivada.
o Os Correios possuem natureza jurídica de direito privado, mas se submetem a um regime híbrido, ou
seja, sujeitam-se a um conjunto de limitações que tem por objetivo a realização do interesse público.
o No caso, a motivação da demissão é justificada com base nos princípios da isonomia e impessoalidade,
evitando favorecimento ou perseguição de empregados públicos.
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o Além disso, como os empregados são admitidos por concurso público, não é razoável que sejam
dispensados de forma imotivada, ou seja, sem que se observe um paralelismo entre a admissão e a
dispensa.
+ EMPRESA PÚBLICA (910/2018): Não se submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas
de personalidade jurídica de direito privado com patrimônio próprio e autonomia administrativa que
exerçam atividade econômica sem monopólio e com finalidade de lucro.
+ SEM – PRECATÓRIOS (920/2018): ADPF - Sociedade de economia mista prestadora de serviço público NÃO
CONCORRENCIAL está SUJEITA ao regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de
sofrer constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao princípio da legalidade
orçamentária (art. 167, VI, da CF/88) e da separação funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). É
inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens de sociedade de economia mista
prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento de débitos trabalhistas.
- NOMEAÇÃO DE DIRIGENTES (755/2014): É constitucional lei estadual que condiciona a nomeação dos
dirigentes de AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Por outro lado, é
inconstitucional exigir essa prévia aprovação da ALE se os dirigentes forem de EMPRESAS PÚBLICAS e
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.*
É inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da administração indireta forneçam à ALE a
declaração atualizada de seus bens e de suas ocupações para serem fiscalizados pelo Parlamento. Tal
situação viola a separação de poderes.**
o *O Supremo entendeu que a lei não poderia ter feito essa mesma exigência no que tange aos
dirigentes de empresa pública e de sociedade de economia mista, considerando que tais empresas
submetem-se, em regra, ao regime traçado pelo art. 173 da CF/88, que não prevê a possibilidade de
controle prévio pelo Poder Legislativo quanto às nomeações dos dirigentes.
o **O STF entendeu que tais informações encontram-se protegidas por sigilo fiscal. Além disso,
considerou-se que isso viola o princípio da separação dos Poderes em virtude de outorgar à
Assembleia Legislativa competência para fiscalizar, de modo rotineiro e indiscriminado, a evolução
patrimonial dos postulantes de cargos de direção da Administração Indireta do Estado-membro e de
seus ex ocupantes, bem como as atividades por eles desenvolvidas nos dois anos seguintes à
exoneração. A Corte destacou que essas atribuições não teriam relação direta com as funções
próprias do Legislativo.
4.Atividades da Administração Pública: tipologia; poder e função; poder normativo; poder disciplinar; poder
decorrente de hierarquia; poder vinculado; poder discricionário (evolução conceitual, mérito, justificativa, c
ampos de exercício, parâmetros, conceitos jurídicos indeterminados); poder regulamentar; poder normativo
; poder hierárquico; poder disciplinar.
- FOSFOETANOLAMINA (2016): O Plenário, por decisão majoritária, deferiu medida liminar em ação direta de
inconstitucionalidade para suspender a eficácia da Lei 13.269/2016, que autoriza o uso do medicamento
fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna, a despeito da inexistência de
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 13
estudos conclusivos no tocante aos efeitos colaterais em seres humanos, bem assim de ausência de registro
sanitário da substância perante o órgão competente.
o Sucede que, ao dever de fornecer medicamento à população contrapõe-se a responsabilidade
constitucional de zelar pela qualidade e segurança dos produtos em circulação no território nacional,
ou seja, a atuação proibitiva do Poder Público, no sentido de impedir o acesso a determinadas
substâncias.
o A lei em debate é casuística ao dispensar o registro do medicamento como requisito para sua
comercialização, e esvazia, por via transversa, o conteúdo do direito fundamental à saúde.
o O Tribunal vislumbrou, na publicação do diploma impugnado, ofensa à separação de Poderes. Ocorre
que incumbe ao Estado, de modo geral, o dever de zelar pela saúde da população. Entretanto, fora
criado órgão técnico, autarquia vinculada ao Ministério da Saúde (Anvisa), à qual incumbe o dever de
autorizar e controlar a distribuição de substâncias químicas segundo protocolos cientificamente
validados. A atividade fiscalizatória (CF, art. 174) é realizada mediante atos administrativos concretos
devidamente precedidos de estudos técnicos. Não cabe ao Congresso, portanto, viabilizar, por ato
abstrato e genérico, a distribuição de qualquer medicamento.
OBS: O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. (Informativo 941/2019)
- TRANSPORTE (640/2019): O Superior Tribunal de Justiça carece de competência constitucional para ampliar
os modais de transporte interestadual submetidos ao regime da gratuidade, prevista na Lei n. 8.899/1994 e
nos atos normativos secundários que a regulamentam. A Lei nº 8.899/94 previu que as pessoas com
deficiência possuem direito à gratuidade no transporte coletivo interestadual. Esta Lei foi regulamentada pela
Portaria Interministerial nº 003/2001, que, no entanto, afirmou que apenas as empresas de transporte
rodoviário, ferroviário e aquaviário teriam o dever de oferecer essa gratuidade. Houve, assim, uma omissão
quanto ao transporte aéreo.
o O MP propôs ação civil pública na qual pretendia garantir a gratuidade também no transporte aéreo.
o O Poder Judiciário não deve intervir no campo da discricionariedade reservada ao legislador, não
podendo estender, com base em um esforço interpretativo, a gratuidade reservada às pessoas com
deficiência para o transporte aéreo. Isso porque não compete ao Poder Judiciário, a pretexto da defesa
de direitos fundamentais que dependem de detida regulamentação, legislar positivamente, ampliando
benefícios a determinado grupo sem previsão expressa do método de custeio, onerando
indiretamente os usuários pagantes até o ente federativo competente assumir o encargo, máxime em
se tratando do transporte aéreo, permeado de peculiaridades a exigir uma abordagem mais específica
da gratuidade.
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o Na hipótese de se verificar omissão legislativa, incumbe ao interessado legitimado lançar mão dos
remédios constitucionais disponíveis para suprir a inatividade legislativa
o A atividade criativa do órgão judicante ganha contornos dramáticos em se tratando da consecução de
políticas públicas, isto é, de natureza prestacional, especialmente quando não determinada a origem
dos recursos para a sua execução, como é o caso do transporte aéreo gratuito na atual conjuntura da
legislação.
o Com efeito, por mais tentadora e necessária a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais para
lhes resguardar a eficácia máxima, sobretudo porque fundados na dignidade da pessoa humana, não
há como se esquecer que o papel constitucional do STJ é o de intérprete da legislação federal. O
sistema infraconstitucional leva a crer que a propalada omissão legislativa foi voluntária, ou melhor,
contemplou hipótese de silêncio eloquente. A discussão para saber se os motivos desse silêncio são
legítimos ou não é outra. No entanto, o certo é que houve uma intenção deliberada do legislador.
o A própria Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, tratado do qual o Brasil foi
signatário e incorporou à ordem jurídica nacional em conformidade com o procedimento legislativo
reservado às emendas constitucionais (art. 5º, §3º, da CF), prevê que as pessoas com deficiência
possuem direito à mobilidade, mas sem exigir que haja gratuidade. Posteriormente, sobreveio o
Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que novamente silenciou sobre o tema da
gratuidade do transporte.
5.Poder de polícia: noções gerais; síntese evolutiva; fundamentos e finalidades; polícia administrativa;
regime jurídico geral; campo de atuação; meios de atuação; limites; possibilidade de delegação;
características (discricionariedade/vinculação, autoexecutoriedade e coercibilidade); requisitos de v
alidade; proporcionalidade; sanções; prescrição.
Súmula 510-STJ 2014: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está
condicionada ao pagamento de multas e despesas.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar
com base em seu poder de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicional.
2) O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios,
quando não existir legislação local específica, é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto n.
20.910/32, sendo inaplicáveis as disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à
Administração Pública Federal Direta e Indireta.
3) Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. (Súmula n. 467/STJ) (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 324)
4) A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu
poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o
licenciamento seja do município ou do estado.
5) Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o
IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já que não se confunde a competência para
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licenciar com a competência para fiscalizar.
6) O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de polícia para impor sanções
administrativas relacionadas à transgressão dos preceitos ditados pelo Código de Defesa do Consumidor
art. 57 da Lei n. 8.078/90.
7) O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal CEF por infração às normas
do Código de Defesa do Consumidor, independentemente da atuação do Banco Central do Brasil.
8) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da delegação do poder de
polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo, não podendo ser considerada relação de
trabalho e, por consequência, não está incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista.
9) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia mista, facultado o
exercício do poder de polícia fiscalizatório.
10) É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento quando notório o exercício
do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente municipal, sendo dispensável a comprovação do
exercício efetivo de fiscalização.
11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço prestado
pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia
do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a
regularidade desses equipamentos.
12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários
decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários CVM, visto que os efeitos da
Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata e se prolongam enquanto perdurar o enquadramento da
empresa na categoria de beneficiária de incentivos fiscais.
13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de Desenvolvimento e
Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa, tendo em vista
que o seu pagamento é compulsório e decorre do exercício regular de poder de polícia.
- PODER DE POLÍCIA – TRÂNSITO (937/2019): CTB PODE exigir a quitação do pagamento dos tributos,
encargos e multas como condição para que o veículo possa circular. O CTB prevê que só poderá ser expedido
novo certificado de registro de veículo e novo certificado de licenciamento anual se ficar comprovado o
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 16
pagamento dos débitos relativos a tributos, encargos e multas vinculadas ao veículo, independentemente
da responsabilidade pelas infrações cometidas (arts. 124, VIII, 128, e 131, § 2º). Tais dispositivos são
constitucionais e não limitam o direito de propriedade. Além disso, não se constituem em sanções políticas.
Resolução do CONTRAN não pode estabelecer penalidades, devendo as sanções ser previstas em lei em
sentido formal e material
o A Fazenda Pública deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou
extrajudiciais (lançamento tributário, protesto de CDA) legalmente previstos. O Fisco possui, portanto,
instrumentos legais para satisfazer seus créditos. Justamente por isso, a Administração Pública não
pode proceder à cobrança do tributo por meios indiretos, impedindo, cerceando ou dificultando a
atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte devedor. Quando isso ocorre, a jurisprudência
afirma que o Poder Público aplicou “sanções políticas”, ou seja, formas “enviesadas de constranger o
contribuinte, por vias oblíquas, ao recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs.: apreensão
de mercadorias, não liberação de documentos, interdição de estabelecimentos. A cobrança do tributo
por vias oblíquas (sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF e STJ
o A circulação dos veículos pressupõe o atendimento das formalidades legais e, por isso, a renovação da
licença se dá anualmente.
o Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código, da legislação
complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas
administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo XIX. Parágrafo único.
As infrações cometidas em relação às resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas
administrativas definidas nas próprias resoluções.
- PODER DE POLÍCIA (647/2019):A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de
câmbio é equiparada a instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Bacen.
6.Ato administrativo; estado de direito; noção; elementos (agente competente, objeto, forma, motivo, f
inalidade); atributos (presunção de legitimidade/veracidade, imperatividade, autoexecutoriedade e t
ipicidade); perfeição, vigência e eficácia; retroatividade e irretroatividade; tipologia; legalidade; mérito;
ato de governo; “não ato”; vícios e defeitos; desfazimento; nulidades; anulação e revogação; cassação; p
reservação (convalidação, ratificação e conversão) .
- MOTIVAÇÃO POSTERIOR (2013): O ato de remoção de servidor público por interesse da Administração
Pública deve ser motivado. Caso não o seja, haverá nulidade. No entanto, é possível que o vício da ausência
de motivação seja corrigido em momento posterior à edição dos atos administrativos impugnados. Assim,
se a autoridade removeu o servidor sem motivação, mas ela, ao prestar as informações no mandado de
segurança, trouxe aos autos os motivos que justificaram a remoção, o vício que existia foi corrigido.
o Sobre o tema, ensina Celso Antônio Bandeira de Mello: “o que mais importa é haver ocorrido o motivo
perante o qual o comportamento era obrigatório, passando para segundo plano a questão da
motivação. Assim, se o ato não houver sido motivado, mas for possível demonstrar ulteriormente, de
maneira indisputavelmente objetiva e para além de qualquer dúvida ou entredúvida, que o motivo
exigente do ato preexistia, dever-se-á considerar sanado o vício do ato”. (Curso de Direito
Administrativo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 375).
- ATO PRATICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 9.784/99 (508/2012): O STJ possui o entendimento de que o
prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à sua
promulgação, iniciou-se a partir da data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua publicação, em
01/02/1999. Assim, caso o ato ilegal tenha sido praticado antes da Lei nº 9.784/99, a Administração teve o
prazo de 5 anos a contar da vigência da aludida norma para anulá-lo.
- ATO QUE AFRONTA A CONSTITUIÇÃO (741/2014): Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade
de cartório quando a vacância do cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso
público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser
anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional
autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso
público era obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro.
o Se há uma inconstitucionalidade flagrante, a pessoa que está se beneficiando dessa situação não está
de boa-fé, já que deveria saber que aquela situação é incompatível com o ordenamento jurídico.
o A parte final do art. 54 menciona que esse prazo não se aplica se ficar demonstrada a má-fé do
beneficiário. Logo, estando Pedro de má-fé (porque a inconstitucionalidade era evidente), a ele não pode ser
aplicado o prazo decadencial.
- INSCRIÇÃO CADASTRO DE DEVEDORES DA UNIÃO (2015): O Estado só pode sofrer restrições nos cadastros
de devedores da União por atos praticados pelo Poder Executivo. Dessa forma, atos do Legislativo, Judiciário,
Ministério Público, Tribunal de Contas e dos entes da Administração Pública indireta (como as autarquias e
as empresas públicas) não podem gerar sanções da União contra o Estado, diante da ausência de ingerência
direta do Executivo sobre eles.
o O que é o princípio da intranscendência subjetiva das sanções? O princípio da intranscendência
subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições que superem a dimensão estritamente
pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito. Na jurisprudência do
STF encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em casos envolvendo inscrição de Estados e
Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:
o 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela gestão anterior
o 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos
outros Poderes que não o Executivo
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 18
SÚMULA VINCULANTE 3 – STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão.
Súmula 373 STJ - É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula 591-STJ 2017: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
Súmula 592-STJ 2017: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
Súmula 611-STJ 2018: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é
permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração.
Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de
atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária,
aos estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.
Súmula 635-STJ 2019: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data
em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do
fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
PROCESSO ADMINISTRATIVO
1) No âmbito de recurso ordinário, a decadência administrativa prevista no art. 54 da Lei n. 9.784/1999
pode ser reconhecida a qualquer tempo e ex officio, por se tratar de matéria de ordem pública, sendo
indispensável seu prequestionamento nas instâncias especiais.
2) Diante da ausência de previsão legal, o prazo decadencial de cinco anos do art. 54, caput, da Lei n.
9.784/1999 é insuscetível de suspensão ou de interrupção, devendo ser observada a regra do art. 207 do
Código Civil.
3) A superveniência da Lei Distrital n. 2.834/2001 não interrompe a contagem do prazo decadencial
iniciado com a publicação da Lei n. 9.784/1999, uma vez que sua única finalidade é aplicar, no âmbito do
Distrito Federal, as regras previstas na referida lei federal.
4) O prazo decadencial para que a administração promova a autotutela, previsto no art. 54 da Lei n.
9.784/1999, aplica-se tanto aos atos nulos, quanto aos anuláveis.
5) As situações flagrantemente inconstitucionais não se submetem ao prazo decadencial de 5 anos
previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999, não havendo que se falar em convalidação pelo mero decurso do
tempo.
6) O prazo previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 para a administração rever seus atos não pode ser
aplicado de forma retroativa, devendo incidir somente após a vigência do referido diploma legal.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 20
7) A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de atos
administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos
estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. (Súmula n. 633/STJ)
8) Em se tratando de atos de que decorram efeitos patrimoniais contínuos, como aqueles decorrentes de
pagamentos de vencimentos e de pensões, ocorridos após a entrada em vigor da Lei n. 9.784/1999, nos
quais haja pagamento de vantagem considerada irregular pela administração, o prazo decadencial de
cinco anos é contado a partir da percepção do primeiro pagamento indevido, consoante o § 1º do art. 54
da Lei n. 9.784/1999.
9) É possível interromper o prazo decadencial com base no art. 54, § 2º, da Lei n. 9.784/1999 desde que
haja ato concreto, produzido por autoridade competente, em prol da revisão do ato administrativo
identificado como ilegal, cujo prazo será fixado a partir da cientificação do interessado.
10) Os atos administrativos abstratos, como as notas e os pareceres da Advocacia-Geral da União - AGU,
não configuram atos de autoridade tendentes à revisão das anistias e são, portanto, ineficazes para, por si
sós, interromper o fluxo decadencial, nos moldes do art. 54, § 2º, da Lei n. 9.784/1999.
11) Por se tratar de hipótese de ato administrativo complexo, a decadência prevista no art. 54 da Lei n.
9.784/1999 não se consuma no período compreendido entre o ato administrativo concessivo de
aposentadoria ou de pensão e o julgamento de sua legalidade pelo Tribunal de Contas, vez que tais atos
se aperfeiçoam apenas com o registro na Corte de Contas.
12) O prazo previsto no art. 49 da Lei n. 9.784/1999 é impróprio, visto que ausente qualquer penalidade
ante o seu descumprimento.
- PRESCRIÇÃO (651/2019): O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares
também capituladas como crime independentemente da apuração criminal da conduta do servidor.
(MUDANÇA) (STF )
o Assim, o critério para fixação do prazo prescricional deve ser o mais objetivo possível – justamente o
previsto no dispositivo legal referido –, e não oscilar de forma a gerar instabilidade e insegurança
jurídica para todo o sistema.
o a Primeira Seção superou seu posicionamento anterior sobre o tema, passando a entender que, diante
da rigorosa independência das esferas administrativa e criminal, não se pode entender que a existência
de apuração criminal é pré-requisito para a utilização do prazo prescricional penal.
- DEFESA TÉCNICA (2016): O STF REJEITOU proposta de cancelamento da SV 5 (“A falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”). (VOTAÇÃO 6 x 5)
o Para o proponente, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), o procedimento de
edição da referida SV não teria observado os pressupostos estabelecidos pela CF, entre os quais a
exigência de reiteradas decisões da Corte sobre a matéria. Além dos vícios formais de
inconstitucionalidade, alegava que a SV 5 afrontaria materialmente o conteúdo normativo axiológico
da CF por contrariar o direito fundamental ao contraditório e à ampla defesa.
o Prevaleceu o entendimento do ministro Ricardo Lewandowski, acompanhado pelos ministros Roberto
Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Ao rejeitar a proposta, asseverou
que o CFOAB buscou refutar cada um dos fundamentos que serviram de base para o julgamento do RE
434.059/DF (DJe de 12.9.2008). Rememorou que, no referido julgamento, o STF, por unanimidade,
concluiu que a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a CF.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 21
o Para se admitir a revisão ou o cancelamento de SV, é necessário que seja evidenciada a superação da
jurisprudência da Corte no trato da matéria, e que haja alteração legislativa quanto ao tema ou
modificação substantiva do contexto político, econômico ou social.
o Para o ministro Roberto Barroso, há certa hesitação em equiparar plenamente o processo judicial ao
processo administrativo, entre outras razões, pela possibilidade de revisão judicial deste último. Sob
certos aspectos, no entanto, entendeu que o direito disciplinar sancionatório deve observar cautelas
inerentes ao processo penal.
o Consignou que os precedentes relativos ao cometimento de falta grave no âmbito do sistema
penitenciário não demonstram ter havido mudança da jurisprudência da Corte acerca da aplicação da
SV 5. Esta se refere ao típico processo administrativo disciplinar no âmbito da Administração Pública
e não propriamente no de infrações cometidas no sistema penitenciário. Afirmou não ter havido
mudança substancial na legislação, na jurisprudência ou na percepção da sociedade, a justificar a
revisão ou o cancelamento da Súmula Vinculante 5. A SV deve ter estabilidade, a qual apenas deve ser
removida por fatos suficientemente relevantes, não observados na espécie.
o Para o ministro Teori Zavascki, a edição de uma súmula vinculante, inclusive para se dar autoridade a
ela, precisa atender aos requisitos apresentados na CF. Esse mesmo cuidado deve ser observado em
caso de revisão, modificação ou cancelamento de súmulas, sob pena de se negar autoridade e se
transformar o verbete vinculante num precedente qualquer, eliminando sua função no sistema,
principalmente a de dar estabilidade e segurança às decisões da Corte.
o Ressaltou que, caso se reconheça que a Súmula Vinculante 5 viola a Constituição, também deveria ser
reconhecida a inconstitucionalidade das normas que, em processo judicial, dispensam a presença de
advogado (nos processos trabalhistas, nos juizados, etc.).
o Assentou que os processos administrativos estão sujeitos a ampla revisão no âmbito jurisdicional, no
qual haverá a defesa técnica necessária. Concluiu que o cancelamento da súmula restauraria situação
de insegurança total, pois se devolveria à jurisdição normal uma discussão que a súmula buscou
eliminar.
o Vencidos os ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Luiz Fux, Celso de Mello e Cármen Lúcia
(Presidente), que acolhiam a proposta de cancelamento da Súmula Vinculante 5.
o ARGUMENTOS CONTRÁRIOS: O ministro Marco Aurélio observava, inicialmente, que sua edição
implicou a superação da Súmula 343 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (“É obrigatória a presença de
advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”) e que a referida proposta de
cancelamento foi ajuizada pelo CFOAB dois meses e seis dias após a edição do verbete vinculante.
