2408 8237 2 PB
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http://www.revistas.unilasalle.edu.br/index.php/desenvolve
Canoas, v. 4, n. 3, nov. 2015
http://dx.doi.org/10.18316/2316-5537.15.12
Resumo: O sucesso é parte integrante da família Koch. Os negócios iniciaram em meados de 1980, contando com o
apoio incondicional de seus pais e irmãos que, em 1994, ampliaram seu negócio e investiram no que seria o primei-
ro supermercado na cidade de Tijucas/SC. O crescimento da organização, que está em sua essência, acompanhado
de uma dificuldade em contratar pessoas. Existe carência de mão de obra no mercado, e essa pauta foi discutida na
última reunião do grupo e é sabido que o turnover e o absenteísmo são altos no setor. Diante desse quadro, a empresa
buscou alternativas para minimizar esse problema. O propósito do caso é descrever a evolução de uma empresa de
sucesso que apresenta dificuldades na contratação de pessoas bem como estimular a reflexão dos alunos incitando-
-os a vivenciarem por meio desse caso os dilemas de uma organização.
Palavras-Chave: Gestão de Pessoas; Expansão.
WHERE YOU BEEN IN THE LAST MEETINGS? THE CASE OF KOCH HIPERMERCADOS
Abstract: Success is part of Kochs. The business started in the mid 1980s relying on the unconditional support of
his parents which in 1994 expanded their business and invested in what would be the first supermarket in the city
of Tijucas / SC. The growth of the organization is in its essence, along with the descent there is a difficulty in hiring
people. There is a lack of skilled manpower in the market, this agenda was discussed at the last meeting of the group
and it is known that turnover and absenteeism are high in the industry, facing this situation, the company sought
alternatives to minimize this problem. The purpose of the event is to describe the evolution of a successful company
that presents difficulties in hiring people and stimulate reflection of learners by encouraging them to experience it
through this case the dilemmas of an organization.
Keywords: People Management; Expansion.
1
Mestre em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Graduada em Administração pelas Faculdades
Integradas ASSESC (ASSESC). Endereço: 310 Codman Hill Rd, Boxborough, Massachusetts, MA 01719, Estados Unidos da
América. E -mail bianca.costa.amorim@gmail.com
2
Mestre em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Especialista em Gestão Empresarial pela Facul-
dade Gama Filho (FGF). Graduado em Design pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Atua como professor na Facul-
dade AVANTIS e Faculdade Porto das Águas (FAPAG).
3
Mestre em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Graduado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRG)
4
Mestre em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).
88 Bianca Costa Amorim; Ismael Luiz dos Santos; Daniel Penz; Leonardo Costa
1. Introdução
Dezoito anos de intensas mudanças, assim é a história bem sucedida da empresa Koch, que iniciou
suas atividades em meados de 1980 com o comércio de frutas e verduras em Antônio Carlos/SC. Quatorze
anos depois, surgiu a oportunidade de diversificar os negócios, a primeira loja foi instalada no município
de Tijucas/SC. A história do supermercado se confunde com a história da cidade, pois a primeira loja do
supermercado Koch também foi a primeira loja de supermercado do município. O desejo de crescimento
levou os fundadores a investir na expansão, o forte ritmo de desenvolvimento nos últimos anos gerou um
total de nove lojas no estado de Santa Catarina.
Segunda-feira foi o dia escolhido para as reuniões e, como toda boa segunda-feira, os irmãos Koch
se reuniam no café do supermercado, Sebastião, diretor de expansão; Albano, diretor de marketing; Ge-
raldo, diretor administrativo; José, diretor geral e Antônio, diretor de recursos humanos. Zé (assim ele era
chamado por seus irmãos) era sempre o primeiro a chegar e, costumeiramente, fazia o pedido para todos,
afinal, os hábitos dos irmãos permaneceram praticamente os mesmos durante os últimos anos, a não ser
Sebastião, que recentemente “descobriu” as delícias de um latte machiato.
