Economia Da Informacao LIVRO
Economia Da Informacao LIVRO
Economia Da Informacao LIVRO
Economia da Informação
Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis
Departamento
de Biblioteconomia Semestre
Semestre
2 2
Curso de Bacharelado em Biblioteconomia
na Modalidade a Distância
Economia da Informação
Semestre
2
Brasília, DF Rio de Janeiro
Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis
Departamento
de Biblioteconomia
2018
Permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não
comerciais, desde que atribuam o devido crédito ao autor e que licenciem as novas
criações sob termos idênticos.
Coordenação de
Desenvolvimento Instrucional
Cristine Costa Barreto
Desenvolvimento instrucional
Kathleen da Silva Gonçalves
Diagramação
André Guimarães de Souza
Normalização
Dox Gestão da Informação
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-85229-56-6 (brochura)
ISBN 978-85-85229-57-3 (e-book)
Explicativo
Na produção social de sua existência, os seres humanos esta-
belecem relações sociais determinadas e necessárias de produção,
independentes de sua vontade. São relações de produção que cor-
respondem a certo grau de desenvolvimento das forças produtivas
(MARX, 2008, p. 46). O conjunto dessas relações sociais de produ-
ção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre
a qual se forma uma superestrutura social, cultural, política, jurídica
e educacional. É o modo de produção da vida que condiciona o
processo da vida social, política e cultural (MARX, 2008, p. 47).
A humanidade, ao longo de sua história, experimentou diversos
momentos de evolução das forças produtivas, que estão na base da
economia, e acabam por influenciar toda a superestrutura política,
jurídica e comportamental.
Explicativo
É por meio dos paradigmas que os cientistas buscam explicar
os problemas colocados pelas ciências. Os paradigmas são, por-
tanto, pressupostos das ciências. A prática científica, ao fomentar
a produção e difusão de conhecimento, permite a criação de leis,
teorias, aplicações e modelos, como representações das tradições
científicas. Segundo Thomas Khun:
12 Economia da Informação
Figura 1 - A definição de Economia da Informação está associada a mudanças de paradigma
na economia mundial que são fruto da revolução das TICs
Fonte: Pixabay1
Curiosidade
A viralização dos celulares
No Brasil, em outubro de 2012, eram 259 milhões de celulares
ou 1.317 para cada mil pessoas, sendo que 46% dos aparelhos
eram smartphones. Naquele mesmo ano, os telemóveis passavam
de 90% de penetração, pelo menos em tese é como se nove em
cada dez habitantes do planeta tivessem um celular em suas mãos
e ele fosse de banda larga (um smartphone).
São, ou seriam, dependendo de nossa crença nos dados, seis
e meio bilhões de assinantes móveis, agora, contra apenas dois e
meio bilhões de usuários da internet. Já existem mais celulares do
que seres humanos, ou seja, se o computador não universalizou o
acesso à rede mundial de computadores, o smartphone conseguiu
isso (MEIRA, 2013, p. 46).
1
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2GxcD3I>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
Fonte: Pixabay2.
14 Economia da Informação
UNIDADE 1
ECONOMIA E INDÚSTRIA
DA INFORMAÇÃO
Fonte: Pixabay3.
É certo que a palavra economia pode ser empregada ora para desig-
nar a atividade humana (fenômeno social), ora para designar a ciência
que estuda os problemas econômicos. Os economistas, todavia, estão de
acordo com uma definição que nos é apresentada por Samuelson:
3
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2q5FQrC>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
18 Economia da Informação
Sobre essa situação, Manuel Castells afirma que, no fim do segun-
do milênio da era cristã, vários acontecimentos de importância histó-
rica transformaram o cenário da vida social e humana. Uma revolução
tecnológica concentrada nas TICs está remodelando a base material da
sociedade em ritmo acelerado. Economias por todo o mundo passaram
a manter uma interdependência, reforçando a ideia de aldeia global e
apresentando uma nova forma de relação entre a economia, o Estado e a
sociedade (CASTELLS, 2003, p. 39).
A origem desse processo está naquilo que o sociólogo Domenico de
Masi chama de sociedade da informação. Para esse autor, a Economia da
Informação se constitui no momento em que o progresso tecnológico,
o desenvolvimento organizacional, a globalização, os meios de comuni-
cação e informação, a desmaterialização da economia, a escolarização
difusa em muitas áreas do mundo, a duplicação da longevidade, assim
como uma drástica redução do tempo humano para a produção de bens
e serviços, têm provocado significativas mudanças no mundo do trabalho
e na riqueza das nações (MASI, 2001, p. 43).
Essas mudanças vêm gerando um número crescente de pessoas com
tempo livre, prevalecendo nitidamente sobre o tempo absorvido pelo tra-
balho, e têm representado uma revolução de época, com o nascimento
de uma sociedade pós-industrial, comparável a duas outras transforma-
ções igualmente decisivas na história humana:
Afirma Castells que uma nova economia surgiu em escala global, ten-
do como características principais: ser informacional, global e em rede
(CASTELLS, 2003, p. 119).
Fonte: Pixabay4.
4
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2GyWScH>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
PIXABAY. Berkemeyer. Disponível em: <https://bit.ly/2uMFpYE>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2EgAgHT>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
20 Economia da Informação
O primeiro autor a falar de uma “economia da informação” foi
Machlup (1962), que usou o termo “indústria baseada no conhecimen-
to” para descrever o novo setor da economia. Ele percebeu, em 1959,
que as ocupações ligadas à produção do conhecimento tinham ultrapas-
sado as outras em termos numéricos. Foi desse autor o primeiro estudo
de que havia uma nova categoria econômica de riqueza que se destacava
dos segmentos tradicionais até então conhecidos. Nesse estudo, Machlup
mapeou no Produto Interno Bruto (PIB) americano a presença significativa
de um novo segmento da economia, que ele chamou de “economia do
conhecimento” (MACHLUP, 1962).
Curiosidade
Quem foi Machlup?
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
22 Economia da Informação
à seleção, organização e julgamento das informações, em termos de
qualidade e quantidade, em detrimento de outras categorias de traba-
lhadores normalmente vinculados às atividades tradicionais da indústria.
O operário fabril dos séculos XIX e XX vinha sendo progressivamente
substituído por profissionais intelectuais no final do século XX, afetan-
do, assim, toda a sociedade (BELL,1980). Os estudos desenvolvidos por
Machlup, Porat e Bell são considerados precursores na delimitação de um
conceito de Economia da Informação e utilizados até hoje.
No ano de 1986, a Economia da Informação volta a ter destaque com
os trabalhos de Stiglitz, premiado com o Nobel de Economia em 2001.
Segundo esse autor, a Economia da Informação representa uma mu-
dança fundamental no paradigma dominante na economia. Problemas
da informação são vitais para se compreender não só a economia de
mercado, mas também a economia política dos Estados, interferindo so-
bremaneira no processo de decisão econômica (STIGLITZ, 2001).
Explica Stiglitz que a produção de bens da informação difere da pro-
dução de bens em outros setores da economia. Para esse autor, a ideia de
simetria da informação nos sistemas econômicos, defendida pela teoria
econômica tradicional, não existe, pois, segundo ele, as pessoas têm dife-
rentes acessos à informação. Stiglitz critica a ideia de Adam Smith da mão
invisível, ou de uma economia liberal autorregulável.
Em 1999, Shapiro e Varian escreveram o livro Economia da Informação
a partir de suas experiências com o mercado da informação. Nesse livro,
eles buscaram estabelecer os princípios orientadores para uma economia
emergente, ou seja, tentaram explicar como fixar preços da informação,
estabelecer seu valor, organizar sua propriedade intelectual, entre outros
temas, sendo essa uma das principais obras a tratar do assunto do ponto
de vista estritamente econômico.
