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GMG0338-GEOLOGIA ESTRUTURAL II

Regimes Dúcteis e Ambientes Tectônicos


(2020)

Professores: Prof. Claudio Mora ; Prof. Miguel Basei ; Prof. Mario Campos (aulas de campo)
Monitores: Rafael Moreti

Programa:

Aula 1 - Descrição de dobras (20/08/20)


Descrição de uma superfície dobrada – Dimensões e Simetria – Classificação; Elementos estruturais de 2 superfícies dobradas – Geometria;
Classificação; Vergência e Nappes de Dobramento; Contraste Reológico e Forma das Dobras.

Aula 2 - Mecanismos do dobramento e foliações (27/08/20)


Buckling e dobramento na crosta superior; Desenvolvimento e Descrição da Clivagem; Dobramento Passivo na crosta médio-inferior;
Desenvolvimento e Descrição da Xistosidade, crenulações

Aula 3 – Análise do dobramento com estereogramas (03/09/20):


Estereogramas: revisão e softwares; Cilindricidade da superfície dobrada e os diagramas Beta e Pi; Determinando estilos de dobras e ângulo
interflancos com diagramas Pi;
Exercício individual proposto para entrega

Aula 4 - Estruturas lineares e superposição de dobramentos (10/09/20)


Boudins e Boudins de Foliação;Estruturas Lineares Associadas a Linha de Charneira; Estruturas Lineares Sensíveis à Forma do Elipsóide de Deformação;
Dobras Pré-Xistosidade; Superposição de Dobras; Critérios de Superposição; Figuras de Interferência

Aula 5 – Deformação em microescala (Microtectônica) (17/09/20):


Mecanismos de deformação rúpteis vs. dúcteis; Defeitos cristalinos, difusão por fluência, deslocamentos por fluência; Recuperação, recristalização dinâmica;
recristalização estática; Foliações em microescala e orientações preferenciais de forma

Aula 6 - Zonas de Cisalhamento 1 – Geometria e Cinemática (24/09/20):


Introdução e tipolologia; Geometria das zonas de cisalhamento sob regimes em extensão, contração e oblíquo; Cinemática Rúptil; Foliações S-C; Dobras em zonas de
cisalhamento; Porfiroclastos Manteados; Boudins Assimétricos

Aula 7 - Zonas de Cisalhamento 2 – Milonitos (01/10/20):


Rochas Produzidas em Zonas Frágeis de Cisalhamento; Rochas Produzidas em Zonas de Cisalhamento Dúctil, foliação milonítica; Milonitos gerados em diferentes
graus metamórficos; Milonitos e Microtectônica
Exercício proposto para entrega: fotomicrografias para descrição e inferência de mecanismos de deformação.
PROVA 1 – (08/10/20)
Aula 8 - Leitura e Análise da Estrutura em Mapas Geológicos (15/10/20):
Leitura Preliminar de Mapa Geológico; Trabalho Dirigido
Aula 9 – Seções geológicas (22/10/20):
Definição de Domínios Homogêneos de Análise
Leitura e Integração de Projeções Esterográficas
Aula 10 - Balanceamento e Restauração de Seções Geológicas (29/10/20)
Definições e premissas; Restauração de seções: blocos rígidos; área e comprimento constantes; deslizamento flexural; cisalhamento; backstripping.
Exercício prático com cálculo de contração orogênica

Aula 11 - Regimes Extensionais e estruturas associadas (05/11/20)


Falhas extensionais e sistemas de falhas; Falhas de baixo ângulo; Rampa-patamar-rampa; Colapso de lapa

Aula 12 - Regimes Extensionais e tectônica (12/11/20)


Rifteamento; Margens passivas e riftes oceânicos; Extensão e colapso orogênico; Extensão pós-orogênica
Exercício com sísmica de margem passiva rifteada

Aula 13 - Regimes Contracionais e estruturas associadas (19/11/20)


Falhas contracionais; Falhas de cavalgamento: nappes, zonas de imbricação; cavalgamentos em sequência; duplexes;
Estilos estruturais thin-skin e thick-skin ;rampas laterais; Dobras relacionadas a falhas
Aula 14 - Regimes Contracionais e tectônica (26/11/20)
Introdução: crátons e orógenos;Arquétipos Orogênicos de subducção-colisão; Orógeno de Colisão- Subducção tipo-Alpino;
Orógeno de Colisão tipo-Himalaiano; Orógeno Intracontinental
Aula 15 – Regimes transpressivos e transtrativos (03/12/20)
Falhas transcorrentes; Falhas de transferência; falhas transformantes; Curvatura de falhas: curvas de restrição, liberação;
Estruturas em flor positiva e negativa;

PROVA 2 - 10/12/20

Semana de Aulas de Campo (Início de 2021)


Zona de Cisalhamento Além Paraíba (Santo Antonio de Pádua-RJ)
Dobramento do Sistema de Nappes Carrancas (Carrancas-MG)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Ramsay, J. G. E Huber, M.I., 1987. MODERN STRUCUTRAL GEOLOGY-v 2: FOLDS AND FRACTURES. Academic Press,
309-700.