Com todos presentes, Sebastião, saudosista, relembra os primeiros anos do supermercado, das di-
ficuldades às realizações, então Zé começa a contar a história da empresa: “O Koch Hipermercados está
entre os mais conhecidos supermercados do litoral de Santa Catarina, pensar que começamos com o seu
espírito empreendedor, Sebastião, me lembro que o Albano ainda era pequeno. Morávamos em Antônio
Carlos e durante doze anos plantamos e vendíamos hortifrutigranjeiros, realizávamos feiras de frutas e
verduras na grande Florianópolis e cidades vizinhas, incluindo Tijucas, onde surgiu nossa primeira opor-
tunidade no ramo supermercadista, nesta pequena, mas promissora cidade”.
A primeira página do caminho trilhado pelos irmãos Koch foi em 03 de novembro de 1994, foi
quando seu maior sonho foi realizado: a abertura da primeira loja do supermercado Koch, contando com
43 colaboradores. Cinco anos mais tarde, em 23 de novembro de 1999, foi adquirido o maior terreno dis-
ponível no centro de Tijucas e, contrariando a população que residia ali, foi aberta a segunda loja. Esta foi
tida como o maior centro comercial do Vale do Rio Tijucas; pois, além do supermercado, continha uma
estrutura com lojas de conveniência e estacionamento coberto para os clientes, bem como um centro de
distribuição para o que era o início de uma rede.
A próxima página da história da rede Koch segue para Camboriú; em 2003, foi aberta a terceira
loja da rede, esta unidade atualmente fornece o melhor resultado financeiro por metro quadrado. A loja
precisou de uma reforma, foi necessário ampliar a área, cobrir o estacionamento, aumentar o número de
funcionários que na ocasião eram de 89 e depois da ampliação passou a contar com 135 colaboradores. A
quarta unidade coincide com o aniversário de 11 anos da empresa, em 27 de dezembro de 2005, às mar-
gens da BR 101, no município de Itapema.
No aniversário de 15 anos, ao debutar, os irmãos chegaram a um consenso: “temos que ser grandes”,
assim a expansão prossegue. Em 2010, o supermercado Koch já havia se tornado o Hipermercado Koch e
chegava a vez de Itajaí ganhar a quinta loja da rede, sua estrutura conta com lojas de conveniência, praça
de alimentação e estacionamento ao ar livre e coberto. Em Itajaí, houve a forte atuação das grandes redes,
diferentemente das outras localidades, o que dificultou seu estabelecimento.
A sexta unidade se deu, pela aquisição de um supermercado, completamente por impulso, ou seja,
A sétima loja foi aberta em 2011, em Porto Belo, no mesmo ano e também por uma excelente opor-
tunidade na aquisição de um supermercado o antigo, o São José.
O incremento da oitava unidade se deu também em 2011 e se mostrou como uma oportunidade
percebida, em um município que sempre foi visto com bons olhos aos empresários e que já possuía uma
unidade da rede, Camboriú. A nona loja foi montada às margens da BR 101, no município de Itapema, em
2012, completando assim 3 lojas nesta localidade e, dessa forma, atendem cerca de 80% da população de
Itapema. Pode-se observar de forma resumida o processo de expansão da empresa na figura 1.
O plano de expansão para 2013 conta com a projeção de novas unidades, a décima loja será em
São João Batista/SC para atender aos peregrinos que visitam o Santuário da Madre Paulinha. Além dessa
unidade, novos terrenos estão sendo adquiridos para a possibilidade de futuras instalações nas cidades
de Navegantes, Barra Velha, São Francisco do Sul, Brusque, Jaraguá do Sul, Blumenau, além de outras
cidades com potencial para mais lojas Koch. Caminhando junto com a expansão, planeja-se que o sistema
logístico e o centro de distribuição sejam realocados entre o final de 2013 e início de 2014.
Antônio Koch, diretor de Recursos Humanos da empresa, orgulhoso, comenta: “Nossa empresa hoje
conta com um quadro de mais de 1800 colaboradores, e esperamos que, até o final de 2014, alcancemos
a marca de 2300 funcionários”. Entretanto Antônio reconhece a dificuldade de contratar pessoas, ele sabe
que o setor supermercadista passa por este problema e procura superar da melhor forma possível.
