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TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO (Resumos/Resenhas de aulas/textos)
Atenção para as considerações básicas (somente para fins didáticos)
NOÇÃO: Uma explicação ou interpretação filosófica do conhecimento humano. OBJETO: A análise do fenômeno do conhecimento centrada na correlação sujeito-objeto. PROBLEMAS FUNDAMENTAIS: da Possibilidade da Origem da Essência da Forma os critérios da Verdade CONSIDERAÇÕES GERAIS: fundamentalmente metafísico ( N. Hartmann ) fundamentalmente crítico ( Kant ) culmina numa ontognoseologia ( M. Reale ) PROBLEMATIZAÇÕES BÁSICAS: Onde reside o conhecimento? - Na íntima correlação entre sujeito e objeto. Qual a função do sujeito? - Consiste em apreender o objeto. Qual a função do objeto? - Em ser apreendido pelo sujeito. Do ponto de vista do sujeito: - Na apreensão, o sujeito se projeta para o objeto, penetrando na sua esfera. Do ponto de vista do objeto: - Ao ser apreendido pelo sujeito, o objeto continua como algo exterior ao sujeito. AS FASES DO PROCESSO DINÂMICO DO CONHECIMENTO: A projeção do sujeito em relação ao objeto; A penetração, por parte do sujeito, na esfera do objeto; A captação das propriedades do objeto; O retorno do sujeito a si mesmo, surgindo a consciência do objeto captado através da imagem. Atenção: As determinações do objeto não se modificam pelo fato de haver sido captado. O objeto não é imanente ao sujeito. No sujeito acrescenta-se algo que o modifica, a imagem do objeto. A consciência do objeto consiste na determinação , através da imagem, no sujeito, das propriedades primárias do objeto. O índice de objetividade que permanece no objeto continua exterior ao sujeito. O sujeito ao apreender o objeto não se comporta passivamente, sua atitude é ativa, dinâmica. Há uma participação criadora da consciência na construção da imagem. A imagem sofre o fluxo da subjetividade. O PROBLEMA DO CONHECIMENTO: QUESTÕES FUNDAMENTAIS Pode o espirito humano conhecer o real? Pode o sujeito apreender o objeto? Já estamos diante do primeiro problema da Teoria do Conhecimento. Verificaremos as posições epistemológicas ou correntes filosóficas e suas principais teses. I - A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO DOGMATISMO : Doutrina fixada . Dogmatikós em grego significa que se funda em princípios ou é relativo a uma doutrina Caracteriza a infância da humanidade; da razão humana; sem suspeitar sequer, de seus limites ou condições para obter o conhecimento e alcançar verdades universais quanto ao ser, a existência e a conduta. Posição epistemológica para a qual não existe ainda o problema do conhecimento ( a relação entre sujeito e objeto ). Suprime o problema do conhecimento, pelo desconhecimento de que ele reside na relação entre sujeito cognoscente e objeto conhecido. Os objetos do conhecimento nos são dados absolutamente - os objetos se impõe ao sujeito. O dogmático se apega á certeza de uma doutrina (atingiu uma certeza nela permanece ) DIVISÃO: Dogmatismo - Ético: trata-se do conhecimento moral. Dogmatismo Religioso: trata-se do conhecimento religioso CETICISMO : Skeptikos, em grego, significa, que observa ; que considera ; concluindo pela impossibilidade do conhecimento. O sujeito não pode apreender o objeto. O objeto é como se não existisse para o sujeito. Não devemos formular qualquer juízo, mas sim abster-nos totalmente de julgar. O cético conclui pela impossibilidade de toda certeza e, nesse sentido, considera inútil esta busca infrutífera que não leva a lugar nenhum. Não há nenhuma verdade - Posição essencialmente negativa. DIVISÃO: Ceticismo geral : Quando abrange um conhecimento geral. Ceticismo Parcial : Apenas um conhecimento relativo a um setor da realidade. Outros exemplos : Metafísico, Ético, Religioso. ATENÇÃO: O ceticismo absoluto ou radical encerra a sua própria contradição, pois afirmando a impossibilidade do conhecimento já está admitindo a existência de um conhecimento expresso nesse juízo. RELATIVISMO E SUBJETIVISMO: Constituem uma modalidade do ceticismo, pois negam a verdade - não há qualquer verdade universalmente válida (verdade absoluta) . Relativismo: Toda verdade é relativa ao sujeito que conhece e julga . Sublinha a dependência de fatores externos. Considera a influência do meio. Representantes: Os sofistas ( Protágoras ) Subjetivismo : O conhecimento humano depende de fatores que residem no sujeito cognoscente. um juízo só é válido unicamente para o sujeito individual que o formula. Contradições: Relativismo - Toda verdade é relativa . Subjetivismo - Toda verdade é subjetiva . OBS.: Verifique que os juízos são universais. PRAGMATISMO : Estabelece um novo conceito de verdade; Verdadeiro significa útil, valioso, fomentador da vida. O homem é essencialmente um ser prático, um ser de vontade e de ação. Fundador: WILLIAN JAMES Representantes: SCHILLER E NIETZSCHE. CRITICISMO : Significa examinar . O seu comportamento não é dogmático nem cético, mas reflexivo e crítico. O Criticismo é o método de filosofar que consiste em investigar as fontes das próprias afirmações e objeções e as razões em que as mesmas assentam. Método que dá a esperança de chegar a certeza . Única posição justa na questão da possibilidade do conhecimento. POSITIVISMO I - Comte