O Ensino Do Voleibol Escolar
O Ensino Do Voleibol Escolar
O Ensino Do Voleibol Escolar
UBIRAJARA DE OLIVEIRA
83 f. : il.
CDU: 796
Meu nome é Ueder e é com muito prazer que apresentamos a você este guia de
iniciação ao voleibol. Por meio dele, ficará mais fácil iniciar uma jornada de ensino-
aprendizagem do conteúdo de voleibol na escola, baseando-se em metodologias que
funcionaram comigo e meus estudantes. Com este material, você terá subsídio para
trabalhar o ensino de alguns elementos da cultura corporal de movimento da Educação
Física, neste caso, o esporte voleibol.
Eu também sou professor. Atualmente, atuo no Colégio Estadual Democrático Ruy
Barbosa, em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia. Leciono o componente
curricular da área de Linguagens, Educação Física, para turmas do segundo ano do
Ensino Médio. Também trabalhei na rede municipal de ensino desde 2002, do 6º ao 9º
ano no Ensino Fundamental, durante 16 anos e na rede particular por oito anos.
Completando o ciclo, atuei no corpo docente do curso de Educação Física da Faculdade
Pitágoras e na Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) como tutor de diversas
disciplinas. Portanto, conheço de perto a realidade do Ensino de Educação Física e o
quanto precisamos de constante aperfeiçoamento para tornar as aulas cada vez mais
efetivas e interessantes.
Cursei Educação Física (licenciatura e bacharelado) pela Faculdade, possuo
especialização em Educação Física Escolar: ênfase em aventura e ludicidade pela
Faculdade Estácio de Sá (Vitória-ES) e em Fisiologia do Exercício, pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Atualmente curso Mestrado em Educação Física, pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação Física em Rede Nacional – PROEF – Polo
UFES.
Espero que este material seja muito folheado e discutido durante o planejamento
das aulas de voleibol na escola e que faça bom uso das contribuições que deixo, por meio
das atividades práticas, princípios teóricos, indicações bibliográficas e relatos sobre como
foi a minha experiência ao trabalhar voleibol utilizando as estratégias descritas neste guia.
Cordialmente, Ueder Moreira Magalhães.
SUPERVISÃO GERAL
Prof. Dr. Ubirajara de Oliveira
REALIZAÇÃO
Ueder Moreira Magalhães
IMAGENS
Fotos produzidas da prática pedagógica do professor pesquisador, devidamente
autorizadas pelos(as) responsáveis.
FINANCIAMENTO
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES)
REVISÃO TEXTUAL
Dra. Juliana dos Santos Ferreira
SUMÁRIO
CDU: 796............................................................................................................................................ 2
1INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 8
1.1 A Educação Física Escolar em Teixeira de Freitas .........................................................................14
2 O ESPORTE ................................................................................................................................18
2.1 O contexto esportivo ...................................................................................................................18
3 SUGESTÕES ...............................................................................................................................70
3.1 Sugestão de regras a serem abordadas ......................................................................................70
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................79
8
1INTRODUÇÃO
1
Cf. IBGE, 2020.Disponível em < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/ibirapua/panorama>.
10
Alguns anos mais tarde, em 2005, iniciei o trabalho em uma escola da rede
particular com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Na escola, havia
quadra poliesportiva coberta e pude aplicar a iniciação ao voleibol com regras
adaptadas, com rede e bolas das mais variadas para um trabalho bem mais
satisfatório que o anterior.
Durante a minha graduação em Educação Física, entre os anos de 2006 e 2008,
havia uma disciplina de esporte coletivo, Metodologia do Ensino do Voleibol e
Basquetebol. Essa junção dos esportes em um semestre contribuiu negativamente
para que a quantidade de conhecimentos sobre o voleibol fosse bem insuficiente,
ficando muito tema importante sem ser abordado, nem no voleibol, nem no
basquetebol, devido à carga horária ser dividida para essas duas modalidades.