2. Contexto
O setor supermercadista é considerado um dos mais prósperos e evoluídos ramos do varejo brasi-
leiro, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento econômico e social do país. As modernas
técnicas de gestão, a tecnologia da informação, a propaganda em massa, a logística e a busca constante
por novos produtos têm contribuído para seu crescimento. No âmbito social, o supermercado possibilitou,
pela sua eficiência e baixo custo de distribuição, preços baixos, tornando os produtos de alto consumo
acessíveis a quase todas as camadas sociais. A introdução e a evolução do setor supermercadista no Brasil
O detalhamento das 5 melhores redes Catarinenses classificadas entre as 120 primeiras do ranking
da ABRAS está descrito resumidamente no quadro 2.
O quadro 3 apresenta o crescimento do setor, comparando os anos de 2010 a 2012 (de acordo com
dados apresentados pela revista Supermercado Moderno em 2013), acrescentando informações do depar-
tamento de economia e pesquisa da ABRAS e destacando as perspectivas do setor supermercadista para
2013 e a projeção para 2014.
Quadro 3: Crescimento do Setor
Perspec- Variação
Variação Previsão Variação
Ano 2010 2011 2012 tiva para 2012/
2011/2012 2014 2013/2014
2013 2013
Faturamento
203,9 224,3 242,9 8,30% 264,8 9,00% 313,4 8,60%
em Bilhões
Número de
79 82 83,6 1,90% 85,2 1,90% 90,1 3,80%
Lojas em mil
Número de
Check-out em 94,7 206,6 210,2 1,70% 215,9 2,70% 233,6 5,40%
mil
Número de
Funcionários 745,2 967,7 986,1 1,90% 1008 2,20% 1052 4,40%
em mil
Área de Ven-
12,7 20,6 21 1,90% 21,2 1,00% 21,9 2,00%
das mil m²
Participação
5,5 5,40% 5,50% 5,50% 6,00%
no PIB
Fonte: Adaptado de ABRAS (2013) e Supermercado Moderno (2013)
Todos olham para Antônio e o silêncio se instaura. “Hã?” - diz Sebastião irônico, “Você esteve
presente nas últimas reuniões do último mês? Nosso processo de expansão? E nossa diretriz de continuar
crescendo a qualquer custo?”
Antônio explica:
- Não conseguimos manter, nem contratar funcionários! Estamos com dificuldade em resolver os
problemas de absenteísmo e turnover, falta comprometimento de nossos funcionários. Desse jeito, não
temos condições de expandir.
- Somos o 4º em Santa Catarina e o 62º no Brasil, segundo o ranking ABRAS, nosso faturamento
foi de 87 milhões de reais em 2007 e passou a 288 milhões em 2012 e ainda discutimos se não podemos
crescer?
Geraldo acrescenta:
- Mas, Zé, não se esqueça de que, apesar de o faturamento estar crescendo a mais de cinco anos con-
secutivos, as margens de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) não mantêm
o mesmo desempenho. E as taxas de juro ainda são preocupantes, apesar da baixa nos últimos meses.
Os ânimos se exaltaram, a discussão foi generalizada, e a reunião termina sem alcançar nenhum
consenso.
– Viu, Albano! Mais um ano crescendo vertiginosamente, assim ninguém nos segura! E ainda estão
preocupados com as pessoas para trabalhar?
Antônio teve que concordar com Zé; pois, com o ritmo de crescimento, amparado pelos dados fi-
nanceiros, o empecilho do absenteísmo e do turnover não poderia impedir a expansão.
Eis que bate a sua porta Geraldo acompanhado do Ednei, gestor financeiro, para conversar sobre as
possibilidades de captação de recursos para investir na construção dos novos projetos. Zé detecta no irmão
um olhar preocupado e questiona: - Aconteceu alguma coisa, Geraldo?
Geraldo desabafa: – Apesar das taxas de juro favoráveis dos últimos meses, o nosso fluxo de caixa
não nos permite assumir novas dívidas, não sem o aporte de capital dos sócios.
Zé interrompe Geraldo e diz: - Cada um com a sua função. Geraldo, cuide de comprar e vender
bem, pois sobre a construção de mais lojas, deixe com o Sebastião, ele é o responsável pela expansão.