e sua época: Isidore Auguste Marie Xavier Comte (1798-1857) - Representante principal do positivismo Formação: Matemática e Ciências Naturais. Dois encontros: Saint Simon (1760-1825) e Clotilde de Vaux Influência marcante: Condorcet (1743-1794) Principais Obras: Curso de Filosofia Positiva ( 1830 - 1948 ); Curso de Política Positiva (1851 - 1854 ); Catecismo Positivista ( 1850 ); Síntese subjetiva ( 1856 ). Em sua obra Discurso Preliminar Sobre o Espírito Positivo , Comte define os vários sentidos do termo positivo : Positivo designa aquilo que é real em oposição ao quimérico ( irreal, fantasioso ), este novo espírito filosófico irá excluir de suas investigações os mistérios impenetráveis (como a busca das causas primeiras e últimas), com as quais os homens se ocupavam em sua infância histórica . Da utilidade do conhecimento positivo : O termo Positivo designa o contraste entre o útil e o ocioso - o conhecimento científico tem por finalidade o melhoramento contínuo de nossa verdadeira condição individual e coletiva e não a curiosidade estéril . OBS.: O caráter utilitário do conhecimento está ligado a defesa do princípio da perfectibilidade do homem (sustentado pelo Iluminismo ) enquanto capacidade do homem de aperfeiçoar-se, de ser educado ( entendendo a educação como o instrumento e permanente exercício de aprimoramento ). A certeza do conhecimento positivo: A Filosofia Positiva deixa de lado as dúvidas indefinidas , os debates intermináveis e a indecisão que caracterizam os outros sistemas filosóficos. A precisão do conhecimento Positivo: O novo espírito filosófico busca um grau de precisão compatível com a natureza dos fenômenos, opondo-se ao caráter impreciso da moda antiga de filosofar, que conduzia necessariamente à opiniões vagas. O termo positivo designa o contrário de negativo: Para Comte a verdadeira Filosofia moderna estaria destinada por natureza, não a destruir, mas a organizar . Lembre-se sempre que a ordem apresenta-se como um dos conceitos-chaves do positivismo e ao mesmo tempo um objetivo a defender. Segundo Comte todos os seus predecessores foram apenas críticos. II. - A instituição de um novo campo do saber: Este novo campo de saber vai ser chamado, de início, de Física Social. Segundo Comte a Física social é uma ciência que tem pôr objetivo o estudo dos fenômenos sociais, considerados no mesmo espírito que os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos . É bom saber que o termo SOCIOLOGIA foi utilizado por Comte somente em 1839, em sua obra Curso de Filosofia Positiva . III- Pressupostos básicos do Positivismo : 3.1 - Rigorosa identidade entre os processos naturais e os processos sociais : A sociedade é regida por leis semelhantes àquelas que regem a natureza, isto é, leis invariáveis, independentes da ação e da vontade humana. 3.2 - Homogeneidade epistemológica entre ciências sociais e ciências naturais: A sociedade deve ser estudada através dos mesmos métodos empregados pelas ciências da natureza, baseados em modelos matemáticos e nos preceitos da observação metódica dos fatos. A identidade metodológica resulta da identidade afirmada entre natureza e sociedade. 3.3 - Objetividade e neutralidade como princípios fundamentais do conhecimento científico : A . A noção de objetividade implica em tomar os fatos sociais como coisas . Esta proposição fundamental do método Positivo, defendida por Durkeim em As Regras do Método Sociológico , tem sido simplificada, distorcida e mesmo caricaturada. Continua Durkeim : não afirmamos que os fatos sociais sejam coisas materiais e sim que contituem coisas ao mesmo título que as coisas materiais, embora de maneira diferente . Durkeim defende a materialidade dos fenômenos sociais, da própria sociedade, recusando-se a tratar esta última como simples idéia ou mera projeção da subjetividade. Duas condições são necessárias para o conhecimento sociológico: 1 - A inteligência deve sair de si mesmo ( pela observação e experimentação ), ou seja , o investigador não pode atingir a compreensão dos fenômenos sociais pelo simples processo de análise mental, introspectiva; 2 - O investigador deve partir do princípio de que se ignora completamente o que são fenômenos sociais , evitando cair na mesma especulação. B - A noção de neutralidade : Já suficientemente criticada pelas Ciências Sociais contemporâneas ( questionavam inclusive a utilização e o significado do próprio termo ciência ), tem o positivismo o significado de uma postura de isenção e imparcialidade a ser sustentada pelo pesquisador. O princípio da neutralidade se ancora em dois pressupostos: 1 - O estudo dos fatos humanos e sociais não pode fundamentar nenhum juízo de valor, que implica a afirmação / imposição de um julgamento moral , ( do tipo bom ou mau ). Acontece que a própria sociologia de Comte e Durkheim está repleta de juízos de valor. (Devemos lembrar os ditos fenômenos normais e patológicos , o apelo comteano à reforma da sociedade com vistas a manutenção da ordem e da harmonia social). 