Ponderava que deveria haver um cuidado maior na observância da norma constitucional que vincula a
edição de verbetes vinculantes a reiterados pronunciamentos do Tribunal. Afirmava que a edição da
Súmula Vinculante 5 foi motivada pelo que decidido no julgamento do Recurso Extraordinário
434.059/DF (DJe de 12.9.2008) e do Mandado de Segurança 24.961/DF (DJU de 1.4.2004), o qual, aliás,
versou sobre tema que nada tinha a ver com processo administrativo disciplinar. Ponderava que,
embora haja diversos precedentes da Corte no sentido da aplicação da Súmula Vinculante 5, o STF tem
afastado a incidência do verbete para apurar infrações disciplinares no âmbito de execução penal. Tais
precedentes abriram espaço para debate, rediscussão e eventual cancelamento da súmula. Quanto ao
mérito, entendia que o ajuste da jurisprudência parece ter acompanhado o alcance dado — sobretudo
pelas organizações internacionais de direitos humanos — aos princípios do contraditório e da ampla
defesa.
o O ministro ressaltava, ainda, que a experiência do direito comparado tem estendido aos procedimentos
disciplinares penitenciários as mesmas garantias do processo penal e que há na jurisprudência
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 22
comparada e na doutrina brasileira uma tendência de aproximação entre o processo administrativo
disciplinar e o processo penal. Ponderava que, não raro, as sanções de caráter administrativo assumem
características muito próximas às sanções penais. Essa proximidade se dá pelo menos à luz de três
critérios pelos quais as garantias penais devem ser estendidas aos acusados administrativos: a) a
qualificação dada aos fatos pelo direito interno; b) a própria natureza da infração; e c) o grau de
severidade da sanção aplicável ao acusado.
o Ressaltava, ademais, que o elastecimento do alcance do direito de defesa tem respaldo no próprio
texto constitucional (arts. 5º, LV, e 133 da CF).
o Consignava que a Lei 9.784/1999 prevê, em seu art. 3º, IV, o direito a fazer-se assistir facultativamente
por advogado, salvo quando obrigatória a representação por força de lei. O mencionado dispositivo
legal reconheceu ao legislador espaço para conformação de situações em que a presença de
advogado poderia ser considerada obrigatória. Além disso, não existe vedação constitucional ao
reconhecimento do direito à assistência legal obrigatória no processo administrativo disciplinar.
o A ministra Cármen Lúcia ponderava que a redação da Súmula Vinculante 5 leva à interpretação
equivocada de que toda e qualquer falta de defesa técnica não ofende a Constituição, o que muitas
vezes pode de fato ocorrer.
- PAD x IMPROBIDADE (2013): As punições aplicáveis no PAD são independentes em relação às sanções
determinadas na ação judicial de improbidade administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja
punido nas duas esferas.
o (...) À luz do disposto no art. 12 da Lei 8.429/90 e nos arts. 37, § 4º e 41 da CF/88, as sanções
disciplinares previstas na Lei 8.112/90 são independentes em relação às penalidades previstas na LIA, daí
porque não há necessidade de aguardar-se o trânsito em julgado da ação por improbidade administrativa para
que seja editado o ato de demissão com base no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Público Federal.
Precedente do STF: RMS 24.194/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7/10/2011. (…) (MS 15.848/DF, Rel.
Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 24/04/2013)
o (...) 4. A própria LIA, no art. 12, caput, dispõe que "independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do
fato". Isso quer dizer que a norma não criou um único subsistema para o combate aos atos ímprobos, e sim
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 24
mais um subsistema, compatível e coordenado com os demais. (…) (MS 16.418/DF, Rel. Min. Herman Benjamin,
Primeira Seção, julgado em 08/08/2012)
o (...) O processo administrativo disciplinar e a ação de improbidade, embora possam acarretar a perda
do cargo público, possuem âmbitos de aplicação distintos, mormente a independência das esferas civil,
administrativa e penal. Logo, não há óbice para que a autoridade administrativa apure a falta disciplinar do
servidor público independentemente da apuração do fato no bojo da ação por improbidade administrativa. (…)
(MS 15.951/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 14/09/2011)
- ANULAÇÃO DE PAD E NOVA PENA (2014): A decisão administrativa que põe fim ao processo administrativo,
à semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de ser definitiva. Logo, o
servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que sua pena seja
agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele deveria receber uma punição
mais severa.
o A anulação parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a penalidade aplicada ao
servidor, consoante pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave
ofende o devido processo legal e a proibição da reformatio in pejus.
o Obs: o posicionamento acima tem por base a Súmula 19 do STF, que dispõe: “É inadmissível segunda
punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.”
- CORRELAÇÃO (2017) O indiciado se defende dos fatos que lhe são imputados e não de sua classificação
legal. Assim, a posterior alteração da capitulação legal da conduta, não tem o condão de gerar nulidade o
Processo Administrativo Disciplinar. A descrição dos fatos ocorridos, desde que feita de modo a viabilizar a
defesa do acusado, afasta a alegação de ofensa ao princípio da ampla defesa.
- RELATÓRIO FINAL DE SINDICÂNCIA (2015): O STJ decidiu que o servidor que participou das investigações
na sindicância e concluiu que o sindicado havia cometido a infração disciplinar, tanto que determinou a
instauração do PAD, não pode, posteriormente, ser a autoridade designada para aprovar o relatório final
produzido pela comissão no processo administrativo, uma vez que ele já formou seu convencimento no
sentido da culpabilidade do acusado.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 25
- EXECUÇÃO IMEDIATA DA PENALIDADE (559/2015): É possível o cumprimento imediato da penalidade
imposta ao servidor logo após o julgamento do PAD e antes do julgamento do recurso administrativo cabível.
Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD a servidor
público, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado administrativamente.
o Os atos administrativos gozam de autoexecutoriedade, possibilitando que a Administração Pública
realize, através de meios próprios, a execução dos seus efeitos materiais, independentemente de autorização
judicial ou do trânsito em julgado da decisão administrativa.
o A execução dos efeitos materiais de penalidade imposta ao servidor público (ex.: corte da remuneração)
não depende do julgamento de recurso interposto na esfera administrativa, já que este, em regra, não possui
efeito suspensivo, conforme previsto no art. 109 da Lei nº 8.112/90: art. 109. O recurso poderá ser recebido
com efeito suspensivo, a juízo da autoridade competente.
- PAD CONTRA SERVIDOR CEDIDO (598/2016): A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo
cedido deve ocorrer, preferencialmente, no órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade.
Contudo, o julgamento e a eventual aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor
efetivo estiver vinculado.
o O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
1) instauração: com a publicação do ato que constituir a comissão;
2)inquérito administrativo: que compreende instrução, defesa e relatório;
3) julgamento.
o Tratando-se de conduta praticada pelo agente público durante o período em que esteve cedido, é
legítima a instauração do processo administrativo disciplinar pelo órgão em que foi praticada a irregularidade.
Isso se justifica para facilitar a colheita das provas. No entanto, o julgamento e a aplicação da penalidade
deverão ser feitas pelo órgão de origem, considerando que é com o órgão cedente que o servidor possui o
vínculo jurídico.
o Assim, cabe ao órgão cessionário: instaurar o processo administrativo disciplinar, rescindir o contrato
de cessão e devolver o servidor. O julgamento, contudo, deverá ser realizado pelo órgão cedente.
o Vale ressaltar que o julgamento e a aplicação da sanção são um único ato, que se materializa com a
edição de despacho, portaria ou decreto, proferido pela autoridade competente, devidamente publicado para
os efeitos legais (arts. 141, 166 e 167 da Lei nº 8.112/90).
AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS APÓS O RELATÓRIO (523/2013): Após o relatório ter sido
produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao servidor processado para que este possa impugná-lo?
Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório final ter
sido concluído? NÃO. Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o
relatório final de processo administrativo disciplinar. Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 de intimação do
acusado após a elaboração do relatório final da comissão processante.
PORTARIA QUE INSTAURA PAD (2017) A Portaria de instauração do Processo Administrativo Disciplinar
dispensa a descrição minuciosa da imputação, exigida tão somente após a instrução do feito, na fase de
indiciamento, o que é capaz de viabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 26
8.Licitação: noções gerais; tratamento normativo; legislação básica; princípios; modalidades (concorrência, t
omada de preços, convite, concurso, leilão e pregão); registro cadastral; registro de preços; comissão de licit
ação; fases do processo licitatório; instauração; habilitação; classificação; julgamento; homologação; adjudic
ação; inversão de fases; dispensa e inexigibilidade; anulação e revogação; controle; aspectos penais.
- DISPENSÁVEL (934/2019): A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT PREENCHE todos os requisitos
legais necessários à possibilidade de sua contratação direta (LICITAÇÂO DISPENSÁVEL), para a prestação de
serviços de logística, haja vista integrar a Administração e ter sido criada em data anterior à da Lei nº
8.666/93 para prestação de serviços postais, dentre os quais se incluem os serviços de logística integrada.
o O TCU afirmou que essa dispensa de licitação (contratação direta) foi ilegal porque a situação não se
amoldaria ao inciso VIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93.Os Correios são regidos pelo DL509/69, que foi
recepcionado pela CF/88 com força de lei ordinária. O art. 2º deste DL prevê as competências dos
Correios. Somente em 2011, com a edição da MP 532 (convertida na Lei nº 12.490/2011) foi que a ECT
passou a ter, expressamente, em seu rol de atribuições, a competência para executar serviços de
logística. Assim, para o TCU, os Correios não poderiam ser contratados, sem licitação, para exercer
atividades de logística, considerando que esses serviços somente foram incluídos em seu rol de
competências após a Lei nº 8.666/93, não preenchendo, assim,as exigências do inciso VIII do art. 24.
o Os serviços de logística, de fato, somente foram formalmente descritos no art. 2º do DL 509/69 como
atividade da ECT com a Lei nº 12.490/2011. No entanto, apesar disso, mesmo sem essa previsão
expressa, tais serviços de logística já eram realizados, há muitos anos, pelos Correios.
- LICITAÇÕES (631/2018): Sociedade empresária em recuperação judicial PODE participar de licitação, desde
que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica.
o Quando o art. 31, II, da Lei 8.666/93 fala em “concordata”, deve-se ler agora “recuperação judicial”?
2 CORRENTES: 1. SIM (Marçal Justen Filho, há a presunção de insolvência da empresa em crise); 2.
NÃO (STJ, o art. 31, II, da Lei de Licitações não foi alterado para substituir certidão negativa de
concordata por certidão negativa de recuperação judicial, a Administração não pode exigir tal
documento como condição de habilitação, haja vista a ausência de autorização legislativa)
o O art. 31, I,I da Lei nº 8.666/93 é uma norma restritiva e, por isso, não admite interpretação que
amplie o seu sentido. Por força do princípio da legalidade, é vedado à Administração conferir
interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma
expressa.
o Vale ressaltar que o art. 52, I, da Lei nº 11.101/2005, que é posterior à Lei de Licitações, prevê a
possibilidade de as empresas em recuperação judicial contratarem com o Poder Público (devendo
apresentar ao Poder Público as certidões positivas de débitos). Ora, se tais empresas podem
contratar com o poder público, devemos interpretar que o legislador permitiu que elas
participassem de licitações, considerando que, em regra, só se pode contratar com a Administração
Pública após prévio procedimento licitatório.
o Se a empresa estiver em recuperação judicial, caberá à Administração Pública (pregoeiro ou
comissão de licitação) diligenciar a fim de avaliar a real situação de capacidade econômico-
financeira da empresa licitante.
- DISPENSA DE LICITAÇÃO INDEVIDA (2016): Nos casos de contratação irregular decorrente de fraude à
licitação, o STJ considera que o dano é in re ipsa.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 27
- DISPENSA DE LICITAÇÃO PARA CONCURSO PÚBLICO (516/2013): O art. 24, II da Lei nº 8.666/93 c/c o art. 1º,
II, "a", do Decreto 9.412/2018 prevê que o administrador público não precisa fazer licitação se for para
contratar compras ou serviços (que não sejam de engenharia) que não ultrapassem R$ 17.600,00. Se a
Administração Pública contrata uma empresa privada para organizar um concurso e esse contrato prevê que
a empresa receberá R$ 15.000,00 e mais o dinheiro arrecadado com as inscrições dos candidatos, esta
situação não se enquadra no art. 24, II da Lei. Ainda que os valores recolhidos como taxa de inscrição não
sejam públicos, a adequada destinação deles é de interesse público primário. Mesmo que a contratação
direta de banca realizadora de concurso sem licitação não afete o interesse público secundário (direitos
patrimoniais da Administração Pública), é contrária ao interesse público primário, pois a destinação de
elevado montante de recursos à empresa privada ocorrerá sem o processo competitivo, violando, dessa
maneira, o princípio da isonomia.
o Observação: Embora conste no julgado referência obter dictum de que os valores recolhidos a título
de taxa de inscrição não têm natureza pública, a doutrina e o TCU pensam diferente e entendem que
se trata de receita pública, estando sujeitos à disciplina da LC 101/00 e da Lei nº 4.320/64.
o Segundo lição de Harrison Leite (Manual de Direito Financeiro, 7a Ed. Juspodivm, 2018, pp. 277/278):
“Para a melhor doutrina, deve-se entender aludidos ingressos como receita pública, em homenagem
aos princípios da publicidade, universalidade, orçamento-bruto e transparência, não sendo possível o
seu recolhimento diretamente pela empresa contratada para a realização do certame. (...)”
Nesse sentido é a Súmula 214 do TCU:
Súmula 214-TCU: Os valores correspondentes às taxas de inscrição em concursos públicos devem ser
recolhidos ao Banco do Brasil S.A., à conta do Tesouro Nacional, por meio de documento próprio, de
acordo coma sistemática de arrecadação das receitas federais prevista no Decreto-lei nº 1.755, de
31/12/79, e integrar as tomadas ou prestações de contas dos responsáveis ou dirigentes de órgãos da
Administração Federal Direta, para exame e julgamento pelo Tribunal de Contas da União.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) A Lei n. 8.666/1993, que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos
poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, não guarda pertinência com as
questões envolvendo concursos para preenchimento de cargos públicos efetivos.
2) Ainda que o servidor esteja de licença à época do certame, não é possível a participação de
empresa que possua no seu quadro de pessoal servidor público, efetivo ou ocupante de cargo em
comissão/função gratificada, ou dirigente do órgão contratante ou responsável pela licitação.
3) A previsão indenizatória do art. 42, §2º, da Lei n. 8.987/1995 não se aplica às hipóteses de
permissão, mas apenas aos casos de concessão de serviço público.
4) Não é devida indenização a permissionário de serviço público de transporte coletivo por prejuízos
suportados em face de déficit nas tarifas quando ausente procedimento licitatório prévio.
5) Nos termos do §2º do art. 42 da Lei n. 8.987/1995, a administração deve promover certame
licitatório para novas concessões de serviços públicos, não sendo razoável a prorrogação indefinida
de contratos de caráter precário.
6) Extinto o contrato de concessão por decurso do prazo de vigência, cabe ao Poder Público a
retomada imediata da prestação do serviço até a realização de nova licitação, independentemente
de prévia indenização, assegurando a observância do princípio da continuidade do serviço público.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 28
7) A contratação de advogados pela administração pública, mediante procedimento de
inexigibilidade de licitação, deve ser devidamente justificada com a demonstração de que os serviços
possuem natureza singular e com a indicação dos motivos pelos quais se entende que o profissional
detém notória especialização.
8) A contratação direta, quando não caracterizada situação de dispensa ou de inexigibilidade de
licitação, gera lesão ao erário (dano in re ipsa), na medida em que o Poder Público perde a
oportunidade de contratar melhor proposta.
9) A alegação de nulidade contratual fundamentada na ausência de licitação não exime o dever de a
administração pública pagar pelos serviços efetivamente prestados ou pelos prejuízos decorrentes da
administração, quando comprovados, ressalvadas as hipóteses de má-fé ou de haver o contratado
concorrido para a nulidade.
10) A superveniente homologação/adjudicação do objeto licitado não implica a perda do interesse
processual na ação em que se alegam nulidades no procedimento licitatório.
- CONTRATOS (2017): O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Obs: a tese acima foi a fixada
pelo STF. No entanto, penso que é importante um esclarecimento revelado durante os debates: é possível sim,
excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa
contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante comprove, com elementos
concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato. A Administração tem
o dever de fiscalizar o fiel cumprimento do contrato pelas empresas prestadoras de serviço, também no que
diz respeito às obrigações trabalhistas referentes aos empregados vinculados ao contrato celebrado, sob pena
de atuar com culpa in eligendo ou in vigilando.
o Como o STF declarou que o art. 71, § 1º da Lei nº 8.666/93 é constitucional, a Justiça do Trabalho não
poderia deixar de aplicar esse dispositivo, criou a seguinte interpretação do art. 71, § 1º:
o Em regra, a inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento.
o Exceção: a Administração Pública terá responsabilidade subsidiária se ficar demonstrada a sua
culpa "in vigilando", ou seja, somente será responsabilidade se ficar comprovado que o Poder
Público deixou de fiscalizar se a empresa estava cumprindo pontualmente suas obrigações
trabalhistas, fiscais e comerciais.
o E quanto aos encargos previdenciários? A regra é a mesma? NÃO. Caso a empresa contratada não
pague seus encargos previdenciários (ex: não pagou a contribuição previdenciária dos funcionários), a
Administração Pública contratante irá responder pelo débito de forma solidária.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 29
CONTRATO SEM LICITAÇÃO (2013): Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de
prévia licitação, a Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços prestados pelo
contratado. No entanto, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os serviços prestados pelo
contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a nulidade do contrato.
o Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de prévia licitação, a
Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços prestados pelo contratado. Isso
se justifica para evitar que haja um enriquecimento sem causa do poder público, considerando que
durante esse período beneficiou-se dos serviços do contratado.
o Exceção no caso de má-fé do contratado: Vale ressaltar, no entanto, que a regra acima possui uma
exceção. Segundo o STJ, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os serviços prestados
pelo contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a nulidade do
contrato.
o A solução para essa questão encontra-se no parágrafo único do art. 59 da Lei nº 8.666/93:
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os
efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que
este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe
deu causa.
-EQUILÍBRIO ECONÔMICO – CONTRATO SEM LICITAÇÃO (535/2014): A empresa não possui garantia da
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de permissão de serviço de transporte público
se o ajuste foi celebrado sem que tenha havido prévia licitação.
10.Servidores públicos: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado da Bahia; Regime Próprio de
Previdência do Estado da Bahia; terminologia; vínculos de trabalho (funções, cargos e empregos);
noção; acessibilidade; cargos públicos; regime jurídico; vencimento, remuneração e subsídio; estabilidade;
vitaliciedade; acumulação de cargos; exercício de mandato eletivo; férias, décimo terceiro salário, licenças e
direito de greve; sindicalização; aposentadoria e pensão; limites de despesas com pessoal. responsabilidade
dos servidores; poder disciplinar; regime disciplinar; processo administrativo disciplinar; comunicabilidade
de instâncias
Súmula 266 STJ - O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na
inscrição para o concurso público.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 30
SÚMULA Nº 15 STF - Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
SÚMULA Nº 16 STF - Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
SÚMULA Nº 17 STF - A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
SÚMULA VINCULANTE 37-STF 2014: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.
SÚMULA VINCULANTE 42-STF: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.
SÚMULA VINCULANTE Nº 43 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido.
SÚMULA VINCULANTE Nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
SÚMULA VINCULANTE 55 STF 2016: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
SÚMULA Nº 683 STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art.
7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
SÚMULA Nº 684 STF - É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso
público.
Súmula 552-STJ 2015: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o
fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. • Aprovada em 04/11/2015, DJe 09/11/2015. •
Vide também a Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) A Justiça do Trabalho não tem competência para decidir os feitos em que se discutem critérios
utilizados pela administração para a seleção e a admissão de pessoal em seus quadros, uma vez que
envolve fase anterior à investidura no emprego público.
2) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas visando a obtenção de prestações
trabalhistas, nas hipóteses em que o trabalhador foi admitido na administração pública pelo regime
celetista, antes da Constituição Federal de 1988 e sem concurso público.
3) As contratações temporárias celebradas pela administração pública, na vigência da Constituição
Federal de 1988, ostentam caráter precário e submetem-se à regra do art. 37, inciso IX, não sendo
passíveis de transmutação de sua natureza eventual pelo decurso do tempo.
4) Não ocorre a decadência administrativa prevista no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 em situações de
evidente inconstitucionalidade, como é o caso de admissão de servidores sem concurso público.
5) Não é possível estender a estabilidade excepcional do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias - ADCT aos servidores contratados sem concurso público após a promulgação da
Constituição Federal de 1988.
6) A contratação de servidores temporários ou o emprego de servidores comissionados, terceirizados ou
estagiários, por si sós, não caracterizam preterição na convocação e na nomeação de candidatos
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 31
advindos de concurso público, tampouco autorizam a conclusão de que tenham automaticamente
surgido vagas correlatas no quadro efetivo, a ensejar o chamamento de candidatos aprovados em
cadastro de reserva ou fora do número de vagas previstas no edital.
7) Ocorrida a vacância na titularidade da serventia extrajudicial na vigência da atual Constituição
Federal, o provimento de novo titular deve ser realizado por meio de concurso público, nos termos do
art. 236, § 3º, da CF/1988.
8) O direito à liberdade de crença, assegurado pela Constituição, não pode criar situações que importem
tratamento diferenciado - seja de favoritismo, seja de perseguição - em relação a outros candidatos de
concurso público que não professam a mesma crença religiosa.
9) É ilegítima a previsão de edital de concurso público que exige o prévio registro na Delegacia Regional
do Trabalho como condição para que os graduados em Letras ou em Secretariado Bilíngue exerçam a
atividade de Secretário-Executivo.
10) A investigação social em concursos públicos, além de servir à apuração de infrações criminais,
presta-se a avaliar idoneidade moral e lisura daqueles que desejam ingressar nos quadros da
administração pública.
11) Em concursos públicos, a inaptidão na avaliação psicológica ou no exame médico exige a devida
fundamentação.
12) É indevida a acumulação de proventos de duas aposentadorias, de cargos públicos não acumuláveis
na atividade, ainda que uma delas seja proveniente do reingresso no serviço público mediante
aprovação em concurso, antes da Emenda Constitucional n. 20/98.
13) A banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação superveniente à publicação do
edital, desde que vinculada às matérias nele previstas.
14) O Poder Judiciário não analisa critérios de formulação e correção de provas em concursos públicos,
salvo nos casos de ilegalidade ou inobservância das regras do edital.
