Administracao Principios Teoricos e Praticos
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Administracao Principios Teoricos e Praticos
Administração:
princípios teóricos e práticos
Juiz de Fora
2013
© Editora UFJF, 2013
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SUMÁRIO
1 ORGANIZAÇÃO E AMBIENTE__________________________ 07
Gilmar José dos Santos
2 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO_________________________ 55
Cristina Sayuri Cortes Ouchi Dusi
3 ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO___________________________ 89
Cristina Sayuri Cortes Ouchi Dusi
9 MARKETING________________________________________ 325
Danilo de Oliveira Sampaio
1
(Publicidade e Propaganda) pela CAPÍTULO
Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
ORGANIZAÇÃO E
AMBIENTE
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Organização e ambiente 9
O mundo contemporâneo é formado por agrupamentos
sociais que se constituem a partir de um modelo de organização
intensiva. Nesse sistema, há uma infinidade de instituições que
possibilitam que a sociedade “funcione”. São empresas, órgãos
públicos, estruturas sociais (por exemplo, a família) e instituições
como a escola, a Igreja, os sindicatos etc. A estruturação da
sociedade dessa forma é um processo resultante de um conjunto
de relações complexas e dinâmicas.
Ninguém “inventou” as organizações como as conhecemos
hoje. Desde os primórdios da humanidade, o homem foi
percebendo que era mais vantajoso e mais seguro viver em
grupos do que viver isoladamente. Então, ele foi, aos poucos,
desenvolvendo formas de se organizar para facilitar e dar
funcionalidade à vida em grupo. Esse processo combinou forças
instintivas (de sobrevivência) e escolhas racionais calcadas na
avaliação de eficiência e eficácia. Imagina-se, por exemplo, a
instituição mais básica de uma sociedade: a família. Por que
existem as famílias? Ora, o ser humano é uma espécie cuja prole
nasce indefesa e incapaz de suprir suas necessidades funcionais
básicas. Portanto, é dependente, por um longo período, de um
adulto, que lhe provê proteção, alimento e ensinamentos. Nada
melhor do que a consanguinidade (os próprios progenitores ou os
parentes mais próximos) para eleger o adulto a desempenhar tais
funções, dados os laços afetivos e o caráter natural derivados dessa
relação. Mas aquilo que se desenvolveu de modo instintivo logo
passou a ser uma escolha racional do ser humano e ganhou regras,
ritos e se envolveu de crenças. Pronto! Estava institucionalizada
a família como uma estrutura eficiente e eficaz para solucionar o
problema da proteção, provimento e instrução dos mais jovens
dentro do agrupamento social.
Muito tempo depois, na medida em que a humanidade foi
acumulando conhecimento e a vida social foi se tornando mais
complexa, a família deixou de ser o espaço mais adequado para
Organização e ambiente 11
Cabe ressaltar também que, mesmo entre as sociedades
que alcançaram alto grau de avanço econômico e tecnológico,
identificam-se trajetórias distintas rumo ao desenvolvimento e
formas peculiares de organização social e política. Enquanto no
Reino Unido, o berço da Revolução Industrial, esse processo
durou séculos, países como Emirados Árabes Unidos assistiram
a uma veloz transformação em sua estrutura econômica em uma
única geração. No primeiro caso, a evolução das formas produtivas
e organizacionais foi se dando aos poucos, na medida em que
processos históricos foram criando condições que permitiram o
aparecimento do novo sem, contudo, romper de forma brusca
com estruturas anteriores. Já no segundo caso, um fato relevante –
a abundância de petróleo –, associado a uma ordem econômica e
política global vigente nas últimas décadas e ao voluntarismo das
elites daquele país, propiciou o estabelecimento de uma economia
com características de capitalismo avançando, convivendo com
valores tradicionais, como a sharia, ou lei islâmica, e uma sociedade
patriarcal.
Verifica-se, ainda, o quão diferentes são as atividades
econômicas entre países, regiões e cidades. Observa-se também a
diversidade de formas de governo, de instituições legais e sociais
e de códigos de costumes que existem no mundo. Isso porque,
embora haja aspectos convergentes entre os vários países, sociedades
e culturas, há também uma grande diversidade de elementos
materiais e sociais que interferem nos modelos organizacionais.
Por exemplo, no chamado Primeiro Mundo há um rigor extremo
na instalação de indústrias sujas, e as leis trabalhistas são bem mais
evoluídas. Enquanto isso, os países subdesenvolvidos e emergentes
acolhem de bom grado as indústrias sujas, com normas ambientais
mais brandas, e “oferecem” uma mão-de-obra que aceita trabalhar
em condições degradantes que jamais seriam permitidas nos países
mais desenvolvidos.
Organização e ambiente 13
3) O grau de integração entre as organizações, o nível de
consolidação das instituições e a complexidade das relações
varia de um sistema social para outro.
Organização e ambiente 15
1970 e contribuiu em muito para a consolidação do paradigma
simbólico-interpretativo nos estudos organizacionais.
Segundo Hatch (1997), a teoria pós-moderna oferece várias
abordagens sobre as organizações e os ambientes. Uma delas é
problematizar a distinção entre organização e ambiente, propondo
que ambos não são entidades estanques. Lançam, assim, a noção
de organizações “sem fronteira” (do inglês, boundaryless) e se
dedicam a pesquisar novas formas organizacionais, como as redes
e as empresas virtuais, cujas peculiaridades os modelos teóricos
modernistas escapam de explicar. Mais além, criticam a ênfase das
teorias modernistas na exploração de recursos limitados visando
à vantagem competitiva, silenciando quanto aos aspectos de
preservação do meio ambiente e conduta socialmente ética.
Essas três correntes, cada uma a sua maneira, deram suas
contribuições para a compreensão do ambiente organizacional.
A perspectiva modernista foi importante principalmente para
sistematizar o que se chama de ambiente, através da análise e
classificação dos seus elementos. Dessa forma, segundo Hatch
(1997), dividem-no em três categorias: 1) a rede interorganizacional,
formada pelos membros do ambiente com os quais a organização
tem laços de interação mais estreitos; 2) o ambiente geral, que
congrega as forças mais gerais que afetam um conjunto maior de
organizações; e 3) o ambiente internacional e global.
Organização e ambiente 17
A Figura 3 representa a rede interorganizacional de forma
mais apropriada. Nota-se, por exemplo, que o elemento A se
relaciona com um maior número de componentes e é, portanto,
mais central na rede. Mostra também que o fluxo de interação
não se dá apenas entre a organização e os demais elementos, mas
também entre todos os atores que compõem a rede.
Organização e ambiente 19
Figura 4 - A relação entre ambiente interno, rede interorganizacional,
ambiente geral e ambiente internacional/global
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
Organização e ambiente 21
usar para alcançar seus resultados (HATCH, 1997). As forças
tecnológicas afetam a organização de três maneiras. Uma delas é
pela demanda de profissionais experts em determinados campos do
conhecimento, indispensáveis para as atividades da organização.
Portanto, sempre que ocorrerem avanços tecnológicos, será
necessário contratar pessoas com tais expertises ou capacitar a mão-
de-obra existente. A tecnologia afeta também pela obsolescência
de equipamentos, softwares e outros sistemas, cuja velocidade
se dá de acordo com o grau de desenvolvimento na área. E uma
terceira forma é a necessidade de a empresa investir na inovação
dos seus próprios produtos e arranjos produtivos, sob pena de
não acompanhar os avanços do setor e ficar defasada. De uma
maneira geral, o setor tecnológico influencia bastante na estrutura
organizacional, permitindo modelos mais rígidos em condições
mais estáveis e exigindo modelos tão mais flexíveis quanto mais
instáveis forem as forças tecnológicas.
O setor de infraestrutura e ambiente físico inclui as redes e
equipamentos que proporcionam a mobilidade das pessoas, o
fluxo de mercadorias e comunicação e a exploração dos recursos
naturais e a preservação do meio ambiente. Engloba condições
naturais dadas, como acesso geográfico (portos naturais e rios
navegáveis, por exemplo), clima, disponibilidade de jazidas
minerais, biodiversidade, dentre outros. A esses ativos naturais
estão associadas as obras construídas pelo homem, como portos,
aeroportos, ferrovias, rodovias, redes de telecomunicações etc. E
como decorrência desse processos se incluem as melhorias e as
regulamentações necessárias para o uso sustentável dos recursos
naturais e a preservação da biodiversidade. A infraestrutura e o
ambiente físico afetam as atividades e os resultados das organizações
de tal forma que, às vezes, são condições determinantes para uma
empresa ou várias empresas se instalarem em uma determinada
região. A posição estratégica de uma cidade, a proximidade de um
país em relação aos mercados consumidores, a existência de jazidas
Organização e ambiente 23
Essa interferência do segmento político-legal em outros
segmentos do ambiente ilustra bem a real configuração desses
setores. Embora estudados como categorias separadas – o que,
aliás, é um traço marcante das teorias modernistas –, eles estão
inter-relacionados e, em alguns momentos, superpostos. Essa
distinção, no entanto, é bastante útil para se direcionar os eixos de
análise, ao se estudar o ambiente organizacional.
Organização e ambiente 25
com a estrutura interna. Na linha das Ciências Naturais, a busca
era por regularidades preditivas que pudessem levar à prescrição
de um modelo administrativo aplicável a todas as organizações.
Entretanto, por volta da década de 1950, os autores
perceberam que a busca pelo modelo ideal era inócua. Isso porque
as forças ambientais variam tanto, são tão complexas e afetam
tanto os resultados das organizações que nenhum modelo seria
capaz de prevê-las e controlá-las. Assim, o foco de preocupação se
deslocou das operações internas da organização para o estudo de
como as forças ambientais atuam sobre a organização e como esta
se adapta aos seus ambientes.
Toda a literatura sobre Administração, a partir daí, considera
a organização como um sistema aberto e, embora com abordagens
diferentes, direciona o foco de análise para a relação organizações-
ambiente. Quatro grandes correntes teóricas serão destacadas
neste capítulo: a teoria contingencial, a teoria da dependência de
recursos, a teoria da ecologia organizacional – estas três dentro do
paradigma modernista – e a teoria institucional – sob o paradigma
simbólico-interpretativo.
Organização e ambiente 27
do tipo de tarefa ou do tipo de ambiente com o qual se está
lidando;
• A organização deve se preocupar, acima de tudo, em se alinhar
com o ambiente e conseguir “bons ajustes”;
• Diferentes estilos de administração podem ser necessários
para se desempenhar tarefas diferentes dentro da mesma
organização;
• Diferentes tipos ou “espécies” de organizações são necessários
em diferentes tipos de ambientes.
Organização e ambiente 29
Segundo Hatch (1997), uma forma de se identificar a rede
de dependência de recursos de uma organização é identificar os
recursos utilizados e rastreá-los até as suas fontes. Isso levará ao
esboço de um diagrama parecido com o da figura 5, permitindo à
organização levantar aqueles atores que mais interferem na relação
organização-ambiente.
Porém, é importante não considerar apenas os fornecedores
da organização. Outros membros da cadeia produtiva também
podem ser atores críticos. Imagina-se, por exemplo, um fabricante
de calçados de médio porte. Ele possui os seus fornecedores de
matéria-prima (principalmente fabricantes de borracha e um
grande atacadista de couro), de capital (um banco de fomento da
região), de máquinas (uma fábrica de máquinas da Região Sul)
etc. Mas, para esse fabricante fazer chegar os seus produtos no
mercado, ele depende de grandes redes de varejistas do setor de
calçados, que impõem duras condições para ele e outros pequenos
e médios fornecedores. Portanto, apesar de ele ser um fornecedor
desses varejistas, ele é o elo mais dependente dessa relação. Esse
pequeno fabricante não tem como exercer poder sobre os grandes
varejistas, pois, para ele, é muito mais difícil substituir tais canais
de distribuição. Já o varejista poderia prescindir desse fornecedor
de calçados, pois com certeza há várias outras fábricas do mesmo
porte buscando canais para distribuir os seus produtos.