2 - O pesquisador deve procurar evitar toda deformação de seu objetivo de conhecimento, deformação esta provocada por simpatias ou antipatias, em relação ao objeto estudado. Observe agora com atenção: Embora se possa e deva concordar com a necessidade de o pesquisador distanciar-se (razoavelmente) de seus preconceitos e opiniões, de suas simpatias e antipatias, o sujeito do conhecimento, na Sociologia, não é nunca um sujeito imparcial . Em virtude de ser um sujeito ativo e social, tem interesses e posições, estudando a sociedade de uma dada perspectiva. IV- OS DOIS GRANDES TEMAS DA TEORIA COMTEANA: A Filosofia da História e a Classificação das Ciências. - A Filosofia da História : Pode ser considerada sinteticamente pela Lei dos Três Estados. Se fundamenta numa concepção contínua e progressiva da história humana. 1º- Estado: Teológico ou Religioso: Faculdade humana básica: A imaginação Classes dirigentes: Sacerdotes e Guerreiros; Formação política : A monarquia aliada ao militarismo; Fases : Fetichismo ou animismo, politeísmo e monoteísmo. Procure compreender: Durante o estado teológico ou religioso o mundo é explicado através da natureza intima das coisas, desde a sua origem até o seu destino último. O universo é compreendido pela intervenção dos seres sobrenaturais. 2º- Estado: Metafísico ou Abstrato: Faculdade humana básica : Pensamento racional e argumentação lógica. Classes Sociais : Predomínio dos filósofos e juristas. Forma Política: Os reis são substituídos pelos juristas. O estado é baseado na soberania do povo. É bom ressaltarmos que, assim como no estado teológico, o estado metafísico, busca soluções absolutas ou eternas para os problemas do homem. Mas, substitui a imaginação pelo pensamento racional e argumentação lógica. Substitui a crença em seres sobrenaturais por idéias abstratas (como força vital ). 3º- Estado: Positivo ou Científico Faculdade humana Básica: A principal fonte do conhecimento passa a ser a observação . Cada posição deve corresponder ao fato ou a própria razão. Classes dirigentes : O poder espiritual passa as mãos dos sábios e cientistas e o poder material para o controle dos industriais. Forma política : O Estado passa a ser dirigido pelos cientistas e industriais. Nessa fase o conhecimento deixa de buscar as causas dos fenômenos, origem e fim de tudo que existe para investigar suas leis enquanto relações constantes entre fenômenos. Os fenômenos deixam de ser reduzidos a um só princípios ( Deus ou natureza ). A experiência irá mostrar uma limitada interconexão entre determinados fenômenos. O conhecimento científico baseia-se na observação e na previsibilidade dos fenômenos. O preconceito do ver para prever ( observação aliada a previsão) implica em um desenvolvimento da técnica, correspondendo aos requisitos de planificação racional exigidos pela era industrial. V- Classificação das Ciências : Os critérios de classificação das ciências são os de níveis de complexidade crescente e generalidade decrescente. O processo de surgimento das ciências tende a caminhar no início a partir de conhecimentos e teorias mais gerais, até teorias que estudam apenas uma área ou setor da realidade. Comte admitia que a ciência jamais atingia a compreensão absoluta dos seus objetos de estudos respectivos. Ordem de classificação das Ciências : Matemática , Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia. A sociologia engloba para Comte parte da psicologia e toda a economia política, a ética e a Filosofia da História. Para Comte a sociologia se apresenta como O fim essencial de toda filosofia positiva , já que a totalização do saber somente poderia ser alcançada através da sociologia, na qual tudo culminaria com a formulação de um sistema verdadeiramente indivisível onde toda decomposição é radicalmente artificial(.) tudo relacionando-se com a humanidade, única concepção completamente universal. A sociologia se divide, para Comte, numa Estática Social e numa Dinâmica Social. Estática ou Teoria da ordem natural da sociedade: Estuda as condições constantes das sociedades, as relações de equilíbrio das diversas instituições. Dinâmica ou teoria Geral dos Processos da humanidade: Investiga as leis do progressivo desenvolvimento da humanidade. O processo fundamental deste ramo da Sociologia é o progresso. OUTROS TEMAS: A Moral (ciência), Religião, Política e Economia. A Moral e suas teses: - Exaltação do sentimento e do Altruísmo (viver para outrem); - Negação dos direitos em favor dos deveres; - Crítica à liberdade de consciência. A Moral e a Religião: Funda uma nova religião : A Religião da Humanidade ( O Grande Ser). A Moral e a Política: - Desperta nos súditos sentimento de obediência e sujeição. - Desperta nos governantes sentimentos de responsabilidade no exercício da autoridade. A Moral e a Economia : - Tornar os ricos perfeitos administradores de seus bens. - Tornar os pobres dependentes e satisfeitos com a sua posição social. CONSEQÜÊNCIAS: O surgimento do cientificismo: exaltação da ciência como forma mais adequada de conhecer, criticar o conhecimento mítico, religioso ou metafísico, por não se fundarem na experiência do fato positivo. O reducionismo ( do cientificismo positivista ): reduziu o objeto próprio das ciências à natureza observável, ao fato positivo. Reduz a Filosofia aos resultados das ciências. Reduz as ciências humanas às ciências da natureza. Criação de mitos : O mito da cientificidade; O mito do especialista; O mito da tecnocracia; O mito do progresso. II - A ORIGEM DO CONHECIMENTO: Há dois polos no processo do conhecimento: O sujeito cognoscente (que é o sujeito que conhece) e o objeto conhecido. Cabe perguntar: A consciência cognoscente apoia-se de preferência, ou mesmo exclusivamente, no pensamento ou na experiência? Onde reside a origem do conhecimento? Vejamos o que acontece agora: As soluções apresentadas a essas questões vão originar duas correntes, o Racionalismo e o Empirismo. RACIONALISMO ( de ratio = razão ): Posição epistemológica que vê no pensamento, na razão, a fonte principal e verdadeira do conhecimento humano. Na Idade Antiga: A forma mais antiga do Racionalismo encontra-se em Platão. PLATÃO (século IV a. C.) e o Racionalismo Transcendente: Os sentidos não podem nunca conduzir-nos a um verdadeiro saber. Tem que haver, além do mundo sensível outro supra-sensível, do qual tire a nossa consciência cognoscente os seus conteúdos. Platão chama a esse mundo supra-sensível, ou mundo das Idéias . Todo conhecimento é uma reminiscência (Teoria da Anamnésis): A alma contemplou as idéias numa existência pré-terrena e recorda-se delas na ocasião da percepção sensível. O Esquema dos Dois Mundos: BEM Idéias Dialética MUNDO INTELIGÍVEL (Noésis) Objetos matemáticos Conhecimento matemático Ciência (EPISTEME) R E A L I D A D E V E R D A D E I RA Objetos sensíveis Crença (pistis) Opinião (DOXA) Sombras / Ilusão Conjecturas MUNDO SENSÍVEL REALIDADEAPARENTE Na Antiguidade: Filosofia Patristica SANTO AGOSTINHO (século IV d. C.) e o Racionalismo Teológico (Teoria da Iluminação Divina ). As Idéias convertem-se nas idéias criadoras de Deus; Colocou o mundo flutuante das idéias platônicas no Espírito Divino; O conhecimento tem lugar sendo o espírito humano iluminado por Deus; Idade Moderna: DESCARTES e o Racionalismo Imanente - Teoria das Idéias Inatas ( ideae innatae ): O autor constrói o Racionalismo dando prioridade ao sujeito sobre o objeto. Descartes é o pái da Filosofia Moderna e com ele a Célebre fórmula : cogito, ergo sum = penso, logo existo . Para Descartes, as idéias inatas, são idéias da razão, independentes das idéias que vem de fora , formadas pela ação dos sentidos, e das outras que nos dadas pela imaginação. São idéias claras e distintas, portanto, verdadeiras. CONCLUSÃO CRÍTICA: O mérito do Racionalismo consiste em ter visto e feito sobressair com energia o significado do fator racional no conhecimento humano. Mas é exclusivista ao fazer do pensamento a fonte única ou própria do conhecimento. Outro defeito do Racionalismo consiste em respirar o espírito do Dogmatismo. EMPIRISMO ( Experiência ): Opõe -se a tese do Racionalismo. A única fonte do conhecimento humano é a experiência. A consciência cognoscente não tira os seus conteúdos da razão; tira-os exclusivamente da experiência. Todos os nossos conceitos, incluindo os mais gerais e abstratos, procedem da experiência. O empirismo parte dos fatos concretos. Fundador: JOHN LOCKE ( 1632 - 1704 ): Combateu com toda a decisão a Teoria das idéias inatas . Para ele, a alma é um papel em branco ( tábua rosa ) , que a experiência cobre pouco a pouco com os traços de sua escrita. LOCKE , admite uma experiência externa ( sensação ) e não descarta a experiência interna ( reflexão ) . DAVID HUME ( 1711 - 1776 ): Também defende o princípio fundamental do empirismo. Segundo o qual a conscência cognoscente tira os seus conteúdos , sem exceção, da experiência. CONDILLAC ( 1715 - 1780 ): Transformou o empirismo no sensualismo. Condillac critica Locke por ter admitido uma dupla fonte de conhecimento: a experiência externa e a experiência interna. Para ele só há uma fonte de conhencimento : a sensação. JOHN STUART MILL ( 1806 -1873 ): Não há proposição a priori, válidas independentemente da experiência. Reduziu também o conhecimento matemático à experiência como única base de conhecimento. INTELECTUALISMO: ( intelligere, de intus ligere = ler no interior ). Primeira tentativa de mediação entre Racionalismo e Empirismo. Enquanto que o Racionalismo considera o pensamento como a fonte e a base do conhecimento e o Empirismo a experiência, o Intelectualismo é da opinião que ambos os fatores tomam parte na prudução do conhecimento. Fundador : Aristóteles - encontrou-se sob a influência do Racionalismo platônico e como naturalista, inclina-se, pelo contrário, para o Empirismo. Na Idade Média: SÃO TOMÁS DE AQUINO: Começamos recebendo das coisas concretas imagens sensíveis. O que se percebe: O intelectualismo se aproxima do empirismo. APRIORISMO: A segunda tentativa de mediação entre o Racionalismo e o Empirismo. . Nosso conhecimento apresenta fatores (elementos) a priori , independentes da experiência ( opinião do Racionalismo ). Estes fatores são formas do conhecimento que recebem o seu conteúdo da experiência ( aproxima-se do Empirismo ) . Princípio do Apriorismo : Os conceitos sem as intuições ( conhecimento imediato ) são vazios , as intuições sem os conceitos são cegas . Fundador : IMMANUEL KANT - Toda a sua Filosofia está dominada pela intenção de mediar entre o Racionalismo de Leibnitz e Wolff e o Empirismo de Locke e Hume. Para Kant : A matéria ( sensações ) do conhecimento procede da experiência e a forma procede do pensamento . III - A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO. O verdadeiro problema do conhecimento consiste no problema da relação entre o sujeito e o objeto . Problema : Qual é o fator determinante no conhecimento humano ? Tem este o seu centro de gravidade no sujeito ou no objeto ? 