Origem Praga
Origem Praga
Origem Praga
1.1. Introdução
O reino animal é constituído por mais de 1.200.000 espécies de seres vivos, sendo que
96,6% são invertebrados (970.000 espécies pertencem ao Ramo Artrópode) e 3,4%
vertebrados. A superclasse Hexapoda é formada em mais de 99,5% pela classe Insecta.
Cerca de 950.000 espécies de insetos são conhecidas, ou seja, representam 75% dos
animais (25% são coleópteros). É o maior grupo de animais que habita a terra. Podem ser
úteis como as abelhas e bicho-da-seda (polinizadores) e nocivos como os fitófagos e os
vetores de doenças para o homem.
Os fósseis indicam que os insetos surgiram a mais de 380 milhões de anos (Período
Carbonífero). Adaptaram-se de tal forma que o homem (que surgiu a 1 milhão de anos), com
toda sua inteligência não conseguiu exterminá-los, numa luta desde os primeiros cultivos.
Nessa guerra interminável, o homem evoluiu bastante, aprendendo a conhecer o inimigo, suas
características, seus hábitos, seu comportamento, visando meios racionais e econômicos e
protegendo os seus aliados (os inimigos naturais das pragas).
Para o controle de pragas ou doenças em qualquer cultura, é preciso que haja uma razão
de ordem econômica. Todo agricultor tem a sua lavoura como negócio e não como obra
filantrópica. Assim tudo que afeta a produtividade da lavoura é motivo de preocupação por
parte dos lavradores que chegam, às vezes, ao exagero, tomando medidas antieconômicas
visando a solução do problema, porém com isso, prejudicando o meio ambiente e contaminando
alimentos.
Embora seja do conhecimento de todos que as plantas necessitam de folhas para uma
boa produção, esse conceito deve ser estudado para cada espécie vegetal e segundo sua fase
de crescimento. Na fase inicial do desenvolvimento, o rendimento ou a produção de matéria
seca é baixa, devido ao pequeno valor de índice de área foliar, crescendo à medida que a
folhagem aumenta em volume, devido ao maior aproveitamento da luz. Entretanto, com o
aumento do sombreamento, a taxa de assimilação aparente diminui (ganho de produtos de
fotossíntese). Desta forma deve-se levar em consideração o que se pretende explorar de uma
cultura. Em se tratando de massa vegetal como fumo, hortaliças ou erva-mate, quanto maior a
área foliar, melhor. Já para a produção de flores, frutos ou raízes, deve-se pesquisar a
relação ideal entre área foliar e a produção, isto é, conhecer o mínimo de folhas que permite
a máxima produção de frutos ou raízes (tubérculos). As plantas produzem muito mais flores e
frutos para a garantia da sobrevivência da espécie. Assim, admite-se que a perda normal que
a planta sofre pode ser consumida pela praga, pois nesse caso não haveria prejuízo para o
agricultor. Infelizmente as pragas não se limitam a consumir o que não é aproveitado; motivo
pelo qual, surgem os problemas com elas relacionadas.
Dentro da classe insecta a rande maioria das pragas agrícolas pertencem às ordens
Coleoptera, Lepidoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Isoptera, Orthoptera, Diptera e
Thysanoptera.
a) Fatores econômicos
a) Monocultura: proporciona ao inseto o alimento abundante pela quebra do ambiente
natural,
b) Uso inadequado dos inseticidas químicos: usar produtos não seletivos aos inimigos
naturais, redução ou aumento da dose recomendada; selecionando populações de pragas
resistentes,
c) Técnicas culturais inadequadas. E surgimento de novas téccas de cultivo como o
plantio direto que favorece pragas que vivem no solo,
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d) Armazenamento impróprio: não realizar a limpeza ou tratamento de produto que vem
do campo pou depois de já armazenado,
e) Comércio: favorece a disseminação pelo transporte de mudas e sementes infestadas.
Também insetos são transportados para áreas exóticas;
f) Melhoramento genético. A seleção de variedades mais produtivas reduz a
rusticidade das plantas,
g) Introdução involuntária: introdução de espécies de plantas e insetos exóticas em
novas regiões.
b) Fatores ambientais
Os fatores climáticos como temperatura e umidade do ar ou solo podem afetar a
biologia das pragas e seus inimigos naturais; podendo também afetar o crescimento vegetal,
deixando as plantas mais suscetíveis as populações e insetos.