15) A limitação de idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar é válida desde que haja
previsão em lei específica e no edital do concurso público.
16) Somente a lei pode estabelecer limites de idade nos concursos das Forças Armadas, sendo vedado,
diante do princípio constitucional da reserva legal, que a lei faculte tal regulamentação a atos
administrativos expedidos pela Marinha, Exército ou Aeronáutica.
17) A aferição do cumprimento do requisito de idade deve se dar no momento da posse no cargo público
e não no momento da inscrição.
18) O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração Pública quanto os
candidatos.
19) O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas
aos deficientes. (Súmula n. 377 do STJ)
20) A exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no edital, a avaliação estiver
pautada em critérios objetivos e o resultado for público e passível de recurso.
21) Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser submetido a nova avaliação,
pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa.
22) A exigência de teste de aptidão física é legítima quando prevista em lei, guardar relação de
pertinência com as atividades a serem desenvolvidas, estiver pautada em critérios objetivos e for
passível de recurso.
23) É vedada a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de incapacidade
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 32
temporária, salvo previsão expressa no edital.
24) É possível a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de gravidez, sem
que isso caracterize violação do edital ou do princípio da isonomia.
25) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude
da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou
extinta pela prescrição da pretensão punitiva.
26) O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de
investigação social, em virtude da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal
sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da pretensão punitiva não se aplica aos cargos cujos
ocupantes agem stricto sensu em nome do Estado, como o de delegado de polícia.
27) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude
da existência de registro em órgãos de proteção ao crédito.
28) O candidato pode ser eliminado de concurso público quando omitir informações relevantes na fase
de investigação social.
29) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança, na hipótese de
exclusão do candidato do concurso público, é o ato administrativo de efeitos concretos e não a
publicação do edital, ainda que a causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.
30) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado segurança, na hipótese em que
o candidato aprovado em concurso público não é nomeado, é o término do prazo de validade do
concurso.
31) O encerramento do concurso público não conduz à perda do objeto do mandado de segurança que
busca aferir suposta ilegalidade praticada em alguma das etapas do processo seletivo.
32) O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo a ser
nomeado no prazo de validade do concurso.
33) A desistência de candidatos convocados, dentro do prazo de validade do concurso, gera direito
subjetivo à nomeação para os seguintes, observada a ordem de classificação e a quantidade de vagas
disponibilizadas.
34) A abertura de novo concurso, enquanto vigente a validade do certame anterior, confere direito
líquido e certo a eventuais candidatos cuja classificação seja alcançada pela divulgação das novas vagas.
35) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito
à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição na convocação, observada a
ordem classificatória.
36) A simples requisição ou a cessão de servidores públicos não é suficiente para transformar a
expectativa de direito do candidato aprovado fora do número de vagas em direito subjetivo à nomeação,
porquanto imprescindível a comprovação da existência de cargos vagos.
37) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito
à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição em virtude de contratações
precárias e comprovação da existência de cargos vagos.
38) Não ocorre preterição na ordem classificatória quando a convocação para próxima fase ou a
nomeação de candidatos com posição inferior se dá por força de cumprimento de ordem judicial.
39) A surdez unilateral não autoriza o candidato a concorrer às vagas reservadas às pessoas com
deficiência.
40) Deverão ser reservadas, no mínimo, 5% das vagas ofertadas em concurso público às pessoas com
deficiência e, caso a aplicação do referido percentual resulte em número fracionado, este deverá ser
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 33
elevado até o primeiro número inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das
vagas ofertadas, conforme art. 37, §§ 1º e 2º, do Decreto n. 3.298/99, e art. 5º, §2º, da Lei n. 8.112/90.
41) O candidato sub judice não possui direito subjetivo à nomeação e à posse, mas à reserva da
respectiva vaga até que ocorra o trânsito em julgado da decisão que o beneficiou.
42) A nomeação ou a convocação para determinada fase de concurso público após considerável lapso
temporal entre uma fase e outra, sem a notificação pessoal do interessado, viola os princípios da
publicidade e da razoabilidade, não sendo suficiente a publicação no Diário Oficial.
43) Não se aplica a teoria do fato consumado na hipótese em que o candidato toma posse em virtude de
decisão liminar, salvo situações fáticas excepcionais.
44) É legítimo estabelecer no edital de concurso público critério de regionalização.
45) É legítimo estabelecer no edital de concurso público limite de candidatos que serão convocados para
as próximas etapas do certame (Cláusula de Barreira).
46) O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição
para o concurso público. (Súmula n. 266/STJ)
47) Nos concursos públicos para ingresso na Magistratura ou no Ministério Público a comprovação dos
requisitos exigidos deve ser feita na inscrição definitiva e não na posse.
48) A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário da Administração, sendo
vedado ao Poder Judiciário o reexame dos critérios de conveniência e oportunidade adotados.
49) A Administração atua com discricionariedade na escolha das regras do edital de concurso público,
desde que observados os preceitos legais e constitucionais.
50) A exoneração de servidor público em razão da anulação do concurso pressupõe a observância do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
51) O candidato que possui qualificação superior à exigida no edital está habilitado a exercer o cargo a
que prestou concurso público, nos casos em que a área de formação guardar identidade.
52) O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o objetivo de anular
concurso realizado sem a observância dos princípios estabelecidos na Constituição Federal.
53) A nomeação tardia do candidato por força de decisão judicial não gera direito à indenização.
54) O servidor não tem direito à indenização por danos morais em face da anulação de concurso público
eivado de vícios.
55) O militar aprovado em concurso público e convocado para a realização de curso de formação tem
direito ao afastamento temporário do serviço ativo na qualidade de agregado.
56) O provimento originário de cargos públicos deve se dar na classe e padrão iniciais da carreira,
conforme a legislação vigente na data da nomeação do servidor.
57) A Administração Pública pode promover a remoção de servidores concursados, sem que isso
caracterize, por si só, preterição aos candidatos aprovados em novo concurso público.
58) Há preterição de candidatos aprovados se as vagas regionalizadas estabelecidas no edital de
concurso público forem preenchidas por remoção lançada posteriormente ao início do certame.
59) O candidato aprovado dentro do número de vagas que requer transferência para o final da lista de
classificados passa a ter mera expectativa de direito à nomeação.
60) A questão relativa à indenização por omissão legislativa, decorrente da falta de encaminhamento de
lei que garanta aos servidores públicos o direito à revisão geral anual dos seus vencimentos (art. 37, X,
da Constituição Federal), tem natureza constitucional, razão pela qual não pode ser apreciada em sede
de recurso especial.
61) Não compete ao Poder Judiciário equiparar ou reajustar os valores do auxílio-alimentação dos
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 34
servidores públicos.
62) É indevida a devolução ao erário de valores recebidos de boa-fé, por servidor público ou pensionista,
em decorrência de erro administrativo operacional ou nas hipóteses de equívoco ou má interpretação da
lei pela administração pública. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 531)
63) É de 200 horas mensais o divisor adotado como parâmetro para o pagamento de horas extras aos
servidores públicos federais, cujo cálculo é obtido dividindo-se as 40 horas semanais (art. 19 da Lei n.
8.112/90) por 6 dias úteis e multiplicando-se o resultado por 30 (total de dias do mês).
64) O pagamento do adicional de penosidade (art. 71 da Lei n. 8.112/90) depende de regulamentação do
Executivo Federal.
- INGRESSO (932/2019): ADI 1240 É INCONSTITUCIONAL lei que preveja a possibilidade de o indivíduo
aprovado no concurso público ingressar imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira.
Essa disposição afronta os princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público.
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 18da Lei nº 8.691/93. Modulação dos
efeitos: ex nunc.
+ CONCURSO (924/2018): REPERCUSSÃO: REGRA: Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à
prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de
caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade.
(repercussão geral - Info 706). EXCEÇÃO: É CONSTITUCIONAL a remarcação do teste de aptidão física de
candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital
do concurso público.
o A CF/88 protege a maternidade, a família e o planejamento familiar, de forma que a condição de
gestante goza de PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL REFORÇADA.
o Em razão deste amparo constitucional específico, a gravidez não pode causar prejuízo às candidatas,
sob pena de malferir os princípios da isonomia e da razoabilidade.
o O interesse de que a grávida tenha uma boa gestação e que o bebê nasça com saúde ultrapassa os
limites individuais da genitora, interessando a outros indivíduos e à própria coletividade.
o Não seria proporcional nem razoável exigir que a candidata colocasse a vida de seu bebê em risco, de
forma irresponsável, ao se submeter a teste físico mediante a prática de esforço incompatível com a
fase gestacional.
o O direito ao planejamento familiar é livre decisão do casal. A liberdade decisória tutelada pelo
planejamento familiar vincula-se estreitamente à privacidade e à intimidade do projeto de vida
individual e parental dos envolvidos. Tendo em vista a prolongada duração dos concursos públicos e
sua tendente escassez, muitas vezes inexiste planejamento familiar capaz de conciliar os interesses em
jogo. Por tais razões, as escolhas tomadas muitas vezes impõem às mulheres o sacrifício de sua carreira,
traduzindo-se em direta perpetuação da desigualdade de gênero.
o As mulheres têm dificuldade em se inserir no mercado de trabalho e enfrente obstáculos para alcançar
postos profissionais de maior prestígio e remuneração. Por consequência, acirra-se a desigualdade
econômica, que por si só é motivo de exclusão social.
o O direito de concorrer em condições de igualdade ao ingresso no serviço público, além de previsto em
todas as Constituições brasileiras, foi reconhecido pelo Pacto de São José da Costa Rica e pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 37
o O não reconhecimento desse direito da mulher compromete a autoestima social e a estigmatiza.
o O STF entendeu que a situação da candidata grávida merece tratamento diferente do caso de
candidatos doentes ou que não compareceram ao teste por motivo de força maior. Assim, justifica-se
fazer um distinguishing em relação ao que foi decidido no RE 630733/DF.
o Enquanto a saúde pessoal do candidato em concurso público configura motivo exclusivamente
individual e particular, a maternidade e a família constituem direitos fundamentais do homem social e
do homem solidário. Por ter o Poder Constituinte estabelecido expressamente a proteção à
maternidade, à família e ao planejamento familiar, a condição de gestante goza de proteção
constitucional reforçada.
o O STF afirmou que permitir à candidata gestante fazer prova em outra data não gera atraso na
conclusão do concurso público. Isso porque a Administração Pública pode continuar o certame
normalmente, fazendo apenas a reserva do número de vagas para essa situação excepcional.
o Os princípios em jogo devem ser analisados à luz da moderna concepção de administração pública
gestora. Ao realizar o certame seletivo, o administrador público deve organizar suas ações e decisões
de modo a otimizar a gestão pública, entendida esta como o exercício responsável do arbítrio
administrativo na forma de decisões, ações e resultado esperado. O gestor, assim, precisa saber avaliar
por qual razão o concurso é necessário e quais são os resultados esperados, impondo-se a necessidade
de planejamento do processo de contratação
- CONCURSO (2017): Em prova dissertativa de concurso público, o grave erro no enunciado – reconhecido
pela própria banca examinadora – constitui flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão.
o Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar
respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário
juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame.
STF. Plenário. RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/04/2015 (repercussão geral) (Info 782)
o Dessa forma, tem-se, no presente caso, um distinguishing (distinção) em relação ao precedente do STF.
o Ao contrário, o que se afirma é que o enunciado da questão dissertativa contém erro grave insuperável,
qual seja, a indicação do instituto da "saída temporária" por "permissão de saída", ambos com
regência constante dos arts. 120 a 125 da Lei de Execuções Penais, e que, por essa razão, haveria
nulidade insanável.
- CONCURSO (2017): De outra parte, a motivação do ato avaliativo do candidato, constante do espelho de
prova, deve ser apresentado anteriormente ou concomitante à divulgação do resultado, sob pena de nulidade.
o Não é legítima a conduta da banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a motivação das
notas após ser contestada na via judicial ou administrativa. Destaque-se também que não há
fundamentação válida se a banca apenas divulga critérios muito subjetivos e a nota global dos
candidatos, desacompanhados do padrão de resposta e das notas atribuídas para cada um dos critérios
adotados.
o Vale ressaltar que tais informações que deverão constar nos espelhos das provas subjetivas como
forma de atribuição de nota ao candidato representam a “motivação do ato administrativo”. Essa
motivação do ato administrativo é uma exigência expressa dos arts. 2º e 50, III e § 1º, da Lei nº
9.784/99, que trata do processo administrativo no âmbito federal.
- PRAZO PARA MS DE QUESTÃO ANULADA (522/2019): Segundo decidiu o STJ, na hipótese em que houver,
em ação autônoma, o reconhecimento da nulidade de questões de concurso público, o termo inicial do
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 38
prazo para que o candidato beneficiado impetre mandado de segurança objetivando sua nomeação no cargo
público será a data do trânsito em julgado da decisão judicial. Isso porque o candidato favorecido pela
decisão judicial somente passa a ter direito líquido e certo à nomeação a partir da referida data.
- CONCURSO (2017): O encerramento do concurso público não acarreta a perda do objeto da ação
mandamental na qual se discute suposta ilegalidade praticada em etapa do certame.
- CONCURSO (2016): STF denegou MS impetrado contra ato do CNJ que invalidara critério estabelecido por
comissão de concurso para aferir pontos de títulos de especialização em certame voltado à outorga de
delegações de notas e registros.
o A Turma afirmou que o edital de concurso público — enquanto estatuto de regência do certame —
constituiria a lei interna dele. Os destinatários, portanto, estariam estritamente vinculados às suas
cláusulas, desde que mantida a relação de harmonia, no plano hierárquico-normativo, com o texto da
Constituição e com as leis da República
o Não seria possível a aplicação retroativa de regra de limitação de títulos de pós-graduação, sob pena de
afronta à segurança jurídica. A criação de critério “ad hoc” de contagem de títulos de pós-graduação,
depois da abertura da fase de títulos, implicaria violação ao referido postulado normativo. As regras
dispostas previamente no edital estariam de acordo com a Resolução 81/2009/CNJ, e não previam
qualquer limitação para a contagem de títulos de especialização. Tampouco dispunham sobre formas
de evitar a sobreposição e acumulação de certificados
o Esse novo critério também ofenderia o princípio da impessoalidade, pois permitiria o favorecimento de
alguns candidatos em detrimento de outros. Além disso, a solução de aferir cada um dos títulos
apresentados, para evitar abusos, teria como consequência a perpetuidade do processo seletivo.
o Por sua vez, aplicar a Resolução 187/2014/CNJ ao certame, com o fim de criar um limite para a
contagem de títulos de pós-graduação, encontraria dois óbices: a) o CNJ determinara, com fundamento
na segurança jurídica, que as modificações efetuadas por esse ato normativo não deveriam ser
aplicadas aos processos seletivos em andamento; b) a jurisprudência do STF tem validado as decisões
do CNJ que impedem a aplicação retroativa dos critérios dessa Resolução aos concursos de serventias
extrajudiciais ainda não concluídos.
- CONCURSO PÚBLICO (2016): Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.
o De início, o Tribunal reafirmou jurisprudência no sentido de que qualquer restrição para o acesso a
cargo público constante em editais de concurso dependeria da sua específica menção em lei formal,
conforme preceitua o art. 37, I, da CF (“os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei”).
o Sob outro enfoque, a mera previsão legal do requisito não levaria ao reconhecimento automático de
sua juridicidade. O legislador não poderia escudar-se em pretensa discricionariedade para criar
barreiras arbitrárias para o acesso às funções públicas. Assim, seriam inadmissíveis e inconstitucionais
restrições ofensivas aos direitos fundamentais, à proporcionalidade ou que se revelassem descabidas
para o pleno exercício da função pública objeto do certame.
o Toda lei deveria respeitar os ditames constitucionais, mormente quando referir-se à tutela ou restrição
a direitos fundamentais, pois os obstáculos para o acesso a cargos públicos deveriam estar
estritamente relacionados com a natureza e as atribuições das funções a serem desempenhadas.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 39
o Não haveria qualquer ligação objetiva e direta entre o fato de um cidadão possuir tatuagens em seu
corpo e uma suposta conduta atentatória à moral, aos bons costumes ou ao ordenamento jurídico. A
opção pela tatuagem relacionar-se-ia, diretamente, com as liberdades de manifestação do pensamento
e de expressão (CF, art. 5°, IV e IX)
o Na espécie, estaria evidenciada a ausência de razoabilidade da restrição dirigida ao candidato de uma
função pública pelo simples fato de possuir tatuagem, já que seria medida flagrantemente
discriminatória e carente de qualquer justificativa racional que a amparasse. Assim, o fato de uma
pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não poderia ser tratado pelo Estado como parâmetro
discriminatório quando do deferimento de participação em concursos de provas e títulos para ingresso
em carreira pública.
o Entretanto, tatuagens que representassem obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que
pregassem a violência e a criminalidade, discriminação de raça, credo, sexo ou origem, temas
inegavelmente contrários às instituições democráticas, poderiam obstaculizar o acesso a função
pública. Eventual restrição nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou desproporcional. Essa
hipótese, porém, não seria a do recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 14 por 13 cm.
+ NOMEAÇÃO (630/2018): O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito
subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação
inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária.
- CONCURSO: COTAS RACIAIS: (RE) (2017): É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração
pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de
heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a
ampla defesa
o Segundo o art. 2º da Lei, poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se
autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou
raça utilizado pelo IBGE. Trata-se do chamado critério da autodeclaração. O STF afirmou que este
critério é constitucional. Entretanto, é possível também que a Administração Pública adote um controle
heterônomo, sobretudo quando existirem fundadas razões para acreditar que houve abuso na
autodeclaração.
o A finalidade é combater condutas fraudulentas e garantir que os objetivos da política de cotas sejam
efetivamente alcançados.
o A Lei nº 12.990/2014 determinou que deveria haver cotas para negros nos concursos públicos federais.
A lei obriga expressamente quais entidades? Órgãos, autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista federais, ligadas ao Poder Executivo.
o Se a fração for igual ou maior que 0,5 (cinco décimos): o número de vagas deverá ser aumentado para
o primeiro número inteiro subsequente. Se a fração for menor que 0,5 (cinco décimos): o número de
vagas deverá ser diminuído para o número inteiro imediatamente inferior.
o O STF julgou procedente a ADC (AJUIZADA PELA OAB), declarando a constitucionalidade da Lei nº
12.990/2014
o Três dimensões da igualdade A igualdade proíbe que haja uma hierarquização dos indivíduos e que
sejam feitas distinções sem fundamento. No entanto, a igualdade também transmite um comando,
qual seja, o de que deve haver a neutralização de injustiças históricas, econômicas e sociais e que haja
um maior respeito à diferença. No mundo contemporâneo, a igualdade se expressa em três dimensões:
a) a igualdade formal; b) a igualdade material; c) a igualdade como reconhecimento.
o A igualdade formal significa dizer que não pode haver privilégios e tratamentos discriminatórios.
A igualdade formal está ligada ao chamado Estado liberal e foi idealizada como uma forma de
reação aos privilégios da nobreza e do clero. Art. 5º, caput, da CF/88: “todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Pode ser subdividida em dois aspectos:
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 41
Igualdade perante a lei: comando dirigido ao aplicador da lei – judicial e
administrativo –, que deverá aplicar as normas em vigor de maneira impessoal e
uniforme a todos aqueles que se encontrem sob sua incidência.
Igualdade na lei: comando endereçado ao legislador, que não deve instituir
discriminações ou tratamentos diferenciados baseados em fundamento que não
seja razoável ou que não vise a um fim legítimo.
o O conceito de igualdade material está ligado a demandas por redistribuição de riqueza e poder
e, em última análise, por justiça social. Dessa forma, deve-se garantir a proteção jurídica do
polo mais fraco de certas relações econômicas, a criação de redes de proteção social e
mecanismos de redistribuição de riquezas. Para isso, é necessário que o Poder Público faça a
entrega de prestações positivas adequadas em matérias como educação, saúde, saneamento,
trabalho, moradia, assistência social. Art. 3º, I e III, da CF/88 - a República Federativa do Brasil
tem como objetivos “construir uma sociedade livre, justa e solidária” e “erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
o A igualdade como reconhecimento significa o respeito que se deve ter para com as minorias,
sua identidade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras. A
injustiça a ser combatida nesse caso tem natureza cultural ou simbólica. Ela decorre de modelos
sociais de representação que, ao imporem determinados códigos de interpretação, recusariam
os “outros” e produziriam a dominação cultural, o não reconhecimento ou mesmo o desprezo.
Determinados grupos são marginalizados em razão da sua identidade, suas origens, religião,
aparência física ou opção sexual, como os negros, judeus, povos indígenas, ciganos, deficientes,
mulheres, homossexuais e transgêneros. O instrumento para se alcançar a igualdade como
reconhecimento é a transformação cultural ou simbólica. O objetivo é constituir um mundo
aberto à diferença (“a difference-friendly world”). A igualdade como reconhecimento encontra-
se também prevista no art. 3º, IV, da CF/88, que determina que um dos objetivos fundamentais
da República é o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Vale ressaltar que, em muitos casos, alguns
grupos sofrem tanto uma desigualdade material como uma desigualdade quanto ao
reconhecimento. As mulheres e os negros, por exemplo, sofrem injustiças cujas raízes se
encontram tanto na estrutura econômica, quanto na estrutura cultural-valorativa, exigindo
ambos os tipos de remédio
o Há uma dimensão simbólica importante no fato de negros ocuparem posições de destaque na
sociedade brasileira. A ideia de pessoas negras e pardas serem símbolo de sucesso e ascensão e terem
acesso a cargos importantes influencia a autoestima das comunidades negras. Ademais, o pluralismo e
a diversidade tornam qualquer ambiente melhor e mais rico. Dessa forma, o STF concluiu que a Lei nº
12.990/2014 supera o teste da igualdade formal, material e como reconhecimento.
o A Lei nº 12.990/2014 não viola o princípio do concurso público. Isso porque, para serem investidos nos
cargos públicos, os candidatos negros têm de ser aprovados no concurso. Caso não atinjam o patamar
mínimo, sequer disputarão as vagas. A única coisa que a Lei fez foi criar duas formas distintas de
preenchimento de vagas, em razão de reparações históricas, sem abrir mão do critério mínimo de
suficiência.
o A Lei nº 12.990/2014 não afronta o princípio da eficiência. Não necessariamente os candidatos
aprovados em primeiro lugar, segundo o critério da nota, serão absolutamente melhores que os outros.