Em 2012, iniciei a docência no Ensino Médio, onde, através de uma sondagem
e por meio de experimentação da prática, foi perceptível que os estudantes estavam
chegando ao final da Educação Básica com mínimos conhecimentos acerca dos
esportes coletivos, visto que o futsal e a queimada foram os conteúdos predominantes
durante as séries finais do Ensino Fundamental da maioria dos estudantes que
chegaram até mim.
Também em 2012, iniciei minha trajetória no Ensino Superior, no curso de
Educação Física de uma faculdade particular em Teixeira de Freitas. Logo nos
primeiros dias de aula, em atividades diagnósticas, percebi entre os graduandos
provenientes de cidades vizinhas do extremo sul baiano e até mesmo da própria
cidade, que eles também não tiveram conhecimentos adequados e suficientes sobre
os esportes coletivos enquanto estudantes de Educação Básica. Então, o que está
acontecendo com o ensino dos esportes coletivos nas escolas? Muitos estudantes
relataram que o professor simplesmente entregava a bola, deixando-os livres para
escolher o que queriam fazer, sem oferecer o direcionamento adequado.
Nesse contexto, outra situação relatada é que as meninas sempre jogavam
separadas dos meninos nas atividades realizadas; meninos jogavam futsal e meninas
jogavam queimada ou baleado2. Dessa forma, quando elas chegavam ao Ensino
Médio tinham receio de participar de esportes de contato junto com os meninos, com
medo de se machucarem ou até mesmo de não serem vistas, não receberem a bola,
serem criticadas, etc.
2
Baleado é um tipo de queimada regional.
11
Com base nos relatos dos alunos e as ideias defendidas por Impolceto (2016), o
esporte vem sendo desenvolvido nas aulas de Educação Física de maneira
inapropriada, pois não tem contribuído para que seja praticado com autonomia pelos
estudantes dentro e fora do espaço escolar.
Em um trabalho de análise do esporte dentro da escola, Paes (2002 apud
Barroso e Darido 2013) destaca alguns problemas de sua aplicação, que prejudicam
o desenvolvimento do conteúdo nas aulas de Educação Física, sendo eles: a prática
“esportivizada” sem uma definição dos objetivos do ambiente escolar; a prática
repetitiva de gestos técnicos, tratando-se da realização dos mesmos exercícios em
diversas séries do ensino; a fragmentação de conteúdos, relacionada à falta de
organização, estruturação e continuidade do conteúdo a ser trabalhado. Mesmo com
o passar dos anos e com os avanços nos estudos da pedagogia do esporte, essa
velha prática ainda é muito adotada nas escolas brasileiras.
Percebo também que os estudantes não estão sendo apreciadores de esporte,
seja como telespectadores, seja como torcedores que frequentam estágios e ginásios.
Vejo a falta de interesse nos próprios jogos interclasses das escolas em que trabalhei
ou nos jogos intercolegiais dos quais participei ao longo desses 18 anos de atuação.
Quando os alunos são dispensados das aulas para torcerem pela equipe da escola,
normalmente, poucos alunos comparecem aos locais de jogos. Alguns só vão para
assinar a frequência, quando os professores dizem que serão cobrados por isso.
De acordo com Impolceto (2016), o voleibol deve ser vivenciado e compreendido
pelo aluno, para que, de forma autônoma, ele tenha condições de transformar e
usufruir dessa prática em benefício da saúde, do lazer, da estética, como meio de
12
reflexões frente à teoria revisitada, para então apresentar os resultados que obtivemos
com essa maneira de se ensinar voleibol na escola pública a partir dos recursos locais.
2 O ESPORTE
Tratar o esporte na escola sem reflexão por parte do professor pode ocasionar
problemas como exclusão dos estudantes menos habilidosos, desinteresse pela
prática esportiva, especialização precoce, entre outros problemas. De acordo com
Ginciene e Impolcetto (2019), os esportes coletivos ainda seguem uma tradição de
ensino que reproduz o esporte de rendimento, gerando problemas na compreensão
do jogo por parte dos estudantes, além da exclusão causada pelas práticas repetitivas.
