Manual Formador 2
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ATENÇÃO:
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Tecnologias, Unipessoal, Lda.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Índice:
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................................................... 4
A1. O FORMADOR FACE AOS SISTEMAS E CONTEXTOS DA FORMAÇÃO....................................... 11
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 11
ACOLHIMENTO ..................................................................................................................................................... 11
CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE FORMAÇÃO ............................................................................................... 11
Breve Evolução Histórica da Formação Profissional em Portugal................................................................................. 11
LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................................... 14
Caracterização de Sistemas de Formação....................................................................................................................... 14
O Enquadramento Legal da F.P. em Portugal ................................................................................................................ 16
O Diploma Legal de Acreditação – DSQA (ex-INOFOR/ex-IQF)................................................................................... 26
P ERFIL DO F ORMADOR : C OMPETÊNCIAS E C APACIDADES ............................................................................... 27
O Conceito de Formador ................................................................................................................................................. 27
O Perfil e as Funções do Formador................................................................................................................................. 27
Caracterização das Competências e Capacidades do Formador .................................................................................... 28
A2. FACTORES E PROCESSOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................... 32
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 32
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................ 32
TEORIAS DA APRENDIZAGEM ............................................................................................................................... 32
ESTILOS DE APRENDIZAGEM....................................................................................................................... 35
PROCESSOS, ETAPAS E FACTORES PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM ................................................................ 36
A3. COMUNICAÇÃO E ANIMAÇÃO DE GRUPOS....................................................................................... 40
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 40
RELAÇÕES INTERPESSOAIS ................................................................................................................................... 40
ATITUDES COMUNICACIONAIS E OS SEUS EFEITOS................................................................................................ 40
A RELAÇÃO PEDAGÓGICA .................................................................................................................................... 44
FACTORES DE MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................... 45
OS GRUPOS E A SUA DINÂMICA ............................................................................................................................ 47
TIPOS DE LIDERANÇA E OS SEUS EFEITOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................................... 49
ANIMAÇÃO DE GRUPOS ........................................................................................................................................ 50
A4. MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS.............................................................................................. 52
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 52
CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS MAIS UTILIZADOS NA FORMAÇÃO ....................... 52
Métodos Pedagógicos ...................................................................................................................................................... 53
Método Expositivo .................................................................................................................................................. 53
Método Interrogativo.............................................................................................................................................. 54
Método Demonstrativo ........................................................................................................................................... 55
Métodos Activos...................................................................................................................................................... 56
Técnicas ........................................................................................................................................................................... 57
B1. OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS.................................................................................................................. 61
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 61
DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO ......................................................................................................... 61
VANTAGENS E FUNÇÕES DA DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS ..................................................................................... 61
NÍVEIS DE DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO....................................................................................... 61
OBJECTIVOS OPERACIONAIS................................................................................................................................. 63
TAXIONOMIA DOS OBJECTIVOS ............................................................................................................................ 64
B2. RECURSOS DIDÁCTICOS .......................................................................................................................... 65
OBJECTIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 65
RECURSOS DIDÁCTICOS ....................................................................................................................................... 65
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
GLOSSÁRIO
A
ACÇÃO DE FORMAÇÃO – Actividade concreta de formação que visa atingir objectivos de formação previamente
definidos.
ACÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO – Acção de curta duração destinada a despertar interesse e motivação para
determinado tema ou área profissional.
ANÁLISE DE NECESSIDADES DE FORMAÇÃO – Tratamento e avaliação dos dados obtidos pelo levantamento de
necessidades de formação, com vista à obtenção de indicadores que permitam a elaboração de um diagnóstico de
necessidades de formação.
APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL – Formação que se segue à formação profissional inicial e que visa
complementar e melhorar conhecimentos, capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento, no âmbito
da profissão exercida.
APRENDIZAGEM – Processo integrado em que um indivíduo se mobiliza no sentido de uma mudança, nos
domínios cognitivo, psicomotor e/ou afectivo.
APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA – Sistema global de educação/formação em que se integram todos os tipos
e níveis de educação – pré-escolar, escolar, extra-escolar e qualquer outro tipo de educação não formal –,
constituindo um processo de longo prazo que se desenvolve durante toda a vida.
APTIDÃO PROFISSIONAL – Conjunto de competências devidamente reconhecidas que habilitam o indivíduo para
o exercício de uma profissão ou actividade profissional.
ÁREA VOCACIONAL – Conjunto de conteúdos de formação afins e adequados às características pessoais dos
formandos no domínio das suas aptidões, capacidades, interesses e motivações.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO – Processo de aferição das competências adquiridas pelos formandos, por via da
experiência ou da formação, realizado no início da acção de formação, tendo como finalidade o ajustamento do
programa de formação.
AVALIAÇÃO DO IMPACTE DA FORMAÇÃO – Método de avaliação da formação que consiste na apreciação dos
efeitos da formação sobre o desempenho do indivíduo a nível pessoal, organizacional e social.
B
BALANÇO DE COMPETÊNCIAS – Processo individualizado de identificação e tomada de consciência das motivações,
interesses, capacidades e aptidões profissionais e pessoais, tendo em vista definir um projecto profissional e ou
formativo, mediante a intervenção de um conselheiro ou orientador.
BOLSA DE FORMAÇÃO – Subsídio periódico ou outras regalias pecuniárias pagas pela entidade responsável pela
formação ao formando durante a sua participação numa acção de formação.
C
CENTRO DE FORMAÇÃO – Estabelecimento que dispõe de estrutura organizativa capaz de mobilizar e utilizar os
meios necessários à realização de acções de formação.
CERTIFICADO DE APTIDÃO PROFISSIONAL – Documento oficial que comprova a competência do indivíduo para o
exercício de uma profissão ou actividade profissional, o nível de qualificação e, eventualmente, a equivalência a
habilitações escolares.
CERTIFICADO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL – Documento emitido por uma entidade formadora que comprova
que o formando frequentou com aproveitamento uma acção de formação profissional e, eventualmente, contendo
indicações relativas ao nível de qualificação, à preparação para o exercício de uma actividade profissional e à
equivalência a habilitações escolares.
CERTIFICADO DE FREQUÊNCIA – Documento emitido por uma entidade formadora que comprova que o formando
frequentou uma acção de formação.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
CONTRATO DE FORMAÇÃO – Acordo escrito celebrado entre uma entidade formadora e um formando, mediante o
qual este se obriga a frequentar uma acção de formação profissional determinada, e aquela se obriga a facultar,
nas suas instalações ou nas de terceiros, os ensinamentos e meios necessários a tal fim.
COORDENADOR DE FORMAÇÃO – Indivíduo que prepara e assegura a execução de uma ou várias acções de
formação, efectuando o planeamento, a programação, a organização, o acompanhamento, o controlo e a
avaliação das actividades que integram cada acção de formação.
CURSO DE FORMAÇÃO – Programa de formação que tem como finalidade proporcionar aos formandos a aquisição
de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento necessários
para o exercício de uma profissão ou grupo de profissões.
D
DIAGNÓSTICO DE NECESSIDADES DE FORMAÇÃO – Detecção de carências, a nível individual e/ou colectivo,
referentes a conhecimentos, capacidades e comportamentos tendo em vista a elaboração de um plano de
formação.
E
ENSINO RECORRENTE – Modalidade de ensino a que têm acesso todos os indivíduos que ultrapassaram a idade
normal de frequência do ensino básico e do ensino secundário, respectivamente 15 e 18 anos, sem terem tido
oportunidade de se enquadrarem no sistema de ensino regular ou sem terem obtido qualquer certificação, por
insucesso ou abandono precoce do ensino regular.
Com organização curricular, metodologias e avaliação específicas, atribui diplomas e certificados equivalentes aos
do ensino regular.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
ENTIDADE FORMADORA – Organismo ou instituição que desenvolve e executa formação para o mercado através
de estrutura de formação acreditada.
F
FORMAÇÃO – Conjunto de actividades que visam a aquisição de conhecimentos, capacidades, atitudes e formas de
comportamento exigidos para o exercício das funções próprias duma profissão ou grupo de profissões em qualquer
ramo de actividade económica.
FORMAÇÃO A DISTÂNCIA – Método de formação com reduzida ou nula intervenção presencial do formador e que
utiliza materiais didácticos diversos em suporte escrito, áudio, vídeo, informático ou multimédia, ou numa
combinação destes, com vista não só à aquisição de conhecimentos como também à avaliação do progresso do
formando.
FORMAÇÃO CONTÍNUA – Formação que engloba todos os processos formativos organizados e institucionalizados
subsequentes à formação profissional inicial com vista a permitir uma adaptação às transformações tecnológicas e
técnicas, favorecer a promoção social dos indivíduos, bem como permitir a sua contribuição para o
desenvolvimento cultural, económico e social.
FORMAÇÃO INDIVIDUALIZADA – Método de formação que permite a cada indivíduo adquirir conhecimentos e
qualificações ao seu próprio ritmo, segundo as suas capacidades e necessidades.
FORMAÇÃO INICIAL – Formação que visa a aquisição das capacidades indispensáveis para poder iniciar o exercício
duma profissão. É o primeiro programa completo de formação que habilita ao desempenho das tarefas que
constituem uma função ou profissão.
FORMAÇÃO INTEREMPRESAS – Modalidade de organização da formação na qual várias empresas se agrupam para
assumir conjuntamente certas tarefas de formação que não podem realizar individualmente.
FORMAÇÃO MODULAR – Formação cujos conteúdos são organizados em unidades de formação independentes –
módulos – e que podem ser combinados por forma a constituírem um programa/itinerário de formação adaptado,
nomeadamente, às necessidades dos indivíduos, a desenvolvimentos técnicos, tecnológicos e organizacionais ou à
estrutura ocupacional.
FORMAÇÃO NA EMPRESA – Formação dada numa empresa, tendo o formando o estatuto de trabalhador. Esta
formação pode ser ministrada no posto de trabalho ou fora dele.
FORMAÇÃO PRESENCIAL – Formação que se realiza mediante o contacto directo entre formador e formando.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
G
GESTOR DE FORMAÇÃO – Indivíduo que, numa organização ou entidade de formação, é responsável pela
definição da respectiva política de formação, pela elaboração, execução, acompanhamento, controlo e avaliação
do plano de actividades e, ainda, pela gestão dos recursos afectos à organização ou entidade de formação.
I
ITINERÁRIO DE FORMAÇÃO – Modelo de estrutura curricular que constitui um percurso formativo global,
enquadrador de um conjunto integrado de acções de formação, sendo cada uma delas relevante em termos das
competências visadas no perfil de saída.
L
LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE FORMAÇÃO – Recolha e tratamento de informação relativa a carências a
nível individual e/ou colectivo referentes a comportamentos a nível de conhecimentos, capacidades e atitudes que
podem conduzir a um deficiente desempenho e baixa produtividade.
LOCAL DE FORMAÇÃO – Espaço físico que reúne os meios necessários à formação, designadamente
equipamentos, materiais e recursos pedagógicos.
M
MATERIAL DIDÁCTICO – Todo e qualquer meio ou instrumento utilizado no ensino e na formação.
MODALIDADES DE FORMAÇÃO – Tipo de formação determinado em função das características específicas das
acções, designadamente, os objectivos, o público-alvo, a estrutura curricular, a metodologia e a duração.
MÓDULO DE FORMAÇÃO – Conjunto de unidades organizadas, com uma sequência lógica e didáctica, que levadas
à prática visam alcançar um objectivo geral.
MONITOR DE FORMAÇÃO – Indivíduo responsável pela formação de natureza essencialmente prática e pela
avaliação da capacidade do formando para assimilar conhecimentos práticos.
N
NÍVEL DE FORMAÇÃO – Patamar da estrutura de níveis de formação em relação ao qual é definido o
posicionamento de uma determinada acção de formação, em função do nível de habilitações académicas e
profissionais exigido à entrada, das condições e grau de autonomia no exercício profissional e das competências
conferidas pela frequência com aproveitamento dessa acção de formação.
O
OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO – Descrição dos resultados a alcançar com a acção de formação, indicando o que os
formandos devem ser capazes de fazer depois de concluída a aprendizagem, assim como as condições em que o
devem fazer e os critérios de um nível de actuação aceitável.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
P
PERCURSO DE FORMAÇÃO – Conjunto de acções de formação integrantes de um itinerário, seleccionadas em
função de uma avaliação de diagnóstico e do perfil de saída visado.
PERFIL DE ENTRADA – Descrição das condições de natureza física, funcional, vocacional e outras de particular
relevância que os candidatos devem possuir para o ingresso numa determinada acção de formação.
PERFIL DE FORMAÇÃO – Descrição dos conteúdos e das condições de desenvolvimento da formação que visam a
aquisição das competências definidas no perfil de saída da formação.
PERFIL PROFISSIONAL – Descrição do conjunto de competências requeridas para o exercício de uma actividade ou
de uma profissão, podendo incluir deveres, responsabilidades, condições de trabalho, requisitos, sistema de
ingresso e progressão na carreira.
PLANO CURRICULAR – Documento que integra de forma estruturada as unidades de formação, as componentes
de formação e as cargas horárias da acção de formação.
PLANO DE FORMAÇÃO – Documento que integra o conjunto estruturado das actividades que devem ser realizadas
num dado período de tempo, com o fim de alcançar os objectivos propostos, tendo por base um diagnóstico de
necessidades de formação.
PROGRAMA DE FORMAÇÃO – Conjunto de actividades a desenvolver durante a acção de formação definidas com
base na área temática, objectivos, destinatários, metodologia, duração e conteúdo.
R
RECICLAGEM PROFISSIONAL – Modalidade de formação que visa a actualização ou aquisição dos conhecimentos,
capacidades e atitudes dentro da mesma profissão, devido, nomeadamente, aos progressos científicos e
tecnológicos.
RECONVERSÃO PROFISSIONAL – Modalidade de formação que faz parte da formação profissional contínua e que
visa dar uma qualificação diferente da já possuída, para exercer uma nova actividade profissional. Pode implicar
uma formação profissional de base seguida de especialização.
REFERENCIAL DE FORMAÇÃO – Enquadramento de uma acção num determinado sistema de formação e a sua
correlação com outros, considerando a oferta formativa existente ao mesmo nível de qualificação e na mesma área
formativa e, ainda, a oferta formativa a montante e a jusante.
S
SESSÃO DE FORMAÇÃO – Conjunto de actividades desenvolvidas num determinado período de tempo que visam
alcançar um ou mais objectivos pedagógicos específicos.