Como um campo interdisciplinar, a Economia da Informação não é só
estudada pela Economia. A Ciência da Informação tem também estuda-
do esse tema, principalmente – segundo Fernandes (1991) – preocupada
com custo, preço e investimentos em serviços de informação. Algumas
das perguntas que a Ciência da Informação tenta determinar ao recorrer
à Economia da Informação podem ser:
7
WiKIPÉDIA. Question book. Disponível em: <https://bit.ly/2IsVLro>. Acesso em: 2 de novembro
de 2018.
Multimídia
Na revista do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT), podemos encontrar um artigo que discute a di-
ferença entre os conceitos de informação e conhecimento. Um
trecho do resumo diz:
24 Economia da Informação
objetivando evidenciar a distinção destes, para que
possam ser usados com menos ambiguidade pelos
pesquisadores da área. (XAVIER; DA COSTA, 2010).
Fonte: Pixabay8.
Resposta
a) Newton Freitas.
b) Paulo Sandroni.
c) Lionel Robbins.
d) Francisco Lacombe.
e) Jonh Howkins.
26 Economia da Informação
1.3.4 Atividade
Segundo o economista Marc Uri Porat, a Economia da Infor-
mação pode ser dividida em dois setores: primário e secundário.
Pergunta-se:
a) Em qual desses setores podemos situar o biblioteconomista?
Resposta
a) Setor primário.
b) É no setor primário que se concentram os trabalhadores que
manipulam informações.
1.3.5 Atividade
Seguindo a divisão feita pelo economista Marc Uri Porat, iden-
tifique o tipo de setor da Economia da Informação na lista abaixo.
Coloque (1) para setor primário e (2) para secundário.
( ) Distribuição da informação e comunicação.
( ) Serviços de apoio, como bibliotecas.
( ) Comércio de atacado e varejo de bens e serviços ligados à
informação.
( ) Pesquisa e administração.
( ) Serviços de informação.
( ) Setores no governo que produzem informação que não será
comercializada.
Resposta
(1) (1)
(2) (1)
(1) (2)
Indústria da
Informação
Economia da
Informação
Economia
Nacional
28 Economia da Informação
a) soberania nacional;
b) propriedade privada dos meios de produção;
c) função social da propriedade;
d) livre concorrência;
e) defesa do consumidor;
f) defesa do meio ambiente;
g) redução das desigualdades regionais e sociais;
h) busca do pleno emprego;
i) tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte (BRASIL, 2018).
A importância desse segmento para a sociedade pode ser medida não
só pela existência de um capítulo na Constituição Federal de 1988, mas
pela existência de um regime jurídico empresarial dedicado, especialmen-
te, à regulação da atividade empresarial (empresário individual e socieda-
de empresária). Vale a pena dizer que, ao contrário do que diz o senso
comum, a falência e a recuperação de empresas são dois importantes
institutos jurídicos que protegem a atividade empresarial.
Fonte: Wikipédia10.
10
WIKIPÉDIA. Moacir Ximenes. A Constituição Federal do Brasil de 1988 já passou por
diversas emendas constitucionais. Disponível em: <https://bit.ly/2GTVHUC>. Acesso em: 2 de
novembro de 2018.
11
WIKIMEDIA. Mixabest. Manufacturing equipment. 2008. Disponível em: <https://bit.
ly/2mzeAl5>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
12
PIXABAY. Sarangib. Disponível em: <https://bit.ly/2mzeAl5>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Unido. Disponível em: <https://bit.ly/2GCcSqp>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
30 Economia da Informação
1.4.2 Definindo indústria da informação
Como vimos na Figura 7, a indústria da informação está contida na
ideia de Economia da Informação, sendo seu principal segmento capaz
de gerar riqueza em grande escala. A expressão indústria da informação,
normalmente, é utilizada para designar os setores da Economia da In-
formação capazes de produzir em escala, gerando produção em massa,
altos investimentos, emprego e renda.
Sobre esse tema, muitas definições têm sido apresentadas pelos auto-
res. Martin apresenta uma definição que sinaliza para aquelas organiza-
ções que produzem e/ou fazem circular bens e serviços de publicações e
de informações através de novas tecnologias e métodos de tratamento
inovadores da informação (MARTIN, 1995, p. 2).
Citado por Martin, Zurowski (1995) divide a indústria da informação
em sete segmentos:
a) serviços de conteúdo;
b) serviços de facilitação;
c) TIs;
d) tecnologias integradoras;
e) tecnologias de comunicação;
f) canais de comunicação;
g) canais de transmissão.
Atenção
No campo da ciência da informação, a indústria é vista como
responsável pela gestão de repositórios e bancos de informações.
Microeletrônica
Computação Telecomunicações
Indústria da Informação
Radiodifusão Optoeletrônica
Engenharia genética
32 Economia da Informação
Figura 11 – A criação dos microprocessadores permitiu que os computadores
diminuíssem de tamanho, até chegarmos aos computadores pessoais que muitos de nós
têm em casa nos dias de hoje
Fonte: Pixabay13.
13
PIXABAY. Dsndrn-Videolar. Disponível em: <https://bit.ly/2q5NzWq>. Acesso em: 2 de novembro
de 2018.
34 Economia da Informação
O tema da indústria de informação e comunicação está no foco das
discussões de governos, órgãos e comunidades internacionais nos últimos
anos. Ele é considerado estratégico para o crescimento e o desenvolvimen-
to econômico e social de países desenvolvidos e em desenvolvimento, seja
através da geração de emprego e renda, seja por meio da promoção da
inclusão social, da diversidade cultural ou do desenvolvimento humano.
Nesse sentido, a indústria da informação tem sido apontada como
uma alternativa ao baixo desempenho da indústria convencional nas úl-
timas décadas.
Para Castells, o ponto de partida da indústria da informação foi a mu-
dança da cultura “material” para uma cultura “imaterial”, ou seja, o con-
sumo de bens como filmes, revistas, livros, jornais, entre outros que não
têm existência física.
Entre as tecnologias aplicadas a essa indústria, Castells relaciona um
conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação
(software e hardware), telecomunicações e radiodifusão, optoeletrônica
e a engenharia genética, com seu crescente conjunto de desenvolvimen-
tos e aplicações, em razão da convergência entre a biologia, a eletrônica
e a informática. O cerne dessa indústria está nas TIs, processamento e
comunicação (CASTELLS, 2003).
A indústria da informação e comunicação é um segmento em fran-
ca expansão no mundo, por esse motivo novas áreas reivindicam sua
participação, como call centers, call markets, telemarketing, segurança,
imagem digital, softwares e automação industrial.
Figura 13 – Áreas como call centers, robótica e segurança também fazem parte da
indústria da informação e comunicação, que se encontra em franca expansão
16
FLICKR. State Farm. Disponível em:<https://bit.ly/2GE2qi2>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
17
WIKIPÉDIA. Mixabest. FANUC R2000iB at work. Disponível em: <https://bit.ly/2GYT0kt>. Acesso
em: 2 de novembro de 2018.
18
PIXABAY. Wilkernet. Disponível em: <https://bit.ly/2EmvVms>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
36 Economia da Informação
c) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): neste
ministério registram-se os cultivares.
O fluxograma apresentado na imagem a seguir (Figura 14) demonstra
a divisão da propriedade intelectual no Brasil em propriedade industrial
(marcas, patentes, desenho industrial e indicação geográfica); direito do
autor (direito do autor, conexos e programas de computador) e proteção
sui generis (cultivares, topografia de circuitos integrados e conhecimentos
tradicionais).