Reproduzir em um diagrama a rede complexa de relações
de dependência e poder no processo de aquisição de recursos é
uma tarefa árdua. Uma análise, por mais completa que seja, jamais
conseguiria exprimir, de forma integral, o emaranhado de fluxos
e a infinidade de atores. Além disso, a organização não pode se
dar ao luxo de esperar por uma análise que demore meses ou
anos, pois decisões têm de ser tomadas em tempo hábil. Soma-se
o fato de que alguns ambientes são tão dinâmicos que, ao cabo
de um ano ou menos, as forças ambientais podem ter mudado
muito de configuração. Parcimônia, então, é a palavra-chave. Os
Organização e ambiente 31
“existem sempre que um ator não controla todas as condições
necessárias para concluir uma ação ou para obter o resultado
esperado dessa ação”.
O que diferencia a dependência da interdependência é que,
na primeira, há uma hierarquia entre os atores, ou seja, B depende
de A, portanto A exerce poder sobre B (EMERSON, 1962).
Na interdependência, as relações de poder são mais intrincadas,
às vezes recíprocas, às vezes não recursivas. Por exemplo, uma
produtora de refrigerantes pode ser dependente de uma rede de
supermercados, como importante canal para distribuir os seus
produtos. No entanto, esses varejistas também dependerão da
fábrica, pois caso seus clientes não encontrem aquela marca de
refrigerante nas prateleiras, passará a fazer as suas compras em
outro estabelecimento. A dependência, nesse caso, é recíproca.
Outro caso mais complexo é uma organização que depende de
crédito bancário. Num primeiro momento, essa organização
é dependente do banco. Porém, simultaneamente o banco é
dependente de outras organizações no mesmo ambiente, inclusive
aquela que pleiteia o empréstimo, pois a instituição financeira
depende do dinamismo econômico das empresas da região.
Para Pfeffer e Salancik (2003), há dois tipos de
interdependência: de resultados e de comportamento. A primeira
se dá quando os resultados obtidos por A são determinados
conjuntamente pelos resultados obtidos por B. Imagina-se um
mercado onde haja mais de um fornecedor. Cada fornecedor tem
o poder de decisão para estabelecer o seu preço e a quantidade
produzida. Porém, essa decisão será afetada pelas decisões de
preço e quantidade determinadas pelos outros fornecedores.
Na interdependência de comportamento, um ator sozinho não
é capaz de realizar uma atividade, dependendo das ações de
outro(s) elemento(s) do ambiente. Por exemplo, os produtores
de um determinado insumo, que concorrem em um oligopsônio,
desejam pressionar os compradores contra condições desvantajosas
Organização e ambiente 33
organizações competem pela mesma fonte de recursos (HATCH,
1997). Ou seja, enquanto a primeira é adequada para se analisar
uma organização em particular, a segunda se presta para analisar
toda uma população de organizações, por exemplo, um setor da
economia.
Hannan e Freeman (1993) afirmam que as teorias
aplicadas sobre comportamento organizacional assumiam que
motivar gerentes e trabalhadores e mudar detalhes na estrutura
das organizações eram o que bastava para a obtenção de lucros
e conquista de outras metas. No entanto, a teoria da ecologia
organizacional investiga como se dá a substituição de formas
organizacionais obsoletas por novos modelos, quando as
condições ambientais e as relações de competição mudam. Em
linhas gerais, tal teoria se preocupa em entender as condições
sociais, econômicas e políticas que fazem com que em alguns
setores haja tantas organizações e a cada dia surjam novas formas
organizacionais, enquanto em outros o número de organizações e
formas organizacionais vai se reduzindo.
Segundo Baum (1999), os elementos básicos da análise
ecológica são as organizações, as populações e as comunidades.
Uma população é um conjunto de organizações desempenhando
atividades similares e com padrões similares de utilização de
recursos. Essas características constituem formas naturais de
agrupamento de organizações, tornando os grupos relativamente
isolados devido a incompatibilidades tecnológicas, regulamentação
específica e ambiente institucional distinto. Já as comunidades se
formam com a interação entre diferentes grupos populacionais.
Na ecologia organizacional, a dinâmica populacional é
estudada segundo três grupos de teorias: teorias de seleção, teorias
de adaptação e teorias de transformações aleatórias (HANNAN;
FREEMAN, 1993).
As teorias de seleção sustentam que a variabilidade de formas
organizacionais encontradas em alguns setores se explica pelo
Organização e ambiente 35
crédito, ou ainda uma grande corporação que pretende expandir
suas atividades criando ou adquirindo outras unidades estratégicas
de negócios.
Uma ferramenta bastante prática para pequenos
empreendedores, baseada na ecologia organizacional é a análise
do índice de estabilidade do ramo. Ao se abrir um negócio, é
interessante observar o potencial daquele setor, estudando a
dinâmica populacional daquele tipo de empresa no ambiente. Tal
índice é obtido através de dados obtidos em juntas comerciais,
associações empresariais (como federações de indústrias),
prefeituras, fundações de estatística ligadas aos governos e outros
órgãos. Investigam-se quantas empresas do ramo foram abertas
em determinado período, quantas foram fechadas e qual a média
de anos de sobrevivência. O risco pode ser avaliado de acordo com
o Quadro 1.
Organização e ambiente 37
Perrow (1986) identifica o eixo principal da Teoria
Institucional com o funcionalismo estrutural, pois essa
abordagem indica que uma organização pode ser compreendida
através da análise de suas funções. Assim, apresentaria algumas
semelhanças com a Teoria Contingencial, ao admitir que há uma
grande diversidade de organizações, o que dificulta a elaboração
de modelos classificatórios, e considerar a organização como um
sistema aberto, daí a ênfase no ambiente. Porém, Perrow enquadra
essa escola dentro do que ele chama exposétradition, ou seja, ela
procura avançar com relação às teorias anteriores e revelar os
processos existentes além da realidade superficial de uma estrutura
social. Ademais, enquanto a abordagem Contingencial procura
explicar por que as organizações são tão diferentes, a Institucional
visa a compreender por que elas são tão semelhantes e por que o
modelo burocrático ainda prevalece.
Segundo Meyer e Rowan (1992), a institucionalização não é
algo planejado deliberadamente, mas envolve os processos através
dos quais valores sociais (práticas, crenças, obrigações) assumem
o status de regra no pensamento e na ação social. Uma instituição
é, portanto, o estágio final de um processo de institucionalização.
Tolbert e Zucker (1999) discutem como se dá essa dinâmica, através
de processos sequenciais, por elas denominados habitualização,
objetificação e sedimentação.
O processo de habitualização é o “desenvolvimento de
comportamentos padronizados para a solução de problemas e
a associação de tais comportamentos a estímulos particulares”
(TOLBERT; ZUCKER, 1999, p. 205). No meio organizacional,
refere-se à adoção de mudanças estruturais em resposta a
problemas específicos e à formalização desses arranjos, geralmente
traduzidos em políticas e normas de procedimentos em uma
determinada organização ou em um conjunto de organizações
que passam por situações similares. A esse estágio denomina-se
pré-institucionalização, quando uma dada estrutura é limitada a
Organização e ambiente 39
O isomorfismo é um fator relacionado ao processo de
institucionalização. O termo é definido por DiMaggio e Powell
(1991) como um processo através do qual uma unidade de
uma determinada população é forçada a assemelhar-se a outras
unidades que enfrentam as mesmas condições ambientais.
Transpondo esse raciocínio para a realidade das organizações, são
estabelecidos três pressupostos (DIMAGGIO; POWELL, 1991):
1) as características organizacionais são modificadas em direção a
uma crescente compatibilidade com as características ambientais;
2) o número de organizações numa população é uma função da
capacidade que o ambiente tem de abrigá-las, sem se saturar; e 3)
a diversidade de formas organizacionais é isomórfica à diversidade
ambiental.
Meyer e Rowan (1992) apresentam duas explicações para
o processo de isomorfismo. A primeira afirma que os ambientes
criam uma relação de demanda recíproca com as organizações
e aquelas que incorporam elementos estruturais isomórficos
com os seus ambientes são capazes de melhor gerenciar tais
interdependências. Sob esse ponto de vista, as organizações seriam
unidades claramente delimitadas dentro do ambiente. Tais autores,
contudo, enfatizam em seu trabalho uma segunda explicação: o
isomorfismo ocorre porque as estruturas organizacionais refletem
uma realidade socialmente construída. Portanto, as organizações
são em grande parte condicionadas pelo ambiente institucional,
fazendo parte dele também como instituições e não apenas numa
relação de demanda recíproca, conforme preconiza a explicação
anterior.
DiMaggio e Powell (1991) mencionam dois tipos de
isomorfismo: o competitivo e o institucional. O primeiro
pressupõe a racionalidade de um sistema que enfatiza a competição
por mercados, mudanças de nicho e medidas de desempenho.
Porém, segundo esses autores, o isomorfismo competitivo é
relevante apenas para análise de ambientes caracterizados pela
Organização e ambiente 41
(1986), que enfatiza que não é só a organização que se adapta
ao ambiente, mas o contrário também pode ser verdadeiro. E,
ainda, que as organizações poderosas “selecionam” as instituições
sociais que mais lhes interessam, evitando absorver alguns valores
da sociedade que possam colocar em risco as suas operações ou a
sua imagem.
1.4.4.1 Legitimação
Organização e ambiente 43
organização e seu ambiente, nem as questões de eficiência e
eficácia. A diferença está na ênfase e na relação causa e efeito para a
sobrevivência da organização. Para distinguir as trocas de insumos
produtivos e de elementos simbólicos entre as organizações e
seus ambientes, Scott e Meyer (1991) classificam o ambiente em
ambiente técnico e ambiente institucional. O ambiente técnico
compreende a produção e a distribuição de bens e serviços no
mercado. Nesse caso, a organização é recompensada pela sua
eficácia e eficiência. Em contraste, o ambiente institucional
envolve a elaboração de regras e requisitos aos quais a organização
deve se conformar para receber suporte e legitimação. Portanto,
resultados como qualidade do produto e participação de mercado
são importantes no ambiente técnico, mas não necessariamente no
ambiente institucional. Neste último, o que importa é o quanto
as ações da organização estão conformadas com os valores aceitos
socialmente, de modo a garantir a sua legitimação.
Mas, o que exatamente é legitimação? Jensen (2003)
argumenta que, embora esse termo seja citado com frequência
nos estudos organizacionais, o conceito dificilmente é definido
pelos autores. De acordo com Etzioni (1987), a raiz remonta
aos estudos jurídicos e significa que um determinado ato está de
acordo com a lei. Entretanto, examinando o contexto em que
os estudos organizacionais empregam essa palavra, é possível
concluir que o conceito é normalmente associado à ideia de
suporte, ou algo cuja aceitação é generalizada. De fato, o uso do
termo tem sido expandido, “para se referir a um vasto conjunto de
valores e preceitos que conferem aprovação moral para atividades
ou instituições específicas independente de a sanção legal estar
envolvida” (ETZIONI, 1987, p. 182, original em inglês). Para
Meyer e Scott (1983), o conceito de legitimação está baseado na
noção de suporte cultural e conformidade cultural. Do mesmo
modo, Suchman (1995, p. 574, original em inglês) o define como
“um entendimento generalizado que as ações de uma entidade
Organização e ambiente 45
teóricos. A legitimação é assumida como sendo algo socialmente
construído, não um recurso dado ou comprável. Ademais, possui
uma natureza mutável (SCOTT, 1995) – ou seja, os fatores que
conferem legitimação hoje provavelmente não serão os mesmos
no futuro. Portanto, as organizações que se conformam mais
facilmente às transformações no ambiente são aquelas capazes de
identificar os assuntos de maior interesse público e incorporá-los
em suas ações, estratégias e estruturas (PERROW, 1986). Essa
conformação com a agenda pública é uma forma de conseguir
legitimação da sociedade, assim como um meio de desviar o olhar
público de qualquer efeito negativo decorrente das operações da
organização.
Organização e ambiente 47
necessário para a existência da organização (FREEMAN, 1984).
Então, o termo stakeholder é empregado em oposição a stockholder,
que em inglês significa o acionista. Enquanto o primeiro é
depositário da legitimação da organização perante a sociedade, o
segundo é depositário da equidade financeira da firma através dos
seus investimentos no mercado acionário.