Os insetos causam danos diretos atacando o produto a ser colhido, ou indiretos, quando
atacam partes da planta que não serão comercializadas, mas que alteram processos
fisiológicos, com reflexos na produção. Alguns insetos também atuam como trasmissores de
patógenos vegetais, principalmente vírus ou facilitando a proliferação de bactérias e o
desenvolvimento e fungos (fumagina) e outros patógenos.
Quanto ao aparelho bucal, basicamente a maioria dos insetos-praga mais importantes
podem ser divididos em dois grupos: Aparelho mastigador (ou triturador) e sugador labial (ou
picador-sugador).
MASTIGADOR: possuem aparelho bucal que realiza o corte das diferentes partes da
planta. Quando cortam folhas, por exemplo, retardando o crescimento por reduzir a área de
captação de luz. Abrem galerias no caule, interrompendo a circulação da seiva e afetando o
desenvolvimento. Destroem botões florais, alimentam-se das flores reduzindo a produção de
sementes. Destroem completamente as sementes ou diminuem o poder germinativo e atacam
as raízes.
PICADOR- SUGADOR : pela sucção podem causar perda do vigor das plantas, redução
da área assimiladora pelas necroses que provocam, danos nos órgãos florais e redução da
produção de sementes. Facilitam a entrada de agentes patogênicos, transmitindo viroses.
Introduzem toxinas nas plantas causando dformações.
Sempre que vemos um inseto se alimentando de uma planta, nunca pensamos que a
planta possa estar se beneficiando, porque tradicionalmente, o ataque dos insetos é encarado
como prejudicial à planta.
Os insetos fitófagos podem causar 3 possíveis efeitos nas plantas:
a) Diminuição no crescimento e produção: a planta pode compensar estes danos
afetando a produção, ou os danos causados pelo inseto podem ativar o desenvolvimento maior
do que seria sem o ataque.
b) Aumento da atividade metabólica: soja pode sofrer redução de até 30% da área
foliar antes do estágio de formação das vagens (período suscetível ao dano), sem perda no
rendimento.
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1.7. Tipos de danos
Uma observação no campo revelará a grande diversidade de pragas que são encontradas
e mostrará diretamente suas relações com as plantas e outros organismos. A diversidade de
hábitos é muito grande. Nesta observação, chamarão atenção os insetos fitófagos e os
entomófagos (parasitóides e predadores de outros insetos).
O livro Entomologia agrícola (GALLO et al, 2002) cita que, em termos mundiais, os prejuízos
causados por pragas, doenças e plantas daninhas, atingem cerca de 38%.
1.8. Exemplos de pragas
a) Insetos mastigadores
Consumidores de folhagem: podem comer parcial ou total.
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1) Lepidoptera:
Noctuidae: Alabama argilacea – curuquerê-do-algodão que corta e ingere a folha do
algodoeiro; Spodoptera frugiperda - lagarta militar (polífaga, ataca milho e muitas
gramíneas); Sphingidae: Manduca sexta paphus - mandarová do fumo (ataca solanáceas);
Erinnyis ello - mandarová da mandioca (ataca Euphorbiaceaes).
2) Coleoptera:
Chrysomelidae: família de importância econômica com pragas perfuradoras de folhas.
Orifícios mais ou menos regulares e circulares na folhagem. Atacam diversos cultivos
agrícola.
Epitrix – pulga-do-fumo, batata; Diabrotica speciosa - vaquinha, desfolhadora de diversas
culturas.
3) Hymenoptera:
Formicidae: Compreende as formigas cortadeiras de folhas para cultivarem fungos
que serão usados na alimentação dessas formigas. Exemplos nos g6eneros Atta e
Acromyrmex
Meliponidae: esta família compreende abelhas pretas sem ferrão. Atacam (roem e
escarificam) frutas cítricas e flores e outras plantas com casca pinus. Gênero Trigona.
4) Coleoptera:
Curculionidae: Sitophilus spp. - perfuram grãos armazenados.
b) Minadores
Estes insetos em sua forma larval, atacam as folhas, até talos e frutos, entre as duas
epidermes, construindo galerias:
1) Lepidoptera:
Lyonettidae: Peryleucoptera - bicho mineiro da folhas de café; Phyllocnistis citrella
– lagarta minadora dos citros.