SISTEMA DE APRENDIZAGEM – Sistema de formação inicial em alternância, dirigido a jovens que tenham
ultrapassado a idade limite da escolaridade obrigatória e não tenham ultrapassado o limite etário dos 25 anos, o
qual integra uma formação polivalente preparando para saídas profissionais específicas e conferindo uma
qualificação profissional e possibilidade de progressão e de certificação escolar.
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T
TEXTO DE APOIO – Documento escrito contendo informações sobre o conteúdo programático e que visa clarificar,
sistematizar, complementar ou aumentar os conhecimentos transmitidos.
TUTOR – Indivíduo que no processo formativo desempenha funções de enquadramento, integração, orientação e
acompanhamento, individuais ou de grupo, nas actividades de formação em contexto de trabalho.
U
UNIDADE DE FORMAÇÃO – Parte de um módulo de formação que integra um conjunto estruturado de
conteúdos/actividades com sequência pedagógica que visa atingir um ou mais objectivos específicos.
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OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando esteja apto a:
ACOLHIMENTO
“Criar, não
O acolhimento trata-se, sem dúvida, de uma apresentação –
possuir;
acolhimento de todos e de cada um. Trabalhar, não
É importante nesta primeira abordagem promover o momento reter;
inicial de conhecimento dos presentes: Crescer, não
dominar.”
Quem são os indivíduos/formandos a nível pessoal e a
nível profissional; LAO-TSE
Onde trabalham (empresa, organização, sector);
A sua realização/satisfação, no emprego actual;
O que mais gostam de fazer nos seus tempos livres;
As suas expectativas face ao módulo que se inicia.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
O grande “salto” da formação profissional deu-se em 1986 com a adesão de Portugal à União Europeia. É nesta
altura que surge a formação profissional co-financiada pelo Fundo Social Europeu (FSE) e pelo Estado Português,
a qual era fiscalizada pelo Departamento de Apoio ao Fundo Social Europeu (DAFSE).
A formação passou a dar maior ênfase ao domínio do saber-fazer, a qual era realizada em vários locais, como por
exemplo, Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional, Empresas e Escolas Técnico-Profissionais.
Presentemente também existe uma outra área privilegiada, ou seja, o domínio do saber-ser/saber-estar.
Surge um novo olhar sobre a formação profissional, fundamental na vida de todos nós e inclusive nas empresas.
Após o cumprimento do ensino obrigatório de nove anos, os jovens portugueses que se mantêm no sistema de
ensino podem escolher entre o ensino secundário geral e duas formas de ensino profissional: cursos
tecnológicos e escolas profissionais. Ambos os tipos de formação profissional conferem acesso ao ensino
superior.
Fora do sistema escolar, a formação inicial de jovens é desenvolvida por várias entidades com destaque para o
IEFP que gere o sistema de aprendizagem desenvolvendo cursos de qualificação nos seus centros de formação.
O ensino recorrente constitui também uma alternativa de segunda oportunidade para os jovens e adultos que
já ultrapassaram as idades de frequência normal e conduz à obtenção dos diplomas de ensino básico e
secundário do ensino regular.
A formação profissional contínua é a formação ao longo da vida que engloba todos os processos organizados
e institucionalizados subsequentemente à formação profissional inicial. Permite desenvolver conhecimentos
teóricos, capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento no âmbito das profissões exercidas.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Actualmente, assistimos a uma restrição cada vez maior do período real da vida activa da população, através da
influência conjunta de vários factores complementares. Primeiro, o protelamento da idade de acesso dos jovens
ao mercado de trabalho, durante a antecipação do termo da vida activa. Segundo, instabilidade no emprego,
situações intermitentes de desemprego e reduções nos horários de trabalho.
As necessidades de formação irão intensificar-se por toda a vida, ao mesmo tempo que aumentará o tempo
disponível que cada activo terá para se dedicar à sua formação. Existem vários aspectos que apontam nessa
direcção:
A. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), na recomendação n.º 150, entende que “a formação
profissional visa identificar e desenvolver aptidões humanas, tendo em vista uma vida activa produtiva e
satisfatória e, em ligação, com diversas formas de educação, melhorar as faculdades dos indivíduos,
compreender as condições de trabalho e o meio social e de influenciarem estes, individualmente e
colectivamente.”
B. A Lei de Bases do Sistema Educativo n.º 48/86, diz que “a formação profissional para além de
complementar a preparação para a vida activa iniciada no sistema educativo básico, visa uma integração
dinâmica no mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de competências profissionais, de
forma a responder às necessidades nacionais de desenvolvimento e à evolução tecnológica. ”
C. O Decreto-Lei n.º 401/91, define “a formação profissional como processo global e permanente através do
qual jovens e adultos a inserir ou inseridos na vida activa se preparam para o exercício de uma actividade
profissional. Essa preparação consiste na aquisição e no desenvolvimento de competências e atitudes,
cuja síntese e integração possibilitam a adopção dos comportamentos adequados ao desempenho
profissional.”
O ensino tradicional é entendido como o ensino escolar (ensino básico, secundário e superior), o qual se baseia
numa estrutura e organização pesada e antiga, com consequências negativas ao nível do sistema educativo.
De seguida podemos encontrar algumas diferenças entre o ensino tradicional e a formação profissional:
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CAPITULO II
Subsecção IV – Modalidades especiais de educação escolar
Artigo 19º - Formação profissional
1 - A formação profissional, para além de complementar a preparação para a vida activa iniciada no ensino
básico, visa uma integração dinâmica no mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de competências
profissionais, de forma a responder às necessidades nacionais de desenvolvimento e à evolução tecnológica.
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a) Iniciação profissional;
b) Qualificação profissional;
c) Aperfeiçoamento profissional;
d) Reconversão profissional.
5 - A organização dos cursos de formação profissional deve adequar-se às necessidades conjunturais nacionais e
regionais de emprego, podendo integrar módulos de duração variável e combináveis entre si, com vista à
obtenção de níveis profissionais sucessivamente mais elevados.
6 - O funcionamento dos cursos e módulos pode ser realizado segundo formas institucionais diversificadas,
designadamente:
8 - Serão estabelecidos processos que favoreçam a recorrência e a progressão no sistema de educação escolar
dos que completarem cursos de formação profissional.
Estas duas ofertas articulam-se pelos principais conceitos subjacentes, finalidades e processos de certificação,
possibilitando momentos de comunicabilidade entre ambas e níveis de qualificação e perfis profissionais
equivalentes.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Formação Inicial:
A formação decorre da necessidade de qualificação de trabalhadores para o desempenho de uma dada actividade
profissional em resultado da criação de novos postos de trabalho, reposição de mão-de-obra, mudanças
organizativas ou outras situações.
A formação tem origem nas deficiências detectadas no desempenho de uma actividade, tendo em conta o nível
de resultados ou atitudes esperados. As situações que podem originar estas necessidades são múltiplas tais
como: produtividade abaixo dos resultados esperados; mudanças tecnológicas ou organizativas que implicam
adaptações no sistema produtivo e na qualificação dos trabalhadores.
Reconversão Profissional:
Este tipo de formação, muito frequente nos dias de hoje, tem origem na extinção de certas actividades
profissionais, como por exemplo:
1. A introdução de novas tecnologias que alteraram de forma profunda os conteúdos de uma
actividade profissional;
2. A extinção de certas actividades económicas que se mostram pouco rentáveis face à concorrência
internacional.
Estas e muitas outras situações originam a contínua reconversão profissional dos trabalhadores para outras
actividades similares ou completamente distintas.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
A matéria objecto deste diploma não encontra precedente no ordenamento jurídico nacional, pelo que se
procurou precisar os conceitos que traduzem quer as orientações, quer a realidade conhecida neste
domínio no plano nacional, quer as orientações que prevalecem na evolução observável no espaço
comunitário. Neste sentido, definiram-se requisitos para o exercício da actividade de formador, deixando a
definição de perfis profissionais específicos de cada tipo de actividade à actuação regulamentadora da
comissão permanente de coordenação do sistema de certificação.
Constatando-se que a qualidade da formação deverá ser alicerçada na consolidação e dignificação da
função de formador, o presente diploma contém um conjunto de disposições que, sendo inovadoras
quanto à matéria, garantem uma conveniente flexibilidade e adaptabilidade à evolução do tecido
económico e social e às transformações que ocorrem nos métodos e conteúdos da formação.
Ao Instituto do Emprego e Formação Profissional, como serviço público executor das políticas de formação
profissional, compete proceder à certificação dos formadores, bem como organizar bolsas de formadores,
que deverão ser colocadas ao dispor dos interessados, o que permitirá assegurar uma maior transparência
no mercado da formação.
Assim:
Ao abrigo do disposto nos artigos 10.º do Decreto-Lei n.º 401/91, de 16 de Outubro, e 13.º e 17.º do
Decreto-Lei n.º 405/91, de 16 de Outubro, e nos termos da alínea c) do artigo n.º 202.º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Objecto
Artigo 2.º
Conceito de formador
1 - Para efeitos do presente diploma, entende-se por formador o profissional que, na realização de uma
acção de formação, estabelece uma relação pedagógica com os formandos, favorecendo a aquisição de
conhecimentos e competências, bem como o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento,
adequados ao desempenho profissional.
2 - O formador pode ter outras designações decorrentes da metodologia e da organização da formação,
nomeadamente instrutor, monitor, animador e tutor de formação.
Artigo 3.º
Tipos de formadores
3 - Relativamente ao vínculo, os formadores podem ser internos, quando tenham vínculo laboral com a
entidade promotora ou beneficiária da acção de formação, ou externos, caso exerçam a actividade de
formador independentemente do vínculo laboral.
4 - Quanto ao nível de formação que desenvolvem, os formadores têm o nível de formação correspondente
à estrutura dos níveis de formação estabelecidos na Decisão n.º 85/368/CEE do Conselho das
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5 - Relativamente aos componentes da formação que desenvolvem, os formadores podem ser de formação
teórica ou de práticas profissionais.
Artigo 4.º
Requisitos
c) Habilitação académica adequada acrescida de três anos de experiência profissional, quando se trate de
formação de práticas profissionais.
Artigo 5.º
Perfis profissionais
A estrutura de coordenação prevista no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 95/92, de 23 de Maio, submeterá a
aprovação do Ministro do Emprego e da Segurança Social, sob proposta das respectivas comissões técnicas
especializadas, normas técnicas relativas aos perfis profissionais específicos dos formadores.
Artigo 6.º
Regime excepcional
A título excepcional, as acções que, por razões de natureza pedagógica ou relativas às matérias a tratar,
exijam a intervenção de pessoas não certificadas como formadores, mas que sejam possuidoras de uma
especial qualificação académica e ou profissional ou detenham formação não disponível no mercado,
podem ser autorizadas por despacho fundamentado do respectivo membro do Governo.
Artigo 7.º
Direitos do formador
2 - Para efeito do disposto na alínea b) do número anterior, o formador disporá de documento adequado,
de modelo a aprovar por portaria do Ministro do Emprego e da Segurança Social.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Artigo 8.º
Deveres do formador
Artigo 9.º
Emissão de certificados
3 - O certificado de formador será renovável por períodos sucessivos de cinco anos, quando outro não
resulte das normas específicas de certificação, a requerimento da entidade promotora da acção de
formação ou do próprio interessado, acompanhado dos respectivos documentos comprovativos.
5 - Quando não sejam observadas as condições previstas no número anterior, a obtenção de novo
certificado está sujeita à frequência e aproveitamento, por parte do interessado, de curso de
aperfeiçoamento técnico-pedagógico, a ministrar por qualquer das entidades com competência para
certificar nos termos do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 95/92, de 23 de Maio.
Artigo 10.º
Bolsas de formadores
1 - Sem prejuízo da criação de bolsas de formadores pelas entidades competentes para a emissão de
certificados de formador, será constituída no âmbito do Instituto do Emprego e Formação Profissional, nos
termos do n.º 3 do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 405/91, de 16 de Outubro, uma bolsa de formadores, a
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nível nacional, integrando todos os formadores para os quais foram emitidos certificados.
2 - A bolsa de formadores nacional será suportada por bolsas de formadores regionais, as quais disporão
de ficheiros actualizados dos profissionais certificados como formadores em cada região.
4 - Para efeitos do disposto no número anterior, as entidades com competência para certificar, de
harmonia com o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 95/92, de 23 de Maio,
fornecerão, trimestralmente, ao Instituto do Emprego e Formação Profissional os elementos referentes aos
formadores por elas certificados.
Artigo 11.º
Acção de formação de formadores
O Instituto do Emprego e Formação Profissional, através dos seus centros de formação profissional, ou
mediante acordo a celebrar com outras entidades, bem como as instituições com competência para
certificar nos termos do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 95/92, de 23 de Maio, tomará as medidas necessárias
ao lançamento e efectivação de acções de formação de formadores que satisfaçam as respectivas
necessidades de actualização e que facilitem o seu acesso à formação contínua.
Artigo 12.º
Formadores da Administração Pública
Aos formadores da Administração Pública é aplicável o disposto no artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 9/94, de
13 de Janeiro.
Artigo 13.º
Disposições transitórias
2 - Os actuais formadores que não satisfaçam os requisitos mencionados nas alíneas b) e c) do n.º 1 e no
n.º 2 do artigo 4.º apenas poderão ser certificados para o exercício da actividade de formador desde que,
até Janeiro de 1997, frequentem, com aproveitamento, curso de formação pedagógico-didáctico com
duração mínima de sessenta horas, ministrado pela entidade com competência para certificar, e possuam
experiência comprovada de, pelo menos, cento e vinte horas, quando se trate de desenvolver formação
dos níveis I, II e III, previstos na Decisão n.º 85/368/CEE.
3 - Quando se trate de formadores que desenvolvam formação dos níveis IV e V, previstos na Decisão n.º
85/368/CEE, a exigência referida na parte final do número anterior é alternativa.
Artigo 14.º
Entrada em vigor
Publique-se.
O Presidente da República, MÁRIO SOARES.
Referendado em 3 de Novembro de 1994.
O Primeiro-Ministro, Aníbal António Cavaco Silva.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Com o Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de Novembro, e de acordo com estabelecido nos Decretos-
Leis n.os 401/91 e 405/91, ambos de 16 de Outubro, procurou-se regulamentar o exercício da actividade
de formador no âmbito da formação inserida no mercado de emprego, sabendo-se que a qualidade da
formação deve ser alicerçada na consolidação e dignificação da função de formador.