1 - Soluções pré - metafísicas: a. O objetivismo : O objeto determina o sujeito. Este tem de reger-se por aquele . Para o objetivismo, o centro de gravidade do conhecimento reside no objeto/ o reino objetivo das idéias ou essências é, por assim dizer , o fundamento que assente o edifício do conhecimento . Edmund Husserl : Distingue rigorosamente a intuição sensível da intuição não sensível . Aquela tem por objeto as coisas concretas, individuais, esta, pelo contrário, as essências gerais das coisas. b. O subjetivismo : procura fundamentar o conhecimento humano no sujeito. Santo Agostinho : A verdade já não está fundada num reino de realidades supra- sensíveis, num mundo espiritual objetivo, mas num sujeito superior transcendente . 2 - Soluções Metafísicas: a. O Realismo : Posição epistemológica segunda a qual há coisas reais independentes da consciência ( desenvolveremos esta tese quando investigarmos os problemas filosóficos do Materialismo Dialético ). b. O Idealismo: b.1. Idealismo Metafísico : Chamamos idealismo metafísico à convicção de que a realidade tem por fundamento forças espirituais, potências ideais . b.2. Idealismo Epistemológico : Sustenta a tese de que não há coisas reais independentes da consciência . b.2.1. Idealismo Subjetivo ou Psicológico : Objeto de consciência ( as representações, os sentimentos, etc. ), toda realidade está encerrada na consciência do sujeito . A nossa consciência, com os seus vários conteúdos, é a única coisa real . b.2.2. Idealismo Objetivo ou lógico ( Os objetos da lógica e da matemática ) : Toma por ponto de partida a consciência objetiva da ciência, tal como se exprime nas obras científicas . O idealismo lógico reduz toda a realidade a algo lógico. A concepção fundamental da tese idealista : O objeto do conhecimento não é nada real, mas algo ideal . Apontaremos aqui uma contradição A idéia de um objeto independente da consciência é contraditória, pois no momento em que pensamos num objeto fazemos dele um conteúdo da nossa consciência; se afirmarmos simultaneamente que o objeto existe fora da nossa consciência, contradizemo-nos com isso a nós próprios, portanto, não há objetos reais extra-conscientes, mas toda a realidade acha-se contida na consciência . Deste modo, se expressou Berkeley : O que eu sublinho é que as palavras existência absoluta das coisas sem o pensamento, não tem sentido ou são contraditórias . c. O Fenomenalismo ( de phaenomenon = fenômeno, aparência ) = É a teoria segundo a qual não conhecemos as coisas como são em si, mas como se nos apresentam . Para o fenomenalismo há coisas reais, mas não podemos conhecer a sua essência . Kant, também procurou conciliar o realismo com o idealismo . O fenomenalismo coincide com o realismo quando admite coisas reais; mas coincide com o idealismo quando limita o conhecimento à consciência, ao mundo da aparência, do que resulta imediatamente a impossibilidade de conhecer as coisas em si . A teoria do fenomenalismo - em Kant - Resume-se a três proposições : 1 - A coisa em si é incognoscível; 2 - O nosso conhecimento permanece ilimitado ao mundo fenomênico; 3 - Este surge na nossa consciência porque ordenamos e elaboramos o material sensível em relação as formas a priori da intuição e do entendimento . MATERIALISMO DIALÉTICO DE KARL MARX 1. A Dialética 1.1. Histórico do termo 1.2. Referências : Hegel e Feuerbach ( idealista e Materialista ) 2. O método dialético marxista : Crítica à Metafísica ( pois esta tenta explicar a natureza dos seres, a sua essência, as suas causas, recorrer a entidades abstratas que lhe conferem o nome de Ontologia ) : Características : a. A Dialética olha a natureza como um todo unido e coerente : - Nenhum fenômeno da natureza pode ser compreendido isoladamente, fora dos fenômenos que o rodeiam ; - Em contraposição à metafísica que olha a natureza como um amontoado acidental de objetos, de fenômenos destacados uns dos outros . - Na natureza tudo se relaciona . Nada pode ser excluído . Tudo está inserido . b. A Dialética olha a natureza como um estado de movimento e transformação perpétuos, de renovação e desenvolvimento incessantes . - A Metafísica nega a transformação . c. A Dialética considera o processo de desenvolvimento que passa de mudanças quantitativas e latentes a mudanças evidentes e radicais, a mudanças qualitativas . d. A Dialética parte do princípio que os objetos e os fenômenos da natureza encerram contradições internas . Problematização: Qual a importância do método dialético ao estudo da vida social, ao estudo da história da sociedade ? 