A noção de meritocracia deve comportar nuances que permitam a competição em igualdade de
condições. Pode-se até mesmo imaginar um ganho importante de eficiência. Afinal, a vida não é feita
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 42
apenas de competência técnica, ou de capacidade de pontuar em concurso, mas sim de uma dimensão
de compreensão do outro e de variadas realidades. A eficiência pode ser muito bem-servida pelo
pluralismo e pela diversidade no serviço público.
o A Lei nº 12.990/2014 não ofende o princípio da proporcionalidade. A demanda por reparação histórica
e ação afirmativa não foi resolvida com a simples existência de cotas para acesso às universidades
públicas. Isso não foi suficiente. O impacto das cotas raciais não se manifesta no mercado de trabalho
automaticamente, pois há um tempo de espera até que essas pessoas estudem, se formem e se
tornem competitivas. Além disso, a proporção de 20% escolhida pelo legislador é extremamente
razoável. Se essa escolha fosse submetida a um teste de proporcionalidade em sentido estrito, também
não haveria problema, porque 20%, em rigor, representariam menos da metade do percentual de
negros na sociedade brasileira.
o A reserva de vagas tratada pela Lei nº 12.990/2014 vale para todos os três Poderes da União (Executivo,
Legislativo e Judiciário), além do MPU e DPU. A Lei nº 12.990/2014 não se aplica para os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios. No entanto, caso estes entes editem leis semelhantes, elas também
são consideradas constitucionais. Não ficou definido, neste julgamento, se as cotas valem também para
concursos de remoção e promoção.
o Os candidatos negros concorrerão concomitantemente às vagas reservadas e às vagas destinadas à
ampla concorrência, de acordo com a sua classificação no concurso. Os candidatos negros aprovados
dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência não serão computados para efeito do
preenchimento das vagas reservadas (art. 3º, § 1º). Em caso de desistência de candidato negro
aprovado em vaga reservada, a vaga será preenchida pelo candidato negro posteriormente classificado.
Na hipótese de não haver candidatos negros aprovados em número suficiente para ocupar as vagas
reservadas, tais vagas remanescentes serão revertidas para a ampla concorrência e serão preenchidas
pelos demais candidatos aprovados, observada a ordem de classificação.
o Quanto aos critérios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candidatos, o Plenário
exemplificou a forma correta de interpretar a lei. No caso de haver vinte vagas, quatro seriam
reservadas a negros, obedecida a seguinte sequência de ingresso: primeiro colocado geral, segundo
colocado geral, terceiro colocado geral, quarto colocado geral, até que o quinto convocado seria o
primeiro colocado entre os negros, e assim sucessivamente. Dessa forma, evita-se colocar os aprovados
da lista geral primeiro e somente depois os aprovados por cotas.
o O sistema de cotas para negros previsto na Lei nº 12.990/2014 irá durar pelo prazo de 10 anos. Após
esse período, acabam as cotas para negros em concursos públicos da administração pública federal,
salvo se for verificado que a medida ainda é necessária quando, então, deverá ser editada uma nova lei
prorrogando o prazo.
- SERVIDORES PÚBLICOS CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA (2017): (RE) É compatível com a CF a previsão legal que
exija o transcurso de 24 meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de professor
temporário anteriormente contratado.
o A natureza da atividade a ser desempenhada (se permanente ou eventual) não será o fator
determinante para se definir se é possível ou não a contratação de servidor com base no art. 37, IX, da
CF/88. Para ser legítima a contratação deverão ser analisados 2 aspectos: a) a necessidade da
contratação deve ser transitória (temporária); b) deve haver um excepcional interesse público que a
justifique.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 43
o Em resumo, mesmo em atividades públicas de natureza permanente, como as desenvolvidas nas áreas
de saúde, educação e segurança pública, é possível, em tese, a contratação por prazo determinado
para suprir uma demanda eventual ou passageira.
o Admitida a legitimidade, a necessidade e a impessoalidade na cláusula de barreira imposta pelo art.
9º, III, da Lei 8.745/1993, caberia perguntar se ela é, de fato, proporcionalmente ajustada. A
resposta dada pelo Poder Judiciário deve, contudo, assumir uma deferência ao Poder Legislativo.
Em situações como essa, cabe ao Poder Judiciário reconhecer ao legislador margem de
conformação para elencar qual princípio deve prevalecer. Assim, não configura ofensa à isonomia
a previsão legal de proibição, por prazo determinado, de nova contratação de candidato já
anteriormente admitido em processo seletivo simplificado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.
o Apesar de a redação da tese mencionar apenas “admissão de professor”, o certo é que o art. 9º, III, é
constitucional, razão pela qual a vedação existe para outros cargos. O que o STF fez foi declarar
constitucional o art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93. Constou a menção expressa aos professores porque o
caso concreto julgado no RE abrangia essa categoria.
- SITUAÇÃO EXCEPCIONAL NA QUAL STJ ENTENDEU QUE NÃO HOUVE VIOLAÇÃO AO ART. 9º, III, DA LEI
8.745/1993 (540/2014): Na hipótese de contratação de servidor temporário para outra função pública, por
outro órgão, sem relação de dependência com aquele que o contratara anteriormente, não se aplica a
vedação do art. 9º, III, da Lei n. 8.745/93.
o Assim, é possível nova contratação temporária, mesmo em prazo inferior a 24 meses, se for para outra
função pública e para outro órgão sem qualquer relação de dependência com aquele para o qual a
pessoa foi contratada anteriormente. A vedação prevista no art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93 deve ser
interpretada restritivamente, de acordo com a finalidade para qual foi criada, ou seja, impedir a
continuidade do servidor temporário no exercício de funções públicas permanentes, em burla ao
princípio constitucional que estabelece o concurso público como regra para a investidura em cargos
públicos.
- NOMEAÇÃO TARDIA (617/2018): Assim, a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público
NÃO gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria
Administração Pública. O STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese: Na hipótese de posse em
cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que
deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
o a ratio decidendi constante dos precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal consagra a compreensão de que o pagamento de remuneração e a percepção de demais
vantagens por servidor público pressupõe o efetivo exercício no cargo, sob pena de enriquecimento
sem causa.
o Além disso, determinar o pagamento de valores retroativos nessa hipótese desencorajaria o
exercício do poder-dever da Administração Pública para corrigir seus próprios equívocos,
estimulando-se, na mão inversa, a indesejada judicialização de demandas desse feitio.
- SERVIDORES PÚBLICOS (RE) (2017): A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por
meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões
funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 44
o O direito à remuneração é consequência do exercício de fato do cargo. Inexistindo o efetivo exercício, a
pessoa não faz jus à percepção de qualquer importância, sob pena de enriquecimento sem causa.
o A promoção ou a progressão funcional, a depender do caráter da movimentação, se vertical ou
horizontal, não se resolve apenas mediante o cumprimento do requisito temporal. Pressupõe a
aprovação em estágio probatório e a confirmação no cargo, bem como o preenchimento de outras
condições indicadas na legislação ordinária.
- CONCURSO INTERNO (2013): É inconstitucional a lei estadual que prevê que determinados cargos da
Administração Pública serão preenchidos mediante concurso do qual somente participarão servidores
públicos (concurso interno). Essa espécie de “promoção interna” viola o princípio da ampla acessibilidade aos
cargos públicos (art. 37, II, da CF/88).
o A CF/88 não permite que lei estadual preveja o acesso a novas carreiras por meio de seleções internas.
Essa forma de provimento privilegia indevidamente as pessoas que já possuem vínculo com a
Administração estadual em detrimento do público externo.
o Assim, há uma afronta ao postulado da universalidade que, por imposição constitucional, deve reger os
procedimentos seletivos destinados à investidura em cargos, funções ou empregos públicos.
- DESIGNAÇÃO PARA ATIVIDADE DIVERSA (2013): A Administração Pública não pode, sob a simples alegação
de insuficiência de servidores em determinada unidade, designar servidor para o exercício de atribuições
diversas daquelas referentes ao cargo para o qual fora nomeado após aprovação em concurso.
o O administrador deve agir de acordo com o que estiver expresso em lei, devendo designar cada
servidor para exercer as atividades que correspondam àquelas legalmente previstas.
o Apenas em circunstâncias excepcionais previstas em lei — o que não ocorre na situação em análise —
poderá o servidor público desempenhar atividade diversa daquela pertinente ao seu cargo. Inexistindo
as circunstâncias excepcionais, tem o servidor público o direito de ser designado para exercer as
atividades correspondentes ao cargo para o qual tenha sido aprovado.
- SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (759/2014): REPERCUSSÃO GERAL Os serviços sociais autônomos, por
possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a Administração Pública, mesmo que
desempenhem atividade de interesse público em cooperação com o ente estatal, NÃO estão sujeitos à
observância da regra de concurso público (art. 37, II, da CF/88) para contratação de seu pessoal.
o Obs.: vale ressaltar, no entanto, que o fato de as entidades do Sistema “S” não estarem submetidas aos
ditames constitucionais do art. 37, não as exime de manterem um padrão de objetividade e eficiência
na contratação e nos gastos com seu pessoal.
o Em tais hipóteses, a análise deve ser mais ampla e abranger a conduta moral e social do candidato, a
fim de verificar a sua adequação ao pundonor militar, que se traduz em um alto padrão de
comportamento e correção, vinculado à ética e ao decoro.
o Ex: é legítima a decisão administrativa que, na fase de investigação social, considera “não
recomendável” o candidato ao cargo de Policial Militar pelo fato de ele estar respondendo a ação penal
ainda em curso, ou seja, mesmo trânsito em julgado. No caso concreto, o candidato respondia a uma
ação penal por furto qualificado. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 53.486/MT, Rel. Min. Francisco Falcão,
julgado em 07/12/2017.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 46
o Em caso de cargos públicos de “maior envergadura”, em que os ocupantes agem stricto sensu em nome
do Estado, é possível a eliminação do candidato que responde a processo penal acusado de crimes
graves, mesmo que ainda não tenha havido trânsito em julgado. Segundo o Min. Ari Pargendler, o
“acesso ao Cargo de Delegado de Polícia de alguém que responde ação penal pela prática dos crimes
de formação de quadrilha e de corrupção ativa compromete uma das mais importantes instituições do
Estado, e não pode ser tolerado.” (STJ. 1ª Turma. RMS 43.172/MT, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em
12/11/2013).
o Cuidado, no entanto, porque o STF não faz essa “ressalva” e vem sempre decidindo, mesmo em caso
de cargos policiais, que:
o Viola o princípio constitucional da presunção da inocência (art. 5°, LVII, da CF/88), a exclusão de
candidato de concurso público que responde a inquérito ou ação penal sem trânsito em julgado da
sentença condenatória. STF. 1ª Turma. RE 930099 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/03/2016.
STF. 2ª Turma. ARE 1099974 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018.
- CARGA HORÁRIA (644/2019): o cômputo dos 10 ou 15minutos que faltam para que a “hora-aula” complete
efetivamente uma “hora de relógio” não pode ser considerado como tempo de atividade extraclasse dos
profissionais do magistério. (TJ)
- MILITAR (643/2019): O militar temporário não estável, considerado incapaz apenas para o serviço militar,
somente terá direito à reforma ex officio se comprovar o nexo de causalidade entre a moléstia sofrida e a
prestação das atividades militares.
– GREVE (2016): A administração pública DEVE PROCEDER ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do
exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela
decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.
o O Tribunal assentou que: a) a deflagração de greve por servidor público civil corresponde à suspensão
do trabalho e, ainda que a greve não seja abusiva, como regra geral, a remuneração dos dias de
paralisação não deve ser paga; e b) somente não haverá desconto se a greve tiver sido provocada por
atraso no pagamento aos servidores públicos civis ou se houver outras circunstâncias excepcionais que
justifiquem o afastamento da premissa da suspensão da relação funcional ou de trabalho. Considera-se
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 47
assim aquelas circunstâncias em que o ente da administração ou o empregador tenha contribuído,
mediante conduta recriminável, para que a greve ocorresse ou em que haja negociação sobre a
compensação dos dias parados ou mesmo o parcelamento dos descontos
o Ademais, sustentou que eventual compensação de dias e horas não trabalhados deveria ser sempre
analisada na esfera da discricionariedade administrativa, por não haver norma a impor sua obrigatoriedade.
Anotou que alguns entes federados teriam editado atos normativos impeditivos de abono ou compensação
na hipótese de greve. Sem prejuízo da eventual constitucionalidade dessas normas, seria possível inferir
que a opção da administração deveria ser respeitada, até mesmo ao estabelecer premissas normativas
impeditivas de negociações sobre determinados pontos, desde que razoáveis e proporcionais, até o
advento de lei de regência nacional sobre o tema. Enquanto isso não ocorresse, o instrumento da
negociação seria o melhor caminho para solucionar conflitos em cada caso, observados os limites acima
traçados
o TESE CONTRÁRIA: Vencidos os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski,
que negavam provimento ao recurso. Consideravam que a greve dos servidores públicos seria direito
fundamental ligado ao Estado Democrático de Direito. Como a greve seria o principal instrumento de
reivindicações civilizatórias da classe funcional pública diante do Estado, a suspensão do pagamento da
remuneração dos servidores tocaria a essencialidade do direito em debate. A adesão de servidor a
movimento grevista não poderia representar uma opção economicamente intolerável ao próprio servidor e
ao respectivo núcleo familiar.
- GREVE (906/2017) O Governador da Bahia editou um decreto prevendo que, em caso de greve, deverão ser
adotas as seguintes providências: a) convocação dos grevistas a reassumirem seus cargos; b) instauração de
processo administrativo disciplinar; c) desconto em folha de pagamento dos dias de greve; d) contratação
temporária de servidores; e) exoneração dos ocupantes de cargo de provimento temporário e de função
gratificada que participarem da greve. O STF decidiu que este Decreto é constitucional. Trata-se de decreto
autônomo que disciplina as consequências — estritamente administrativas — do ato de greve dos
servidores públicos e as providências a serem adotadas pelos agentes públicos no sentido de dar
continuidade aos serviços públicos. A norma impugnada apenas prevê a instauração de processo
administrativo para se apurar a participação do servidor na greve e as condições em que ela se deu, bem
como o não pagamento dos dias de paralisação, o que está em consonância com a orientação fixada pelo
STF no julgamento do MI 708. É possível a contratação temporária excepcional (art. 37, IX, da CF/88) prevista
no decreto porque o Poder Público tem o dever constitucional de prestar serviços essenciais que não podem
ser interrompidos, e que a contratação, no caso, é limitada ao período de duração da greve e apenas para
garantir a continuidade dos serviços.
- GREVE (2017): (REPERCUSSÃO): 1) exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é
vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança
pública. 2) É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
o Nenhum servidor público que trabalhe na área da segurança pública (art. 144, CF) pode fazer greve.
o Diante da relevância de suas funções e considerando que se trata de uma atividade que não pode ser
exercida pela iniciativa privada, considera-se que a atividade policial é uma "carreira de Estado".
o Os integrantes das carreiras policiais possuem o dever de fazer intervenções e prisões em flagrante,
sendo isso inconciliável com o exercício da greve.
o A atividade policial se for paralisada, afetará também as atribuições do MP e do Poder Judiciário.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 48
o A CF tratou das carreiras policiais de forma diferenciada ao deixá-las de fora do capítulo específico dos
servidores públicos.
o A greve não é um direito absoluto e, neste caso, deverá ser feito um balanceamento entre o direito de
greve e o direito de toda a sociedade à segurança pública e à manutenção da ordem pública e paz
social. Neste caso, há a prevalência do interesse público e do interesse social sobre o interesse
individual de uma categoria.
o Eventuais movimentos grevistas de carreiras policiais podem levar à ruptura da segurança pública, o
que é tão grave a ponto de permitir a decretação do estado de defesa (art. 136 da CF/88) e se o estado
de defesa, em 90 dias, não responder ao anseio necessário à manutenção e à reintegração da ordem,
será possível a decretação do estado de sítio (art. 137, I).
o Apesar de os policiais não poderem exercer o direito de greve, é indispensável que essa categoria possa
vocalizar (expressar) as suas reivindicações de alguma forma. Pensando nisso, o STF afirmou que o
sindicato dos policiais possa acionar o Poder Judiciário para que seja feita mediação com o Poder
Público, nos termos do art. 165 do CPC.
- REMOÇÃO PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE (519/2013): O servidor público federal tem direito de ser
removido a pedido, independentemente do interesse da Administração, para acompanhar o seu cônjuge
empregado de empresa pública federal que foi deslocado para outra localidade no interesse da
Administração. O art. 36, parágrafo único, III, “a”, da Lei 8.112/1990 confere o direito ao servidor público
federal de ser removido para acompanhar o seu cônjuge SERVIDOR público que foi deslocado no interesse
da Administração. A jurisprudência do STJ vem atribuindo uma interpretação ampliativa ao conceito de
servidor público para alcançar não apenas os que se vinculam à Administração Direta, mas também os que
exercem suas atividades nas entidades da Administração Indireta. Desse modo, o disposto no referido
dispositivo legal deve ser interpretado de forma a possibilitar o reconhecimento do direto de remoção
também ao servidor público que pretende acompanhar seu cônjuge empregado de empresa pública federal.
- SERVIDORES PÚBLICOS – REMOÇÃO (2017): A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para
consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se
adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão
liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 50
o A Lei nº 8.112/90 prevê que o servidor público federal tem direito subjetivo de ser removido para
acompanhar seu cônjuge/companheiro que tiver sido removido no interesse da Administração
o De acordo com o art. 36, III, "a" da Lei nº 8.112/90, a remoção para acompanhamento de cônjuge exige
prévio deslocamento de qualquer deles no interesse da Administração, inadmitindo-se qualquer outra
forma de alteração de domicílio. O STJ considera que se a pessoa tem que alterar seu domicílio em
virtude da aprovação em concurso público, isso ocorre no interesse próprio da pessoa (e não no
interesse da Administração). Assim, não há direito subjetivo à remoção do art. 36, III, "a", da Lei nº
8.112/90, considerando que a pessoa estava ciente de que iria assumir o cargo em local diverso da
residência do cônjuge.
o Segundo esta teoria, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas por decisão
judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade
das relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ).
o "A teoria do fato consumado foi construída ao longo dos anos como um mecanismo de estabilização
de atos ou decisões, em casos excepcionais, nos quais a restauração da estrita legalidade seria
faticamente impossível ou, ainda que possível, causaria danos sociais de grande monta e irreparáveis,
com malferimento do postulado da segurança jurídica." (Min. Raul Araújo
o “teoria do fato consumado visa preservar não só interesses jurídicos, mas interesses sociais já
consolidados, não se aplicando, contudo, em hipóteses contrárias à lei, principalmente quando
amparadas em provimento judicial de natureza precária”.
o Em uma primeira linha, a teoria do fato consumado tem sido aplicada, no âmbito judicial, para as
hipóteses em que, pela própria lei da natureza, não haveria como desfazer os acontecimentos
decorrentes do ato viciado. Também tem sido reconhecida a incidência da teoria do fato consumado
nas hipóteses em que a Administração permite, por vários anos, a permanência de situação contrária à
legalidade estrita, atribuindo ares de legalidade a determinada circunstância, e, assim, fazendo crer que
as pessoas agem de boa-fé, conforme o direito.
o A teoria do fato consumado guarda íntima relação com a convalidação dos atos administrativos,
atualmente regulada pelo art. 54 da Lei nº 9.784/99
o Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
o § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção
do primeiro pagamento.
o § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa
que importe impugnação à validade do ato
o O comportamento das partes influencia na aplicação ou não da teoria do fato consumado. Veja:
o 1ª) Se o ato contrário à lei é praticado sem dolo e sem contestação de ninguém, vigorando por
anos com aparência de legalidade: neste caso, o ato deverá ser preservado em homenagem à
segurança jurídica. Protege-se, com isso, a boa-fé e o princípio da confiança legítima do
administrado.
o 2ª) Se o ato praticado é questionado pela Administração Pública, que, desde o início defende
que ele é irregular: neste caso não se deve aplicar a teoria do fato consumado, mesmo que
tenha transcorrido muitos anos. Nessa segunda hipótese, verificada ou confirmada a
ilegalidade, o ato deverá ser desfeito, salvo se tiver havido uma consolidação fática
irreversível (ou seja, não é possível voltar ao "status quo ante").
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 51
o Não se deve perder de vista que a teoria do fato consumado é de aplicação excepcional, e deve ser
adotada com cuidado e moderação, para que não sirva de mecanismo para premiar quem não tem
direito, pelo só fato da demora no julgamento definitivo da causa em que fora deferida uma decisão
liminar, cuja duração deve ser provisória por natureza.
- APOSENTADORIA PESSOA DEFICIÊNCIA (947/2019): Assim, o servidor público com deficiência possui o
direito de ver analisado o requerimento de aposentadoria especial apresentado com base no art. 40, § 4º, I,
da CF/88 utilizando-se das normas da LC 142/2013.
o O art. 40, § 4º, I, da CF/88 prevê que o servidor público com deficiência possui direito à aposentadoria
com requisitos e critérios diferenciados (aposentadoria especial). Ocorre que o dispositivo
constitucional exige que uma lei complementar regulamente essa aposentadoria, sendo, portanto, uma
norma constitucional de eficácia limitada. Até o presente momento, não foi editada essa lei
complementar, havendo, portanto, uma omissão inconstitucional.
