Teste N.° 4 - Alberto Caeiro
Teste N.° 4 - Alberto Caeiro
Teste N.° 4 - Alberto Caeiro
Total – 50 pontos
Escrita
a) Planificar a escrita de textos a) Planificaçã o
(E12; 10)
b) Escrever textos de diferentes b) Texto de
géneros e finalidades apreciaçã o crítica
(E12; 11) 1 item de resposta
c) Redigir textos com coerência Grupo III Item
extensa
e correçã o linguística c) Redação / 25% único – 50 pontos
(150 a 200 palavras)
(E12; 12) textualizaçã o
d) Rever os textos escritos
(E12; 13) d) Revisã o
1
GRUPO I
2
B
Lê o texto.
O palácio da ventura
_ Sonho que sou um cavaleiro andante.
_ Por desertos, por só is, por noite escura,
_ Paladino do amor, busco anelante
_ O palá cio encantado da Ventura!
______________
Antero de Quental, Poesia completa – 1842-1891, organização e prefácio de Fernando Pinto Amaral, Lisboa,
Publicaçõ es Dom Quixote, 2001, p. 248.
GRUPO II
3
_ Depois, São Martinho do Porto, que eu visitava pela primeira vez, uma lindeza de angra 1,
_ arredondada a compasso, rompida pelas ondas em cachão. No nosso entusiasmo decidimos
_ pernoitar: albergaria moderna, com todos os requisitos e nesga de mar avistada da varanda.
_ Passeio a pé, à borda da praia, lambida da onda quase tão mansa como a das minhas lagoas
15 ilhoas2. Mas o tempo a querer toldar, o sol a encobrir e um arrepio nas nuvens.
_ Ao outro dia, parecia o dilú vio. Partimos como quem foge de uma incha de mar 3. O dia quase
_ noite e a paisagem como um borrão desbotado, semivelada, dissolvida na chuva que Deus man-
_ dava. Eu, com os olhos no mostrador, não fosse faltar a gasolina ou ocorrer avaria e a gente no
_ descampado. Chegámos a Ó bidos, e foi tremendo esforço para imaginar o que seriam aquelas
20 betesgas4, e degraus, e torres, e arcos abertos nas muralhas, por um dia iluminado de sol portu-
_ guês, com rolas a esvoaçarem pelos beirais. Navegando por estreitos canais de casas desabitadas
_ e desertas, retomámos a estrada. Ainda fizemos um desvio por Mafra, a ver se eu por lá me
_ reencontrava, ali, onde há muitos anos puseram à prova as minhas virtudes militares durante
_ sete longos meses – com medíocres resultados, «diga-se em aboda verdade» (expressão muito
25 recomendada pelo senhor padre Ernesto Borges cá dos meus sítios). Decididamente, não fui
_ destinado à carreira das armas. Daquele tempo só me ficou a grata memó ria de um ou outro
_ camarada de presídio, e a novidade dos concertos de carrilhão5, creio que aos sábados (ou aos
_ domingos? – já não me lembro bem). Desta vez, revisitei o palácio e o templo imensos, medidos
_ pela medida grande do nosso ouro do Brasil em tempos de fausto joanino6.
30 Antes de me vir embora, concedi ao Memorial do convento7 um minuto de silêncio, posto o
_ que, pela segunda vez, deixei Mafra sem saudades. […]
Fernando Aires, Era uma vez o tempo – Diário (1982-2010), Guimarães, Opera Omnia, 2015, pp. 534, 535 e 538.