Naquele decreto regulamentar procurou-se precisar os conceitos que traduzem quer a realidade conhecida
no domínio da formação de formadores no plano nacional quer as orientações que prevalecem na evolução
observável no espaço comunitário. Neste sentido, definiram-se requisitos para o exercício da actividade de
formador, deixando a definição de perfis profissionais específicos de cada tipo de actividade à actuação
regulamentadora da Comissão Permanente de Certificação. Atribuiu-se também ao Instituto do Emprego e
Formação Profissional, como serviço público executor das políticas de formação profissional, a competência
para proceder à certificação dos formadores, bem como organizar bolsas de formadores, a serem
colocadas ao dispor dos interessados, o que permitirá assegurar uma maior transparência no mercado da
formação.
Entretanto foi publicado o Decreto Regulamentar n.º 68/94, de 26 de Novembro, que veio estabelecer o
regime jurídico da certificação profissional baseada quer na formação inserida no mercado de emprego
quer na experiência profissional, quer em certificados ou títulos afins emitidos noutros países.
A publicação deste diploma, a aprovação pela Comissão Permanente de Certificação do perfil de formador,
as características específicas dos formadores em contexto real de trabalho exigindo regulamentação
diferenciada, a necessidade de permitir condições de renovação dos certificados de aptidão mais flexíveis e
adequadas às possibilidades dos formadores e às condições do mercado de oferta formativa, sem prejuízo
da qualidade, a necessidade de assegurar coerência às disposições transitórias e à filosofia de certificação
e, por outro lado, a experiência entretanto adquirida pela aplicação do II Quadro Comunitário de Apoio e a
própria evolução dos conceitos e da prática formativa aconselham a revisão parcial do Decreto
Regulamentar n.º 66/94.
Assim:
Ao abrigo do disposto nos artigos 10.º do Decreto-Lei n.º 401/91, de 16 de Outubro, e 13.º e 17.º do
Decreto-Lei n.º 405/91, da mesma data, e nos termos da alínea c) do artigo 202.º da Constituição, o
Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Os artigos 2.º a 4.º, 6.º a 10.º e 13.º do Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de Novembro, passam a
ter a redacção seguinte:
Artigo 2.º
Conceito de formador
1 -...
2 - O formador deve reunir o domínio técnico actualizado relativo à área de formação em que é
especialista, o domínio dos métodos e das técnicas pedagógicas adequados ao tipo e ao nível de formação
que desenvolve, bem como competências na área da comunicação que proporcionem ambiente facilitador
do processo de ensino/aprendizagem.
Artigo 3.º
Tipos de formadores
1 -...
2 -...
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
3 - Relativamente ao vínculo, os formadores podem ser internos, quando tenham vínculo laboral com a
entidade formadora ou beneficiária, ou externos, nos demais casos.
Artigo 4.º
Requisitos
1 -...
a) Preparação psicossocial, que envolve, designadamente, o espírito de cooperação e a capacidade de
comunicação, relacionamento e adequação às características do público-alvo, de forma a prosseguir com
eficácia a função cultural, social e económica da formação;
b)...
c)...
2 -...
a)...
b)...
c)...
3 - Para efeitos do disposto na alínea c) do n.º 1 é exigível a frequência, com aproveitamento, de curso de
formação pedagógica homologado pela entidade referida na alínea a) do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º
95/92, de 23 de Maio, nos termos a estabelecer em normas específicas a aprovar pela Comissão
Permanente de Certificação e a homologar por portaria do Ministro para a Qualificação e o Emprego.
Artigo 6.º
Regime excepcional
1 - A título excepcional, e quando justificado por razões de natureza pedagógica ou técnica das acções de
formação, podem ser autorizados, pela entidade certificadora, mediante decisão fundamentada, a intervir
na formação os profissionais que, não satisfazendo algum ou alguns dos requisitos exigidos no artigo 4.º
do presente diploma, possuam especial qualificação académica e ou profissional ou detenham formação
não disponível no mercado.
2 - Os formadores referidos no número anterior ficam investidos nos direitos e deveres estabelecidos nos
artigos 7.º e 8.º do presente diploma, relativamente à formação para que foram autorizados a intervir.
Artigo 7.º
Direitos do formador
1 -...
...
Obter documento comprovativo, emitido pela entidade formadora ou beneficiária da formação, da sua
actividade enquanto formador em acções por ela desenvolvidas, do qual conste especificamente o domínio,
a duração e a qualidade da sua intervenção.
...
2 -...
Artigo 8.º
Deveres do formador
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Artigo 9.º
Emissão de certificados de aptidão
1 - Desde que verificados os requisitos exigidos para o exercício da respectiva actividade, o certificado de
aptidão de formador é requerido pelo interessado ou pela entidade formadora ou beneficiária à entidade
referida na alínea a) do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 95/92, de 23 de Maio, sendo válido pelo período de
cinco anos se outro período de validade não for estabelecido em norma específica de certificação.
2 -...
a)...
b)...
c) Qualificações e competências por área e nível de formação;
d)...
e)...
f)...
g)...
3 - O certificado de aptidão de formador pode ser renovado por períodos sucessivos de cinco anos, se
outro período não for estabelecido em norma específica de certificação, a requerimento, devidamente
instruído, do interessado ou da entidade a que esteja vinculado.
4 - A renovação do certificado de aptidão de formador só pode ser concedida desde que se verifiquem,
cumulativamente, durante o período de validade do anterior certificado, os seguintes requisitos, em relação
ao formador:
Actualização científica e técnica na área de formação em que é especialista, a verificar nomeadamente
através de currículo profissional e ou de formação específica;
Desenvolvimento de um processo contínuo de ajustamento pedagógico aos objectivos, às temáticas e aos
destinatários, nomeadamente através da frequência de formação pedagógica;
Actuação comprovada na área de formação por tipo de intervenção, com referência específica ao número
de horas enquanto formador, às entidades, à avaliação da sua prestação e dos resultados obtidos.
5 - Os requisitos, referidos no número anterior, para a renovação dos certificados de aptidão de formador
serão objecto de normas específicas de certificação, a aprovar pela Comissão Permanente de Certificação e
a homologar por portaria do Ministro para a Qualificação e o Emprego.
Artigo 10.º
Bolsas de formadores
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1 - Será constituída, no âmbito do Instituto do Emprego e Formação Profissional, nos termos do artigo 13.º
do Decreto-Lei n.º 405/91, de 16 de Outubro, uma bolsa nacional de formadores, integrando a nível
nacional todos os formadores para os quais foram emitidos certificados de aptidão de formador.
Artigo 13.º
Disposições transitórias
4 - A primeira renovação dos certificados de que trata o número anterior só pode ser concedida desde que
os formadores, no período de tempo de validade daqueles, satisfaçam cumulativamente os seguintes
requisitos:
Terem desenvolvido, pelo menos, cento e vinte horas de formação na área de formação respectiva;
Terem frequentado, com aproveitamento, pelo menos, sessenta horas de formação pedagógica
considerada relevante pela entidade certificadora.
Artigo 2.º
O disposto no presente diploma não se aplica ao exercício da actividade de formador no âmbito dos
sistemas de formação contínua e especializada de docentes e de responsáveis da administração
educacional e das actividades de formação avançada para o Sistema Científico e Tecnológico,
designadamente as realizadas por instituições de ensino superior, laboratórios do Estado e outras
instituições de investigação científica e de desenvolvimento experimental.
Artigo 3.º
António Manuel de Oliveira Guterres - Eduardo Carrega Marçal Grilo - Maria João Fernandes Rodrigues -
José Mariano Rebelo Pires Gago.
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Publique-se.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
Referendado em 27 de Maio de 1997.
O Primeiro-Ministro, em exercício, António Manuel de Carvalho Ferreira Vitorino.
O Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de Novembro, que regulamenta o exercício da actividade de formador
no domínio da formação profissional inserida no mercado de emprego, estabelece um conjunto de normas gerais
a que a certificação dos formadores deve obedecer.
Entretanto, a evolução dos conceitos e das práticas formativas, a premência da definição de condições de
renovação dos certificados mais flexíveis e a necessidade de garantir coerência e exequibilidade às disposições
transitórias obrigaram à introdução de alterações àquele diploma, consubstanciadas no Decreto Regulamentar n.º
26/97, de 18 de Junho.
Pela presente portaria são, deste modo, estabelecidas as normas específicas de certificação respeitantes à
caracterização das condições de homologação da formação pedagógica, necessária à obtenção do certificado de
aptidão de formador, e das condições de renovação daquele certificado.
Assim, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 4.º e no n.º 5 do artigo 9.º do Decreto Regulamentar n.º 66/94,
de 18 de Novembro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto Regulamentar n.º 26/97, de 18 de Junho:
1.º
Formação pedagógica dos formadores
1 - A formação pedagógica, a homologar pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, enquanto entidade
certificadora, deve ter uma duração mínima de noventa horas e ser organizada e desenvolvida de forma a
cumprir um conjunto de critérios, definidos por aquela entidade, respeitantes nomeadamente às metodologias, ao
perfil dos formadores de formadores, aos espaços, aos equipamentos, aos recursos didácticos, às condições de
acesso e ao processo de avaliação dos formandos.
4 - Esta formação pode ser organizada em módulos, que poderão ser frequentados autonomamente, segundo um
sistema de créditos, a aprovar pela entidade certificadora.
2.º
Renovação de certificados de aptidão
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1 - A renovação dos certificados de aptidão, obtidos pela via da formação, está dependente do cumprimento, por
parte do formador, de requisitos associados à actualização das suas competências científica, técnica e pedagógica
e à sua experiência formativa, nos termos do n.º 4 do artigo 9.º do Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de
Novembro, com a redacção introduzida pelo Decreto Regulamentar n.º 26/97, de 18 de Junho.
2 - A actualização científica e técnica, na área em que o formador é especialista, apreciada por análise curricular,
pode ser obtida pela concretização de uma ou mais de uma das seguintes situações, dependendo da sua
relevância, a avaliar pela entidade certificadora:
a) Frequência de formação contínua relevante;
b) Publicação de livros e ou artigos;
c) Investigação na área em que é especialista;
d) Participação em seminários, colóquios e outras actividades afins.
3 - A actualização pedagógica, apreciada por análise curricular, pode ser obtida pela concretização de uma ou
mais de uma das seguintes situações, dependendo da sua relevância, a avaliar pela entidade certificadora:
a) Frequência de formação pedagógica contínua relevante não inferior a sessenta horas;
b) Publicação de livros e ou artigos;
c) Investigação na área pedagógica;
d) Participação em seminários, colóquios e outras actividades afins.
5 - A experiência formativa, comprovada pelas entidades formadoras onde o formador exerceu actividade, não
deve ser inferior a trezentas horas, excepto nos casos, a apreciar pela entidade certificadora, em que:
a) O formador possua qualificações académicas e ou profissionais muito específicas;
b) O formador exerça actividade formativa num domínio muito especializado;
c) A oferta formativa na sua área de especialização ou na sua área geográfica for limitada.
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A Portaria nº 782/97, de 29 de Agosto, estabelece as normas e o processo de acreditação das entidades que
utilizem as verbas do FSE. O Sistema de Acreditação de Entidades Formadoras, com todas as suas atribuições,
foi integrado a partir do dia 1 de Setembro de 2007 na D.G.E.R.T. (Direcção Geral do Emprego e das Relações de
Trabalho) constituindo a D.S.Q.A. - Direcção de Serviços de Qualidade e Acreditação, do Ministério do Trabalho e
da Segurança Social.
Observação: O Decreto-Lei nº 171/2004 de 17 de Julho criou, o Instituto para a Qualidade na Formação (IQF), o qual sucede ao Instituto
para a Inovação na Formação (INOFOR).
Nos termos da alínea e) do número 4 do art. 12º do Decreto-Lei nº 215-A/2004 (Orgânica do XVI Governo Constitucional) o IQF transitou do
extinto Ministério da Segurança Social e do Trabalho para o Ministério das Actividades Económicas e do Trabalho.
O CONCEITO DE FORMADOR
“Entende-se por formador o profissional que na realização de uma acção de formação, estabelece uma relação
pedagógica com os formandos, favorecendo a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o
desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho profissional.”
O formador deve reunir o domínio técnico actualizado relativo à área de formação em que é especialista, o
domínio dos métodos e das técnicas pedagógicas adequadas ao tipo e ao nível de formação que desenvolve, bem
como competências na área da comunicação que proporcionem um ambiente facilitador do processo de
ensino/aprendizagem.
O formador pode ainda ter outras designações decorrentes da metodologia e da organização da formação,
nomeadamente:
Instrutor
Monitor
Animador
Tutor
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Uma relaciona-se com a sua missão de formar trabalhadores competentes, profissionais capazes nas suas
áreas profissionais;
A outra relaciona-se com a sua missão de formar pessoas, isto é, contribuir para o seu desenvolvimento
pessoal.
Estas duas vertentes são como duas faces da mesma moeda: não é possível que exista uma sem a outra.
Profissionais
Processo de Pessoas
transformação formadas
Pessoas a formar Formador
“ Pessoas”
O Perfil Profissional do Formador, homologado em 19/09/1996, é apresentado pelo IEFP da seguinte forma:
ACTIVIDADES
1. Planear/preparar a Formação:
1.1. Analisar/caracterizar o projecto da acção de formação em que irá intervir, definindo nomeadamente
objectivos, perfis de entrada e de saída, programa e condições de realização;
1.2. Constituir o dossier da acção de formação;
1.3. Conceber e planificar o desenvolvimento da formação, definindo, nomeadamente, objectivos, conteúdos,
actividades, tempos, métodos, avaliação, recursos didácticos e documentação de apoio;
1.4. Elaborar os planos das sessões de formação.
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2. Desenvolver/animar a Formação:
2.1. Conduzir/mediar o processo de formação/aprendizagem, desenvolvendo os conteúdos, estabelecendo e
mantendo a comunicação e a motivação dos formandos, gerindo os tempos
e os meios materiais necessários, utilizando auxiliares didácticos;
2.2. Gerir a progressão na aprendizagem realizada pelos formandos, utilizando meios de avaliação formativa e
implementando os ajustamentos necessários.
3. Avaliar a Formação:
3.1. Proceder à avaliação final da aprendizagem realizada pelos formandos;
3.2. Avaliar o processo formativo;
3.3. Reestruturar o plano de desenvolvimento da formação.
COMPETÊNCIAS
SABERES-FAZER
1. Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua actividade: a população
activa, o mundo do trabalho e os sistemas de formação, o domínio técnico-científico e/ou tecnológico, objecto de
formação; a família profissional da formação, o papel e o perfil do Formador; os processos de aprendizagem e a
relação pedagógica; a concepção e organização de cursos ou acções de formação.