A Teoria dos Stakeholders fornece um contraponto à visão
puramente liberal. Segundo essa teoria, há uma multiplicidade de
grupos com interesse mais amplo nas operações da firma, além dos
acionistas, e todos eles são merecedores de consideração e atenção
nos processos decisórios da empresa (LEA, 1999). Freeman
(1984) afirma que os stakeholders devem ser um elemento do
planejamento estratégico, pois podem influenciar diretamente no
cumprimento da missão e dos objetivos da empresa, inclusive com
implicações no desempenho financeiro. Morsing e Schultz (2006)
enfatizam ainda mais a importância estratégica dos stakeholders,
ao afirmarem que a relação da firma com seus públicos vai além
de garantir a eficiência e o lucro imediatos, mas também tem
resultados na criação de valor no longo prazo.
As questões investigadas pela Teoria Institucional podem
receber importantes contribuições da Teoria dos Stakeholders.
Isso porque as organizações, nos processos de interdependência
com o ambiente, precisam se legitimar, ou seja, as suas operações
e até mesmo a sua própria existência se justificam pela relevância
do seu papel junto à sociedade (MACHADO-DA-SILVA;
FONSECA; FERNANDES, 1999). Quem confere a legitimação
a uma organização são esses grupos de interesse estratégico.
No entanto, o funcionamento de muitas organizações pode
trazer consequências indesejáveis para a sociedade. As empresas
enfrentam contradições quando, por exemplo, degradam o meio
ambiente, praticam relações trabalhistas aviltantes, promovem a
concorrência predatória ou submetem os membros mais fracos
da cadeia de produção (por exemplo, pequenos fornecedores ou
Considerações finais
Este capítulo procurou elaborar uma conceituação genérica
do que é ambiente organizacional e traçar um panorama das
principais abordagens sobre o tema na área de Administração.
Obviamente, não se teve a pretensão de esgotar o assunto,
tampouco apresentar uma perspectiva inédita. Em vez de se optar
por essa ou aquela escola de pensamento, procurou-se oferecer uma
Organização e ambiente 49
visão geral das principais. Esse método é chamado de conversação
(MORGAN, 2006) e envolve a interpretação de uma realidade a
partir do máximo possível de dimensões. Portanto, o ambiente
deve ser compreendido desde uma perspectiva mais objetiva e
mecanicista, até uma visão mais simbólica e interpretativa.
A ideia de que as organizações são sistemas abertos, que
interagem com os seus ambientes, pode parecer óbvia nos dias de
hoje. Todavia, o que ainda se vê é grande parte dos administradores
negligenciando importantes elementos ambientais ao tomar suas
decisões e implementar suas estratégias. As pequenas e médias
empresas podem achar que essas teorias e ferramentas gerenciais são
por demais complexas e sofisticadas para as suas realidades. Ledo
engano. Qualquer que seja o porte, a idade, o setor da economia
e a localização de uma empresa, ela está em constante interação
com o seu ambiente e o seu sucesso dependerá do gerenciamento
dessas forças externas.
A implementação de métodos mais sofisticados e científicos
de administração é mais uma questão de cultura do que de
recursos. Obviamente, uma pequena marcenaria de uma cidade
do interior não necessitará, nem terá como implementar, um
sistema de informações gerenciais da complexidade e do porte
de uma Ikea. Porém, poderá contar com ferramentas mais
simples, nem por isso menos úteis, tais como gerenciamento
de reclamações e pesquisas de satisfação; monitoramento da
concorrência local; monitoramento da concorrência e das
tendências regionais, nacionais e internacionais através da
leitura de publicações especializadas na área; mapeamento de
stakeholders; mapeamento dos atores ambientais relevantes;
enfim, uma série de atividades que, ainda que não sejam feitas
com a sofisticação de que dispõem as grandes empresas, são
melhores do que navegar no escuro.
Organização e ambiente 51
HARDCASTLE, David A.; POWERS, Patricia; WENOCUR,
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São Paulo: Atlas, 1999. p. 196-219.
WREN, Daniel A.; BEDEIAN, Arthur G.; BREEZE, John.The
foundations of Henri Fayol’s administrative theory.Management
Decision, v. 40, n. 9, p. 906-918, 2002.
2
de Janeiro(COPPEAD/UFRJ).
Bacharela em Administração pela CAPÍTULO
Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF).
TEORIAS DA
ADMINISTRAÇÃO
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Teorias da administração 57
fabricação, provocando uma rápida substituição das oficinas
artesanais pelas fábricas (que já vinham sendo desenvolvidas desde
o século XVII), e transformando a configuração do mundo: de
um mundo agrícola em um mundo industrial.
No início do século XX, Frederick Taylor (1856-1915)
escreveu o primeiro livro sobre administração, inaugurando
definitivamente a teoria administrativa. A ciência da administração
e, consequentemente, as Teorias da Administração representam,
hoje, as conquistas de uma importante história no campo do
conhecimento humano. Além de Taylor, vários outros estudiosos
que vocês conhecerão ao longo desse capítulo contribuíram para
essa trajetória e para a consolidação dessa ciência.
Para facilitar a compreensão das teorias da administração e
sua aplicabilidade nas organizações da época, cabe separá-las em
duas etapas distintas pelas quais passou o mundo organizacional
no decorrer do século XX: a era industrial clássica e a era industrial
neoclássica. Em cada uma dessas etapas, a teoria administrativa
passou por mudanças importantes relacionadas ao seu contexto
histórico e que merecem destaque.
O período de industrialização foi fundamental para o
aparecimento da teoria administrativa. Importante destacar que
nas décadas iniciais desse período de industrialização (do final do
séc. XIX até a metade do séc. XX), o capital financeiro passou a
constituir a principal fonte de riqueza, e, apesar das duas guerras
mundiais, predominou, nessa era, um ambiente empresarial
relativamente estável, previsível, tranquilo, exigindo uma postura
de permanência e de definição das organizações.
Nesse período prevaleceram as chamadas abordagens
tradicionais da administração: a Administração Científica, que
enfatizava as tarefas no nível do operário; a Teoria Clássica e o
Modelo Burocrático que valorizavam a estrutura organizacional; e
a Teoria das Relações Humanas, que ressaltava o papel das pessoas
Teorias da administração 59
Convidamos vocês a conhecerem, a partir de agora, esses
estudos sobre a Administração e as Organizações.
Teorias da administração 61
Para Taylor, a análise do trabalho e o estudo de tempos e
movimentos permitiria determinar o método de trabalho, ou seja,
a única maneira certa (thebestway) de executar um trabalho ou
uma tarefa de forma a maximizar a eficiência de cada operário.
Saiba mais:
Eficiência é um conceito muito importante para essa teoria
e significa a correta utilização dos recursos disponíveis (pessoas,
máquinas, matérias-primas, recursos financeiros), de forma a
alcançar o melhor aproveitamento de cada um deles.
Teorias da administração 63
Para a Teoria Científica, quanto mais simples for o cargo
maior a probabilidade de seu ocupante desempenhá-lo com
eficiência. Além disso, a simplificação no desenho de cargos
permite a contratação de operários com baixa qualificação e salários
menores, minimiza a necessidade de treinamentos, diminui erros
na execução do trabalho, facilita a supervisão. Tudo isso favorece a
redução dos custos de produção.
Saiba mais:
O perfil do trabalhador ideal também foi traçado, o
chamado homem boi. Segundo Taylor, um homem de reações
vivas e inteligente é totalmente impróprio para tarefa tão
monótona quanto as executadas na produção. Para ele, um
dos primeiros requisitos para um operário “é ser tão estúpido
e fleumático que mais se assemelhe em sua constituição
mental a um boi”. Ele deve ser capaz de executar uma tarefa
simples (embora fisicamente pesada), sem pensar sobre ela.
Ao supervisor cabe ensinar o método e controlar o trabalho.
Taylor ilustra o trabalhador ideal através da história de Schmidt,
pseudônimo de um imigrante alemão de inteligência lerda,
mas com grande força e energia, sem queixas e aparentemente
infatigável que fica feliz em ganhar uns trocados extras a cada
dia. O incentivo para aumentar a produtividade desse tipo
de trabalhador deveria ser exclusivamente salarial, através
do estabelecimento de salários por produção e prêmios para
os operários que ultrapassassem o tempo padrão estabelecido
nos estudos. A fórmula de Taylor baseava-se em uma troca
comercial direta: a total submissão ao método de trabalho em
troca de um “salário justo” ao fim do dia.
Teorias da administração 65
(ruído, ventilação, iluminação e conforto do trabalhador)
e projetar equipamentos especiais para reduzir movimentos
inúteis.
Teorias da administração 67
objetivos específicos através da interação e organização como função
administrativa e parte do processo administrativo, que significa ato de
organizar, estruturar e alocar recursos.
Os autores clássicos, sobretudo Fayol, pretendiam traçar os
caminhos de uma ciência, através de princípios gerais e universais
de administração que pudessem servir a todo e qualquer tipo de
organização e que funcionassem como aspectos normativos e
prescritivos para focalizar todas as situações. A ideia era padronizar
e proporcionar regras genéricas de aplicação, como uma espécie
de modelo para lidar com todos os assuntos administrativos. Tais
princípios refletiam as formas estruturais dominantes na sociedade
da época.
Os 14 princípios gerais da administração propostos por Fayol
são: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disciplina,
unidade de comando, unidade de direção, remuneração justa,
centralização, subordinação dos interesses individuais aos gerais,
cadeia escalar, ordem, equidade, estabilidade, iniciativa, espírito
de equipe.
Assim como ocorreu com a Administração Científica,
são muitas as críticas apresentadas à Teoria Clássica, como a
concepção de uma organização somente em termos lógicos,
formais e racionais, a ausência de trabalhos experimentais, a ênfase
exagerada na estrutura, a desconsideração do ambiente externo à
organização, dentre outros. No entanto, ela forneceu a base para a
discussão das funções administrativas.
Teorias da administração 69
Elton Mayo e Fritz Roethlisberger, professores de Harvard, foram
descobertos outros fatores que poderiam afetar a produtividade
além da iluminação e eles não tinham relação direta com as
características ou condições de trabalho, mas principalmente com
as relações humanas. No estudo foi identificado que os indivíduos
não agem isoladamente, mas como membros de grupos, e que
o nível de produção é resultante das expectativas grupais e da
interação social. Isso significa que as pessoas também são motivadas
pela necessidade de participação e reconhecimento social e que o
fator econômico é secundário. Dessa constatação surgiu o conceito
de homem social que age conforme as normas sociais.
É importante salientar que foi percebida a existência de uma
organização informal constituída pelos grupos sociais informais
que se formam espontaneamente nas organizações, definem regras
de comportamento, assim como recompensas e sanções sociais, e
influenciam as decisões e ações dos indivíduos no trabalho.
Outra constatação foi que o desempenho dos trabalhadores
está intimamente relacionado, também, ao tratamento dispensado
a eles pela gerência, o que significa dizer que uma supervisão mais
cooperativa influencia positivamente a produtividade.
Uma conclusão importante da pesquisa de Hawthorne é
que a especialização não é a maneira mais eficiente de divisão do
trabalho, pois o conteúdo e a natureza do trabalho têm influência
sobre o moral do trabalhador. Trabalhos simples e repetitivos
tornam-se monótonos e maçantes, afetando negativamente a
atitude do trabalhador e reduzindo sua satisfação e eficiência.
Ainda que os estudos realizados em Hawthorne tenham sido
questionados em relação à sua validade científica, essa experiência
e seus resultados tiveram grande importância por terem estimulado
os estudos sobre o comportamento humano, sobretudo o
comportamento coletivo e seus impactos nas organizações. Mayo e
os pesquisadores de Hawthorne não foram os primeiros a terem essas
ideias, mas seu trabalho contribuiu decisivamente para disseminá-
las e para construir o enfoque comportamental na administração.
Teorias da administração 71
na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a
máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. Tal forma de
organização se alicerça num poder legal e racional, fundado numa
autoridade técnica e meritocrática, regida por normas.
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que todas as
organizações formais são burocracias. Mas o que isto quer dizer?