Propriedade
Intelectual
Propriedade Proteções
Direito de Autor
Industrial Sui Generis
Direito de
Patente Autor e Cultivares
Conexos
Topografia de
Programa de
Marca Circuitos
Computador
Integrados
Desenho Conhecimento
Industrial Tradicional
Indicação Manifestações
Geográfica Folclóricas
Explicativo
Uma invenção pode ser definida como uma nova solução para
um problema técnico específico, dentro de determinado campo
tecnológico.19
19
Curso Geral de Propriedade Intelectual (DL 101P BR) – Módulo 7 – OMPI/INPI.
38 Economia da Informação
‐ o todo ou partes de seres vivos naturais e materiais biológicos
encontrados na natureza, isolados ou não, inclusive o genoma
ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos
biológicos naturais;
‐ substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de
qualquer espécie, além de modificações das suas propriedades,
entre outros.
Muitas patentes deixam de ser concedidas por desconhecimento do
pesquisador ou inventor, que divulga o resultado do seu trabalho
antes de realizar o depósito da patente. O problema é que, após
tornar sua criação pública, ela deixa de ser patenteável, pois perde
o requisito legal da novidade;
c) desenhos industriais: o desenho industrial é definido como uma
forma visual de um objeto ou como um conjunto de traços e cores
aplicados a um produto, proporcionando resultado visual novo e
original. Além disso, para ser registrado nessa categoria, o desenho
precisa ter potencial de uso industrial. O registro vigorará por dez
anos contados da data do depósito, prorrogável por três períodos
sucessivos de cinco anos. A propriedade do desenho industrial se
adquire pelo registro validamente concedido pelo INPI;
d) indicações geográficas: a indicação geográfica pode ser
entendida como um tipo especial de Marca Coletiva, apesar de
a Lei não a definir nesses termos. Do mesmo jeito que a marca
coletiva protege um grupo de pessoas com um trabalho comum,
a indicação geográfica busca garantir a exclusividade do uso do
nome associado ao local de origem. Essa origem pode ser desde
uma pequena localidade até uma cidade, região ou até mesmo um
país, como, por exemplo, a castanha do Pará, a picanha gaúcha, e
os vinhos do Vale dos Vinhedos. Todos eles podem ser (e em alguns
casos já são) beneficiários dessa proteção. Esse direito exclusivo de
uso do nome associado ao local de origem traz um valor comercial
maior ao produto ou serviço oferecido, pois garante a qualidade pela
procedência. Existem dois casos que podem ensejar a caracterização
da indicação geográfica. O primeiro, conhecido como Indicação
de Procedência, é passível de registro caso a localidade tenha se
tornado conhecida e renomada como um polo de produção do
respectivo produto ou serviço. O segundo, conhecido como
Denominação de Origem, é determinado quando o produto ou o
serviço do local tem uma qualidade ou característica que se deva
exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores
naturais e humanos. Depois de concedida essa proteção, apenas
os produtores ou prestadores de serviço que são estabelecidos
no local poderão se beneficiar dela, aumentando o valor material
e imaterial da região. No Brasil ainda existem poucas indicações
geográficas concedidas, sendo uma categoria de grande impacto
social que exige um estudo aprofundado antes da concessão. A
Lei não estabelece prazo específico para a vigência da indicação
geográfica, porém, pode-se estendê-la enquanto persistirem as
razões pelas quais o registro foi concedido;
e) programas de computador: os programas de computador,
apesar de serem regidos pela Lei do Direito Autoral nos aspectos
gerais, possuem uma legislação específica, através da Lei n. 9.609
de 1998. Essa Lei estabelece que os programas sejam registrados
Explicativo
Além do direito autoral, a lei também protege os direitos co-
nexos. Estes são os direitos daquelas pessoas físicas ou jurídicas
que contribuem para tornar as obras acessíveis ao público e/ou
acrescentam criatividade e habilidade técnica ou organizacional no
processo de tornar uma obra conhecida do público. Por exemplo:
a interpretação de uma música por um cantor; a encenação de
uma peça por uma companhia de atores; o papel das empresas de
radiodifusão ou a atuação de um produtor musical.20
20
Curso Geral de Propriedade Intelectual (DL 101P BR) - Módulo 3 - OMPI/INPI.
40 Economia da Informação
h) cultivares: o cultivar é um vegetal superior criado pelo cruzamento
de linhagens geneticamente diferenciadas, gerando um híbrido
que pode trazer maior produtividade, maior beleza ornamental,
mais resistência ao clima ou às pragas etc. O MAPA disponibiliza o
Registro Nacional de Cultivares (RNC), que é o meio legal de registro
dessa categoria. A proteção do cultivar varia de 15 a 18 anos, a
depender do caso. A preocupação com a propriedade intelectual
tem crescido no mundo inteiro, em particular, no Brasil. As nações
mais desenvolvidas tecnologicamente têm pressionado tanto as
Nações Unidas como a OMPI para aumentar a fiscalização desse
direito. Na medida em que não se pode mais fechar as fronteiras
entre os países, a tendência é que cada vez mais a distinção entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos se dê na fronteira do
conhecimento. A subordinação tecnológica, no médio e longo
prazo, poderá custar muito caro às nações que não buscarem
desenvolver sua indústria do ponto de vista da tecnologia.
1.4.4 Atividade
Como vimos nesta aula, podemos classificar os ramos da indús-
tria, de acordo o que elas produzem, em: “de bens de produção”,
“de bens intermediários” e “de bens de consumo.” Sendo assim,
observe os bens a seguir e determine que tipo de indústria os produz.
Resposta
a) De bens de consumo.
b) De bens de produção.
c) De bens intermediários.
1.4.5 Atividade
A partir da definição de indústria da informação, o que ela pro-
duz e a forma como seus produtos são consumidos, explique como
a Biblioteconomia se insere nesse contexto.
Resposta comentada
Esta atividade não tem uma resposta fechada e você pode ava-
liar a questões sob diversas óticas. A seguir, oferecemos uma pos-
sibilidade de resposta.
A Biblioteconomia é uma ciência que estuda a gestão eficiente,
racional e criativa da informação e do conhecimento. É responsável
pela coleta, produção, seleção, tratamento e difusão dos bens e
serviços produzidos pela indústria da informação, assim como pela
orientação ao consumidor final de como utilizar melhor os benefí-
cios dessa indústria.
1.4.6 Atividade
A seguir, você encontrará a definição de alguns ativos de Pro-
priedade Intelectual que foram apresentados nesta unidade. Identi-
fique a qual produto da Propriedade Intelectual cada item se refere.
42 Economia da Informação
a) Título de propriedade temporária que garante ao titular sua
exploração exclusiva durante 20 anos contados a partir da
data de depósito.
Resposta
a) Patente de invenção.
b) Indicação geográfica.
c) Marcas.
d) Direito de autor.
e) Desenho industrial.
1.4.7 Atividade
Assista ao vídeo do historiador brasileiro Leandro Karnal, que
trata do tema Propriedade Intelectual e está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=cEIIdyaZtPk>.
Com base nesse vídeo, desenvolva um argumento a favor e ou-
tro contra a propriedade intelectual.
1.4.8 Atividade
Com base no que vimos nesta seção, responda às questões que
se seguem.
a) Apresente, com suas próprias palavras, uma definição de in-
dústria da informação.
44 Economia da Informação
c) A Coordenação de Pessoal de Aperfeiçoamento de Nível Su-
perior (CAPES), autarquia federal que cuida da pós-gradua-
ção brasileira, mantém em seu Portal de Periódicos bases de
dados de todas as áreas do conhecimento para a consulta de
Instituições de Ensino Superior (IES) que contém programas
de pós-graduação. Explique como o Portal de Periódicos da
CAPES integra a indústria da informação.
