Patrícia Fortes Lopes Donzele Cielo Fernanda Netto Tartuci Lorenzi Fortes
Patrícia Fortes Lopes Donzele Cielo Fernanda Netto Tartuci Lorenzi Fortes
Patrícia Fortes Lopes Donzele Cielo Fernanda Netto Tartuci Lorenzi Fortes
Abstract: This article presents the main offices of family law in their conceptions,
definitions, distinctions and particularities, so that it can provide parameters to
differentiate between marriage and other institutes discussed below, in order that the
form of constitution of these is distinctive and resonates differently in various purposes,
particularly with respect to property and succession issues.
1 Do Casamento
1
Professora do curso de Direito no CESUC. Mestra em Direito pela UFG.
2
Bacharela em Direito pelo CESUC. Pós-graduanda em Direito Tributário pela rede de ensino LFG.
Revista CEPPG – CESUC – Centro de Ensino Superior de Catalão, Ano XIII, Nº 22 – 1º Semestre/2010
Artigo publicado na Revista CEPPG – Nº 22 – 1/2010 – ISSN 1517-8471 – Páginas 155 à 170
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O casamento tem início com a celebração. Por sua vez, implica em adoção
de regime de bens entre os cônjuges, sendo que, aos que não o fizerem explicitamente,
presumir-se-á, segundo reza o Código Civil de 2002, em seu art. 1640, a adoção do
Regime da Comunhão Parcial de Bens que tutelará a situação patrimonial entre ambos.
Os regimes de bens poderão ser: Comunhão Universal de Bens; Comunhão Parcial de
Bens; Separação de Bens, que se subdivide em Separação Convencional e Separação
Obrigatória de Bens e, finalmente, a forma introduzida pela Lei Civil vigente, o Regime
de Separação Final dos Aqüestos.
No campo das Sucessões, o cônjuge, com advento do Código Civil vigente,
fora erigido à condição de herdeiro necessário na Ordem de Vocação Hereditária, tendo
salvaguardada a sua legítima, conforme versam os artigos 1845 (“São herdeiros
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.”) e 1846 (“Pertence aos
herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a
legítima.”).
Tal situação não se verifica, por exemplo, com relação ao convivente, tendo
sido conferida tão somente ao cônjuge.
Não obstante o dever de fidelidade, já ressaltado no presente trabalho, é
possível que se verifique a coexistência da situação de cônjuge com a do convivente ou
companheiro, que seria o status de quem vive em união estável. Tal ocorrência fática
pode ser verificada quando a dissolução do casamento não se deu por qualquer de suas
vias legais e os cônjuges encontram-se separados de fato apenas. A referida situação não
é impedimento à constituição da união estável e não se confunde com o que se tem por
concubinato. Portanto, é possível que coexistam o cônjuge e o convivente, ambos
ligados a uma mesma pessoa.
A título meramente exemplificativo, pode-se ilustrar a afirmação feita acima
da seguinte forma: João é casado com Maria. Após anos de casamento, ambos se
separam. Entretanto, não o fazem judicialmente. Desta feita, o vínculo subsiste
formalmente, ainda que os ex-cônjuges não mais convivam maritalmente. Tendo
passado algum tempo após a separação, João passa a conviver com Nora publicamente e
de forma contínua com animus de com ela constituir uma relação duradoura. Porém, a
situação com Maria permanece como estava à época da separação, ou seja, estão
separados, mas apenas faticamente, não tendo sido tomadas quaisquer providências
judiciais. Nesse caso prático e bastante comum, João, para efeitos legais, continua
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casado com Maria, embora viva em união estável com Nora. Dessa forma, com relação
a João, Maria continua sendo casada e Nora é companheira.
Observação importante a se fazer concerne à proibição contida no artigo
1521, VI, do Novo Código Civil, que expressamente impede pessoa casada de se casar
novamente. Assim, o separado de fato, ainda que nesta situação há 20, 30 anos, não
poderá casar-se de novo. Mas, reiterando o que já fora dito, quanto à constituição de
união estável, não há obstáculos.
Tendo sido feitos tais apontamentos acerca do casamento, ainda no âmbito
das relações tuteladas pelo Direito de Família, passar-se-á a tratar da União Estável, de
forma a traçar sua evolução histórica, bem como trazendo conceituações e principais
repercussões.
2 Da União Estável
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coexiste com a fundada no casamento, mas aquela não se identifica com este.
Tanto assim, que, segundo o texto constitucional, a lei deve facilitar a
conversão da união estável em casamento - o que não teria sentido se uma e
outro já estivessem igualados. (MOREIRA, 2003, p. 7)
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lei não impõe que os conviventes estejam sob o mesmo teto. Tal entendimento é
ratificado pela doutrina de Venosa (2003, p. 50), que assim comenta: “Na união estável
existe a convivência do homem e da mulher sob o mesmo teto ou não, mas more uxório,
isto é, convívio como se marido e esposa fossem”.