A palavra burocracia costuma ter uma conotação negativa. Nós
a empregamos para dizer que algo é complicado, que há excesso
de regulamentos, que há gente demais para fazer pouca coisa, ou
que há muitas tramitações a serem percorridas num processo.
No entanto, esta conotação negativa tem suas razões de ser: ela é
consequência do mau funcionamento das organizações formais.
Entretanto, em seu sentido original, a palavra burocracia identifica
apenas um modo de regulamentação da vida em coletividade.
Weber procurou sintetizar pontos comuns à maioria das
organizações sociais modernas, apresentando a burocracia como
uma máquina impessoal, que funciona de acordo com regras,
relegando a um segundo plano as pessoas. Ele focou seus estudos
no processo de dominação, que, no caso das organizações formais e
burocráticas (para ele, sinônimos), dependem de leis. Para Weber,
a organização racional (burocrática) era a forma de maior eficiência
e tem sua fonte de legitimidade no poder racional-legal e não no
poder patriarcal, patrimonial ou carismático. Em seu tipo ideal
puro, as organizações são sistemas sociais racionais.
Portanto, o tipo ideal de burocracia formulado por Weber
apresenta três características básicas que refletem seu caráter
racional: formalidade, impessoalidade e profissionalismo.
Com base nessas características, a teoria burocrática propôs
os seguintes princípios: legalidade das normas e regulamentos;
formalidade das comunicações e impessoalidade nas relações;
racionalidade da divisão do trabalho; hierarquia da autoridade;
padronização de rotinas e procedimentos; competência técnica e
Teoria Neoclássica
Teorias da administração 73
de atuação do administrador, consolidou a Administração como
ciência e configura-se, atualmente, como uma das principais
norteadoras das práticas contemporâneas em gestão empresarial.
O intelectual de maior prestígio dessa teoria é Peter Drucker.
Ele e seus pares adaptaram os postulados da Teoria Clássica às
demandas, ao contexto e às estruturas organizacionais da segunda
metade do século XX, tendendo ao pragmatismo e incorporando
as contribuições das teorias administrativas posteriores à Teoria
Clássica. A releitura das funções administrativas é o maior
destaque de seu trabalho. Fayol havia estabelecido como princípios
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Com grande
ênfase na prática da administração e no alcance dos objetivos e
resultados, Drucker e seus pares sintetizaram esses em quatro
– planejar, organizar, dirigir e controlar – e demarcaram uma
estrutura cíclica, dinâmica e interativa para a sequência de funções
do processo administrativo, conforme ilustra a figura a seguir.
Processo
administrativo
Teorias da administração 75
Uma questão muito discutida pelos neoclássicos é a
relação centralização versus descentralização. A centralização e
descentralização referem-se ao nível hierárquico no qual as decisões
devem ser tomadas. A centralização enfatiza as relações escalares,
isto é, a cadeia de comando. Isso significa que o indivíduo no
topo tem a mais alta autoridade e que a autoridade dos demais
indivíduos vai diminuindo de acordo com sua posição relativa
no organograma. Já a descentralização permite uma autoridade
parcialmente delegada e distribuída aos níveis de supervisão
situados nas camadas hierárquicas inferiores. O princípio que
rege a descentralização é: a autoridade para tomar decisão
deve ser delegada para tão próximo da cena quanto possível. A
descentralização, em si, não é boa ou má, indicável ou contra-
indicável. Há quatro elementos que concorrem para aumentar
a necessidade de descentralização: complexidade dos problemas
organizacionais; a delegação de autoridade; a necessidade
de mudança e o grau de incerteza; o nível de estabilidade e
previsibilidade do ambiente.
Como principais decorrências dos estudos neoclássicos
podemos apontar a tipologia organizacional (organização
linear; organização funcional e organização linha-staff) e a
departamentalização (por funções, por produtos ou serviços,
por localização geográfica, por clientes, por fases do processo ou
processamento e por projetos).
No entanto, pode-se considerar como um dos principais
“produtos” da Teoria Neoclássica a chamada APO – Administração
por Objetivos. A APO surgiu em 1954 quando Peter Ducker
publicou seu livro “The Practice of Management”, e é um processo
em que gerentes e subordinados identificam e negociam objetivos
comuns, definem as áreas de responsabilidade de cada um e os
resultados esperados e utilizam esses objetivos como guias para
sua atividade.
Teorias da administração 77
Quanto à motivação humana, sobressaem os estudos
realizados por Abraham Maslow e Frederick Herzberg. Maslow
estabeleceu uma relação entre motivação e satisfação de
necessidades, construindo uma hierarquia das necessidades
humanas, especificamente as fisiológicas, de segurança, de
afiliação ou social, de estima e de autorrealização, nessa ordem
de prioridade. Segundo o estudioso, somente quando uma
necessidade prioritária era atendida é que a próxima necessidade da
sequencia se apresentava. Já Herzberg estabeleceu a distinção entre
fatores higiênicos e motivacionais. Os fatores higiênicos, quando
não consentidos, geravam insatisfação e, quando atendidos,
não impactavam positiva ou negativamente na satisfação dos
indivíduos. Em contrapartida, os fatores motivacionais, se vigentes,
garantiam a motivação e, se ausentes, geravam desmotivação nos
sujeitos.
Os autores Douglas McGregor e Rensis Likert também foram
importantes na construção da Teoria Comportamental, tendo
focado seus estudos nos estilos de gestão. Ambos estabeleceram
paralelos entre o estilo tradicional, diretivo, e o estilo participativo
de gestão. McGregor defendia que o estilo de gestão estava
diretamente vinculado à forma como o administrador percebia o
comportamento dos seus funcionários. Segundo ele, aqueles que
entendem os empregados como propensos a ociosidade, pouco
confiáveis e motivados exclusivamente por dinheiro, aderem ao que
ele chamou de Teoria X, na qual o gestor deve controlar e impelir
os funcionários ao trabalho. Por outro lado, aqueles que adotam a
Teoria Y de gestão, dando maior autonomia para os trabalhadores,
percebem-nos como responsáveis, afeitos ao trabalho, capazes de
autocontrole e autodireção.
Seguindo uma lógica semelhante, Likert propôs uma
classificação de sistemas de administração caracterizados em
relação a quatro variáveis básicas: processo decisório, sistema
de comunicação, relacionamento interpessoal e sistema de
Teorias da administração 79
aspectos comportamentais e dinâmicos, ela realinha e redefine
os conceitos de tarefa e estrutura sob uma roupagem mais
participativa e humana. Suas teorias sobre a motivação, relativas e
não absolutas, apesar de sem comprovação científica, influenciaram
a teoria administrativa na percepção do indivíduo inserido em
um contexto e com características e necessidades individuais que
precisam ser observadas e satisfeitas para se alcançar os objetivos
organizacionais.
A teoria das decisões foi um primeiro passo para novas
abordagens sobre o processo decisório, voltado não apenas para
enfrentar os problemas que surgem, no momento em que surgem,
mas principalmente para planejar o futuro, criando condições para
o crescimento e desenvolvimento sustentado das organizações.
Teorias da administração 81
tem como objetivo fazer com que as pessoas reconheçam o
contexto das suas comunicações para torná-las mais honestas e
abertas); a dinâmica de grupos (desenvolvimento de equipes e
consultoria de procedimentos); as relações entre grupos (reunião
de confrontação); a eficácia da organização como uma totalidade
(retroação de dados).
Sendo o DO uma resposta às contínuas mudanças
ambientais, essa abordagem exige da organização conhecimento
profundo e realista de si própria, das suas capacidades e do
ambiente em que atua, planejamento das relações com o ambiente
e seus participantes, estrutura interna flexível para se adaptar às
mudanças que ocorrem no ambiente, meios de informação a
respeito das mudanças e da adequação de sua resposta adaptativa.
Teorias da administração 83
conjunto de elementos interdependentes que se organizam em
quatro etapas: entradas, processamento, saídas e retroalimentação.
A importância dessa teoria está na ênfase das interfaces
organização-ambiente, além do destaque para o processo de
constante adaptação, aprendizagem e auto-organização.
Teorias da administração 85
ocorre continuamente em um processo total ou parcialmente
automatizado, e é monitorada por poucos funcionários.
Esses quatro estudos mostraram a dependência da
organização em relação ao seu ambiente e à tecnologia adotada
e a necessidade de se estabelecer uma estratégia adequada para
adequar os recursos, as competências, a tecnologia às demandas
ambientais.
Apesar de esses estudos sobre a administração e as organizações
estarem diretamente relacionados aos seus contextos históricos,
seus princípios, conceitos e percepções acerca da estrutura,
cultura e processos operacionais e gerenciais contribuíram para
o desenvolvimento da ciência da Administração e dos modelos
atuais de Gestão que vamos conhecer nos próximos capítulos.
Referências
BATEMAN, T.; SNELL, S. Administração: construindo vantagem
competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração:uma visão
abrangente da moderna administração das organizações. 7.ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.
DAFT, Richard I. Administração. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora,
1999.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo:
Martin Claret, 2003.
HEILBORN, G.; LACOMBE, F. Administração:princípios e tendências.
São Paulo: Saraiva, 2009.
LACOMBE, Francisco; HEILBORN, Gilberto. Administração:
princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003.
Teorias da administração 87
Profa. Cristina Sayuri Cortes
Ouchi Dusi
Professora da Faculdade de
Administração e Ciências
Contábeis da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Mestre em Administração pelo
Centro de Pós Graduação e
Pesquisa em Administração da
Universidade Federal do Rio
3
de Janeiro (COPPEAD/UFRJ).
Bacharela em Administração pela CAPÍTULO
Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF).
ORGANIZAÇÃO E
DIREÇÃO
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Saiba mais:
CEO – sigla em inglês utilizada para designar o principal
executivo da empresa: presidente, diretor geral, chefe.
Organização e direção 91
futuras, que abrange o horizonte pretendido para o negócio e
os rumos necessários. À função organização cumpre fornecer e
encaminhar os recursos materiais, humanos e administrativos
necessários para a execução do planejado, tantas vezes se valendo
de reestruturações organizacionais e realinhamento das atividades.
A função direção está relacionada à ação do gestor voltada para a
influência e orientação do comportamento dos trabalhadores para
que eles contribuam para a efetivação daquilo que foi planejado.
E a função controle retoma a concretização das demais funções
a fim de avaliar sua efetividade e o alinhamento das ações com
aquilo que estava previsto e que fora almejado. Em conjunto,
essas funções formam o processo administrativo que, importante
ressaltar, possui as seguintes características:
Organização é...
... o processo de arranjar e alocar o trabalho, estabelecer
a autoridade e distribuir os recursos entre os membros de
uma organização para que eles possam alcançar os objetivos
estabelecidos.
Organização e direção 93
Figura 1 - Exemplo de organograma.
Fonte: Elaboração da autora.
Presidente
Diretor
Gerente
Supervisor
Operário
Operário
Organização e direção 95
c) Amplitude de controle ou administrativa – A amplitude
de controle refere-se ao número de funcionários que um
gestor pode controlar, o que está relacionado à distribuição
de autoridade e responsabilidade. Dizemos que um
administrador tem uma grande amplitude de controle
quando ele gerencia muitos funcionários e uma pequena
amplitude de controle quando o número de subordinados
é pequeno. A definição da amplitude de controle depende
de fatores como complexidade do trabalho, conhecimento
e competência dos funcionários para desempenhar as
atividades propostas, padronização das tarefas, dentre outros.
d) Departamentalização – Departamentalização é o
agrupamento e integração de tarefas semelhantes e
os funcionários que as desempenham em unidades
organizacionais, os departamentos, com o objetivo de
racionalizar o uso dos recursos e obter melhor coordenação
com base na integração e diferenciação.
Organização e direção 97
Apesar de gerar maior agilidade, flexibilidade e
assertividade na tomada de decisões, a delegação de autoridade
e responsabilidade é um processo difícil, pois exige funcionários
preparados para tomar decisões que reflitam os objetivos
organizacionais. No entanto, à medida que as organizações
crescem e o ambiente externo se torna mais instável, a
descentralização da estrutura organizacional passa a ser condição
necessária para a continuidade do negócio.