Ao ensinar o aluno a jogar voleibol na prática também devemos ensinar os
benefícios da modalidade, o motivo pelo qual se pratica tal modalidade e suas
relações com a mídia, imprensa, além de propiciar a convivência com os demais
colegas (TESLA e MISSAKA, 2016).
A Evolução do Esporte sugere uma prática pedagógica que priorize, além dos
métodos, procedimentos nos quais a preocupação central seja voltada para
quem faz o gesto, estimulando-o a identificar e resolver problemas, e ainda
proporcionando a criação de novos gestos (PAES, 2006, p.171).
complexo e defende que o praticante precisa aprender a técnica para que ele possa
ter condições de jogar (SILVA e JUNIOR, 2018).
Esse método tem uma desvantagem, pois a vontade de jogar do estudante não
é atendida, o que pode tornar a aula desinteressante. Muitas vezes o estudante não
entende o porquê de estar repetindo aqueles gestos técnicos isolados se o professor
não der uma boa explicação. De acordo com (Merida e Merida (2013 apud Maldonado
2017), as práticas esportivas ligadas a esse modelo proporcionam apenas uma mera
reprodução de movimentos e técnicas, sem que haja uma reflexão por parte de alunos
e professores.
Os exercícios analíticos buscam a repetição de uma determinada técnica, para,
posteriormente, ser aplicada no contexto do jogo, onde o problema está na
prevalência desses exercícios em detrimento de estratégias de ensino que privilegiem
a inteligência do jogador em relação ao jogo (GALATTI, 2014).
Além disso, a adoção de uma única forma de ensinar estes conteúdos é comum
nas escolas. Através do método tecnicista de ensino, os professores ensinam
repetições de gestos pré-estabelecidos muitas vezes repetidos pelos alunos de forma
extenuante (BETTI 1999).
Maldonado (2017) ressalta que o indivíduo é um ser sociocultural e as aulas
restritas à técnica esportiva, por enfatizarem apenas aspectos motores, colaboram
para desintegração desses aspectos em relação aos cognitivos, afetivos e sociais que
deveriam estar em sintonia na formação dos discentes.
Segundo análise de Guimarães et. al. (2001 apud Maldonado, 2017), nessa
proposta de ensino, alguns aspectos importantes não são desenvolvidos como:
respeito mútuo, a cooperação e a afetividade, que são a base para se viver em
sociedade.
O método global consiste em ensinar uma destreza motora apresentando o seu
conjunto. É desenvolvido em uma série de jogos, mantendo a estrutura básica da
modalidade em questão. Nesse método, os alunos executam os movimentos
específicos do esporte, sem muita intervenção do professor e poderão ser observados
de forma global durante o jogo.
Reverdito (2009) reforça que o professor tem um papel muito importante no
processo do aluno ao desenvolver as capacidades de jogo, então, deve intervir de
27
Paes, Montagner e Ferreira 2015 (apud Silva & Junior, 2018) destacam a
importância do jogo no processo de ensino-vivência-aprendizagem dos esportes
coletivos:
O jogo, além de imprevisível, possibilita o desafio, a motivação e a
participação. Apresenta constantes problemas que exigem respostas
criativas e hábeis, individuais e coletivas, o que, consequentemente, estimula
a cooperação e importantes construções coletivas – para o jogo e para a vida.
Permite ainda, ao aluno, compreender a complexidade dos jogos coletivos,
de forma autônoma, inclusiva e diversificada.
suas ações com os demais jogadores. Além disso, e, ao mesmo tempo, os estudantes
precisam manter uma relação adequada e eficiente com a bola, de modo a
conseguirem executar as ações motrizes requeridas, sempre com o objetivo de
ganhar o ponto.