4. Ser capaz de conduzir/mediar o processo de formação/ aprendizagem em grupo de formação, o que envolve:
• Ser capaz de desenvolver os conteúdos de formação;
• Ser capaz de desenvolver a comunicação no grupo;
• Ser capaz de motivar os formandos;
• Ser capaz de gerir os fenómenos de relacionamento interpessoal e de dinâmica do grupo;
• Ser capaz de gerir os tempos e os meios materiais necessários à formação;
• Ser capaz de utilizar os métodos, técnicas, instrumentos e auxiliares didácticos.
SABERES-SER
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responsabilidade e autonomia, boas relações de trabalho, capacidade de negociação, espírito de equipa e auto-
desenvolvimento pessoal e profissional.
2. Ser capaz de se relacionar com os outros e consigo próprio, implicando, nomeadamente, comunicação
interpessoal, liderança, estabilidade emocional, tolerância, resistência à frustração, auto-confiança, auto-crítica e
sentido ético pessoal e profissional.
3. Ser capaz de se relacionar com o objecto de trabalho, implicando, nomeadamente, criatividade, flexibilidade,
espírito de iniciativa e abertura à mudança, capacidade de análise e de síntese, de planificação e organização, de
resolução de problemas e de tomada de decisão.
Obs. O desenvolvimento da formação deve incluir, obrigatoriamente, prática simulada da função formador.
O perfil profissional de formador(a), resultante de uma reflexão iniciada na comissão técnica especializada
educação/formação, constitui um referencial para o processo de certificação da aptidão profissional dos
formadores, regulado pelo Decreto Regulamentar nº 66/94, de 18 de Novembro, com as alterações introduzidas
pelo Decreto Regulamentar nº 26/97, de 18 de Junho, e pela Portaria nº 1119/97, de 5 de Novembro. Estes
diplomas fixam requisitos mínimos obrigatórios indispensáveis ao exercício da actividade formativa inserida no
mercado de emprego, permitindo garantir a presença das competências profissionais capazes de induzir uma
relação pedagógica eficaz na situação de ensino-aprendizagem da formação profissional.
Competências Psico-Sociais
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Competências Técnicas
1. Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua actividade;
2. Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de formandos;
3. Ser capaz de planificar e preparar as sessões de formação;
4. Ser capaz de conduzir/mediar o processo de formação/aprendizagem em grupo de formação;
5. Ser capaz de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos;
6. Ser capaz de avaliar a eficiência e eficácia da formação.
O Formador deve…
Ter vocação/motivação;
Procurar continuamente o aperfeiçoamento;
Centrar a formação no formando;
Ter em conta necessidades e diferenças individuais;
Incentivar a auto-descoberta e a cooperação;
Apoiar, orientar e coordenar;
Gerir de forma eficaz os fenómenos do grupo;
Preparar, de forma adequada e prévia, as suas sessões e avaliá-las;
Especificar de um modo preciso e operacional os resultados/objectivos esperados;
Escolher e adaptar os métodos e técnicas mais adequadas;
Transmitir de modo acessível;
Estabelecer a ligação entre a teoria e a prática.
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OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando esteja apto a:
Existem algumas ideias do senso comum sobre aprendizagem que não estão inteiramente correctas:
• A aprendizagem resume-se a prestar atenção aos saberes enunciados pelo formador;
• A aprendizagem é um processo cumulativo, como uma pirâmide regular em que sessão após sessão se
vai “depositando” conhecimentos adquiridos até chegar ao topo;
• Os conhecimentos são semelhantes a coisas que se podem adquirir, seleccionar, acumular e, tal como
as coisas quando se tornam inúteis, deitam-se fora e substituem-se por outras.
Contudo a aprendizagem é, efectivamente, um processo dinâmico, activo e evolutivo, dado que somos
processadores activos, ou seja, descodificamos, processamos e recodificamos a informação em termos
pessoais.
Desde sempre se ensinou e aprendeu e o estudo da aprendizagem está intimamente ligado ao desenvolvimento
da Psicologia enquanto ciência, tendo sido abordada pelas suas diversas correntes.
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Podemos destacar três Teorias da Aprendizagem que mais se evidenciam pela sua contribuição no
aperfeiçoamento da prática pedagógica, sendo elas:
1. A teoria Comportamentalista/Behaviorista
2. A teoria Cognitiva
3. A teoria Humanista
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Segundo os defensores desta teoria o Homem é visto como aquilo que o meio fizer dele, ou seja, a situações
idênticas correspondem comportamentos idênticos. O indivíduo aprende através de experiências com o meio
ambiente, ou seja, através de um processo de integração com o outro e com base em três conceitos: estímulo-
resposta (E-R), imitação e reforço.
A aprendizagem é uma aquisição de comportamentos expressos através de relações mais ou menos mecânicas
entre um Estímulo e uma Resposta (E-R), sendo o sujeito considerado como passivo neste processo.
E R
COMPORTAMENTO
É contemporânea da teoria behaviorista e defende que a aprendizagem é algo mais complexo do que simples
associações do tipo Estímulo-Resposta. Consiste numa mudança de estrutura cognitiva do sujeito, na forma
como ele percebe, selecciona e organiza os objectos e os acontecimentos atribuindo-lhes um determinado
significado.
A aprendizagem é assim entendida como um processo dinâmico de codificação, processamento e recodificação
da informação.
PROCESSAMENTO RECODIFICAÇÃO
APRENDIZAGEM
O estudo da aprendizagem centra-se nos processos cognitivos que permitem estas operações e nas condições
contextuais que as facilitam. O indivíduo é visto como um ser que interage com o meio e é graças a essa
interacção que se dá a aprendizagem.
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“Aprendizagem consiste numa mudança na estrutura cognitiva do sujeito ou na maneira como este percebe,
selecciona, organiza os objectos/acontecimentos e lhes atribui significado”
(Tavares e Alarcão, 2005)
A teoria humanista centra-se no ser humano, nos seus motivos e interesses e dá ênfase à riqueza e
singularidade da pessoa. O sujeito que aprende adquire neste quadro um papel activo, embora a aprendizagem
seja vista muitas vezes como algo de espontâneo.
Esta teoria baseia-se na convicção de que os sujeitos devem ter mais responsabilidades para decidirem o que
querem aprender: aprende-se o que se quer, como e onde se quer. A aprendizagem é vista como um processo
pessoal, de índole vivencial, no centro do qual está a pessoa como “ser”. O indivíduo pensa, sente e vive.
As diferentes perspectivas sobre aprendizagem não devem ser encaradas como um problema mas antes como
uma vantagem, já que possibilitam uma visão mais abrangente, não reduzindo a explicação da diversidade
deste processo a uma única teoria.
Em resumo:
PROCESSOS DE
APRENDEMOS TEORIAS
APRENDIZAGEM
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ESTILOS DE APRENDIZAGEM
Os estilos de aprendizagem não se revelam apenas quando aprendemos questões teóricas na escola ou na
universidade. Cada indivíduo desenvolve o seu próprio estilo que define a forma como a aprendizagem se
processa.
É através do estilo pessoal de aprendizagem que o indivíduo adquire a chamada “ experiência de vida”, que se
integra em novos ambientes, que escolhe uma profissão ou funciona numa nova situação profissional.
Mediante os estímulos a que vai sendo sujeito, o indivíduo vai constituindo o seu próprio estilo que, por sua
vez, irá determinar a forma como vão sendo adquiridos os novos conhecimentos.
A aprendizagem é, então, determinada por um estilo estratégico do indivíduo, isto é, o melhor processo que
cada indivíduo encontra para reter novos conhecimentos, novas experiências.
• ESTILO ACTIVO
• ESTILO PONDERADO
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• ESTILO TEÓRICO
Têm tendência para adaptar e integrar observações em teorias complexas, mas lógicas;
Pensam os problemas de acordo com uma lógica passo a passo;
Tentam assimilar factos dispersos e transformá-los em teorias coerentes;
Apresentam tendência para o perfeccionismo, não descansando até as coisas estarem devidamente
encaixadas e ordenadas no seu esquema racional;
Gostam de analisar e sintetizar;
São peritos em formular hipóteses básicas, princípios, modelos de teorias e sistemas de pensamento;
Têm tendência para ser detalhados, analíticos e dedicados à objectividade racional, em detrimento do
subjectivo ou ambíguo;
A sua abordagem dos problemas é consistentemente lógica;
• ESTILO PRAGMÁTICO
São peritos em utilizar ideias, teorias e técnicas num espírito experimental, para ver se funcionam;
Procuram sistematicamente novas ideias e agarram a primeira oportunidade de as testar;
Gostam de dar continuidade aos projectos e de agir de forma rápida e discreta;
Não gostam de “estar com rodeios”;
Têm alguma tendência para se tornarem impacientes quando participam em discussões que nunca
mais acabam;
Gostam de tomar decisões rápidas e de resolver problemas;
Têm tendência para responder aos problemas e novas oportunidades como se tratasse de um desafio
pessoal.
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O Processo de Aprendizagem é:
Global
É composto pelos conhecimentos, as expectativas, as crenças e valores, as atitudes, as necessidades, ou seja,
a personalidade com todas as suas facetas.
Dinâmico
O indivíduo só aprende se estiver a praticar activamente no processo, quer a nível operatório, quer a nível
interno (mental, afectivo, social).
Contínuo
Do nascimento à morte, a capacidade de aprender permite a adaptação às exigências e modificações do meio
físico e social. É condição necessária à sobrevivência e satisfação das necessidades humanas.
Pessoal
O Formador, só pela apresentação dos conteúdos, não assegura, à partida, a aprendizagem. O processo
formativo deve centrar-se no alvo da aprendizagem: o Formando.
Variáveis como sexo, idade, cultura, meio socioeconómico, entre outras, interferem no processo de
aprendizagem.
Gradativo
Caminha no sentido da complexidade de saberes, habilidades e comportamentos, ou seja, do mais simples para
o mais complexo para que não haja desmotivação e/ou desistência.
Cumulativo
Os saberes e as actividades associam-se no sentido da aquisição de novos conhecimentos.
Aprendemos de várias formas e as diferentes formas como aprendemos implicam processos de aprendizagem
diferentes.
Para criar situações que favoreçam a aprendizagem existem variáveis que o formador deve ter em conta
quando planifica sessões de formação:
O formador deve ter sempre em conta que existem factores externos e internos ao próprio sujeito que podem
facilitar ou não o processo de aprendizagem e que tem disponível um conjunto de ferramentas que facilitam a
aprendizagem, nomeadamente:
A motivação
A actividade
O conhecimento dos objectivos
O conhecimento dos resultados
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O reforço
O domínio dos pré-requisitos
A estruturação
A progressividade
A redundância
1. Fase da Motivação
2. Fase da Apreensão
Conteúdos estruturados
Recursos didácticos diversificados
Contextualizar
Dar exemplos
Perguntar
Esclarecer
Síntese
Conclusões
5. Fase da Recuperação
Exercícios individuais/grupo
Treino
6. Fase da Generalização
Relacionar conteúdos
Situar noutros contextos
7. Fase da Performance
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8. Fase do Feed-back
Comunicar os resultados
Reforçar e recuperar
Fase do Fase de
Feed-back Retenção
Reforço Armazenamento/Memória
Memória Longo Termo
Recuperação
M.C.T. – M. L. T.
Resposta Transferência
Gerador de Resposta
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OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Para nos adaptarmos ao meio ou ao contexto em que estamos inseridos, é necessário desenvolvermos boas
relações interpessoais que nos vão facilitar a compreensão e a adaptação ao mundo que nos rodeia.
O processo preceptivo leva a que tenhamos expectativas sobre as pessoas, o que envolve a selecção da
informação, recolhendo indicadores que nos levam a categorizar. Este processo é muito importante uma vez
que a partir do momento em que atribuímos uma categoria a alguém temos tendência em manter essa
categorização, o que simplifica o nosso relacionamento, na medida em que criamos expectativas quanto ao seu
comportamento/atitude.
Há autores que defendem que o tipo de dinâmica estabelecida com determinado indivíduo é condicionado pelas
opiniões de outros previamente comunicadas ao sujeito. Assim sendo, as expectativas influenciam as
interacções (Efeito de Halo).
Formar uma impressão significa organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a podermos
integrá-la numa categoria significativa para nós.
Deste modo, as primeiras impressões tornam-se importantes porque constituem como que uma grelha,
permitindo ao indivíduo que percepciona, filtrar a variabilidade imensa do comportamento da outra pessoa e
fixar determinados traços assumidos como estáveis. Organizam-se fundamentalmente em função de uma
categoria avaliativa:
Atitudes na comunicação são um conjunto de palavras ou actos que revelam directa ou indirectamente, a nossa
intenção com a pessoa a quem nos dirigimos.
C. Porter definiu seis atitudes comunicativas usualmente presentes nas relações interpessoais e as respectivas
reacções do receptor:
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■ Atitude de Apoio
Exprime uma afectividade do emissor concordante com a do receptor. É uma comunicação simpática, apoiante.
“ Concordo.”; “Também passei por isso.”; “Óptimo!”.
■ Atitude de Avaliação
Corresponde a uma expressão de censura por actos feitos; induz culpa em relação a um comportamento
passado.
“Não devia ter feito isso!”; “Fez mal!”.
■ Atitude de Compreensão
Implica que nos centremos no interlocutor, mas sem a tonalidade afectiva da atitude de apoio. Trata-se de uma
atitude benevolente. Existe compreensão do ponto de vista do outro – não avalia nem positiva nem
negativamente.
“Parece-me preocupado…”; “Pode ser difícil mas com certeza que vai conseguir.”.
■ Atitude de Orientação
É uma atitude normativa em que o emissor fornece informação ao receptor de modo a controlar o seu
comportamento futuro. Esta atitude é útil em situações em que o receptor é inexperiente ou precisa de uma
informação orientadora.
“Deve proceder deste modo.”; “A minha opinião é esta.”.
■ Atitude de Exploração
Visa a obtenção de mais informações sobre o que diz o interlocutor. Há interesse sobre o que outro diz sem se
emitir juízos de valor – escuta activa.
“Podia me explicar melhor?”; “O que é que lhe parece?”.
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■ Atitude de Interpretação
É a interpretação do significado que teve para nós a comunicação do interlocutor. Quando tentamos adivinhar
motivos ou intenções escondidos por detrás do comportamento.