Vê-se que é prescindível o elemento da coabitação, mas, de modo distinto, é
imprescindível a notoriedade da relação. É em consonância à afirmação em pauta que
proclama a Súmula 382 do STF: “A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio,
não é indispensável à caracterização do concubinato”. Vale lembrar que a expressão
“concubinato”, utilizada à época da edição da referida Súmula, era o termo usual para
designar a situação dos que hoje se têm por companheiros.
Finalmente, a exemplo do que se fez com relação ao cônjuge, cumpre
determinar quem é o companheiro. No entanto, vale mencionar que a nomenclatura
utilizada em referência àqueles que se unem sem vínculo matrimonial é diversa, dentre
as quais as mais utilizadas são companheiros e conviventes. Assim, companheiro (a) é a
designação que se dá ao homem (ou à mulher unida a um homem) unido por longo e
contínuo tempo a uma mulher, como se seu esposo fosse, refletindo a intenção de
constituir com ela uma família.
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efeitos jurídicos, torna-se um fato jurídico. Ressalte-se, entretanto, que tais efeitos, por
sua vez, são similares aos gerados pelo matrimônio. No mesmo sentido pontua
Gonçalves (2008, p. 554) citando Álvaro Villaça Azevedo:
Ainda no campo dos efeitos, mister se faz mencionar que o art. 1724 da Lex
Civile regula as relações pessoais entre os companheiros, declarando assim: “As
relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.”. Conclui-se que a união estável
também gera deveres e que os deveres dos companheiros são praticamente idênticos aos
deveres dos casados.
Pode-se dizer que, embora não haja obrigatoriedade de celebração de
contrato para que seja reconhecida união de fato entre um homem e uma mulher, o
Código Civil manteve a possibilidade, prevista anteriormente no art. 5º da Lei 9278/96,
de os companheiros celebrarem contrato escrito que venha dispor sobre o regime de
bens que prevalecerá entre eles, já que a Lei Civil, no art. 1725, enunciou que “Na união
estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. Desse modo, caso queiram
adotar outras disposições quanto aos reflexos da relação por eles constituída, haverá a
possibilidade de se estabelecerem novas regras mediante contrato escrito.
3 Concubinato
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O grande passo, nesse sentido, foi dado pela Constituição Federal de 1988,
no artigo 226, § 3º, conforme já se viu transcrito anteriormente, estabelecendo, a partir
de sua edição e promulgação, que a relação familiar nascida fora do casamento passou a
denominar-se união estável.
Muitos autores, a exemplo de Gonçalves, utilizavam-se do concubinato de
forma subdividida, considerando-o “puro” quando se referisse à convivência duradoura,
como marido e mulher, sem impedimentos decorrentes de outra união, o que passou a
ser considerado como união estável, e “impuro” aquele que se referisse a pessoas
casadas, infringindo o dever de fidelidade, também conhecido como concubinato
adulterino ou incestuoso, mantido de forma velada, paralelo ao casamento, do
conhecimento apenas das partes envolvidas.
Nesse ínterim, aproveita-se para delimitar a expressão “concubinato”
conforme hoje se opera estritamente ao que diz respeito a relacionamentos amorosos,
envolvendo pessoas casadas que infringem o dever de fidelidade e que, por já serem
casadas, estão impedidas de se casar, conforme estabelecido pelo art. 1727 do Código
Civil, que assim reza: “As relações não eventuais entre homem e mulher, impedidos de
casar, constituem concubinato.”.
Com relação a este último ponto, que se encontra destacado da leitura do
artigo acima transcrito (art. 1727/CC), Gonçalves ainda aponta para o que considerou
impropriedade da expressão utilizada, em função do que:
(...) deve-se entender que nem todos os impedidos de casar são concubinos,
pois o § 1º do art. 1723 trata como união estável a convivência pública e
duradoura entre pessoas separadas de fato e que mantém o vínculo do
casamento, não sendo separadas de direito. (GONÇALVES, 2008, p. 543).
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porque alguns julgados dizem que a concubina tem alguns direitos e outros dizem que
ela não tem aqueles mesmos direitos. E, nesse caso, não se cuida de mera divergência
jurisprudencial. Cuida-se de soluções tomadas com base em instituto cujo conceito foi
sendo gradativamente modificado.
Assim, a distinção, como se vê, revela-se fundamental para que se possa
decidir sobre a eventual existência de direitos decorrentes de uma e outra situação.
Distinguindo o (a) concubino (a) do (a) companheiro (a), não há que se falar sob
enfoques legais na esfera do Direito de Família de direitos concernente aos concubinos,
mas poderão ser conferidos, entretanto, na esfera obrigacional, pelo que alguns tribunais
têm entendido por dever de solidariedade entre parceiros.
Considerações Finais
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - Direito das Sucessões. 6°
vol. 21° ed. rev. e atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007.
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - Direito de Família. vol. VI.
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MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo Código Civil e a união estável. Revista
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RODRIGUES, Silvio. Direito Civil - Direito de família. v. 6. São Paulo: Saraiva,
2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Direito de família. v. 6. 3° ed. São Paulo:
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