- PENSÃO POR MORTE (644/2019): Não ocorre a prescrição do fundo de direito no pedido de concessão de
pensão por morte, estando prescritas apenas as prestações vencidas no quinquênio que precedeu à
propositura da ação.
o Os benefícios previdenciários envolvem relações de trato sucessivo e atendem necessidades de caráter
alimentar, razão pela qual não se admite a tese de prescrição do fundo de direito.
o O benefício previdenciário possui natureza de direito indisponível, que incorpora-se ao patrimônio
jurídico do interessado.
o Não se pode admitir que o decurso do tempo legitime a violação de um direito fundamental.
o O reconhecimento da prescrição de fundo de direito à concessão de um benefício de caráter
previdenciário excluirá seu beneficiário da proteção social, retirando-lhe o direito fundamental à
previdência social, ferindo o princípio da dignidade da pessoa humana e da garantia constitucional do
mínimo existencial.
o A compreensão axiológica dos Direitos Fundamentais não cabe na estreiteza das regras do processo
clássico, demandando largueza intelectual que lhes possa reconhecer a máxima efetividade possível.
o Os direitos humanos e fundamentais não estão ao alcance de mudanças prejudiciais operadas pelo
legislador comum.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 52
+ APOSENTADORIA ESPECIAL (907/2018): Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder
Judiciário garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da CF/88) às guardas municipais. A aposentadoria
especial não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas atividades precípuas não são
inequivocamente perigosas e, ainda, pelo fato de não integrarem o conjunto de órgãos de segurança pública
relacionados no art. 144, I a V, da CF/88.
+ POSSE PRECÁRIA (911/2018): Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço
público por força de provimento judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser
reformada. Neste caso, em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da
proteção da confiança legítima incide com maior intensidade. Trata-se de uma excepcionalidade que
autoriza a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476 - não se aplica a teoria
do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória
posteriormente revista).
- APOSENTADORIA (2017): Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público
por força de provimento judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada.
o Segundo a Teoria do Fato Consumado, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo,
amparadas por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança
jurídica e da estabilidade das relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ).
o A Teoria do Fato Consumado não é admitida pela jurisprudência no caso de posse em cargo público por
força de decisão judicial provisória. O STF já até afirmou isso em sede de recurso extraordinário com
repercussão geral
o No entanto, neste segundo caso, a situação é diferente, porque o impetrante já estava aposentado
quando veio a decisão desfavorável. Assim, embora o vínculo de trabalho fosse precário, o autor da
ação pagou mensalmente as contribuições previdenciárias e completou todos os requisitos necessários
para a aposentadoria, de forma que o vínculo previdenciário foi consolidado.
+ FUNPRESP (908/2018): O art. 3º, § 7º, da Lei nº 12.618/2012 e o art. 92 da Lei nº 13.328/2016 previram que
os servidores titulares de cargos efetivos da União (inclusive magistrados, membro do MP e do TCU)
poderiam aderir, até o dia 29/07/2018, aos planos de benefícios administrados por entidades fechadas de
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 55
previdência complementar. Duas associações de magistrados ingressaram com ação requerendo a
prorrogação deste prazo. O STF, contudo, negou o pedido.
o O deferimento do pleito representaria indevida manipulação de opção político-normativa do
Parlamento.
o Ao STF, à semelhança do que ocorre com as demais Cortes Constitucionais, cabe exercer o papel de
LEGISLADOR NEGATIVO. É sua a relevante função de extirpar do ordenamento jurídico normas
incompatíveis com a Lei Maior, devendo, exatamente por esse motivo, atuar com parcimônia.
- PENSÃO POR MORTE (553/2014): Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a
designação do beneficiário nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em
eleger o dependente como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos.
- INDENIZAÇÃO (641/201): REPETITIVO A Lei nº 12.855/2013, que instituiu a Indenização por Trabalho em
Localidade Estratégica, é norma de eficácia condicionada à prévia regulamentação (norma eficácia
LIMITADA), para definição das localidades consideradas estratégicas, para fins de pagamento da referida
vantagem.
- SUBSÍDIO (950/2019): É possível o pagamento de terço de férias e de décimo terceiro salário aos
Vereadores, mas desde que isso esteja previsto em lei municipal. Assim, os Vereadores, mesmo recebendo
sua remuneração por meio de subsídio (parcela única), podem ter direito ao pagamento de terço de férias e de
décimo terceiro salário.
o Vale ressaltar, no entanto, que o pagamento de décimo terceiro e do terço constitucional de férias aos
agentes políticos com mandato eletivo não é um dever, mas sim uma opção, que depende do legislador
infraconstitucional.
- SUBSÍDIO (946/2019): ADI 4941 Lei estadual pode prever o pagamento de gratificação para servidores
mesmo que estes já recebam subsídio CASO essa gratificação sirva para remunerar atividades que
extrapolem aquelas que são normais do cargo (AL)
o Uma leitura isolada do art. 39, § 4º, da CF/88 pode sugerir que o pagamento do subsídio há de ser feito
de maneira absolutamente monolítica, ou seja, sem o acréscimo de qualquer outra parcela.
o Todavia, essa compreensão é equivocada. Uma interpretação sistemática revela que a própria
Constituição, no art. 39, § 3º, assegura a todos os servidores públicos, sem distinção, a fruição de
grande parte dos direitos sociais do art. 7º, que envolve pagamento de verbas adicionais, cumuláveis
com a do subsídio, tais como adicional de férias, décimo terceiro salário, acréscimo de horas
extraordinárias, adicional de trabalho noturno, entre outras. Portanto, não há no art. 39, § 4º, da CF/88
uma vedação absoluta ao pagamento de outras verbas além do subsídio.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 56
- TETO (932/2019): A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição
da República, compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais
à Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento) do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF (Subsídio de Desembargador do TJ).
o é inconstitucional a hermenêutica que exclua da categoria “Procuradores” os “defensores dos
municípios”*, que desempenham idênticas atribuições dos procuradores congêneres no âmbito da
União, dos Estados e do Distrito Federal.
o “defensores dos municípios”: essa expressão foi utilizada no voto do Min. Fux no sentido de
“advogados” (“procuradores”) dos municípios. Não tem nada a ver com Defensoria Pública municipal
que, segundo a maioria da doutrina, não pode existir
- REVISÃO (953/2019) – REPERCUSSÃO GERAL: O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual
dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito
subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada,
acerca das razões pelas quais não propôs a revisão.
o O art. 37, X, da CF/88 não traz um dever específico de que a remuneração dos servidores seja objeto de
aumentos anuais. Além disso, esse dispositivo constitucional não obriga que, se o chefe do Poder
Executivo encaminhar um projeto de lei, nele seja previsto um percentual correspondente à inflação
apurada no período.
o Em palavras mais simples, ao se aumentar a remuneração dos servidores com base na inflação, isso
gera, como efeito colateral, o aumento novamente da inflação. Assim, para o STF, os reajustes devem,
na realidade, ser condicionados às circunstâncias econômicas de cada momento (e não
necessariamente estar vinculados à inflação).
o Não cabe, no caso, invocar o princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos. Isso porque a
jurisprudência do STF é no sentido de que esse princípio somente é violado quando há redução do
valor nominal dos vencimentos, mas não quando se deixa de reajustá-los para repor seu poder de
compra.
o O que o art. 37, X, da CF/88 impõe é que o chefe do Poder Executivo deve se pronunciar anualmente e
de forma fundamentada sobre a conveniência e a possibilidade de reajuste anual do funcionalismo.
- ABONO DE PERMANÊNCIA (2017): A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo
titular do abono de permanência, NÃO implica a cessação do benefício.
o O abono de permanência é um incentivo financeiro pago ao servidor que, mesmo já tendo preenchido
os requisitos para se aposentar com proventos integrais, decide adiar a jubilação e continuar
trabalhando.
o § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria
voluntária estabelecidas no § 1º, III, "a", e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono
de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências
para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
o Diante do caráter unitário do Poder Judiciário, este tempo de 5 anos no cargo efetivo mencionado pelo
art. 40, § 1º, III, da CF/88, deve ser entendido como "cinco anos na magistratura", independentemente
do cargo ocupado ou de ascensão dentro da própria carreira.
o O Colegiado entendeu que o TCU conferiu interpretação restritiva ao § 19 do art. 40 da CF, confundindo
o direito à aposentadoria no novo cargo com o direito ao abono. Por fim, ponderou que, se a
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 57
impetrante viesse a se desligar do cargo de ministra, ainda assim permaneceria com o direito a
aposentar-se como juíza.
LEMBRAR: O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato
sucessivo? Para o STJ, é preciso fazer a seguinte distinção:
Em síntese:
• Redução de vantagem: prestação de TRATO SUCESSIVO (prazo para o MS se renova).
• Supressão de vantagem: ato ÚNICO (prazo para o MS não se renova)
- SERVIDORES PÚBLICOS (2016): A Lei que concedeu o reajuste entrou em vigor na data de sua publicação.
Apenas os efeitos financeiros é que foram postergados para o dia 1º/1/2008. No momento em que a Lei entrou
em vigor, os servidores passaram a ter direito adquirido ao reajuste, ainda que os efeitos financeiros somente
fossem em data futura.
o Lei estadual de 2007 fixou aumento na remuneração dos servidores públicos estaduais. A Lei entrou em
vigor na data de sua publicação, mas estabeleceu que os efeitos financeiros desse aumento seriam
contados somente a partir do primeiro dia do ano seguinte.
o Ocorre que, antes que chegasse a data prevista como início do reajuste, a referida Lei foi revogada por
uma outra. O STF entendeu que esta Lei revogadora é inconstitucional por violar o direito adquirido
(art. 5º, XXXVI, da CF/88) e o princípio da irredutibilidade dos vencimentos (art. 37, XV).
- SERVIDORES PÚBLICOS – REMUNERAÇÃO (2017): A Lei nº 11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o
vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica deve corresponder ao piso salarial
profissional nacional, sendo vedada a fixação do vencimento básico em valor inferior, não havendo
determinação de incidência automática em toda a carreira e reflexo imediato sobre as demais vantagens e
gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações estiverem previstas nas legislações locais.
o Os Governadores de alguns Estados ingressaram com uma ADI no STF contra a Lei nº 11.738/2008
afirmando, dentre outros argumentos, que a mencionada lei seria desproporcional e não teria amparo
orçamentário. A ação foi julgada improcedente.
o A Lei 11.738/2008 passou a ser aplicável a partir de 27.04.2011, data do julgamento de mérito desta
ação direta de inconstitucionalidade e em que declarada a constitucionalidade do piso dos professores
da educação básica. Aplicação do art. 27 da Lei 9.868/2001
o A expressão "piso" não pode ser interpretada como "remuneração global", devendo ser entendida
como "vencimento básico inicial". Assim, não abrange outras vantagens pecuniárias pagas a qualquer
título. Repetindo: piso = vencimento básico inicial. Desse modo, a Lei nº 11.738/2008 não garantiu um
reajuste geral para toda a carreira do magistério
o Em 2017, o piso salarial nacional dos professores sofreu um reajuste de 7,64% em relação ao valor que
era previsto em 2016. Com isso, o vencimento inicial dos professores da educação básica da rede
pública passou de R$ 2.135,64 para R$ 2.298,80. Lembrando mais uma vez: se o Professor já recebe
R$ 3.000,00, por exemplo, ele não terá direito a 7,64% de aumento. Da mesma forma, este percentual
de aumento não terá impacto nas demais verbas recebidas pelos professores, salvo se a legislação
estadual/municipal assim determinar.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 59
o NÃO SE APLICA SÓ PRA PROFESSORES: A Lei n. 11.738/2008 regulamenta o piso salarial profissional
nacional para “os profissionais do magistério público da educação básica”. A lei diz que essa categoria
compreende, além daqueles que desempenham as atividades de docência, como os professores,
também “os profissionais que atuam no suporte pedagógico à docência, exercendo atividades de
direção, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no
âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e modalidades, com a
formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases da educação nacional” (art.
2º, § 2º da Lei)
o Dessa forma, o piso salarial nacional deve ser o vencimento inicial para professores, diretores,
coordenadores, inspetores, supervisores, orientadores e planejadores escolares em início de carreira,
com formação em magistério ou normal e carga horária de 40 horas semanais.
o Segundo entendimento majoritário, a merendeira, o auxiliar administrativo e outros profissionais que
trabalham na escola, mas não no suporte pedagógico, não possuem direito ao piso salarial.
+ TETO (923/2018): Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos INTERINOS de serventias
extrajudiciais (são os cartórios de Tabelionato de Notas, de Protesto, de Registro de Imóveis, de Registro de
Pessoas Naturais etc).
o Ocorre que, enquanto tais concursos não são realizados, alguém precisa, interinamente, exercer as
funções notariais e registrais no lugar do titular que foi afastado. Assim, o titular (que estava sem
concurso) é afastado e o Tribunal de Justiça deve designar um “interino” para exercer as funções na
respectiva serventia.
o o Corregedor Nacional de Justiça: determinou que substitutos que respondem interinamente pelas
atividades da serventia estão sujeitos ao teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da CF/88.
o O titular interino não pode ser equiparado ao titular da serventia, considerando que ele não preenche
os requisitos para tanto. Assim, ele está atuando como um preposto do Poder Público e, nessa
condição, deve submeter-se aos limites remuneratórios previstos para os agentes públicos.
- TETO TEM EFICÁCIA IMEDIATA (761/2014): O teto de retribuição fixado pela EC nº 41/2003 é de eficácia
imediata e todas as verbas de natureza remuneratória recebidas pelos servidores públicos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem se submeter a ele, ainda que adquiridas de acordo com
regime legal anterior. A aplicação imediata da EC nº 41/2003 e a redução das remunerações acima do teto
não afrontou o princípio da irredutibilidade nem violou a garantia do direito adquirido. Em outras palavras,
com a EC nº 41/2003, quem recebia acima do teto fixado, teve a sua remuneração reduzida para respeitar o
teto. Essa redução foi legítima.
o Não há violação ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito? NÃO. O art. 5º, XXXVI (“a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”), também não pode ser
invocado para excepcionar a imposição do teto de retribuição.
o Segundo o STF, a cláusula da irredutibilidade somente pode ser invocada se a remuneração que estava
sendo recebida pelo servidor estava em conformidade com a CF/88. Desse modo, os vencimentos
acima do teto constitucional, ainda que com o beneplácito de disciplinas normativas anteriores, não
estão amparados pela regra da irredutibilidade.
o O pagamento de remunerações superiores aos tetos de retribuição, além de se contrapor aos
princípios da moralidade, da transparência e da austeridade na administração dos gastos com custeio,
representa gravíssima quebra da coerência hierárquica essencial à organização do serviço público.
o O Min. Zavascki lembrou, por fim, que o fato de o art. 9º da EC 41/2003 ser objeto de ação direta de
inconstitucionalidade ainda pendente de apreciação, não impediria, contudo, que o STF fizesse impor a
força normativa do próprio art. 37, XI, da CF, cujo enunciado seria suficiente para coibir situações
inconstitucionais de remuneração excessiva.
*ATENÇÃO: STF TEM ENTENDIMENTO DIVERSO: É desnecessária a devolução dos valores recebidos por
liminar revogada, em razão de mudança de jurisprudência. Também é descabida a restituição de valores
recebidos indevidamente, circunstâncias em que o servidor público atuou de boa-fé. Essa orientação
ampara-se na confiança legítima que o beneficiário da decisão tem no sentido de que a sua pretensão
será acolhida. Assim, os princípios da boa-fé e da segurança jurídica afastam o dever de restituição de
parcelas recebidas por ordem liminar revogada. STF. 1ª Turma. MS 32.185/DF ED, Redator do acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 13/11/2018 (Info 923).
11.Bens públicos: terminologia; síntese evolutiva; noção; tipologia; classificação; domínio do Estado; domínio
privado; uso de bem público por particular (normal, anormal, comum e privativo); alienação; afetação e
desafetação; formação do patrimônio público; regime jurídico geral; aquisição; terras devolutas; terrenos de
marinha; terrenos marginais ou reservados; terras indígenas; ilhas; águas públicas; minas e jazidas.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 62
Súmula 619 STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
INSUSCETÍVEL de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) Os bens integrantes do acervo patrimonial de sociedades de economia mista sujeitos a uma destinação
pública equiparam-se a bens públicos, sendo, portanto, insuscetíveis de serem adquiridos por meio de
usucapião.
2) Os imóveis administrados pela Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap são públicos e, portanto,
insuscetíveis de aquisição por meio de usucapião.
3) O imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação - SFH, porque afetado à prestação de serviço
público, deve ser tratado como bem público, não podendo, pois, ser objeto de usucapião.
4) É possível reconhecer a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual tinha sido,
anteriormente, instituída enfiteuse, pois, nessa circunstância, existe apenas a substituição do enfiteuta
pelo usucapiente, não havendo qualquer prejuízo ao Estado.
5) É incabível a modificação unilateral pela União do valor do domínio pleno de imóvel aforado, incidindo
somente a correção monetária na atualização anual do pagamento do foro na enfiteuse de seus bens (art.
101 do Decreto-Lei n. 9760/1946).
6) As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam,
apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em
relação aos possuidores. (Súmula n. 477/STF)
7) Terras em faixas de fronteira e aquelas sem registro imobiliário não são, por si só, terras devolutas,
cabendo ao ente federativo comprovar a titularidade desses terrenos.
8) O descumprimento de encargo estabelecido em lei que determinara a doação de bem público enseja,
por si só, a sua desconstituição.
9) A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de
retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. (Súmula n. 619/STJ)
10) Construção ou atividade irregular em bem de uso comum do povo revela dano presumido à
coletividade, dispensada prova de prejuízo em concreto.
11) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis
à União. (Súmula n. 496/ STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 419)
- TERRAS OCUPADAS PELOS ÍNDIOS (873/2017): As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são
bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de
domínio do Estado-membro.
o Os bens públicos podem ser objeto de desapropriação, mas apenas por entidades estatais superiores
e desde que haja autorização legislativa para o ato expropriatório.
o Assim, a União pode desapropriar bens dos Estados, do DF e dos Municípios; já os Estados podem
desapropriar apenas os bens dos Municípios; os Municípios, por sua vez, não podem desapropriar
bens públicos.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 63
o O que o estado-membro pode fazer, então, para utilizar o imóvel de João? Poderá desapropriar o
domínio útil do imóvel, de forma que ele continuará pertencendo à União.
o Nesse caso, mesmo sendo desapropriação, deverá ser pago laudêmio? SIM. A transferência, para
fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel aforado da União constitui operação apta a gerar o
recolhimento de laudêmio. Isso porque, nessa situação, mesmo se tratando de uma desapropriação,
não se pode negar que há uma transferência onerosa entre vivos, de modo a possibilitar a incidência
do disposto no art. 3º do Decreto-lei 2.398/1987.
o Obs: O CC-2002 proibiu a constituição de novas enfiteuses (aforamentos), continuando a existir
aquelas que já haviam sido constituídas (elas são regidas pelo CC-1916). O CC-2002 determinou,
ainda, que a enfiteuse (aforamento) dos terrenos de marinha poderia continuar a existir, sendo
matéria a ser regulada por lei especial (art. 2.038, § 2º).
LITÍGIO ENTRE PARTICULARES (594/2016): É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre
particulares sobre bem público dominical.
o A jurisprudência sempre entendeu que se o particular ocupa um bem público, não se pode falar, neste
caso, em posse, havendo mera detenção.
o Em suma, o ocupante de bem público é considerado mero detentor da coisa e, por conseguinte, não há
que se falar em proteção possessória nem em indenização por benfeitorias ou acessões realizadas, por
configurar desvio de finalidade (interesse particular em detrimento do interesse público), além de
violação aos princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da supremacia do interesse
público.
o Em razão disso, é juridicamente impossível que um particular que esteja ocupando irregularmente um
bem público ajuíze ação de reintegração ou de manutenção de posse contra o Poder Público, por
exemplo.
o A posição acima exposta possui uma exceção: se dois particulares estão litigando sobre a ocupação de
um bem público, o STJ passou a entender que, neste caso, é possível que, entre eles, sejam propostas
ações possessórias (reintegração, manutenção, interdito proibitório).
o Assim, para o entendimento atual do STJ é cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de
invasor de terra pública desde que contra outros particulares. Existem decisões das duas Turmas do STJ
nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016 (Info
579). STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594).
Importante destacar mais uma vez que são duas situações que devem ter tratamentos diferentes:
1) particular invade imóvel público e deseja proteção 2) particular invade imóvel público e deseja proteção
possessória em face do PODER PÚBLICO: possessória em face de outro PARTICULAR:
Não terá direito à proteção possessória. Terá direito, em tese, à proteção possessória.
Não poderá exercer interditos possessórios porque,É possível o manejo de interditos possessórios em
perante o Poder Público, ele exerce mera detenção. litígio entre particulares sobre bem público dominical,
pois entre ambos a disputa será relativa à posse.
12.Serviços públicos: caracterização; princípios específicos; tipologia; modos de prestação; concessão de serviç
o público; conceito; características; concessão de serviço precedida de obra pública; Lei nº 8.987/1995 e suas al
terações; serviço adequado; direitos e deveres dos usuários; política tarifária; licitação; contrato; encargos do c
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 64
oncedente e da concessionária; intervenção; extinção; permissão e autorização de serviço público; arrendame
nto; franquia; parcerias público‐privadas.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário,
desde que precedido de notificação.
2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações, desde que precedido de notificação.
3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à
integridade física do usuário.
4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica
de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras
de serviços indispensáveis à população.
5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de
saúde, uma vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde.
6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário
decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular,
relativa ao mês do consumo.
7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em
razão da natureza pessoal da dívida.
8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar
abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a
indenização ao consumidor por danos morais.
9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de
irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela
concessionária.
10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o
débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário inadimplente.