Resposta comentada
Esta atividade é conceitual e apresenta respostas abertas. Não
deixe de pesquisar os conceitos antes de tentar desenvolvê-los.
Consumidor
• Insumos • Políticas
• Oferta • Trabalho • Impostos
• Demanda
Fornecedor Governo
Explicativo
O conceito de cadeia produtiva nasce na década de 1960 com
a Escola Industrial Francesa. Diz respeito ao conceito de análise de
filière (do francês, cadeia de produção), que é uma ferramenta ad-
ministrativa voltada à determinação da importância das operações
técnicas nos produtos de determinado setor. Ela permite a identi-
ficação dos principais atores, mercados, fornecedores, políticas de
governo e das relações econômicas produtivas em geral.
46 Economia da Informação
Para Batalha, por cadeia produtiva se entende:
1.5.1.2 Cluster
É uma concentração geográfica de empresas ligadas a um determi-
nado setor da atividade e organizações correlatas, ou seja, uma região
altamente competitiva e dedicada inteiramente a uma atividade. Essa de-
finição foi popularizada por Porter (1990) e entendem-se por cluster as
empresas e/ ou instituições que interagem entre si, gerando e capturando
sinergias, com potencial de atingir crescimento contínuo superior a uma
simples aglomeração econômica, geograficamente próxima e pertencen-
te a um setor específico da economia. Os Clusters se caracterizam pelos
seguintes benefícios potenciais:
a) maior atração de capital;
b) aumento do dinamismo empresarial;
c) redução de lead time;
Lead time, termo em inglês cuja d) redução de custos;
tradução significa “tempo de
e) redução de riscos;
espera”. A expressão é usada no
sentido de ser o tempo necessário f) aumento de qualidade;
para um produto percorrer todas
g) maior qualidade e flexibilidade de mão de obra;
as etapas de um processo, do
início ao fim.22 h) aumento da qualidade de vida da região.
22
Fonte: INFOESCOLA. Lead time. Disponível em: <https://www.infoescola.com/administracao_/
lead-time/>. Acesso em: 6 de abril de 2018.
23
PIXABAY. Amandadevries. Disponível em: <https://bit.ly/2IyMJZV>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2GGD6rL>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
PIXABAY. PIRO4D. Disponível em: <https://bit.ly/2GDt8LH>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
24
WIKIMEDIA.Carloburkhardt. Der Pulverspritzgiessprozess. Disponível em: <https://bit.ly/2EqPfyV>.
Acesso em: 2 de novembro de 2018.
25
FLICKR. Ken Teegardin. Stack of cash. Disponível em: <https://bit.ly/2JpnSsP>. Acesso em: 2 de
novembro de 2018.
48 Economia da Informação
Por terem características e objetivos semelhantes, as empresas que es-
tão em um cluster buscam a colaboração e cooperação entre si, criando
um ambiente favorável à inovação e redução de custos operacionais.
No mundo existem diversos clusters industriais ligados a setores como
o automóvel, TIs, turismo, indústria audiovisual, transporte, logística,
agricultura ou pesca, entre outros.
Exemplos de clusters são Silicon Valley (Vale do Silício), na Califórnia
(Estados Unidos), onde se concentra um grande número de empresas de
tecnologia (microelectrônica, TIs e biotecnologia) ou o Kista, na Suécia.
Esse fenômeno tem tido uma maior evolução nas pequenas e médias
empresas com limitada disponibilidade de recursos (financeiros, tecnoló-
gicos, produtivos, humanos) e com atividades complementares.
Multimídia
Um oásis de informações
O Oasisbr é um portal de publicações científicas oferecido e
mantido pelo IBICT. É um mecanismo de busca multidisciplinar que
permite o acesso gratuito à produção científica de autores vincula-
dos a universidades e institutos de pesquisa brasileiros.
Você pode acessá-lo em:
a) <http://oasisbr.ibict.br/vufind/>.
Fonte: Oasisbr26
26
Disponível em: <http://oasisbr.ibict.br/vufind/>. Acesso em: 1 maio 2020.
50 Economia da Informação
Com base na definição apresentada pelo Sindicato das Indústrias da
Informação do Distrito Federal (SINFOR), a cadeia produtiva da indústria
de informação é um conjunto articulado de atividades/operações econô-
micas, técnicas, comerciais e logísticas das quais resultam produtos ou
serviços finais (SINFOR, 2003).
A figura a seguir (Figura 18) apresenta uma representação da cadeia
produtiva da indústria de informação, relacionando a produção cientifica
das IES, a produção tecnológica de marcas, as patentes e indicações geo-
gráficas, a produção de pesquisa e desenvolvimento que acontece nas
empresas, a produção cultural e o direito do autor, entre outros insumos
do sistema.
Associações e Papel e
Produção Universidades Celulose
Científica Sociedades
Institutos de
Propriedade Indústrias Pesquisa
Brasileiras Telemática
Industrial
Produção Mídia
de P&D Editoras e (TV/Rádio/Jornais)
Livrarias
Produção Bases de
Cultural Bibliotecas, Centros Dados
Culturais, Arquivos,
Museus, Centros
de Informação/
Documentação, Internet / Intranets
Balcões de e Redes
Referência etc.
Insumo Básico
(Matéria-Prima)
Produção de Instituições Estrutura
Conhecimento (Estoques) (Meio)
02 GOOGLE 363,84
03 MICROSOFT 327,77
04 IBM 187,14
05 ORACLE 185,31
06 SAMSUNG 184,20
07 FACEBOOK 150,29
08 AMAZOM 138,60
09 QUALCOMM 134,79
10 INTEL 129,63
Fonte: Olhar Digital27.
27
Disponível em:<http://www.olhardigital.uol.com.br>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
52 Economia da Informação
f) empreguem, em atividades de desenvolvimento de software,
engenharia, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, profissionais
técnicos de nível superior em percentual igual ou superior a 20%
do quantitativo total de seu quadro de pessoal; empreguem, em
atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mestres,
doutores ou profissionais de titulação equivalente em percentual
igual ou superior a 5% do quantitativo total de seu quadro de
pessoal.
É importante ter em mente que o mapeamento da cadeia produtiva
de um setor da economia é fundamental para o fomento dessa atividade
pelo Estado. No que diz respeito à Economia da Informação, o mapea-
mento da indústria da informação é essencial para o fortalecimento dessa
atividade, colocando o país entre as economias mais fortes e desenvolvi-
das tecnologicamente do mundo.
1.5.3 Atividade
Relacione a coluna da esquerda com a da direita.
1.5.4 Atividade
Com base no trecho a seguir, explique o papel do bibliotecono-
mista na indústria da informação:
A Indústria da informação e comunicação precisa estar cada vez
mais preparada para armazenar, proteger, movimentar, distribuir,
gerir e garantir o acesso a toda essa explosão de conteúdo.
Resposta comentada
Esta atividade não tem uma resposta fechada e você pode ava-
liar as questões sob diversas óticas. A seguir, oferecemos uma pos-
sibilidade de resposta:
O biblioteconomista é um especialista na gestão da informa-
ção. Cabe a ele coletar, selecionar, tratar, organizar, recuperar e
disseminar seletivamente, de forma racional e criativa, informações
de todos os tipos e de todos os formatos, com vista a atender as
necessidades informacionais das organizações, sejam elas públicas
ou privadas, assim como do usuário pessoa física.