Preocupado com a gestão das pessoas, Antônio buscou, juntamente com Alicia, supervisora de trei-
namento e desenvolvimento (T&D), um levantamento de mais especificidades sobre a equipe de funcio-
nários.
A faixa etária dos colaboradores operacionais é de, em média, 20 anos e, para cargos de gerência, de
28 anos; entre esses dois cargos, somam-se 183 colaboradores. No último ano, o Koch havia contratado
1.846 funcionários, um número maior que seu quadro de colaboradores, e teve a participação de 2.954
pessoas inseridas nos mais diversos treinamentos oferecidos pela empresa.
No relatório apresentado por Antônio, o maior destaque foi a reclamação devido à jornada de tra-
balho e ao fechamento das lojas em apenas dois dias no ano, 1º de Maio e Natal. Outro índice importante
apresentado foi que, para cada 10 colaboradores novos, seis saem em menos de seis meses, somente dois
chegam a completar um ano de trabalho.
E, apesar de, no ano de 2012, o Koch ter contratado 1.846 funcionários, um número maior que seu
quadro de colaboradores, o supermercado contou com a participação de 2954 pessoas nos mais diversos
treinamentos oferecidos pela empresa.
- Não conseguimos reter talentos, isso é fato, nosso turnover anual é de 5.8, e o absenteísmo é de
6.3 e, apesar de estar entre a média do estado, poderíamos rever técnicas para melhorar estes resultados.
Diz Alicia.
Sem hesitar, Alicia responde: - Passei um ano trabalhando no projeto de progressão profissional, o
qual até o momento não me deixaram colocar em prática. Estão sempre encontrado um empecilho. Os trei-
namentos contam com pouco recurso financeiro para serem realizados, a estrutura de T&D não comporta
mais o número de funcionários, e a avaliação de desempenho está obsoleta.
- Nosso investimento em pessoas é da ordem de R$ 10.000/ano, você tem autonomia para trabalhar
dentro desse valor, sem excessos.
Alicia, resignada, fica calada, refletindo sobre formas de lidar com essa necessidade diante do valor
3.3 Há vagas
Viviane, com 24 anos de idade, recentemente assumiu a gerência de recrutamento e seleção da ma-
triz (loja 1) e, diante das necessidades, segue com a agenda dos processos seletivos. Houve uma chamada
pública, por meio de jornal impresso, que solicitava seis operadores de caixa, três empacotadores, um
repositor e dois balconistas de padaria. Para preencher as onze vagas, apresentaram-se quatro pessoas que
agendaram suas entrevistas.
O primeiro candidato à vaga agendado para a entrevista foi Jean. Viviane questiona o candidato
quanto a sua vida e o que ele espera dessa vaga, Jean fala:
- Tenho 16 anos de idade, gosto de desafios, mas não da competição por esportes, pois sou gordinho
e nesse ponto nunca consegui me destacar, curso o segundo ano do ensino médio, tenho notas boas, nunca
peguei recuperação, mas também nunca trabalhei. Meu pai é pedreiro e minha mãe é cozinheira, estou me
candidatando a empacotador, estou no início da minha vida profissional, sei que não possuo experiência,
mas gostaria de entrar no quadro de funcionários do Koch.
A segunda candidata é Mayra, o procedimento para a entrevista é o mesmo, e a candidata à vaga fala:
- Meu nome é Mayra, tenho 17 anos de idade, estou no último ano do ensino médio, quero muito
trabalhar, gostaria de trabalhar de caixa, será que tem uma vaga para eu trabalhar até sábado ao meio-dia?
O processo seletivo continua e entra Pedro, questionado da mesma maneira, ele começa:
- Meu nome é Pedro, sou filho do Joaquim, grande amigo do seu chefe, Antônio. Não possuo expe-
riência em outros trabalhos, mas gostaria de começar aqui nessa empresa. Meu pai disse que seria uma boa
experiência pra mim e que eu aprenderia bastante. Trouxe meu amigo Maicon junto, espero que nós dois
sejamos contratados, somos amigos desde a infância.
- Tenho 17 anos e já trabalhei em uma grande rede de fast food, passei por diversas funções e nos
últimos tempos eu operava o caixa. Saí de lá porque quero aumentar meu salário, quero crescer profissio-
nalmente e eu não conseguia enxergar isso lá, talvez aqui eu tenha uma oportunidade.