3. O materialismo filosófico Marxista: Pressuposto básico: - O mundo material ( para o materialismo ) é anterior ao espírito e este deriva daquele; - Crítica ao Idealismo ( que considera o mundo material como a encarnação da idéia absoluta , da consciência ): Para Platão a realidade material não era mais do que o reflexo do mundo ideal . Para Hegel a natureza e o desenvolvimento social nada mais era do que a encarnação do pensamento absoluto e universal . Características: a. O mundo, pela natureza, é material . b. A matéria, a natureza, o ser, é uma realidade objetiva existindo fora e independente da consciência . - Se a matéria é um dado primário, então, a consciência é um dado secundário. c. O mundo e as suas leis são perfeitamente cognoscíveis. Problematização: Qual a importância dos princípios do materialismo filosófico ao estudo da vida social ? FENOMENOLOGIA : Uma filosofia e um método Intróito: No século XIX e no decorrer do nosso século, Husserl inicia o método fenomenológico, pelo qual tenta superar a dicotomia entre o racionalismo e o empirismo . Representantes : Heidegger, Jasper e Merleau-Ponty Os filósofos existencialistas : Sartre, Marcel e Camus Destaque : Edmund Husserl formulou as principais linhas desta abordagem do real . A Dicotomia: Racionalismo : enfatiza o papel atuante do sujeito que conhece . Empirismo : privilegia a determinação do objeto conhecido . Solução : A Fenomenologia propõe a superação desta dicotomia (Razão e Experiência) afirmando que TODA CONSCIÊNCIA É INTENCIONAL, ou seja, é consciência de alguma coisa : Noção de intencionalidade. Não há pura consciência separada do mundo, mas toda consciência tende para o mundo . Não há objeto em si , independente da consciência que o perceba . Fenomenologia e sua etimologia : Fenômeno: que em grego significa o que aparece e Logia : estudo, descrição, discurso . ATENÇÃO : Fenomenologia gera-se de duas expressões gregas, PHAINOMENON e LOGOS . PHAINOMENON ( FENÔMENO ): Significa aquilo que se mostra por si mesmo, o manifesto . LOGOS: é tomado aqui com o significado de discurso esclarecedor. Desta maneira , Fenomenologia significa DISCURSO ESCLARECEDOR A RESPEITO DAQUILO QUE SE MOSTRA POR SI MESMO Preocupação Central : A descrição da realidade colocando como ponto de partida de sua reflexão o próprio homem, num esforço de encontrar o que realmente é dado na experiência e descrevendo o que se passa efetivamente do ponto de vista daquele que vive determinada situação concreta . Nesse sentido a fenomenologia é uma filosofia de vivência . O século XX e a Fenomenologia : Características marcantes : - Multiplicidade de doutrinas e sistemas filosóficos que tentam explicar a condição humana . Esse é o século da polêmica, das doutrinas que se chocam, das doutrinas que revelam interesses de classes, de grupos, etc. Conseqüências marcantes : A filosofia abandona o campo histórico-filosófico e passa a discutir o homem hoje na sua situação e no seu contexto; - A filosofia passa a denunciar a tecnização e desumanização do homem . Edmund Husserl e a Fenomenologia : Objetivo : Construir uma ciência das essências Pontos fundamentais : a. A dimensão lógica e objetiva da vida humana ; b. A descoberta da intencionalidade da consciência . A FENOMENOLOGIA : A crítica ao Positivismo . A primeira oposição : Não há fatos com a objetividade pretendida; Não percebemos o mundo como um dado bruto , desprovidos de significados; o mundo que percebo é o mundo para mim . Dai a importância dada ao sentido; à rede de significações que envolvem os objetos percebidos - a consciência vive imediatamente como doadora de sentidos . Ao analisarmos os próprios conceitos de fenômeno em grego que significa o que aparece , podemos compreender melhor, que fenomenologia aborda os objetos do conhecimento tais como se apresentam a consciência humana . Isso significa que deve ser desconsiderada toda indagação a respeito de uma realidade em si , separada da relação com o sujeito que conhece . Não há puro ser escondido atrás das aparências ou do fenômeno . Conhecer é um processo que não acaba nunca, é uma exploração exaustiva do mundo. O olhar do homem sobre o mundo é o fato pelo qual o homem experiência o mundo, percebendo, imaginando ,julgando, temendo, etc. Consideraremos algumas categorias e/ou características fundamentais: 1 Fenomenologia significa: conhecimento daquilo que se manifesta para nossa consciência, daquilo que está presente para a consciência ou para a razão, daquilo que é organizado e explicado a partir da própria estrutura da consciência. 2 O fenômeno (PHAINOMENON) é o que se manifesta para a consciência. Conhecer os fenômenos e conhecer a estrutura e o funcionamento necessário da consciência são uma só e mesma coisa, pois é a própria consciência que constitui os fenômenos. 3 Conhecer é conhecer o sentido ou a significação das coisas tal como esse sentido foi produzido ou essa significação foi produzida pela consciência. O Sentido, ou a significação, quando universal e necessário, é a essência das coisas. 4 A verdade é o conhecimento das essências universais e necessárias ou o conhecimento das significações constituídas pela consciência reflexiva ou pela razão reflexiva. A verdade se refere aos fenômenos e os fenômenos são o que a consciência conhece. A verdade será o encadeamento interno e rigoroso das significações, sua coerência lógica e sua necessidade. A verdade é um acontecimento interno ao nosso intelecto ou à nossa consciência. 5 A Fenomenologia (como método e Filosofia) foi criada por Edmund Husserl (1859-1938) e trata da intuição intelectual de essências ou significações. Pois toda consciência, diz Husserl, é sempre consciência de ou consciência de alguma coisa, isto é, toda consciência é um ato pelo qual visamos um objeto, um fato, uma idéia. 