2) Coleoptera:
Chrysomelidae: as larvas minadoras do gênero Xenochalepus minam folhas de
feijão.
3) Diptera:
Agromyzidae: os gêneros Agromyza, Liromyza, atacam diferentes plantas, tanto
cultivadas, como ornamentais, fazendo galerias em forma de serpentina na folhagem.
c) Destruidores de raízes
São insetos subterrâneos (vivem no solo durante a fase ativa de alimentação),
danificam pelo corte ou sucção de nutrientes
1) Orthoptera: Gryllotalpidae: Neocurtilla (cortam as raízes)
2) Hemiptera: Cydnidae: Scaptocoris catanes (sugam a seiva nas raízes de diversas
plantas)
e) Vetores de doenças
Transmissores principalmente de vírus fitopatogênicos. Exemplo: pulgões em feijão,
algodão.
f) Insetos raspadores-sugadores
a) Thysanoptera: os tripes, causam danos pelo seu aparelho bucal raspador-sugador que
causam necrose nos tecidos foliares, podendo causar desfolhamento total em ataques
intensos. Podem deformar botões ou flores, provocar cicatrizes em frutos, bulbos, etc. Os
gêneros mais importantes são Thrips e Frankliniella.
g) Insetos perfuradores-sugadores
Quase a totalidade da ordem Hemiptera vive às expensas de vegetais, perfurando e
sugando a seiva de diversas partes da planta, sendo o dano, nem sempre aparente.
A sua maior importância é ser vetor de doenças, causando danos secundários e indiretos.
Destacam-se neste grupo as seguintes famílias:
a) Hemiptera: Coreidae, Miridae, Pentatomidae, Tingitidae; Homoptera: Aleyrodidae
(mosca branca), Aphididae (afídeos), Coccidae (cochonilhas), Cicadelidae (cigarrinhas),
Delphacidae, Membracidae, Cicadidae (cigarras).
h) Danos mistos
1) Danos por proteção e transporte de pragas
Hymenoptera:
Formicidae: há diversos gêneros de formigas que protegem e transportam pragas
como cochonilhas. Uma simbiose que permite a permanência e dispersão. As formigas se
alimentam dos açúcares excretados pelas cochonilhas e em troca lhes dão proteção contra
inimigos naturais. As formigas não danificam as plantas; porém as cochonilhas sim.
a) Uninomiais: expressos por uma única palavra, com um substantivo ou adjetivo. Para
Filo a Sub-tribo escritos em maiúscula e não são grifados.
Coelenterata (Filo); Insecta (Classe); Curculionidae(Família).
O nome dos táxons do grupo do Gênero são uninomiais, singular, escritos com maiúscula
e grifados: Apis, Musca.
Níveis populacionais
Densidade populacional
a) Nível de equilíbrio (NE): É a densidade populacional média da população durante um
longo período de tempo. Reflete a população da praga na lavoura sem causar dano
significativo.
b) Nível de Controle (NC) “Threshold” ou Limiar: É a densidade populacional onde
medidas devem ser tomadas para impedir que a população atinja o nível de dano econômico.
c) Nível de Dano Econômico (NDE): É a menor densidade da população capaz de causar
perda econômica. Ë o nível populacional da praga cujo controle resulta em benefício econômico
ao menos equivalente ao custo da ação de controle . É o ponto de equilíbrio entre o custo e o
benefício.
1) LITERATURA BASE
GALLO, D.; NAKANO; O., NETO, S.S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; FILHO, E.B.;
PARRA, J.R.P.; ZUCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIN, J.G. 1988. Manual de Entomologia
GALLO, D.; NAKANO; O., NETO, S.S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; FILHO, E.B.;
PARRA, J.R.P.; ZUCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIN, J.G.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C.
2) LITERATURA GERAL
PANIZZI. A.R.; PARRA, J.R.P. 1991. Introdução à ecologia nutricional de insetos. p.1-8.
TAIZ, L.; ZEIGER, E.. Fisiologia vegetal. 3ed.. Porto Alegre: Artemed, 2004. 719p.
WALDBAUER, G.P. 1968. The comsumption and utilization of food by insects. Advances in
• Environmental Entomology
4) Internet:
www.insectimages.org
É um interessante local de busca de fotos da pragas agrícolas e os danos que elas realizam
nas plantas que atacam.