Organnização Organnização
centralizada descentralizada
Figura 3 - Organização centralizada x organização descentralizada
Fonte: Elaboração da autora, 2012.
Organização e direção 99
com objetivos conflitantes aos da organização e, por esse motivo,
precisam ser monitorados.
O desenho estrutural de uma organização ou organograma
representa um conjunto de decisões da empresa sobre os
elementos estruturais apresentados, com o propósito de definir
uma estrutura adequada à estratégia e ao ambiente da organização.
Dessa maneira, é possível encontrar diferentes tipos de estruturas
organizacionais derivadas das combinações entre os elementos
estudados. Os tipos mais tradicionais, baseados em uma hierarquia
vertical são: funcional, divisional e matricial. Além desses, existem
algumas estruturas emergentes que se baseiam em relações mais
flexíveis de autoridade como as redes.
Quer saber mais sobre esses diferentes tipos de estrutura
organizacional? Então, vamos a eles...
Recursos
Finanças Marketing Operações Projetos
humnos
CEO
Recursos
Finanças
humnos
Marketing Projetos
Recursos Projetos
Finanças Marketing Operações
humnos
Projeto 1
Projeto 2
Projeto 3
empresa de
projeto
empresa de empresa de
comunicação produção 1
empresa
central
empresa de empresa de
destribuição produção 2
empresa de
produção 3
Referências
CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração estratégica:
planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2009.
4
em Administração pelas
Faculdades Reunidas Nuno CAPÍTULO
Lisboa.
ESTRATÉGIA,
PLANEJAMENTO E
FERRAMENTAL DE
CONTROLE
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Formulação de estratégias
Formulação Formulação Formulação
estrtégia estratégia estrtégia de
corporativa
nível estratégico competitiva operações
Uma provocação:
No parágrafo anterior afirmamos que: “Em ambas as frentes
de ação o modelo sinaliza com a possibilidade de intervenção em
quase todas as fases anteriormente formuladas”. Você conseguiria
identificar, com base na análise daquele modelo, em qual das
fases esta intervenção dificilmente ocorreria? Caso consiga, tente
explicar por quê.
devem ser
relacionadas as Neste quadrante devem Neste quadrante devem
oportunidades ser relacionadas as linhas ser relacionadas as
percebidas pela estratégicas que, a partir linhas estratégicas que
organização das forças internas, revertam fraquezas em
na análise do permitam potencializar forças para aproveitar
ambiente externo. oportunidades. oportunidades.
Neste quadrante ESTRATÉGIA FA ESTRATÉGIA FrA
devem ser
relacionadas Neste quadrante devem Neste quadrante devem
as ameaças ser relacionadas as linhas ser relacionadas as
AMEAÇAS
Atividade de Aprendizagem:
Tomando-se por base um levantamento realizado em uma
organização hipotética, que atua no segmento industrial, foram
identificados aleatoriamente os seguintes atributos:
• Mão-de-obra qualificada;
• Defasagem tecnológica;
• Alta capacidade de produção;
• Baixa visibilidade sobre seu segmento de atuação;
• Instalações inadequadas;
• Credibilidade da marca e dos produtos elaborados;
• Estrutura organizacional robusta e flexível para suportar
variações de demanda;
• Localização que dificulta o acesso de clientes e fornecedores,
como também o recebimento de matérias-primas e
produtos elaborados.
Com base nestas informações e tomando por base a
leitura no tópico correspondente, classifique aqueles atributos
para efeito de uma análise SWOT e mencione, textual ou
graficamente, em quais quadrantes da matriz eles deveriam ser
relacionados.
Saiba mais:
Competitividade é definida por Ferraz e outros (1997)
como: “a capacidade da empresa formular e implementar
estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar,
de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.
INOVAÇÃO
Produto
Processo
Transferência de Tecnologia
GESTÃO
Marketing PESSOAS
Serviço pós-venda Produtividade
Finanças Qualificação
Administração Flexibilidade
Planejamento PRODUÇÃO
Atualização de Equipamentos
Técnicas Organizacionais
Qualidade
Tamanho e dinamismo
Grau de sofisticação
Acesso a mercados
internacionais
Saiba mais:
Amplie sua visibilidade sobre a importância da
competitividade lendo FERRAZ, J. C. et al. Made in Brazil:
desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
Observe:
A análise de uma organização através do modelo da
Cadeia de Valor permite um mapeamento do seu ambiente
interno através da identificação e posterior correlação entre as
atividades primárias e secundárias. Desta forma, pode se tornar
uma importante ferramenta para a prática do planejamento no
âmbito interno, muito embora permita também associação com
outras cadeias externas envolvendo: parceiros; fornecedores e
distribuidores dentre outros.
Entrantes Potenciais
Ameaça de novos
entrantes
Concorrentes na
indústria
Entrantes Potenciais Entrantes Potenciais
Ameaça de novos Ameaça de novos
entrantes Rivalidades entre entrantes
empresas existentes
Entrantes Potenciais
Ameaça de novos
entrantes
Saiba mais:
Amplie seus conhecimentos sobre estes modelos aqui
detalhados, lendo PORTER, M. Estratégia Competitiva:
técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de
Janeiro: Campos, 1986 e PORTER, M. Vantagem competitiva:
criando e sustentando um desempenho superior. Tradução
Elizabeth Maria de Pinho Braga. 3. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1989.
Analista Responsável:
Processo: Laminação de blocos de espuma Período: mai/2012
Defeito Observado 1 sem 2 sem 3 sem 4 sem Total
Rebarbas na fase de laminação primária 10 13 6 6 35
Ondulações após segunda etapa de 6 9 10 0 25
laminação
Dimensões finais discrepantes das 3 3 2 2 10
especificações
Coloração final apresenta pigmentos 2 2 0 1 5
Fonte: Elaboração do autor.
Atividade de Aprendizagem:
Tomando-se por base a lista de verificação expressa na tabela
3 acima, que tal intercalar os conhecimentos até aqui adquiridos
e, a partir dela, elaborar o gráfico de Pareto correspondente?
Atividade de Aprendizagem:
Numa organização hipotética, objetivando minimizar a
frequência e a severidade dos acidentes, foram identificadas as causas
primárias e secundárias abaixo relacionadas. Portanto, elabore o
diagrama de causas & efeitos correspondente.
Ambiente:
• Altos índices de insalubridade;
• Layout requer adequações de melhoria;
• Grau de iluminação inadequado.
Métodos & Processos:
• Obsoletos e inadequados;
• Inexistência de instruções formais de trabalho;
• Operações manuais de alto risco.
Pessoas:
• Carência de capacitação;
• Baixo grau de comprometimento;
• Resistência ao uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção
Individuais);
• Acomodação.
MATRIZ GUTFI1
Pontos Gravidade Urgência Tendência Facilidade Investimento
Os prejuízos Se nada Não é necessário
Faz-se
e dificuldades for feito, O problema é nenhum
necessária
5 são a situação muito fácil de investimento
atuação
extremamente irá piorar ser resolvido para resolver o
imediata
graves rapidamente problema
Faz-se
Os prejuízos
necessária O problema Algum
e dificuldades Vai piorar a
4 atuação é fácil de ser investimento se faz
são muito curto prazo
com alguma resolvido necessário
graves
urgência
Gasto de recursos
Os prejuízos O mais Existe alguma além do orçamento
Vai piorar a
3 e dificuldades cedo dificuldade da área, mas
médio prazo
são graves possível para resolvê-lo aprovável no nível
acima
1
GUTFI é uma sigla formada pelas iniciais das palavras Gravidade, Urgência,
Tendência, Facilidade e Investimento. Esta ferramenta foi adaptada do método
originalmente desenvolvido por (KEPNER; TREGOE, 1972).
Atividade de Aprendizagem:
Continua
Referências
ANSOFF, I. H.; McDONNELL, E. J. Implantando a Administração
Estratégica. São Paulo: Atlas, 1993.
BORGES Jr. A; LUCE, F. Estratégias Emergentes ou Deliberadas:
um estudo de caso com os vencedores do prêmio “Top de
marketing” da ADVB. RAE - Revista de Administração de Empresas.
São Paulo, v. 40, n. 3, p. 36-44, jul./set. 2000.
CAMPOS, V. F. O Aprendizado da gestão (Banas Qualidade, dez.
2000). 2000. Disponível em: <http://www.fdg.org.br/subfdg/
artigos/artigos.asp?15.htm>. Acesso em: 12 maio 2002.
CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração Estratégica:
planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron
Books, 1993.
FARIAS FILHO, J. R. Avaliação Estratégica de Negócios – AEN.
Niterói: Ed.UFF, 2000.
______. Gestão Estratégia da Qualidade Total. Niterói: Ed. UFF,
2000.
5
Bacharel em Administração pelo CAPÍTULO
Instituto Metodista Bennett
(IMB).
DIREÇÃO E
LIDERANÇA
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Saiba mais
Saiba mais
Cadeia produtiva significa o conjunto de elementos
envolvidos no sistema de produção de uma organização,
englobando os fornecedores, distribuidores, empresas
terceirizadas e outros parceiros de negócios que contribuem
para a execução das atividades produtivas.
Saiba mais
A chamada Experiência de Hawthorne aconteceu na
indústria Western Eletric, localizada no bairro de Hawthorne,
cidade de Cícero, no Ilinois, Estados Unidos, entre 1927 e 1932,
sendo conduzida por uma equipe de pesquisadores chefiada
pelo Dr. Elton Mayo, da Universidade de Harvard. O que se
constatou, ao final dessa experiência, foi a influência exercida
pelos fatores psicológicos e sociais sobre a motivação dos
trabalhadores. Ficou claro que estímulos físicos e financeiros não
são preponderantes nas relações de trabalho. Representou esse
experimento uma espécie de marco divisório no pensamento
administrativo, abrindo caminho para o desenvolvimento das
teorias de gestão humanistas e participativas.
Por exemplo
Imagine a seguinte situação: os funcionários de um
hospital público se reúnem e decidem que merecem não
trabalhar em um feriado, propondo, então, ao Diretor o
fechamento nesse dia. Obviamente, o gestor terá que contrariar
a decisão dos liderados, em defesa do interesse da sociedade,
não podendo, portanto, ser democrático.
Resumindo:
6
Bacharel em Administração pelo
Instituto Metodista Bennett CAPÍTULO
(IMB).
GESTÃO
DE PESSOAS
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Recrutamento:
É o conjunto de procedimentos voltados para atrair
candidatos qualificados para ocupar cargos na organização.
Seleção:
É o processo de escolha, dentre os candidatos recrutados,
daquele(s) mais adequado(s) à função.
Então...
Podemos afirmar que, se o processo de recrutamento
e seleção for mal conduzido, todas as demais atividades de
gestão de pessoas ficarão comprometidas. Quando uma
relação começa mal, é sempre mais difícil acertá-la. A
relação entre a organização e seus trabalhadores não foge
à regra.
Então...
Fica claro que treinamento é um tipo bem específico de
educação, sendo voltado para as necessidades profissionais dos
participantes. Distingue-se da educação regular que direciona-se
de forma mais ampla para a formação do educando, oferecendo
não apenas o preparo técnico e profissional, contribuindo
também para o desenvolvimento pleno do indivíduo em suas
diversas dimensões.
Então...
Ouvir as pessoas envolvidas na avaliação e permitir que
expressem suas opiniões sobre o próprio desempenho e o de
seus gestores representa um importante fator de sucesso para
favorecer a aceitação do processo avaliativo.
Para concluir
Resumindo:
A gestão de pessoas representa uma atividade da maior
importância para o sucesso de qualquer organização. Sua missão
é contribuir para a elevação da produtividade e a redução dos
conflitos entre os objetivos corporativos e os interesses pessoais
dos funcionários. Para tanto, possui diversas ferramentas que
auxiliam na criação de condições mais favoráveis ao bom
desempenho profissional. O recrutamento e seleção auxiliam
na busca de pessoas mais adequadas às necessidades dos cargos e
das organizações; as atividades de treinamento proporcionam a
expansão das qualificações possuídas; a gestão da remuneração
contribui para a satisfação dos trabalhadores; a gestão do
desempenho proporciona o conhecimento do grau atual e do
potencial de desenvolvimento de cada funcionário, e as ações
de higiene e segurança no trabalho preservam sua saúde e
evitam acidentes. Quando tais atividades são desempenhadas
de modo adequado, nota-se uma significativa contribuição
para que as estratégias corporativas sejam bem sucedidas.
