Fabio Medina Osorio. Retroatividade Da Lei 14230
Fabio Medina Osorio. Retroatividade Da Lei 14230
Fabio Medina Osorio. Retroatividade Da Lei 14230
ADMINISTRATIVA
3. Vejamos:
1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
2 Sustentamos, desde longa data, que o direito administrativo sancionador rege as ações de
improbidade. Veja-se artigo publicado na Revista de Administración Pública (RAP) da Espanha
149, em 1999, nosso trabalho pioneiro nesta matéria, quando introduzimos no Brasil um novo
conceito de sanção administrativa, que permitiu o alargamento do regime do direito
administrativo sancionador para o campo das ações de improbidade administrativa. Na primeira
edição de nossa obra Direito Administrativo Sancionador, em 2000, reafirmamos o conceito de
sanção administrativa que permitiu sua aplicação pelo Poder Judiciário, alcançando as ações de
improbidade administrativa, conceito este que teve repercussão na formação do convencimento
dos Tribunais Superiores sobre essa matéria. Com efeito, concepção alcançou o entendimento
dos Tribunais Superiores. A jurisprudência do STJ, em matéria de improbidade administrativa,
tem sido sensível aos princípios do Direito Administrativo Sancionador, como se vê inúmeros
julgados do STJ, destacando-se este julgamento paradigmático:“O direito administrativo
sancionador está adstrito aos princípios da legalidade e da tipicidade, como consectários das
garantias constitucionais”, no qual cita nossa doutrina: Osório, Fábio Medina. Teoria da
improbidade administrativa: má gestão pública: corrupção: ineficiência (p. 300). (RESP 87.360-
SP, Rel. Min.Luiz Fux, julgado em 17 de junho de 2008.
3 O Ministro ALEXANDRE DE MORAIS expressamente admitiu a aplicação do direito
4 Osório, Fábio Medina. Direito administrativo sancionador. Thomson Reuters Revista dos
Tribunais. Edição do Kindle. p. 87.
constitucionais de proteção aos administrados e jurisdicionados, cuja
inobservância deslegitima a aplicação de qualquer sanção5:
7 STF, Rcl nº 41.557/SP, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, Julgamento
15/12/2020, Publicação DJe-045 DIVULG 09-03-2021 PUBLIC 10-03.
baliza hermenêutica para a qualidade da relação’.”
(grifos do texto)
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DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI MAIS
BENÉFICA AO ACUSADO. APLICABILIDADE.
EFEITOS PATRIMONIAIS. PERÍODO ANTERIOR À
IMPETRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 269 E
271 DO STF. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE
1973. APLICABILIDADE. I - Consoante o decidido pelo
Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela
data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo
Civil de 1973. II - As condutas atribuídas ao
Recorrente, apuradas no PAD que culminou na
imposição da pena de demissão, ocorreram entre
03.11.2000 e 29.04.2003, ainda sob a vigência da Lei
Municipal n. 8.979/79. Por outro lado, a sanção foi
aplicada em 04.03.2008 (fls. 40/41e), quando já
vigente a Lei Municipal n. 13.530/03, a qual prevê
causas atenuantes de pena, não observadas na
punição. III - Tratando-se de diploma legal mais
favorável ao acusado, de rigor a aplicação da Lei
Municipal n. 13.530/03, porquanto o princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica,
insculpido no art. 5º, XL, da Constituição da
República, alcança as leis que disciplinam o direito
administrativo sancionador. Precedente. IV -
Dessarte, cumpre à Administração Pública do
Município de São Paulo rever a dosimetria da sanção,
observando a legislação mais benéfica ao Recorrente,
mantendo-se indenes os demais atos processuais. V -
A pretensão relativa à percepção de vencimentos e
vantagens funcionais em período anterior ao manejo
deste mandado de segurança, deve ser postulada na
via ordinária, consoante inteligência dos enunciados
das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal
Federal. Precedentes. VI - Recurso em Mandado de
Segurança parcialmente provido.
(RMS 37.031/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA
COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2018,
DJe 20/02/2018)
8DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte
geral e processo de conhecimento. 21ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2019, p. 365 e 366.
Primeiramente, não há mais menção "à possibilidade
jurídica do pedido" como hipótese que leva a uma
decisão de inadmissibilidade do pro cesso. Observe
que não há mais menção a ela como hipótese de
inépcia da petição inicial (art. 330, § 1o, CPC)55;
também não há menção a ela no inciso VI do art. 485
do CPC, que apenas se refere à legitimidade e ao
interesse de agir56; além disso, criam-se várias
hipóteses de improcedência liminar do pedido, que
poderiam ser consideradas, tranquilamente, como
casos de impossibilidade jurídica de o pedido ser
atendido.
(...)
Enfim:
a) o assunto "condição da ação" desaparece, tendo
em vista a inexistência da única razão que o
justificava: a consagração em texto legislativo dessa
controvertida categoria;
b) a ausência de "possibilidade jurídica do pedido"
passa a ser examinada como hipótese de
improcedência liminar do pedido, no capítulo
respectivo;
c) legitimidade ad causam e interesse de agir passam
a ser estudados no capítulo sobre os pressupostos
processuais. (grifei)
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