- CONCESSÃO SERVIÇO PÚBLICO (885/2017): A concessionária NÃO tem direito adquirido à renovação do
contrato de concessão de usina hidrelétrica. Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-
se no campo da discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de
concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas
condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a renovar a
concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser APLICADA para a renovação de contratos ocorrida após a sua
vigência mesmo que a assinatura do pacto original tenha ocorrido antes da sua edição
o Essa natural discricionariedade na realização ou não da prorrogação contratual é baseada na
supremacia do interesse público e encontra razão de ser na própria finalidade da licitação.
o Quando a lei se refere à licitação como forma de garantir a isonomia, encontra-se pressuposta a
igualdade de oportunidades, e, portanto, a ocorrência PERIÓDICA de certames, o que define a
delimitação temporal dos ajustes firmados com o Estado. De igual modo, ao se referir à vantajosidade,
quer a lei ressaltar que o caráter competitivo que é estabelecido pela licitação é salutar ao interesse
público, o que, novamente, traduz a intenção da legislação de criar mecanismos de renovação
periódica da contratação.
o Se houvesse um direito subjetivo da concessionária em obter a prorrogação, estaríamos conferindo
supremacia dos interesses particulares sobre o público.
o Seria inaceitável (e nula) eventual cláusula contratual que obrigasse a Administração a renovar a
concessão mesmo que ausente o interesse público nesta medida. Essa regra é ainda mais pertinente
em se tratando de contrato de concessão de energia elétrica, em que a prorrogação se estabelece por
décadas, a exigir da Administração ainda maior atenção na análise de seu interesse na renovação.
o Por escolha governamental, definiu-se novo rumo ao sistema de fornecimento de energia elétrica por
meio da Lei nº 12.783/2013. Essa legislação trouxe novas disposições para as concessões de energia
elétrica, que deviam ser observadas pela Administração Pública no momento de avaliar a renovação
dos contratos de concessão. A lei era expressa nesse sentido. Também a mesma lei estipulou a
necessidade de manifestação das concessionárias quanto ao interesse de permanecer sob a
contratação nas novas bases legais, respeitando-se, assim, não apenas a discricionariedade
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 66
administrativa na renovação do contrato, mas também a bilateralidade, igualmente característica dessa
forma de ajuste.
o Todo contrato possui um prazo definido e é durante esse período que se exige o equilíbrio da relação
contratual. O princípio do equilíbrio do contrato NÃO é obrigatório em caso de prorrogação do ajuste
considerando que, neste caso, a Administração Pública poderá impor novas condições assim definidas
na lei.
- PARTICIPAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO (602/2017) Se um servidor público for sócio ou funcionário de uma
empresa, ela não poderá participar de licitações realizadas pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
este servidor público (art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93). O fato de o servidor estar licenciado do cargo não
afasta a referida proibição, considerando que, mesmo de licença, ele não deixa possuir vínculo com a
Administração Pública. Assim, o fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o
qual não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal
servidor ou dirigente do órgão contratante ou responsável pela licitação.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua
quando comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita e anterior ao processo
expropriatório.
2) As regras dispostas nos arts. 19 e 33 do CPC, quanto à responsabilidade pelo adiantamento dos
honorários periciais, se aplicam às demandas indenizatórias por desapropriação indireta, eis que regidas
pelo procedimento comum.
3) Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros
compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas (Súmula n. 131/STJ)
4) A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins de reforma
agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse público.
5) A ação de desapropriação direta ou indireta, em regra, não pressupõe automática intervenção do
Ministério Público, exceto quando envolver, frontal ou reflexamente, proteção ao meio ambiente,
interesse urbanístico ou improbidade administrativa.
6) A imissão provisória na posse do imóvel objeto de desapropriação, caracterizada pela urgência,
prescinde de avaliação prévia ou de pagamento integral, exigindo apenas o depósito judicial nos termos
do art. 15, § 1º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
7) Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela
limitação de uso da propriedade. (Súmula n. 56/STJ)
8) A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois eles
restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a
expectativa de renda, considerando a possibilidade de o imóvel ser aproveitado a qualquer momento de
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 67
forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista.(Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 280)
9) Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e,
na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel, calculados, nos dois casos, sobre o
valor da indenização corrigido monetariamente.
10) Na desapropriação, a base de cálculo dos juros compensatórios é a diferença entre os 80% do preço
ofertado e o valor do bem definido judicialmente.
11) Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada judicialmente for igual ou inferior ao valor
ofertado inicialmente, a base de cálculo para os juros compensatórios e moratórios deve ser os 20% (vinte
por cento) que ficaram indisponíveis para o expropriado.
12) O termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia 1º de janeiro do exercício seguinte
àquele em que o pagamento deveria ser feito. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA
210)
13) Nas ações de desapropriação não há cumulação de juros moratórios e juros compensatórios, eis que
se trata de encargos que incidem em períodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a
data da expedição do precatório original, enquanto que os moratórios somente incidirão se o precatório
expedido não for pago no prazo constitucional.(Tese julgado sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Temas
210 e 211)
14) O valor da indenização por desapropriação deve ser contemporâneo à data da avaliação do perito
judicial.
15) Em se tratando de desapropriação, a prova pericial para a fixação do justo preço somente é
dispensável quando há expressa concordância do expropriado com o valor da oferta inicial.
16) Em ação de desapropriação, é possível ao juiz determinar a realização de perícia avaliatória, ainda que
os réus tenham concordado com o valor oferecido pelo Estado.
17) A revelia do desapropriado não implica aceitação tácita da oferta, não autorizando a dispensa da
avaliação, conforme Súmula n. 118 do extinto Tribunal Federal de Recursos.
18) Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que a área medida do bem
é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado receberá indenização correspondente
à área registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o
registro ou se defina a titularidade para o pagamento a quem de direito.
19) Na desapropriação é devida a indenização correspondente aos danos relativos ao fundo de comércio.
20) A imissão provisória na posse não deve ser condicionada ao depósito prévio do valor relativo ao
fundo de comércio eventualmente devido.
21) A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária
(Súmula n. 354/STJ).
22) Não incide imposto de renda sobre as verbas decorrentes de desapropriação (indenização, juros
moratórios e juros compensatórios), seja por necessidade ou utilidade pública, seja por interesse social,
por não constituir ganho ou acréscimo patrimonial. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
TEMA 397)
23) O valor dos honorários advocatícios em sede de desapropriação deve respeitar os limites impostos
pelo artigo 27, § 1º, do Decreto-lei 3.365/41 qual seja: entre 0,5% e 5% da diferença entre o valor proposto
inicialmente pelo imóvel e a indenização imposta judicialmente. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do
CPC/73 - TEMA 184)
24) O pedido de desistência na ação expropriatória afasta a limitação dos honorários estabelecida no art.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 68
27, § 1º, do Decreto nº 3.365/41.
25) São aplicáveis às desapropriações indiretas os limites percentuais de honorários advocatícios
constantes do art. 27, § 1º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
26) O prazo para resgate dos TDAs complementares expedidos para o pagamento de diferença apurada
entre o preço do imóvel fixado na sentença e o valor ofertado na inicial pelo expropriante tem como
termo a quo a data da imissão provisória na posse, de acordo com o prazo máximo de vinte anos para
pagamento da indenização estabelecido pelo art. 184 da CF/88.
27) O promitente comprador tem legitimidade ativa para propor ação cujo objetivo é o recebimento de
verba indenizatória decorrente de ação desapropriatória, ainda que a transferência de sua titularidade
não tenha sido efetuada perante o registro geral de imóveis.
28) O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da indenização pela perda
do seu direito possessório.
29) Nas desapropriações realizadas por concessionária de serviço público, não sujeita a regime de
precatório, a regra contida no art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/41 é inaplicável, devendo os juros
moratórios incidir a partir do trânsito em julgado da sentença.
30) O ato de tombamento geral não precisa individualizar os bens abarcados pelo tombo, pois as
restrições impostas pelo Decreto-Lei n. 25/1937 se estendem à totalidade dos imóveis pertencentes à área
tombada.
31) Inexistindo ofensa à harmonia estética de conjunto arquitetônico tombado, não há falar em
demolição de construção acrescida.
32) O tombamento do Plano Piloto de Brasília abrange o seu singular conceito urbanístico e paisagístico,
que expressa e forma a própria identidade da capital federal.
33) A indenização pela limitação administrativa ao direito de edificar, advinda da criação de área non
aedificandi, somente é devida se imposta sobre imóvel urbano e desde que fique demonstrado o prejuízo
causado ao proprietário da área.
34) É indevido o direito à indenização se o imóvel expropriado foi adquirido após a imposição de limitação
administrativa, porque se supõe que as restrições de uso e gozo da propriedade já foram consideradas na
fixação do preço do imóvel.
35) As restrições relativas à exploração da mata atlântica estabelecidas pelo Decreto n. 750/1993
constituem mera limitação administrativa, e não desapropriação indireta, sujeitando-se, portanto, à
prescrição quinquenal.
36) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua
quando comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita e anterior ao processo
interventivo na propriedade.
37) Nas hipóteses em que ficar demonstrado que a servidão de passagem abrange área superior àquela
prevista na escritura pública, impõe-se o dever de indenizar, sob pena de violação do princípio do justo
preço.
38) Os juros compensatórios incidem pela simples perda antecipada da posse, no caso de desapropriação,
e pela limitação da propriedade, no caso de servidão administrativa nos termos da Súmula n. 56/STJ.
39) Não incide imposto de renda sobre os valores indenizatórios recebidos pelo particular em razão de
servidão administrativa instituída pelo Poder Público.
40) Admite-se a possibilidade de construções que não afetem a prestação do serviço público na faixa de
servidão (art. 3º do Decreto n. 35.851/1954).
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 69
- LOTEAMENTO (651/2019): Existe o poder-dever do Município de regularizar loteamentos clandestinos ou
irregulares restrito às obras essenciais a serem implantadas em conformidade com a legislação urbanística
local, sem prejuízo do também poder-dever da Administração de cobrar dos responsáveis os custos em que
incorrer a sua atuação saneadora.
o Vale ressaltar que o dever do Município, segundo a redação do art. 40, tem por objetivo “evitar lesão
aos seus padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes”. Isso
significa que não se exige do Município que faça a regularização de loteamentos clandestinos (não
aprovados pelo Município) em terrenos que ofereçam perigo imediato para os moradores lá instalados,
assim como os que estejam em Áreas de Preservação Permanente, de proteção de mananciais de
abastecimento público, ou mesmo fora do limite de expansão urbana fixada nos termos dos padrões de
desenvolvimento local.
o A ordem judicial, nesses casos, deve ser apenas para exigir que o Poder Público faça a remoção das
pessoas alojadas nesses lugares insalubres, impróprios ou inóspitos, assegurando-lhes habitação
digna e segura (o verdadeiro direito à cidade).
- DESAPROPRIAÇÃO (2017): O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel
desapropriado nas hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de
aquisição originária da propriedade
o Os débitos de IPTU e da taxa de coleta domiciliar são considerados como obrigações propter rem,
conforme preceitua o art. 130 do CTN. Isso significa que são obrigações que acompanham a coisa e
vinculam todo e qualquer proprietário ou possuidor do imóvel.
o A aquisição da propriedade pode ser decorrente de vínculo originário ou derivado. A aquisição
originária consiste em uma forma unilateral de se tornar possuidor do bem, não existindo qualquer
bilateralidade (ou interação entre os sujeitos), para se transmitir vínculo obrigacional. Na aquisição
derivada, há uma relação jurídica que precede ao uso, fruição ou gozo do bem, cujo repasse ocorre
com a transferência de vínculos obrigacionais entre os sujeitos, diante de um negócio jurídico
constitutivo.
o A desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade. Isso porque ela não provém de
nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado vai para o novo proprietário livre de quaisquer
ônus que sobre ele incidissem antes.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 71
o À vista desse entendimento e considerando que à legislação tributária é vedado alterar a definição, o
conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado (art. 110 do CTN), conclui-se
ser inexigível perante à União, os créditos tributários incidentes sobre o imóvel expropriado, devendo
eventuais direitos creditórios em favor da exequente ser imputados ao expropriado.
- DIVERGÊNCIA DE ÁREA (540/2014) Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, ficar
constatado que a área medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado
receberá indenização correspondente à área registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até que,
posteriormente, se complemente o registro ou se defina a titularidade para o pagamento a quem de direito.
A indenização devida deverá considerar a área efetivamente desapropriada, ainda que o tamanho real seja
maior do que o constante da escritura, a fim de não se configurar enriquecimento sem causa em favor do
ente expropriante.
o O Min. Relator Gilmar Mendes afirmou em sua decisão que a legislação federal de fato veda a
desapropriação dos bens da União pelos Estados, segundo o Decreto-Lei 3.365/1941. No entanto, este DL (que
tem força de lei) não se aplica para os casos de tombamento, que é disciplinado pelo Decreto-Lei 25/1937.
Assim sendo, os bens da União não foram excepcionados do rol de bens que não podem ser tombados por
norma dos estados ou Distrito Federal.
- EXPROPRIAÇÃO (2017): A expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.
o Parte da doutrina denomina este art. 243 de "desapropriação confiscatória" em virtude de não conferir
ao proprietário direito à indenização, outros autores preferem falar em "confisco". O STF reafirmou que
se trata de confisco.
o Existem dois motivos que geram esse confisco: a) o fato de no imóvel estarem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas; ou b) o fato de no imóvel haver exploração de trabalho escravo.
o Para que haja a sanção do art. 243, não se exige a participação direta do proprietário no cultivo ilícito.
No entanto, apesar disso, trata-se de medida sancionatória, exigindo-se algum grau de culpa para sua
caracterização. A responsabilidade do proprietário é subjetiva, no entanto bastante próxima da
objetiva.
o Ônus da prova = cabe ao proprietário (e não à União) o ônus da prova. Em outras palavras, caberá ao
proprietário provar que não agiu com culpa.
o Se o imóvel pertencer a dois ou mais proprietários (condomínio), haverá a expropriação mesmo que
apenas um deles tenha participação ou culpa. Restará apenas ao proprietário inocente buscar
reparação daquele que participou ou teve culpa.
o Haverá expropriação mesmo que o imóvel esteja em garantia. A expropriação prevalece sobre
direitos reais de garantia, não se admitindo embargos de terceiro fundados em dívida hipotecária,
anticrética ou pignoratícia.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 73
14.Intervenção do Estado no domínio econômico: ordem econômica; fundamentos; valorização do trabalho
humano e liberdade de iniciativa; compatibilização; princípios; soberania nacional; propriedade privada;
função social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; redução
das desigualdades regionais e sociais; tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte; formas de
atuação; Estado regulador; Estado executor; monopólio estatal; defesa da concorrência; fundamentos;
sistema brasileiro; atos de concentração; condutas anticoncorrenciais; sanções.
+ LENIÊNCIA (912/2018): É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das
provas obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em
relação aos aderentes. Nada impede que tais provas sejam fornecidas (compartilhadas) para os órgãos de
apuração para que sejam propostas medidas contra as outras pessoas envolvidas nos ilícitos e que não
fizeram parte do acordo. (LEI 12.846/2013 – ato lesivo à adm pub, não é o da lei de concorrência)
o Existe uma polêmica sobre isso. O art. 16, § 10 da Lei nº 12.846/2013 afirma que “a Controladoria-
Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder
Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra a administração pública
estrangeira.” A posição que prevalece, contudo, é a de que, mesmo no silêncio da Lei, o Ministério
Público pode sim fazer o acordo de leniência porque isso decorre do art. 129 da CF/88.
o A ODEBRECHT manifestou-se contrariamente ao compartilhamento afirmando o seguinte: a nossa
empresa celebrou um acordo de leniência com o MPF. Se o MP/SP quer ter acesso ao inteiro teor do
inquérito, deverá aderir ao acordo de leniência e, ainda assim, não poderá utilizar estas provas para
ingressar com ação de improbidade em desfavor da ODEBRECHT. Isso porque as provas fornecidas pela
ODEBRECHT no acordo não podem ser utilizadas contra ela própria.
o No entanto, tais provas NÃO podem ser utilizadas contra os próprios colaboradores para produzir
punições além daquelas pactuadas no acordo. Se uma outra autoridade (ex: MP/SP) pede para utilizar
tais provas, isso pode ser autorizado, mas tais elementos fornecidos não poderão ser utilizados contra
a empresa colaboradora (ODEBRECHT). Esta ressalva deve ser expressamente comunicada ao
destinatário da prova, com a informação de que se trata de uma limitação intrínseca e subjetiva de
validade do uso da prova, nos termos da Nota Técnica nº 01/2017.
Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada
em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à
reparação dos danos eventualmente cometidos.
Súmula 624-STJ 2018: É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei nº
10.559/2002 (Lei da Anistia Política).
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) Os danos morais decorrentes da responsabilidade civil do Estado somente podem ser revistos em sede
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 74
de recurso especial quando o valor arbitrado é exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade.
2) O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade civil em face do Estado
por ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
3) As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas durante o regime
militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n.
20.910/1932.
4) O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal (Decreto
n. 20.910/1932), tendo como termo a quo a data do ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio
material ou imaterial. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 553)
5) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a
negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
6) Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a omissão de seu dever de fiscalizar for
determinante para a concretização ou o agravamento de danos ambientais.
7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão de
tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes.
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado em unidade prisional.
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior de estabelecimento
prisional.
11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário,
salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
12) A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e
vigilância contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de
ser elidida tão somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 517)
13) No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo
a redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte
ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais
urbanos e populosos, adotando conduta negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e
vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente,
atravessando a via férrea em local inapropriado. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema
518)
14) Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de
instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no
mercado de capitais.
15) A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei n. 6.880/1980) não isenta a
responsabilidade do Estado pelos danos morais causados em decorrência de acidente sofrido durante as
atividades militares.
16) Em se tratando de responsabilidade civil do Estado por rompimento de barragem, é possível a
comprovação de prejuízos de ordem material por prova exclusivamente testemunhal, diante da
impossibilidade de produção ou utilização de outro meio probatório.
17) É possível a cumulação de benefício previdenciário com indenização decorrente de responsabilização
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 75
civil do Estado por danos oriundos do mesmo ato ilícito.
18) Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é desnecessária a denunciação da lide ao suposto
agente público causador do ato lesivo.
- ANISTIA (940/2019): Não é necessário o ajuizamento de ação autônoma (MS) para o pagamento dos
consectários legais inerentes à reparação econômica devida a anistiado político e reconhecida por meio de
Portaria do Ministro da Justiça, a teor do disposto no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) e no art. 6º, § 6º, da Lei 10.559/2002.
- ANISTIA (652/2019): É devida a incidência de correção monetária e juros moratórios em ação mandamental
para pagamento de retroativos devidos àqueles declarados anistiados políticos, independentemente de
decisão expressa nesse sentido.
- CONCESSIONÁRIA (640/2019): Concessionária de rodovia NÃO responde por roubo e sequestro ocorridos
nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários. (diverge do STF que em
08/05/2018 decidiu que concessionária respondia por furto no seu pátio)
o A segurança que a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado de
conservação e sinalização da rodovia. Não tem, contudo, como a concessionária garantir segurança
privada ao longo da estrada, mesmo que seja em postos de pedágio ou de atendimento ao usuário.
o O roubo com emprego de arma de fogo é considerado um fato de terceiro equiparável a força maior,
que exclui o dever de indenizar. Trata-se de fato inevitável e irresistível e, assim, gera uma
impossibilidade absoluta de não ocorrência do dano.
o O fato de terceiro pode ou não romper o nexo de causalidade.
o • Se aquele fato de terceiro está relacionado com a atividade desenvolvida pelo fornecedor
(está dentro dos limites do risco assumido pela empresa), então, neste caso, não há
rompimento do nexo de causalidade e o fornecedor do serviço deverá responder pelo dano.
Considera-se aqui que houve um fortuito interno. Ex: um objeto solto na pista por determinado
carro e que causa acidente a outro condutor que vem logo atrás. A concessionária da rodovia
terá responsabilidade.
o • Por outro lado, se o fato de terceiro é completamente estranho à atividade desenvolvida pelo
fornecedor(não tem qualquer relação com o serviço por ele prestado), aí, nesta situação, há
rompimento do nexo de causalidade e o fornecedor não responderá pelo dano. É o que se
chama de fortuito externo. Ex: uma bala perdida que atinge passageiro que está trafegando na
rodovia.
o ATENÇÃO: A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas
dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.
Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de
pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da
concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da
concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado.
Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o
condutor observou que o veículo havia sido furtado.
o O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária
responsável pela rodovia a indenizar a transportadora.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 76
o O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar
que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª
Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
- REGISTRADORES (932/2019): REPERCUSSÃO GERAL O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e
OBJETIVA pelos danos que notários e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação,
causem a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa
(SUBJETIVA), sob pena de improbidade administrativa. O STF não discutiu se essa tese da dupla garantia se
aplica também aos titulares das serventias extrajudiciais.
o O art. 22 da Lei nº 8.935/94 prevê, expressamente, a possibilidade de o particular lesado ajuizar a ação
diretamente contra os notários e registradores.
o STF já tinha se manifestado nesse sentido. STJ possuía julgados apontam responsabilidade OBJETIVA
dos Oficiais de registro. Deverá se curvar à repercussão geral.
o a responsabilidade civil dos notários e registradores não precisa ser, necessariamente, objetiva, tal qual
prevê o art. 37, § 6º,da CF/88,considerando que o constituinte facultou ao legislador a opção de
estipular regra diversa. Em outras palavras, a própria Constituição Federal retirou o assento
constitucional da regulação da responsabilidade civil e criminal dos notários, relegando-a à autoridade
legislativa.
o A disciplina conferida à matéria pelo legislador consagra a responsabilidade civil subjetiva dos notários
e oficiais de registro. Portanto, não compete ao STF fazer interpretação analógica e extensiva, a fim de
equiparar o regime jurídico da responsabilidade civil de notários ao das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, § 6º, da CF/88).