“Você tem medo de assumir compromissos.”, “Ele não quer é fazer nada!”.
Estilos Comunicacionais
Podemos ainda encontrar quatro estilos de comunicação que as pessoas adoptam consoante a situação
interpessoal.
Passividade
Comportamentos Consequências
Mostrar acordo relativamente a coisas com que não Ressentimento
se concorda;
Medo da reacção dos outros e de incomodar/ Dificuldades de comunicação
fracassar;
Evitar contacto visual; Tensão acumulada
Falar hesitantemente; Fraca auto-estima
Postura corporal tensa/curvada e movimentos Frustração
desajustados;
Dificuldade na tomada de decisão.
Agressividade
Comportamentos Consequências
Discurso acusativo (tu) e/ou imperativo; Atitude negativa por parte dos outros;
Exprimir-se de forma punitiva, hostil ou humilhante; Perda de consideração e de amizades;
Não considerar os sentimentos ou direitos dos Dispêndio excessivo de energia.
outros;
Agredir de forma indirecta (ironia, sarcasmo,
expressões faciais, atitudes…);
Agredir fisicamente.
Manipulação
Comportamentos Consequências
Desvalorização dos outros; Desconfiança
Conspiração; Ressentimento
Utilização de Culpabilização;
Dissimulação.
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Assertividade
Comportamentos Consequências
À vontade na relação com o outro; Auto-respeito
Sereno e construtivo; Auto-confiança
Expressa sentimentos; Auto-controlo
Negoceia; Respeitado pelos outros
Questiona comportamentos/Não julga; Elevada confiança dos outros
Responsabilidade individual; Fraca vulnerabilidade
Concordância entre o discurso e a postura ajustados
ao interlocutor e à situação.
A comunicação pode ser expressa em palavras – comunicação verbal – ou através do comportamento, isto é,
sem formular um discurso verbal – comunicação não verbal.
Qualquer que seja a forma adoptada, a comunicação gera sempre um impacto e é função do formador gerir
essa influência, em proveito do sucesso da formação.
O controlo do comportamento não verbal é algo precioso para o formador. Os gestos, as expressões, os
olhares, a entoação da voz, são componentes da comunicação que devem estar em sintonia com o que se diz,
auxiliando e antecipando a mensagem oral. As discrepâncias entre os dois níveis de comunicação – verbal e
não verbal – dificultam a relação e originam, frequentemente, mal entendidos e conflitos.
A Deturpação da Mensagem
O processo comunicativo está longe de corresponder a um processo linear e objectivo de informação entre dois
indivíduos ou grupos.
Existem diversos factores perturbadores da comunicação que o formador não deve desconhecer de modo a
superá-los:
Complexidade da mensagem
Quadro de referência – a experiência acumulada ao longo do tempo, é diferente de pessoa para pessoa,
logo, possuímos um quadro de referência próprio;
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Sensibilidade interpessoal
Código – o desconhecimento da língua portuguesa (por exemplo) pode impedir uma comunicação eficaz
com um estrangeiro;
Contexto – existem contextos que incentivam a comunicação e outros que a restringem (por exemplo:
contar anedotas num funeral…);
Desmotivação – damos mais atenção àquilo que nos interessa. O contrário pode ser uma barreira à
comunicação;
Ruído
Resistência à mudança
Avaliação prematura
Primeiras impressões
A RELAÇÃO PEDAGÓGICA
A relação do formador com o grupo inicia-se a partir do primeiro instante em que se encontram.
Logo de início, existem alguns procedimentos gerais que promovem uma boa relação entre formador e
formandos e evitam a ocorrência de futuros atritos ou más relações. São eles:
Apresentação
A apresentação é fundamental para o estabelecimento de uma relação positiva. Este momento pode ser mais
estruturado ou assumir a forma de um momento mais lúdico: dizer alguma coisa sobre si próprio reduz a
insegurança psicológica característica do primeiro momento de desconhecimento mútuo (ice-break).
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FACTORES DE MOTIVAÇÃO
O ponto de partida da motivação das pessoas para alguma coisa, está associado à identificação das
necessidades. Existem várias teorias sobre a motivação, entre elas a teoria de Maslow e a teoria de Herzberg.
Teoria de Maslow
Abraham Maslow, um importante psicólogo norte-americano na área da motivação sugeriu que existe uma
ordem definida através da qual os indivíduos tentam satisfazer as necessidades.
A teoria da motivação de Maslow classifica as necessidades através de uma hierarquia das necessidades
humanas, constituída pelas necessidades biológicas, psicológicas e sociais. A sua teoria considera o ser humano
na sua totalidade.
Maslow vê o ser humano como um eterno insatisfeito e possuidor de uma série de necessidades, que se
relacionam entre si por uma escala hierárquica na qual uma necessidade deve estar razoavelmente satisfeita,
antes que outra se manifeste como prioritária. Nesta hierarquia, o indivíduo procura satisfazer as necessidades
fisiológicas, fundamentais à existência, e as necessidades de segurança, antes de procurar satisfazer as
necessidades sociais, de auto-estima e de auto-realização.
Este autor identifica cinco níveis de necessidades que hierarquiza numa pirâmide, presentemente denominada
por Pirâmide de Maslow.
Auto-realização
Necessidades Secundárias
Auto-estima
Necessidades Sociais
Necessidades de Segurança
Necessidades Primárias
Necessidades Fisiológicas
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Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas, as quais estão associadas às necessidades físicas
do ser humano, como comer, beber, dormir e sexo.
O nível acima diz respeito às necessidades de segurança: casa, vestuário, protecção, tranquilidade sobre o
futuro.
No nível das necessidades sociais, estão os desejos do amor, da amizade, assim como a sensação de ser
aceite pelos seus pares.
As necessidades de auto-estima incluem o respeito inerente à pessoa quer por si própria, quer por ser
valorizada por aqueles que estão à sua volta.
No nível mais elevado está a necessidade de auto-realização, que diz respeito à necessidade da pessoa se
realizar, na utilização plena dos seus talentos, assim como o poder de renová-los cada vez mais.
Um dos aspectos críticos em relação à pirâmide de Maslow é de que todas as pessoas têm os mesmos níveis de
necessidades.
Teoria de Herzberg
Há autores que defendem que “Herzberg toma o meio social, a organização, como fonte motivadora do
indivíduo. Toma o indivíduo como meio e transforma os seus desejos na necessidade da organização. Reduz a
auto-realização à realização da tarefa. O indivíduo motiva-se no trabalho pelos factores que se relacionam
directamente com o trabalho”.
Os factores motivacionais referem-se a aspectos intrínsecos que estão sob o controlo do indivíduo. Tratam-
-se das necessidades de desenvolvimento do potencial humano e da realização de aspirações individuais
(competências profissionais, crescimento individual, capacidade de liderança).
Os factores higiénicos existindo num nível aceitável, (por exemplo, um bom salário e condições de trabalho
agradáveis), apenas evitam a insatisfação, e não constituem só por si factores de motivação – uma vez que
apenas evitam a insatisfação, são neutros à satisfação.
Para aumentar a motivação no trabalho, o autor sugere o enriquecimento das tarefas, isto é, a substituição das
tarefas simples por tarefas mais complexas, de forma a aumentar a responsabilidade, o estímulo e o desafio.
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M
O O trabalho em si
T Responsabilidade
I Progresso
V Crescimento
C
I
Auto-realização O
N
A Realização
I Reconhecimento
s Status
Auto-estima
Tipos de Grupos
Os grupos primários são grupos informais, onde ocorrem as relações espontâneas, naturais ou informais,
têm como função construírem as personalidades individuais, nomeadamente:
- A família
- O grupo de amigos
- A escola
Os grupos secundários são formais e mantêm relações impessoais, baseadas em papéis e expectativas
definidas, como por exemplo, no local de trabalho.
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As actividades que um grupo de formação realiza contribuem para a produção de novos saberes, para novas
práticas e para o desenvolvimento de cada elemento desse grupo. Um grupo eficiente, tem de ser considerado
segundo a articulação de diversas variáveis:
Estrutura
Tamanho: a qualidade do trabalho de grupo aumenta até um certo número de participantes (4, 5
elementos). Se o número aumentar a eficácia diminui.
Maturidade: o formador tem de assegurar os processos de amadurecimento do grupo, enquanto tal.
Igualdade de participação: tem de ser mantida pelo formador e por processos internos de
funcionamento. A livre comunicação de ideias tem de ser garantida.
Ambiente
Local de trabalho
Relação com os outros grupos
Situação no seio da organização
Tarefa
Natureza da tarefa
Dificuldade da tarefa
Tempo disponível para a realização da tarefa
O formador enquanto facilitador do relacionamento interpessoal, numa situação de formação, numa sala com
um grupo de pessoas que não se conhece, tem a responsabilidade de animador dos participantes naquela
situação de aprendizagem. É um pedagogo que observa pessoas-grupos-situações, um catalizador da mudança
do processo de aprendizagem e incentiva as pessoas a apropriarem-se dos vários saberes. Como conhecedor
do funcionamento do grupo deverá seguir algumas regras de animação:
Promover a comunicação – Confronta as expectativas, manifestações espontâneas e experiências dos
participantes;
As Funções do grupo
O funcionamento do grupo supõe o desempenho de dois tipos de funções:
Funções Externas – resultam do intercâmbio com o meio envolvente;
Funções internas – resultam das trocas no interior do grupo.
• Função de Produção
Diz respeito à tarefa a cumprir. O formador terá de assegurar que os objectivos sejam claramente entendidos e
aceites por todos.
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• Função de Facilitação
Consiste na definição das normas de funcionamento e dos papéis a desempenhar pelos membros do grupo.
Deve ser assegurado o seu cumprimento de forma a que se consiga alcançar os objectivos.
• Funções de Regulação
É na relação do grupo que o formador tem que actuar, regulando os conflitos e assegurando a coesão do grupo
necessária à sua sobrevivência e à prossecução dos objectivos.
A liderança é encarada como um fenómeno social e que ocorre exclusivamente em grupos sociais. É uma
questão de tomada de decisão.
Líder: é o indivíduo que suscita efeitos de imitação por parte dos seus seguidores, quem dá o exemplo pela
primeira vez. É a personagem central do grupo.
Todo o líder tem traços de personalidade que os elementos do grupo valorizam, nomeadamente, inteligência,
autoconfiança, participação social, poder oratório, capacidade de acção e de afirmação, iniciativa, etc. No
entanto, não existem traços característicos universais de um líder e da sua eficácia – cada situação e cada
grupo definem um determinado líder.
O líder é eleito (aceite) pelo grupo e influencia o comportamento dos seus seguidores através das
características da sua personalidade.
Funções da liderança:
→ Tomar iniciativas
→ Regulamentar
→ Informar
→ Apoiar
→ Avaliar
→ Marcar o ritmo de trabalho
→ Coordenar os vários elementos
Estilos de Liderança
Kurt Lewin e Lippit consideram vários tipos de liderança, são eles:
Efeitos no Grupo
- Desmotivação e agressividade secreta;
- Comunicações superficiais e estereotipadas;
- Tensão e frustração no grupo;
- Conflitos, dependência e insegurança.
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Liderança Democrática
- As directrizes são debatidas e decididas pelo grupo sob orientação do líder;
- Cada grupo pode escolher os seus companheiros de trabalho;
- O líder procura ser um membro normal do grupo;
- O líder apoia o grupo em termos operacionais e afectivos;
- É objectivo e realista nos elogios e críticas;
- Está atento às necessidades do grupo.
Efeitos no Grupo
- Confiança no líder;
- Criatividade e profundidade da comunicação;
- Motivação e Coesão;
- Diminuição de conflitos.
Liderança Laissez-Faire
- Liberdade completa para as decisões grupais ou individuais;
- Participação mínima do líder;
- Apresenta informações, matérias e disponibilidade, mas não se interessa pelo grupo.
Efeitos no Grupo
- Revolta contra o líder;
- Desmotivação dos membros;
- Risco de afastamento dos objectivos planeados;
- Experiências insatisfatórias;
- Luta pelo poder e anarquia.
ANIMAÇÃO DE GRUPOS
O grupo é uma realidade poderosa nas situações formativas. O formador necessita saber lidar com essa
realidade, sendo da sua competência regular as suas actividades, canalizar as suas energias e garantir um clima
propício à aprendizagem.
As técnicas de trabalho em grupo permitem ainda desenvolver as capacidades de comunicação dos formandos,
fomentando o desenvolvimento de um maior número de interacções verbais e são os formandos os actores
dessas interacções.
Quando abordamos os papéis que os diferentes indivíduos assumem, pensamos num determinado conjunto de
atitudes que constituem uma base de referência e possibilitam a previsibilidade de comportamentos face a
determinado contexto ou situação. Em situação de ensino-aprendizagem é possível distinguir:
O papel do formador
O formador não directivo centrado nos problemas do grupo, deverá:
• Suscitar aos formandos, os comportamentos necessários ao desenvolvimento dos objectivos da formação;
• Estabelecer relações de apoio e cooperação com os membros;
• Incentivar/colaborar a procura autónoma de conhecimentos;
• Realçar o papel individual de cada um na aprendizagem;
• Ser “moderador de conflitos”.
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O papel do formando
É possível distinguir, em situação de formação, alguns perfis adoptados pelos formandos.
Sabichão: tenta impor aos outros as suas ideias com grande convicção. Não é receptivo a ouvir os outros e
raramente abdica das suas opiniões.
Mudo – apático e silencioso. Não participa, considera-se superior ou inferior ao assunto em discussão.
Tímido – extremamente preocupado em não errar. Tem receio do julgamento que os outros possam fazer e
tem muita dificuldade em expor-se ou ser alvo da atenção do grupo enquanto fala.
Muitas vezes é um observador atento e interessa-se pela vida do grupo.
“Demodé” – tem ideias um pouco antiquadas. É rígido e conservador. Dirige-se ao grupo com atitudes de
superioridade, marcando um certo distanciamento.
“Bocas” – é distraído e distrai os outros. Os seus interesses são essencialmente lúdicos, daí que as suas
colaborações são esporádicas e sem grande investimento.
Zé Marreta – é de ideias fixas, gosta de discutir e está sempre do contra. Critica o trabalho dos outros.
Muito na defensiva, tenta impor-se pela agressividade ferindo os outros. Embora ninguém goste de trabalhar
com ele parece ter orgulho em ser assim.
Fala Barato – fala, fala, fala… tem grande necessidade de atenção e cansa o grupo com facilidade.