54 Economia da Informação
1.5.5 Atividade
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é o prin-
cípio educativo do ensino superior, independentemente da modali-
dade do curso. A internet, por sua vez, é, hoje em dia, uma poten-
te fonte de pesquisa. Com base nisso, esta atividade consiste em
realizar uma pesquisa on-line exploratória sobre o tema da Econo-
mia da Informação. As informações que você considerar relevantes
devem ser armazenadas no seu computador ou HD externo para
futuras consultas.
1.6 CONCLUSÃO
Nesta unidade, discutimos importantes temas para o estudo da Eco-
nomia da Informação como um novo ramo da economia que está em
processo de expansão e atinge todos os setores da vida humana. Particu-
larmente, nos voltamos para a produção, gestão e difusão da informação
na área de atuação do profissional biblioteconomista. Nesse sentido, es-
tudamos temas fundamentais para compreensão dessa discussão, como
o que é economia e indústria da informação, a cadeia produtiva dessa
indústria e as principais formas de proteção à propriedade intelectual.
A particularidade dessa nova economia está no aumento da produção
e consumo de bens imateriais baseado nas novas TICs. Tradicionalmen-
te, a economia se preocupou com a produção e distribuição de bens
materiais, como acontece, por exemplo, com a indústria automobilística
ou na produção de commodities, ou seja, matérias-primas que podem
ser estocadas sem a perda da qualidade, como petróleo, suco de laranja
congelado, boi gordo, café, soja, ouro. Já a Economia da Informação vai
se preocupar com a produção e distribuição da informação e gestão do
conhecimento, produtos que não têm existência física, mas se tornaram
os principais insumos na produção de bens e serviços na economia con-
temporânea.
Se tomarmos como exemplo a produção de computadores, o maior
valor não está na CPU do aparelho ou nos componentes físicos do mo-
nitor, mas nos softwares embutidos, que podem ser entregues por dife-
rentes empresas. O impacto dessa nova indústria é muito grande, pois,
efetivamente, mudou o comportamento das pessoas.
Para o profissional biblioteconomista, a percepção da importância des-
sas mudanças é essencial, não só para a realização de seu trabalho, mas
para a compreensão do novo papel que esse profissional desempenha
nessa nova economia.
56 Economia da Informação
c) a informação não pode ser quantificada pelos métodos tradicionais
da economia;
d) a informação é uma abstração, ela é produzida, distribuída e
acumulada para fins diversos;
e) as informações são produzidas com recursos públicos e isso não é
computado nos custos para definição do preço de mercado;
f) é difícil delimitar e quantificar o real valor de uma informação.
58 Economia da Informação
UNIDADE 2
A INFORMAÇÃO
COMO MERCADORIA
Fonte: Pixabay28
Explicativo
Just in time (JIT) é uma expressão em língua inglesa que pode ser
traduzida como “bem na hora”. Na área de gestão empresarial, é
uma doutrina utilizada para o planejamento e controle das opera-
ções com objetivo de alcançar a máxima qualidade com um míni-
mo de desperdício. A ideia do JIT é produzir no momento exato em
que é necessário para que não se produza o que não será utilizado/
adquirido, e para que o cliente não precise ficar à espera do produto.29
Virtualização • O mundo analógico está se tornando virtual com a digitalização das coisas.
62 Economia da Informação
• A nova Economia é uma economia molecular, as antigas corporações
Molecularização foram substituídas por moléculas dinâmicas que estão na base da atividade
econômica.
2.4 A INFORMAÇÃO
COMO MERCADORIA
A informação é um recurso estratégico para o desenvolvimento das
nações, sua produção e consumo são cada vez mais requeridos pelas
sociedades contemporâneas, não existindo quem discorde de sua impor-
tância em nossos dias. As TICs trouxeram os fenômenos da desmateriali-
zação e virtualização da economia, ou seja, muitos produtos deixaram de
existir do ponto de vista físico e passaram a ser oferecidos virtualmente.
Um exemplo claro disso diz respeito à locação de filmes e vídeos,
Hoje em dia não é mais preciso ir até uma locadora para alugar uma
nova produção do cinema internacional, basta tão somente acionar o
controle remoto através de uma Smart TV ou computador para escolher
o filme entre dezenas de opções de serviços de locação. As cópias dos
filmes, que eram armazenadas primeiro em fitas de videocassete e de-
pois em DVD, agora são distribuídas virtualmente pela rede mundial de
computadores.
Diante disso, a informação passou a ser estudada pelos economistas
como uma mercadoria de interesse de grandes mercados consumidores,
e hoje existem grandes setores da sociedade totalmente dedicados a sua
produção e comercialização. Vale a pena adiantar que, nesse particular,
no que diz respeito a produção e comercialização, a informação como
mercadoria reúne características singulares que a diferenciam de outras
mercadorias conhecidas.
Como exemplo, podemos dizer que a informação, diferentemente
de outras mercadorias, não pode ser guardada por muito tempo, ela
vaza. A informação tem como característica o compartilhamento. Por
outro lado, ela é a única mercadoria que não se destrói com o consu-
mo, quanto mais é utilizada, mais ela se expande. Essas são caracte-
rísticas que desafiam os economistas a compreender o funcionamento
do novo sistema.
64 Economia da Informação
Figura 21 – A informação como mercadoria
30
PIXABAY. 3dman_eu. Disponível em: <https://bit.ly/2HcbElC>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
31
Fonte da imagem: WIKPÉDIA. Karl Marx. Disponível em: <https://bit.ly/122J15K>. Acesso em: 2 de
novembro de 2018.
32
Fonte da imagem: WIKIPÉDIA. Adam Smith. Disponível em: <https://bit.ly/2JR3TUh>. Acesso em: 2 de
novembro de 2018.
33
Fonte da imagem: WIKIPÉDIA. David Ricardo. Disponível em: <https://tinyurl.com/vt892kj>. Acesso
em: 2 de novembro de 2018.
66 Economia da Informação
A informação tem um caráter central na economia capitalista, já nos
dizia Karl Marx em seus escritos econômicos no século XIX. Agora, mais
do que nunca, a informação toma corpo como principal ativo na fabrica-
ção dos produtos e serviços. Cada vez mais o conhecimento se incorpora
à produção e difusão de bens e serviços. Por isso o capital investe em
informação e a digitalização é a base técnica desse processo, cujo objeto
é a informação social. O progresso da microeletrônica, ou seja, a evolu-
ção dos computadores, oferece ao capital novos meios para processar e
transmitir essas informações (MARX, 1998).
Todavia, a informação não é uma mercadoria como as outras, ela apre-
senta características especiais citadas por Fernandes (1991) em relação a
sua intangibilidade (a informação não tem propriedade físicas, ela é ima-
terial), seu crescimento exponencial (quanto mais se usa, mais ela cresce)
e seu compartilhamento (o conhecimento tende a ser partilhado). Vale a
pena ressaltar que sobre esse tema não se tem ainda um consenso, exis-
tem muitas teorias e divergências nesse campo.
Como principal referência dessa discussão, temos os economistas
Shapiro e Varian, que defendem que “a tecnologia muda, mas as leis
da economia não”. Desse modo, é possível estudar economicamente
esse setor (SHAPIRO; VARIAN, 1999, p. 32).
34
PUBLIC DOMAIN FILES. Fingerprint Search with Slight Magnification. Disponível em: <https://bit.
ly/2H7tomf>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
35
FLICKR. Asenat29. Gift. Disponível em: <https://bit.ly/1rSEojq>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
36
PIXABAY. Devanath. Disponível em: <https://bit.ly/2HbhFU4>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Peter-Lomar. Disponível em: <https://bit.ly/2qFCGuI>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Nile. Disponível em: <https://bit.ly/2J14KQX>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
68 Economia da Informação
A decisão econômica entre qualidade ou alcance está sendo superada
a cada dia, em que pese ainda existirem assimetrias nessa informação.