7
CAPÍTULO
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
INVESTIMENTO FINANCIAMENTO
Decisões básicas
da área de Administração Financeira
OPERAÇÕES
I – balanço patrimonial;
II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III – demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração das origens e aplicações de recursos;
IV – demonstração dos fluxos de caixa;
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
Atividades operacionais
Receitas operacionais
– Despesas operacionais
= Caixa gerado pelas operações
Atividades de investimento
Aumento no ativo imobilizado
– Redução do ativo imobilizado
= Caixa gerado pelas atividades de financiamento
Atividades de financiamento
Aumento das dívidas de longo prazo
– Redução das dívidas de longo prazo
= Caixa gerado pelas atividades de financiamento
Fluxo de Caixa do período
Figura 4- Demonstrativo do fluxo de caixa
Fonte: adaptado de GITMAN, 2005, p. 41.
BALANÇO PATRIMONIAL
Demonstrativo de resultado
Passivo circulante
Ativo circulante
Fornecedores
Caixa e bancos Receita total Empréstimos
Duplicatas a receber
– Obrigações fiscais
Estoques de mercadoria
Outras obrigações
Estoque de insumos Custo dos produtos
vendidos
= +
+ Lucro bruto
Passivo não circulante
–
Exigível a longo prazo
Ativo não circulante Despesas operacionais Empréstimos
Realizável a longo prazo
Investimentos =
Permanente +
Lucro operacional
Intangível
–
Patrimônio líquido
Despesas financeiras Capital social
Reservas
= =
Lucro antes do imposto
de renda =
–
ATIVO
TOTAL Imposto de renda PASSIVO
TOTAL
=
Lucro (prejuízo) líquido
BALANÇO PATRIMONIAL
Passivo circulante
Ativo circulante
Aplicações Contas a pagar Fontes de
Caixa, bancos e títulos financiamento
de Obrigações fiscais
Estoques de curto prazo
curtoprazo Empréstimos
Outras contas a receber
Outras obrigações a pagar
Passivo não circulante
Ativo não circulante +
Patrimônio líquido
Ciclo operacional
CCC=CO-PMP
(Equação 2)
CCC=IME+PMR-PMP
(Equação 3)
Política de
Magnitude do investimento em Financiamento
administração
ativos circulantes em relação às de ativos
do capital de
vendas circulantes
giro
Mantém um alto nível de ativos
circulantes com:
– Elevados saldos de caixa e de
Baixo nível de
títulos de curto prazo
financiamento
Flexível – Investimentos significativos em
com passivos
estoques
circulantes
– Alto nível de contas a receber
em função de política de crédito
liberal
Mantém um baixo nível de ativos
circulantes com:
– Reduzidos saldos de caixa e Alto nível de
nenhum título de curto prazo financiamento
Restritiva
– Pequenos investimentos em com passivos
estoques circulantes
– Nenhuma venda a prazo
– Inexistência de contas a receber
Figura 8 - Políticas flexíveis e políticas restritivas de administração do capital
de giro
Fonte: Adaptado de ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002, p. 604.
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Circulante
Passivos
Ativo não circulante
+
Aplicações de Realizável a longo prazo
Patrimônio
longo prazo Investimentos
líquido
Imobilizado
Intangível
BALANÇO PATRIMONIAL
1) Payback do projeto A:
Payback= Custo a ser recuperado
no próximo ano
Ano antes da recuperação do investimento+
Fluxo de caixa durante
o próximo ano
2) Payback do projeto B:
Custo a ser recuperado
Payback=
no próximo ano
Ano antes da recuperação do investimento+
Fluxo de caixa durante
o próximo ano
(Equação 4)
Ou ainda:
1) VPL do projeto A:
2) VPL do projeto B:
(Equação 5)
Referências
ATKINSON, Anthony. A. et al. Contabilidade gerencial. São
Paulo: Atlas, 2000.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.
htm>. Acesso em: 26 de jun. 2012.
8
CAPÍTULO
ADMINISTRAÇÃO
DE OPERAÇÕES
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Por exemplo...
Temos como exemplo: produtos químicos especiais,
produção de alguns alimentos congelados, dentre outros.
Por exemplo...
Temos como exemplo: fabricante de pizza congelada,
fábrica de engarrafamento de cerveja, dentre outros.
8.5 Estratégia
A estratégia pode ser definida como o conjunto de objetivos,
finalidades, metas, diretrizes fundamentais e os planos para atingir
os objetivos, postulados de forma a definir em que situação a
organização se encontra, que tipo de organização se encontra,
que tipo de organização ela é ou deseja ser. Define-se, portanto,
estratégia como sendo
[...] um padrão ou um plano que integra as metas
maiores da organização, políticas, e a seqüência
de ações objetivando a coesão das forças internas.
Uma estratégia bem formulada ajuda a ordenar e
alocar os recursos da organização numa postura
única e viável isto baseado nas competências e
deficiências internas, na antecipação às mudanças
do meio externo e movimentos contigenciais dos
concorrentes (Mintzberg; QUINN, 1996,
p. 3).
12
“São os aspectos da competitividade nos quais o desempenho da produção
deve estar acima de um nível determinado, para pelo menos ser considerado pelo
cliente. Desempenho inferior a esse nível qualificador possivelmente desqualificará a
empresa de ser considerada pelo cliente” (SLACK et al., 2002, p. 94).
23
“São os que direta e significativamente contribuem para a realização de um
negócio, para conseguir um pedido. São considerados pelos consumidores como
razões-chaves para comprar o produto ou serviço. Aumentar o desempenho em um
critério ganhador de pedidos resulta em mais pedidos ou melhora a probabilidade de
ganhar mais pedidos” (SLACK et al., 2002, p. 94).
Saiba mais...
MRP é um sistema onde se planeja as necessidades de
materiais. “São sistemas de demanda dependente que calculam
necessidades de materiais e planos de produção, para satisfazer
pedidos de venda previstos ou conhecidos” (SLACK et al.,
2002, p. 445).
8.6 Logística
A logística é um processo onde a informação é fundamental
para satisfazer as necessidades e exigências do cliente, no que se
refere ao fluxo de informações e materiais. A logística tem como
princípio o fornecimento de produtos ou serviços nos locais e
instantes certos, minimizando o custo final. Ballou (2006, p. 27)
define a logística como sendo o processo de “[...] planejamento,
implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias,
serviços e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto
de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes”.
Ainda, Christopher43 (1999, p. 2 apud CAMPOS, 2000, p.
19) define a logística como:
Resumindo
Este capítulo procurou apresentar algumas questões
importantes com relação à administração de operações. Ela deve
ser considerada como uma área estratégica para a organização,
pois engloba não somente o setor produtivo como um todo, mas
também a logística, qualidade, administração de materiais, dentre
outros. Cada uma das seções apresentadas não pode ser vista de
forma individualizada, mas, sim, deve ser entendida como um
conjunto, e, por isso, planejada de forma integrada, sincronizada,
com o intuito de satisfazer a necessidade do cliente, e com um
custo reduzido.
9
pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF). CAPÍTULO
MARKETING
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
15
Neste capítulo, todos os exemplos de empresas citados seguem de seus
respectivos sites para consulta livre na internet.
Marketing 327
As empresas consideradas do terceiro setor, ou seja, sem fins
lucrativos, como Organizações Não Governamentais (ONG’s),
cooperativas, associações de moradores, dentre outras, praticam o
marketing para criar campanhas de doações, de integração entre
seus membros ou até mesmo para oferecer seus produtos e serviços
ao mercado.
Nesse contexto aplicável, o marketing é uma opção
estratégica interessante disponível às empresas e indivíduos. Muitas
empresas aplicam o marketing como algo que as diferenciam dos
concorrentes, obtendo, dessa forma, reconhecimento e preferência
por parte dos consumidores.
O marketing deriva do termo em inglês market, que
significa mercado. Daí, alguns pesquisadores citam o marketing
como algo mais amplo, ligado ao estudo da mercadologia, e
estratégia empresarial. Independente do uso do termo marketing
ou mercadologia sabe-se que esta área tornou-se primordial em
relação aos estudos dos mercados consumidores e dos concorrentes.
Neste capítulo, o marketing será apresentado em seções; e, em
alguns momentos, são destacadas informações, definições, exemplos
e exercícios de fixação do conteúdo abordado. Serão apresentados
autores clássicos e contemporâneos, todos especialistas em
marketing, bem como exemplos de empresas que utilizam o desta
área empresarial para criar e desenvolver seus produtos e estabelecer
relacionamentos duradouros com seus clientes atuais e potenciais.
Marketing 329
empresas, o marketing é a área que desenvolve novos produtos,
adapta produtos existentes, retira produtos deficitários e promove a
marca da empresa. No marketing, especificamente, a área de gestão
de marcas (branding) atende as expectativas de valorização das
empresas que possuem capital aberto e negociam ações em bolsa de
valores. Em muitos casos, uma empresa é mais valorizada pela sua
marca, ou seja, pelo seu ativo intangível, do que pelos seus ativos
físicos, como, imóveis, equipamentos, veículos dentre outros.
De acordo com pesquisa de marcas globais realizada no ano
de 2012 pela empresa de consultoria internacional em pesquisa de
marketing Millward Brown® (<http://www.millwardbrown.com/
BrandZ/default.aspx>) (TABELA 1), a marca mais valorizada
entre 100 empresas pesquisadas é a Apple, valendo 182, 951
milhões de dólares. O Brasil é representado pela Petrobras, a qual
ocupa o 61° lugar no ranking.
Questão
Diante do que foi exposto em relação ao marketing, o que
o microempresário pode desenvolver para manter a matriz em
boas condições de mercado e para tornar a filial num sucesso?
Marketing 331
Afinal, o que é marketing? O marketing é considerado por
alguns autores como uma ciência, a qual é aplicada nas mais
diferentes áreas de conhecimento. Já para outros pesquisadores,
o marketing é considerado uma filosofia e disciplina obrigatória,
específica dos cursos de administração e economia, que também é
ministrado como disciplina opcional em cursos como comunicação,
publicidade e relações públicas. Há ainda outros estudiosos
que consideram o marketing como uma função empresarial, na
qual profissionais especializados seriam os responsáveis pela sua
aplicação (HUNT, 2002, 2003; BAKER; SAREN, 2010).
De acordo com a Associação Americana de Marketing (AMA,
2012), “marketing é a atividade, um conjunto de instituições
e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que
têm valor para os clientes, parceiros e sociedade em geral”.
Observa-se que a definição acima apresenta o marketing como
algo que vai além da propaganda ou de vendas. Para se realizar
o marketing, é necessário organizar as informações a respeito
do mercado e da concorrência, pensando como as estratégias a
serem adotadas podem gerar valor aos clientes e demais agentes
com que a empresa se relaciona. A palavra chave é valor. Valor
não no sentido econômico, mas significando algo que os clientes
realmente desejam e esperam receber em troca da confiança e da
compra realizada.
Kotler e Armstrong (2007), respeitados pesquisadores
de marketing e também consultores de grandes empresas ao
redor do mundo, elaboraram um conceito mais específico ao
ambiente empresarial. Para os autores, marketing é “um processo
administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o
que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor com
os outros” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 4). O processo
administrativo do conceito refere-se à organização de tarefas internas
que são necessárias em diversas áreas da empresa para fazer com que
o marketing seja bem gerenciado e compreendido internamente.
Desenvolver Contruir
Entender o Elaborar Capturar valor
um programa relacionamentos
mercado e as estratégia de dos clientes para
de marketing lucrativos
necessidades e marketing gerar lucro e
integrado que e criar um
os desejos dos orientada pra qualidade para
proporcione encantamento
clientes os clientes os clientes
valor superior dos clientes
Capturar valor
Criar valor para os clientes e contruir relacionamento com os clientes dos clientes
em troca do
relacionamento
Marketing 333
Importante:
Palavras-chaves do conceito de marketing:
Marketing 335
pesquisas para conhecer dados demográficos, psicológicos e
comportamentais dos clientes. Uma empresa pública ou privada
precisa saber qual é a renda média de seus consumidores, a faixa
etária, o nível de instrução, que tipo de alimentação seus clientes
preferem, quais programas de lazer seus consumidores selecionam,
dentre outros aspectos.