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Extrovertido – é alegre, amigo do grupo e muito bom companheiro. Partilha as suas experiências, conta
piadas interessantes, anima o grupo.
Actualizado – tem ideias inovadoras, procura informação dentro e fora de grupo. Faz e aceita críticas
construtivas.
Criançola – preguiçoso, gosta de tudo bem mastigado. Gosta de obter ganhos, mesmo sem fazer nada.
OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
Escolher e aplicar os métodos e as técnicas pedagógicas mais adequados aos objectivos atingir.
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2 – Características do Saber:
Características do próprio saber
Conteúdos
Objectivos da formação
3 – Condicionamentos e recursos inerentes à situação de formação:
Organização do espaço
Duração/Gestão do tempo
Instalações e equipamentos
Custos
Estilo pedagógico do formador
MÉTODOS PEDAGÓGICOS
Expositivo
Interrogativo
Demonstrativo
Activos
Método Expositivo
É por norma o método mais utilizado e por isso o mais contestado.
☺ ☺ ☺
☺ ☺
☺
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Vantagens: Desvantagens:
É aplicável a um leque amplo de conteúdos e O formando tem um papel passivo;
de situações formativas; Não favorece a transferência para situações
Possibilita a transmissão de muita novas/reais;
informação num tempo mínimo; Não favorece a iniciativa nem a aprendizagem
Possibilidade de insistir no que é importante autónoma;
(o que o formando nem sempre distingue Grande probabilidade de se perder uma grande
facilmente quando trabalha sozinho); parte do conteúdo (uma vez que só retemos
Permite ao formador decidir a estrutura, a cerca de 20% daquilo que ouvimos);
sequência e tipo de conteúdos; Dificuldade em motivar os formandos;
É económico e aplicável em meios com Cansativo sobretudo para um público pouco
poucos recursos; escolarizado;
Permite transmitir informação a um grande Adapta-se mal a grupos heterogéneos;
número de formandos e é adaptável a vários Não respeita o ritmo individual dos formandos;
destinatários; Nenhuma interacção entre o formador e o
Transmissão de motivação (se o formador grupo;
for bom). A aprendizagem depende da capacidade de
empatia e de comunicação do formador.
COLÓQUIO – Reunião de “peritos” que conversam entre si e em que os formandos participam como
observadores ou ouvintes.
CONFERÊNCIA – Visa actualizar profissionais experientes. Tem normalmente dois significados na formação:
reunir profissionais no sentido de os actualizar e análise de um tema por uma ou mais pessoas.
LIÇÃO – Apresentação verbal organizada a um grupo de formandos, dos quais se espera que retenham alguns
conceitos chave de determinados aspectos específicos dos conhecimentos apresentados.
PAINEL – Forma de discussão em que um numero limitado de “especialistas” expõe as suas ideias sobre um
determinado assunto a um auditório (a atmosfera de discussão deve ser em tom de conversa).
SIMPÓSIO – Apresentações breves de diversas pessoas sobre um mesmo tema ou problema. Pode ser
realizado durante 1 ou vários dias.
Método Interrogativo
Consiste no facto de se desenvolver uma espécie de “pingue-pongue”, jogado entre formador e formando.
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☺ ☺ ☺
☺ ☺
☺
VANTAGENS DESVANTAGENS
Adaptado ao ritmo de cada formando; Toda a iniciativa é do formador;
Permite, através da pergunta directa, trazer de volta à É importante que o formador domine bem
sessão um participante distraído; a técnica;
Possibilita a participação de formandos mais inibidos, Exige do formador mais trabalho de
através de perguntas que não lhes ofereçam dificuldades; preparação e maiores conhecimentos;
Numa situação inversa, com questões difíceis de responder, Necessita de um número reduzido de
permite controlar os participantes que fazem demasiadas formandos;
intervenções, a ponto de prejudicar o grupo; O grupo pode acomodar-se;
Os conhecimentos essenciais podem ser com facilidade Tem as suas limitações ao nível do saber-
evidenciados pelos formandos; fazer, da experiência prática (eficaz
Favorece a actividade e feedback de todos os formandos; sobretudo na aprendizagem de
Cria hábitos de análise, motiva, estimula e facilita a conhecimentos e de modos de raciocínio)
retenção. Maior dispêndio de tempo.
Método Demonstrativo
Principais características deste método:
2ª Fase – Demonstração
1. Execução em tempo real pelo formador;
2. Execução por partes – primeiro pelo formador, explicando etapa por etapa e mostrando como
fazer, fase por fase; seguidamente, todos os formandos executam em simultâneo com o formador.
3. Insistência nos pontos-chave: segurança, rapidez, qualidade.
3ª Fase – Experimentação
Execução, sem ajuda, feita pelos formandos que realizam a tarefa fase por fase, demonstrando o que
vão fazer em cada fase. O formador corrige erros e verifica se o formando reproduziu todas as etapas.
☺ ☺ ☺
☺ ☺
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☺
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VANTAGENS DESVANTAGENS
Permite a transmissão de conhecimentos teóricos e É sobretudo adequado a grupos reduzidos;
práticos; Exige uma maior disponibilidade de tempo;
Facilita a repetição; Requer um acompanhamento individualizado
Possibilita a participação dos formandos pela do formando;
discussão, diálogo, observação e execução; Necessidade de material pedagógico específico
O formando vê o formador executar a demonstração e equipamentos para se tornar próximo da
e pode colocar as suas dúvidas; realidade;
Correctamente conduzido provoca grande Pode induzir apenas à imitação;
motivação; Faz pouco apelo à imaginação e criatividade.
Permite a individualização da aprendizagem;
A avaliação é imediata;
Possibilita observar o processo de
trabalho/operação, num curto espaço de tempo;
Permite uma análise detalhada das diferentes
operações;
Adequa-se ao desenvolvimento de aptidões
psicomotoras.
Métodos Activos
Principais características deste método:
Formandos são agentes activos e autónomos;
Coloca o formando no centro das atenções, com um papel dinâmico de acesso e descoberta do saber;
Formador não é o agente central: animador, dinamizador e facilitador da aprendizagem;
O formando confronta-se directamente com o problema, devendo descobrir por si próprio a solução;
Relação interactiva formador/formando e entre os formandos;
Favorece o trabalho em equipa;
Respeita os ritmos individuais;
Pretende desencadear processos de autoformação;
Aplica-se ao domínio do saber-ser/saber-estar.
☺
☺ ☺
☺
☺ ☺
☺
VANTAGENS DESVANTAGENS
Maior autonomia do formando; Dificuldades de coordenação e condução por
Preparação dos formandos para uma participação parte do formador;
mais activa na sociedade e no local de trabalho; Exigem uma grande preparação psicológica do
Maior domínio dos conhecimentos (porque foram formador;
descobertos pelos formandos); Disponibilidade e atenção permanente;
Desenvolvimento harmonioso dos participantes e Por vezes os formandos mais dotados têm de
do formador; seguir o ritmo dos mais lentos e podem
Oportunidade de todos intervirem; desmotivar-se;
Proporciona situações de aprendizagem Exigem um número limitado de formandos;
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TÉCNICAS
Uma técnica pedagógica é uma acção reflectida e metódica do formador destinada a suscitar, na pessoa
formada um ou mais conjuntos de comportamentos de aprendizagem determinados.
Deste modo, as diferentes técnicas pedagógicas contribuem para que o método desempenhe de facto, a sua
função de gestão da situação da formação.
Método Técnicas
Expositivo Exposição
Demonstrativo Demonstração
Simulação
Trabalho de Grupo
Jogos pedagógicos
Role-playing
Activos
Estudo de casos
Brainstorming
Mapa mental
….
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Exposição
Ensinar – Dizendo
O formador é um emissor por excelência que expõe os conteúdos;
É reduzida ou mesmo nula a informação de feedback;
É reduzida ou mesmo nula a participação dos formandos.
Demonstração
Ensinar – Fazendo
O Formador demonstra a realização de uma tarefa por etapas:
1ª Etapa
Definir a tarefa e referir a sua importância;
2ª Etapa
1 – Executar a tarefa por fases referindo os pontos-chave;
2 – Recordar as fases e pontos-chave;
3ª Etapa - Execução
1 – Pedir aos formandos para fazer a tarefa ao mesmo tempo que o formador faz. Vai corrigindo os
erros;
2 – Pedir para fazerem a tarefa referindo o ponto-chave a fim de entender se o saber foi assimilado;
4ª Etapa
Dar explicações complementares e averiguar se existem dúvidas.
Formulação de Perguntas
Colocar as questões de modo natural e sem hostilidades;
Evitar perguntas vagas, ambíguas, ou óbvias;
Adaptar as questões ao conhecimento do grupo;
Dirigir a questão para o grupo;
Evitar uma determinada ordem na escolha dos participantes;
Se uma pergunta ficar sem resposta, formulá-la de outra maneira ou dirigi-la directamente a um
participante;
Devolver ao grupo a pergunta de um formando;
Dar tempo aos formandos para pensarem na resposta.
Simulação
É a reconstituição de uma situação concreta, segundo um modelo, na qual se introduzem o maior
número possível de variáveis ou problemas-tipo, no sentido de testar as capacidades técnicas ou os
conhecimentos dos formandos;
É usada em situações que requerem treino prévio;
O formando actua como se a situação fosse verídica.
Objectivos:
Suscitar reacções perante determinada situação;
Testar as capacidades dos indivíduos em presença de situações novas;
Provocar a reflexão sobre as reacções ou sobre a ausência de reacções.
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Trabalho de Grupo
Consiste em dividir o grupo em sub-grupos, os quais terão que realizar uma actividade estipulada pelo
formador;
Considerar cuidadosamente a composição dos grupos, para evitar desequilíbrios;
O formador deverá apoiar, acompanhar e orientar os grupos de trabalho;
Ter cuidado com a gestão de tempo.
Jogos Pedagógicos
É um jogo com objectivos pedagógicos;
Promove a participação activa;
Deve-se explicar aos formandos os objectivos do jogo e percepcionar como se sentiram durante a
actividade, de modo a compreenderem a aplicação prática do jogo noutros contextos;
Podem ser utilizados com vários objectivos:
“Ice-Breakers”
Relaxamento
Desenvolvimento Pessoal
Capacidade de escuta
Animação e desenvolvimento de grupos
Motivação dos participantes
Participação activa dos participantes
Estruturação de momentos para reflexão e feedback sobre a actividade e funcionamento do grupo.
Estudo de Casos
Estudo de uma caso real ou de uma situação problemática, com vista a desenvolver a capacidade de
análise, a capacidade de decisão ou o trabalho em grupo.
Procedimento:
1 - Entrega, leitura e análise individual do caso;
2 - Apresentação e debate das conclusões obtidas;
3 - Síntese das conclusões apresentadas.
Objectivos:
Provocar contacto com o real;
Descobrir novas formas de apreciar o problema e de tomada de decisão
Criticar os dados, opiniões e hipóteses.
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Características do caso:
Relacionado com os interesses dos participantes e adequado às suas capacidades e conhecimentos;
Relatar uma situação problemática que exija uma acertada decisão;
Descrever um só problema e a situação;
Conter todos os dados necessários para definir a situação;
Objectivo e claro.
Objectivos:
Estimular a imaginação e a criatividade
Solucionar problemas
Suscitar um clima pedagógico informal e dinâmico
Algumas Regras:
Proibida a crítica
Proibida a autocensura
Direito ao disparate
Não há qualquer ordem pré-estabelecida
Brevidade na apresentação de ideias
Procurar o máximo de ideias
Registo Escrito
Tamanho Ideal do grupo – 6 a 10 elementos
Philips 6/6
O objectivo é obter num curto espaço de tempo as ideias de um grupo de 6 pessoas, sobre um
determinado tema, em 6 minutos.
Procedimento:
1. Esclarecer o grupo sobre esta técnica;
2. Pedir aos formandos que se organizem em grupos de 6 pessoas;
3. Anunciar o tema em discussão, sobre o qual o grupo se deverá debruçar e chegar a uma conclusão em
6 minutos;
4. No final, o formador informa o resultado da discussão.
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OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
Finalidades
Constituem os grandes objectivos ou propósitos de formação;
Expressam intenções muito gerais, fornecendo uma linha directriz para a globalidade da
formação;
Indispensáveis para dar a unidade ao conjunto das acções que integram os projectos de
Formação;
São tomadas de decisão ao mais alto nível, em termos de política geral, promovidas por qualquer
entidade oficial ou particular.
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Metas
Expressam de forma precisa os resultados desejados e procurados pela formação;
São os gestores ou organizadores da formação que formulam as metas a atingir;
São formuladas em termos de capacidades a adquirir - perfil de saída.
Objectivos Gerais
Expressam os resultados esperados no termo de acções concretas de formação ou sequências de
aprendizagem;
Podem ser formulados de forma mais ou menos operacional;
A sua formulação é da competência do formador.
Objectivos Específicos
Expressam os comportamentos específicos esperados no final da acção concreta de formação ou
sequências de aprendizagem;
São formulados pelo formador;
Resultam da decomposição dos objectivos gerais em aspectos mais restritos e correspondem a
actividades elementares;
Na correcta definição deste tipo de objectivos é obrigatório o uso de verbos operatórios, isto é,
que indicam acção/comportamento a observar. (ex: definir, explicar, executar, aplicar, entre
outros);
Devem ser determinados em termos operacionais:
- Comportamento esperado;
- Condições de realização;
- Critérios de êxito.
Existem também:
Objectivos Terminais
Enunciado do que os Formandos devem ser capazes de fazer no terminus do curso ou sessão. Têm como
função, indicar a competência que o formando deve ser capaz de aplicar depois da formação.
Objectivos Intermédios
Enunciado do que os Formandos devem exibir no final de actividades de aprendizagem, constituindo
etapas ou passos para a aquisição de competências finais. Correspondem a uma etapa para alcançar
outro objectivo.
Objectivos de Desenvolvimento
Visam a ampliação de competências mínimas, ultrapassando as exigências básicas. Poderão ser ou não
alcançados por todos ou só por alguns formandos, dependendo das possibilidades ou interesses destes;
têm um carácter facultativo.
Em Resumo:
• À expressão das intenções mais gerais da formação chamamos finalidades, cuja formulação é
da responsabilidade dos políticos, e é indispensável ao formador o seu conhecimento.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
• Os perfis de saída das acções de formação – metas – devem ser formuladas por gestores de
formação.
• A definição de objectivos é útil para o formador e para os formandos, já que estes interferem
nas actividades de aprendizagem e na avaliação, tornando a formação mais eficaz.