- RESPONSABILIDADE CIVIL (947): RE - A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por
danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público, sendo parte ILEGÍTIMA para a ação o autor do ato, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
o TEORIA DA DUPLA GARANTIA:
o • a primeira, em favor do particular lesado, considerando que a CF/88 assegura que ele poderá ajuizar
ação de indenização contra o Estado, que tem recursos para pagar, sem ter que provar que o agente
público agiu com dolo ou culpa;
o • a segunda garantia é em favor do agente público que causou o dano. A parte final do § 6º do art. 37,
implicitamente, afirma que a vítima não poderá ajuizar a ação diretamente contra o servidor público
que praticou o ato. Este servidor somente pode ser responsabilizado pelo dano se for acionado pelo
próprio Estado, em ação regressiva, após o Poder Público já ter ressarcido o ofendido.
o Outro argumento invocado é o princípio da impessoalidade. O agente público atua em nome do Estado
(e não em nome próprio). Logo, quem causa o dano ao particular é o Estado (e não o servidor). Por isso,
o prejudicado só pode acionar o Poder Público.
o Já existiam alguns julgados do STF sustentando o entendimento acima exposto. A novidade é que agora
o STF reafirmou a posição, fixando a seguinte tese sob a sistemática da repercussão geral
RESPONSABILIDADE CIVIL (655): RESP - Não há direito de regresso, portanto, não é cabível a execução
regressiva proposta pela Eletrobrás contra a União em razão da condenação das mesmas ao pagamento
das diferenças na devolução do empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica ao
particular contribuinte da exação.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 77
o A responsabilidade da União deve ser definida com base no exame da Lei nº 4.156/62, em especial na
interpretação sistemática e histórica do art. 4º, § 3º. Como a Eletrobrás é uma sociedade de economia
mista organizada sob a forma de sociedade anônima, com capital constituído de recursos públicos e
privados, deve-se entender que a responsabilidade da União é subsidiária, ou seja, o patrimônio da União
somente deve responder pela dívida se for insuficiente o patrimônio da Eletrobrás. Trata-se, portanto, de
responsabilidade solidária, mas subsidiária. Logo, inexiste o direito de regresso da Eletrobrás contra a
União, pois esta somente é garantidora, perante o credor, nas situações de insuficiência patrimonial da
empresa principal devedora. A expressão “em qualquer hipótese” contida no dispositivo legal (art. 4º, § 3º,
da Lei nº 4.156/62) existe apenas para permitir ao consumidor/contribuinte/credor optar por acionar
diretamente a União e, nesse último caso, esta é que terá direito de regresso contra a Eletrobrás ou
benefício de ordem, se houver patrimônio suficiente, já que originalmente destacado da União, justamente
com a finalidade de realizar a política no setor de energia.
+ ANISTIA (917/2018): Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas
aos anistiados políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover
o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias. Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade
orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover sua previsão no projeto de lei orçamentária
imediatamente seguinte.
o O STF entende que o regime de indenização dos anistiados é especialíssimo, inclusive tem previsão
constitucional explícita no ADCT. Assim, o tempo de espera para o ressarcimento para a indenização de
vida aos anistiados é particularmente longo, superando, muitas vezes, três décadas. Logo, submeter os
anistiados ao regime comum dos precatórios iria contrariar os objetivos da Constituição de reparar os
danos causados aos anistiados.
o Além disso, há outro argumento: o art. 100 trata de valores devidos pela Fazenda Pública em virtude de
sentença judiciária. Ocorre que, no caso do mandado de segurança, não se está condenando o Poder
Público ao pagamento de um determinado valor em razão de uma decisão judicial. Na verdade, a
Administração Pública já reconheceu, administrativamente, por meio da Portaria do MJ, que o autor
possui direito àquele valor decorrente da declaração de anistiado. Assim, sendo a segurança concedida,
deverá a União efetuar o pagamento imediato dos valores atrasados ao anistiado, não sendo
necessário ingressar no regime dos precatórios.
- CONCESSIONÁRIA (901/2018): pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
o Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na
Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária
determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida,
conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar
da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado.
o O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que
houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço.
- RESPONSABILIDADE CIVIL (2016): Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no
art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 78
o Quando se fala que a responsabilidade do Estado é objetiva, isso significa que a pessoa que sofreu um
dano causado por um agente público terá que provar apenas três elementos: a) conduta praticada por
um agente público, nesta qualidade; b) dano; c) nexo de causalidade (demonstração de que o dano foi
causado pela conduta).
o Na doutrina, ainda hoje, a posição majoritária é a de que a responsabilidade civil do Estado em caso de
atos omissivos é SUBJETIVA, baseada na teoria da culpa administrativa (culpa anônima).
o STF: Na jurisprudência do STF, contudo, tem ganhado força nos últimos anos o entendimento de que a
responsabilidade civil nestes casos também é OBJETIVA. A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido
de que as pessoas jurídicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que causarem a
terceiros, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto
por atos omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do Poder Público.
(...) STF. 2ª Turma. ARE 897890 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2015.
- RESPONSALIBILIDADE CIVIL (2017): (REPERCUSSÃO) Considerando que é dever do Estado, imposto pelo
sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento
jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da CF, a obrigação de ressarcir os danos,
inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento.
o O STF entende que o Estado possui responsabilidade objetiva pela integridade física e psíquica
daqueles que estão sob sua custódia. “A negligência estatal no cumprimento do dever de guarda e
vigilância dos detentos configura ato omissivo a dar ensejo à responsabilidade objetiva do Estado, uma
vez que, na condição de garante, tem o dever de zelar pela integridade física dos custodiados”
o Vejamos o fundamento constitucional, legal e convencional:
o Constituição Federal, art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX;
o Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88;
o Lei 9.455/97 (Lei de tortura);
o Lei 12.874/2013 (Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura);
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7; 10; e 14;
o Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969, arts. 5º; 11; 25;
o Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas –
Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de Direitos
Humanos;
o Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, de 1984; e
o Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros – adotadas no 1º Congresso das Nações
Unidas para a Prevenção ao Crime e Tratamento de Delinquentes, de 1955.
o O STF, inclusive, já reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas
Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de
liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. A ausência de medidas legislativas,
administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos
direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação.
o Não há como acolher o argumento que invoca o "princípio da reserva do possível". Segundo este
princípio, os recursos públicos são limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há
condições financeiras de o Estado atender a todas as demandas sociais.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 79
o Ocorre que só faz sentido considerar este princípio em ações judiciais nas quais está sendo pedida a
implementação de direitos fundamentais a prestações, especialmente direitos de natureza social (ex: saúde,
educação etc.). Em tais casos, discute-se se é possível conceder o direito pleiteado mesmo que não haja, em
tese, capacidade financeira do Estado.
o Aqui a situação é diferente. A matéria jurídica se situa no âmbito da responsabilidade civil do Estado
de responder pelos danos causados por ação ou omissão de seus agentes, art. 37, § 6º, da CF/88. Trata-se de
dispositivo autoaplicável (de eficácia plena), que não depende de lei ou de qualquer outra providência
administrativa. Ocorrendo o dano e estabelecido o seu nexo causal com a atuação da Administração ou dos
seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado.
o A criação de subterfúgios teóricos, tais como a separação dos Poderes, a reserva do possível e a
natureza coletiva dos danos sofridos, para afastar a responsabilidade estatal pelas calamitosas condições da
carceragem afronta não apenas o sentido do art. 37, § 6º, da CF, como também gera o esvaziamento dos
dispositivos constitucionais, convencionais e legais que impõem ao Estado o dever do Estado de garantir a
integridade física e psíquica dos detentos.
o No caso concreto, o Estado do MS foi condenado a indenizar o preso em R$ 2 mil.
o Ademais, asseverou que as violações a direitos fundamentais causadoras de danos pessoais a detentos
em estabelecimentos carcerários não poderiam ser relevadas ao argumento de que a indenização não
teria o alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, dependente da
definição e da implantação de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e
administrativa, não de provimentos judiciais. Sustentou que admitir essa assertiva significaria justificar
a perpetuação da desumana situação constatada em presídios como aquele onde cumprida a pena do
recorrente.
+ TRIBUTÁRIO (634/2018): NÃO se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do
setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária no caso de o ente público não ter se
comprometido, formal e previamente, por meio de determinado planejamento específico. A referida
Portaria tinha finalidade extrafiscal e a possibilidade de alteração das alíquotas do imposto de importação
decorre do próprio ordenamento jurídico, não havendo que se falar em quebra do princípio da confiança. O
impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias pelas sociedades
empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da atividade próprio da álea
econômica de cada ramo produtivo
o Em 1994, o Ministério da Fazenda editou a Portaria nº 492/1994, reduzindo de 30% para 20% a alíquota
do imposto de importação de uma série de produtos, entre os quais os brinquedos em geral. Com a
redução da alíquota do imposto, houve a entrada de um enorme volume de brinquedos importados no
Brasil, oriundos especialmente da China, sendo estes bem mais baratos que os nacionais. Como
resultado, várias indústrias de brinquedos no Brasil foram à falência e, mesmo as que permaneceram,
sofreram grandes prejuízos. Esta situação só foi corrigida em dezembro de 1996, quando foi editada
uma nova Portaria impondo algumas salvaguardas para proteger a indústria nacional.
o A autora (indústria de brinquedos) não pode alegar que a referida Portaria significou quebra do
princípio da confiança por dois motivos: 1) o ordenamento jurídico prevê expressamente a
possibilidade de redução ou de aumento das alíquotas de imposto de importação para incentivar ou
conter determinados setores da economia; 2) o Estado não havia se comprometido com essa indústria
de manter as alíquotas em determinado patamar.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 80
o Na época da alteração da alíquota, ou seja, em 1994, o Brasil utilizou-se de diversos mecanismos para a
abertura do mercado ao comércio exterior. Assim, não foi apenas a indústria de brinquedos que sofreu
e teve que se adaptar à concorrência estrangeira.
o A aplicação de medidas de salvaguardas em favor da indústria nacional em 1996 não revela confissão
do Estado de que sua política fiscal, por si, foi equivocada e trouxe prejuízos ao mercado. Trata-se tão
somente de ato de regulação e defesa do mercado que pode ser feito a qualquer momento, quando
preenchidos os requisitos para tanto, não revelando, por isso, ilicitude ou abuso de direito na alteração
das alíquotas do imposto de importação.
ATENÇÃO: CASO VARIG (738/2014) O STF reconheceu que a União deve indenizar companhia aérea
que explorava os serviços de aviação sob o regime de concessão, pelos prejuízos causados
decorrentes de plano econômico que determinou o congelamento das tarifas de aviação.
Fundamentos constitucionais:
Necessidade de garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão (princípio
constitucional da estabilidade econômico-financeira): art. 37, XXI.
Responsabilidade civil do Estado também pode advir de atos lícitos que causem prejuízos: art. 37, § 6º.
Votos divergentes: Os dois votos divergentes foram dos Ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes.
O Min. Joaquim Barbosa afirmou que as medidas determinadas nos planos econômicos foram tomadas com
base em atos legislativos de caráter genérico e impessoal, que afetaram indistintamente todas as empresas e
pessoas. Assim, não seria possível indenizar apenas uma empresa ou pessoa por supostos danos por eles
causados.
De igual sorte, sustentou que não seria devido aplicar ao caso a teoria da imprevisão uma vez que a assinatura
do contrato de concessão entre a União e a Varig ocorreu em época de combate à inflação, sendo, portanto,
tais medidas previsíveis e normais para o período.
- TORTURA NO REGIME MILITAR (523/2013) As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos
de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo
prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932.
o O STJ concluiu que tais demandas são imprescritíveis porque se referem a um período (regime militar)
em que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, tendo havido, sem dúvida,
incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mormente do direito à dignidade da pessoa
humana (AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em
09/08/2011).
- NULIDADE DE REGISTRO IMOBILIÁRIO (523/2013): Deve ser extinto o processo, sem resolução do mérito, na
hipótese de ação em que se pretenda obter do Estado, antes de declarada a nulidade do registro imobiliário,
indenização por dano decorrente de alegada fraude ocorrida em Cartório de Registro de Imóveis. Nessa
situação, falta interesse de agir, pois, antes de reconhecida a nulidade do registro, não é possível atribuir ao
Estado a responsabilidade civil pela fraude alegada. Isso porque, segundo o art. 252 da Lei 6.015/73, o
registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos legais, ainda que, por outra maneira, prove-se
que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido.
o Dessa forma, enquanto o ato jurídico apontado como fraudulento no presente caso não for anulado
por meio de ação própria, conforme dispõe o art. 252 da LRP, esse registro estará produzindo todos os
efeitos legais. Logo, antes de pleitear indenização do Estado, a parte prejudicada precisará ajuizar ação
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 81
própria, autônoma, para obter a anulação do registro. Enquanto não for declarada a nulidade do ato
jurídico tido como fraudulento e, consequentemente, o cancelamento do registro originado por tal ato,
o autor não possui interesse de agir para postular indenização.
o Vale ressaltar, ainda, que, uma vez declarada a nulidade do ato, a situação do registro retornará ao
status quo ante, ou seja, o imóvel objeto do registro voltará ao domínio do autor, não havendo falar em
indenização por danos a ser pleiteada em face do Estado, considerando que inexistirá prejuízo.
- LEI QUE AMPLIA A RESPONSABILIDADE (773/2015): É inconstitucional lei estadual (distrital) que preveja o
pagamento de pensão especial a ser concedida pelo Governo do Estado (Distrito Federal) em benefício dos
cônjuges de pessoas vítimas de crimes hediondos, independentemente de o autor do crime ser ou não
agente do Estado. Tal lei amplia, de modo desmesurado (irrazoável), a responsabilidade civil do Estado
prevista no art. 37, § 6º, da CF/88.
- INDENIZAÇÃO POR ERRO MÉDICO (563/2015): A União não tem legitimidade passiva em ação de
indenização por danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a
responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete
responder em tais casos.
o Não se deve confundir a obrigação solidária dos entes federativos em assegurar o direito à saúde e
garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação,
com a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados a terceiros. No caso desta última, o
interessado busca uma reparação econômica pelos prejuízos sofridos, de modo que a obrigação de
indenizar se sujeita à comprovação da conduta, do dano e do respectivo nexo de causalidade.
o Dessa forma, não há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União, seja porque a
conduta não foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade de aferir-se a existência de culpa
in eligendo ou culpa in vigilando.
16.Controle da Administração Pública: tipologia; controles internos; controle parlamentar; controle pelos
tribunais de contas; Ombudsman; controle jurisdicional; sistemas; inafastabilidade; inexigência de
esgotamento da via administrativa; alcance; consequências; Administração em juízo; habeas corpus; habeas
data; mandado de injunção; mandado de segurança individual e coletivo; ação popular; ação civil pública.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 82
1) A indicação equivocada da autoridade coatora não implica ilegitimidade passiva nos casos em que o
equívoco é facilmente perceptível e aquela erroneamente apontada pertence à mesma pessoa jurídica de
direito público.
2) Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ele cabe o mandado de
segurança ou medida judicial. (Súmula n. 510/STF)
3) A teoria da encampação tem aplicabilidade nas hipóteses em que atendidos os seguintes pressupostos:
subordinação hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a apontada na petição inicial,
discussão do mérito nas informações e ausência de modificação da competência.
4) O Governador do Estado é parte ilegítima para figurar como autoridade coatora em mandado de
segurança no qual se impugna a elaboração, aplicação, anulação ou correção de testes ou questões de
concurso público, cabendo à banca examinadora, executora direta da ilegalidade atacada, figurar no polo
passivo da demanda.
5) No Mandado de Segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo
penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. (Súmula n. 701/STF).
6) A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. (Súmula n. 630/STF)
7) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes. (Súmula n. 629/STF)
8) A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de
recurso. (Súmula n. 202/STJ)
9) A impetração de segurança por terceiro, nos moldes da Súmula n. 202/STJ, fica afastada na hipótese em
que a impetrante teve ciência da decisão que lhe prejudicou e não utilizou o recurso cabível.
10) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança, na hipótese de
exclusão do candidato do concurso público, é o ato administrativo de efeitos concretos e não a publicação
do edital, ainda que a causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.
11) O prazo decadencial para impetração mandado de segurança contra ato omissivo da Administração
renova-se mês a mês, por envolver obrigação de trato sucessivo.
12) Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
(Súmula n. 376/STJ)
13) O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente,
mandado de segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos. (Súmula n. 41/STJ)
14) Admite-se a impetração de mandado de segurança perante os Tribunais de Justiça para o exercício do
controle de competência dos juizados especiais.
15) O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar, originariamente, mandado de
segurança contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado. (Súmula n. 177/STJ)
16) Compete à justiça federal comum processar e julgar mandado de segurança quando a autoridade
apontada como coatora for autoridade federal, considerando-se como tal também os dirigentes de pessoa
jurídica de direito privado investidos de delegação concedida pela União.
17) O impetrante pode desistir da ação mandamental a qualquer tempo antes do trânsito em julgado,
independentemente da anuência da autoridade apontada como coatora.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 83
18) Ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima da ação, não é possível a sucessão de partes
no mandado de segurança, ficando ressalvada aos herdeiros a possibilidade de acesso às vias ordinárias.
19) O prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança tem início com a ciência inequívoca
do ato lesivo pelo interessado.
20) A verificação da existência de direito líquido e certo, em sede de mandado de segurança, não tem sido
admitida em recurso especial, pois é exigido o reexame de matéria fático-probatória, o que é vedado em
razão da Súmula n. 7/STJ.
21) A ação mandamental não constitui via adequada para o reexame das provas produzidas em Processo
Administrativo Disciplinar PAD.
22) Não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo ativo a recurso em sentido estrito
interposto contra decisão que concede liberdade provisória ao acusado.
23) Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. (Súmula n.
267/STF)
24) A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é medida excepcional, admissível somente
nas hipóteses em que se verifica de plano decisão teratológica, ilegal ou abusiva, contra a qual não caiba
recurso.
25) O cabimento de mandado de segurança contra decisão de órgão fracionário ou de relator do Superior
Tribunal de Justiça é medida excepcional autorizada apenas em situações de manifesta ilegalidade ou
teratologia.
26) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. (Súmula n. 268/STF)
27) É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a declaração de
inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar mandado de segurança contra lei em tese. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 430)
28) É necessária a efetiva comprovação do recolhimento feito a maior ou indevidamente para fins de
declaração do direito à compensação tributária em sede de mandado de segurança. (Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 118) (Súmula n. 213/STJ)
29) É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo
contribuinte. (Súmula n. 460/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 258)
30) O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter provimento genérico aplicável
a todos os casos futuros de mesma espécie.
31) Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório
não têm caráter jurisdicional (Súmula n. 311/STJ) e, por isso, podem ser combatidos pela via
mandamental.
32) É incabível mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a agravo em execução interposto
pelo Ministério Público.
33) O mandado de segurança não pode ser utilizado como meio para se buscar a produção de efeitos
patrimoniais pretéritos, uma vez que não se presta a substituir ação de cobrança, nos termos das Súmulas
n. 269 e 271 do Supremo Tribunal Federal.
34) Não configura ação de cobrança a impetração de mandado de segurança visando a desconstituir ato
administrativo que nega conversão em pecúnia de férias não gozadas, afastando-se as restrições previstas
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 84
nas Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal Federal.
35) O mandado de segurança é meio processual adequado para controle do cumprimento das portarias de
concessão de anistia política, afastando-se as restrições das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal
Federal.
36) O termo inicial do prazo de decadência para impetração de mandado de segurança contra aplicação
de penalidade disciplinar é a data da publicação do respectivo ato no Diário Oficial.
37) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de ação mandamental contra ato que fixa ou
altera sistema remuneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor público e não se renova
mensalmente inicia-se com a ciência do ato impugnado.
38) O prazo decadencial para impetração de mandado de segurança não se suspende nem se interrompe
com a interposição de pedido de reconsideração na via administrativa ou de recurso administrativo
desprovido de efeito suspensivo.
39) Admite-se a emenda à petição inicial de mandado de segurança para a correção de equívoco na
indicação da autoridade coatora, desde que a retificação do polo passivo não implique alterar a
competência judiciária e que a autoridade erroneamente indicada pertença à mesma pessoa jurídica da
autoridade de fato coatora.
40) O Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão possui legitimidade para figurar no polo
passivo de ação mandamental impetrada com o intuito de ensejar a nomeação em cargos relativos ao
quadro de pessoal do Banco Central do Brasil BACEN.
41) As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria, distinta
da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para
figurar como autoridades coatoras em ação mandamental.
42) Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. (Súmula n.
105/STJ)
43) A impetração de mandado de segurança interrompe o prazo prescricional em relação à ação de
repetição do indébito tributário, de modo que somente a partir do trânsito em julgado do mandamus se
inicia a contagem do prazo em relação à ação ordinária para a cobrança dos créditos indevidamente
recolhidos.
44) A impetração de mandado de segurança interrompe a fluência do prazo prescricional no tocante à
ação ordinária, o qual somente tornará a correr após o trânsito em julgado da decisão.
- CRP (928/2019): A União EXTRAPOLOU os limites de sua competência legislativa na edição da Lei nº
9.717/98, ao impor sanções decorrentes da negativa de expedição de Certificado de Regularidade
Previdenciária (CRP).
o Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP é um documento fornecido pela Secretaria de
Políticas de Previdência Social (órgão do Ministério da Previdência Social), que atesta que o ente
federativo está cumprindo as obrigações legais relacionadas com o regime próprio de previdência
social
o Quanto ao art. 7º, o STF entendeu que a União extrapolou sua competência. Isso porque, a pretexto de
estabelecer normas gerais, este dispositivo previu inúmeras sanções aos Estados, DF e Municípios,
violando, assim, o pacto federativo. Sendo o art. 7º da Lei inconstitucional, o Decreto nº 3.788/2001 e a
Portaria MPS 204/2008 não teriam fundamento de validade, sendo, portanto, igualmente inválidos.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 85
- POLÍTICAS PÚBLICAS (2016): (REPETITIVO) É essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, o direito de
pessoas com necessidades especiais poderem frequentar universidade pública, razão pela qual NÃO PODE a
instituição alegar a incidência da cláusula da reserva do possível como justificativa para sua omissão em
providenciar a conclusão de obras de adaptação em suas edificações e instalações.
o Tratou-se de ação civil pública proposta por MPF contra Universidade Federal com o escopo de obrigar
a instituição de ensino a iniciar as obras de adaptação de todas as suas edificações para permitir sua
utilização por pessoas portadoras de necessidade especiais.
o No campo dos direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, o juiz não se deve impressionar
nem se sensibilizar com alegações de conveniência e oportunidade trazidas pelo administrador
relapso. A ser diferente, estaria o Judiciário a fazer juízo de valor ou político em esfera na qual o
legislador não lhe deixou outra possibilidade de decidir que não seja a de exigir o imediato e cabal
cumprimento dos deveres, completamente vinculados, da Administração Pública.
o Se um direito é qualificado pelo legislador como de absoluta prioridade, deixa de integrar o universo
de incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade é, preambular e obrigatoriamente,
fixada pela Constituição ou pela lei.
o Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá
empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos
planos orçamentários do ente político, principalmente quando não houver comprovação objetiva da
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.