______________
1
pequena baía; 2 «lagoas ilhoas» – o autor refere-se à s lagoas da sua ilha, Sã o Miguel, Açores; 3 «incha de mar» – onda grande;
4
ruas estreitas; 5 «concertos de carrilhã o» – concertos de mú sica tocada pelos carrilhõ es, grandes conjuntos de sinos; 6 «fausto
joanino» – referê ncia à riqueza do rei D. Joã o V, que permitiu a construçã o do convento de Mafra; 7 «Memorial do convento» –
romance de José Saramago cuja açã o decorre à volta da construçã o do convento, no sé culo XVIII; 8 «Vamberto Freitas» – crítico
literá rio e professor universitá rio da Universidade dos Açores
4
1. A frase inicial da entrada do diá rio «Coimbra nã o tem mais encanto na hora da despedida.» (linha
2) estabelece com o primeiro verso de um conhecido fado de Coimbra, «Coimbra tem mais encanto
na hora da despedida», uma relaçã o intertextual sob a forma de
(A) citaçã o.
(B) paró dia.
(C) pará frase.
(D) alusã o.
3. A frase «uma lindeza de angra, arredondada a compasso, rompida pelas ondas em cachã o.» (linhas
11 e 12) integra duas
(A) condicional.
(B) causal.
(C) consecutivo.
(D) concessivo.
4. A secçã o destacada na frase «Eu, com os olhos no mostrador, não fosse faltar a gasolina ou ocorrer
avaria e a gente no descampado.» (linhas 18 e 19) tem valor
(A) temporal.
(B) lexical.
(C) referencial.
(D) frá sica.
5. As palavras destacadas no segmento textual «Ainda fizemos um desvio por Mafra, a ver se eu por lá
me reencontrava, ali, onde há muitos anos puseram à prova as minhas virtudes militares durante
sete longos meses» (linhas 22 a 24) sã o marcas da coesã o
(A) frá sica.
(B) lexical.
(C) interfrá sica.
(D) referencial.
5
6. No contexto em que ocorre, a expressã o «quando aumenta o medo do escuro» (linha 35) significa,
por parte do memorialista,
(A) a preocupaçã o com a morte e o Alé.
(B) a referência a uma fobia pessoal.
(C) um aviso aos seus leitores.
(D) a preocupaçã o com o destino da sua obra.
7. Os agradecimentos que o memorialista transmite, na ú ltima entrada deste excerto do seu diá rio
(linhas 44 a 48),
(A) integram uma autocrítica.
(B) estã o marcados pela ironia.
(C) destinam-se a todos os amigos.
(D) integram uma crítica aos amigos.
8. Refere o valor aspetual do enunciado tendo em conta o tempo verbal nele presente: «Recebi também
cartas falando do livro: cartas da América e cartas de Portugal.» (linha 40).
9. Indica a funçã o sintá tica da expressã o destacada em «Um ú ltimo acenar de mã os ao postigo do carro
alugado» (linhas 2 e 3).
10. Refere a funçã o sintá tica da oraçã o subordinada adverbial presente em «Na minha idade, quando
aumenta o medo do escuro, é bom descobrir que, daquilo que se foi semeando pelo caminho, nem
tudo se perdeu.» (linhas 35 e 36).
GRUPO III
Seleciona um filme cuja temá tica seja uma aventura no mar. Visiona esse filme e escreve um texto de
apreciaçã o crítica sobre ele.
O teu texto deve ter entre 150 e 200 palavras e deve estruturar-se em três partes ló gicas.
6
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE CLASSIFICAÇÃO
Grupo I ................................................................................................................... 100 pontos
A
Pergunta 1 .............................................................................................................................. 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) ...................................................................................................... 12 pontos
Cenário de resposta:
O sujeito poético descobriu que a «Natureza» apresenta cará ter essencialmente objetivo.
Refere, de modo não totalmente completo ou com pequenas imprecisõ es, a funçã o
3 9
da enumeraçã o que ocorre entre os versos 9 e 11.
Refere, de modo nã o totalmente completo e com pequenas imprecisõ es, a função da
2 6
enumeraçã o que ocorre entre os versos 9 e 11.
Refere, de modo incompleto e com imprecisõ es, a função da enumeraçã o que ocorre
1 3
entre os versos 9 e 11.
7
Cenário de resposta:
Esta enumeraçã o tem como função vincar a objetividade da Natureza através da referência a vá rios elementos
naturais.