OBJECTIVOS OPERACIONAIS
Um objectivo é operacional quando indica claramente e em Objectivos
termos de comportamento directamente observável ou Operacionais:
mensurável, o que o formando deverá ser capaz de fazer no - Comportamento
final da formação, em que condições o fará e por que critérios
esperado
será avaliado. Desta forma, para um objectivo ser operacional,
deve integrar três componentes fundamentais: - Condição de
realização
- Critério de Êxito
Comportamento Esperado
Condições de Realização
Critérios de Êxito
Indicam os níveis de qualidade e/ou quantidade que serão impostos ao formando para que possa
garantir que a competência prevista será realmente adquirida e o objectivo de formação alcançado. Os
critérios de êxito podem assumir várias formas:
Critérios de Qualidade: características observáveis mas não mensuráveis que o trabalho deve
apresentar. O comportamento é confrontado com padrões qualitativos – avaliação em termos de
tudo ou nada.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Exemplo:
No final da formação, o formando deverá ser capaz de dactilografar uma folha de texto corrido
(comportamento), num tipo de máquina já seu conhecido (condição), atingindo a velocidade de 20
palavras por minuto (critério).
Domínio Cognitivo: domínio da actividade intelectual ou mental que envolve conhecimentos e aptidões
intelectuais; é o domínio do conhecimento e do pensamento.
Domínio Afectivo: domínio dos fenómenos da sensibilidade, envolvendo interesses, atitudes, valores, e
em geral todas as actividades ou comportamentos que apresentem uma conotação de agrado ou
desagrado, de adesão ou rejeição; é o domínio dos sentimentos e emoções.
Domínio Psicomotor: domínio das actividades motoras ou manipulativas, envolvendo aptidões ao nível
da motricidade; é o domínio da acção.
Desta forma, poderemos enquadrar os vários comportamentos a aprender em categorias ou classes que
correspondem a dificuldades de realização, graduadas do mais simples para o mais complexo, que
apresentam entre si uma relação hierárquica – Taxionomias de Objectivos:
Uma taxionomia permite ao formador determinar o tipo ou grau de dificuldade de cada comportamento a
adquirir, e consequentemente, estabelecer uma hierarquia de exigências de aprendizagem. Desta forma,
pode então organizar actividades de aprendizagem por ordem de dificuldade crescente, escolher os
métodos mais adequados a cada tipo de aprendizagem e ordenar as sequências de formação segundo
uma progressão pedagogicamente válida.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
RECURSOS DIDÁCTICOS
São todos os meios ao alcance do formador que permitem facilitar o processo de aprendizagem do formando,
dinamizando a sessão, tendo como finalidade principal captar a sua atenção.
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• Computador • Cartas
• Retroprojector • Transparências
• Episcópio (documentos opacos) • Diapositivos
• Projector de Diapositivos • Fotografias
• Videoprojector • Cartazes
• Painel de Cristais Líquidos • Textos/Documentos
• Televisão • Cassetes de áudio
• Vídeo • Filmes
• Aparelhos de som
• Câmara de filmar
• Quadros
• Modelos e Maquetas
• Recursos do Ambiente
APOIOS AUDIOVISUAIS
São todos os meios que contemplam em simultâneo o som e a imagem, constituindo, portanto, um meio
facilitador da aprendizagem do formando.
Retenção da Informação
ler
os
tid
ouvir
en
S
ver
ver e ouvir
ver, ouvir e dis cutir
Ver, ouvir, dis cutir e fazer
0 20 40 60 80
Percentagem
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
CUIDADOS DE UTILIZAÇÃO
Quadros
Colocados numa posição visível para todos;
Deve-se utilizar letra de imprensa, em maiúsculas;
Tamanho das letras regular e ajustado à visibilidade do formando mais distante;
Ter cuidado com as abreviaturas;
Não se deve falar ao mesmo tempo que se escreve;
Tapar as canetas depois de as usar;
Escolher a altura certa para escrever;
Não voltar as costas aos formandos!
Retroprojector
Nunca olhar para a projecção ou passar diante desta;
Verificar a distância do retroprojector à tela;
Focar a imagem;
Só deve ser ligado depois de se colocar a transparência;
Deve ser desligado logo que deixe de ser necessário de forma a evitar a distracção;
Evitar a leitura simples do tema;
Utilização de “máscaras” para a revelação progressiva da informação;
Apontar no próprio acetato.
Videoprojector – PowerPoint
Nunca passar diante da projecção: utilizar a tecla B ou a tecla do . (ponto final);
Não olhar para a projecção: olhar para o monitor;
Apontar com o rato;
Cuidado com o excesso de animações, pois podem ser factores de distracção e levar à redundância do
discurso do formador;
Atenção às animações temporizadas.
Elaboração de Transparências/Slides:
1. Informação
2. Letra
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3. Cor
4. Quantidade
5. Alinhamento
Esquerda: leva o olho para um lugar inicial de leitura o que ajuda à mesma;
Justificado: pode parecer estranho no monitor;
Centrado: somente para títulos;
Direita: citações.
7. Comprimento de linhas
“Recursos
didácticos são
todos os meios
ao alcance do
formador.”
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
2. Assim que se abre a aplicação aparece a janela que se segue. É a partir daqui que começamos a trabalhar
na nossa apresentação.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Sempre que quiser acrescentar um slide à apresentação deve ir a inserir “novo diapositivo”. Depois é só
acrescentar o texto que pretende e ir acrescentando slides à apresentação em função das necessidades
3. Para não fazer uma apresentação com o fundo em branco pode sempre recorrer aos modelos existentes
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
4. No entanto, se preferir, pode sempre escolher apenas mudar as cores dos slides em branco.
Active a opção
“fundo”do menu
formatar.
Personalize o fundo ao
seu gosto,
Pode aplicar as escolhas
apenas a 1 slide ou a
toda a apresentação
5. Quando utilizar os slides de texto pode escolher as suas marcas de texto (semelhante ao que acontece no
Word).
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
6. Mas para além de texto pode sempre incluir “objectos” (imagens, tabelas, gráficos, etc.) nos slides e em
função das necessidades. Pode sempre personalizar ao seu gosto ou deixar a pré-definição.
8. Animação
8.1. Efeitos de transição entre slides
As transições permitem dinamizar a apresentação de slide para slide.
Escolher quais os
efeitos de
transição que
melhor se adaptam
a apresentação
sem cair em
exageros.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Janela da animação
personalizada:
permite seleccionar
o tipo de efeito e a
forma como vai
aparecer quando se
estiver em modo de
apresentação.
9. Impressão
Existem várias formas de imprimir a apresentação de diapositivos. Escolha a sua em função do objectivo a
que se destina.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
A Avaliação é um processo sistemático e contínuo que, a partir da recolha de dados concretos e sua
consequente análise, possibilita:
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Domínio Cognitivo (saber-saber)
• Conhecimento
• Compreensão
• Aplicação dos conhecimentos: transfere ou generaliza os saberes adquiridos a novas situações
• Capacidade de memorização
• Capacidade de análise
• Capacidade de síntese
• Criatividade
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
• Iniciativa
• Participação: mostra interesse e intervém a propósito, colaborando na dinamização das actividades
formativas.
• Relações interpessoais: comunica com os colegas e formadores demonstrando tolerância e espírito de
equipa.
• Organização
• Responsabilidade: demonstra sentido de responsabilidade na frequência da acção, em termos de
cumprimento do tempo e das actividades propostas.
• Assiduidade/Pontualidade: comparência nas sessões; avisar em situações de impossibilidade de
comparecer; falta a sessões onde está responsável pelo desempenho de
papéis/simulações/apresentações.
TIPOS DE AVALIAÇÃO
• Avaliação quanto ao processo
AVALIAÇÃO CRITERIAL – Este tipo de avaliação procura verificar se o objectivo proposto foi ou não
alcançado pelo formando. É bastante adequado à formação por objectivos, uma vez que quando estes se
formulam, devem explicitar o «Comportamento Esperado», as «Condições de Realização» e o «Critério de
Êxito».
AVALIAÇÃO INICIAL (Antes) – Antes de se iniciar uma acção de formação é necessário seleccionar o futuro
grupo de formandos de entre os candidatos, em função das suas motivações, dos seus interesses, das suas
aptidões.
Avalia realizações prévias relevantes (experiências, capacidades), conhecimentos e habilidades (pré-requisitos e
pré-adquiridos).
AVALIAÇÃO FORMATIVA (Durante) – A avaliação formativa tem lugar no decurso da acção formativa em
todas as situações de aprendizagem, objectivo a objectivo. Possibilita informar o formando e o formador sobre
o grau de desempenho conseguido em cada um dos objectivos da formação, o que permite uma ajuda imediata
e contínua ao formando.
Avalia a estrutura de cada unidade de aprendizagem, o que possibilita também diagnosticar as dificuldades e as
causas dos insucessos de aprendizagem e introduzir acções correctivas (a nível de conteúdos, de meios, de
métodos, etc.), com vista a que os formandos aprendam e se desenvolvam positivamente.
AVALIAÇÃO SUMATIVA (Final) – É a avaliação que é feita no final do processo de formação (ou de uma
unidade representativa) que tem por isso, uma perspectiva globalizante, visando avaliar o resultado final da
aprendizagem, em função do perfil de saída esperado. Ao contrário da avaliação formativa que se apoia em
objectivos ou parcelas restritas de aprendizagem, a avaliação sumativa tem por objectivo controlar
competências mais vastas. Permite avaliar o grau de satisfação e se o processo de aprendizagem foi efectivo.
Embora permita controlar de forma global se os objectivos gerais foram ou não atingidos, só possibilita
mudanças de experiências de objectivos para situações futuras.
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ESCALAS DE CLASSIFICAÇÃO
Numéricas 5 4 3 2 1
Literal A B C D E
SUBJECTIVIDADE DA AVALIAÇÃO
Ausência de critérios de avaliação comuns:
A principal causa da subjectividade da avaliação é sem dúvida a ausência de critérios comuns aos diferentes
avaliadores. Isto resulta em grande medida do facto de não se formularem objectivos de formação e
consequentemente, de a avaliação não incidir em itens de verificação desses objectivos, tendo como base o
comportamento, a condição e o critério de êxito, bem definidos.
Efeito de halo:
Trata-se de um preconceito formado acerca dos formandos, motivado, por exemplo, pela sua apresentação
(vestuário, higiene), presença física (agradável, desagradável), comportamento físico (voz, tiques), fluência da
linguagem, apresentação de provas escritas (caligrafia, erros ortográficos).
Estereotipia:
Face ao preconceito criado acerca de um formando, o avaliador tem tendência a avaliá-lo sempre da mesma
maneira, indiferente à sua evolução ou retrocesso.
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TÉCNICAS INSTRUMENTOS
• Fichas de observação
1. OBSERVAÇÃO • Lista de ocorrências
• Escalas de classificação
Avaliação
Lista de perguntas formuladas
Oral
• Questionários
• Inventários
Inquéritos
• Escalas de atitudes
• Sociogramas
2. FORMULAÇÃO
DE PERGUNTAS Avaliação Testes resposta • Resposta curta
Escrita aberta • Resposta longa
Testes • V/F
Testes resposta • Completar
fechada • Emparelhar
• Escolha Múltipla
• Instrumentos de medida
3. MEDIÇÃO
• Fichas de avaliação de trabalhos práticos
A OBSERVAÇÃO
• Inventariar previamente, os dados que pretendemos recolher;
• Observar discretamente sem perturbar o formando;
• Criar no grupo um ambiente propício, sem inibições, com espontaneidade e autenticidade;
• Não valorizar mais os participativos em prejuízo dos mais reservados;
• Ser imparcial e objectivo.
• É a técnica do domínio do saber-ser/saber-estar.
Vantagem:
Permite recolher dados no momento em que os fenómenos estão a decorrer, sendo portanto reais e
fidedignos.
Desvantagens:
Processo moroso;
Enquanto se avalia um formando, pode-se perder informação relativa ao grupo.
Instrumentos da Observação:
Escala de Classificação
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FICHA DE OBSERVAÇÃO
Tarefa: Dia:
Formando: Hora:
Observação Comentários
LISTA DE OCORRÊNCIAS
É PONTUAL É É
FORMANDOS PARTICIPOU ASSÍDUO INTERESSADO
A X X
B X
C X X
A FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS
Avaliação Oral
Vantagens:
Facilita o diálogo entre o formador e o formando;
Permite o treino da expressão oral.
Desvantagens:
A avaliação oral individual é morosa;
Dificuldade em criar condições de igualdade e uniformidade na avaliação;
Favorece os formandos mais desinibidos ou com maior capacidades de comunicação.
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Avaliação Escrita
Inquéritos
Permitem apresentar questões escritas, de forma sistemática, destinando-se a recolher dados do domínio
afectivo:
Questionário
Inventário
Escala de Atitudes
Sociograma
Testes
Destinam-se sobretudo a avaliar dados do domínio cognitivo.
A. Testes de Produção ou resposta aberta:
Resposta Curta
Resposta Longa
B. Testes de Selecção ou resposta fechada:
Resposta Verdadeiro/Falso (ou dupla selecção)
De Completar (preenchimento ou lacunares)
Emparelhamento (correspondência ou associação)
Escolha Múltipla (teste americano ou selecção múltipla)
• Resposta Curta
Consistem em apresentar as questões ao formando pedindo-lhe que forneça as respostas adequadas
sucintamente, como por exemplo, numa palavra, em poucas palavras, poucas linhas, etc.
O formando tem liberdade para se exprimir mas condicionada a determinado tempo, espaço ou extensão.
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• Resposta longa
Apresentam-se questões ao formando, permitindo que este responda livremente.
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Testes de Completar:
Texto claro e o mais curto possível;
Os espaços a completar devem ter a mesma extensão, independentemente do tamanho da palavra em falta;
Omitir somente elementos importantes;
Elementos omitidos devem, preferencialmente, situar-se no final da fase;
Não deve existir ambiguidade de resposta.
Testes de Emparelhamento:
Instruções claras e precisa, indicando:
A forma de proceder ao emparelhamento;
Se a um elemento de um grupo corresponde um único ou mais que um elemento no outro;
Texto claro e o mais curto possível;
Para evitar acertar ao acaso uma das listas deve contar mais elementos que a outra, os quais não deverão
estar correctos;
Não ultrapassar os 7 elementos, para evitar a dispersão.