No entanto, esse dilema parece estar sendo superado pela Economia da
Informação, pois cada vez mais é possível compartilhar um maior número
de informações com a qualidade exigida.
Figura 26 – Revistas são bons exemplos de bem de informação. Sua existência física
é dispensável, pois podem ser acessadas digitalmente. Isso é possível porque é o seu
conteúdo informacional que importa
37
FLICKR. Fieldsy.org. Disponível em: <https://bit.ly/2HuyhFl>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
70 Economia da Informação
Figura 27 – No ramo dos celulares, por serem produtos com grande carga tecnológica
e de conhecimento, é muito comum a fragmentação do processo produtivo. As empresas
dividem as fases de produção e montagem dos aparelhos entre vários países com o
objetivo, principalmente, de diminuir custos
Fonte: Pixabay38.
38
PIXABAY. Clker-Free-Vector-Images. Disponível em: <https://bit.ly/2Hblzfi>. Acesso em: 2 de
novembro de 2018.
72 Economia da Informação
Figura 28 – Os serviços do Dropbox, iCloud e Google Docs são exemplos de computação
em nuvem. Esses programas permitem que usuários criem e editem documentos on-line,
bem como, sincronizem músicas e arquivos ao mesmo tempo, usando qualquer dispositivo
com acesso à internet
Fonte: Pixabay39.
Um olhar atento sobre esse mercado nos mostra que uma conver-
gência de fatores propiciou a identificação da informação e do conhe-
cimento como um recurso estratégico para toda a sociedade, nossas
economias e nossas cidades. Nesse novo mercado que se desenhou, a
mercadoria informação apresenta características específicas, que discu-
tiremos na sequência.
A informação é um bem imaterial que, de certa forma, não obedece
às regras conhecidas de funcionamento de um mercado. Por exemplo, as
mercadorias em geral se destroem ao serem consumidas, a informação
não, quanto mais se usa a informação, mais ela cresce. A produção de
bens e serviços, dentro de uma economia, cresce de forma linear, já a
produção da informação cresce de forma exponencial, quanto mais se
utiliza, maior é sua produção.
Outra característica da mercadoria informação é que ela não respeita
fronteiras. Enquanto as barreiras alfandegárias podem conter a entrada
de uma mercadoria, o mesmo não acontece com a informação que não
respeita barreiras. Ela também não pode ser guardada, ela vaza, pois o
compartilhamento é uma característica da mercadoria informação.
Por fim, quanto mais informação existe no ambiente, maiores são as
chances de que eu e você nos tornemos pessoas informadas, com co-
nhecimento e, principalmente, com a capacidade de transformar esse
conhecimento em novas tecnologias através do processo de inovação.
Com a mundialização e as mídias digitais, esse efeito dominó tem sido
catapultado: vivemos não só em um ambiente físico em que o conheci-
mento está presente, como também em um ambiente virtual que oferece
oportunidades ainda não conhecidas em sua totalidade.
39
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2qGUcjb>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
Resposta comentada
Aqui listamos algumas das principais características da merca-
doria informação:
a) é imaterial/intangível;
b) não pode ser guardada por muito tempo, ela vaza;
c) pode ser compartilhada;
d) não se destrói com o consumo;
e) pode ser reproduzida praticamente sem custos;
f) cresce de forma exponencial, quanto mais é utilizada, mais
se expande;
g) não pode ser contida por barreiras alfandegárias.
2.4.8 Atividade
Quando pensamos na informação como mercadoria, podemos
distinguir dois tipos de informação. Com base nesse tópico, res-
ponda às questões a seguir:
a) Quais são os dois tipos de informação?
74 Economia da Informação
Resposta comentada
a) Informação social e informação mercadoria.
b) A informação social está relacionada aos interesses da gran-
de massa da sociedade, que, normalmente, tem baixo po-
der aquisitivo. Esse tipo de informação está relacionado ao
conhecimento das humanidades, dos benefícios e suportes
ao bem-estar das pessoas, e não pode ser indiferenciada cul-
turalmente.
Já a informação mercadoria está relacionada a interesses do
grande capital, como: negócios, ciência, tecnologia e inova-
ção com alto valor agregado, e é, portanto, indiferenciada
culturalmente.
Fonte: Pixabay40.
40
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2qHP0e8>. Acesso em: 2 novembro de 2018.
76 Economia da Informação
Quadro 5 – Classificação da informação
41
PIXABAY. 3dman_eu. Disponível em: <https://bit.ly/2Hy1jUE>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Kirill Vinokurov. Disponível em: <https://bit.ly/2HyJftG>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
PIXABAY. Geralt. Disponível em: <https://bit.ly/2qIld5Q>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
78 Economia da Informação
Sobre o valor econômico da informação, Moresi define que ela terá
um valor atribuído a partir do desejo, das necessidades e do interesse
dos seres humanos. Em outras palavras, será determinado pela utilidade
e satisfação gerada. Nesse sentido, a informação terá um valor quando
consumida em pequenas parcelas pelo consumidor final, mas seu maior
valor será atribuído quando ela fizer parte do processo de produção.
Uma informação terá valor na medida em que gerar lucro ou alavancar
vantagens competitivas. De maneira geral, a percepção do valor pode ser
influenciada pelos seguintes fatores:
a) identificação de custos;
b) entendimento da cadeia de uso;
c) incerteza relacionada à taxa de retorno do investimento em
informação;
d) dificuldades de estabelecer relações causais entre os insumos de
informações e produtos específicos;
e) tradição em tratar a informação como uma despesa;
f) diferentes expectativas e percepções do usuário;
g) fracasso em reconhecer o potencial comercial e o significado da
informação.
80 Economia da Informação
A mensuração do custo de troca dos clientes compõem grande parte
da avaliação do conjunto de consumidores de uma empresa. Os lucros
que um fornecedor pode esperar ganhar de um cliente são medidos pela
soma dos custos totais de troca com o valor de outras vantagens com-
petitivas, ou seja, quais outros interesses teria o consumidor em obter
determinada informação.
Custo Custo
médio médio
Quantidade Quantidade
Fonte: CARVALHO, 2004.
Custos variáveis
desprezíveis e constantes
Quantidade
Fonte: CARVALHO, 2004.
Resposta comentada
O custo engloba tudo o que é gasto na produção de um bem
ou serviço. Ele é o somatório do que se paga por todos os insumos
envolvidos na produção desse bem ou serviço. Já o valor é o preço
atribuído a um produto ou serviço e dependerá de fatores deter-
minados pelo consumidor, como: utilidade, benefício, longevidade,
garantia, satisfação produzida, entre outros.
2.5.5 Atividade
Correlacione os itens listados na coluna da esquerda com os
conceitos encontrados na coluna da direita.
82 Economia da Informação
Resposta
(5)
(3)
(1)
(4)
(2)
2.6 COMERCIALIZAÇÃO
DA INFORMAÇÃO
Por comercialização se entende a ação e o efeito de comercializar, ou
seja, colocar à venda produtos e serviços, dando as condições necessárias
para a sua venda ao consumidor. São os atos de intromissão realizados
do produtor até o consumidor. O conceito de comercialização comporta
várias acepções, é possível associar a comercialização à distribuição ou lo-
gística, ou à venda em lojas e armazéns. A comercialização também pode
se desenvolver a distância, através da internet, como vem sendo cada
vez mais comum. Neste tópico, quando falarmos em comercialização da
informação, destacaremos tanto os atos de intromissão como os atos de
produção e intermediação de serviços.