Cenário de resposta:
Esta «doença» contribui para que vejamos subjetivamente a Natureza e nã o tal como ela é efetivamente na sua
realidade objetiva.
B
Pergunta 4 ........................................................................................................................................ 20 pontos
Aspetos de conteúdo (C) .............................................................................................................. 12 pontos
8
Cenário de resposta:
O sujeito poético apresenta-se como alguém em busca da felicidade, a «Ventura» (v. 4).
Cenário de resposta:
Esta conjunçã o tem como funçã o estabelecer um contraste entre o ideal sonhado e o real encontrado.
9
Grupo III .............................................................................................................................. 50 pontos
Estruturaçã o temá tica e discursiva (ETD) ........................................................................... 30 pontos
Correçã o linguística (CL) ....................................................................................................... 20 pontos
Os critérios de classificaçã o relativos à estruturaçã o temá tica e discursiva (ETD) apresentam-se orga-
nizados por níveis de desempenho nos parâ metros seguintes: (A) tema e tipologia, (B) estrutura e
coesã o, (C) léxico e adequaçã o discursiva.
Pontuaçã o
15 12 9 6 3
Parâ metro
(A) – Trata, sem desvios, o tema – Trata o tema proposto, – Aborda lateralmente o
Tema e proposto. embora com alguns tema proposto.
tipologia – Mobiliza informaçã o desvios. – Mobiliza muito pouca
ampla e diversificada – Mobiliza informaçã o informaçã o relativamente
relativamente à tipologia suficiente, relativamente à à tipologia textual
textual solicitada: produz tipologia textual solicitada: produz um
um discurso coerente e solicitada: produz um discurso geralmente
sem qualquer tipo de discurso globalmente inconsistente e, por vezes,
ambiguidade. coerente, apesar de ininteligível.
algumas ambiguidades.
Pontuaçã o
10 8 6 4 2
Parâ metro
(B) – Redige um texto bem – Redige um texto – Redige um texto com
Estrutura estruturado, constituído satisfatoriamente estruturaçã o muito
e coesã o por três partes estruturado nas três deficiente, em que nã o se
(introduçã o, partes habituais, nem conseguem identificar
desenvolvimento, sempre devidamente claramente três partes
conclusã o), articuladas entre si ou (introduçã o,
proporcionadas e com desequilíbrios de desenvolvimento e
articuladas entre si de proporçã o mais ou menos conclusã o) ou em que
modo consistente; notó rios; estas estã o
•• marca corretamente os •• marca pará grafos, mas insuficientemente
pará grafos; com algumas falhas; articuladas;
•• utiliza, adequadamente, •• utiliza apenas os •• raramente marca
conectores diversificados conectores e os pará grafos de forma
e outros mecanismos de mecanismos de coesã o correta;
coesã o textual. textual mais comuns, •• raramente utiliza
embora sem incorrecçõ es conectores e mecanismos
graves. de coesã o textual ou
utiliza-os de forma
inadequada.
Pontuaçã o
5 4 3 2 1
Parâ metro
(C) – Mobiliza, com – Mobiliza um repertó rio – Mobiliza um repertó rio
Léxico e intencionalidade, recursos lexical adequado, mas lexical adequado, mas
adequaçã o da língua expressivos e pouco variado. pouco variado.
discursiva adequados. – Utiliza, em geral, o registo – Utiliza, em geral, o registo
– Utiliza o registo de língua de língua adequado ao de língua adequado ao
adequado ao texto, texto, mas apresentando texto, mas apresentando
eventualmente com alguns afastamentos que alguns afastamentos que
esporá dicos afastamentos, afetam pontualmente a afetam pontualmente a
que se encontram, no adequaçã o global. adequaçã o global.
entanto, justificados pela
intencionalidade do
discurso e assinalados
graficamente (com aspas
ou sublinhados).
Dada a natureza deste item, nã o é apresentado cenário de resposta.
10