GRAÇA (1995) reforça que as ações táticas e técnicas devem sempre ser
pensadas em sua perspectiva aberta, ou seja, em desenvolver habilidades em
contextos de jogo, em que a imprevisibilidade esteja presente, sendo esta, uma das
principais características dos jogos esportivos coletivos. Desse modo, a proposta de
sistematização do processo de ensino dos jogos esportivos coletivos deve estar
ancorada em um planejamento coerente focado no desenvolvimento de uma
metodologia que privilegie as competências essenciais, em meio ao jogo e suas
peculiaridades - como o ambiente de jogo. Por esse motivo, devemos ordenar as
competências essenciais, fazendo com que elas sejam enfatizadas de diferentes
modos ao longo do processo de ensino e aperfeiçoamento. É também por essa razão
que propomos organizá-las em competências essenciais gerais, específicas e
contextuais.
Portanto, o jogo entendido como sistema é dotado de um princípio organizador,
sendo este evidenciado em meio a uma cadeia de acontecimentos cíclicos, que se
repetem sempre em níveis superiores, elevando a complexidade do sistema
(produzindo diversidade). Esse princípio leva os jogadores a novos patamares de
conhecimento à medida que constroem e testam suas soluções (respostas). Podemos
dizer, então, que a organização gera ao mesmo tempo transformação e formação. A
organização forma um todo a partir da transformação de seus elementos, ou seja, o
padrão organizacional evidencia o processo de organização, o qual dá forma, no
espaço e no tempo, a uma realidade nova (SCAGLIA, 2005 e 2011).
O método misto se baseia na sincronia do método global-parcial-global. Ele
consiste na execução do gesto e na correção e repetição da maneira desejada no
momento em que o professor percebe o erro. Esse método é uma junção dos dois
métodos apresentados anteriormente, o global e o analítico, pois permite que, numa
mesma aula, o professor utilize exercícios técnicos e jogos, independentemente da
ordem (BORGES 2015). Para Pinho, 2009 (apud Borges, 2015), esse método oferece
ao aluno um aprendizado mais completo, onde, se no método global ficou algo que
não aprendeu, então, parcializa-se o movimento.
30
3 PLANO DE ENSINO
REFERÊNCIA BÁSICA
BARROSO, A.L.R. & DARIDO, S.C. Voleibol escolar: uma proposta de ensino nas dimensões
conceitual, procedimental e atitudinal do conteúdo. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.24,
n.2, p.179-94, abr./jun. 2010.
_____________________________ Voleibol Escolar : Estudo de Propostas Metodológicas.
Disponível em : http://cev.org.br/biblioteca/o-voleibol-escola-estudo-propostas-metodologicas/
acesso em 28/03/2020
BORGES, S. L.; Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos na Iniciação Esportiva Escolar em
Atividades Extracurriculares. Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.1, p.183-192, jan./jun. 2015.
MESQUITA, I. O ensino do voleibol. Proposta metodológica. In: GRAÇA, A; OLIVEIRA, J. (Ed.). O
ensino dos jogos desportivos. 3ª edição. Universidade do Porto, 1998. p. 153-199.
GRAÇA, A. Os comos e os quandos no ensino dos jogos. In A. Graça e J. Oliveira (Eds.), O Ensino
dos Jogos Desportivos (pp. 27-34). Centro de estudos dos jogos desportivos. Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto: (1994).
REFERÊNCIA COMPLEMENTAR
REVERDITO RS, Scaglia AJ. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão.
São Paulo: Phorte 2009. 264p.
RUBIO, K. (org.) Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2000.
SCAGLIA, A.J.O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais e a lógica do
jogo em meio ao processo organizacional sistêmico. Porto Alegre: Movimento,v. 19, n. 04, p. 227-
249, out/dez de 2013.
SCAGLIA, Alcides José. Jogo: um sistema complexo. In: FREIRE, J. B.; VENÂNCIO, S. O jogo
dentro e fora da escola. Campinas: Autores Associados, 2005. p. 37-
SCAGLIA, Alcides José et al. A organização do processo de ensino em função da lógica do jogo e
das competências essenciais para a aprendizagem dos jogos coletivos de invasão. Revista
Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 11, supl. 4, p. 89, 2011.