Davis, G.H & Reynolds, S.J, (1996). STRUCTURAL GEOLOGY OF ROCKS AND REGIONS. Willey, 776 p.

Van der Pluijm, B.A., Marshak, S., 2004. EARTH STRUCTURE. W. W. Norton & Company, second edition, 656 pp.

Fossen, H., 2010. STRUCTURAL GEOLOGY. Cambridge University Press, 463 pp.

Passchier, C.W. e Trouw, R.A.J., 1996. MICROTECTONICS. Springer, 289 pp.

Trouw, R.A.J., Passchier, C.W. e Wiersma, D.J., 2010. ATLAS OF MYLONITESAND RELATED MICROSTRUCUTURES.
Springer, 322 pp.
GMG 0338
Geologia Estrutural II

Dobras: Elementos geométricos e classificação


DESCRIÇÃO DE UMA SUPERFÍCIE DOBRADA

Elementos estruturais de uma


superfície dobrada:

Linha de charneira
Linhas de crista e de calha
Linha de inflexão
Zona de charneira
Flancos da dobra
Caracterização da dobra com base
em uma superfície dobrada:

Sinforme (concavo)
Antiforme (convexo)
Dobra neutra (concavidade indefinida)
Dobra vertical (concavidade indefinida)
Monoclinal
Dobras escalonadas
CAIMENTO DA ZONA DE CHARNEIRA NA TERMINAÇÃO PERICLINAL DA DOBRA
As zonas de charneiras, em mapas, são as terminações periclinais das dobras.

A terminação periclinal de uma dobra, em uma projeção horizontal (mapa, imagem de satélite,
fotografia aérea), define a forma (antiformal ou sinformal) da dobra.

Se as camadas mergulham para o interior da dobra = estrutura sinformal


Se as camadas mergulham para o exterior da dobra = estrutura antiformal
EXEMPLO: CAIMENTO DA ZONA DE CHARNEIRA NA TERMINAÇÃO PERICLINAL DA
DOBRA (Serra da Canastra na região de Capitólio – MG)
DOBRAS EM MAPAS

CAIMENTO DA ZONA DE CHARNEIRA NA


TERMINAÇÃO PERICLINAL DA DOBRA
RELAÇÃO ENTRE CAMADA E TOPOGRAFIA

Camada horizontal

Traço da camada é paralelo


as curvas de nível.
RELAÇÃO ENTRE CAMADA E TOPOGRAFIA

REGRA DOS Vs
Camada mergulha no sentido do vale Camada mergulha contra o vale

Limite da camada (contato) convexo no sentido Limite da camada (contato) convexo no sentido
da declividade do vale (para juzante). contrário da declividade do vale (para montante).
RELAÇÃO ENTRE CAMADA E TOPOGRAFIA

Camada vertical

Traço da camada corta retilineamente


as curvas de nível.
Dobras simétricas e assimétricas

Envoltórias paralelas – dobra simétrica Envoltórias oblíquas – dobra assimétrica

Envoltórias paralelas – dobra simétrica Envoltórias oblíquas – dobra assimétrica

A simetria ou assimetria das dobras podem indicar parâmetros de fluxo, tais como a orientação da superfície
dobrada em relação ao campo de esforço.

Superfícies paralelas ao eixo de estiramento instantâneo mínimo (ISA 3 - instantaneous stretching axe, ou eixo-Z)
do elipsóide de deformação tendem a desenvolver dobras simétricas.
Qual a importância ?
VERGÊNCIA
DESCRIÇÃO DE UMA SUPERFÍCIE DOBRADA

Dobra de primeira ordem e dobras parasitas

As dobras maiores, de primeira ordem, podem admitir


dobras menores, de segunda ordem, ditas dobras
parasitas.
M

S
As dobras de primeira ordem, visíveis na escala de
mapas geológicos, fotografias aéreas, imagens de
satélite, raramente são visíveis na escala de
afloramentos.