6 Edmund Husserl manteve o Inatismo, mas com as contribuições trazidas pelo Kantismo. Em outras palavras, a Fenomenologia considera a razão uma estrutura da consciência (como Kant), mas cujos conteúdos são produzidos por ela mesma, independentemente da experiência ( diferentemente do que dissera Kant). 7 A consciência representa os objetos, os fatos, as pessoas. Cada representação pode ser obtida por um passeio ou um percurso que nossa consciência faz à volta de um objeto. Essas várias representações são psicológicas e individuais, e o objeto delas, o representado, também é individual ou singular. 8 Quando colocamos de lado a singularidade psicológica de cada uma de nossas representações e a singularidade de cada um dos representantes, ficando apenas com a idéia ou significação, como uma universalidade ou generalidade, temos uma intuição da essência. 9 A intuição da essência é a apreensão intelectual imediata e direta de uma significação, deixando de lado as particularidades de minha representação e as particularidades dos representantes que indicam empiricamente a significação. 10 O mundo ou a realidade é um conjunto de significações ou de sentidos que são produzidos pela consciência ou pela razão. A razão é doadora do sentido e ela constitui a realidade enquanto sistemas de significações que dependem da estrutura da própria consciência. 11 As significações não são pessoais, psicológicas, sociais, mas universais e necessárias. Elas são essenciais, isto é, o sentido impessoal, intemporal, universal e necessário de toda a realidade, que só existe para a consciência e pela consciência. 12 A razão é razão subjetiva que cria o mundo como racionalidade objetiva,Isto é, o mundo tem sentido objetivo porque a razão lhe dá sentido. 13 A Fenomenologia não admite que as formas e os conteúdos da razão mudem no tempo e com o tempo. Elas se enriquecem e se ampliam no tempo, mas não se transformam por causa do tempo. 14 Percepção é sempre uma experiência dotada de significações, isto é, o percebido é dotado de sentido e tem sentido em nossa história de vida, fazendo parte de nosso mundo e de nossas vivências. 15 O próprio mundo exterior não é uma coleção ou uma soma de coisas isoladas, mas está organizado em formas e estruturas complexas dotadas de sentido. 16 A percepção é assim uma relação do sujeito com o mundo exterior e não uma reação físico-fisiológica de um sujeito físico-fisiológico a um conjunto de estímulos externos (como suporia o empirista, nem uma idéia formulada pelo sujeito (como suporia o intelctualista). A relação dá sentido ao percebido e ao pecebedor, e um não existe sem o outro. 17 O mundo percebido é qualitativo, significativo, estruturado e estamos nele como sujeitos ativos, isto é, damos às coisas percebidas novos sentidos e novos valores, pois as coisas fazem parte de nossas vidas e interagimos com o mundo. 18 O mundo percebido é um mundo intercorporal, isto é, as relações se estabelecem entre nosso corpo, os corpos dos outros sujeitos e os corpos das coisas, de modo que a percepção é uma forma de comunicação que estabelecemos com os outros e com as coisas. 19 A percepção é uma conduta vital, uma comunicação, uma interpretação e uma valoração do mundo, a partir da estrutura de relações entre nosso corpo e o mundo; 20 A percepção envolve toda nossa personalidade, nossa história pessoal, nossa afetividade, nossos desejos e paixões, isto é, a percepção é uma maneira fundamental de os seres humanos estarem no mundo. 21 A percepção envolve nossa vida social, isto é, os significados e os valores das coisas percebidas decorrem de nossa sociedade e do modo como nela as coisas e as pessoas recebem sentido, valor ou função. 22 Percepção é uma maneira de ter idéias sensíveis ou significações perceptivas. 23 A memória não é um simples lembrar ou recordar, mas revela uma das formas fundamentais de nossa existência, que é a relação com o tempo, e, no tempo, com aquilo que está invisível, ausente e distante, isto é, o passado. A memória é o que confere sentido ao passado como diferente do presente (mas fazendo ou podendo fazer parte dele e do futuro (mas podendo permitir esperá-lo e compreendê-lo). 24 A imaginação (consciência imaginativa) é a capacidade da consciência para fazer surgir os objetos imaginários ou objetos-em-imagem. Pela imaginação relacionamo-nos com o ausente e com o inexistente. 25 Não pensamos sem palavras, não há pensamentos antes e fora da linguagem, as palavras não traduzem pensamentos, mas os envolvem e os englobam. É justamente por isso que a criança aprende a falar e a pensar ao mesmo tempo, pois, para ela, uma coisa se torna conhecida e pensável ao receber um nome. A linguagem é o corpo do pensamento. (Merleau-Ponty) 26 A Fenomenologia considera que cada campo do conhecimento deva ter seu método, determinado pela natureza do objeto, pela forma como o sujeito do conhecimento pode aproximar- se desse objeto e pelo conceito de verdade que cada esfera do conhecimento define para si própria. No caso das Ciências Humanas, particularmente da Psicologia, o método é chamado compreensivo-interpretativo, porque seu objeto são as significações ou os sentidos dos comportamentos, das práticas e das instituições realizadas ou produzidas pelos seres humanos. EM QUE A FENOMENOLOGIA CONTRIBUI PARA A EDUCAÇÃO OU Como ver a educação sob