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UNIDADE DE ENSINO I
Diagnóstico
37
UNIDADE DE ENSINO II
Intervenções
41
A bola grande é utilizada para aumentar a área de contato dos braços com ela,
pois leva mais tempo para cair, o que favorece uma maior reação dos estudantes, a
fim de se posicionar e correr em tempo oportuno. Essa proposta baseada no método
global atende aos anseios dos alunos em já iniciar a prática do esporte jogando, com
06 participantes em cada lado, com rede montada, utilizando fundamentos técnicos
característicos da modalidade, sem cobrança da técnica e com regras flexíveis quanto
ao número de toques, rodízio e posicionamento rígido.
Nessa atividade proposta, pensei em desmistificar o medo dos alunos em praticar
um esporte, ou em iniciar a sua aprendizagem. Muitos estudantes, devido às vivências
e experiências negativas na Educação Física em anos anteriores, chegam ao Ensino
Médio “traumatizados” quando o assunto é esporte. Muitos foram xingados,
humilhados, excluídos durante toda uma caminhada na educação física. Isso dificulta
a reaproximação do esporte no Ensino Médio. Medo de acontecer novamente o que
foi no ensino fundamental.
Então, essa proposta lúdica, sem muitas cobranças, era para facilitar a
aproximação dos estudantes a um jogo semelhante ao voleibol, que desse a ideia de
estarem jogando voleibol, sem serem criticados pelos erros ou sem sentimento de
culpa.
No início da atividade é bem comum os estudantes se mostrarem competitivos,
buscando marcar o ponto, onde a bola é passada de primeira para o campo
adversário, não oportunizando maior envolvimento da equipe e caindo rápido. Esse
tipo de comportamento competitivo é muito marcante nas aulas de Educação Física e
isso pode levar à exclusão dos menos habilidosos. Um dos fatores apontados por
(Altmann 1998) citado por Darido e Rangel (2011) que leva à exclusão por habilidade
é o caráter competitivo presente na prática esportiva escolar.
Caso perceba isso, e foi o que percebi na minha intervenção, o professor deve
conduzir a atividade para a cooperação. Então, foi solicitado aos estudantes que o
objetivo não era derrubar a bola no solo, e sim fazer que que a mesma ficasse o maior
tempo possível transitando entre os dois lados da quadra. Após a mudança, os
estudantes entenderam e cumpriram. Porém percebi que continuavam mandando a
bola para o lado adversário de primeira, sem participação dos demais integrantes do
grupo. Imediatamente já intervi e lancei a proposta de os estudantes se esforçarem
para que cada equipe possa dar três toques na bola, no mínimo, antes de passar para
a equipe do outro lado. Isso retira a intenção de jogar a bola para o chão e permite
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Fig. 9. Voleibol gigante (Arquivo do autor). Fig. 10. Voleibol gigante (Arquivo do autor).
Um vídeo é uma ótima opção para facilitar a explicação dos fundamentos técnicos
do voleibol, saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa. Cada um
contendo explicação técnica e erros mais comuns.
É muito importante que o professor use tecnologias em sala de aula, já que tais
recursos facilitam a aprendizagem e a análise de movimentos tão complexos como
são os do voleibol. Além disso, sabemos que nem todos os professores de Educação
Física foram atletas ou já tiverem vivências suficientes para que possam realizar os
movimentos do voleibol com a técnica mínima adequada. Os vídeos também auxiliam,
caso o professor tenha alguma dificuldade ou dúvida técnica ou algum tipo de
impossibilidade. Na visão de Testa e Missaka (2016), a aprendizagem visual deve ser
considerada, uma vez que os estudantes também aprendem por observação ou
imitação do comportamento alheio.
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O professor deve explicar aos alunos as posições básicas em que cada um deve
jogar, sendo 01 no fundo da quadra, 02 no ataque e 01 no levantamento. Também
deve aproveitar para explicar sobre o rodízio 6x0, ou no caso, 4x0 de maneira prática.
As regras devem ser flexibilizadas, no sentido de estimular o sucesso dos alunos.