Como havia mais vagas oferecidas do que candidatos, todos foram contratados e alocados de acordo
com as maiores necessidades da empresa.
Contratar pessoas sem possuir todos os critérios estipulados pela empresa, tais como escolaridade e
experiência para as áreas específicas, vem sendo uma constante. Num passado recente, foi criado um Pla-
no de Progressão Profissional, um programa muito bem estruturado, porém utilizado de maneira errada,
apenas para amenizar as cobranças de promoções.
Este programa primeiramente estabelece oportunidades, 89% para os cargos iniciais, como opera-
dores de caixa, empacotador, balconista de padaria e auxiliar de limpeza, todos os colaboradores com um
ano de casa já foram promovidos pelo menos uma vez.
- Precisamos votar a pauta da expansão. Fazer o Planejamento de quais cidades terão as próximas
unidades do Koch.
Sebastião, animado com a prospecção de novas lojas, apresenta os relatórios que Albano havia feito,
com uma análise detalhada dos mercados a serem explorados. “Vamos discutir a viabilidade de um ataca-
do em Itapema” - disse Sebastião. Zé se manifesta dizendo:
- Não temos funcionários! Não temos funcionários suficientes para as lojas que estão abertas! Não
temos funcionários para as lojas que estão parcialmente compradas! Não temos funcionários para as futu-
ras lojas! De nada adianta expandir a rede se não existem pessoas dispostas a trabalhar lá! Temos uma de-
manda mensal de 150 funcionários nos diferentes cargos dos supermercados da rede, nosso turnover anual
é de 5.8, e absenteísmo é de 6.3. Oferecemos um salário superior à média oferecida por nossos concorren-
tes. Temos diretrizes para a contratação que não funcionam em razão da baixa demanda de empregados.
Estamos contratando pessoas que não têm um mínimo de experiência ou que têm baixa escolaridade, isso
é lastimável. Estamos trabalhando no limite do aceitável, precisamos de mais gente, pois nossos clientes
precisam se sentir bem atendidos, senão eles vão para o concorrente. De nada adianta pensar na expansão
sem as pessoas que precisam fazer parte desse empreendimento.
Todos, sem nenhuma exceção, olhavam fixamente para Antônio e continuaram assim mesmo depois
que ele terminou de falar. Zé se pronuncia na sequência:
- Ok, precisamos resolver o problema de pessoal; mas, Antônio, você é o diretor de Recursos Hu-
manos da rede, você e a sua equipe precisam gerir as dificuldades, da mesma forma como eu e os outros
gerimos as nossas. É de sua reponsabilidade apontar as causas, bem como as possíveis soluções para os
problemas. É de meu conhecimento que o orçamento destinado para pessoal aumentou em 23%. Você
permitiu que esse problema chegasse a essas proporções, e agora? Para seguirmos com nosso crescimento,
precisamos tomar algumas resoluções. Que medidas você vai tomar para sanar esse problema?
5. Notas de Ensino
5.1 Utilização recomendada
O caso Hipermercado Koch é indicado para alunos de graduação e pós-graduação, bem como para
É recomendada a utilização do caso em uma seção na qual o professor esteja abordando o conceito
de Gestão Estratégica e Gestão de Pessoas. Se necessário, o professor poderá utilizar-se de recursos mul-
timídia para uma adequada exposição dos conceitos centrais, conforme sugerido pelo quadro 4.
Quadro 4 - Proposta de distribuição das atividades
Com a utilização deste caso, espera-se que os alunos possam vivenciar as demandas de uma empresa
de um grande segmento e, desta maneira, refletir sobre quais atitudes são passíveis para a resolução dos
problemas, ponderando as vantagens e desvantagens, bem como compreendendo os possíveis fatores crí-
ticos para o sucesso. Ainda espera-se que os alunos sejam capazes de propor estratégias competitivas que
garantam o crescimento sustentável da empresa.