Valor para o marketing não tem sentido apenas financeiro,
mas, sim, de atendimento de expectativas, ou até mesmo, de
superação de expectativas. Que valor o cliente espera de um
produto ou serviço? As empresas têm de pesquisar como os
clientes costumam realizar suas compras, de que forma pagam
pelas compras, onde e como compram, o que preferem e o que
não preferem em relação à pré-venda e pós-venda. O valor para
o marketing implica em desenvolver relacionamentos constantes.
O relacionamento próximo com o cliente pode ser uma opção
excelente para que a empresa conheça melhor quais as expectativas
dos seus consumidores. Um consumidor que resolve adquirir um
aparelho de telefonia móvel pode decidir a sua compra por um
aparelho mais simples ou mais sofisticado. Nesse caso, a expectativa
do cliente pode estar apenas em realizar uma boa chamada ou
ligação; por outro lado, o consumidor espera de um celular acessar
a internet em alta velocidade e trocar mensagens nas redes sociais
como no Facebook (<www.facebook.com/FacebookBrasil>).
O marketing pode ser aplicado em diversos setores
econômicos, daí, a sua flexível adaptabilidade. Em pesquisas, é
comum estudar o marketing turístico, o marketing de serviços,
o marketing do terceiro setor (empresas sem fins lucrativos), o
marketing de cidade dentre outros. Contudo, cuidados devem ser
tomados na aplicação do marketing, ou seja, aqueles profissionais
que estiverem liderando a área de marketing de uma empresa
precisam estar cientes de como desenvolver estudos e pesquisas
de marketing, utilizando-se da teoria em encontro com a prática.
Tratar o marketing de forma amadora pode gerar sérios problemas
Atividade de aprendizagem:
Contexto
Dionísio é proprietário de um restaurante popular
localizado no centro da cidade. O movimento sempre foi
muito bom; contudo, com o aumento desse tipo de restaurante
nas redondezas, os clientes têm mais opções de compra. O
movimento do restaurante do Dionísio caiu cerca de 30% em
apenas dois meses. Os clientes gostam muito do tempero da
comida e do cardápio do restaurante, mas a estrutura física já
tem 12 anos e nunca foi alterada. Dionísio também se queixa
do desperdício, pois como o preço é único por refeição, R$5,00,
os clientes acabam colocando mais do que podem consumir.
Questão
Diante do que foi exposto em relação ao conceito de
marketing, o que Dionísio pode aplicar no restaurante para
voltar a ter uma melhor ocupação?
Marketing 337
(2) filosofia de vendas (1930-1949), (3) filosofia de marketing
(1950-1999) e (4) filosofia de marketing societal (2000-dias atuais).
O uso de uma determinada filosofia não desconsidera o uso
de outra, ou seja, há empresas que pensam ainda como a filosofia
de produção, e outras, como filosofia societal; contudo, ambas
podem ser consideradas válidas.
Marketing 339
McCarthy (1960) foi um dos pesquisadores pioneiros de
marketing que considerou esta área empresarial como fundamental
para o crescimento econômico das firmas que pretendiam expandir
seus negócios principalmente para o exterior. Alguns anos mais
tarde, com Kotler e Levy (1969), o composto de marketing foi
difundido mundialmente em diversos idiomas, tendo como
termos mix de marketing ou 4P’s do marketing (FIGURA 3)
como forma de facilitar o estudo didaticamente:
• P de produto (product)
• P de preço (price)
• P de praça (place)
• P de promoção (promotion)
PRODUTO PREÇO
Variedade Preço de tabela
Qualidade Descontos
Design Concessões
Características Prazo de pagamento
Nome da marca Condições de
Embalagem financiamento
Serviços CLIENTES-ALVO
Posicionamento de
mercado pretendido
PRAÇA
PROMOÇÃO
Canais
Propaganda (ou
Cobertura
Publicidade)
Variedade
Venda pessoal
Locais
Promoção de vendas
Estoque
Relações públicas
Transporte
Marketing direto
Logística
9.4.1 O P de produto
O P de produto refere-se a todos os aspectos em relação ao
produto e/ou serviço, como a concepção da marca, propriedades
de qualidade/especificações, design e variedade. Como exemplo,
considerando um veículo zero quilômetro, modelo popular, o
profissional de marketing tem de identificar: cor/tonalidade,
design, qualidade dos insumos que integram o painel, tipo de
bancos, nome da marca do veículo, dentre outros itens. Antes,
contudo, é importante estabelecer o posicionamento do veículo de
acordo com dados demográficos e comportamentais dos clientes,
como o sexo, idade, profissão, instrução, renda, sentimentos
pessoais, dentre outros.
Além de todos esses requisitos mercadológicos necessários
para o planejamento do produto, é importante verificar
informações sobre os veículos das empresas concorrentes, ou seja,
de que forma o mercado consumidor percebe a concorrência em
relação à qualidade, marca e design.
Uma empresa, ao decidir aumentar o número de produtos
oferecidos ao mercado, deve estabelecer estratégias de ciclo de vida
desses produtos.
O ciclo de vida de um produto é formado por cinco estágios,
segundo Kotler e Armstrong (2007):
Marketing 341
2) Introdução: é o momento do lançamento do produto. Estágio
de início das vendas sem perspectivas de lucro.
3) Crescimento: ciclo em que ocorre crescimento elevado de
vendas e de lucro desde que o produto seja aceito pelo cliente.
4) Maturidade: a concorrência desperta interesse e cria produtos
concorrentes. As vendas e lucros caem e os investimentos de
marketing aumentam para defender a empresa dos ataques.
5) Declínio: nem todo o produto é eterno em termos
mercadológicos. Estágio de vendas baixas e lucros próximos
a zero. Momento de reflexões e análises para verificar a
permanência ou não do produto no mercado.
9.4.2 O P de preço
O preço pode muitas vezes posicionar um produto em um
determinado mercado. No marketing o preço determina o valor
que o cliente troca pelo benefício de obter ou utilizar um produto
ou serviço. O preço é o único P que gera receita direta no marketing.
Mas como gerenciar o preço? Qual deve ser o preço final para o
consumidor? Qual deve ser o preço final para os intermediários de
marketing (distribuidores, atacadistas, varejistas)?
A decisão da política de preço em marketing é complexa e
deve ser tomada após a verificação e apoio de diversas áreas, como
finanças e produção. Os pesquisadores de marketing defendem
que a formação do preço deve ser iniciada pelo cliente, pois é ele
que decide o que comprar. O valor percebido do produto pelos
consumidores faz com que haja elevação ou queda de demanda
por bens e serviços. Para o marketing, cabe à empresa atender essa
expectativa do cliente, buscando um equilíbrio entre lucro, custo
e despesa (FIGURA 4).
CUSTO TOTAL
Preço final ao Margem Preço do Percepção do
(custo fixo
consumidor de lucro concorrente cliente
+ custo variável)
Marketing 343
O preço é observado como fator de segmentação, tendo
em vista principalmente o público a ser atendido. Por exemplo,
no mercado considerado de luxo, uma marca como Victor
Hugo (<www.victorhugo.com.br>) possui um apelo que leva à
seletividade. Nesse tipo de mercado, o valor do produto cobre,
além dos custos totais, um valor de marca com uma margem
de lucro elevada. Contudo, devido ao caráter seletivo da marca
Victor Hugo, o consumidor aceita pagar o preço sem nenhum
impedimento ou problema.
É papel do marketing estabelecer o preço dos produtos
e serviços, e não de finanças. Daí surge a necessidade de
conhecimentos financeiros e contábeis. Todo o estudo do preço
desenvolvido pela equipe de marketing, geralmente, é submetido
à aprovação da área financeira, a qual pode liberar ou não os
investimentos necessários.
Kotler e Armstrong (2007) citam os custos do produto e
o valor que o cliente está disposto a pagar por um produto. O
custo total de um produto equivale à soma dos custos fixos e
variáveis nos diversos níveis de produção que ocorrem em uma
dada empresa. Gastos com empregados, energia, insumos dentre
outros, compõem os custos totais. Com base nesse entendimento,
o profissional de marketing deve elaborar um estudo sobre o
retorno do investimento de um determinado produto que está
prestes a ser lançado. Dessa forma, é importante verificar alguns
dados, como a taxa de retorno esperada pela empresa, o tempo de
retorno do investimento, a taxa de juros do mercado e a inflação
do período.
Além de estabelecer o preço do produto e ajustá-lo às
necessidades do consumidor, o marketing tem de pesquisar o preço
dos produtos concorrentes e a demanda, pois, em momentos de
ofertas de mercado, o preço elevado pode levar o consumidor a
preferir produtos de outras empresas.
9.4.3 O P de praça
O P de praça envolve muitas variáveis que possuem forte
interação com a área de logística da empresa. Corresponde às
questões referentes ao estoque, distribuição, transporte, canais
e cobertura. Um exemplo interessante é o que ocorre em um
lançamento em nível nacional ou internacional, como um novo
modelo de notebook da Acer (<br.acer.com/ac/pt/BR/content/
home>), possuidor de uma tecnologia inovadora.
Nesse caso, toda a estratégia de marketing deve ser planejada
com cuidado, principalmente, no caso de escolha de canais de
distribuição, ou seja, quantas empresas formaram a distribuição
do novo notebook? De que forma a empresa vai se relacionar com
toda essa cadeia de distribuição?
Uma boa gestão de P de praça deve ter como líder um
profissional afinado com a logística empresarial. Esse profissional
tem de ter conhecimentos e experiência a respeito de rota de
vendedores, gestão de patrimônio e estoques, administração de
frotas de veículos de vendas e de mercadorias e habilidade no
desenvolvimento de relacionamento com as demais áreas da
empresa, como produção e engenharia.
O P da praça tem se tornado uma ferramenta complexa, sendo
também denominado de logística de marketing e gerenciamento
da cadeia de suprimento. Há, atualmente, empresas especializadas
em logística de marketing que prestam todo o serviço desta função
Marketing 345
para outras empresas. São exemplos de empresas logísticas: Martins
Logística (<www.martinslogistica.com.br>), Ativa Logística
(<www.ativalog.com.br>), MRS Logística (<www.mrs.com.br>).
Do fabricante, passando pelo distribuidor e chegando ao
cliente final ou empresarial, ocorrem os chamados níveis de canais
de marketing (FIGURA 5). Quanto mais complexo o canal de
marketing, mais níveis existirão.
Atacadista Representante
Marketing 347
a promoção de vendas é escolhida como a promoção adequada;
(4) o mercado-alvo percebe a mensagem via promoção de vendas
e resolve comprar o console Playstation 3; e (5) o mercado-alvo
se diz satisfeito ou não satisfeito com a compra, comunicando à
Sony, via site ou canal de telemarketing, propiciando a empresa
possibilidades de melhoria no processo de comunicação.
Nesse contexto, Sandhusen (1998, p. 427) afirma que a
“comunicação é o processo pelo qual a informação é trocada”. Para
o autor, empresa e cliente trocam informações a respeito de bens
e/ou serviços, tornando o relacionamento algo interessante para
ambos. Uma empresa pode se valer de um mix de comunicação
para trocar informações e estabelecer relacionamento de longo
prazo com os clientes. O mix de comunicação é formado por:
Questão
Diante do que foi exposto em relação ao mix de marketing
e à filosofia de marketing, como responsável pela área, quais
atitudes devem ser tomadas para que a empresa cumpra seus
objetivos? Quais estratégias de marketing podem ser planejadas?
Marketing 349
relacionamento próximo à empresa. Já o macroambiente está em
um contexto mais abrangente e amplo do que o microambiente.
No macroambiente estão os ambientes demográfico (características
da população como idade e estado civil), sociocultural, físico,
tecnológico, econômico, político e legal. As empresas devem
planejar estrategicamente o marketing, tendo em vista os dois
ambientes descritos anteriormente; contudo, isso depende de
cada empresa, pois cada uma tem cultura e recursos financeiros,
materiais e humanos de acordo com cada realidade.