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Fases de Elaboração:
1. Identificar o tipo de avaliação pretendida e adequar os instrumentos à finalidade dessa Avaliação,
seleccionando objectivos gerais e específicos para serem avaliados;
2. Criar questões, por forma a que haja equivalência entre o desempenho, as condições de realização e os
critérios previstos nos objectivos e as mesmas componentes nos instrumentos de avaliação;
3. Criar a corrigenda com as respectivas respostas-tipo correctas;
4. Criar Tabelas de Notação (ou de cotação), nas quais se deverão prever:
• Cotação a atribuir a cada questão correcta;
• Desconto a efectuar por cada questão errada;
• Prever a decisão, ou seja, qual o limite mínimo de conhecimentos admitidos, de acordo com a importância
do conteúdo dado.
A MEDIÇÃO
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Instrumentos
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OBJECTIVOS GERAIS
Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando, esteja apto a:
INTRODUÇÃO
Garantir a satisfação do cliente, implica o envolvimento colectivo da função da formação na procura da
Qualidade e da Eficácia na sua actuação. É com o envolvimento a todos os níveis que se constrói uma
actuação coerente, que se traduz numa relação entre resultados e objectivos favoráveis, quer para a entidade
formadora, quer para o seu cliente.
A maioria das empresas considera os recursos humanos e a qualidade como factores estratégicos na melhoria
do seu desempenho profissional, com vista à Satisfação Total do Cliente e à melhoria contínua da sua
actividade. O investimento efectuado nos últimos anos na área da formação profissional tem vindo a aumentar
o que confirma esta tendência. No entanto, os gestores deparam-se com um dilema: como saber se o
investimento em recursos humanos afecto à formação é recuperado a curto/médio/longo-prazo ou não? Para
responder a esta questão temos de recorrer à Avaliação da Formação. No entanto, esta não se deve
circunscrever ao acto pedagógico em si nem fechar-se na formação enquanto actividade.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Ao ser implementado de forma sistemática este modelo, podemos ter uma estrutura organizacional ou funcional
como a seguinte:
Plano
Formação
Suportes Implementação Avaliação
Pedagógico
Concepção
Diagnóstico Relatório
Produção
Suportes
Pedagógico
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
A aplicação dos conceitos implícitos na análise sistemática à formação conduz ao aparecimento de uma visão
mais globalizante das actividades e tarefas da função formação. Já não se trata apenas de saber “… está tudo a
correr bem?” ou “… que nota atribuir ao aluno…?”. A formação, encarada como subsistema no quadro de uma
instituição, é responsável pela melhor relação resultados/objectivos e pela melhor contribuição para os
resultados dos outros subsistemas da instituição. Isto significa que a avaliação da formação deverá ser
encarada numa perspectiva sistémica aos vários níveis em que actua ou age. Assim, num subsistema de
formação, deverá haver objectivos que traduzam as preocupações e o esforço de aperfeiçoamento nos seus
diferentes sectores: acolhimento, concepção, produção, implementação, avaliação.
Cada sector deve assim desenvolver a sua função e exprimir os resultados em indicadores que traduzam, em
termos evolutivos, a qualidade e a quantidade.
Temos então que, de uma forma geral, a avaliação visa essencialmente atingir os seguintes objectivos:
Para o conseguir, a avaliação deverá ser parte integrante das tarefas e actividades que se desenvolvem.
Para diferentes momentos de um processo avaliativo, poderemos recorrer a diferentes critérios. A mais
difundida e popular tipologia de critérios de formação é a de Kirkpatrick e contêm cinco níveis de critérios
para avaliação da eficácia:
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
formação sejam transferidas para o contexto da função. Portanto, sempre numa situação pós-
formação.
Mais recentemente, temos vindo a assistir à emergência de um “novo” nível de avaliação, que procura
ir um pouco mais além do nível 4.
O retorno do investimento é a comparação, em valores monetários, dos resultados líquidos obtidos face
ao custo do programa formativo (expresso em percentagens). Este novo nível de avaliação tornou-se
muito popular. Muitos directores não estão dispostos a empreender um projecto de formação se não
lhes é garantido um bom nível de retorno do investimento que foi exigido para o levar a cabo. Não lhes
basta bons resultados, querem garantir uma recuperação do investimento. É importante não confundir
Retorno do investimento com Índice custo/ benefício.
Vejamos a diferença:
Os custos de um dado programa de formação são 20.000 euros e os benefícios são de 100.000 euros
(os benefícios podem ser calculados com base em múltiplos indicadores, tais como o aumento de
produtividade e a redução de absentismo, entre outros); logo:
IBC =100.000= 5
20.000
Como se pode constatar, a diferença fundamental consiste no facto de o IBC considerar os benefícios
brutos e o ROI considerar os benefícios líquidos, descontando os custos e sendo expresso em
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
percentagens. O problema de fundo deste quinto nível de avaliação consiste em isolar os benefícios
ligados directamente ao programa de formação, isto é, saber como quantificá-los separadamente.
Esta técnica tem, evidentemente, dificuldades, mas, apesar disso, não deixa de ser um exercício
relevante.
Considerando que o sistema de formação evolui no sentido da melhoria, uma estratégia de qualidade passa por
uma programa global que prevê um ciclo de actividades:
Um ambiente adequado é essencial ao lançamento e sucesso de uma estratégia de qualidade. Assim, a função
formação ou o sistema de formação na empresa devem, no seu conjunto, envolver-se como um todo no
processo de melhoria, encarando cada problema como oportunidade de melhoria e progresso. As
responsabilidades e atribuições dos intervenientes e agentes de actuação devem ser claras e conseguir a
participação, envolvimento e motivação de todos.
Cada subsistema da formação deve ser envolvido e contribuir de forma positiva para o conjunto. Para o
conseguir é importante a existência de um plano global de abordagem de cada subsistema e do seu inter-
relacionamento. A formação é indispensável no treino e desenvolvimento de um movimento colectivo, de modo
a garantir melhorias e aperfeiçoamentos de funcionamento. Dado tratar-se de um processo de formação dentro
da formação, mesmo assim trata-se de formação que normalmente deve ser conduzida com grande
envolvimento dos responsáveis que – através de sessões formais de formação mas, sobretudo, através de um
acompanhamento continuado e sessões regulares de estudo e formação – conseguem, por um lado, capacitar
os seus técnicos para a utilização da metodologia de qualidade e, por outro, atingir resultados concretos na
solução de problemas.
Sugere-se que em cada subsistema se identifiquem com recurso às ferramentas e métodos correntes de
trabalho os problemas graves, sistemáticos ou frequentes que se considerem serem necessários solucionar.
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Gráficos
Diagramas de causa-efeito
Modelos de análise
Histogramas
Estatísticas
Brainstorming
Análise de custos
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OBJECTIVOS GERAIS:
No final do módulo os formandos deverão estar aptos a:
CONCEITO
O Plano de Sessão é um plano prévio que complementa o Programa de Formação. É um documento elaborado
pelo formador que resume os tópicos necessários a tratar para se atingir os objectivos pré-definidos.
2. INTRODUÇÃO
Início da sessão:
Apresentação do formador/formando (expectativas face ao curso);
Apresentar tema;
Comunicar objectivos;
Motivação – importância do tema;
Controlar pré-adquiridos;
Enquadramento.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
3. DESENVOLVIMENTO
Escolha do método/técnica mais eficaz tendo em conta os conteúdos que servem de base à
formação;
Apresentar um assunto de cada vez;
Utilização de exemplos, sempre que possível, para facilitar a aprendizagem;
Caminhar do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo;
Fazer síntese regular;
Reforçar as ideias principais;
Obter feedback permanente dos Formandos;
Utilizar e diversificar métodos e actividades;
Distribuir tempos pelas actividades que tenciona realizar.
4. AVALIAÇÃO E SÍNTESE
Efectuar síntese global dos assuntos desenvolvidos;
Realçar as ideias mais importantes;
Relacionar os conteúdos abordados com trabalhos futuros;
Esclarecer eventuais dúvidas.
1ª ETAPA – INTRODUÇÃO
A) Tema da Sessão
Indicação do tema a desenvolver na sessão, podendo indicar também o curso e o módulo.
B) Objectivos
Definição de objectivos, gerais e específicos, de forma precisa.
C) Pré-Adquiridos
Avaliação das capacidades já detidas pelos Formandos e indispensáveis à realização dos objectivos
previstos.
E) Estratégia
Selecção dos métodos e das técnicas a utilizar para favorecer a aprendizagem, motivando os
Formandos de forma a alcançarem os objectivos.
F) Materiais e equipamentos
Indicar todos os materiais, equipamentos e documentos a utilizar na sessão.
G) Actividades didácticas
Descrição breve das actividades de origem didáctica que deverão conduzir o formando ao domínio dos
objectivos.
H) Tempo previsto
Indicar os tempos de realização de cada actividade desenvolvida na sessão, bem como o tempo global
da sessão. Verificar se foram atingidos os objectivos.
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
2ª ETAPA – DESENVOLVIMENTO
A) Concretização da sessão
Motivação dos Formandos.
Transmissão do conteúdo da sessão.
B) Sequência
A forma de abordagem da sessão depende do conhecimento do conteúdo, do público-alvo, das
condições e dos equipamentos disponíveis.
C) Comunicação
Oral:
• Tom de voz forte;
• Falar com clareza;
• Falar expressivamente;
• Usar vocabulário adequado.
Escrita:
• Documentos em boas condições de legibilidade;
• Transparências/Slides com letras de tamanha adequado.
Gestual:
• Deve ser utilizada para reforçar ideias;
• Em demonstrações práticas, os gestos devem ser lentos para permitir o acompanhamento
dos Formandos.
Sugestões
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Plano de Sessão
Curso
Módulo
Tema da sessão
Sessão Nº
População alvo
Formador
Objectivos gerais
Objectivos
específicos
Pré-requisitos
Duração
Data
Local
Métodos e
Actividades Equipamentos/me Tempo
Etapas técnicas Avaliação
didácticas ios didácticos (min)
pedagógicas
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
OBJECTIVOS GERAIS:
No final do módulo, o formando deverá estar apto a:
1. Preparação
• Escolher um tema que domine bem, simples e que possa ser apresentado dentro do tempo limite;
• Ter em conta o tempo para a apresentação (10 minutos para a primeira e 20 minutos para a segunda);
• Ter em conta as condições da sala e recursos disponíveis;
• Embora o público-alvo seja constituído pelos restantes colegas e pelo Formador, defina o perfil dos
participantes a quem é dirigida a sessão;
• Organizar os meios e materiais de apoio, a utilizar durante a apresentação;
• Elaborar um Plano da Sessão.
2. Desenvolvimento
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
3. Visionamento
• Auto-avaliação;
• Avaliação pelos colegas;
• Avaliação pelo Formador.
4. Análise e Síntese
Estas fases dizem respeito à discussão conjunta entre Formador e Formandos com vista à síntese dos
principais pontos positivos e a melhorar (ou melhorados) por todos ao longo do curso, assim como a
elaboração de um perfil, por parte do Formador, relativo ao desempenho de cada Formando.
Na simulação final, este momento inclui ainda a reflexão conjunta dos percursos individuais de pós-
-formação, com base nos perfis anteriormente delineados pelo Formador. O Formador enfatiza a importância
da actualização permanente dos futuros formadores, assim como da melhoria de algumas competências
menos trabalhadas ao longo do curso.
As grelhas de avaliação
a) A grelha de avaliação da Simulação Inicial
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Manual de Formação para Formadores MI01-1127
Definição e comunicação
2
dos objectivos
Ritmo de desenvolvimento
3
B da sessão
Controlo do tempo na
4 simulação
5 Actividades de motivação
Solicitação da actividade
6
dos participantes
C Utilização dos métodos e
7
técnicas
Utilização dos auxiliares
8
pedagógicos
Comportamento social e
9
afectivo
D
Comunicação verbal e não-
10
verbal
11 Auto-confiança
E Controlo dos resultados da
12
aprendizagem
Legenda:
A Capacidade técnico-científica
1 Muito Fraco
B Organização e estrutura da simulação
ÁREAS 2 Fraco
C Métodos e Técnicas Pedagógicas NÍVEIS 3 Suficiente
D Relação Pedagógica 4 Bom
E Avaliação 5 Muito Bom
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OBJECTIVOS GERAIS
Compreender a necessidade de reflectir e analisar criticamente e de forma contínua os sistemas de formação
ao nível técnico, pedagógico e/ou organizacional, apresentando sugestões e propostas concretas que possam
contribuir para a melhoria dos sistemas.
Neste módulo é proposto que os formandos elaborem por escrito e individualmente, uma proposta de
intervenção pedagógica, devidamente identificada. Pretende-se que elaborem uma check-list com todos os
requisitos/recursos necessários à concepção de um curso.
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BIBLIOGRAFIA
• Alcarcão, J. Tavares, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Coimbra, Almedina, 1985;
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IEFP, 2000;
• Ferro, António Mão de, “O Método Expositivo”, in: Colecção Formar Pedagogicamente, n.º 11, IEFP,
2004;
• Nunes, Maria Clara, “Os Media na Formação”, in: Colecção Formar Pedagogicamente, n.º 4, 3ª ed.,
IEFP, 1993;
• Nunes, Maria Clara, “O Multimédia e o Formador”, in: Colecção Formar Pedagogicamente, n.º 20, 2ª
ed., IEFP, 1993;
• Pereira, Arménio, Rocha, José Eduardo, “O Método Demonstrativo”, in: Colecções Aprender, IEFP,
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• Pinheiro, João, Ramos, Lucília, “Métodos Pedagógicos”, in: Colecção Aprender, IEFP, 2000;
• Ribeiro, Carlos Portugal, Dias, José Alberto, Relvas, Luís, “Os meios audiovisuais na formação”, n.º
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• Sampaio, José L., “Avaliação na Formação Profissional – Técnicas e Instrumentos”, in: Colecção
Formar Pedagogicamente, n.º 6, 5.ª ed., IEFP, 1999;
• Vala, Jorge, Monteiro, Maria, Psicologia Social, Fundação Calouste Gulbenkien, 1997;
• Vieira, Maria Lurdes, “Defin6ição de Objectivos de Formação”, in: Coleccção Aprender, IEFP, 1999.
Revistas:
• Guia Expresso Emprego, “Evolução e Tendências do Mercado de Trabalho ”, Edição nº 01 de 12 de
Outubro de 2002.
Sites de Internet:
• www.iefp.pt
• www.inofor.pt
• www.psicologia.com.pt
• www.certifica_legis_nacional.pt
• www.dgert.msst.gov.pt
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