o olhar fenomenológico: Três vertentes a considerar: 1)concepção de realidade e de conhecimento e como aparecem na prática pedagógica; 2)procedimentos de investigações de temas educacionais; 3)a práxis educacional. A educação é compreendida e praticada segundo as atitudes natural e fenomenológica. Na atitude natural, a educação é tratada como um objeto natural (passível de ser conhecido mediante as representações manifestas por signos e por sinais) A educação como a própria prática pedagógica, o ensino, alunos e professores, conteúdos programáticos são decompostos, separados, em pedaços, vistos como objetos naturais, imutáveis. Na atitude fenomeológica a educação é entendida como cuidado com o pro-jeto do humano. Esse projeto se realiza numa intersubjetividade, numa relação eu-outro. Neste sentido cada aluno, que é um Ego, é um polo de intencionalidade, de identidade, é corpo-encarnado em movimento, é desejo, um ponto-zero a partir do qual traça sua perspectiva de mundo, é comunicação com o Outro (professores ou outros alunos). Esse estar-com no mundo-vida (campo universal das experiências vividas) é que dá sentido ao que fazemos, dizemos ou pensamos. No mundo-vida escolar se trabalha, se ensina, se aprende, se avalia, se deseja, se quer, se repudia. E isso tudo é veiculado pela linguagem falada, escrita, pelas imagens e sons, gestos e etc. A fenomenologia trabalha o pro-jeto educacional nesse cotidiano. Busca o sentido do que se apresenta a cada aluno, professor e demais presentes a essa comunidade. Uma didática fenomenológica considera o mundo em sua concretude e as experiências aí vivenciadas. A fenomenologia ao enfatizar a percepção, o trabalho pedagógico põe em destaque o momento presente, possibilitando que o aluno e professor fiquem atentos ao passado, ao futuro e às suas vivências. Isto é, que se percebam sentido, raciocinando, lembrando, falando do percebido, movendo-se; enfim, agindo. EXISTENCIALISMO DE JEAN PAUL SARTRE ( 1905 - 1980 ). I - Definição: É uma doutrina filosófica que tem como empenho pensar o indivíduo concreto, a partir de sua existência cotidiana. II - A frase que tornou famosa essa doutrina : A existência precede a essência 2.1 - Significações: Não existe uma natureza humana, uma definição do que seja o homem anterior ao ato de existir: Não há uma essência precedente, que determinaria aquilo que cada indivíduo vai ser ou deve ser. III - O método: 3.1 - Três fases fundamentais: 1) Adotou o método fenomenológico; 2) Inspirou-se nas preocupações de ordem marxista; 3) Nunca abandonar a incessante inquietação do indivíduo concreto. IV - As teses fundamentais - O existencialismo deve ser um humanismo; - A consciência é o núcleo instantâneo de minha existência. - A consciência só existe por aquilo do qual ela tem consciência. - O ser e o nada : a) O ser é o objeto, é tudo aquilo do qual tenho consciência. b) A consciência precisa do objeto, sem o objeto ela não vai além do próprio vazio. c) O sujeito é o nada , é consciência. d) A consciência é necessariamente consciência de alguma coisa = consciência intencional ( Husserl ). Para Sartre: O ser é chamado de em-si e a consciência é chamada de Para-si . V - A Intersubjetividade. - Ligação fundamental entre o eu e o tu. - A relação intersubjetiva só se realiza necessariamente com o recurso da dicotomia entre sujeito - objeto . 5.1 - Objeções: Não há relação objeto -objeto , o objeto é exterior a si próprio. - Não se verifica nenhuma relação entre o sujeito - sujeito . - Sendo assim, o confronto ( sujeito e objeto ) é necessário. VI - A liberdade 6.1 - Fórmula máxima: A liberdade é absoluta ou não existe . - Sartre recusa-se ao determinismo e também a qualquer condicionamento. 6.2 - O ateísmo de Sartre: - Se Deus existe, tudo sabe, tudo prevê e determina. Então, a liberdade não é absoluta. 6.3 - Recusa-se ao determinismo materialista: Se tudo se reduzisse à matéria, não haveria consciência e não haveria liberdade . PROBLEMA DA VERDADE I - Preliminar : Todo o esforço do pensamento humano se exerce no sentido de descobrir a verdade . II - Questão inicial : O que é a verdade ? 1 - Conceito material da verdade : A verdade se estabelece sempre como relação entre uma enunciação conceitual e uma situação externa à mesma . 2 - Conceito formal ou imanente :. Como verdade a conformidade do pensamento consigo mesmo . Objeção : O juízo pode ter validade lógica e não ser verdadeiro do ponto de vista material . III - Definições e/ou características : A verdade será sempre a conformidade do juízo com a situação objetiva a que ele se aplicar . A verdade é sempre absoluta ( existe ou não existe ). A verdade surgirá , somente , quando se operar a conformidade do juízo com a situação verificada na realidade e não na aparência . IV- O critério da verdade : A evidência ( característica fundamental ). 4.1- Para o idealismo : Ausência de contradição, pois a verdade brota fundamentalmente do pensamento ( objeto ideal ) . 4.2- Para o Realismo : Relação entre o pensamento e a situação objetiva que ele deve exprimir ( objeto real ou natural ) . 4.3 - Outros critérios ( Não considerados como tais ): 4.3.1- O critério de autoridade; 4.3.2- O critério de assentimento universal; 4.3.3- o critério do senso comum; 4.3.4- O critério da experiência .