84 Economia da Informação
2.6.2 Comercialização da informação
A ideia de comercialização da informação pressupõe que existe um mer-
cado para a informação. O valor dessa informação no mercado dependerá
de fatores como: sua disponibilidade; a simetria, ou seja, até que ponto
uma parte tem mais informação que a outra; seu formato; a tecnologia
utilizada para sua distribuição e sua utilização, ou seja, seu uso, que deter-
mina o interesse de um consumidor em ter aquela informação.
O mercado da informação no Brasil está em processo de crescimento.
Nós, como cidadãos e consumidores desse mercado, não nos apercebe-
mos disso, mas ele está presente em nosso dia a dia e constantemente
vamos até ele em busca de seus produtos. Para Valentim:
86 Economia da Informação
autores citados, isso se apresenta como feedback positivo (ou alimen-
tação positiva), isto é, à medida que a base de usuários se expande, um Feedback, palavra da língua
número cada vez maior de usuários também acha que vale a pena utilizar inglesa que significa realimentar.
o sistema. O produto alcança massa crítica e passa a dominar o mercado. Também pode significar dar
resposta ou reação a determinado
Assim “o feedback positivo torna as redes ainda maiores.” (SHAPIRO;
estímulo.44
VARIAN, 1999, p. 27).
Um fato interessante citado por esses autores é que há uma diferença
essencial entre a velha e a nova economia: a economia industrial tradicio-
nal era movida pela economia de escala, já a nova Economia da Informa-
ção é movida pela economia de rede. Os autores atribuem ao conceito
de feedback positivo a explicação para tal mudança de comportamento
e estratégia de mercado.
2.6.4 Atividade
Liste alguns dos fatores que podem determinar o valor da infor-
mação para o mercado.
Resposta comentada
Listamos alguns dos fatores que foram citados ao longo da aula,
mas você pode encontrar outros ao realizar sua pesquisa:
a) disponibilidade da informação;
b) simetria, ou seja, até que ponto uma parte da sociedade tem
mais informação que a outra;
c) o formato em que a informação é oferecida;
d) qual a tecnologia utilizada para a distribuição e utilização.
2.6.5 Atividade
Segundo a autora e biblioteconomista Marta Valentim, pode-
mos identificar quatro tipos de mercado da informação. Identifique
de qual estamos falando nos itens listados a seguir.
a) Tipo de mercado em que estão inseridas as áreas de comu-
nicação e da ciência da informação.
44
Disponível em: <https://www.significados.com.br/feedback/>. Acesso em: 19 de abril de 2018.
Resposta
a) Mercado de informação de mídias.
b) Mercado de informação de referência.
c) Mercado de informação cultural.
d) Mercado de informação em ciência e tecnologia.
2.6.6 Atividade
Avalie a afirmação a seguir e discuta qual seria o papel da Biblio-
teconomia nesse cenário de democratização da informação.
88 Economia da Informação
2.7 CONCLUSÃO
Para o campo da Biblioteconomia, é muito importante compreender o
real valor e custo de produção da informação e ter acesso a sistemas de
aferição dessas dimensões. Como determinar o valor de uma base de da-
dos específica? Essa é uma questão muito importante para a tomada de
decisões tanto das organizações, sejam elas públicas ou privadas, como
para o consumidor final.
Essa questão, no entanto, está a desafiar os economistas no que diz
respeito à construção de modelos capazes de dar esse tipo de resposta.
A informação como mercadoria traz características singulares que dificul-
tam sua avaliação pelos sistemas atuais. Nesse sentido, as correntes eco-
nômicas dividem-se entre aqueles que acreditam que os modelos atuais
podem ser empregados para determinação do valor e custo da informa-
ção e, no campo oposto, aqueles que afirmam ser necessário utilizar a
criatividade para a construção de novos modelos.
O fato é que a realidade social é muito mais dinâmica do que a cons-
trução desses modelos. É preciso tempo para compreender esses fenô-
menos em todos os seus aspectos e ainda não temos uma compreensão
definitiva do alcance das mudanças introduzidas pelo avanço das TICs.
A tentativa mais importante nesse sentido foi a empreendida por
Shapiro e Varian nos anos 1990. O economista Josepht Stiglitz também
deu uma grande contribuição nessa área, ao demonstrar que a distribui-
ção da informação é assimétrica no sistema capitalista no início do século
XXI, o que lhe rendeu até um Prêmio Nobel de Economia.
O certo é que essa discussão ainda está muito longe de acabar e essa
é uma área em aberto para novos estudos que possam determinar o valor
de uma informação.
2.8 RESUMO
Nesta segunda unidade, estudamos alguns pontos, que ora destacamos.
Mercadoria é todo produto que se compra ou que se vende, ou seja, é
tudo o que se produz para troca e não para uso ou consumo do produtor.
A informação, enquanto mercadoria, apresenta características singu-
lares, como:
a) é imaterial, intangível;
b) não pode ser guardada por muito tempo, ela vaza;
c) pode ser compartilhada;
d) não se destrói com o consumo;
e) pode ser reproduzida praticamente sem custos;
f) cresce de forma exponencial, quanto mais é utilizada, mais se
expande;
g) não pode ser contida por barreiras alfandegárias.
90 Economia da Informação
c) institucional: constitui-se na fonte do significado e da legitimação,
que possibilita a consecução dos objetivos organizacionais.
92 Economia da Informação
UNIDADE 3
POSSE E ACESSO
À INFORMAÇÃO
Curiosidade
3.4 POSSE DA
INFORMAÇÃO
A posse da informação é algo fundamental numa sociedade. Castells
(2003) deixa muito claro isso quando afirma que aqueles que estiverem
fora dos fluxos de informação provavelmente estarão excluídos dos demais
fluxos de riqueza, renda, trabalho e direitos sociais.
Stiglitz (2001) fala sobre o quanto é vital para uma economia e para
a decisão econômica o acesso à informação e que a assimetria da infor-
mação acaba por gerar graves problemas econômicos e sociais. Rocha
conclui que só o acesso democrático à informação pode levar à formação
de redes participativas e democráticas cidadãs (ROCHA, 2008).
Segundo Quéau (1998), essa discussão sobre posse e acesso à informa-
ção, na verdade, é uma discussão sobre se a globalização é mesmo global.
Podemos afirmar, contudo, que as TIs não são boas nem más em si
mesmas, assim como qualquer outra tecnologia; a questão é qual o uso
que fazemos delas. Quéau sentencia:
45
Adaptado de: ARIAS, J. A espada de Dâmocles que aterroriza a classe política do Brasil.
El País, 4 de maio de 2016. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/05/03/
opinion/1462304104_308371.html>. Acesso em: 24 de abril de 2018.
Fonte da Imagem: Richard Westall. A espada de Dâmocles (1812). Disponível em: <https://bit.
ly/2Hp5VZP>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
96 Economia da Informação
3.5 ACESSO E ASSIMETRIAS
DA INFORMAÇÃO
A assimetria da informação é um fenômeno que acontece quando,
em uma negociação, uma parte tem mais e melhor acesso à informação
do que outra, e com isso obtém vantagens na negociação. Por outro
lado, com a internet, acreditamos que todos têm mais e melhor acesso à
informação, mas isso não é inteiramente verdade. Por quê? Porque nem
todos têm condições e as ferramentas necessárias para realizar análises
suficientemente adequadas sobre as informações disponíveis e de toma-
da de decisões sobre investimentos ou políticas econômicas.