Aqueles estudantes que já dominam os fundamentos “toque” e “recepção” podem
utilizá-los normalmente. O saque também deve ser flexibilizado para uma distância
menor, mais próximo da rede. O professor não deve permitir a utilização da cortada,
para que seja facilitada a recepção e nem a utilização do bloqueio. Aqueles alunos
que não tiverem segurança para realizar os fundamentos de toque e recepção podem
segurar a bola e na sequência realizar a ação mais adequada, objetivando o
desenvolvimento de um jogo que possua alguns elementos da modalidade esportiva
e não o esporte propriamente dito. É importante envolver o grupo e transformar a
antiga visão da aula de Educação Física em algo motivador e acessível aos indivíduos
com os mais diferentes níveis de habilidade motora (MATTOS e NEIRA 2008). Caso
a bola não seja enviada adequadamente ao levantador, ele pode segurar a bola
também e realizar a ação dando um segundo toque.
Se o professor perceber durante a atividade que muitos alunos ainda não
entendem onde devem se posicionar, o que fazer quando a bola chegar nele, qual
ação realizar e para onde enviar a bola, pode paralisar o jogo e orientá-los novamente
sobre as posições, os fundamentos a ser utilizados e para onde enviar a bola.
Para a intervenção, o professor precisa de 04 redes que podem ser fixadas a 2,10
metros de altura. Cada rede será dividida ao meio por uma antena e uma dica é fazer
a demarcação do espaço da quadra com cones. Pode utilizar outra rede armada do
lado de fora da quadra de voleibol, fixada no mastro e na tela de proteção da quadra,
árvore ou muro. Pode-se usar uma dimensão de 6 x 4,5 (6 metros de comprimento e
4,5 de largura).
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Sabe-se que em muitas escolas públicas pelo Brasil a fora, não dispõem de rede
de voleibol, o que não pode ser impedimento para a prática da modalidade. A rede
pode ser construída com corda de varal de roupa ou usar a criatividade com outros
materiais semelhantes, que dão a ideia de uma rede divisória.
Uma ideia é construir uma estrutura adaptada para a armação de uma quarta rede,
utilizando 02 pneus de carro, e 02 ferros no formato cilíndrico, como os mastros de
voleibol, conforme mostra a figura 12. O professor deve fixar os mastros no centro dos
50
pneus com cimento. A estrutura é móvel, podendo ser posicionada em qualquer lugar,
rolando o pneu para onde julgar necessário. Essa estrutura pode ser posicionada em
qualquer espaço para formar uma miniquadra, conforme mostra a figura 13. Caso não
disponha de ferro, madeira poderá ser utilizada.
Para executar esta atividade, o professor deve dividir a turma em 04 grupos mistos,
onde cada equipe recebe uma bola de voleibol e formam círculos. Os estudantes
precisam realizar quatro ações/movimentos que são comumente utilizados no
voleibol, saque por baixo (1), manchete (2), levantamento (3) e cortada (4), sendo esta
última lançada com objetivo de atingir o colega, a fim de fazer com que a bola toque
nele e atinja o chão em seguida. Em algumas versões dessa atividade, a pessoa
atingida deixa o grupo quando é atingido e fica de fora do jogo até que o jogo chegue
ao final. Essa versão é muito ruim, pois o estudante fica parado do lado de fora sem
participação alguma, saindo da proposta de uma aula dinâmica , inclusiva, otimizada
para o máximo aproveitamento do tempo de movimento possível.
Mas na atividade que proponho, quando o aluno for atingido deverá trocar de grupo
em sentido horário, a fim de uma integração com outros grupos e para que não fique
de fora do jogo sem fazer nada.
O professor deve ficar atendo porque alguns estudantes podem realizar ações
motoras que no jogo de voleibol tradicional não são permitidas, sendo assim, ficam
proibidas tais ações ou não é contabilizado o toque quando o movimento não for
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característico do voleibol. Outro fato que deve ser observado pelo professor é o uso
de força exagerada por alguns meninos, os quais devem ser orientados a diminuir a
intensidade das ações para que não ocasionem lesões nos participantes.
Esse uso exagerado da força é muito comum por parte de alguns meninos,
principalmente, num cenário onde muitos ou todos vieram de escolas em que se
separavam meninos e meninas, não dando espaço para atividades de coeducação.