O SIM de uma padaria localizada em um bairro de
periferia é diferente de um SIM de uma rede multinacional
de supermercados, pois a cultura e realidade de cada empresa
são específicas. Contudo, em ambos os casos, o SIM por meio
da pesquisa de marketing fornecerá dados e informações que
podem auxiliar a elaboração de estratégias para as duas empresas,
como, por exemplo, alterar o tipo de atendimento ao cliente ou
desenvolver um novo produto.
Importante
A pesquisa de marketing é uma subdivisão do SIM da
empresa responsável pela elaboração de trabalhos de campo e
analíticos que tragam informações importantes para a tomada
de decisão empresarial.
Métodos de
Definem como coletar a informação
coleta de dados
Figura 6 - Etapas do projeto de pesquisa
Fonte: SAMARA; BARROS, 2002, p. 67.
Marketing 351
• Pesquisa de produto.
• Pesquisa de mercado/participação.
• Pesquisa sobre negócios.
• Pesquisa de propaganda.
• Pesquisa de opinião.
Marketing 353
aqueles que permitem verificar índices estatísticos e a construção
automática de gráficos para melhor entendimento dos dados e
informações coletadas. Devem permitir ainda o cruzamento de
dados e a elaboração de testes estatísticos que reduzam os possíveis
erros que possam ocorrer no desenvolvimento de questionários
usados para entrevistar os clientes.
Em suma, a pesquisa de marketing é uma etapa fundamental
para que o profissional de marketing possa ter as informações
sobre os consumidores; assim, terá mais facilidade em desenvolver
estratégias direcionadas para o mercado.
• Seleção de mercados-alvo.
• Estabelecimento e manutenção de posições defensáveis.
• Estratégias de marketing ofensivas e defensivas.
Marketing 355
• Segmentação comportamental: ocasiões, status de fidelidade,
atitude em relação ao produto/serviço entre outros.
TOMAR DECISÕES
SELEÇÃO DE CLIENTES
SOBRE UMA
PARA ATENDER
PROPOSIÇÃO DE VALOR
SEGMENTAÇÃO DIFERENCIAÇÃO
DE MERCADO Diferenciar a oferta
Dividir o mercado ao mercado para criar
total em segmentos valor superior para o
menores CRIAR VALOR cliente
PARA OS
CLIENTES-
DETERMINAÇÃO ALVO
DO MERCADO- POSICIONAMENTO
ALVO Posicionar a oferta ao
Selecionar o(s) mercado na mente do
segmento(s) no(s) consumidor-alvo
qual(is) atuar
Atividade de aprendizagem
Contexto
Uma faculdade particular resolveu realizar uma pesquisa
de marketing para identificar como o mercado identifica a sua
imagem enquanto uma organização da área da educação. Os
diretores da faculdade querem também conhecer melhor qual
é o perfil dos candidatos que almejam fazer o vestibular ou
ENEM para entrar na instituição. A intenção da faculdade é
identificar os segmentos de mercado e desenvolver estratégias
de marketing direcionadas. A faculdade tem os seguintes cursos
de graduação: economia, administração, letras, pedagogia e
psicologia. A faculdade está localizada na zona nobre da cidade,
onde há shoppings, bancos, restaurantes, empresas e comércio
variado.
Questão
Que tipo de pesquisa a faculdade terá de realizar? Como
deve ser desenvolvida essa pesquisa (metodologias e etapas)?
Como essa faculdade deve posicionar seus produtos/cursos
superiores?
Resumo e conclusões
Este capítulo procurou apresentar o marketing enquanto
uma ciência, informando definições e teorias, como também
enquanto função ou área empresarial. Cada uma das seções
apresentadas funciona devidamente na prática se todas estiverem
Marketing 357
sincronizadas e trabalhando sob a orientação de um planejamento
estratégico de marketing.
O marketing estratégico é o marketing integrado. O mix de
marketing é viável quando se tem conhecimentos a respeito do
consumidor e quais os segmentos atuar. A pesquisa de marketing
fornece todas as condições a respeito das ações de marketing, ao
repassar dados e informações a respeito dos problemas que a empresa
necessita resolver, como lançar um novo produto ou desenvolver
uma comunicação para seus consumidores. Os assuntos tratados
nesse capítulo podem ser vistos de forma integrada na Figura 8, a
seguir, a qual traz uma visão do marketing no centro com foco no
consumidor.
Segmentação
de mercado
Determinação
Governo e
do mercado-
estado
alvo
MARKETING Pesquisa de
Mix de
FOCO NO marketing
marketing
CONSUMIDOR
Diferenciação Concorrentes
Posicionamento
Referências
AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da
marca. 3. ed. São Paulo: NegócioEditora, 1998.
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como estabelecer e manter uma estratégia de marketing no
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Marketing 359
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SANDHUSEN, R. Marketing básico. São Paulo: Saraiva, 1998.
10
de Minas Gerais (UFMG).
CAPÍTULO
Bacharel em Administração
pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF).
MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS (MPES)
Objetivos específicos de aprendizagem
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de:
Então:
Após as considerações iniciais sobre globalização,
estamos aptos para identificar os seus principais motivadores e
interpretação. Faça uma reflexão sobre a temática!
então...
Discutidos os conceitos de globalização, realizadas
as considerações sobre as interferências do fenômeno nas
MPEs, estamos instrumentalizados para compreender que
a globalização é uma ameaça, mas, contudo, poderá ser uma
oportunidade. Reflita e identifique pontualmente cada tipo de
abordagem.
então...
As MPEs, no que tange à sua classificação, poderão ser
identificadas por matrizes de cunho financeiro (faturamento)
ou pelo número de empregados. Critérios são critérios. Enfim,
pode-se afirmar que um critério é melhor que o outro? Existe
ascendência de um critério sobre o outro? Reflita e discuta suas
opiniões.
então...
Agora, após a leitura, estamos capacitados para entender
as MPEs no contexto nacional. Reflita.
10.4.2 Inovação
O fator Inovação é descrito por Lima (2000) como uma
característica de aptidão das MPEs, ou seja, são entidades que
possuem tendências para um comportamento inovador. O autor
também informa que esse ponto constitui uma das principais
vantagens desse tipo de empresa, possuindo um papel fundamental
na busca por competitividade, principalmente relativo aos
negócios já desenvolvidos. Essa visão é compartilhada por Oliveira
(2006), que relata em seus estudos o bom desempenho dos
pequenos empreendimentos quando estão inseridos em atividades
de inovação tecnológica ou serviços especializados.
Lima (2000) enfatiza que há a necessidade das MPEs em
buscarem um maior nível de modernização, mas que existe uma
série de fatores limitantes que obrigam as empresas a desenvolverem
mecanismos próprios de inovação e adaptação. Dentre os pontos
citados, destaca-se a dificuldade para acessar novas tecnologias,
treinamento e adaptação de pessoal, compra de materiais de
maior volume e a própria mudança constante. Nesse contexto,
Oliveira (2006) afirma que as empresas de pequeno porte ainda
410
Stakeholder é compreendido como um indivíduo, grupo de indivíduos ou
entidades com interesses diretos ou indiretos nas atividades da organização.
10.4.3 Finanças
A análise dos aspectos financeiros ganha destaque devido aos
dados apresentados anteriormente pelo GEM e pelo Sebrae. Lima
(2000) destaca que há uma necessidade de apoio governamental
neste campo: primeiro, como forma de incentivar a criação de
empresas; e segundo, para promover políticas diferenciadas de
tributação que mantenham a competitividade.
O capital aplicado nas MPEs é predominantemente
advindo de recursos privados próprios (OLIVEIRA, 2006). Essa
característica, que também é reforçada pelo GEM (2009), é
consequência da dificuldade de acesso, ao crédito em condições
favoráveis para a viabilidade do empreendimento, mesmo que de
curto prazo. O estudo mostra que os pequenos negócios ainda
não possuem acesso devido a formas alternativas de financiamento
como investimento informal e companhias de investimento,
bem como acesso ao mercado de capital organizado e ao crédito
bancário de longo prazo.
Mesmo quando consegue acesso a uma linha que
disponibilize capital para ser investido, as MPEs encontram um
ambiente de altos juros, muito porque não possuem garantias reais
suficientes, gerando uma análise de risco desfavorável. Mesmo
através de órgãos como o BNDES, o grau de exigência ainda é
complexo demais para a maioria desses negócios. Dessa forma,
10.4.4 Marketing
O envolvimento das MPEs com Marketing ainda é
tímido na visão de Lima (2000). Segundo o autor, o pequeno
empresário está presente na condução das operações e atividades e
normalmente opta por trabalhar com apenas alguns aspectos desse
campo de estudo, tais como o desenvolvimento de propagandas
institucionais ou de promoção, pesquisas mercadológicas e análise
da venda em si.
As maiores preocupações são inerentes ao objetivo de atingir
os consumidores, mas por outro lado existem lacunas a respeito
da análise de linha de produto, ciclo de vida e controle de vendas.
Mesmo que a MPE esteja atenta a como alcançar seu mercado,
diagnostica que a maioria considera a investigação sobre a
concorrência mais importante que a percepção da necessidade dos
clientes. Destaca-se, aqui, que esse esforço ainda é insuficiente,
e aponta-se as MPEs como organizações que não conhecem
profundamente o mercado onde estão inseridas. Uma possível
causa é decorrente do alto custo de realização de pesquisas e a falta
de especialistas da área (LIMA, 2000; ANHOLON et al., 2007;
DOLABELA, 1999).
10.4.5 Estratégia
O desenvolvimento de estratégias organizacionais é apontado
por Gimenez511 (1998) como estando intimamente ligado ao
modo de gestão desenvolvido pelas MPEs. O comportamento do
empreendedor é voltado para o pensamento do cotidiano, ou seja,
das atividades e mudanças que ocorrem durante o dia-a-dia das
organizações. Esse fato gera uma tendência de comportamento
reacionário, focado na adaptação ao ambiente e aos movimentos
da concorrência.
Essa visão também é compartilhada por Ésther (2006),
destacando que o perfil de gestão das empresas de pequeno porte
não é direcionado a longo prazo e não possui uma atitude pró-
ativa. O autor vai além, mostrando que a estratégia central não
é clara e muito menos disseminada e comunicada para todos os
funcionários. Os empreendedores possuem como característica
511
GIMENEZ, F. A. P. Estratégias em pequenas empresas: uma aplicação do
modelo de Miles e Snow. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 22., 1998, Foz
do Iguaçu. Anais eletrônicos... Foz do Iguaçu: ANPAD, 1998.
Resumindo
No capítulo Micro e Pequenas Empresas (MPEs), discutimos
questões relativas à sua importância no cenário econômico, social
Atividade de Aprendizagem
Preparamos para você algumas atividades com o objetivo de
recordar o conteúdo que você estudou. Sendo assim, confirme seu
entendimento dos temas abordados neste capítulo, realizando as
atividades propostas a seguir.
Referências
ANHOLON, R. et al. Características administrativas de micro e
pequenas empresas: confronto entre teoria e prática. Metrocamp
Pesquisa, Campinas, v.1, n.1, p. 88-103, jan./ jun. 2007.
CASAROTTO FILHO, N; PIRES, L. H. Redes de pequenas e
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comércio mundial: origens, instituições e significado. 2000. 318 f.
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Janeiro, Seropédica, 2000.
DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos); SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas). Anuário do trabalho na Micro e Pequena
empresa. 2010. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/anu/
Sebrae_completo2009.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2011.
DOLABELA, F. O segredo de Luísa: uma idéia, uma paixão e
um plano de negócios: como nasce o empreendedor e cria uma
empresa. 14. ed. São Paulo: Cultura, 1999.
DOLABELA, F. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Editora de
Cultura, 2003
ÉSTHER, A. B. Gestão estratégica de pessoas nas empresas de pequeno
porte:importância, possibilidades e desafios. In: ÉSTHER, A. B.;
PAÇO-CUNHA, E.; SANÁBIO, M. T. (Org.). Pequenas empresas:
reflexões e perspectivas de ação. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2006.