As dobras parasitas são, nos afloramentos, as Z


principais evidências do dobramento maior e permitem
reconstruir a forma e posição da dobra de primeira
ordem.

A assimetria e vergência das dobras parasitas indicam


sua posição no dobramento maior.
Descrição de uma superfície dobrada

Flancos superior e inferior e reconstrução da dobra maior

Em relação ao dobramento maior as dobras parasitas são:


-- simétricas ( em – M) na zona de charneira -- assimétricas (em – Z e em – S) nos flancos
.

Na dobra assimétrica de flanco


superior, as pequenas dobras Os termos flancos superior e inferior são
parasitas em antiforme sobrepõem relativos à estrutura antiformal.
as dobras em sinforme, o contrário
ocorre no
flanco inferior.

A vergência das dobras


parasitas assimétricas (em S antiforme sobre
ou Z) está direcionada para a sinforme
zona de charneira da estrutura
antiformal de primeira ordem.

sinforme sobre
antiforme

As formas das dobras parasitas assimétricas invertem-se conforme o sentido da visada


em relação a linha de charneira da dobra (veja a figura abaixo), ou conforme a
vergência do dobramento. Para descrevê-las corretamente é necessário indicar o
sentido do caimento da linha de charneira, ou orientar a vergência.
DESCRIÇÃO DE UMA SUPERFÍCIE DOBRADA

Dobramento vs Campo de Esforços

dobramento assimétrico

dobramento simétrico
Vergência

Alguns Indicadores da Vergência da


Dobra ou do sentido do deslocamento
da estrutura no espaço:

- a inclinação da superfície dobrada;

-o sentido de deslocamento do flanco


superior em relação ao flanco inferior;

-- o sentido de rotação do flanco curto

Dobra na Nappe de Morcles – Alpes Suíços


(flanco superior ou flanco inferior? vergência?)
CLASSIFICAÇÃO DE DOBRAS COM BASE NA SUPERFÍCIE DOBRADA

Classificação de dobras baseada no Ângulo Interflancos


Cretaceous
Carboniferous carbonates
sandstones in the Subalps
and shales,
England

Carboniferous
limestones,
England

Close fold developed


in
sandstone and shale
layers, England
Layers of sandstone
and thin shales., SW
England.

Calcshists and
metavolcanics (green).
Syros island

Quartzite, Saas area, Switzerland


ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE DUAS SUPERFÍCIES DOBRADAS ADJACENTES

A superfície que une linhas de charneira de duas superfícies adjacentes define o plano axial

Traço do plano axial é observado


(ou construído) no plano
ortogonal à linha de charneira da
dobra. É o traço de união entre
os pontos de intersecção das
linhas de charneiras de
superfícies dobradas contíguas
no perfil da dobra.

O plano axial tende


a ser ortogonal ao
esforço
compressivo
principal

O perfil da dobra encontra-se no


plano AC, perpendicular à linha
de charneira.
Observem que o traço do
plano axial não é uma
linha reta, na medida que
depende das relações
mecânicas entre as
diferentes camadas
dobradas.
Formas básicas de dobras

SINFORME E ANTIFORME
(Estratigrafia desconhecida)

Concavidade para cima concavidade para baixo

SINCLINAL E ANTICLINAL
(estratigrafia conhecida)

Sinclinal Anticlinal
Camada mais jovem Camada mais jovem
no interior da dobra no exterior da dobra

SINCLINAL ANTIFÓRMICO
E ANTICLINAL SINFÓRMICO

Anticlinal sinfórmico
Sinclinal Antifórmico
Camada mais jovem no exterior
Camada mais jovem no interior
e concavidade para cima
e concavidade para baixo
Anticlinal sinfórmico e sinclinal antifórmico
e superposição de dobramento

DOBRAMENTO SUPERPOSTO

Sinclinal
Antifórmico
Anticlinal
Sinfórmico
FORMAS BÁSICAS DE DOBRAS DEFINIDAS PELAS RELAÇÕES ESTRATIGRÁFICAS
ANTICLINAIS E SINCLINAIS

As relações estratigráficas são


estabelecidas pela idade das
rochas, ou pela ordenação
das estruturas sedimentares e ígneas
GEOMETRIA CILINDRICA DO DOBRAMENTO
GEOMETRIA CILINDRICA DO DOBRAMENTO