Caso ocorra esse uso exagerado de força, será uma ótima oportunidade de
paralisar o jogo e fazer reflexões sobre as diferenças biológicas entre meninos e
meninas, sobre seguranças nas atividades esportivas, risco de lesões, entre outras
possibilidades.
O professor deve solicitar aos estudantes que façam uma investigação (em grupo)
sobre a prática de voleibol nos bairros da sua cidade para identificar lugares onde
voleibol é praticado ou espaços públicos em que o voleibol possa ser praticado
durante o tempo livre, no turno vespertino, ou fins de semana.
Devem registrar suas descobertas e levar para o colégio para, junto com o
professor, analisarem se realmente é viável ou não a prática do voleibol nos lugares
identificados. Tendo o aval do professor, os alunos podem se encontrar e praticar o
esporte no lugar combinado.
Nesta atividade, os alunos vivenciam a prática do voleibol em seu bairro ou zona,
por um período de 06 semanas, com duas sessões semanais, com duração de uma
hora e quarenta minutos, fazendo relatório falado, por meio de áudio das atividades
desenvolvidas. Devem sempre registrar as partidas com fotos e vídeos.
Na figura 14.3, vemos os estudantes praticando voleibol na praça do bairro Bela Vista,
onde na ocasião, alunos de três turmas diferentes estão reunidos em harmonia.
apresentação de uma alternativa pedagógica, em que o jogo, na sua ideia básica, não
seja alterado (GRECO,1998, p. 48).
No início foi muito difícil o processo de convencimento dos estudantes, que
estavam habituados a fazer trabalhos e pesquisas apenas escrita, apresentar
seminários em sala, fazer cartazes e aqueles modelos tradicionais que todos
conhecemos. Porém, na medida em que os estudantes foram vendo que era um
trabalho relevante para eles, para mim e para possíveis outros professores, eles
aderiram à proposta. Eles observaram também que tudo estava bem planejado
didaticamente para culminar na aprendizagem deles. Todo o passo a passo, desde a
atividade de sondagem, assinatura dos termos, passando pela divisão dos grupos,
distribuição gratuita de material didádico como bolas e redes, aulas dinâmicas no
colégio, flexibilização de horários para estudantes trabalhadores, entre outras ações.
Tudo foi preparado cuidadosamente.
O fato de eu também fazer as visitas periódicas aos locais de prática contribuiu
para a aceitação da proposta pelos estudantes. Eles perceberam que não estavam
sozinhos, e estavam muito focados em realmente aprender o esporte.
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3 SUGESTÕES
APRESENTAÇÃO
A bola é colocada em jogo com um saque: o sacador golpeia a bola, enviando-a por
sobre a rede para a quadra adversária. A bola continua em jogo até cair dentro da
quadra, ir para fora ou uma das equipes participantes falhar no retorno da bola à
equipe adversária. No voleibol a equipe que ganha o “rally” (trajetória da bola) conta
um ponto (sistema de ponto por rally). Quando a equipe receptora ganha o rally, obtém
um ponto e o direito de sacar. Seus jogadores, neste momento, mudam de posição
na quadra, efetuando um movimento de rotação sempre no sentido dos ponteiros do
relógio.
INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS
Dimensões
A quadra de jogo constitui um retângulo medindo 18m x 9m, circundada por uma zona
livre com, no mínimo, 3m de largura em todos os lados que circundam o retângulo.
Instalada verticalmente sobre a linha central da quadra, há uma rede cuja altura limite
medida, no topo, é de 2,43 m para jogos masculinos e de 2,24 m para jogos femininos.
Para armar a rede são necessários postes de suporte.
PARTICIPANTES
Composição da equipe
Uma equipe pode ser composta, no máximo, por 12 (doze) jogadores.
FORMATO DO JOGO
Toques da equipe
Cada equipe tem o direito de tocar, no máximo, três vezes na bola (além do toque de
bloqueio. Caso haja um número maior de toques, a equipe comete uma falta de
“quatro toques”.