1. Conceitue a Matriz SWOT e construa uma proposta de Matriz classificando os principais aspectos
relevantes identificados no caso e classificando-os como forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
6. Análise do caso
1. Conceitue a Matriz SWOT e construa uma proposta de Matriz classificando os principais aspectos
relevantes identificados no caso e classificando-os como forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
Idealizada por Michael Porter (1986), o modelo das Cinco Forças pode ser compreendido como
uma ferramenta que auxilia a definição de estratégia da empresa e leva em consideração tanto o ambiente
externo como o interno, e cada uma delas deve ser analisada em um considerável nível de detalhamento;
pois, para uma empresa desenvolver uma estratégia competitiva, precisa estar em consonância com tal
estrutura. As influências externas são: as ameaças de novos entrantes; o poder de negociação dos fornece-
dores; o poder de negociação dos compradores; as ameaças de serviços substitutos; e a rivalidade entre as
empresas existentes.
A analise SWOT é uma sigla que indica a primeira letra das palavras Strenghts (força), Weaknesses
(fraquezas), Opportunities (Oportunidade) e Threats (ameaças) e é uma definição das fraquezas e forças de
uma empresa, bem como as oportunidades e ameaças inseridas em seu ambiente interno e externo.
A análise SWOT, de acordo com Dias (2005), obtém-se por meio de uma análise do ambiente exter-
no: a verificação dos fatores como economia, política, aspectos sociais, demográficos, culturais e tecnoló-
gicos, sendo possível revelar à empresa os melhores caminhos que devem ser seguidos, tendo sempre uma
perspectiva de crescimento da empresa e de todos os envolvidos nesse processo. Yanaze (2007) destaca
que a averiguação das forças e fraquezas, oportunidades e ameaças advém sempre dos resultados de uma
análise combinada, na qual as condições internas devem ser sobrepostas e confrontadas com as situações
do ambiente de negócios da empresa.
A partir dos conceitos expostos, entende-se que a função da SWOT é compreender os fatores in-
fluenciadores e apresentados pela empresa Koch, como eles podem afetar a iniciativa da organização,
levando em consideração as quatro variáveis: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
Analisando o ambiente interno do Koch, podem-se obter como referência as Forças e Fraquezas
da organização, as duas são variáveis controláveis, tendo ciência de que cada vez mais as pessoas que
analisam o ambiente interno de uma empresa devem utilizar uma mentalidade globalizada. Segundo Hitt,
Ireland e Hoskisson (2008), mentalidade globalizada é a capacidade de estudar um ambiente interno de
maneira que não dependa das premissas de um único país, cultura ou contexto. Acrescentam ainda que
muitas empresas se deparam com ambientes externos extremamente turbulentos, complexos e globais –
condições que tornam sua interpretação cada vez mais difícil e, para lidar com dados ambientais, faz-se
necessário a análise do ambiente externo.
Destacam-se algumas evidências para análise e construção da matriz SWOT da empresa analisada
neste estudo como apesentados nos tópicos abaixo.
A inauguração da décima unidade da rede Koch em São João Batista/SC pode ser considerada como
um provável fator crítico de sucesso relacionado a uma força e/ou oportunidade como pode ser percebida
na seguinte passagem do caso: “E a décima loja da rede abre as portas quando? Indaga Sebastião”.
O absenteísmo e turnover é um provável fator crítico de sucesso relacionado a um ponto fraco e/
Parcerias; WALMART;
Ameaça
Fatores internos e externos devem ser destacados e referenciados dentro de todos os aspectos, trata-
dos como pontos fortes ou fracos da empresa em estudo.
O quadro 5 apresenta, dentro das evidências destacadas no caso, outros possíveis levantamentos
lançados pelos autores como pontos fortes e fracos, inseridos os fatores internos e externos que poderão
ser levantados pelos alunos antevendo suas experiências.
Rotatividade para Silva (2002) é definida como o comportamento do indivíduo no que diz respeito
à sua condição de membro da organização, ou seja, é o estudo do movimento dos indivíduos com relação
às organizações às quais pertencem. O autor ainda destaca a importância em analisar a natureza da rota-
tividade e a classifica como: a) funcional: quando a organização deseja que o funcionário seja desligado,
e b) disfuncional: quando a saída do funcionário não é desejada pela organização, e sim, por ele próprio.
O controle adequado da rotatividade preserva o capital intelectual, o ambiente e a própria imagem orga-
nizacional.