Nos dias atuais, os economistas têm se interessado cada vez mais pela
Teoria das Informações Assimétricas. Essa teoria postula que determina-
dos mercados têm como característica o fato de a informação ser assimé-
trica, ou seja, uma parte tem muito mais informações que a outra. Por
exemplo, o empregador tem muito mais informações sobre o trabalho
que o empregado e o vendedor tem mais informações que o consumidor
na relação de consumo.
A informação assimétrica tem um efeito perverso sobre o vendedor:
a seleção adversa. Quando compradores e vendedores não têm condi-
ções de determinar a verdadeira qualidade do produto, fazendo com que
produtos de qualidades distintas sejam vendidos pelo mesmo preço, a
seleção adversa cria um desvio de eficiência no mercado. Esse desvio se
mostra como uma depreciação indiscriminada dos preços.
Para corrigir a assimetria de informações no mercado, os especialistas
dizem que a reputação seria um dos fatores para a diminuição da dispa-
ridade de informações. Outra forma de reduzir a assimetria das informa-
ções seria estabelecer sinalizações do mercado, a exemplo de selos de
qualidade, como o certificado do Inmetro ou da ABNT nos produtos.
Fonte: Wikimedia46.
46
WIKIMEDIA. Disponível em: <https://bit.ly/2JmiFRB>. Acesso em: 2 de novembro de 2018.
Explicativo
O Manual de Oslo é a principal fonte internacional de diretrizes
para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indús-
tria. A edição de 1997 incorporou o progresso feito na compreen-
são do processo inovador, a experiência adquirida com a rodada
anterior de pesquisas sobre inovação, a ampliação do campo de
investigação a outros setores da indústria e as últimas revisões das
normas internacionais de classificação.47
47
OBSERVATÓRIO FIOCRUZ. Referências em CTEI. Disponível em: <http://observatorio.fiocruz.br/
referencias-em-ctei/manual-de-oslo-proposta-de-diretrizes-para-coleta-e-interpretacao-de-dados-
sobre>.Acesso em: 24 de abril de 2018.
98 Economia da Informação
literalmente, criar ou apresentar algo novo, alguma ideia, algum método
ou aparelho novo. A inovação pode, é claro, ser mais aparente do que
real, pois a novidade é um termo relativo (ADAIR, 2010, p. 9).
A questão em relação à inovação é a seguinte: se de um lado ela é es-
sencial para a sobrevivência das organizações, de outro, se essas inovações
não forem protegidas, se não gerarem o direito à exploração comercial por
determinado período, os indivíduos inovadores não se sentirão estimulados
a inovar. É nesse ponto que entra a propriedade intelectual.
Curiosidade
Como o Google se tornou o mais poderoso mecanismo
de busca da internet
O que tornou o Google a empresa de crescimento mais rápido
na história mundial? Tudo começou com dois gênios do pensamento
criativo na área da computação da Universidade de Stanford, Larry
Page e Sergey Brin. Juntos, eles produziram uma resposta convincen-
te para a pergunta que vem à mente de todo usuário da internet:
Como posso encontrar, em ordem de importância, as páginas
da web mais relevantes a meu interesse no momento?
Um ingrediente fundamental de sua solução é um programa que
eles desenvolveram chamado PageRank (classificador de páginas),
que indica a importância de qualquer página da web, considerada
pela contagem do número de outras páginas ligadas a ela. Mas a
fórmula que eles usam para calcular a relevância de determinado
website funde-se ainda dentro de outros critérios: com que frequên-
cia as palavras-chave aparecem em uma página; se elas aparecem
na página título e assim por diante. Em 1998, equipados com essas
ideias, os parceiros inovadores fundaram uma empresa em uma ga-
ragem, cujo nome foi baseado em uma derivação da palavra inglesa
para 10 elevado a 100: o googol. Sua missão estabelecida é
“Organizar as informações mundiais e torná-las universalmente
acessíveis”
Fonte: ADAIR, J. Liderança para a inovação: como estimular e organizar a criatividade
para sua equipe de trabalho produzir ideias inovadoras. São Paulo: Clio Editora, 2010.
Fonte: Pixabay48.
48
Fonte da imagem: PIXABAY. Reagan-Ilunga. Disponível em: <https://bit.ly/2qZsugG>. Acesso
em: 02 nov. 2018.
49
PIXABAY. 3dman_eu. Disponível em: <https://bit.ly/2HcbElC>. Acesso em: 2 de novembro de
2018.
Explicativo
TRIPS é a sigla, em inglês, para Acordo sobre Aspectos dos Di-
reitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. É um
tratado internacional que estabelece padrões mínimos de proteção
a serem observados pelos membros, com relação a direito autoral,
marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, patentes e
outros ativos de Propriedade Intelectual.
Curiosidade
Streaming, a tecnologia do acesso sem posse
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TECHTUDO. Saiba mais sobre streaming, a tecnologia que se popularizou na web 2.0. Disponível
em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/05/conheca-o-streaming-tecnologia-que-
se-popularizou-na-web.html>. Acesso em: 24 de abril de 2018.
Fonte da imagem: FLICKR. Blue Coat Photos. Disponível em: <https://bit.ly/2qVnP0l>. Acesso em:
2 de novembro de 2018.
3.7.2 Atividade
“Sem acesso à informação não há cidadania.”
Discuta a premissa acima e explique como a Biblioteconomia
pode participar do processo de viabilização desse acesso.
Resposta comentada
Esta atividade não tem uma resposta fechada e você pode ava-
liar a questão sob diversas óticas. A seguir, oferecemos uma possi-
bilidade de resposta:
O acesso à informação e ao conhecimento é essencial à
cidadania. Dessa condição decorre o acesso a uma série de di-
reitos, por exemplo, sem acesso à informação e ao conheci-
mento, o ser humano não terá condições de ter um trabalho
3.7.3 Atividade
Na seção desta unidade chamada “Mercado × interesse públi-
co”, foram feitos alguns questionamentos, como:
a) A quem pertence a informação e o conhecimento?
b) Quem deve e quem pode utilizar o conhecimento e trazê-lo
a público como um produto informacional?
Após estudar o conteúdo desta unidade, como você respon-
deria essas questões?
3.8 CONCLUSÃO
O acesso à informação e ao conhecimento produzido a partir dela é
essencial para uma vida com dignidade nos dias atuais. Sem ele o cidadão
não consegue ter acesso a uma série de outros direitos, como educação,
cultura, emprego, moradia, lazer etc. À medida que a informação ganha
cada vez mais importância na sociedade do conhecimento, a exclusão
dos fluxos de informação provoca a exclusão dos demais fluxos existen-
tes, como poder, riqueza e direitos sociais.
3.9 RESUMO
Nesta última unidade da disciplina, vimos os pontos que se seguem.
Os indivíduos que estão fora dos fluxos de informação provavelmente
estarão excluídos dos demais fluxos de riqueza, renda, trabalho e direitos
sociais.
A assimetria da informação é um fenômeno que acontece quando, em
uma negociação, uma parte tem mais e melhor acesso à informação do
que outra, e com isso obtém vantagens na negociação.
Seleção adversa é quando compradores e vendedores não têm con-
dições de determinar a verdadeira qualidade do produto, fazendo com
que produtos de qualidades distintas sejam vendidos pelo mesmo preço.
Assim, ela cria um desvio de eficiência no mercado.
REFERÊNCIAS
ADAIR, J. Liderança para a inovação: como estimular e
organizar a criatividade para sua equipe de trabalho produzir
ideias inovadoras. São Paulo: Clio Editora, 2010.
Sugestão de Leitura
BOOF, L. A águia e a galinha: uma metáfora da condição
humana. Petrópolis: Vozes, 1997.
Economia da Informação
Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis
Departamento
de Biblioteconomia Semestre
Semestre
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