Contatos consecutivos
Um jogador não pode tocar na bola duas vezes consecutivamente
Ordem de saque
Os jogadores seguem a ordem registrada no formulário de saques.
Após o primeiro saque do set, o próximo jogador a sacar é determinado da seguinte
maneira.
Quando a equipe que realiza o saque vence o rally, o jogador (ou seu
substituto) que sacou, saca novamente;
Quando a equipe que recebeu o saque vence o rally, ganha o direito de sacar
e, antes de fazê-lo, efetua um rodízio dos jogadores. O do ataque direito dirige-
se à posição de defesa direita e executa o saque.
Execução do saque
A bola deve ser golpeada com uma das mãos ou com qualquer parte do braço após
ser solta ou lançada ao ar com a(s) mão(s).
O saque deve ser realizado dentro de 8 (oito) segundos após o apito do árbitro
autorizando.
Bloquear
Bloquear é a ação dos jogadores próximos à rede de interceptar a passagem da bola
enviada pela equipe adversária, acima do bordo superior da rede. Somente aos
jogadores de ataque é permitido realizar um bloqueio efetivo.
É proibido bloquear o saque da equipe adversária.
Intervalos
Todos os intervalos entre os sets devem durar 3 minutos.
Durante este período do intervalo as equipes trocam de lado na quadra de jogo e é
feito o registro da ordem de saque das equipes na súmula.
O intervalo entre o segundo e o terceiro sets pode ser prolongado até 10 minutos pelo
delegado do jogo, a pedido do organizador da competição.
O JOGADOR LÍBERO
Designação do líbero: cada equipe tem o direito de escolher entre os 12 jogadores um
jogador defensivo especializado: o líbero.
O líbero usa um uniforme (ou jaleco para o seu substituto) cuja camisa, pelo menos,
deve ser contrastante na cor com os demais jogadores da equipe. O uniforme do líbero
pode ter um modelo diferente, porém deve estar numerado como o dos outros
jogadores.
Atividade de fixação
02- As equipes são separadas por uma rede no meio da quadra. O jogo começa com
um dos times que deve sacar. Logo depois do saque a bola deve ultrapassar a rede e
seguir em direção ao campo do adversário, onde os jogadores tentam evitar que a
bola entre no seu campo usando qualquer parte do corpo. Qual o tamanho de uma
quadra de voleibol?
03- A quadra de voleibol é dividida no meio por uma rede colocada a uma altura
variável, conforme o sexo e a categoria dos jogadores . Quais as alturas da rede para
homens e para mulheres?
07- O que é substituição? Quantas substituições podem ser realizadas em cada set,
por cada equipe em um jogo de voleibol?
08- Quantos pontos uma equipe de voleibol precisa fazer para vencer o 5º set no
jogo de voleibol?
10- Quais as ações que o jogador líbero não pode fazer no jogo de voleibol?
11- Um time que deseja competir em nível internacional precisa dominar um conjunto
de cinco habilidades básicas, denominadas usualmente sob a rubrica "fundamentos".
Quais os fundamentos do voleibol apresentados nas figuras abaixo?
a) b) c) d)
1) Cada esporte possui um número exato de jogadores que podem participar por vez.
No futsal, por exemplo, são 5 jogadores por time, sendo 5 em cada lado da quadra.
Quantos jogadores participam, jogando uma partida oficial de voleibol de quadra?
a) Saque
b) Bloqueio
c) Levantamento
d) Manchete
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
a) após o primeiro árbitro apitar autorizando o saque, o sacador tem até oito segundos
para golpear a bola.
b) após o técnico autorizar o saque, o sacador tem até oito segundos para golpear a
bola.
c) após o primeiro árbitro apitar autorizando o saque, o sacador tem até quatro
segundos para golpear a bola.
d) após o capitão da equipe apitar e autorizar o saque, o sacador tem até oito
segundos para golpear a bola.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
5) Marque V se for verdadeira e F se for falsa. Logo após, marque a opção correta.
REFERÊNCIAS
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