De acordo com Quége (2008), a rotatividade dos funcionários também é chamada de turnover e
merece atenção constante por parte dos gestores do negócio. A necessidade de entender a rotatividade se
evidencia como um fator de competitividade em todos os mercados, pois ela se relaciona com a perda de
capital intelectual, com a memória corporativa, com os riscos que envolvem a carteira de clientes e com
recursos financeiros diretos e indiretos.
O alto turnover na organização indica problemas existentes e estes devem ser identificados para que
não causem danos irreparáveis. Este índice, para Fernandez (2006, p. 01), indica que existe algo errado
na gestão: “É o momento de analisar o porquê dessa alta rotatividade, afinal, não podemos esquecer que
os chamados funcionários são antes de tudo pessoas. Essas pessoas têm necessidades e criam vínculos
dinâmicos de relacionamento”.
Para Marras (2009), o turnover ocorre quando há uma busca por parte dos colaboradores em com-
pensar o estresse desencadeado pela busca incessante de resultados positivos na organização. Ainda para
o autor, o cerne do turnover é o recrutamento e seleção, técnicas inapropriadas ou desatualizadas podem
induzir o recrutador a uma opção equivocada, neste caso, aumentando a possibilidade de rotatividade.
Quanto ao absenteísmo, Hermann (2010) afirma que quase sempre é uma consequência de fatores
organizacionais e que, por isso, precisa ser diagnosticado pelos gestores.
Com base nos autores mencionados acima, podem-se destacar algum pontos fortes e fracos relacio-
nados à empresa Koch:
- A baixa idade dos colaboradores faz com que haja a possibilidade de se inserirem mais facilmente
as características da empresa, pois os vícios operacionais são baixos ou nulos, cientes de que a empresa
possui uma ampla demanda de treinamento como mencionado por Alicia, que destaca a participação de
2.954 pessoas inseridas nos mais diversos treinamentos oferecidos pela empresa.
- Salário superior à média oferecida pelos concorrentes. Pode fazer com que a empresa consiga reter
os funcionários.
Dentre os Pontos Fracos, pode-se destacar:
- A empresa não conseguir manter ou contratar funcionários e a dificuldade em gerir os colaborado-
res atuais.
- Reclamação devido à jornada de trabalho e ao fechamento das lojas em apenas dois dias no ano,
1º de Maio e Natal.
- Alta Rotatividade dos funcionários, a cada 10 colaboradores novos, seis saem em menos de seis
meses, somente dois chegam a completar um ano de trabalho.
- RH não tem apoio para os programas que criam e implantam, como destaca a Alicia sobre ter pas-
sado um ano trabalhando no projeto de progressão profissional, que até o momento não conseguiu colocar
em prática, pois estão sempre encontrado um empecilho, destacando também que os treinamentos contam
com pouco recurso financeiro para ser realizado. A estrutura de T&D não comporta mais o número de
funcionários e a obsolescência da avaliação de desempenho.
Possíveis soluções podem ser apontadas para o gestor da organização e podem se basear em planos
de ação com a proposta de atuação para melhorias, que visa a minimizar o absenteísmo e a rotatividade,
são eles:
• Criar ambiente dentro da empresa onde os funcionários possam descansar após a refeição, inte-
ragir com a intranet, ler revistas ou assistir à televisão.
Os dados foram obtidos com o consentimento do diretor presidente da rede de hipermercado Koch,
o Sr. José Evaldo Koch.
Referências
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<http://abrasnet.com.br/edicoes-anteriores/Main.php?MagID=7&MagNo=115> Acesso em: 15 jun. 2015.
HERMANN, Andréas. Absenteísmo nas organizações, quando os trabalhos são interrompidos ou des-
continuados. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=0f9sdbfms>.
Acesso em 11/10/2013.
HITT, Michael A.; IRELAND, Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração Estratégica. 2. ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2008.
PONTELO, Juliana; CRUZ, Lucineide. Gestão de Pessoas: manual de rotinas trabalhistas. Brasília:
Senac DF, 2006.
YANAZE, M. H. Gestão de Marketing e Comunicação: avanços e aplicações. 1. ed. São Paulo: Saraiva,
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