Os eixos geométricos e os planos de referencia, ou de simetria da dobra


GEOMETRIA CILINDRICA DO DOBRAMENTO

Os planos tangentes à superfície dobrada (ou as superfícies


dobradas) interceptam-se paralelamente à geratriz do cilindro,
portanto a projeção estereográfica planar destas superfícies
interceptam-se no eixo da dobra. Os pólos destas superfícies
(ortogonais aos planos) estão contidos em um plano ortogonal
ao eixo-B – plano AC de simetria.
SÍNTESE DOS ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DO DOBRAMENTO

braquiantiforme
ESTRUTURAS BRAQUIANTIFORMAIS E BRAQUISSINFORMAIS

Estrutura braquissinformal dobrada da


klippe Carvalhos

Klippe e klippen

NW

centro

E
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE DUAS SUPERFÍCIES DOBRADAS ADJACENTES
E CLASSIFICAÇÕES DAS DOBRAS
Duas superfícies adjacentes podem classificar as dobras com base na:
1- orientação do plano axial em relação ao caimento da linha de charneira;
2- variação da forma da camada dobrada (ou entre duas superfícies dobradas adjacentes).
Classificação
de dobras
baseada na
orientação de
seus
elementos
estruturais
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE DUAS SUPERFÍCIES DOBRADAS ADJACENTES

Inclinação do Plano Axial


Inclinação do Eixo

Fleuty 1964
Principais tipos de dobras
Dobras recumbentes,
dobras inclinadas, dobras
normais, dobras verticais
e dobras reclinadas,
variando o ângulo de
mergulho do plano axial e
o caimento da linha de
charneira
Considerando as dobras com a linha de charneira horizontal, como as classificaríamos?
Classificar a dobra conforme indicado nos slide anterior !!

Alternâncias rítmicas entre mica xistos e quartzitos – Unidade Serra da Boa Vista-Sistema de Nappes
Andrelândia
Falsa dobra recumbente – seção não ortogonal à linha de charneira

Seção próxima a linha de charneira com plano axial mergulhando para o interior do barranco,
portanto trata-se de dobra inclinada com aparência de recumbente no corte observado.

Alternâncias rítmicas entre mica xistos e quartzitos – Unidade Serra da Boa Vista-Sistema de Nappes
Andrelândia
VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO

A vergência de um sistema regional de dobramento é dada pelo sentido de deslocamento do flanco superior em
relação ao flanco inferior, ou pelo sentido de rotação do flanco inferior das dobras parasitas, ou pelo sentido
contrário ao mergulho do plano axial. Dobras normais não possuem vergência.

VERGÊNCIA É UM CONCEITO CINEMÁTICO E INDICA O SENTIDO DO DESLOCAMENTO HORIZONTAL


DA CAMADA ROCHOSA QUANDO DO DOBRAMENTO.
VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO

Nas dobras recumbentes, ou neutras, a vergência só pode ser definida se as relações estratigráficas forem
conhecidas. Nestes casos a vergência é indicada pela charneira anticlinal, portanto tem-se os flancos
normais e inversos.

Desconhecendo-se as relações estratigráficas, os flancos superior (longo) e inferior (curto) de uma dobra
recumbente assimétrica podem ser utilizados para indicar a vergência (sentido contrário ao caimento do flanco
inferior ao dobrar-se).
VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO

NAPPES ALPINAS

Dobras, encurtamento e espessamento da crosta superior e transporte orogênico

Nappe de Morcles – nappe anticlinal ou nappe de cobertura.

Intensa deformação do flanco inferior e rompimento das estruturas


sinformais –pilhas de nappes de anticlinais.
VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO

NAPPES ALPINAS

Dobras, encurtamento e espessamento da crosta superior e transporte orogênico

Nappe de Morcles – nappe anticlinal ou nappe de cobertura.

Futuro segmento autóctone Futuro segmento alóctone

Encurtamento da crosta em cerca de 70%


VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO
NAPPES ALPINAS

Domínio interno
Domínio externo

As nappes de dobramento são anticlinais recumbentes, cujo flanco invertido (inferior) possui dimensões
superiores a 11 km. São extensas dobras sem raízes que tiram as unidades de sua paleogeografia
original. São estruturas alóctones.

Notar a vergência do dobramento e a polaridade tectônica (estrutural e metamórfica – nível de exposição


da crosta), as nappes de dobramento e as estruturas de fold-and-thrust belts
VERGÊNCIA E NAPPES DE DOBRAMENTO
NAPPES ALPINAS

Tectônica e Sedimentação _ Migração de uma pilha de nappes

O avanço da pilha de nappes alpinas,


anticlinais (ilha de Creta – Grécia) é evidenciada
pela idade dos depósitos flysch – duração mínima
do processo geodinâmico foi de 30 m.y.

Craddock et al/Lithosphere 1 (2009) 174-191

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