- TARIFAS (2017): as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de
reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. A interferência judicial para invalidar
a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública, mormente nos casos em que
houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para fixação dos preços
era técnica. Segundo a “doutrina Chenery”, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado pela
Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em
temas envolvendo questões técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os
critérios adotados pela Administração são corretos ou não.
o Na análise do pedido de suspensão, é vedado o exame do mérito da demanda principal. O que será
examinado pelo Tribunal é se a decisão prolatada acarreta risco de grave lesão à: a) ordem; b) saúde; c)
segurança; ou d) economia Públicas.
o Mesmo sendo vedado ao Presidente do Tribunal examinar o mérito da demanda principal, é preciso,
para que se conceda a suspensão de liminar, que haja um mínimo de plausibilidade na tese da Fazenda
Pública, porque o pedido de suspensão funciona como uma contracautela, devendo, por isso,
demonstrar fumus boni iuris e periculum in mora inverso
o A “doutrina Chenery” (Chenery doctrine) surgiu a partir de um julgamento da Suprema Corte norte-
americana (SEC v. Chenery Corp., 318 U.S. 80, 1943).
o Por fim, deve-se esclarecer que impedir judicialmente o reajuste das tarifas a serem pagas pelos
usuários também configura grave violação da ordem econômica, por não haver prévia dotação
orçamentária para que o Estado custeie as vultosas despesas para a manutenção do equilíbrio
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 87
econômico-financeiro dos acordos administrativos firmados pelo Poder Público com as concessionárias
de transporte público.
- AÇÃO POPULAR (2018): É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade em Ação Popular, desde
que a controvérsia constitucional não figure como pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou
simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal, em torno da tutela do interesse
público.
- AÇÃO POPULAR X DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO MATERIAL (2017): O STJ possui firme orientação de que
um dos pressupostos da Ação Popular é a lesão ao patrimônio público. Ocorre que a Lei nº 4.717/65 deve ser
interpretada de forma a possibilitar, por meio de Ação Popular, a mais ampla proteção aos bens e direitos
associados ao patrimônio público, em suas várias dimensões (cofres públicos, meio ambiente, moralidade
administrativa, patrimônio artístico, estético, histórico e turístico). Para o cabimento da Ação Popular, basta
a ilegalidade do ato administrativo por ofensa a normas específicas ou desvios dos princípios da
Administração Pública, dispensando-se a demonstração de prejuízo material.
- AÇÃO POPULAR COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (811/2015): O STF não possui competência originária para
processar e julgar ação popular, ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A
competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da
República, é, via de regra, do juízo de 1º grau.
Súmula 634-STJ 2019: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na lei de improbidade
administrativa para os agentes públicos.
JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei n. 8.429/1992, exigindo- se a presença de
dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios
administrativos, respectivamente) e ao menos de culpa nos termos do art. 10, que censura os atos de
improbidade por dano ao Erário.
2) O Ministério Público tem legitimidade ad causam para a propositura de Ação Civil Pública objetivando
o ressarcimento de danos ao erário, decorrentes de atos de improbidade.
3) O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como parte no Superior Tribunal
de Justiça nas ações de improbidade administrativa, reservando- se ao Ministério Público Federal a
atuação como fiscal da lei.
4) A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, prevista no art. 17, § 7º, da Lei de Improbidade
Administrativa, só acarreta nulidade processual se houver comprovado prejuízo (pas de nullité sans grief).
5) A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos autoriza o recebimento fundamentado da
petição inicial nos termos do art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n. 8.429/92, devendo prevalecer, no juízo
preliminar, o princípio do in dubio pro societate.
6) O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a particulares que se
beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitude.
7) A eventual prescrição das sanções decorrentes dos atos de improbidade administrativa não obsta o
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 88
prosseguimento da demanda quanto ao pleito de ressarcimento dos danos causados ao erário, que é
imprescritível (art. 37, § 5º, da CF).
8) É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o particular,
sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
9) Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente
público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo.
10) A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade administrativa implica
reexame do conjunto fático-probatório dos autos, encontrando óbice na súmula 7/STJ, salvo se da leitura
do acórdão recorrido verificar-se a desproporcionalidade entre os atos praticados e as sanções impostas.
11) É possível o deferimento da medida acautelatória de indisponibilidade de bens em ação de
improbidade administrativa nos autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes
da notificação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92.
12) É possível a decretação da indisponibilidade de bens do promovido em ação civil Pública por ato de
improbidade administrativa, quando ausente (ou não demonstrada) a prática de atos (ou a sua tentativa)
que induzam a conclusão de risco de alienação, oneração ou dilapidação patrimonial de bens do
acionado, dificultando ou impossibilitando o eventual ressarcimento futuro.
13) Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode recair sobre aqueles
adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar em consideração, o valor de possível multa civil
como sanção autônoma.
14) No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas ações de improbidade
administrativa deve ser contado a partir do término do último mandato.
15) Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade, ressalvados os atos ímprobos cometidos
pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não são
imunes às sanções por ato de improbidade previstas no art. 37, § 4º, da CF.
16) Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de Improbidade Administrativa - LIA,
sem prejuízo da responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967.
17) A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda
que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado.
18) A aplicação da pena de demissão por improbidade administrativa não é exclusividade do Judiciário,
sendo passível a sua incidência no âmbito do processo administrativo disciplinar.
19) Havendo indícios de improbidade administrativa, as instâncias ordinárias poderão decretar a quebra
do sigilo bancário.
20) O afastamento cautelar do agente público de seu cargo, previsto no parágrafo único do art. 20 da Lei
n. 8.429/92, é medida excepcional que pode perdurar por até 180 dias.
21) O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei n. 8.429/92, que prevê um juízo de delibação para
recebimento da petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º), precedido de notificação do demandado (art. 17, § 7º),
somente é aplicável para ações de improbidade administrativa típicas. (Tese julgada sob o rito do artigo
543-C do CPC/73 - TEMA 344).
22) Aplica-se a medida cautelar de indisponibilidade dos bens do art. 7º aos atos de improbidade
administrativa que impliquem violação dos princípios da administração pública do art. 11 da LIA.
23) O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei n. 8.429/92 não requer a demonstração
de dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas exige a demonstração de dolo, o qual, contudo, não
necessita ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.
24) Nas ações de improbidade administrativa é admissível a utilização da prova emprestada, colhida na
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 89
persecução penal, desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa.
25) O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da Lei
n. 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a
gravidade e as consequências da infração.
- IMPROBIDADE (609/2017): É POSSÍVEL a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a
apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento
disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da
Corregedoria pelo órgão ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento
pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta conduta
ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN = IV - não estar sujeito a notificação ou a
intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial)
o Não há incompatibilidade porque o Ministério Público instaura o inquérito civil para apurar possível
prática de improbidade e a Corregedoria deflagra o procedimento para investigar e impor eventual
sanção disciplinar. Vale ressaltar, inclusive, que o art. 12 da Lei nº 8.429/92, ao listar o rol de sanções
aplicáveis ao agente ímprobo, preconiza, de modo expresso, que tais penalidades serão impostas
“independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica”.
o Logo, ao se expedir solicitação para que o magistrado prestasse depoimento pessoal, o membro do MP
quis, tão somente, garantir o direito do investigado de se defender. Não se pode conceber que,
supostamente com o objetivo de preservar uma prerrogativa funcional (receber convocação somente
através de outra autoridade judicial), acabe-se, em verdade, por suprimir do magistrado a faculdade de
participar do processo no qual está sendo investigado.
o Vale ressaltar que o magistrado não tinha o dever de atender à solicitação do MP e assim, se quisesse,
poderia simplesmente recusar o chamado.
o Deve-se, portanto, COMPATIBILIZAR as garantias trazidas na LOMAN com a responsabilidade
institucional do Parquet de oferecer ao investigado a possibilidade de dar a sua versão dos fatos
apurados.
- IMPROBIDADE (2016): A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
o É certo que o STJ, em alguns momentos, mitiga a rigidez da interpretação literal dos dispositivos da lei
8429/92, porque "não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é
ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente.
o O ato ímprobo é, muitas vezes, um fenômeno pluriofensivo, ou seja, ele pode atingir bens jurídicos
diversos.
o Ocorre que o ato que apenas atingir bem privado e individual jamais terá a qualificação de ímprobo,
nos termos do ordenamento em vigor.
o Com efeito, o respeito aos direitos fundamentais, para além de mera acepção individual, é
fundamento da nossa República, conforme o art. 1º, III, da CF, e é objeto de preocupação permanente
da Administração Pública, de maneira geral. A prevalência dos direitos humanos - inciso II do art. 4º da
CF, é vetor de regência da República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais.
o A essas previsões, é oportuno ressaltar que o art. 144 da CF é taxativo sobre as atribuições gerais das
forças de segurança na missão de proteger os direitos e garantias acima citados. Além do mais, é
INJUSTIFICÁVEL pretender que os atos mais gravosos à dignidade da pessoa humana e aos direitos
humanos, entre os quais a tortura, praticados por servidores públicos, mormente policiais armados,
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 90
sejam punidos apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei da
Improbidade Administrativa.
o Pondere-se que o agente público incumbido da missão de garantir o respeito à ordem pública, como é
o caso do policial, ao descumprir com suas obrigações legais e constitucionais de forma frontal, mais
que atentar apenas contra um indivíduo, atinge toda a coletividade e a própria corporação a que
pertence de forma imediata.
o Por fim, violência policial arbitrária não é ato apenas contra o particular-vítima, mas sim contra a
própria Administração Pública, ferindo suas bases de legitimidade e respeitabilidade. Tanto é assim que
essas condutas são tipificadas, entre outros estatutos, no art. 322 do CP, que integra o Capítulo I ("Dos
Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração Pública"), que por sua vez está
inserido no Título XI ("Dos Crimes contra a Administração Pública"), e também nos arts. 3º e 4º da Lei n.
4.898/1965, que trata do abuso de autoridade.
- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (2017): agentes políticos estão sujeitos a uma “dupla normatividade em
matéria de improbidade, com objetivos distintos”, tanto aquela fundada na Lei nº 8.429/92, quanto aquela
decorrente da Lei nº 1.079/50, bem como NÃO HÁ prerrogativa de foro para ação de improbidade.
o A pretendida inaplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aos agentes políticos locais (como os Governadores, p.
ex.), tal como ora sustentado por Yeda Rorato Crusius, conduziria, se admitida fosse, à completa
frustração do dogma republicano segundo o qual todos os agentes públicos são essencialmente
responsáveis (“accountable”) pelos comportamentos que adotem na prática do respectivo ofício.
o O que se conclui, em suma, é que, excetuada a hipótese de atos de improbidade praticados pelo
Presidente da República (sujeitos, pela CF, a regime especial), não há norma constitucional alguma que
imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de
improbidade previstas no art. 37, § 4º. Seria igualmente incompatível com a Constituição eventual
preceito normativo infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza
o A consagração do princípio da responsabilidade dos agentes estatais configura “uma conquista
fundamental da democracia e, como tal, é elemento essencial da forma republicana democrática que a
Constituição brasileira adotou (…)” (PAULO DE LACERDA
o CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA (“Princípios Constitucionais da Administração Pública”, p. 191, item
n. 3.3, 1994, Del Rey):
o “O fortalecimento da moralidade administrativa como princípio jurídico deu-se, pois, com a
aceitação da idéia de que o serviço público tem que atender ao que é justo e honesto para a
sociedade a que se destina. A Administração Pública tem, pois, que tomar a si a
responsabilidade de realizar os fins da sociedade segundo padrões normativos de justiça e de
justeza, esta configurada pelo conjunto de valores éticos que revelam a moralidade.
o A moralidade administrativa é, pois, princípio jurídico que se espraia num conjunto de normas
definidoras dos comportamentos éticos do agente público, cuja atuação se volta a um fim
legalmente delimitado, em conformidade com a razão de Direito exposta no sistema normativo.
Note-se que a razão ética que fundamenta o sistema jurídico não é uma ‘razão de Estado’. Na
perspectiva democrática, o Direito de que se cuida é o Direito legitimamente elaborado pelo
próprio povo, diretamente ou por meio de seus representantes. A ética da qual se extraem os
valores a serem absorvidos pelo sistema jurídico na elaboração do princípio da moralidade
administrativa é aquela afirmada pela própria sociedade segundo as suas razões de crença e
confiança em determinado ideal de Justiça, que ela busca realizar por meio do Estado.
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 91
o A moralidade administrativa legitima o comportamento da Administração Pública, elaborada
como ela é por um Direito nascido do próprio povo. Por isso, é o acatamento da moralidade
administrativa, como princípio de Direito que dota o sistema de legitimidade, o que se estende à
qualificação legítima do Poder do Estado. O que se põe em foco, quando se cuida de moralidade
administrativa, é a confiança do povo no Poder institucionalizado e a legitimidade de seu
desempenho quanto à gestão da coisa pública. ‘O maior interessado na moralidade
administrativa é, permanentemente, o povo de um Estado’. Poucos princípios jurídicos
dependem mais e tão diretamente da participação e da afirmação popular permanente, em sua
elaboração, em sua formalização justa, em sua aplicação e em sua garantia, do que o da
moralidade administrativa.
o Ministro CARLOS VELLOSO, em voto proferido no julgamento da Reclamação 2.138/DF: “O princípio da
moralidade administrativa e a probidade administrativa se relacionam. Aquele, o princípio da
moralidade administrativa, constitui o gênero, do qual a probidade administrativa é espécie. ‘Então’,
escreve Marcelo Figueiredo, ‘a improbidade administrativa seria a imoralidade administrativa
qualificada, ou seja, a improbidade é exatamente aquele campo específico de punição, de
sancionamento da conduta de todos aqueles que violam a moralidade administrativa’ (Marcelo
Figueiredo, ‘ob. e loc. cits.’). A Lei nº 8.429, de 1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
agentes públicos pela prática de atos de improbidade, que tem sua gênese na Constituição Federal, art.
37, § 4º, é, portanto, instrumento de realização do princípio maior, o da moralidade administrativa.
- REDUÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO (2013): O tribunal pode reduzir o valor evidentemente excessivo ou
desproporcional da pena de multa por ato de improbidade administrativa (art. 12 da Lei 8.429/1992), ainda
que na apelação não tenha havido pedido expresso para sua redução.
o Apesar da regra da correlação ou congruência da decisão, prevista nos arts. 128 e 460 do CPC/1973
(arts. 141 e 492 do CPC/2015), pela qual o juiz está restrito aos elementos objetivos da demanda,
entende-se que, em se tratando de matéria de Direito Sancionador e revelando-se patente o excesso
ou a desproporção da sanção aplicada, pode o Tribunal reduzi-la, ainda que não tenha sido alvo de
impugnação recursal.
- LIBERAÇÃO DE PRESO PARA COMPARECIMENTO EM ENTERRO (2013): Não configura ato de improbidade a
conduta do agente político de intervir na liberação de preso para comparecimento em enterro de sua avó,
uma vez que não está presente o dolo, ou seja, a manifesta vontade, omissiva ou comissiva, de violar
princípio constitucional regulador da Administração Pública.
o A conduta do agente, apesar de ilegal, teve um fim até mesmo humanitário, pois conduziu-se no
sentido de liberar provisoriamente o preso para que este pudesse comparecer ao enterro de sua avó,
não consistindo, portanto, em ato de improbidade, em razão da ausência do elemento subjetivo do
tipo, o dolo.
- ATRASO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS (2013): A ausência de prestação de contas, quando ocorre de forma
dolosa, acarreta violação ao Princípio da Publicidade. Vale ressaltar, no entanto, que o simples atraso na
entrega das contas, sem que exista dolo na espécie, não configura ato de improbidade.
o Para a configuração do ato de improbidade previsto no art. 11, inc. VI, da Lei nº 8.429/92, não basta o
mero atraso na prestação de contas, sendo necessário demonstrar a má-fé ou o dolo genérico. Assim,
por exemplo, se o Prefeito não presta contas, para que ele seja condenado por improbidade
administrativo será necessário provar que ele agiu com dolo ou má-fé. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1382436-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2013 (Info 529)
Seleção de julgados– STF e STJ – 2013 a 2019 - 93
- ASSÉDIO MORAL (2013): O assédio moral, mais do que provocações no local de trabalho — sarcasmo,
crítica, zombaria e trote —, é campanha de terror psicológico pela rejeição. A prática de assédio moral
enquadra-se na conduta prevista no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92, em razão do evidente abuso de poder,
desvio de finalidade e malferimento à impessoalidade, ao agir deliberadamente em prejuízo de alguém.
- INDISPONIBILIDADE DE BENS (2014) RECURSO REPETITIVO: Para que seja decretada a indisponibilidade dos
bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de improbidade não se exige a demonstração de fumus boni
iuris e periculum in mora. Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido
(implícito). Assim, é desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de que os réus estejam
dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni
iuris, consistente em fundados indícios da prática de atos de improbidade.
o A medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência,
de forma que basta a comprovação da verossimilhança das alegações, pois pela própria natureza do
bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da demora.
o Desse modo, a medida cautelar de indisponibilidade não está condicionada à comprovação de que o
réu esteja dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum in
mora encontra-se implícito no comando legal que rege, de forma peculiar, o sistema de cautelaridade
na ação de improbidade administrativa, sendo possível ao juiz, fundamentadamente, decretar a
indisponibilidade de bens do demandado, quando presentes fortes indícios da prática de atos de
improbidade administrativa.
- IN DUBIO PRO SOCIETATE (547/2014): De acordo com a orientação jurisprudencial do STJ, existindo meros
indícios de cometimento de atos enquadrados como improbidade administrativa, a petição inicial da ação
de improbidade deve ser recebida pelo juiz, pois, na fase inicial prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º da Lei nº
8.429/92, vale o princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar o maior resguardo do interesse
público (AgRg no REsp 1.317.127-ES).
o Após o oferecimento de defesa prévia, somente é possível a pronta rejeição da pretensão deduzida na
ação de improbidade administrativa se houver prova hábil a evidenciar, de plano:
• a inexistência de ato de improbidade;
• a improcedência da ação; ou
• a inadequação da via eleita.
- DECISÃO QUE REJEITA A INICIAL CONTRA ALGUNS RÉUS (574/2015): Recursos cabíveis contra a:
1) sentença que rejeita a inicial da ação de improbidade: cabe APELAÇÃO.
2) decisão que recebe a inicial da ação de improbidade: cabe AGRAVO DE INSTRUMENTO.
3) decisão que recebe a inicial contra alguns réus e rejeita para os demais: AGRAVO DE INSTRUMENTO (obs:
caso o autor da ação de improbidade interponha apelação em vez do AI, será possível receber o recurso, com
base no princípio da fungibilidade, desde que não haja má-fé e tenha sido interposto no prazo do recurso
correto).
Segundo decidiu o STJ, pode ser conhecida a apelação que, sem má-fé e em prazo compatível com o previsto
para o agravo de instrumento, foi interposta contra decisão que, em juízo prévio de admissibilidade em ação
de improbidade administrativa, reconheceu a ilegitimidade passiva ad causam de alguns dos réus.
- PUNIÇÃO DE TERCEIRO (535/2014): Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei nº
8.429/92 é indispensável que seja identificado algum agente público como autor da prática do ato de
improbidade. Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
o O que é o “terceiro” para fins de improbidade administrativa?
Terceiro é a pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo agente público, induziu ou concorreu para a
prática do ato de improbidade ou dele se beneficiou direta ou indiretamente.
Desse modo, o papel do terceiro no ato de improbidade pode ser o de:
· induzir (instigar, estimular) o agente público a praticar o ato de improbidade;
· concorrer para o ato de improbidade (auxiliar o agente público a praticar);
· ser beneficiário do ato de improbidade (obter vantagem direta ou indireta).
O “terceiro” pode ser uma pessoa jurídica?
SIM. Apesar de existirem vozes em sentido contrário (ex.: Carvalho Filho), prevalece que “as pessoas jurídicas
que participem ou se beneficiem dos atos de improbidade sujeitam-se à Lei 8.429/1992” (STJ. REsp
1.122.177/MT, DJE 27/04/2011).
- PERDA DO CARGO PÚBLICO (2018): O que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado
ocupa cargo diferente daquele que exercia na prática do ato? Se o agente público tiver mudado de cargo, ele
poderá perder aquele que atualmente ocupa? Ex: em 2012, João, na época Vereador, praticou um ato de
improbidade administrativa; o MP ajuizou ação de improbidade contra ele; em 2018, a sentença transitou em
julgado condenando João à perda da função pública; ocorre que João é atualmente Deputado Estadual; ele
perderá o cargo de Deputado?
1ª corrente: NÃO. É a posição da 1ª Turma do STJ.
O condenado só perde a função pública que ele utilizou para a prática do ato de improbidade.
As normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de legalidade
estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva.
Assim, a sanção de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei nº 8.429/92 não pode atingir cargo
público diverso daquele que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita.
STJ. 1ª Turma. REsp 1766149/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/11/2018.
2ª corrente: SIM. É a posição da 2ª Turma do STJ e da doutrina majoritária.
A sanção de perda da função pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade
(ou inabilitação) moral e desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer atividade que o
agente esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da condenação.
STJ. 2ª Turma. RMS 32378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/05/2015.
- CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA: O art. 12 da Lei nº 8.429/92 não prevê a cassação de aposentadoria como
sanção. Mesmo assim, é possível a sua imposição? O indivíduo que praticar ato de improbidade administrativa
poderá receber, como punição, a cassação de sua aposentadoria? 1ª corrente: NÃO. É a posição da 1ª Turma
do STJ. O art. 12 da Lei nº 8.429/92, quando cuida das sanções aplicáveis aos agentes públicos que cometem
atos de improbidade administrativa, não prevê a cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da função
pública. As normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de
legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1643337/MG, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/04/2018. 2ª corrente: SIM. É a posição da 2ª Turma do STJ. É possível a
aplicação da pena de cassação de aposentadoria, ainda que não haja previsão expressa na Lei nº 8.429/92. Isso
porque se trata de uma decorrência lógica da perda de cargo público, sanção essa última expressamente
prevista no referido texto legal. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1628455/ES, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado
em 06/03/2018.